Comunicare 326

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Matriz Área central da cidade sofre com alagamentos e proliferação de doenças vindas de problemas do Rio Belém

Pinheirinho Regional lidera casos de contaminação e morte por Covid-19 em Curitiba e teme consequências da doença

Boa Vista

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Combinação de criminalidade alta e poucos espaços de lazer reduz qualidade de vida no Norte do município

Curitiba, 07 de Dezembro de 2020 - Ano 24 - Número 326- Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

Do que Curitiba precisa? What does Curitiba need? Esta edição do Comunicare, que foi produzida de forma respeitar o isolamento social requerido pelo combate à Covid-19, discute os principais problemas e apresenta as demandas mais relevantes dos bairros de Curitiba. Nossos estudantes entraram em contato remoto com as comunidades e retratam a realidade das 10 Regionais que compõem a nossa cidade

Moradores apontam falta de segurança, de espaços de lazer e de políticas para a juventude como problemas cruciais.

cidades | pag. 03 a 11

Violência urbana assusta M

oradores de quatro das principais Regionais de Curitiba apontam a falta de segurança pública como maior distúrbio da vida em Curitiba. Os bairros que formam as Regionais da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e do Tatuquara lideram as ocorrências de homicídio doloso e de latrocínio no município, segundo estatísticas da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Na área do Cajuru,além dos crimes contra a vidade, também preocupam os delitos contra o patrimônio, sobretudo em bairros como Jardim das Américas,

Descaso com a juventude

SMCS/Prefeitura de Curitiba

onde os arredores do shopping local se tornaram alvo dos assaltantes. Problema parecido enfrentam os bairros Portão e Água Verde, que lideram as estatísticas de roubos e furtos na Regional Portão/Fazendinha. Moradores dessas localidades se unem, por meio de estratégias como fortalecimento de Conselhos de Segurança (Conseg), enquanto especialistas cobram ações dos governos.

ECONOMIA | pag. 03, 05, 06, 07

População cobra mais ação de forças policiais, além de investir em segurança privada

A negligência com jovens é um dos problemas da região Associações e ONGs que promovem ações em para do Bairro Novo. Adolescentes são afetados por desemreverter esse quadro sofrem com falta de recursos. prego, baixa renda, tráfico e uso de drogas. Os problemas colocam os jovens em condição de vulnerabilidade. cidades | pag.04


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Editorial

Curitiba (re)velada Letícia Fortes

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esde 2015, Curitiba consolidou-se como uma das dez cidades brasileiras mais bem preparadas para receber turistas e como a primeira do Paraná na lista, realizada pelo Congresso e pela Associação Internacional de Convenções (ICCA). Das áreas verdes do Jardim Botânico, dos parques e bosques espalhados pelos bairros; das várias feiras de artesanato, ruas de comércio e experiências gastronômicas à História preservada no Museu do Holocausto, na Praça do Japão ou no Memorial Ucraniano, Curitiba tem muito a re(velar). Enquanto esses e outros pontos turísticos saltam aos olhos dos visitantes, a apreensão dos curitibanos com uma cidade cada vez maior, mais perigosa e desigual permanece velada para eles.

As preocupações só se tornam visíveis para aqueles que enxergam Curitiba com oslhos de quem vive aqui. Desviar o olhar das vias limpas, arborizadas e seguras do bairro Batel e enxergar o abismo socioeconômico que separa essa região das Vilas Parolin ou Torres, por exemplo, é o primeiro passo para notar a diferença de 333 pontos no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e de 12 anos na expectativa de vida que separam esses bairros desde 2010, de acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano.

realmente não tem motivos para reclamar. O foco do medo e da violência continua na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), segundo a Secretaria da Segurança Pública. Bem longe dos turistas.

Em 2019, Curitiba tornou-se destaque novamente: dessa vez, como a quarta capital do país com menos homicídios, segundo o Atlas da Violência. E quem circula pelos pontos turísticos e áreas nobres da cidade

Acolhem tanto quem visita a cidade quanto quem quer chamar Curitiba de lar. E tem mais: os curitibanos se divertem tanto quanto os turistas: 36% deles costumam jantar em restaurantes, 19% frequentam

Crônica

A

cidade é conhecida por estereótipos como capital mais fria do país, cidade mais sustentável da América Latina e capital ecológica do Brasil. Também é reconhecida pelo sistema de transporte público. Mas será que Curitiba, pela visão dos moradores, é, mesmo, exemplar assim? A capital integra a lista, do site inglês Hassle, das 28 cidades mais limpas do mundo. Isso reflete consciência e respeito que os curitibanos têm pelo meio ambiente. Basta andar pelas ruas para observar a limopeza. Esse cuidado se deve à educação ambiental, e faz com que visitantes e turistas vejam com os próprios olhos que não são apenas números e pesquisas; a cidade é realmente limpa e preservada. Além disso, o planejamento urbano, a energia limpa e a conectividade fizeram com que Curitiba fosse, em 2020, escolhida pela 4° vez como uma das mais inteligentes do mundo, no ranking Smart21 Intelligent Communities.

Expediente REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES Ângela Leitão COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Suyanne Tolentino De Souza

Por outro lado, o transporte coletivo, tão admirado, não agrada aos curitibanos. Quem usa os ônibus sabe das dificuldades enfrentadas, como lotação, demora entre um veículo e outro, viagem inteira em pé e o calor em determinados dias. Além disso, o valor da passagem em Curitiba também é alto (R$ 4,50), atrás apenas do de Porto Alegre (R$ 4,70), em levantamento do Cuponation em 2020. Pesquisa da UFPR comprova que o sistema vai mal. Dos 2.036 usuários entrevistados, 75% dizem que o serviço é insatisfatório. Itens como acessibilidade, frequência, conforto, tempo de espera, tempo no interior do veículo, tempo total da viagem, situação das estações-tubo e segurança foram analisados. Assim, a cidade é admirável e um orgulho para muitos, e a limpeza efetivamente dá exemplo; mas ainda falta muito para que o transporte público se torne um modelo novamente.

Edição 326 - 2020 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR redecomunicare@pucpr.br | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR Estudantes 2º Período de Jornalismo

Renan Colombo (DTR-PR 5818)

Allanis Bahr Menuci

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

Ana Tereza Bivar Valentim dos Santos

Rafael Andrade

Arthur Henrique de Lima Santos

Rebeca Trevizani FOTO DA CAPA

COORDENADORA EDITORIAL SMCS/Prefeitura de Curitiba Suyanne Tolentino De Souza

Sarah Guilhermo

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL

TRADUÇÃO

Quem é de Curitiba sente carinho e gratidão por sua terra, mas não se faz cego às necessidades de melhoria. Para quem vem de outras regiões do país e do mundo, os curitibanos têm realmente muito a ensinar sobre respeito às suas origens.

Comunitiras

Curitiba aos olhos de quem vive aqui Juliane Cappareli

Apesar das desigualdades e dos problemas urbanos, os curitibanos se orgulham de como são e de onde vivem. Preservam suas origens alemãs, árabes, polonesas, ucranianas, japonesas e italianas. Assumem seu sotaque, suas gírias e expressões com naturalidade.

eventos culturais, 19% saem para dançar, 18% aproveitam a noite nos bares, 14% vão a shows e 7% prestigiam óperas e peças de teatro, de acordo com o Kantar Ibope. Se alguém lhe disse que o clima frio e instável da cidade reflete o humor do curitibano, saiba que essa pessoa provavelmente não se deu ao trabalho de conhecer um deles, não procurou entender e respeitar as expressões e tradições locais, ou simplesmente não aguardou o tempo necessário para que pudessem confiar um no outro.

Eduardo Veiga Nogueira Emily Carravieri Peixoto Redis Enzo Destefani Bacarin Felipe Worliczeck Martins Gabriel Américo Guimarães Motter

Georgia Giacomazzi Barbosa Lima

Letícia Fortes Molina Morelli

Giovana Juliatto Bordini

Marcelo Chain Makhoul

Giulia Militello Dias dos Santos Guilherme Seisuke da Silva Araki Helene Mendes da Rocha Torres Loureiro Isadora Borsoi Martelli Julia Mello Marcelino Juliane Capparelli Karine Cassol Almeida Leonardo Henrique da Silva Costa

Letícia Rocha Bonat Maria Clara Bomfim Braga Maria Eduarda Cassins dos Santos Maria Eduarda de Souza Pereira Mariana Alves de Oliveira Mariana Toneti dos Santos Milena de Fatima Chezanoski Paula Braga Goveia Vanessa Caroline Guimarães Vinicius Gabriel Bittencourt


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Moradores do Portão/Fazendinha recorrem à segurança particular População da Regional Portão/Fazendinha pede aumento de policiamento e investe em serviços de segurança privados para proteger casas e comércios Arthur Henrique de Lima Santos, Juliane Capparelli e Letícia Fortes 2º Período

P

ortão e Água Verde são os bairros de Curitiba com maior número de roubos e furtos da regional Portão/Fazendinha. Eles ocupam a 4º e a 6º posições, respectivamente, na lista dos dez bairros mais perigosos de Curitiba. Os dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-PR) do Paraná, referentes ao primeiro semestre de 2019, justificam as demandas dos moradores por mais policiamento e a busca por serviços privados de segurança em casas e comércios. Os bairros da regional registraram 412 roubos e 531 furtos no primeiro semestre de 2019. Pedestres, carros, casas e estabelecimentos comerciais são os principais alvos dos crimes, de acordo com dados da Sesp. Portão e Água Verde foram considerados os bairros mais

nação pública, como ações para garantir o aumento da segurança nos bairros. Segundo o morador do Portão há 19 anos Felipe Castelo, os vizinhos estão investindo mais em segurança privada nos últimos anos. Castelo percebe que a falta de iluminação adequada em algumas ruas facilita a ação de bandidos. Apesar do policiamento na região, muitos roubos ocorrem em horários nos quais não há monitoramento. Isso facilitou a ocorrência de um crime do qual Felipe foi vítima: um assalto, há quatro anos. “O pior é a sensação de andar na rua com medo de ser assaltado novamente”, afirma. Com a instalação de alarmes e cercas elétricas, Felipe nota a diminuição na ocorrência de furtos e roubos. Esses são os

Cercas de arame farpado são uma das estratégias de segurança privada principais agravantes em um cenário de crise da segurança pública. “Com a crise econômica causada pela pandemia, o desemprego vai aumentar, junto

“O pior é a sensação de andar na rua com medo de ser assaltado novamente” perigosos da região, contabilizando 1.128 e 957 ocorrências, respectivamente. Os roubos incluem contato do criminoso com a vítima, enquanto os furtos ocorrem sem a abordagem.

O avanço da criminalidade acompanha o crescimento da Regional. Dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) mostram que a regional Portão/ Fazendinha teve crescimento populacional de 5% entre 2000 e 2010 - metade do crescimento de Curitiba, que foi de 10,37%. Na pesquisa Fala Curitiba 2020, os 2.930 moradores da Regional entrevistados pela Prefeitura pediram mais módulos da Guarda Municipal, mais rondas e viaturas, além da realização de melhorias no sistema de ilumi-

principais serviços de segurança privados contratados pelos moradores, para restringir crimes e monitorar casas, empresas e comércios locais. O presidente da associação dos moradores do Núcleo Habitacional Gralha Azul (GRAZUL), Maurício Rodrigues, relata que houve avanços na segurança pública da região, principalmente devido à proximidade com o 13º Batalhão da Polícia Militar.

Porém, ele afirma que outras demandas exigem atenção. “Não temos grandes problemas com a iluminação pública. O asfalto era o nosso maior problema, mas foi corrigido neste ano”. Para o professor de Ciências Sociais da PUCPR Cezar Bueno de Lima, o desemprego é um dos

Arthur Henrique

com os números de crimes. A pobreza não justifica os roubos e furtos, mas seria ingenuidade achar que uma situação crítica dessas não acarreta o aumento de crimes”, explica.

O capitão Gonçalves, do 13º Batalhão da Polícia Militar, aponta outro agravante: o número expressivo de comércios na regional, principalmente no bairro Portão. “A PM-PR tem feito várias operações. No Portão, aumentamos as viaturas na área e as rondas também, contando com o apoio de outros batalhões durante as operações”, diz. Gonçalves também explica que a vigilância da regional é um trabalho conjunto da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Sobre as medidas para solucionar a criminalidade na regional, a Prefeitura Municipal de Curitiba e a Secretaria de Segurança Pública não responderam a tempo do fechamento desta reportagem.

Amplia ção d a Gu ard a Para o professor Cezar Bueno, “é preciso colocar em prática uma Guarda Municipal que tenha o respeito da população vulnerável”. Ele afirma que o efetivo policial não pode basear-se na repressão, pois “basta a polícia sair do local, que a situação vai continuar a mesma”. A solução exige tempo, esforço e dedicação coletivos, segundo o Capitão Gonçalves. “Precisamos abandonar a força e o tiro”, afirma Bueno.

Número de pessoas em situação de rua cresce na Regional A Regional Portão é a segunda que mais recebe protocolos para abordagem a pessoas em situação de rua em Curitiba, atrás apenas da regional Matriz. Segundo dados da Fundação de Ação Social (FAS) de 2017 a 2020, o Portão recebeu 10.628 pedidos de abordagem social. Para Cezar Bueno de Lima, a crise econômica também é um dos fatores que explica a presença de moradores de rua na regional. “É importante que a própria sociedade respeite essa população de rua como seres humanos e a ajude a alcançar moradia, saúde e dignidade”, afirma. Os moradores de rua são atendidos pela FAS. As solicitações para atendimento são feitas através da Central 156 da Prefeitura, por telefone, pelo aplicativo Curitiba App ou pelo site. Após a solicitação, uma equipe é encaminhada ao local e oferta serviços de higiene pessoal, pernoite e alimentação. Vale ressaltar que é direito do morador de rua aceitar ou recusar a ajuda.

Leia mais Instituto e clube de futebol ajudam o Portão/ Fazendinha. portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Bairro Novo pede ações para afastar jovens da criminalidade População alega que falta de assistência social compromete o desenvolvimento de adolescentes da região Eduardo Veigo, Emily Redis, Julia Mello e Vanessa Guimarães 2º Período

J

Vanessa Guimarães

ovens do Bairro Novo, na região Sul de Curitiba, enfrentam falta de assistência social. Associações e ONGs que buscam minimizar a vulnerabilidade sofrida por conta de fatores como baixa renda, desemprego, tráfico e uso de drogas têm a atuação comprometida pela carência de recursos. A desestruturação familiaré apontada como uma das causa da falta de desenvolvimento dos jovens na sociedade, o que leva programas sociais que atuam na área a trabalhar as relações donmésticas como solução. A Regional contempla os bairros Sítio Cercado, Ganchinho e Umbará, e 52% da população tem menos de 30 anos, sendo que 24% possui até 14 anos, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). Dados do IBGE indicam que a regional apresentou o maior crescimento populacional, em comparação com as demais, entre os anos de 2000 e 2010. Um levantamento feito pela Agência de Curitiba, em 2013, indicou a Regional Bairro Novo como a de menor rendimento domiciliar da cidade, com média mensal de R$ 2.012,60. De acordo com a Associação Sociocultural e Artística Profeta Elias (Ascape) - que, além de

Falta de suporte emocional agrava os problemas enfrentados pelos jovens que moram nos bairros da Regional Os jovens são também atingidos pela relação da região com o tráfico e uso de drogas. O Sítio Cercado é o segundo bairro da cidade com maior número de registro de uso de drogas, atrás apenas do Centro, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR). De acordo com Jucimeri Silveira, professora de direitos humanos e políticas públicas da PUCPR, “é preciso desfazer o mito de que os únicos envolvidos com

Associações e ONGs não conseguem atuar

Programas sociais preparam jovens para o futuro

A falta de verba compromete a realização de ações populares com jovens na região. A Associação Cultural de Negritude e Ação Popular (Acnap) - criada em 1990 para realizar trabalhos sociais na área - esteve por sete anos fechada em razão de falta de verba. As atividades começaram a ser retomadas neste ano, devido a mutirões de reforma.

Neste ano, o Programa Primeiro Emprego (PPE), iniciado em 2019 pela Fundação de Ação Social (FAS Bairro Novo), abriu a segunda turma de alunos. As aulas ocorrem de modo remoto por conta da pandemia, o que dificulta o acesso de estudantes sem computador ou internet em casa. “Nós tivemos que produzir materiais impressos para muitos estudantes”, comenta Tatiane Moiano, supervisora da FAS Bairro Novo. Tatiane explica que a região possui mais fragilidade quanto ao mercado de trabalho para jovens. O objetivo do PPE é prepará-los para as responsabilidades profissionais.

“Nós lidamos com meninos viciados em drogas, meninas grávidas e jovens violentados e mortos” desenvolver acampamentos, jogos e teatro com cerca de 500 jovens do Bairro Novo A, B e C, também distribui cestas básicas para as famílias dos adolescentes - a carência financeira dificulta o desenvolvimento social e profissional dos jovens. “Nós tentamos estimular um sentimento de pertencimento dos jovens, acolhendo-os e os envolvendo”, relata Aline Piekazewicz, voluntária no setor administrativo da Ascape. Ela comenta que a ausência de figuras paternas na família e na comunidade faz com que adolescentes tenham de assumir esses papéis muito cedo. A Ascape espera iniciar em 2021, por meio de emendas parlamentares, um projeto de formação de lideranças comunitárias. O objetivo é engajar jovens na comunidade local, uma dificuldade observada por Aline. Até o momento, não há recursos para a realização do projeto.

drogas são os periféricos”. Ela diz que o uso de drogas está presente em todas as classes, mas o peso do tráfico recai sobre os periféricos por estarem mais suscetíveis à violência. A professora também comenta que a ilegalidade das drogas encaixa esses jovens no mundo do crime, fazendo com que “eles acabem virando alvos das políticas de enfrentamento. Essas políticas acontecem por meio de ações violetas que resultam na morte de muitos jovens”, diz. “É importante trabalhar ao lado deles para obter resultados”, acrescenta a professora, ao comentar a necessidade da inclusão dos jovens na criação de projetos voltados a eles. Dessa forma, segundo ela, seria possível identificar os perfis dos jovens e conseguir ajudá-los de maneira coerente, gerando mais disposição para uma mudança de vida.

Entre os serviços oferecidas à comunidade, estão os atendimentos de uma psicóloga e de uma psiquiatra. Com a crise financeira e a chegada da pandemia, o trabalho das profissionais foi interrompido. “Eu recebo gente pedindo ajuda, pedindo auxílio, e eu não posso fazer nada para ajudar”, comenta a coordenadora da Acnap, Vera Paixão. Ela ainda ressalta que a falta de suporte emocional, muitas vezes, gera dificuldades extras à vida dos jovens. “Nós lidamos com meninos viciados em drogas, meninas grávidas e jovens violentados e mortos”, conta Vera. A sede da Acnap já foi fechada algumas vezes ao longo dos anos por medo de balas perdidas. A Acnap já ofereceu cursos pré-vestibular, aulas de inglês e acesso a computadores para adolescentes. Porém, a falta de dinheiro impossibilitou as atividades.

Os jovens atendidos pelo PPE são cadastrados no PAIF (Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família). Por meio desse mesmo cadastro, é desenvolvido o serviço de fortalecimento de vínculos familiares, aspecto que, segundo Tatiane, atinge muito o comportamento dos jovens. “Nós tentamos aproximar a família através do diálogo, porque isso pode ajudar dentro de casa com o jovem”, comenta ela, afirmando, ainda, que a dificuldade do filho muitas vezes é também enfrentada pelos pais.

Leia mais Confira a trajetória da ocupação do Xapinhal, movimento que originou o Bairro Novo. portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Crimes contra vida e patrimônio preocupam Regional Cajuru No primeiro semestre de 2020, houve 17 homicídios nos bairros que formam a regional do Cajuru, segundo a Secretaria da Segurança Pública Giovana Bordini Mariana Alves Mariana Toneti 2º Período

A

terceira Regional mais populosa de Curitiba - formada por Cajuru, Capão da Imbuia, Guabirotuba, Jardim das Américas, Uberaba e Tarumã - chama a atenção com números de violência. Apesar da diferença socioeconômica dos bairros, a propagação de crimes contra a vida e patrimônio é uma realidade nessas áreas. Nos primeiros seis meses de 2020, 259 veículos foram furtados ou roubados, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR). O bairro que lidera as estatísticas de crime é o Cajuru, com 108 casos no primeiro semestre. Os dados de homicídio também evidenciam o problema de violência da Regional, com 17 casos entre janeiro e junho. O presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Jardim das Amé-

toral, a segurança municipal não assistia a todos. A instalação de câmeras, a presença de vigilância monitorada particular nas ruas mais afastadas e a parceria dos vizinhos para cuidar da região foram atos que partiram dos moradores, sem auxílio das entidades públicas. No bairro Guabirotuba, as recla-

“Estamos meio que desamparados pelo poder público”

mações mais recorrentes são de pequenos furtos e roubos, que, normalmente, ocorrem durante o dia, já que grande parte da população de moradores da Agência de Notícias do Paraná

Viaturas dão prioridade aos bairros com maior incidência de crimes ricas, José Carlos Mendes, cita que a comunidade local sempre pensou em maneiras de aumentar o monitoramento da região, visto que o Shopping Jardim das Américas virou alvo de assaltos. O bairro atingiu a marca de 279 casos de furtos e roubos nos primeiros seis meses do ano. Em busca de um modo mais eficaz para alertar a vizinhança, os moradores da Regional se dividem em grupos nas redes sociais para avisar a comunidade dos perigos nos bairros. O Conseg da Região Leste, que abrange Jardim das Américas, Uberaba e Guabirotuba, possui ações em prol da comunidade, visto que, antes do período elei-

bastante tempo não vê viaturas da Polícia Militar ou da Guarda Municipal nas redondezas. Relata, ainda, que, quando são acionados, esses órgão “demoram para chegar; às vezes, não vem”. Além disso, muitos moradores denunciam a falta de segurança em parques e praças.

região é composta por idosos, como informa um dos membros do Conseg Guabirotuba Junior Alves. O morador também relata que a proximidade com comunidades menos abastadas é outro agravante para que incidentes como esses ocorram, visto que, algumas delas, abastecem o tráfico de drogas em Curitiba e Região Metropolitana. Os líderes das comunidades da Regional pretendem expandir as práticas na comunidade para suprir as necessidades de segurança. A falta de rondas e postos de Guarda Municipal afeta diretamente a vida dos cidadãos da região. Um morador que prefere não se identificar conta que há

Núcleo Regional da Defesa Social Cajuru

ENDEREÇO: Rua Antonio Moreira Lopes, 190, Cajuru (Parque do Peladeiro) TELEFONE: 3581-1602 /

3361-2509 Guarda Municipal GSR Cajuru

ENDEREÇO: R. Luiz França,

Outro lado

2030

O Comandante da 2ª Cia do 20º Batalhão de Polícia Militar, capitão Leal, comenta que a pandemia intensificou os crimes de violência contra a mulher, além de aumentar os chamados de casos de perturbação do sossego. No início do isolamento social, momento em que muitas famílias estavam trabalhando de casa, caíram de 20% a 30% as ocorrências de furtos de veículos e roubos de celulares. Entretanto, com reabertura de comércios, o número voltou a crescer. Com relação às reivindicações da população, a Polícia informa que faz uma ação comunitária junto aos moradores. A companhia busca auxiliar a população com orientações de segurança, atuando diretamente em ações preventivas.

TELEFONE: (41) 3361-2355

Capitão Leal cita que o uso de viaturas acontece nos locais de maior incidência de crimes e acrescenta que o órgão realiza o Projeto Piloto do Centro de Apoio Operacional, no qual policiais ficam nas sedes atendendo ocorrências com o intuito de atender à população da maneira mais rápida, via telefone ou internet.

ENDEREÇO: Rua Antô-

A recomendação do capitão Leal é para que as vítimas façam boletins de ocorrências, visto que fazer parte das estatísticas gera mais atenção pública para o problema do Agência de Notícias do Paraná bairro. “As estatísticas servem não só para prevenir, mas também para reduzir os casos e ajudar no aumento da segurança nos bairros”, diz o Capitão.

O raio x da regional

Polícia Militar realiza rondas nas Regionais

GUARDA MUNICIPAL

A regional do Cajuru corresponde a 11,26% da população de Curitiba, segundo o IBGE. Os seis bairros começaram a arcar com os gastos para obter uma vizinhança mais segura, “Estamos meio que desamparados pelo poder público”, afirma um morador do Guabirotuba que prefere não se identificar.

Módulo da Guarda Municipal

ENDEREÇO: Av. Prefeito Maurício Fruet, 2150 Complemento: Rua da Cidadania Cajuru TELEFONE: (41) 3221-2488 Aberto em período integral.

POSTOS DA PM

6° Distrito Policial

nio Meirelles Sobrinho, 519 - Cajuru, Curitiba - PR, 82900-240 Aberto 24h.

TELEFONE: (41) 3261-6700 20° Batalhão de Polícia Militar - Segunda CIA.

ENDEREÇO: Rua Rodolpho Senff, 251 - Jardim das Américas, Curitiba - PR, 81530-240 TELEFONE: (41) 3369-4025

Leia mais Saiba como o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) atua na região portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

CIC e Tatuquara têm a maior taxa de criminalidade de Curitiba Ambas se destacam no mapa como as regionais que mais registraram homicídios na capital paranaense em 2020 Allanis Menuci, Ana Bivar, Isadora Martelli e Milena Chezanoski 2º Período

A

s regionais da CIC e do Tatuquara são, conforme pesquisas da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP). De acordo com o relatório de mortes da SESP do primeiro semestre deste ano, essas regionais tiveram as maiores ocorrências de homicídio doloso e latrocínio, respectivamente, de Curitiba. Além disso, elas se destacam no cenário curitibano por apresentarem um número significativo de feminicídios na capital paranaense. Em 2019, a SESP registrou 1.352 ocorrências criminais apenas na CIC. A Cidade Industrial é a maior região de Curitiba com 43,38km² e uma das mais populosas com cerca de 200 mil habitantes, foi criada na década de 70 para impulsionar o desenvolvimento industrial da cidade.No total são mais de 8 mil empresas na região, proporcionando 28 mil empregos, diretos ou indiretos.

mesmo’’. Os moradores da região raramente recebem resposta quando realizam um boletim de ocorrência, para Fernando, outro fator que faz com que a população prefira se omitir é o medo de represália. Segundo ele a falta de policiais não é o maior problema, mas também a falta de uma legislação mais compe-

ela. A moradora também diz que há atuação do poder público na região, mas pontua: “se for levar em consideração o tamanho do bairro, eu diria que o poder público atua pouco no Tatuquara. A gente tem uma população grande, e as poucas ações não atendem a todos.”.

tente. “Eu conheço todos os policiais no bairro, um dos grandes problemas que a gente enfrenta é a nossa legislação, né? Vai lá, prende por tráfico ou por outros

Segundo Pedro Oliveira*, dono de um restaurante na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Seu estabelecimento já foi furtado e roubado mais de 3 vezes nos últimos anos, sendo algumas vezes furtos de cabos de luz, roubo de caixa, materiais que ficam no jardim, geralmente no período da noite. Para Pedro e moradores que estão percebendo o aumento de incidências de furtos de cabos de energia, materiais de aço, entre outros.

“Falam que eles não nos ouvem, eles ouvem sim, mas fica só na promessa” Fonte: SESP

Dados sobre as ocorrências na região da Cidade Industrial de Curitiba em 2019. Porém, a CIC conta com um alto índice de criminalidade. Diante dessa realidade, moradores da região decidiram criar grupos em redes sociais para denunciar problemas. O administrador do grupo Tatuquara InFoco no Facebook, Fernando Silva, diz que ‘’Falam que eles [prefeitura] não nos ouvem, eles ouvem sim, mas só prometem e às vezes essa promessa não é cumprida, ou então fica só 2, 3 dias de patrulhamento e não tem aquela operação efetiva

Allanis Menuci

crimes, assina um TC [termo circunstanciado de ocorrência] e já é liberado, entendeu?’’. Francine, moradora do Tatuquara há 6 anos, acredita que algo que poderia melhorar no bairro é um planejamento urbanístico, e um investimento e desenvolvimento na educação de crianças, adolescentes e jovens. “Isso resultaria em incentivo ao estudo, cultura, esporte, diminuindo assim a entrada destes indivíduos [crianças, adolescentes e jovens] na vida criminosa.”, acredita

A assessoria da Prefeitura informou que, os dez núcleos da Guarda Municipal dispostos pelas regionais da cidade contam com um novo conjunto de materiais, módulos móveis, motos e viaturas. E ainda ressaltam que foram adquiridos também oito novos módulos, totalizando 11 deles por toda a cidade, 26 novas motos e 35 viaturas novas locadas. Segundo eles, ocorre uma integração entre as polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, com a deflagração de operações conjuntas e troca de informações. Já a SESP afirma que “por meio de suas forças policiais, faz o patrulhamento preventivo e ostensivo regularmente”. E ainda que fazem um planejamento estratégico para aplicar “diferentes formas de atuação” em todas as regiões do estado. Allanis Menuci

Especialista Opinião do doutor em Ciências Sociais e professor do programa de mestrado da PUCPR : Cezar Bueno de Lima. O aumento da violência e criminalidade estão, inegavelmente, correlacionados com o fator socioeconômico. Para ele, mesmo sem admitir, o próprio Estado considera impossível controlar a quantidade enorme de furtos, roubos e estelionatos que acontecem. ‘’A população investir na prevenção ainda continua sendo o melhor caminho, mas para efetivamente pacificar a sociedade, será preciso investir em políticas públicas estruturais, ou seja, oferecer perspectivas de emprego decente para a maioria da população ou ainda avançar mais na ideia de uma renda mínima universal’’.

Leia mais Para ver a matéria completa aponte a câmera para o QR code ou acesse: portalcomunicare.com.br

11º Distrito Policial. Cidade Industrial de Curitiba, outubro de 2020.


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

CIC and Tatuquara have the highest crime rate in Curitiba Both of them stand out on the map as the regional homicides that most registered in the Paraná capital in 2020 Allanis Menuci, Ana Bivar, Isadora Martelli e Milena Chezanoski 2º Período Translation by Rebeca Trevisani

T

he regional CIC and Tatuquara are, according to research by the Secretariat of Public Security of Paraná (SESP). According to SESP’s death report for the first semester of this year, these regions had the largest occurrences of murder and armed robbery, respectively, from Curitiba. In addition, they stand out in the Curitiba’s scenario for presenting a significant number of feminicides in the Paraná capital. In 2019, SESP registered 1,352 criminal cases only in CIC. The Industrial City (CIC) is the largest region of Curitiba with 43.38 km² and one of the most populous with about 200 thousand people, was created in the 70’s to boost the industrial development of the city. In total there are more than 8 thousand companies in the region, providing 28 thousand direct or indirect jobs. However, CIC has a high crime rate.

region’s residents rarely get a response when they hold an occurrence report, for Fernando, another factor that makes the population prefer to omit itself is the fear of retaliation. According to him, the lack of police is not the biggest problem, but also the lack of a more proficient

also says that there is public power in the region, but points out: “if you consider the size of the neighborhood, I would say that the public power acts very poorly in Tatuquara. We have a large population, and the very few actions do not attend everyone”.

legislation. “I know all the cops in the neighborhood, one of the big problems we face is our legislation, right? Go there, arrest for trafficking or other crimes, sign a TC [a detailed term of occurrence] and you’re already released, you understand?

According to Pedro Oliveira*, owner of a restaurant in the Industrial City of Curitiba (CIC). His establishment has been stolen and robbed more than 3 times in the last years, being sometimes thefts of light cables, box theft, materials that stay in the garden, usually at night. For Pedro and locals who are noticing the increase in thefts of power cables, steel materials, among others.

“They say they don’t listen to us, they listen to us, but it’s just a promise”

Source: SESP

The City Hall’s advisory board informed that the ten centres of the Municipal Guard arranged by the city’s regionals have a new set of materials, mobile modules, motorcycles and

Data on occurrences in the Industrial City of Curitiba in 2019. In light of this reality, residents of the region decided to create groups in social networks to report problems. Tatuquara’s group administrator InFoco on Facebook, Fernando Silva, says that “ They say that they [city hall] don’t listen to us, they do, but they only promise and sometimes that promise is not kept, or there are only 2, 3 days of patrolling and they don’t have that effective operation at all.” The

Allanis Menuci

Francine, who has lived in Tatuquara for 6 years, believes that something that could improve the neighborhood is urban planning, and an investment and development in the education of children, adolescents and youth. “This would result in incentives for study, culture, sports, reducing the entrance of these individuals [children, adolescents and youth] into criminal life,” she believes. The resident

vehicles. They also emphasize that eight new modules were acquired, totalizing 11 of them throughout the city, 26 new motorcycles and 35 new rental vehicles. According to them, there is an integration between the Civil, Military, Federal and Highway Police, with the dissemination of joint operations and the exchange of information. SESP states that “through its police forces, they patrol preventively and ostensibly regularly. Besides that, they make strategic planning to apply “different forms of action” in all regions of the state.

Specialist Opinion of the PhD in Social Sciences and professor of the master’s program at PUCPR : Cezar Bueno de Lima The increase in violence and crime is undeniably related to the socio-economic factor. For him, even without admitting it, the State itself considers it impossible to control the enormous amount of thefts, robberies and larcenies that happen. ‘’The population to invest in prevention is still the best way, but to effectively pacify society, it will be necessary to invest in structural public policies, that is, to offer a decent perspective of employment to the majority of

Allanis Menuci

the population or to further advance the idea of a universal minimum income.

Read more To see the full story, point the camera at the QR code or access: portalcomunicare.com.br

11th Police District. Industrial City of Curitiba, October 2020.


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Poluição do Rio Belém causa transtornos a moradores da Matriz Na regional mais rica de Curitiba, moradores sofrem com poluição e problemas de saneamento do rio-símbolo da cidade Felipe Worliczeck Martins, Guilherme Araki e Vinicius Bittencourt 2º Período

P

arte da Regional Matriz é atravessada pelo Rio Belém, que é canalizado no centro da cidade e, em bairros como o Prado Velho, causa uma série de problemas. Os transtornos vêm da poluição do rio, que provoca inundações, alagamentose proliferação de doenças como o Tifo - a enfermidade também pode ser causada pela falta de saneamento, mesmo que Curitiba seja a capital com o melhor saneamento básico do país, segundo dados da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de 2019. O Rio Belém nasce e deságua no município de Curitiba e é o principal rio da Bacia Hidrográfica do Rio Belém. Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o rio apresenta o maior índice de poluição hídrica da cidade. Dados da SOS Mata Atlân-

cos. Sobre o rio, em particular, nota que, além da poluição, há acúmulo de resíduos e falta de canalização. Ela se queixa da gestão municipal e diz que “só foram feitas promessas”. Irenilda Arruda é uma liderança do Clube de Mães União Vila das Torres, que realiza um trabalho de imersão social dentro da comunidade, com aulas de boxe e costura, curso de inglês e diversas ações sociais como corte de cabelo gratuito, dia da pizza para as crianças e festas em datas comemorativas. A líder ressalta o mau cheiro do rio e aponta outros problemas. “Parece mais esgoto do que rio. Precisa de uma drenagem, afundar mais para evitar enchentes e de uma proteção em volta”. A moradora, que tem 54 anos e chegou ao bairro com oito anos de idade, conta ter visto

como poderia ser feita a despoluição do Rio Belém. “Em alguns trechos, ele [Rio Belém] está muito ruim, e é preciso fazer essa dragagem, para afundar mesmo e tirar aquela areia do fundo do rio para que ele fique limpo. Assim, quando der chuva, ele pode comportar tudo isso, para não afetar as famílias que moram ali”.

Riscos à saúde Farmacêutica especializada em microbiologia, Andrea Krelling fala sobre as possíveis doenças que o contato com a água do rio sem tratamento pode trazer, desde parasitas, como Tênia, que causam diarréia; até vírus como o Tifo. “Principalmente na região do Rio Belém, o que a gente vê mais é leptospirose”, diz, referindo-se a uma doença

Inovadoras em Educação, entregue pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe/PR), Ex-participante do projeto, Leonardo Manfrom afirma que o resultado obtido não foi o desejado: “Do ponto de vista ambiental, não chegou nem perto do que a gente esperava. A gente desejava a despoluição do rio e alcançar medidas públicas para que não fosse jogado esgoto. Poderia haver uma integração cidade-rio como ocorre em outras cidades. Mas, aqui em Curitiba, o Rio Belém continua sujo”.

“Parece mais esgoto do que rio.

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente falou sobre o atual Plano de Revitalização do Rio Belém, que consiste em uma série de ações, e disse que um dos objetivos é realizar a despoluição do Rio. O plano é dividido em ações de curto, médio e longo prazo, com obras de infraestrutura, como o Esgotamento Sanitário e Educação Ambiental. O projeto também pretende aumentar a capacidade de tratamento de esgoto na região central da capital. O Plano é composto por diversas entidades e engloba não só a capital,como também outras regiões do estado do Paraná.

tica do início de 2020 mostram que a qualidade do Rio Belém é ruim, com nota de 25.5 em um ranking que pode ultrapassar os 40 pontos.

Além disso, parte das etapas em curto prazo foram realizadas no programa Amigo dos Rios, que já alcançou mais de 120 mil pessoas com suas ações, como a conscientização sobre a preservação das margens do Rio e da implementação correta das ligações de redes de esgoto.

Precisa de uma drenagem, afundar mais para evitar enchentes e de uma proteção em volta” A comunidade que mora ao redor do Rio se queixa da falta de atenção do poder público, a despeito de a Regional Matriz ser a maior e a mais rica da cidade. Existe na região, ainda, a presença de moradias irregulares e de muitas pessoas que vivem em situação de extrema pobreza. Moradora da Vila Torres, Lucimara Santos aponta problemas também de limpeza e falta de apoio referente à saúde mental e a dependentes quími-

um crescimento acelerado da área. “Quanto ao saneamento básico, desde quando cheguei aqui, melhorou bastante, mas ainda pesam no bolso os valores que são cobrados. É muito alto. Pela qualidade oferecida, dá pra melhorar mais”, afirma. Irenilda também comenta sobre os alagamentos na região: “No ano passado e retrasado, deu uma chuva e alagamento muito fortes, que pegou desde a PUC até o Viaduto do Capanema. A água acabou subindo tanto que nem carro passava, e muitas famílias ficaram desabrigadas”. A liderança também fala de

que pode ser fatal. A microbiologista também ressalta que a principal medida preventiva deve ser o tratamento de água.

Tentativa de despoluição O projeto “Revitalize Rio Belém”, que teve início em 2013 e foi realizado por alunos da TECPUC Curitiba, buscava a revitalização do Rio Belém. Além disso, o projeto desenvolveu atividades sociais junto aos moradores de regiões próximas ao rio, recebendo em 2016 o primeiro lugar no Prêmio Sinepe de Práticas Guilherme Araki

A assessoria também informou que, na região da Vila Torres, há um comitê de moradores chamado comitê Rio Belém da Vila Torres, que cessou as atividades por conta do período eleitoral, mas fazia reuniões, virtuais durante a pandemia, com proposta para a recuperação dos rios, com diversas ações, como mutirões de limpeza, por exemplo. O projeto Tudo Limpo é outro citado pela assessoria atuante na região, com o intuito de conscientizar a população no cuidado com o meio ambiente, além do descarte de resíduos.

Veja Mais Entrevista: a líder Irenilda Arruda detlha a atuação da ONG na região. portalcomunicare.com.br

O Rio Belém tem a maior o índice de poluição da cidade, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP)


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Regional Pinheirinho tem maior taxa de Covid-19 da cidade A Regional Pinheirinho é a que registra maior taxa de coeficiência de incidência do novo coronavírus entre as regionais de Curitiba há mais de um mês Georgia Giacomazzi Giulia Militello Maria Clara Braga 2º Período

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Arquivo SMCS

região do Pinheirinho conta com o maior números de casos de coronavírus por 100 mil habitantes de Curitiba. De acordo com o painel semanal de evolução de Covid-19 na capital, publicado pela Secretaria Municipal da Saúde, no dia 05 de novembro, o coeficiente de incidências de casos de Covid-19 na regional era de 3.175,9, com 4.834 casos confirmados. A regional apresenta o maior coeficiente de incidências da cidade há mais de um mês, sendo seguida pela Regional Matriz, que registrava, no dia 05 de novembro, um coeficiente de incidência de 2.978,3, com 5.001 casos. O coeficiente de incidência é calculado a partir do número de infectados residentes nos bairros da Regional, dividido pelo número total de residentes da regional e multiplicado por 100 mil.

Moradores recebem orientações de prevenção ao novo coronavírus dades. “Eventualmente, regiões que possuem mais quantidade de pessoas com plano de saúde podem ter mais facilidade de

dade da prevenção ao novo coronavírus: evitar aglomerações, usar máscara e lavar frequentemente as mãos, entre outros,

“Uma política de massificação de testes comprovadamente ajuda a reduzir a circulação viral” A Secretaria Municipal de Saúde relata que não há uma explicação formal para o alto número de casos por 100 mil habitantes da Regional e diz que a variação do coeficiente de incidência tem relação com a estrutura populacional da região e que é difícil precisar causas específicas. Segundo o infectologista do Serviço de Vigilância Epidemiológica do Hospital de Clínicas UFPR, Bernardo Almeida, é importante levar em consideração as condições e os números de testagem em cada área, ao se analisar a diferença de coeficiente de incidência entre locali-

testar, aumentando a capacidade de identificar casos”. Ele também lembra que o dado diz respeito ao local de residência dos infectados, e não ao local onde o vírus foi contraído. Mesmo com o maior coeficiente de incidência entre as regionais há mais de um mês, a Secretaria de saúde afirma não ter tomado nenhuma providência específica para o controle do vírus na regional Pinheirinho. As providências são as mesmas para toda a população, que inclui atendimento, monitoramento de pacientes e divulgação de informações sobre a necessi-

declara a Secretaria. Almeida afirma que uma das formas mais eficazes no combate ao novo coronavírus, fora a conscientização, é a testagem em massa: “Uma política de massificação de testes comprovadamente ajuda a reduzir a circulação viral, como tem ocorrido em países como Austrália, Nova Zelândia e Vietnam que conseguiram controlar a circulação viral com sucesso até o momento” Desde março, mês em que o novo coronavírus chegou a Curitiba, as Unidades de Saúde e Unidades de Pronto Atendimen-

to (UPAs) têm adotado medidas estratégicas de combate ao novo coronavírus, como fazer atendimentos com separação de fluxo (pessoas com sintomas respiratórios ficam isoladas dos demais casos), interrupção de atividades terapêuticas em grupos, entre outros procedimentos que precisaram ser temporariamente suspensos. Diante dessa situação a Secretaria de Saúde de Curitiba redirecionou o atendimento de algumas Unidades de Saúde dos bairros que compõe a Regional: Novo Mundo, Capão Raso, Pinheirinho, Fanny e Lindóia.

Leia mais Veja onde ficam as Unidades de Saúde que funcionam na Regional portalcomunicare.com.br

Por Maria Clara Braga

Gráfico que mostra evolução de coeficiênciente de Incidência do Novo Coronavírus no último mês nas 3 regionais mais afetadas de Curitiba


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Vila Pantanal sofre com falta de recursos durante pandemia Localizada no bairro Alto Boqueirão, a comunidade enfrenta cada vez mais dificuldades durante a quarentena Maria Eduarda Cassins e Maria Eduarda de Souza 2° Período

Unsplash

A

Vila Pantanal, localizada na Regional Boqueirão e pertencente ao bairro Alto Boqueirão, é uma das regiões mais carentes de Curitiba, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,681, segundo último Censo do IBGE. A comunidade abriga centenas de famílias que vêm enfrentando problemas como falta de recursos para infraestrutura, saúde e segurança pública, impulsionados pela pandemia do novo coronavírus. Devido à condição dos moradores da região e à situação atual de vulnerabilidade em que se encontram, movimentos e instituições organizam campanhas para amenizar a situação precária na comunidade. Organizações como o Instituto Renault e a Delegacia Sindical (DS) contribuíram levando alimentos para muitas famílias da região, entre os meses de junho e agosto. As iniciativas foram importantes para

Voluntários carregando cestas básicas para dar suporte aos moradores de comunidades. e levar as cestas básicas”, conta Luciana. Para a pastora Audir, fundadora do Projeto Estação, a região necessita de muito suporte e, devido a isso, mesmo com a pandemia, o projeto seguiu em funcionamento, “Quando me apresentaram, em 2001, a Vila Pantanal, aquilo realmente mexeu muito comigo. Foi então que

se queixam da exclusão social que a região sofre por parte de outros moradores da cidade de Curitiba. Para o estudante e participante do Projeto Estação Davi Cox, 16 anos, esta realidade sempre esteve presente, “Desde muito pequeno, eu vi os moradores daqui serem desprezados, serem vistos com olhares ruins

“Faz 26 anos que moro na região. Aqui o povo padece por falta de alimentos e precariedade com a saúde; eu mesma já passei por muitas dificuldades’

que moradores da Vila Pantanal contornassem a alta dos preços de alimentos na capital. De acordo com pesquisa realizada pela Dieese, Curitiba ocupou o primeiro lugar dentre as capitais no país com a cesta básica mais cara no mês de julho. Para enfrentar a situação, o Projeto Luz e o Projeto Estação, desenvolvidos pelas duas entidades, também se mantiveram em atividade durante a pandemia, a fim de contribuir com moradores da região. A idealizadora do Projeto Luz, Luciana Almeida, fala sobre a necessidade de suporte à Vila Pantanal e outras regiões da capital paranaense, “Com a pandemia, o projeto não parou; porém, as comunidades como a Vila Pantanal sofrem muito, até porque eles têm muitos empregos informais. Foi então que percebemos que deveríamos entrar nas comunidades

iniciei o projeto, ehoje continuamos realizando atividades com crianças e mulheres na região. Fazemos também pães e bolos para a cooperativa local e organizamos campanhas como a do varal solidário”, relata a pastora

As dificuldades da comunidade

Curitiba é a 5ª cidade do Brasil com o maior número de favelas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade tem 209 comunidades com aproximadamente 170 mil moradores, no total. Segundo dados do Banco de Desenvolvimento Comunitário (NeuroBanco), cerca de ⅓ das crianças de 0 a 5 anos estão matriculadas em creches públicas municipais de pré escola, contudo, na Vila Pantanal esse valor é inferior a 10% da população infantil. Além das dificuldades materiais, muitos também

pelo fato de não haver igualdade social. Mas acho que, independentemente da situação social, todo mundo merece respeito.” É importante ressaltar que a Vila Pantanal é a área de maior exclusão social da Regional Boqueirão, com 685 ocupações irregulares e 2.637 moradores locais, conforme censo de 2010 do NeuroBanco. Tal condição intensificou a vulnerabilidade do contexto ambiental local, fazendo com que a comunidade seja uma das áreas de maior prejuízo causado pelo adensamento populacional crescente vindo da presença do Centro de Manutenção de uma empresa ferroviária no local. O professor e sociólogo Daniel Lourenço aponta a visão teórica dessa realidade ao afirmar que “a sociologia vê as favelas como uma forma de segregação imposta. Ou seja, as pessoas que vivem nesses

Projetos atuam na Vila O Projeto Luz foi desenvolvido para dar suporte a moradores em situação de fome, tanto de rua quanto em comunidades carentes como a Vila Pantanal, por meio de cestas básicas e medidas necessárias de socorros. Neste ano, os voluntários do projeto fizeram diversas visitas à região, ajudando cerca de 230 famílias com cestas básicas, kits de higiene e cobertores.

Outra iniciativa que se dedica à diminuição da desigualdade em Curitiba é o Projeto Estação, da Igreja Metodista, em parceria com a Bridge International, o qual realiza ações comunitárias na Vila Pantanal desde 2002, desenvolvendo atividades de dança, artesanato e música na região, além de contribuir com a doação de alimentos e roupas para moradores. Tanto o Projeto Luz como o

Projeto Estação contam com a ajuda dos voluntários que fazem parte das organizações e do público que se dispõe a ajudar por meio de doações de alimentos, objetos de higiene básica, roupas e cobertores, e até de dinheiro para a compra de produtos de primeira necessidade.

espaços estão ali por não terem outras opções de moradia. Nessas circunstâncias, os moradores se organizam de acordo com as suas possibilidades e reinventam maneiras para minimizar as adversidades do dia a dia.”. Ele acrescenta. “Uma busca pela manutenção de laços, cultura e identidade nos fazem repensar os estereótipos e os estigmas criados sobre essas pessoas. É equivocado e infeliz associar as favelas à criminalidade, violência e as drogas quando se encontra fenômenos assim em todos os espaços e grupos sociais.” Daniel deixa claro a conscientização que todos nós como um todo deveríamos ter: “A luta por dignidade dos moradores de comunidades não pode, jamais, ser romantizada, e devemos sempre questionar as desigualdades e a falta de oportunidades para todas as pessoas”. Além das dificuldades quanto à moradia, alimentação e saúde, a comunidade também sofre com a falta de áreas verdes e educação ambiental qualificada, que leva moradores da região e de diferentes bairros de Curitiba a depositar lixo e iniciar queimadas irregulares no local. Em junho, a Vila Pantanal recebeu um bosque com 1,3 mil mudas nativas na Área de Proteção Ambiental (APA) do Iguaçu. A ação faz parte de iniciativas da Prefeitura referente ao “Desafio 100 mil mudas”, com a intenção de realizar o plantio de 100 mil mudas em toda capital. Devido à pandemia da Covid-19, a Secretaria do Meio Ambiente realizou o plantio em números reduzidos de participantes, procurando manter o distanciamento e o uso de máscaras.

Leia mais Para contribuir com o Projeto Luz e o Projeto Estação, direcione a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e saiba mais no final da matéria completa. portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Especial: Regionais de Curitiba

Zona Norte têm poucos espaços para lazer e prática de esporte Insegurança e falta de opções, como parques e praças na região, são empecilho para atividades ao ar livre. Psiquiatra alerta para riscos à saúde mental de não sair de casa Marcelo Makhoul Rodrigo Angelucci Gabriel Américo Enzo Bacarin

O

s moradores do Santa Cândida, um dos principais bairro da Regional Boa Vista, no Norte de Curitia, encontram grandes adversidades para a realização de atividades esportivas e de lazer ao ar livre. A alta criminalidade, somada aos escassos espaços ao ar livre, desestimula a população da região a sair de casa, dificultando a criação de uma rotina saudável. Mesmo durante tempos pandêmicos, em que o isolamento social é requerido, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda práticas rotineiras de atividades físicas, como corridas de rua, pedaladas em parques ou caminhadas em praças. A recomendação é feita porque os impactos positivos à saúde mental dos praticantes, especialmente em tempos difíceis e desafiadores, quanto os atuais, podem servir como medida preventiva para quadros ansiosos e depressivos. O Santa Cândida é o segundo bairro mais populoso da Regional, que é a mais populosa de Curitiba. O município possui 246 Academias ao Ar Livre, que consistem em espaços com equipamentos de ginástia que utilizam o peso do próprio corpo para gerar resistência, possibilitando a execução de exercícios simples de musculação e alongamento. Porém, o bairro Santa Cândida conta apenas com dois dessas academias, que atendem a uma população de cerca de 32 mil pessoas. Moradora do bairro, Marlete Reichert presidiu a Associação de Moradores, Amigos e Comerciantes do Santa Cândida (AMAC) entre 2005 e 2009, e acredita que essas academias, como também outros espaços de lazer, poderiam trazer ganhos à qualidade de

SMCS de Curitiba

vida dos moradores da região. “Se tivéssemos área para lazer, a saúde da população poderia ser melhor. Apanhar sol, ter aonde ir com segurança e praticar exercício é fundamental ao bem-estar”. Ela lamenta o “esquecimento” do bairro pela prefeitura. “Não temos área de lazer ao ar livre; e, quando temos, os locais são mal cuidados”. A falta de manutenção é outro problema aos moradores que resolvem utilizar essas áreas. “O local está abandonado, com caco de vidro, causando risco a quem o frequenta, e também há alguns aparelhos mal cuidados”. Ainda segundo Marlete, os espaços de lazer existentes não podem ser usados com segurança, pois, segundo a liderança, alguns desses locais possuem “movimentações suspeitas”, diz, referindo-se a consumo de drogas e à ausência de policiamento na região, Não sair de casa oferece riscos à saúde mental Evitar sair de casa devido a esse cenário, entretanto, pode comprometer o bem-estar dos moradores do Santa Cândida. Psiquiatra formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcy Sberze alerta para os riscos de uma rotina sem iluminação natural e sem atividades físicas durante longos períodos.

Bairro Santa Cândida conta com poucas Academia ao Ar Livre “Muitas vezes, as pessoas ficam deprimidas, quando estão sedentárias por muito tempo”. Ela acrescenta: “Não ficar ao ar livre é considerado antinatural para nosso organismo, assim como não praticar exercício físicos”. Devido às incertezas relacionadas à pandemia, Marcy viu se refletir em seu consultório as implicações na saúde mental dos pacientes, com o agravamento de alguns quadros psiquiátricos. A médicaa adverte sobre a busca de medicações, as quais devem

“Não ficar ao ar

ser precisamente indicadas. E, para prevenir ou atenuar quadros ansiosos e depressivos, algumas práticas simples de autocuidado são indicadas: “Atividade física, uma rotina saudável de sono, dieta balanceada, psicoterapia e meditação”. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba, para comentar as críticas feitas na reportagem, mas não obteve retorno.

Ranking

livre é considerado antinatural” SMCS de Curitiba

Numero de Academias ao Ar Livre por regional em Curitiba

• • • • • • • • • •

CIC

39

Boqueirão

30

Boa Vista

29

Cajuru

29

Portão

22

Bairro novo

21

Pinheirinho

21

Santa Felicidade 20 Centro

18

Tatuquara

17

Leia mais Veja a reportagem sobre a Regional Santa Felicidade portalcomunicare.com.br

Praça Padre José Zajac, no Santa Cândida, é um dos poucos espaços de lazer da região


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Curitiba, 07 de Dezembro de 2020

Ensaio

Nossa pequenez diante da natureza Em junho de 2020, em meio à pandemia da COVID-19, um ciclone bomba atingiu várias cidades da região Sul do país. Casas totalmente destruídas, postes de energia danificados e pinheiros tombados definiram o cenário do Oeste catarinense. Terezinha Slongo Borsoi, 74 anos, católica fervorosa, acredita que o estrago só não foi pior porque Deus escutou seu pedido: ‘’Quando vi o telhado voando, só coloquei a mão na cabeça e repetia: ‘Minha casa, não, meu Deus! Minha casa, não!’; e logo passou’’. O ensaio buscou retratar a experiência de vivenciar um ciclone, bem como a maneira encontrada para superar um desastre, após a constatação da nossa pequenez diante da natureza.

As árvores mais altas da propriedade caídas ao chão.

Terezinha encontrou na fé a força necessária para superar a situação.

Isadora Martelli

Um dos vários pinheiros tombados foi plantado por seu finado marido, Amâncio.

‘‘Em 74 anos, nunca passei por nada parecido’’, relata emocionada.

Terezinha estendendo roupa em sua varanda, enquanto alguns móveis estão secando. O sol e a eletricidade só voltaram após cinco dias. Todas as noites anteriores registraram temperatura negativa.


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