Comércio
Infográfico
Ensaio fotográfico
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Curitiba registra 33 empresas fechadas temporariamente e comerciantes se reinventam para evitar fechamento
Transtornos mentais acometem boa parte dos brasileiros e cresce a taxa de suicídio no país
Moradores da Vila Torres contam com doações para sobreviver. Ação ocorre desde Março
Curitiba, 15 de Maio de 2020 - Ano 23 - Número 325- Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Empregos sob ameaça Jobs under threat
Com a paralisação do mercado durante a pandemia, especialistas prevêem a dificuldade das empresas em pagar salários. Por conta disso, estão priorizando setores internos mais funcionais, e demitindo funcionários sem justa causa. Já é possível constatar o crescimento nos pedidos do seguro-desemprego.
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social projeta três cenários para o desemprego no Paraná.
cidades | pag.06
Crise no transporte O
sistema de transporte público de Curitiba enfrenta problemas econômicos por falta de passageiros no período de pandemia de coronavírus.O fluxo de usuários chegou a cair em 70% segundo os registros da Urbanização de Curitiba (URBS) entre os meses de março e abril.
Alguns trabalhadores da área também sofreram impactos. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) implementou algumas medidas de emergência. Operadores relataram atraso nos salários, suspensão de contrato de trabalho, entre outras questões.
A suspensão de algumas atividades comerciais junto do isolamento social causaram esse declínio de passageiros. O déficit no caixa do transporte coletivo da capital paranaense chegou a R$ 61 milhões durante o período de 16 de março até 19 de abril.
A Prefeitura de Curitiba propôs um projeto de subsídio para auxiliar a área, chamado Regime Emergencial de Operação e Custeio do Transporte Coletivo. Ele foi aprovado em primeiro turno com 24 votos favoráveis e 10 contra.
Funerais restritos
ECONOMIA | pag.03
Stephanie Friesen
Frota de ônibus opera com 60% da sua operação, mas o número de passageiro caiu em 70%
Com a pandemia do novo coronavírus, Curitiba e região estão seguindo diversas restrições na realização de velórios e sepultamentos, evitando assim, a transmissão do vírus. Segundo instruções rigorosas do Serviço
Funerário Municipal, as restrições incluem distanciamento entre o corpo do falecido devido o covid-19 e a família e proibição da abertura do caixão. cidades | pag.04
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Editorial
Não nos calaremos O
s ataques à imprensa têm se tornado cada vez mais recorrentes, como uma arma em uma guerra ideológica. São inúmeros os episódios de repórteres hostilizados e até mesmo agredidos fisicamente por cidadãos comuns. Uma violência que foi banalizada. O maior símbolo de poder no país, o Presidente da República, não apenas assume uma posição de aversão muito clara com relação ao Jornalismo, mas age pensadamente tentando nos silenciar. Além de provocar a manifestação de um sentimento agressivo intrínseco de seus apoiadores, ele legitima um discurso de ódio destinado aos profissionais de comunicação. O uso do humorista Carioca no dia 4 de março para a entrega de bananas à jornalistas durante a coletiva de imprensa, realizada após a divulgação do baixo desempenho do Produto Interno
Bruto (PIB) de 2019, foi esboço de uma charge paradoxal. Vimos no dia 30 de abril um episódio semelhante. A TV Globo foi chamada de “lixo” depois de uma coletiva sobre o número de mortes por COVID-19 no Brasil, que havia somado 5.017 vítimas, ultrapassando o número total da China. Ali, deu-se a fala “E daí? Quer que eu faça o que?”. A fala do Presidente repercutiu em diversos jornais e emissoras. Segundo ele, a Globo teria deturpado sua fala, não mostrando quando disse “Lamento”. Contudo, toda tentativa de “solidariedade” se esgota após uma fala tão indiferente. “Sou Messias, mas não faço milagre”, outra vez ressignificando uma charge, que minimiza uma crise sanitária e relativiza vidas humanas. Na manifestação em Brasília no dia 3 de maio (Dia Internacional
Crônica
Sazonal Rebeca Trevisani
C
aminhando pelos corredores, encontro o sol. Dentro das salas, ninguém realmente simpatiza com ele. Fecham as cortinas, movimentam as carteiras para fugir do incômodo que a luz causa. Nos dias “veranescos”, as pernas aparecem e o céu curitibano ganha o vívido azul. No verão, a roupa seca, as garrafas transbordam e o bar enche de clientes. Mesmo com a temperatura nas alturas, o toque diminui. Está quente demais, dizem. Na estação da quentura, esfriamos. As folhas secas repousam no chão. O outono presenteia a vista com laranjas variados. Um suéter é retirado do armário. Em meados de março, a sequidão começa a aparecer. Se é metáfora, não sei, mas não tem como fugir da estação que leva embora dores, medos e amores. As árvores estão nuas. Pobres delas. Sinto o gélido vento sul chegando. Foram deixadas sem flores e sem frutos, desprotegi-
Expediente REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES
TRADUÇÃO
Suyanne Tolentino De Souza
das e vulneráveis. Nuas em meio ao inverno iminente. Enquanto isso, o café fica mais quente e as jaquetas e botas aparecem. Chuva corre. Vento vem, vento vai. À vezes, o granizo dá as caras e a temperatura cai. Observo abraços e braços dados. Na estação do frio, esquentamos. Volto a pensar nas árvores que encontrei. Elas permanecem onde estão, nuas. Confiam na primavera, que sempre volta. Da janela do terceiro andar, vislumbro um tom de amarelo. As pernas desnudas reaparecem. O sol decide visitar, mesmo Curitiba não sendo a melhor anfitriã. O chão agora é adornado pelas pétalas sortidas. As árvores continuam lá, esperando, florescendo, desabrochando. É setembro, o mês das flores. O que seca e morre, passa e acaba. Sempre há o fruto das plantações, a permanência, o novo e vivo, que insiste em retornar todos os anos. Continuo andando pelos corredores e quando olho pela janela, lá está ele, o verão de novo.
Edição 325 - 2020 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Rebeca Trevizani
FOTO DA CAPA COORDENADORA EDITORIAL Beatriz Artigas (3º Período) Suyanne Tolentino De Souza
Ao dizer “cala a boca”, a democracia, a liberdade e a soberania do povo são silenciadas. Mas o espetáculo do governo é sempre o mesmo, uma narrativa infantil: Cabo de guerra partidária, vaca amarela com a imprensa, polícia e ladrão entre político e o fala-povo. Segue-se a descrença e a desvalorização representativa de uma profissão dedicada a servir e informar o público. Como jornalistas, não nos calaremos.
Stephanie Friesen
Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)
Rafael Andrade
“Cala a boca, cala a boca”. Este é um argumento simplório e gritante. Essas palavras estão sendo espalhadas pela figura de maior autoridade no Brasil. Está sendo utilizado substancialmente para encobrir o disfarce de incapacidade. Para se esconder de responsabilidades básicas da Constituição e legitimar o silenciamento da liberdade.
A nossa independência dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) é esquecida, e espera-se que a imprensa seja fantoche de ventríloquo, outra brincadeira, outra peça no jogo. Carregamos a voz dos sem vozes. Mas apesar de nossa palavra ser posta em xeque constantemente, a mantemos.
Comunitiras
COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ângela Leitão
da Imprensa), em frente ao Palácio do Planalto, repórteres foram expulsos a chutes e vaias de bolsonaristas. Os manifestantes defendiam a intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Dois dias depois, ao ser questionado por repórteres acerca da suposta troca de comando da Polícia Federal (PF) durante pronunciamento em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro os mandou calarem a boca.
Estudantes 3º Período de Jornalismo Amanda Gabrielle dos Santos, Andre Luiz Festa de Quadros, Arthur Henrique Marçal Gomes, Beatriz Bleyer de Almeida Martins, Beatriz Garcia Artigas, Beatriz Tsutsumi de Almeida, Bernardo Nadaleti Gonzalez, Brianda Renata da Silva Prestes, Bruna Eugenia de Cassia Quaglia Colmann, Bruna Luiza Cominetti, Brunna Gabardo Roth, Bruno Felipe Previdi Sant’Ana, Camila Mengarda Acordi,
Carlos Vinicius Mazetto Illipronte, Carolina de Paiva Nassar, Daniela Balieiro Cintra Silva, Diego Diogo dos Santos, Eduarda Fiori Silva Fernandes, Flavio Augusto da Luz, Gabriel Miranda Malucelli, Gabrielly Dering Batista Ferreira, Guilherme André Pesch Kruklis, Gustavo Silva Barossi, Hellena Cesar Oliveira, Herick Pires Lopes, Isabella Serena Demski Casagrande, Isabelle da Silva de Almeida, Isadora Guimarães Mendes Vesguerber, Isadora Picasky Deip, Jessica Pretto Varella, Laura Luzzi Siqueira Campos, Leticia de Moura Simão,
Lorena Rohrich Ferreira, Lucca Smarrito Marreiros, Luiza Maria Hauer Ruppel, Maria Vitoria Bruzamolin Rodrigues de Oliveira, Mariana Scavassin Vaz Mattos, Marina Jorge Geiger, Nathalia Miguel Brum, Pedro Luiz de Almeida, Rafael Wolf Teixeira Coelho, Raissa Micheluzzi Ferreira, Rebeca Trevizani de Castro, Ricardo Luiz da Silva, Rodrigo Pires de Angelucci, Romano Zanlorenzi, Sabrina de Ramos, Sarah da Silva Guilhermo Galvão, Sophia Becker da Gama, Stephanie Spredemann Friesen, Sthefanny Gabryella Gazarra Borges Pereira
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Transporte público de Curitiba enfrenta declínio econômico Falta de passageiros prejudica o caixa do sistema de transporte público; déficit já chegou a R$ 61 milhões Gabrielly Dering Sarah Guilhermo Stephanie Friesen 3º Período
O
número de passageiros que utilizam o sistema de transporte público de Curitiba e Região Metropolitana caiu cerca de 70% durante o período de pandemia da Covid-19, segundo registros da Urbanização de Curitiba (Urbs). Esse declínio resultou em uma crise econômica na área. A Prefeitura da cidade propôs um projeto de subsídio para suprir a defasagem e o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) implementou medidas de emergência aos trabalhadores. As ações de isolamento social e a suspensão de algumas atividades comerciais causaram impacto na movimentação econômica do transporte coletivo da capital paranaense. De 16 de março, quando a queda de passageiros teve início, até 19 de abril, o déficit no sistema chegou a R$ 61 milhões.
Medidas oficiais
Stephanie Friesen
No dia 4 de maio, a Câmara Municipal aprovou o Regime Emergencial de Operação e Custeio do Transporte Coletivo. O projeto de lei institui um programa de custeio do transporte pelo período de 90 dias, devido à pandemia. A matéria foi aprovada em primeiro turno com 24 votos favoráveis e 10 contra. A medida foi sugerida após o Executivo identificar risco de interrupção do serviço de transporte e a possibilidade de greve dos trabalhadores. O objetivo do programa é minimizar o impacto financeiro da queda de receita e preservar a saúde dos usuários. O projeto aprovado prevê repasses às concessionárias para cobrir exclusivamente custos variáveis e administrativos, nos quais estão incluídos os preços de
“Com mais ônibus e
menos passageiros, a conta não fecha” O agente de fiscalização do transporte coletivo de capital do estado, Pedro*, conta que os operadores de transporte representados pelo Sindimoc também sofreram impactos. Alguns tiveram os salários atrasados. “Houve redução de jornada de trabalho, suspensão de contrato de trabalho com a empresa pagando 30% do salário e o governo pagando os outros 70%, entre outras medidas”, explica. Devido aos funcionários afastados, a carga de trabalho aumentou significativamente.
Economia
combustíveis, lubrificantes, tributos, folha de pagamento, plano de saúde, seguro de vida e cesta básica para funcionários do sistema.
A frota de ônibus atualmente equivale a 60% da oferta antes da pandemia A oferta do transporte público atualmente equivale a 60% ao que era antes da da pandemia, afirma o SETRANSP. A medida foi adotada a fim de evitar aglomerações nos ônibus e conter a transmissão do novo coronavírus. No entanto, a demanda é de apenas 30%. Portanto, os custos estão acima da receita. “Devido à medida do espaçamento entre passageiros, o número de ônibus circulando chega a ser três vezes maior que a demanda”, comenta o professor de Análise Conjuntural da Política e Economia na PUCPR, Marcos José Zablonsky. “Com mais ônibus e menos passageiros, a conta não fecha”.
de seguro-desemprego foram sustentadas na MP 936/2020, publicada no 1º de abril pelo Governo Federal. A expectativa é de que mais de 3 mil trabalhadores do sistema público de transporte tenham seus contratos suspensos.
Medidas de prevenção adotadas pela URBS Os fiscais da URBS são aconselhados a conferir se o uso de máscaras está sendo feito devidamente. “A orientação do uso de máscaras no transporte coletivo é feita pela fiscalização Stephanie Friesen
Em um dia útil antes da pandemia, o transporte coletivo da cidade registrava 626 mil passageiros. Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (SETRANSP), o número de passageiros atualmente é de 170 mil, representando uma queda de mais de 70%.
Queda de passageiros Decresce em 70% o número de usuários O número de passageiros caiu em 70% Através do fundo emergencial, a prefeitura provisionou os R$54 milhões como reserva para as concessionárias de transporte público. “Não é garantido que tudo seja utilizado. A diferença do dinheiro arrecadado com a bilhetagem e o que é gasto com o sistema de transporte é pago pela prefeitura. Os milhões são para esse fim. Mas, caso aumente o número de passageiros novamente, será desembolsado menos do subsídio”.
Fonte: Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana Infografia: Stephanie Friesen
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba (Setransp) argumenta que as medidas de corte de carga horária e salário com compensação e recursos
e pela Guarda Municipal”, conta Pedro*. “Isso não existia antigamente, e exige ainda mais por parte da fiscalização”. *Pedro preferiu não ter sua identidade revelada.
Animação Veja um resumo dos impactos no transporte público portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Economia
Lojas curitibanas encontram meios de venda no Dia das Mães de 2020 Com o aumento do comércio online, aumentam também os cuidados e prevenções dos consumidores e clientes na internet Bruna Colmann Isadora Deip Sthefanny Gazarra 3º Período
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Dia das Mães é considerado a segunda data mais importante para o comércio paranaense, segundo a Associação Comercial do Paraná (ACP). Perde apenas para o Natal. Porém, com a atual pandemia do novo coronavírus, comerciantes e lojistas curitibanos buscaram soluções para que suas vendas não reduzissem drasticamente neste período. Redes sociais, websites e entregas por delivery são algumas das possibilidades encontradas para a continuação do comércio no período do Dia das Mães deste ano.
demanda alta de pedidos, que surpreendeu o proprietário. “Se tivéssemos convertido o número de pedidos (considerando quantidades de porções) em número de pessoas, teríamos lotado o restaurante duas vezes.”
auxílio à Câmara Municipal para que o horário alternativo do comércio fosse definido por uma lei, mas até o momento não houveram medidas para atender o pedido da ACP.
poder de compra da população diminuiu durante a pandemia, “Muitas pessoas não estão recebendo salário e estão sem trabalhar há mais de 40 dias, isso irá impactar muito nas vendas.” Isadora Deip
A assistente administrativa e financeira da loja de roupas Farm Rio, localizada no shopping Mueller em Curitiba, Larissa Canofre, comenta que a página na web do estabelecimento já possuía um grande fluxo de compras diárias, e agora se tornou a principal ferramenta para que a loja possa enfrentar a fase de isolamento social. De acordo com Larissa, apesar de serem em menor escala, as compras de produtos no Dia das Mães de 2020 foram boas. “O valor de vendas foi inferior ao do ano passado, mas ainda assim obtivemos resultados positivos.” Como alternativa para manter o rendimento na data comemorativa, a Farm Rio lançou promoções de desconto nas peças compradas pelo site. O lojista Matheus Khalil, da loja de acessórios para celulares e assistência técnica Top Center, localizada no centro de Curitiba afirma que as vendas do Dia das Mães deste ano superaram suas expectativas. Ele conta que a loja vendeu bastante pela internet, com o motoboy entregando em
Mônica Picasky entrega um presente comprado no comércio local para sua mãe Eulina no Dia das Mães deste ano. A auxiliar administrativa da Floricultura Ópera Garden, Deice Oliveira, comenta que no período antecessor ao Dia das Mães deste ano, devido ao novo coronavírus, a procura por mercadorias no estabelecimento tinha diminuído, mas ela percebe que gradativamente a situação está melhorando. “Não estamos vendendo da mesma forma que vendemos no mesmo período em 2019, mas a procura aumentou em comparação com os primeiros 15 dias de quarentena, em que muitos não saíam de casa”, relata.
A Associação buscou a reabertura do comércio após consultar seus associados, que optaram pelo retorno. Eles acreditam que é possível conciliar o funcionamento do comércio com os cuidados com a saúde, como o uso de álcool gel e máscaras e o distanciamento entre os clientes. Segundo a Associação, desde o início da quarentena a expectativa de redução nas vendas é de, no mínimo, 50% e em alguns casos chegando até a 80%. Uma estimativa antes do Dia das Mães apontava a queda de 39% nas vendas em relação ao mesmo período em 2019.
“O valor de vendas foi inferior ao do ano passado, mas ainda assim obtivemos resultados positivos”
várias regiões da cidade. Com a quarentena a loja está funcionando em horário reduzido, e para continuar atraindo os clientes o comerciante adotou estratégias intensivas de marketing e patrocínios nas redes sociais, juntamente com entregas por sistema de delivery. Os restaurantes curitibanos também tiveram que modificar a forma de atendimento durante a quarentena. O sócio-proprietário do Bistrô Saltimbocca Caio Ferreira conta que o estabelecimento passou a funcionar apenas com a retirada de pedidos no balcão e entregas a domicílio, realizadas de carro pelos próprios donos do restaurante. Caio comenta que o resultado de vendas no Dia das Mães deste ano foi muito positivo, com uma
O atendimento da floricultura está sendo realizado através das redes sociais e de compras antecipadas, justamente para não gerar tumultos e aglomerações. Deice relata que neste Dia das Mães, mesmo com a nova forma de comércio as vendas foram boas, pois devido ao fechamento de vários shoppings muitas pessoas procuraram as floriculturas como alternativa de compra. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, anunciou que iria permitir a reabertura do comércio na cidade no dia 15 de abril. A Associação Comercial do Paraná orientou o funcionamento das lojas das 10h às 16h para evitar acúmulo de passageiros no transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana nos horários de pico - início da manhã e final da tarde. Foi solicitado
A revendedora de cosméticos Adriana Borges por exemplo, comenta que suas vendas para o Dia das Mães de 2020 diminuíram 80%, diferentemente dos anos anteriores, em que terminava o mês com ótimos resultados. O modo de trabalho da revendedora também foi alterado na fase da quarentena do COVID-19: antes ela realizava visitas com produtos a pronta entrega, agora as vendas são feitas através das redes sociais “Envio imagens dos produtos para as clientes no WhatsApp. Após a escolha da compra, levo os itens até a pessoa em uma entrega realizada rapidamente.” Segundo os economistas Kelly e Erinson Machado, a expectativa de ganho do comércio no Dia das Mães deste ano era baixa. Um dos motivos seria que o
De acordo com os economistas, uma dica para os comerciantes enfrentarem essa fase de isolamento social é manter o foco nas vendas online e enxugar as despesas. Os lojistas também devem ficar mais próximos dos clientes por meio das redes sociais, para entender suas necessidades e demandas. Já os consumidores precisam tomar cuidado com as compras onlines, Kelly e Erinson alertam sobre produtos com preços mais baratos que o normal “As pessoas não devem comprar sem ter a certeza de que o site é confiável. Precisam desconfiar de produtos vendidos com preços muito abaixo do mercado.” A farmacêutica Mônica Picasky conta que nesse Dia das Mães comprou o presente no comércio local, durante a semana e em um lugar mais vazio para evitar o risco de contaminação pelo COVID-19. Ela acredita que a liberação do comércio deve vir acompanhada de um bom senso da população. “Infelizmente tenho visto muitas pessoas saírem sem tomarem os devidos cuidados”, conta. Mônica enxerga a internet como uma boa opção para a realização de compras durante a quarentena.
Leia mais Confira infográfico sobre o comércio neste Dia das Mães portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Economia
Aplicativos de entregas são solução de comerciantes durante a quarentena Utilização das ferramentas de venda online que tiveram crescimento podem seguir movimentadas após o fim da pandemia Herick Pires Isadora Mendes Raissa Micheluzzi 3º Período
D
urante o isolamento social provocado pelo COVID-19, comerciantes tiveram que fechar suas lojas, mas encontraram em aplicativos de venda e entrega, e até mesmo nas redes sociais, a solução para não falirem. Essas estratégias estão salvando pequenas empresas neste período, e podem acabar virando um hábito de consumo para pessoas que buscam praticidade, já que não precisarão mais sair de suas casas para adquirir algum produto. A previsão temporária é que o fechamento de comércios afete a economia futuramente, impactando na queda do PIB, prevista para 5,3% em 2020 pelo FMI. No aspecto social, a quarentena causará também o aumento das taxas de desemprego durante esse ano. ”O encerramento das atividades dos pequenos comércios e a restrições para a atividades dos trabalhadores informais, contribuíram para o incremento da taxa de desemprego. O impacto social é visível nas filas que a população está fazendo, em buscas do benefícios na Caixa Econômica Federal”, como aponta o economista Ricardo Kureski. A impossibilidade de sair de casa para fazer compras, até mesmo as não essenciais, afetará também o hábito de consumo da população, segundo Kureski. “Mesmo com abertura de shoppings, os hábitos do consumidor devem mudar. Deverá haver maior consumo de bens e serviços pela internet”. Segundo pesquisa feita pelo Opinion Box, 65% dos entrevistados deixaram de realizar atividades como frequentar
Iara Assunção
shoppings e lojas de rua e passaram a optar pelos serviços em delivery. Serviços como farmácia, supermercado e alimentação foram os que mais cresceram em acessos e pedidos online nos apps durante a pandemia. A comerciante Franciele Martins dos Santos é dona de uma loja de cosméticos e realiza vendas online por meio de suas redes sociais há pelo menos três anos. Devido às medidas de isolamento, ela teve que movimentar o catálogo de produtos pela internet, mantendo o negócio ativo nesse momento. “Acredito que tanto eu quanto os outros comerciantes da região estamos nos adequando a esse novo contato mais digital para conseguir lidar com tudo”. O empresário Waldemar Simão Júnior relata a mesma situação em sua franquia de sorveterias, que tem trabalhado com pedidos delivery. Ele afirma que, nesse período de isolamento, ocorreram mudanças nas formas de retirar e entregar os produtos
Algumas lojas permanecem abertas, com funcionários fazendo preparo de compras para envios via delivery. Apesar dessas medidas, Simão declara que teve que adaptar seu negócio às medidas padrões de outras franquias da marca, e utilizar de novos aplicativos para a entrega como o 99 Food. “Basicamente a nossa demanda funciona da mesma maneira
pela pandemia, trouxeram para alguns comerciantes uma nova perspectiva de vendas e de mercado. Danielle Matye Makiyama, que é dona de uma loja de roupas em um shopping, acredita que mesmo com a possibilidade da queda no faturamento do seu
“Acredito que as compras online e
presenciais vão se unir e os dois modelos vão trabalhar cada vez mais juntos.” por conta das orientações de distanciamento. Os aplicativos de entrega, que já utilizava em sua empresa, criaram um fundo com um percentual da comissão deles nas vendas, destinado aos entregadores que não consigam trabalhar durante a pandemia.
que do outro aplicativo, porém ainda encontramos dificuldades iniciais como falta de um canal ágil de comunicação e com as possibilidades limitadas à demanda de nosso cardápio.” A experiência de vendas e entregas online movimentadas Iara Assunção
setor, as ferramentas de venda online serão uma inovação para o mercado. “As vendas online vão seguir, com certeza. Eu já venho pensando desde o ano passado e agora com a pandemia, consigo enxergar que vale a pena e é o mercado do futuro. É algo que se eu não acompanhar eu ficarei para trás”. Para os consumidores, as compras online podem ser uma opção mais confortável para seu dia a dia, pois com um click é possível adquirir produtos que serão entregues nas portas de suas casas. Ariana Soares da Conceição, que realiza compras online, acredita que mesmo que tudo volte ao normal após a quarenta, as duas formas de consumo podem caminhar juntas. “Acredito que as compras online e presenciais vão se unir e os dois modelos vão trabalhar cada vez mais juntos. Eu pretendo utilizar os dois métodos.”
Leia mais Veja rotina de comerciantes que estão se adaptando aos aplicativos de delivery Shoppings estão sendo vistos diferente do habitual, com luzes apagadas e algumas lojas e bancas fechadas.
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Economia
Dificuldade em pagar salários aumenta número de demissões Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social prevê taxa de desemprego no Paraná de 9,1% até fim do ano Brunna Gabardo Sabrina Ramos 3º Período
N
um cenário otimista, a taxa de desemprego no Paraná atinge 9,1% até o fim do ano, em relação à taxa de 7,3% do final do ano passado. Os dados são do o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Além da paralisação do mercado, um dos impactos já esperados por especialistas e pelos governos do Estado e de Curitiba é a dificuldade no pagamento de salários, o que leva ao desligamento dos trabalhadores. Por conta disso, empresas estão demitindo funcionários sem justa causa para priorizar setores internos com maior funcionalidade. Isso gerou um aumento nos pedidos do seguro-desemprego nos meses de março e abril. No Brasil, a taxa de desocupação subiu para 12,2% no primeiro trimestre deste ano, segundo o último levantamento do PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa é realizada trimestralmente para acompanhar as variações sobre a força de trabalho. Esse número equivale a um aumento de 1,2
Desemprego no Paraná e previsão para 2020 15%
10% 7,8%
14,5%
Cenário negativo
11,7% Cenário 8,9%
9%
base
8,9% 7,3%
9,1%
Cenário positivo
*Projeções das possíveis taxas de desocupação no final de 2020, divulgadas pelo IPARDES .
4°tri 2018 1°tri 2019 2°tri 2019 3°tri 2019 4°tri 2019 4°tri 2020*
Fonte: AEN/PR; IPARDES
têm enfrentado problemas no atendimento online. “O que tem dificultado talvez seja a forma de acesso a esse pedido, tanto pela quantidade de pessoas, como pelas limitações de atendimento presencial”, explica a advogada Bruna Latronico de Camargo, que atua no setor jurídico de uma empresa de médio porte.
936/2020, que prevê a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias e a redução da jornada por meio de acordos individuais entre empregados e empregadores. Apesar de ser anunciada como um meio de manter os empregos, ela permite até 70% de redução salarial. A MP também inclui o Benefício Emergencial de Preservação do
“Essa quantia [salário] paga meu
aluguel, as contas da minha casa, mas tem uma sobra muito baixa.” milhão de pessoas sem emprego, somando um total de 12,9 milhões de desempregados no país. Segundo o economista Filinto Eisenbach Neto, o crescimento da taxa não se deve exclusivamente aos impactos provocados pela pandemia da COVID-19. “Como não há nenhuma medida de investimento, a taxa de desemprego vem crescendo significativamente.” O seguro-desemprego, auxílio ao trabalhador formal em virtude da dispensa sem justa causa, teve um aumento significativo no número de pedidos, e está relacionado ao congelamento do comércio. Muitos trabalhadores
Em relação aos acordos trabalhistas e as demissões realizados pelas empresas devido a COVID-19, é possível observar o medo dos funcionários de perder seus empregos. “A gente vê funcionário se esforçando muito para ajudar a empresa nesse momento. Estão dando seu melhor para de alguma forma se destacar”, avalia Bruna. Em contrapartida às dificuldades recorrentes, o Governo Federal está trabalhando em medidas para “aliviar” o baque da pandemia para os trabalhadores. Além do Auxílio Emergencial de R$ 600, o governo sancionou a Medida Provisória
Emprego e da Renda (BEm), destinado à trabalhadores que tiveram salários reduzidos ou contratos suspensos temporariamente devido à crise causada pela pandemia. A estudante de Design Amanda Hermann teve o contrato suspenso e uma redução de 60% de seu rendimento. “Essa quantia paga meu aluguel, as contas da minha casa, mas tem uma sobra muito baixa. Então eu não conseguiria enviar dinheiro pra minha família nesse momento”. Ela aguarda o Benefício Emergencial do Governo, pois ainda não completou 30 dias da suspensão do contrato.
Sabrina Ramos
Impactos no Paraná Até a metade de abril, 16 mil microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) mantinham suas portas fechadas devido às restrições de quarentena, segundo o IPARDES. Ao final do mês, 5,6 mil MEs e EPPs voltaram a funcionar. Das 3,6 mil empresas em regime normal fechadas até metade do mês, 1 mil empresas voltaram às atividades no fim do mês. Esses dados apontam uma tendência na retomada das atividades. Ainda que o setor econômico esteja enfraquecendo suas políticas de quarentena, o Paraná perdeu em abril R$ 420 milhões com a falta de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse valor corresponde a queda de 19,5% na principal fonte de arrecadação do estado. O economista Filinto Eisenbach Neto explica que a atividade econômica depende da demanda e, para isso, é necessário ter renda. Ele aponta dois pontos importantes para estimular a economia: investimentos e emprego. “O investimento vem através de obras públicas, e tratando de questões políticas. O que cria emprego é o investimento público.” A atividade econômica no Paraná caiu 33,7% no mês de abril. A Macrorregião Leste (Região Metropolitana de Curitiba, Litoral, Campos Gerais, Sul e a região Central), que compreende parte mais significativa da produção de bens com alto valor agregado no estado, apresentou 31,8% de queda. Além da maior queda geral, o setor industrial da Macrorregião Leste também teve a contração mais expressiva no estado, com queda de 49,9% em sua atividade.
Leia mais Infográfico dos impactos econômicos da pandemia. Unidade da Regional Portão do Sistema Nacional de Emprego tem filas no atendimento.
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Difficulty in paying salaries increase the number of dismissals Social and Economics Development Institute of Paraná forecasts an unemployment rate in Paraná of 9,1% until the end of the year Brunna Gabardo Sabrina Ramos 3º Período Translation by Rebeca Trevizani
I
n an optimistic scenario the unemployment rate in Paraná will reach 9,1 % until the end of the year, compared to the 7,3% rate of last year. The data are from Social and Economics Development Institute of Paraná (IPARDES). Besides the market paralysis, one of the expected impacts by experts and Curitiba’s and State’s government is the difficulty in salaries payment, which leads to dismissals of workers. Because of that, companies are firing employees for unfair dismissals to prioritize intern sectors with greater functionality. That resulted in a growth in unemployment insurance claims on March and April. In Brazil, the unemployment rate increased to 12,2% in the first quarter of the year, according to the last survey by Continuous PNAD, of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The survey is conducted quarterly to track the workforce changes. This number equals the increase of 1.2 million of jobless people, adding up a total of 12,9 million
Unemployment in Paraná and 2020 projections Source: AEN/PR; IPAR15%
10% 7,8%
14,5%
Worst Case Scenario
11,7% Base line 8,9%
9%
scenario
8,9% 7,3%
9,1%
Most Likely Scenario
4°quarter 1°quarter 2°quarter 3°quarter 4°quarter 4°quarter 2018 2019 2019 2019 2019 2020
both because of the number of people and the limitations of face-to-face care”, explains the lawyer Bruna Latronico de Camargo, which works on the juridical section of a medium-size enterprise. Regarding labor agreements and dismissals made by com-
*Projections of possible unemployment rates by the end of 2020, published by IPARDES.
employment contract for up 60 days and the reduction of the working day through individual agreements between employees and employers. Although it was announced as a manner to retain employments, it allows about 70% in salary reduction. The measure also includes the Emergency Benefit for Preser-
“This amount pays my rent, my house bills, and there’s a very low surplus.”
of unemployed in the country. According to the economist Filinto Eisenbach Neto, the rate growth is not exclusively due to the impacts of COVID-19 pandemic. “As there is no investment measure, unemployment rate have been increasing significantly”. Unemployment insurance, worker support due to the unfair dismissal, had a significant increase in number of claims, and is related to business closure due to the pandemic. Many workers have been facing problems with online service. “What has been hampering may be the way to access the claim,
panies due to COVID-19, it is possible to observe employees fear of losing theirs jobs. “We see an employee working really hard to help the company right now. They are giving theirs bests to stand out somehow”, says Bruna. In return to the current issues, Federal Government is working on measures to bring “relief” to the damages caused by the pandemic to workers and employees. Besides Emergency Financial Support of R$ 600 for informal and self-employed, the government sanctioned the measure 936/2020, which provides the suspension of
ving Employment and Income (BEm), which goes to workers that suffered salary reduction or had contracts temporarily suspended because of the pandemic crises. The Design student Amanda Hermann had her contract suspended and her income reduced by 60%.“This amount pays my rent, my house bills, and there’s a very low surplus. So I couldn’t send money to my family at the moment” She waits the Government Emergency Benefit as it has not yet completed 30 days of the suspension of the contract. Sabrina Ramos
Cities
Impacts in Paraná Up to middle April, 16 thousand micro companies and small-sized companies had kept your doors closed due to quarantine restrictions, according to IPARDES. By the end of the month, 5,6 thousand micro companies and small-sized companies opened up again. Of the 3,6 thousand companies closed in normal regime until the middle of the month, 1 thousand companies got back in business by the end of the month. These data point to a trend in resumption of activities. Even though the economic sector has been relaxing its quarantine politics, Paraná has lost R$ 420 million on April in Value-Added Tax (VAT) credit, compared to the same period of last year. This amount corresponds to drop of 19,5% in the state’s main source of revenue. The economist Filinto Eisenbach Neto explains that economic activity depends on the demand, and for that it is necessary to have a fixed income. He points two important things to stimulate economy: investments and employment. “ The investment comes through public works, and talking about political matters. What generate jobs is public investment”. The economical activity in Paraná dropped 33,7% on April. The Macro-Region East (Metropolitan Region of Curitiba, Coast, Campos Gerais Region, South and Central Region), which comprises the most significant part of the production of goods with high added value in the state, fell by 31.8%. In addition to the greatest overall decline, the industrial sector of the Macroregion East also had the most significant contraction in the state, with a 49.9% drop in its activity.
More Infographic with the economical impacts caused by the pandemic. Sine Regional in Portão.
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Cidades
Funerais e sepultamentos têm restrições rigorosas em Curitiba Medidas preventivas devem ser seguidas por todos, desde os profissionais que preparam e sepultam os corpos até as famílias dos falecidos Camila Acordi Carolina Nassar Maria Vitória Bruzamolin 3º Período
A
Carolina Nassar
pandemia do novo coronavírus está afetando diretamente os funerais e sepultamentos em todo o mundo. Em Curitiba e região, medidas restritivas para a prevenção da transmissão do COVID-19 já foram adotadas e devem ser seguidas por todas as funerárias, incluindo os familiares dos falecidos. O Serviço Funerário Municipal da Secretaria do Meio Ambiente e a Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde orientam, em nota, que os velórios devem durar no máximo quatro horas e a limitação de pessoas permitidas dentro da capela é de apenas dez. Também deve ser evitado tocar na pessoa velada, mesmo que não haja confirmação de morte pelo coronavírus. As portas e janelas devem permanecer abertas o tempo todo e o uso de álcool em gel deve ser constante. Pessoas do grupo de risco e com suspeitas de terem contraído a COVID-19 não devem comparecer no velório e nem no cemitério. Já para o sepultamento em cemitérios municipais, mais pessoas poderão comparecer simultaneamente, desde que mantenham a distância de um metro e meio. O agente funerário Luciano Moreno, que atua em Piraquara - região metropolitana de Curi-
Cemitério da região metropolitana de Curitiba com avisos alertando sobre as medidas restritivas 15 dias para ficar pronto e que às vezes acontece de o paciente vir a óbito antes do resultado sair. “Os médicos colocam na declaração de óbito se possui suspeita e assim irá entrar nos números depois. Alguns não colocam nada e acabam não entrando para as estatísticas por mais que dê positivo”. O agente funerário ainda comenta que se sente seguro trabalhando em meio à pandemia. “O fato de movimentar o corpo não é tão perigoso quanto
mente limpo. Outro agente funerário, que preferiu não se identificar, diz que a ajuda do governo é apenas com informações e instruções sobre o processo de cuidados que deve-se ter com o corpo e, posteriormente, com o sepultamento e a família do falecido. O corpo é selado com segurança e colocado diretamente na urna, então transportado para o cemitério. “Não há velório, nem abertura de urna. A despedida é feita ao longe pela família, e é
“Não há velório, nem abertura de urna. A despedida é feita ao longe pela família e é muito rápida” tiba - diz já ter realizado três funerais com suspeita do novo coronavírus. Um deles foi descartado e os outros dois seguem em análise. Ele explica que o resultado do exame leva cerca de
atender os familiares que são suspeitos, mas a gente está tomando os devidos cuidados”. Moreno ainda comenta que todo o local que pode vir a estar contaminado está sendo devida-
muito rápido”. O cerimonialista fúnebre, profissional que realiza os detalhes protocolares durante a cerimônia do sepultamento, que Carolina Nassar
também preferiu não se identificar, afirma que os métodos de precaução são seguidos mesmo que não haja a confirmação do novo coronavírus. Ele também diz que a prefeitura de Curitiba forneceu a vacina da gripe para os funcionários dessa área, já que são da linha de frente, mas que ainda sente uma falta de valorização em relação aos agentes funerários e empresas funerárias. O profissional também comenta que, com a crise pela qual estamos passando, os próprios diretores de empresas fúnebres acabam arcando com os custos de material para suas equipes, tirando do próprio dinheiro pessoal, já que suas empresas não conseguem quitar as despesas. Ele ainda comenta que esses produtos poderiam ser fornecidos pelo governo ou pela prefeitura. Com as restrições necessárias para o combate ao coronavírus, a despedida do falecido fica mais difícil. “Não poder estar juntamente com seu ente querido para dizer ‘olha, eu te amo, você deixou saudades, deixou lembranças’, isso marca muito a família porque é um momento de dor em que ela quer ter um alento, quer ter ali a possibilidade de dizer aos outros o quanto aquela pessoa que partiu era amada”. Ele diz que todas essas medidas necessárias acabam tirando a tranquilidade das pessoas envolvidas com o óbito.
Leia mais Veja o infográfico detalhado com as restrições dos funerais portalcomunicare.com.br
Túmulos do Cemitério Municipal Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Economia
Consumo de energia elétrica cai 18% no Paraná em meio a pandemia A percepção de especialistas e da população, porém, é de que o consumo doméstico de energia elétrica aumentou Beatriz Bleyer Lorena Rohrich 3º Período
Lorena Rohrich
O
consumo de energia elétrica sofreu uma queda de 18% no Paraná desde o início do isolamento social, imposto pela pandemia de coronavírus (COVID-19), segundo levantamento realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A percepção, porém, é de que o consumo tenha aumentado no segmento residencial, já que a circulação de pessoas dentro de casa aumentou nesse período. O CCEE vêm realizando levantamentos semanais, desde o dia 25 de março, sobre o consumo de energia elétrica durante o período de isolamento social. O estudo revelou que o Paraná ocupa o quinto lugar no ranking de consumo de energia elétrica do Brasil, sendo São Paulo e Minas Gerais os que ocupam as primeiras posições, respectivamente. No quadro nacional, o consumo energético apresentou um decréscimo de 14%. De acordo com o Gerente Executivo de Segurança de Mercado e Informações da CCEE, Carlos Dornellas, embora a impressão seja de que há um crescimento no consumo doméstico de energia elétrica, o instituto não tem como especificar essa demanda. Além disso, ainda que a maioria da população esteja dentro de casa, exercendo suas atividades diárias e profissionais, os aparelhos eletrônicos domésticos consomem muito menos energia do que os dos setores industriais. “A redução do consumo nesses setores [industriais] tende a ter um efeito maior no cálculo global do que a elevação da demanda nas residências”, afirmou Dornellas. No Paraná, o setor de veículos registrou queda de 73% no consumo de energia e 33,3% no setor de minerais não metálicos. Esses números fazem referência ao período entre os dias 02 a 06 de março e 13 a 17 de abril. Já entre os dias 06 a 10 de abril e 13 e 17 desse mesmo mês, esses setores apresentaram uma elevação no consumo de 9,7% e 4,4%, respectivamente, representando uma gradual melhora do cenário. Essas e outras seções representam a variação negativa de 817 MWm, no estado. Antes das medidas de isolamento social, ele apresentava consumo médio de 4,440 MWm, no dia 17 de abril o estado passou a consumir em torno de 3623 MWm. Segundo o Gerente Executivo de Segurança de Mercado e Informações da CCEE, a variação foi maior durante a pandemia nesses estados (Paraná e Rio Grande do Sul) por conta das indústrias localizadas nessas regiões, responsáveis por um maior consumo de energia elétrica. “As principais fontes de
Subestação de energia elétrica de uma indústria química continua operando na Cidade Industrial de Curitiba
“São mais horas
investidas nos aparelhos eletrônicos” renda da economia do Paraná são a agricultura e a agroindústria, a indústria automobilística e a produção de papel e celulose, além do extrativismo vegetal de madeira e erva-mate”, explicou Carlos Dornellas. De acordo com o estudo, São Paulo é o estado que mais consome energia elétrica no país. Antes da medida de isolamento social adotada pelo governo, a região consumia cerca de 18 mil MWm, já no período observado pela CCEE, em média de 15 mil MWm, apontando uma variação de apenas 17%.
Aumento do consumo residencial Segundo o engenheiro eletricista Edilson Lourenço, é possível que o consumo doméstico de energia elétrica aumente no período de isolamento, visto que a maioria da população está dentro de casa a maior parte do dia, senão o dia todo. Mas lembra que não tem comparação com a dimensão da diminuição na área corporativa. “Apesar de contarmos com um aumento, por conta da necessidade do trabalhadores se recolherem, na prática pode se considerar desprezível. Isso pode ser explicado porque nas residências no período diurno equipamentos adicionais ligados nessas é quase que eventual, conservando o grande consumo no período noturno, conservando a rotina, e no setor corporativo com os turnos paralisados os desligues
das máquinas e iluminação nunca será eventual”, explica. “Como nas residências não possuem máquinas e equipamentos com alto grau de consumo de energia, mesmo com o deslocamento do trabalhador da área corporativa para residencial, os poucos equipamentos em uso adicionais que aparecem nunca irão acompanhar a proporção decréscimo/acréscimo respectivamente apresentada na troca deste modal”, acrescenta o engenheiro elétrico. Giordano da Fonseca, que está desde a última semana de março trabalhando em Home Office - termo designado aos trabalhadores que continuam exercendo suas funções domiciliarmente - afirma que o consumo de energia elétrica em sua casa aumentou nessa quarentena. Segundo ele, a rotina em sua casa mudou, ele que antes podia realizar atividades de lazer fora de casa, agora desenvolveu novos hábitos, como assistir à televisão. “São mais horas investidas nos aparelhos eletrônicos.” Além disso, Fonseca contou que sente que nesse período ele acaba passando do horário de trabalho de oito horas. “Às vezes eu tô trabalhando e acabo fazendo um pouco mais, porque já estou em casa, mais confortável e não preciso sair do trabalho”, afirmou. Apesar do aumento do consumo de energia, ele não sentiu o peso no bolso. “A gente de fato consome mais, pois as coisas ficam mais tempo ligadas, mas a gente não viu um aumento significativo na conta de luz”, contou.
Como evitar o desperdício? Aprenda a economizar a energia elétrica em casa
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Deixe as janelas e portas abertas para que a luz natural possa entrar. Isso evita que as lâmpadas sejam acesas
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durante o dia. Sempre que encerrar as atividades em computadores ligados a fios, desligue-os da tomada. Faça o mesmo com as
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televisões e rádios. Se for fazer uma pausa no trabalho, não esqueça de desligar a tela do seu computador. Acumule grande quantidade de roupas para lavar e passar de uma vez só. Não deixe os celulares carregando mais do que o necessário.
Leia mais Entenda os direitos de quem trabalha em Home Office em entrevista com especialista em Direito do Trabalho portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Cidades
Delegacia aponta subnotificação dos casos de violência contra a mulher
Procedimento legal para boletins de ocorrência de casos de violência contra a mulher é criticado por especialistas Bernardo Gonçalvez Carlos Mazetto Gabriel Miranda 3º Período
Ó
rgãos públicos apontam para a existência de uma subnotificação de casos de violência contra a mulher no estado do Paraná devido ao isolamento social. Dados da Coordenadoria das Delegacias da Mulher (CODEM) indicam que houve uma queda de 30% do registro de denúncias de violência contra a mulher entre o período de 16 a 31 de março se comparada com o mesmo período do ano passado. Porém, um levantamento realizado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) aponta para um aumento de 12% nos casos de feminicídio no estado desde o início do isolamento social. Especialistas atribuem a causa dessa subnotificação ao isolamento social e à falta de preparo dos profissionais que atendem as vítimas. Um dos motivos para o cenário também seria o de que os boletins de ocorrência sobre violência contra mulher são feitas de forma presencial e existe uma a dificuldade encontrada pelas vítimas para sair de casa registrar a agressão. Para a assessora jurídica do núcleo de Promoção a Defesa dos Direitos da Mulher
Divulgação/ Google
(NUDEM) Vanessa Prateano é importante perceber que, embora o registro de casos tenha diminuído, isso não significa que a violência contra a mulher diminuiu. A advogada explica que por conta da quarentena as vítimas tendem a conviver mais com seus agressores, o que faz o número de casos aumentar. “A convivência por período mais prolongado expõe as mulheres a parceiros abusivos, que tendem a utilizar a violência como forma de resolução de conflitos familiares e conjugais”. Para a advogada e professora universitária Silvia Turra, o sistema de denúncias de violência contra a mulher empregado no estado é falho. Ele obriga a vítima a se deslocar até uma delegacia ou casa da mulher brasileira e não leva em consideração que muitas vezes essas mulheres são impedidas de sair de casa pelos seus agressores. A advogada lembra ainda que 42% dos casos de violência no país ocorre em ambiente doméstico, ou seja, os agressores são familiares, cônjuges ou moram com as vítimas. Ela
Campanha pelo fim da violência contra a mulher.
Leia mais aponta ainda para a falta de preparo dos profissionais que atendem essas mulheres “Temos um sistema que é essencialmente patriarcal, misógino e machista e essas mulheres às vezes sofrem novas violências das instituições que deveriam garantir a sua segurança”
Saiba como e onde denunciar. Acesse nosso site para mais informações portalcomunicare.com.br
Solidariedade que não para Instituições promovem ações comunitárias para auxiliar pessoas em situação de rua Hellena César Letícia Simão Mariana Scavassin 3º Período
C
uritiba possui mais de 2 mil moradores de rua, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social. Com a pandemia do coronavírus ultrapassando os 160 mil contaminados no Brasil e a taxa de isolamento social abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde, essa parcela da população fica em uma situação ainda mais vulnerável. Em março, a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) abriu unidades de emergência para acolher a população de rua. Os espaços foram montados em diversos pontos da cidade para que esse público não fique aglomerado. O atendimento é destinado principalmente para as pessoas que pertencem aos grupos de risco. O órgão também intensificou as orientações de higiene nas diversas unidades de acolhimento. O cenário também motiva o trabalho de organizações sem fins lucrativos, como a Amor que Traz Vida. A entidade teve início em 2014, em Belém, e hoje atua em São Paulo e Curitiba. No Pará, o projeto funciona semanalmente, atendendo mais de 200 moradores de rua. A Amor que Traz Vida ajuda
com refeições e doações de roupas, além de disponibilizar equipes de saúde, uma equipe de psicólogos e de advogados para auxiliar a população. A cofundadora do projeto Eduarda Salimos conta que, em Curitiba, a iniciativa funciona desde 2017 e ajuda cerca de 120 pessoas. As ações ocorrem uma vez por mês e os produtos vem exclusivamente de doações. A responsável conta que foi difícil quando veio para Curitiba. “Um lugar novo, um espaço novo, uma dificuldade muito maior. O projeto faz parte de mim, para onde eu for, vou levar”.
pessoas em situação de vulnerabilidade. A organização distribuia sopa para os moradores de rua uma vez por semana. Com a chegada da pandemia, sentiram a necessidade de entregar uma comida de maior sustento, já que a maioria dos restaurantes estavam fechados e essas pessoas não teriam alternativa. Mais de 500 marmitas foram feitas por Maria nessa parceria com o projeto. Toda comida utilizada foi arrecadada pelo café, por meio de doações e cooperação de outros pequenos comércios da região.
“Inicialmente, não imaginei o retorno que estou tendo. Eu não vejo ninguém. Deixo as marmitas na sede e vou embora, mas é impressionante como isso deu um sentido diferente para a minha quarentena e para a minha vida”, conta a confeiteira.
Leia mais Veja como as marmitas são feitas na doceria Maria Pia portalcomunicare.com.br
Acervo pessoal Maria Pia
Mesmo com a quarentena, a entrega das doações continua. O número de voluntários que vai para as ruas está reduzido. O grupo deve utilizar máscaras, luvas e respeitar as medidas de distanciamento propostas, sem causar aglomerações. A doceria Maria Pia aproveitou sua cozinha para ajudar em iniciativas sociais neste momento. Maria Cassarino Perez, proprietária do estabelecimento, começou a produzir marmitas para moradores de rua em parceria com o Projeto Luz, voltado para assistência de
Maria Cassarino usa a cozinha de sua doceria para a produção de marmitas
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Cidades
Universidades antecipam formatura de profissionais da saúde
Ricardo Luiz da SIilva
Profissionais que receberam o diploma antecipadamente serão transferidos para regiões necessitadas e atuarão no combate ao Covid-19 Eduarda Fiori Marina Geiger Ricardio Luiz da Silva 3º Período
Recém-formados entram no mercado para ajudar profissionais experientes no combate ao covid-19
U
niversidades de Curitiba regulamentaram a antecipação da formatura de alunos no último período dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia devido à necessidade de mais profissionais da saúde atuando. A medida é uma forma de combate ao coronavírus e foi adotada pela UFPR, PUCPR e Pequeno Príncipe. Para participar, é necessário que o aluno tenha completado pelo menos 75% da carga horária prevista para o
proteção, alunos também foram separados em pequenos grupos com o distanciamento recomendado. Familiares e o juramento e outorga de grau coletiva eram os únicos presentes no local além dos formandos, contudo havia a possibilidade de assistir ao evento ao vivo pela internet. O professor ainda comenta que uma nova cerimônia será realizada futuramente já que muitos alunos contavam com a realização de uma formatura convencional. “Em outro momento eles
dança. “Comemorei muito essa antecipação, nunca priorizei uma grande cerimônia, então para mim foi o ideal.” A Universidade Federal do Paraná (UFPR) publicou em abril, por meio de sua Pró-Reitoria de Graduação uma Portaria que regulamenta as colações de grau antecipadas de caráter excepcional. Sendo um dos alunos de Farmácia que concluiu o curso na UFPR devido à medida provisória, Leonardo Orlandini
dos novos médicos formados pela PUCPR. “É uma turma muito boa, a gente sabe que eles já estão prontos ali, no entanto reconhecemos a importância dos estágios que faltam justamente por isso abrimos a possibilidade deles voltarem”. A medida tomada foi uma forma de contornar a situação, já que demoraria muito tempo para que os estágios fossem regularizados pela grande demanda das unidades de saúde devido à pandemia enfrentada.
“Reconhecemos a importância dos estágios que faltam, justamente por isso abrimos a possibilidade deles voltarem” período de internato médico ou estágio supervisionado. A medida provisória n° 934/2020 e a portaria n° 374/2020 do Ministério da Educação (MEC) que diz respeito a essa providência foi aprovada no dia 4 de abril. Além disso, a emissão do registro provisório desses novos profissionais estará sob a responsabilidade do Ministério da Saúde. De acordo com Gustavo Lenci Marques, professor e coordenador adjunto do curso de Medicina da PUCPR, se formar antecipadamente é opcional, porém todos os alunos do último período de Medicina da universidade adotaram a medida. A realização da formatura foi nos dias 25 e 30 de abril, contou com 89 formandos, na qual fizeram uma solicitação antecipada em conjunto com a reitoria. A fim de respeitar o isolamento social, toda a cerimônia foi fechada e aconteceu em um auditório grande da universidade com todos usando máscaras de
vão poder fazer a formatura deles em teatro, já que era o sonho deles, mais pra frente assim que passar a pandemia” explica o coordenador. A formatura da PUCPR foi realizada de uma maneira personalizada para evitar aglomerações. “A colação antecipada durou ao todo de 15 a 20 minutos no máximo”, afirma Henrique Ochoa, formado antecipadamente em medicina pela universidade. O médico será transferido para Belém no Pará, e diz que é uma grande oportunidade para um crescimento pessoal e profissional. No local, passará 20 dias atendendo no pronto socorro os pacientes com suspeita de contaminação do Covid-19. Ele reforça que se sente preparado para assumir essa responsabilidade antes da hora. “Sinto que estarei apenas cumprindo o que passei a faculdade inteira estudando pra cumprir”. Para o recém-formado, o adiantamento da formatura foi uma ótima mu-
Trancozo explica que o profissional farmacêutico tem como função principal o primeiro contato com o paciente frente a qualquer doença. “É função dele estar preparado para informar e conduzir adequadamente pacientes que necessitem de qualquer tipo de ajuda, além de ser necessário garantir o acesso a informação para toda a população.” Apesar de no momento não estar atuando na área, ele conta que se sente preparado mesmo com o adiantamento do curso. O farmacêutico ainda diz que exerceu durante os estágios atividades a nível profissional, mas acredita que seria necessário mais horas para uma melhor formação. Mesmo com uma antecipação, os estudantes ainda têm o direito de poder retomar os estágios que faltaram para ter um histórico escolar de modo regularizado e completo. Gustavo conta que não afetará com tanta intensidade a qualidade
A médica Flávia Cunha Gomide Capraro, infectologista em Curitiba, que seu formou pela PUCPR em 2003, desonfia do preparo dos alunos em relação à antecipação. “Considerando que um aluno tem direito a faltar 30% das aulas, ele já tem uma frequência de 70%. Se for reduzir isso em mais 1/4, já vai para uma frequência de 52%. Talvez o aluno excelente consiga recuperar essa matéria mas para o aluno médio, acho que vai fazer muita falta.” Contudo, a médica acredita que as entidades médicas estão fazendo o seu melhor na atual situação.
Saiba mais! As medidas que profissionais devem tomar para se proteger. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Cultura
Espaços culturais de Curitiba disponibilizam acesso virtual Com a pandemia, acesso e procura por conteúdos culturais na internet aumentou, o que levou museus e feiras a se recriarem
Beatriz Artigas Beatriz Tsutsumi Nathalia Brum 3º Período
E
m abril, o governo estadual suspendeu atrações artísticas como feiras, teatros e museus devido ao novo coronavírus. Entretanto, alguns centros culturais encontraram uma nova forma para continuar compartilhando a arte com o público: extensões virtuais de suas exposições e atividades. O Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu Paranaense (MUPA) e o Cine Passeio são espaços de Curitiba que aderiram à novidade por meio do Google Street View. A plataforma exibe fotos em 360º para uma visita online ao espaço, sendo possível passear por todas as áreas das instituições. De acordo com João Debiasi, Secretário de Comunicação Social e Cultura do Paraná, o resultado do investimento online tem mostrado um saldo positivo, com aumento no número de acessos aos sites, principalmente dos museus. “No MON, o número de acessos à visita virtual em 3D, que já era oferecida, registrou um acréscimo superior a 1200% no mês de abril, em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma o Secretário. A diretora do MUPA, Gabriela Betega, comenta sobre como as exposições virtuais são importantes para atingir uma parcela do público que, devido às adversidades enfrentadas em suas rotinas não tiveram a oportunidade de conhecer o local. “Além de democratizar o acesso tanto quanto possível, buscamos chamar a atenção, instigando nosso público para buscar mais informações no site e, em breve, conhecer ou revisitar o Museu presencialmente”.
O MON criou uma programação virtual especial para este período de distanciamento social. Nela, o público tem acesso a oficinas educativas, atividades voltadas para o público maior de 60 anos (Arte Para Maiores) e entrevistas dos artistas com obras no acervo. O Museu permite que o público acesse às exposições em cartaz e exposições anteriores desde 2010. “É encantadora como tudo que há nele. Até estando em casa dá pra sentir aquele comichão que vem na palma da mão, aquele sentimento de estar diante de obras tão vastas”,comenta a estudante Bruna Vieira sobre as exposições ofertadas pelo museu. O Cine Passeio foi outro espaço cultural de Curitiba que teve a mesma iniciativa. As atividades online da instituição foram iniciadas no dia 30 de abril, com a abertura da Sala Vitória; ela funciona como uma sala de cinema virtual. Outra prática de interação com o público foi a criação de podcasts sobre produções audiovisuais. Segundo Marden Machado, curador do Cine Passeio, foi a medida que continuaria levando conteúdo artístico ao público. “Foi uma maneira que encontramos de mantermos vivo o objetivo de levar informação e cultura cinematográfica às pessoas”, comenta. As Masterclasses, aulas oferecidas pelo Cine Passeio, também estão funcionando no formato virtual, e de acordo com Machado, o número de participantes continua o mesmo das aulas presenciais, assim como os conteúdos. A Feira do Largo da Ordem também ganhou sua versão
Beatriz Artigas
MON ganha destaque em sua versão virtual após atividades suspensas. virtual, que conforme o Instituto de Turismo de Curitiba foi realizada junto à Tecnologia de Informação e Comunicação Social com o objetivo de incentivar a divulgação e venda dos produtos dos artesãos. A plataforma, que teve início em abril deste ano, juntamente na época emergencial da pandemia, possui uma estrutura dinâmica que dispõe imagens dos produtos e seus respectivos expositores. O Instituto declarou ainda que a Feira só retornará após o reestabelecimento da situação de emergência pelo coronavirus e com as recomendações das autoridades de saúde. Feirante há cinco anos, Shirlei Mengarda Silva comenta que o portal de vendas não substitui a feira presencial, apesar da plataforma ser uma aliada dos artesãos no cenário atual. “Ficamos de um dia para o outro sem a feira e com o portal da prefeitura para divulgação foi a saída pra enfrentar esse momento. Creio que a palavra seja parceria”, desabafa ela.
“As mídias sociais, no momento, são nosso único veículo de encontro com o público.”
Divulgação
Espaços Virtuais Instituições brasileiras que possuem plataformas virtuais
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Curitiba
Museu Oscar Niemeyer (MON) https://www.museuoscarniemeyer.org.br
@museuoscarniemeyer #monemcasa Museu Paranaense http://www.museuparanaense.pr.gov.br
Cine Passeio http://www.cinepasseio.org
São Paulo
Museu de Arte de São Paulo (MASP) https://artsandculture.google.com/partner/masp
Museu Afro Brasil https://artsandculture. google.com/partner/museu-afro-brasil
Museu de Arte Moderna (MAM SP) https://artsandculture. google.com/partner/museu-de-arte-moderna-de-sao-paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo https://artsandculture.google.com/ partner/pinacoteca-do-
-estado-de-sao-paulo
Leia mais Confira o vídeo sobre a importânica da arte e saúde
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Tour virtual 3D pelo Museu Paranaense em Curitiba
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Esportes
O prejuízo nas academias devido ao Covid-19 Fechadas por serem locais de fácil aglomeração, algumas academias de Curitiba já preveem mais de R$ 90 mil em prejuízos. Daniela Cintra Diogo dos Santos Isabella Serena Lucca Marreiros 3º Período
M
uitas academias suspenderam as atividades presenciais, respeitando o decreto do governo estadual que suspende as atividades realizadas especialmente em espaços fechados. A medida assinada pelo governador do estado está em vigor desde março. Em uma pesquisa realizada pelo Jornal Comunicare, foram analisadas o funcionamento de 20 academias dentro da cidade de Curitiba.O resultado demonstra que nenhuma delas está realizando atividades presenciais, sendo que algumas adquiriram a prática de aulas online. No Paraná, de acordo com dados divulgados pelo SEBRAE, em 2012 o número de academias no estado era de 1243. De acordo com Carlos Randero, gerente em uma franquia da maior rede de academias da América do Sul, o prejuízo já passa de R$ 150 milhões se so-
encontros presenciais, mesmo com uma surpreendente adesão de mais alunos: “Atualmente tenho entre 35 a 40 alunos e estou cobrando 40% do valor inicial para ajudá-los a superar este momento difícil”. Ele também afirma que por ter um perfil muito ativo, não pode estar presencialmente com os alunos.
“Vamos reembolsar
mais de 90 mil reais” A telefonista Marcela Leandry é frequentadora assídua de uma academia no bairro Capão da Imbuia. Ela realiza os exercícios físicos como pode dentro de casa para manter a forma, já que o estabelecimento que frequenta, também foi fechado devido à pandemia. “Estou Isabella Serena
Academias seguem fechadas por tempo indeterminado mada todas as unidades do país. Atualmente a rede conta com 2 milhões de usuários que serão reembolsados devido à paralisação. “Na franquia temos 783 alunos matriculados, o prejuízo será alto, só neste mês devemos reembolsar em torno de 90 mil reais, fora os custos com funcionários e aluguel.” O proprietário da Wellness Personal Studio Pedro Kuster revela que reduziu as cobranças aos clientes, justamente por não estar conseguindo marcar os
contas não acabaram”, explica o personal, que mesmo com a negativa de alguns alunos, buscou focar mais no trabalho a distância. “Estou tendo que me reinventar desde de o começo da quarentena. Eu já trabalhava com alguns alunos no formato de consultoria online, mas nunca foi o meu carro chefe.”
tentando me adaptar da melhor forma possível. Com a ajuda da minha professora, faço o treino improvisado com garrafas, mochilas pesadas, banquinho e estou buscando manter a minha dieta”. O personal trainer, Luis Gustavo Bini, afirma que teve uma grande queda de receita e que isso o vem atrapalhando: “Alguns dos meus alunos cortaram as aulas e não aceitaram ser atendimentos no formato online, isso me preocupa muito, pois minhas
A orientação dada por Luis é o diálogo, já que conversa com seus alunos pelo menos duas a três vezes na semana para saber como está sendo o treino fornecido, se disponibilizando a tirar dúvidas. Em entrevista à RPCTV no início deste mês, o secretário estadual de saúde do Paraná, Beto Preto, afirmou que o decreto ainda está em vigor e que ainda não foi encontrada uma ação que vise flexibilizar atividades em ambientes fechados. “ Ainda não encontramos um momento para liberar essas atividades pois ainda estamos na curva ascendente de casos de coronavírus no Paraná”. Segundo a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, não há possibilidade de reabertura das academias em Curitiba antes do dia 20 de maio. Durante o início da segunda semana de maio, o presidente Jair Bolsonaro colocou as academias em uma lista de serviços essenciais, com prioridade para serem reabertas. Porém, alguns estados como o Paraná decidiram não seguir, por ora, as orientações do Presidente da República. Em nota divulgada no dia 12 de Maio a prefeitura de Curitiba declarou que “todas as medidas de combate ao novo coronavírus são discutidas e avaliadas permanentemente” e que “nesse momento continuam sendo consideradas essenciais apenas as atividades listas no Decreto Municipal 470”. Isabella Serena
Cuidado nas academias A personal trainer Suzane Gonçalves indica os principais cuidados necessários no possível retorno das acadedmias
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É importante realizar a limpeza dos aparelhos compartilháveis, os higienizando antes e depois de utilizá-los. De preferência utilize
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álcool em gel 70%. Academias são locais que possuem aparelhos e objetos que são tocados a todo momento por muitas pessoas. Por isso é muito importante que as mãos estejam
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higienizadas. Dentro das academias,as aglomerações são comuns. Em tempo de pandemia, é essencial evitá-las ao máximo. A distância mínima
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segura é de 1 metro. Mantenha-se sempre hidratado, As células e orgãos linfoides envolvidos na defesa do organismo se fortalecem se a pessoa faz ingestão adequada de líquidos, além de uma
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dieta equilibrada. Jamais se esqueça da etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar: cubra sempre com o braço ou um lenço de papel.
Leia mais Infográfico com recomendações ao retornar às academias portalcomunicare.com.br
Aparelhos sem uso devido à paralisação temporária
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Economia
Criatividade é saída de comerciantes para permanecer abertos Empresas e comércios curitibanos sofrem durante a pandemia André Festa Gustavo Barossi Rebeca Trevisani 3º Período
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esde o começo do isolamento, Curitiba teve um total de 33 empresas fechadas temporariamente. É o município do Paraná com o maior número de inatividade empresarial até o momento. O centro comercial da rua Barão do Rio Branco, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, teve fechamento total por falta de negociação de aluguel. A dona de uma das lojas disse que o proprietário do local não quis
por prevenção. Como alternativa, existem medidas paliativas que podem ser tomadas, como a atitude de “ir até o cliente” trazendo uma acessibilidade na compra e tirando a insegurança do comprador. Diferentes medidas de adaptação foram tomadas pelos comerciantes que quiseram manter seus negócios abertos. A Flamingo Decorações, empresa de decoração para casamentos,
novo formato mesmo quando o cenário econômico estabilizar. Alessandro Vesguerber trabalha com bordados utilizando uma máquina de costura que possui em casa. Ele conseguiu se adaptar à crise por meio de seus equipamentos e experiência de trabalho. “Tive que achar uma outra forma de utilizar o nosso maquinário. Fui atrás de como fazer a máscara na bordadeira. Encontrei um projeto e adaptei
“Todas as lojas que estavam ali decidiram fechar. Algumas foram para Curitiba e outras cidades. Outras ficaram com o atendimento online.”
ceder em relação aos atrasos de aluguel que foram causados pela falta de movimento durante o isolamento. “Todas as lojas que estavam ali decidiram fechar. Algumas foram para Curitiba e outras cidades. Outras ficaram como atendendo online.”
passou a vender bûques para presente, fechando 22 vendas no dia das mães. “É uma coisa totalmente nova para mim. Eu só fazia buquês de noiva, agora faço buquês para dar de presente de aniversário, bodas de casamento, dia das mães e
com um pouco de conhecimento que tenho na programação.” O empreendedor afirma que, mesmo após a pandemia, irá continuar confeccionando os mesmos produtos, por considerar fácil e de rápida produção.
da loja. Atuando nas plataformas de marketplace, conseguiu manter o funcionamento dos estabelecimentos. Ele conta que o Instagram ajudou muito nesse período com os links que direcionam para plataformas de venda online, o que facilita o processo para o comprador. As lojas físicas também precisaram se reinventar com liquidações e vendas de novos produtos. “Na loja de esportes, a gente fomentou nossa oferta de produtos que não tínhamos na loja. Tênis mais tecnológicos, confecções de uma linha mais modal, aderindo à venda de moletons e camisetas de algodão”. Em Curitiba, o isolamento continua, com serviços específicos abertos nesse período. Permanecem ativos vendas de suprimentos, unidades de saúde e lojas de conveniência, entre outros. Cultos religiosos retornaram às atividades mas com restrições e cuidados necessários. Apesar do decreto do Presidente Jair Bolsonaro ter autorizado a abertura de academias e salões de beleza, o Estado do Paraná ainda aguarda a liberação da Secretaria Estadual de Saúde. O comércio de rua tem voltado aos poucos seguindo as indicações de segurança. Ainda não há previsão para a volta de shoppings centers e escolas. Angélica Justino
Angélica Justino fez entrega de flores no dia das mães para complementar faturamento de sua loja Segundo a economista Camila Biagioni, existem dois fatores principais para a queda da atividade comercial: a redução do consumo pelo fato de que as pessoas em isolamento comprem menos; e o medo, segundo a economista, faz com que seja feita uma contenção de gastos
para quem quer levar carinho e abraço em forma de flores”, diz Angélica Justino, proprietária da empresa. Além de aderir à venda de buquês, surgiu o projeto de assinatura floral, que consiste em entregar flores semanalmente na casa dos assinantes. A empresária diz que manterá o
Para Eduardo Regagnan, proprietário da Levis Outlet e Livia Calçados e Esportes, a alternativa foi migrar para as plataformas digitais. As lojas ficaram 10 dias fechadas e sofreram pela falta de venda. Nesse período, o lojista investiu em aumentar a capacidade do site
Leia mais Confira toda a cobertura do Coronavírus no estado do Paraná portalcomunicare.com.br
Curitiba, 15 de Maio de 2020
Perspectivas da Saúde Mental Transtornos mentais acometem boa parte dos brasileiros e o suicídio já é considerado um problema de saúde púbica pelo Ministério da Saúde do Brasil. A área de Saúde Mental merece atenção e é imprenscindível para o bem-estar da população Gabrielly Dering Sarah Guilhermo Stephanie Friesen
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Infográfico
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Curitiba, 15 de Maio de 2020
Ensaio
Ação na Vila Torres A ação solidária na Vila Torres em Curitiba, ocorre desde o dia 26 de março. O voluntáriado é organizado pela associação de mordores da vila em conjunto com a PUCPR, com o objetivo de entregar cestas básicas aos moradores durante o período de pandemia. Mais de 2 mil pessoas foram beneficiadas. Segundo a Únidade Básica de Saúde Capanema, suspeitos e confirmados os casos de Covid-19 chegam a 47. A vila tem uma taxa de prevalência maior que a da capital.
Ana Paula , moradora da Vila é uma das coordenadoras do projeto.
Carlos Mazetto - 3º período Aluna da PUCPR realizando cadastro de morador. Os moradores devem fazer um cadastro prévio para retirar as cestas básicas.
Doações de produtos de higiene e alimentos não pereciveis podem ser entregues na AV. Comendador Franco, 1034.
Morador volontário ajudando senhora a carregar seu carrinho.
Família aguardando retirada da cesta. 1200 famílias foram beneficiadas.