Cidades
Alérgicos sofrem com incerteza entre Covid-19 e doenças respiratórias Página 09
Política
Ameaças e ataques à imprensa são liderados por Jair Bolsonaro Página 08
Cultura
Sem previsão de retorno, escolas de circo enfrentam dificuldades Página 04
Curitiba, 15 de Maio de 2021 - Ano 25 - Número 328- Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Ocupações incertas Uncertain occupations Equam, as et ipiet eicimi,
As ocupações irregulares vêm crescendo em curitiba durante a pandemia. A cidade conta com cerca de 40 mil famílias instaladas de forma inapropriada em 453 espaços espalhados pela cidade, segundo a Companhia de Habitação Popular de Curitiba. Mesmo com as dificuldades na pandemia, muitas famílias ainda enfrentam despejos e dificuldades financeiras.
es audis earum imetur? Com a necessidade de higieIt rem sunt, as nihitat et, ne constante para prevenção omniscio delitasperum aut. contra coronavírus, moradores relatam falta de estrutura sanitária básica
Cidades | pag.06
Alta nos combustíveis O
combustível sofreu diversos reajustes em 2021. Com isso, pela primeira vez, o preço médio da gasolina passou dos R$ 5 no Paraná , segundo Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O aumento do valor dos combustíveis possui relação com o mercado internacional, já que a Petrobras segue a política de paridade com o preço internacional. Somente neste ano, seis reajustes foram anunciados. Além disso, o cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também sofreu alterações, mesmo com a promessa do gover-
Histórias eternas
Felipe Castelo
nador em não permitir novos aumentos nesse momento de pandemia. Com as constantes mudanças nos preços e com os trabalhadores impactados, Jair Bolsonaro demonstrou sua insatisfação ao indicar o general Joaquim Silva e Luna para presidir a Petrobras. Com as movimentações, o clima de incertezas e indefinições foi perceptível com a desvalorização das ações da estatal.
Economia | pag.03
Alto preço do combustível impacta diretamente quem precisa abastecer o veículo com frequência.
Para homenagear as vítimas de Covid-19, a Prefeitura Municipal de Curitiba está construindo a praça Memorial da Saúde. Além dessa iniciativa, o Movimento Levante e o Projeto Inumeráveis buscam contar e eter-
nizar as vidas, a fim de mostrar mais do que números, mas histórias de vidas que foram perdidas. Cidades| pag.05
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Editorial
É preciso apostar na vacinação N
o Brasil, a campanha de vacinação contra a Covid-19 segue claudicante. Com uma média móvel de 2.938 mortes nos últimos sete dias (dado de 09/04/2021), o país paga pelas consequências de um planejamento governamental ineficiente e pelo avanço social do negacionismo com mais de 3 mil mortes por dia, hospitais lotados, profissionais de saúde sobrecarregados e filas de espera em todo o país para leitos em enfermarias e UTIs. E tem mais: somente a compra antecipada de doses e uma sólida campanha de vacinação poderiam evitar a chacina que ocorre no país.
le as infecções por coronavírus em um ano, segundo as constatações de um estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). De acordo com um dos fundadores da Anvisa Gonzalo Vecina Neto, o Brasil teria condições de imunizar 60 milhões de pessoas por mês, imunizando os 159,1 milhões de brasileiros maiores de 18 anos com duas doses da vacina até julho.
Caso pudéssemos acabar com a pandemia através de uma aposta (e quem dera se fosse fácil assim!), o número mágico seria dois milhões. Vacinar duas milhões de pessoas por dia é a solução para que o Brasil contro-
Enquanto o governo federal hesitou em apostar pela cura, 56 países apostaram em uma cesta variada de vacinas para reduzir o risco das compras antecipadas. As discordâncias políticas do presidente Jair Bolsonaro e o governador paulista João Doria, assim como a recusa em aceitar as “cláusulas abusivas” nos contratos para compra de vacinas da Pfizer, fez com que o Brasil recusasse a compra antecipada de 60 milhões de doses da Co-
Voz da Comunidade
Irenilda Arruda
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta a importância do engajamento comunitário para a efetiva comunicação dos riscos e do controle da pandemia em contextos locais, principalmente nas comunidades mais vulneráveis. Por seu conhecimento do território, as lideranças comunitárias possuem grande importância no combate ao coronavírus. Por isso, as lideranças que representam a Vila das Torres estão sendo fontes estratégicas de informação, cotidianamente mobilizados no enfrentamento dos problemas mais graves que atingem a comunidade. Essas pessoas, de forma individual ou coletiva, exercem um papel estratégico na disseminação de medidas de prevenção ao vírus e na construção de soluções aos danos sociais da pandemia. As principais dificuldades foram e ainda seguem sendo conscientizar as pessoas em não ficar em aglomerações, buscar alternativas de trabalho e também apoio psicológico nesse momento para evitar a depressão entre as famílias. Percebemos que neste
Expediente REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES
TRADUÇÃO
Suyanne Tolentino De Souza
Letícia Fortes
COORDENADORA EDITORIAL
FOTO DA CAPA
Suyanne Tolentino De Souza
período, muitos dos moradores começaram a se ajudar, a ser mais acolhedores. Muitos se dispuseram a ser voluntários, isso foi importante, mas precisamos continuar nos articulando. A comunidade está sendo atendida dentro das medidas possíveis pelas lideranças locais. Há um grande esforço de pessoas organizadas, como a equipe Padre Parron e da Associação de Moradores, que vêm procurando atender principalmente os mais necessitados. As ajudas solidárias também estão tendo grande importância para nós e para toda a vila. Nós, do Clube de Mães V. Torres contamos com apoio dos voluntários para atendermos as famílias da vila. Estamos buscando oferecer trabalhos psicológicos e atrativos para as mães da Vila das Torres. Também conseguimos alguns notebooks e sinal de internet gratuito para famílias carentes da comunidade, facilitando assim o acesso das crianças e adolescentes nas matérias escolares.
Edição 328 - 2021 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Giovana Bordini
Guiherme Araki
Embora 79% dos brasileiros queiram se imunizar contra o coronavírus, 17% não pretendem e 4% ainda não se decidiram, segundo levantamento do instituto Datafolha. Por isso, a sociedade civil deve manter-se alerta, vigilante e combativa contra as várias frentes da pandemia: a doença, a infodemia e a negligência governamental.
João Chew
Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)
Rafael Andrade
Concomitantemente à árdua compra de doses da vacina contra a Covid, o Brasil lida com a reimersão de doenças quase erradicadas devido às consequências de uma espécie de “paradoxo da imunização”: a ampla cobertura vacinal entre as pessoas que hoje estão com 30 a 50 anos de idade fez com que doenças antes comuns se tornassem raras e, consequentemente, os brasileiros perderam o senso de urgência em vacinar suas crianças. Por isso, mesmo com a vacina tríplice viral disponível, o Brasil registrou surtos de sarampo em 7 estados, com um total de 8,2 mil casos confirmados em 2020.
Hoje, um em cada quatro jovens brasileiros acredita que vacinas fazem mal, segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). O número de crianças não vacinadas está crescendo, e doenças quase erradicadas estão reemergindo. E enquanto assistimos ao recrudescimento da pandemia, aumenta o fenômeno da “infodemia”, com notícias falsas atribuindo à vacina contra a Covid a possibilidade de provocar alterações genéticas e câncer.
Comunitiras
COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ângela Leitão
ronaVac - com entrega prevista para o último trimestre de 2020 - e de 70 milhões de doses da Pfizer, as quais chegariam no Brasil em dezembro do ano passado.
Estudantes 3º Período de Jornalismo Edição
Arthur Henrique Guilherme Araki Isadora Martelli Juliane Capparelli Letícia Fortes Vinicius Bittencourt
Reportagem
Guilherme Araki Helene Mendes Isadora Martelli Juliane Capparelli Letícia Fortes Mariana Alves Vanessa Guimarães Vinicius Bittencourt
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Economia
Economia
Gasolina aumenta 21% em Curitiba entre janeiro e março de 2021 O preço médio da gasolina na capital ficou acima de R$ 5 nas primeiras semanas de março, segundo o índice de preços Gaspass Juliane Capparelli 3º Período
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Pixabay/Andreas160578
omente neste ano, o combustível já sofreu seis reajustes, acumulando altas taxas de aumento de preço. O último foi anunciado no dia 8 de março, o preço médio de venda da gasolina em Curitiba foi de R$ 5,21 e do diesel R$4,04 entre os dias 7 e 13 de março, segundo pesquisa realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Petrobras justifica o aumento com a política de paridade com o preço internacional que a estatal segue desde 2016. Foi a primeira vez no Paraná que o preço médio do litro da gasolina chegou a R$ 5 e o diesel a R$ 4. Em 2021, a gasolina teve alta de 21%, o diesel 18,1% e o etanol 24,4% no estado, segundo dados da ANP. O gráfico mostra a variação de preços da gasolina e do diesel nos meses de janeiro,
O aumento do combustível impacta quem usa veículos diariamente e precisa abastecer com certa frequência. veículo. Porém, com a alta no preço do combustível, Toneti gasta mais para trafegar a
tos deveriam ser mais claros para o consumidor, com “mais transparência na formulação
mesma quilometragem de antes. “É necessário otimizar rotas e viagens, ou até evitar o deslocamento contratando alguém do
desses custos”. Como o veículo é o instrumento de trabalho, ele sentiu o impacto da alta do combustível e alterou a forma de trabalhar. Além de diminuir o tempo de deslocamento sem nenhum passageiro no veículo, Ramalho está usando o gás natural veicular (GNV), um “meio mais eficiente para gerar mais economia”, segundo ele.
“Os consumidores estão sendo bastante prejudicados” fevereiro e março deste ano. A pesquisa mais recente de preços semanais foi realizada entre os dias 14 e 20 de março.
O economista Luiz Eliezer Ferreira explica que os aumentos seguem o Preço de Paridade Internacional (PPI), isto é, a formação do preço dos combustíveis acompanha as variações internacionais do barril do petróleo e a variação do câmbio. Além das variações, “o dólar está em forte apreciação e os reajustes são repassados quase que instantaneamente aos demais elos da cadeia produtiva, alcançando os consumidores”. Com isso, o ele acredita que a política de preços da Petrobras poderia ser revista e que deveriam se preocupar com o “bem-estar coletivo da sociedade”.
O engenheiro civil Denilson Toneti se desloca com o carro para acompanhar o andamento das obras, e ao fim do dia retorna para Pinhais. A empresa concede um vale com valor fixo há 5 anos para custear o uso do
local para fazer o serviço ao invés de se deslocar até o espaço”. O taxista Amir Ramalho, de Curitiba, se diz surpreso com tantos reajustes do combustível. Ele acredita que esses aumen-
Além das variações internacionais, há outros fatores que ditam o preço cobrado nos postos de combustíveis, como os impostos. Por isso, é importante entender que os preços encontrados nas bombas são diferentes dos cobrados nas refinarias da Petrobras. Quase metade do valor repassado ao consumidor final (46,3%) é composto pelo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de Integração Social e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), segundo dados da ANP.
O cálculo do ICMS também sofreu reajuste no Paraná, no dia 16 de março, afetando toda a cadeia produtiva e aumentando a gasolina, o etanol e o diesel. O governador Ratinho Junior havia se comprometido em não permitir novos acréscimos no custo. Porém, a arrecadação no estado em 2020 caiu por conta da pandemia, e o caixa do governo tem o imposto como principal fonte de recolhimento.
Insatisfação do governo altera cargos na Petrobras Com os sucessivos reajustes, o Presidente Jair Bolsonaro ficou insatisfeito e o general Joaquim Silva e Luna foi indicado para presidir a Petrobras, substituindo o economista Roberto Castello Branco. Com isso, o clima de indefinição do futuro da companhia influenciou e refletiu na desvalorização das ações da empresa. O Comitê de Pessoas da estatal aprovou a indicação na terça-feira, 16 de março. Mas, o processo só deve terminar no dia 12 de abril, quando os acionistas votarem. Sobre as mudanças de cargos, Ferreira diz que a troca é “inócua”, já que a política de preços continua e o presidente da empresa não decide o valor do combustível. Essa ação pode inclusive ocasionar o aumento dos preços e a instabilidade no mercado de câmbio, segundo ele. Caso nada seja feito em relação ao (PPI), o economista defende que esse cenário de alta nos combustíveis deve continuar, e que “os consumidores estão sendo bastante prejudicados”.
Leia mais Saiba economizar no combustível com o app “Menor Preço”. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Cultura
Escolas de circo de Curitiba sofrem crise financeira durante a pandemia Alunos que não tinham espaço suficiente para as atividades foram prejudicados. Os artistas circenses também foram forçados a procurar outras fontes de renda Vanessa Caroline Guimarães 3º Período
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Banco de Imagens/Pixabay
om o agravamento da pandemia do coronavírus, não há previsão de volta das aulas presenciais nas escolas de circo de Curitiba. As escolas se depararam com a crise financeira e a redução no número de alunos, pois nem todos tinham lugar ou os equipamentos necessários para continuar as atividades. Os artistas da cidade também tiveram que procurar outras formas de trabalho. A instabilidade no setor cultural não é novidade, este foi um dos mais afetados pela paralisação de atividades. As escolas de circo tiveram que migrar para o ambiente virtual na tentativa de continuar com o conteúdo das aulas presenciais, trazendo workshops e aulas abertas de exercícios mais simples. A Escola de Circo Arte e Perfor-
Apresentação de contorcionistas circenses.
“Não teria como se manter
como artista. Nossa classe foi drasticamente afetada” mance abriu em 2020, logo no início da pandemia e teve que fechar as portas. Nos primeiros meses, a escola conseguiu se adaptar ao sistema de aulas online, a professora de aéreos e equilíbrio Jéssika Winnie afirma que o desânimo de permanecer dentro de casa prejudicou o rendimento das aulas. “No começo foi legal, muitos alunos abraçaram a ideia e participaram das aulas, mas depois de 3 meses presos dentro de casa as nossas aulas começaram a cair, e o nosso ânimo também. Era uma preocupação que nem sabíamos que iria existir”, afirma Jéssika. Os exercícios envolvem diversas áreas, como força e flexibilidade entre outros benefícios, tanto para o corpo quanto para a saúde mental. As atividades de circo necessitam de técnica e espaço. Por isso, as atividades online da escola passaram por uma organização diferente, as aulas que necessitavam de equipamentos adequados e grandes espaços foram impossibilitadas para alguns alunos. “O online é limitado. [...] Ele não tem a parte social, a interação entre eles. Ficou uma coisa muito ‘o professor faz e o aluno repete’ e eu não gosto dessa estrutura de aula”, diz a proprietária da Arte e Performance, Cristiane Zolet.
Para a Escola Circocan, não houve preocupação com a frequência dos alunos no ambiente virtual. O diretor da escola, Pedro Mello, diz que já estavam preparados quando a pandemia chegou, logo no início da quarentena eles já aderiram ao sistema de aulas online. “Antes da pandemia, a aula online era uma coisa que a gente não cogitava, mas muitas pessoas se desenvolveram até melhor”, explica Mello, “A gente conseguiu reverter e construir um sistema bem sólido de aulas online.” Mesmo com o sistema favorável, a situação financeira da Circocan também esteve em crise. Por não utilizarem a estrutura e os equipamentos, a mensalidade foi significativamente baixa. “O retorno financeiro não é equiparável ao retorno do presencial, é uma construção de longo prazo. Em termos financeiros o impacto é grande”, diz o diretor.
ventar. Nossa classe foi drasticamente afetada.” A proprietária da Arte e Performance, Cristiane Zolet, explica que as aulas de circo possuem um benefício social, por conta da troca de truques e o contato pelos exercícios. Ela acredita que “a diferença entre fazer um exercício em uma academia e fazer um exercício na escola de circo é a integração entre os alunos”. No Brasil, existem organizações voltadas à inclusão e formação dos cidadãos. A Rede Circo do Mundo Brasil agrupa institui-
ções brasileiras unidas com o objetivo de desenvolvimento profissional da população através da arte do teatro, da música, da dança e do circo. Este processo visa à educação para crianças, jovens e adultos, e também pessoas em situação de vulnerabilidade social. O circo cumpre um papel fundamental no setor cultural. Por conta de suas características únicas, ele abrange desde a construção de vínculos sociais ao estímulo da criatividade, além de ser aberto a todos os públicos. O ambiente circense une a técnica ao entretenimento, ele expõe a diversidade, como comenta Pedro Mello. “O circo tem o caráter de ser muito inclusivo e colaborativo, pessoas de diferentes identidades e culturas se encontram em um espaço para construir algo”.
Os artistas foram forçados a procurar outras fontes de renda. A professora Jéssika Winnie também trabalhava como artista em eventos e baladas antes da pandemia, ela precisou desenvolver outra forma de trabalho para sobreviver, agora trabalha com a arte do macramê, que consiste na técnica de tecelagem manual utilizando nós. “Não teria como se manter como artista”, explica Jéssika. “Todos os artistas tiveram que se rein-
Dupla de artistas performando palhaços.
Banco de Imagens/Morguefile
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Cidades
Após um ano de pandemia, Curitiba homenageia vítimas da Covid-19 A praça Memorial da Saúde é financiada com um recurso de R$ 459.174,75 da Lei Orçamentária Anual Letícia Fortes Molina Morelli 3º Período
Prefeitura de Curitiba / Divulgação
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m homenagem às vítimas da pandemia, a Prefeitura Municipal está construindo a praça Memorial da Saúde em Curitiba, que enfrentou o dia mais letal da pandemia em 23 de março, com um recorde de 45 óbitos diários. Além da iniciativa do poder público, grupos da sociedade civil, como o coletivo curitibano Movimento Levante e o Projeto Inumeráveis, de caráter nacional, também homenagearam vítimas da pandemia. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), a esquina das ruas Cruz Machado e Visconde de Nacar já tinha previsão de obras para integração ao meio urbano. Diante do cenário pandêmico, a SMMA afirma que “a nova praça vem também lembrar que por mais que haja esforços na saúde pública, a prevenção do contágio depende de cada cidadão: é preciso evitar aglomerações, usar máscara e higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool em gel”.
O Memorial da Saúde será decorado com obras do pintor Antônio Maia. do Carmo em São Paulo (SP), em uma praça em Olímpia (SP) e no Cemitério da Penitência no Rio de Janeiro (RJ). Por outro lado, grupos da sociedade civil homenagearam as vítimas da Covid de forma alternativa. Um destes grupos é o Movimento Levante, que criou um memorial utilizando milhares de fitas coloridas, uma para cada vítima, para homenagear aqueles que perderam a vida para a Covid.
A iniciativa da Prefeitura foi recebida com desconfiança por parte da população, que questionou o gasto público em torno de R$500 milhões no projeto de homenagem às vítimas da Covid em plena pandemia, como a professora aposentada Eleni Capparelli. “Nesse momento, muitas pessoas estão precisando de leitos nas UTIs e de cilindros de oxigênio”, afirma Eleni. Ela reconhece a iniciativa da Prefeitura, mas ressalta que o
“O aprender a lidar com a
pandemia deve vir de políticas públicas de assistência social” Entre os cidadãos homenageados, está a técnica de enfermagem Valdirene Aparecida Ferreira dos Santos, primeira profissional de saúde vítima da Covid-19 em Curitiba. Dois painéis terão destaque na praça: um deles desenhado pelo pintor, gravurista e ilustrador brasileiro Antônio Maia e o outro apresentará um poema do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. A construção de monumentos em homenagem às vítimas da pandemia já ocorreu no Parque
A iniciativa ocorreu no prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, em 26 de janeiro, e também deu espaço para que aqueles que perderam entes queridos pudessem prender mensagens ou escrever nas fitas. Apesar de a homenagem do Movimento Levante ter engajado um público mais restrito, composto por estudantes e professores da UFPR, ela foi bem recebida por seu público-alvo, diferentemente da construção da praça Memorial da Saúde. Raquel Portugal - Arquivo nacional da Fiocruz
A testagem em massa é uma política pública essencial para frear a pandemia no Brasil.
momento não é oportuno para a construção do memorial. “Hoje, acredito que a situação exige que os recursos sejam direcionados para a área da saúde e ao combate direto da pandemia”. Para a psicóloga Erilande Diniz de Brito, as homenagens do poder público e da sociedade civil mostram o impacto de uma nova realidade criada pela pandemia, marcada pelo distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel e pelo luto coletivo. A psicóloga prevê algumas mudanças importantes na sociedade no período pós pandemia. “O aprender a lidar com a pandemia deve vir de políticas públicas de assistência social, tanto econômica quanto psicológica, além de iniciativas de socialização organizadas por escolas e igrejas. É preciso fomentar a qualidade de vida do ser humano nas áreas física, mental, emocional e espiritual”. A assessoria de comunicação da SMMA afirma que “não houve comprometimento dos gastos com a saúde, que além de orçamento, possui um fundo anticrise, de R$ 500 milhões, que está sendo usado para enfrentar a pandemia, sobretudo com a abertura de novos leitos”.
Mais de 300 mil memórias Projeto Inumeráveis já contou a história de 40 curitibanos e de milhares de brasileiros Na internet, a equipe do Projeto Inumeráveis também se destacou na construção de um memorial para as vítimas da Covid, principalmente em virtude de sua missão: “não há quem goste de ser número. Gente merece existir em prosa”. As homenagens são construídas a partir de informações concedidas por familiares ou amigos e que, posteriormente, são transformadas por jornalistas e escritores voluntários do projeto em textos tributos. Aos domingos, durante o programa Fantástico, algumas dessas histórias registradas no Memorial Inumeráveis já foram lidas e interpretadas por artistas como Alexandre Nero, Glória Pires e Henri Castelli.
Leia mais Confira entrevista sobre o impacto psicossocial da pandemia portalcomunicare.com.br
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Cidades
Cidades
Moradores de ocupações irregulares sofrem com incertezas em Curitiba Falta de estrutura adequada para prevenção contra o coronavírus, impacto financeiro e ameaças de despejo fazem parte da realidade de muitas famílias na cidade Guilherme Araki 3º Período
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Guilherme Araki
m meio à pandemia, ocupações irregulares seguem registrando crescimento considerável de acordo com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). Segundo o órgão, a capital do Paraná tem cerca de 40 mil famílias instaladas em 453 ocupações espalhadas pela cidade. Tratam-se de moradias onde as famílias não têm título dos lotes e não existe planta aprovada de loteamento. A procura por ocupações pode ser explicada pelo número recorde de desemprego no país. De acordo com o IBGE, a taxa média anual de desemprego em 2020 foi de 13,5% (13,4 milhões de pessoas), o maior desde o início da série histórica em 2012. Porém a incerteza quanto à permanência também é grande. Segundo mapeamento nacional da Campanha Despejo Zero, 6.373 famílias tiveram que deixar suas casas em ocupações irregulares entre março e agosto de 2020. Isso equivale a 34 novas famílias sem moradia por dia.
Moradia no Brasil A necessidade de permanecer em casa e de higiene constante para prevenção contra o coronavírus está fora da realidade de muitas famílias. Ao lado do rio Bacacheri, moradores da Vila Joanita sofrem com enchentes. melhores condições financeiras se sensibilizaram com a nossa causa e abriram o coração com doações e ajuda comunitária, já o governo está deixando a desejar não se importando com a população carente”, completou o morador. Além do racionamento de água, recorrente na cidade de Curi-
“Houve aumento
no número de moradias devido ao desemprego” No dia 17 de dezembro de 2020, foram despejadas cerca de 300 famílias em uma única reintegração de posse na Ocupação Nova Guaporé, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A ocupação estava instalada desde outubro. Após despejo, as famílias foram para outro terreno, no bairro Campo Comprido, nomeado como Nova Guaporé 2. relata Gabriel Martins, morador da Nova Guaporé. “Somos vítimas de comércios e empresas paradas e fechando as portas. Autônomos sofrem por não poder trabalhar. Pessoas com
tiba durante a pandemia, os moradores da Nova Guaporé relatam falta de condições sanitárias para prevenção ao coronavírus. A Cohab admite carência de estrutura em áreas ocupadas recentemente, coisa que, segundo o órgão, não acontece em locais que famílias chegaram há mais tempo, onde o poder público já providenciou a instalação de melhorias. A Vila Joanita, localizada em área de especulação imobiliária no Tarumã, sofre com alagamentos após fortes chuvas. Em janeiro, diversas casas alagaram
e famílias precisaram pedir doações de roupas, colchões e comida. Dona Junia, uma das lideranças da ocupação fala sobre a dificuldade de providenciar uma estrutura necessária: “A gente está lutando desde 2014 para que a prefeitura regularize a gente de alguma forma, mas não acontece. Eles já tentaram de várias formas retirar a gente daqui mas fizemos bastante movimentos por moradia, e foi o que fortaleceu a Vila”. Também no CIC, moradores da área conhecida como “Nova Caiuá”, situada em terreno de propriedade da Prefeitura, sofreram despejo na manhã do dia 7 de dezembro. Cerca de 300 famílias foram comunicadas que teriam 30 minutos para deixar o local e, já do lado de fora, foram dispersados pela Guarda Municipal com balas de borracha, bomba de gás lacrimogênio e spray de pimenta. Eles não puderam retornar para recolher seus pertences. A regularização dessas áreas pode levar anos e até décadas. “O processo de ocupação normalmente é feito de forma desordenada e, por isso, não são cumpridas as normas urbanísticas do município” explica a Cohab. “A regularização permite a absorção destas áreas à cidade formal. Isto requer a aprovação da planta de loteamento e, no final, a titulação dos moradores”, completa o orgão.
Os problemas, já existentes, foram escancarados com a pandemia. Segundo dados da FGV com a Abrainc e o Instituto Trata Brasil, em 2020:
• • • •
24 milhões de pessoas (12% dos brasileiros) não possuem casa adequada. 35 milhões de pessoas (16% da população) não tem abastecimento regular de água. 100 milhões de pessoas (47% da população) não tem coleta de esgoto. 4 milhões de habitantes ainda não tem acesso a banheiro
Guilherme Araki
Leia mais Confira onde estão as ocupações irregulares na cidade de Curitiba. portalcomunicare.com.br
Muitas famílias não têm tratamento de esgoto e abastecimento regular de água.
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Cities
Residents of irregular occupations suffer from uncertainties in Curitiba Lack of adequate structure to prevent coronavirus, financial impact and threats of eviction are part of the reality of many families in the city Guilherme Araki 3º Período
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Guilherme Araki
n the midst of the pandemic, irregular occupations continue to register considerable growth according to the Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). According to the agency, the capital of Paraná has about 40 thousand families installed in 453 occupations spread throughout the city. These are houses where families do not have title to the lots and there is no approved subdivision plan. The demand for irregular occupations can be explained by the record number of unemployed people in the country. According to the IBGE, the average annual unemployment rate in 2020 was 13.5% (13.4 million people), the highest since the beginning of the historical series in 2012. However, uncertainty regarding its continuity is also high. According to the national mapping of the Zero Eviction Campaign,
Housing in Brazil
The need to stay at home and have constant hygiene to prevent coronavirus is out of reach for many families. Beside Bacacheri River, Vila Joanita residents suffer with flooding. unemployment”, reports Gabriel Martins, resident of Nova Guaporé. “We are victims of stalling and shutdowns of businesses. Freelancers suffer from not being able to work. People with better financial conditions were touched by our cause and
“There was an
increase in the number of habitations due to unemployment” 6,373 families had to leave their homes in irregular occupations between March and August 2020. This is equivalent to 34 new homeless families per day.
opened their hearts with donations and community aid, since the government is lacking its care to the needy population ”, added the resident.
On December 17, 2020, about 300 families were evicted in a single repossession action at Ocupação Nova Guaporé, located in the Industrial City of Curitiba (CIC). The occupation had been installed on the site since October. After eviction, the families moved to another plot of land, in the Campo Comprido neighborhood, named Nova Guaporé 2.
In addition to the water rationing, which was recurrent in the city during the pandemic, the residents of Nova Guaporé report an absence of sanitary conditions to prevent the spread of the virus. The Cohab admits a lack of structure in recently occupied areas, something that, according to the agency, does not happen in places that families arrived a long time ago, where the government has already provided for the installation of improvements.
“There was an increase in the number of habitations due to
Vila Joanita, located in a real estate speculation area in Tarumã, suffers from flooding after heavy rains. In January, several houses flooded and families had to ask for donations of clothes, mattresses, and food. Dona Junia, one of the leaders of the occupation, talks about the difficulty of providing a necessary structure: “We have been fighting since 2014 for the city to regularize us in some way, but it doesn’t happen. They have tried in various ways to get us out of here, but we made a lot of movements for housing, and that was what empowered the Vila ”. Also in CIC, residents of the area known as “Nova Caiuá”, located on land owned by the City Hall, were evicted on the morning of December 7. About 300 families were informed that they would have 30 minutes to leave the place and, when already outside, were dispersed by the Municipal Guard with rubber bullets, tear gas bombs and pepper spray. They were unable to return to collect their belongings. The regularization of these areas can take years and even decades. “The occupation process is normally carried out in a disorderly manner and, for this reason, the municipality’s urban standards are not complied with”, explains Cohab. “Regularization allows these areas to be absorbed into the formal city.
The already existing problems were wide open with the pandemic. According to data from FGV with Abrainc and Trata Brasil Institute, in 2020:
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24 million people (12% of Brazilians) do not have adequate housing. 35 million people (16% of the population) do not have a regular water supply. 100 million people (47% of the population) do not have sewage collection. 4 million inhabitants still do not have access to adequate toilets.
Guilherme Araki
Read more Check out where are the irregular occupations in Curitiba portalcomunicare.com.br
Many families do not have sewage treatment and regular water supply
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Política
Jornalistas de Curitiba denunciam ataques de Bolsonaro contra a mídia Com o recorde de 580 ataques à liberdade de imprensa em 2020, Bolsonaro lidera o posto de descredibilização da mídia nacional
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Helene Mendes 3º Período
Entre as agressões estão ofensas virtuais, físicas, censuras, intimidações, ameaças e até assédios judiciais. O Presidente é conhecido pelos seus discursos agressivos e diretos sobre a mídia, a pandemia e a política. Também tem o costume de ameaçar os repórteres que fazem perguntas que o incomodam.
s ataques por parte do governo não são de agora. Os casos vão de censuras indiretas até demissões de cargos no meio da imprensa. Até mesmo os jornalistas curitibanos sofreram perseguições por criticarem a gestão do presidente.
‘‘Sou ser humano, desço o cacete mesmo’’, diz o presidente Jair Bolsonaro ao ser criticado sobre os ataques a imprensa em entrevista do programa Brasil Urgente, da TV Band.
“Sou ser humano, desço o cacete mesmo.”
cidiram que ficariam ao lado do candidato Bolsonaro no segundo turno. Me opus. Não podia aceitar, deixei claro e escrevi sobre no meu blog. O resultado, fui demitido. Segundo eles, não por isso, mas obviamente foi. Não existe ditadura com impressa livre e não existe impressa calada em uma democracia, as duas coisas não andam de mão dadas’’, comenta Galindo.
na tentativa de encobrir tais atuações”, observa Talita.
Para a jornalista e sócia na Zigg Comunicação, Talita Vanso, ataques à imprensa por qualquer tipo de governo é um ato insano e contra todo ser humano que
Apesar de Curitiba ser um dos maiores centros de apoio ao governo, é normal se ver manifestações nas ruas. Em outubro de 2020, grupos ‘antifas’ se reu-
A região Sul é onde se vê mais apoio no país. Com 39% de validação, a metrópole de Curitiba aponta que 42% acreditam que o governo atual é “Bom/Ótimo”, outros 21% disseram ser regular e 35% opinaram como “Ruim/ Péssimo”. Os dados são da pesquisa Ibope/RPC.
José Cruz/Agência Brasil
Jornalistas (FENAJ) divulgou dados sobre as agressões em que 30,17% dos casos foram feitos pelo próprio presidente. Nisso, também estão envolvidos 145 ataques genéricos a veículos de comunicação; 26 casos de injúrias verbais; um caso de intimidação direta a jornalistas; e dois ataques à Fenaj. O jornalista Felippe Aníbal afirma que as rusgas de governantes com a imprensa sempre existiram, mas que atualmente isso foi elevado. ‘‘A gente nunca assistiu a uma demonização da imprensa dessa forma a partir de critério tão subjetivos, como também um presidente com tamanho desapreço pela democracia e pelo papel da imprensa.’’ Aníbal completa dizendo que não se sente surpreso: ‘‘Por tudo que o presidente mostrou ao longo de sua campanha, era natural que ele levasse o tom com relação à imprensa, e que tentasse desqualificar não só o trabalho dos jornalistas, mas como também outras instituições democráticas.’’
Presidente Jair Bolsonaro em uma de suas aparições públicas. Rogerio Galindo, um dos fundadores do jornal Plural, comenta sobre seu caso de demissão à Gazeta do Povo, após opiniões divergentes com o veículo. ‘‘Trabalhei na Gazeta por 18 anos (...) nas eleições de 2018, eles de-
tem o direito à informação. “Sempre que um governo não atua de forma condizente ao seu cargo, é papel da imprensa apurar e informar tais condições. Desta forma, sim, os ataques aos jornalistas sempre existiram
niram na Praça Santos Andrade, convocado nas redes sociais com a #somosdemocracia. O grupo estendeu faixas com as cores dos times da capital e mensagens contra o governo nas escadarias do prédio histórico da UFPR. A Federação Nacional dos
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Na lista de ataques, o primeiro que aparece com maior força é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com 208 discursos de ódio, logo em seguida o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 89, e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 69. Também aparecem outras pessoas relacionadas ao presidente, como os ministros Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Ricardo Salles (Meio Ambiente). Segundo a organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), o comportamento agressivo de Bolsonaro com a imprensa afeta também em um outro estudo. O Brasil caiu cinco posições no ranking mundial da liberdade de imprensa, da 102ª colocação em 2018 para a 107ª em 2020, a pior do país desde que a lista foi criada, em 2002.
Leia mais Mais dados sobre os números totais de ataques que ocorreram: portalcomunicare.com.br
Bolsonaro grita ofensas enquanto segura jornal Folha de S. Paulo.
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Cidades
Entenda as diferenças: Covid-19 x Problemas respiratórios Um ano após o início da pandemia da Covid-19, os alérgicos são os que mais sofrem com as dúvidas dos sintomas Mariana Alves 3° período
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m março, fez um ano desde o primeiro caso de Coronavírus no Paraná e o início das medidas de prevenção contra o vírus. De lá para cá, os pacientes com doenças respiratórias crônicas sofrem pela pandemia e pelas incertezas com relação a seus diversos sintomas, que são similares àqueles já vivenciados por essas pessoas diariamente. Para quem tem algum tipo de problema respiratório, angústia e incerteza passam a ser as piores “companheiras”. Segundo a dentista Carolina Lopes, que sofre com asma e rinite crônica, em diversos momentos a ideia de estar contaminada veio à cabeça. “Tive quase todos os sintomas! Coriza, tosse seca, dor de cabeça e muita falta de ar. Fiz o teste e deu negativo, acredito ter sido uma crise respiratória pois sou asmática. Eu me isolei em casa completamente até sair o resultado do teste e acabar o período de quarentena imposto pelo médico.” A técnica em enfermagem Andreia Machado foi surpreendida com um resultado positivo no exame da Covid-19. Ela alega que os seus sintomas foram muito parecidos com uma reação rinite alérgica e, por conta disso, não desconfiou da possibilidade de estar infectada por Coronavírus.
Pessoas buscam formas mais naturais para aumento da imunidade e combate ao Coronavírus. As rinites infecciosas são causadas por vírus ou por bactérias (diferentes vírus podem causar resfriado, inclusive o coronavírus). No caso específico do SARS-COV2 a pessoa pode apresentar, além dos sintomas de rinite, a redução do olfato, redução do paladar, alteração do olfato, dor de garganta, tosse, dor no corpo, febre, falta de ar. E tudo isso a depender de cada indivíduo! Por essa razão, procure um médico em casos de sintomas. Já as não infecciosas, são os casos mais comum, sendo as alérgicas e a vasomotora. A alérgica é desencadeada por alguma
“O resultado positivo foi uma surpresa, parecia uma rinite.” Em um momento de colapso na saúde, com leitos a 101% de ocupação e pacientes falecendo em filas de espera, é fundamental que saibamos diferenciar os sintomas para evitar idas desnecessárias à emergência e também nos proteger para não infectar outras pessoas.
Saiba diferenciar as doenças Mas como realmente saber se estou com Coronavírus ou apenas com rinite alérgica? Ambas as condições têm sintomas parecidos, como: coriza, tosse e dor de cabeça, mas é possível diferenciá-las, principalmente sabendo do seu histórico pessoal. A médica Fernanda Saito, residente em otorrinolaringologia e linha de frente no combate ao Covid-19 no Hospital das Clínicas, alerta que existem algumas variações de rinite e ambos dependem do desencadeador da crise para ser classificado:
alergia, como ácaros, animais ou pólen. Ela é acompanhada de crise de espirros, coceira no nariz/garganta/ouvidos/olhos. A rinite vasomotora surge quando os vasos sanguíneos do nariz dilatam, sendo ocasionadas por ar seco, odores fortes ou lesões no nariz. Esses casos de rinite não infecciosas não são acompanhadas de sinais sistêmicos como febre, falta de ar, dor no corpo. Por isso, fique atendo aos sinais do seu corpo.
Problemas respiratórios sobem 53% em Curitiba Segundo dados da prefeitura de Curitiba, cerca de 210 mil pessoas faleceram em decorrência de problemas respiratórias, que aumentou cerca de 4.122 para 6.306, na comparação entre 2019 e 2020. Entre as doenças deste tipo, as Causas Indeterminadas e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) explodiram, registrando crescimento de 236,3% e 216,6%.
Cuidados para evitar a rinite alérgica Infelizmente, a rinite ainda não tem cura, mas há formas de previnir as crises alérgicas. Pesquisa e saiba controlar os fatores que possam causar ou agravar as suas crises. Mantenha a casa sempre arejada e evite muitos tapetes. Além de trocar semanalmente o jogo de cama, também passe pano úmido pela ou aspirador. Evite o uso de vassouras ou espanadores na hora da limpeza.
Leia mais Você sabe se tem algum tipo de rinite alérgica? portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Cultura
Festivais paranaenses de cinema continuam em modelo remoto Com o Brasil batendo recordes semanais no número de mortes por COVID-19, boa parte dos 359 festivais e mostras de cinema brasileiros tiveram que se reorganizar para acontecer de forma inteiramente remota neste ano. Isadora Martelli 3º Período
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m 2021, mesmo sem o financiamento necessário, as agências e produtoras conseguiram continuar movimentando o setor através da realização de festivais e mostras de cinema em plataformas virtuais. Estão programados para acontecer remotamente neste ano o 5º Festival de Cinema Independente de Curitiba - Petit Pavé (5 a 11 de abril); 9º ‘’Curta Pinhais’’ - FESTCINE (22 a 30 de abril); 4º Paraná Internacional Films Festival - PIFF 2021 (3 de setembro a 10 de setembro); 10º Olhar de Cinema – (06 a 14 de outubro); 22º Festival Kinoarte de Cinema (8 - 15 de novembro). O prejuízo do setor audiovisual pode chegar a R$ 69,2 bilhões até o final de 2021, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. O setor corresponde a entre 0,5% e 1,5% do PIB brasileiro, possuindo uma arrecadação anual maior do que a da indústria
e mostras de cinema continuem acontecendo nesse momento, pois eles empregam um papel fundamental no tão prejudicado mercado audiovisual brasileiro, por serem a prncipal janela de divulgação e distribuição de filmes. ‘’Infelizmente, o mercado está bem parado nesses últimos anos. A produção nacional depende do financiamento do fundo setorial, que é alimentado
Segundo Jean Bris, organizador e curador do Festival de Cinema Independente de Curitiba - Petit Pavé, é essencial que os festivais
Apesar das vantagens, realizar um festival de forma remota não é uma tarefa simples, principalmente tendo que lidar com a grande probabilidade de acontecer problemas de conexão, lentidão, queda na qualidade de imagem e até suspensão total
“O audiovisual não
parou na pandemia!” pelo próprio audiovisual, porém estamos há dois anos sem editais novos, sem financiamento da Secretaria da Cultura ou da Agência Nacional de Cinema’’. Realizar eventos em ambientes virtuais, além de ser muito mais em conta, ainda permite
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Setor audiovisual emprega mais de 300 mil brasileiros direta ou indiretamente. farmacêutica e automobilística, empregando mais de 300 mil pessoas direta ou indiretamente. Esses números são bastante expressivos e revelam a importância do setor para a cultura e economia do país.
público estrangeiro também. É muito legal poder atingir tantas pessoas!’’, comenta Bris.
alcançar um número maior de público por não existir a limitação da distância geográfica. “O ponto positivo mais forte é o alcance que um festival online consegue proporcionar. Na edição passada foram 478 filmes recebidos, esse ano batemos o recorde com 1.439 inscrições vindas do Brasil inteiro e de outros 60 países. Então, vamos ter um pequeno
do servidor. Mais do que isso, existe um detalhe bem significativo quando se trata de competições cinematográficas: muitos festivais, seja internacional ou nacional, tem como política não aceitar filmes que estão disponíveis ou foram exibidos na internet. O Festival de Cannes é exemplo disso, manteve a restrição mesmo na pandemia. Ainda não existe um horizonte do que irá acontecer com os festivais e mostras após o fim da pandemia, mas será possível que os organizadores adotem um modelo híbrido no futuro? Na visão de Jean, tudo dependerá de como as redes dos principais festivais de cinema irão se posicionar: ‘’A situação da pandemia no Brasil é ainda muito obscura, então eu trabalho com a opção da possibilidade do híbrido para a 6º edição, mas ainda estou refletindo muito se vale a pena, afinal, não podemos tomar uma atitude isolada do resto do mundo, até porque, ninguém vai querer se inscrever em um festival que impossibilite a participação em outros’’. Como bem frisa, Jean: ‘‘O audiovisual não parou na pandemia!’’. São diversos os filmes que foram finalizados durante a quarentena e vários outros que nasceram para contar sobre a experiência da pandemia. Afinal, nos expressar através da arte sempre será uma necessidade.
Leia mais 5 dicas de filmes paranaenses para assistir online e de graça: portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Economia
Escassez de matéria-prima afeta setor industrial brasileiro Empresas estão sofrendo com exportações dos materiais para o exterior e encontram dificuldade para abastecer o mercado interno. Vinicius Bittencourt 3º Período
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setor industrial brasileiro vem sofrendo com falta de matéria-prima desde o início da pandemia no segundo trimestre de 2020, o que gera uma diminuição no ritmo de produção. Empresas estão tendo que lidar com uma desestruturação em suas cadeias de suprimentos e vão encontrando dificuldades para atender a demanda do mercado interno. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), em janeiro de 2021, 48% das empresas da indústria de transformação estavam com dificuldade de expandir suas produções. Ainda foi constatado que, para essas empresas, o principal fator limitativo foi a escassez de matéria-prima, com 20% dos votos. Como consequência dessa escassez, as empresas estão sofrendo, também, com a alta no preço destes materiais. Segun-
Estatística). Além disso, o setor ainda registra, em 12 meses, uma queda de 4,3% em sua produção total.
Problemas do setor produtivo
O empresário Marcos Vieira, gerente de inteligência de mercado da MGM Produtos
do esperado e passou a consumir além da capacidade de reação das indústrias. Assim, a partir do princípio da “oferta x demanda”, produtos chegam ao consumidor final em menor quantidade do que a demanda, e com preços muito superiores aos praticados até então.
“ Indústrias de base
têm encontrado mais lucro ao exportar ” Siderúrgicos S/A, aponta como a falta de materiais afeta o setor produtivo da empresa: “Indústrias de base (produtoras de matéria-prima) têm enconSheva marketing
O alumínio, utilizado em esquadrias, está sofrendo muitos reajustes em seu preço.
do o Sinduscon-SP (Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo), material como o aço teve uma alta acumulada de 45,73% em seu custo na variação dos últimos 12 meses. Enquanto o cimento teve uma alta de 37,5% nesse mesmo período.
trado mais lucro ao exportar, deixando o mercado nacional desabastecido. Isso traz uma grande insegurança ao setor produtivo, que não atinge seu limite na capacidade instalada das indústrias, mesmo havendo demanda de consumo”.
Assim, com a escassez e a alta no preço de matéria-prima , o setor industrial brasileiro teve, em janeiro deste ano, o seu pior desempenho desde abril de 2020, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Marcos ainda comenta que com algumas medidas governamentais de liberação de crédito a baixo custo, redução da taxa de juros (SELIC) e liberação do auxílio emergencial, o mercado tomou um caminho diferente
Impactos econômicos
O economista José Adamo Belato Júnior aponta quais são os principais impactos econômicos que a escassez e alta no preço de matéria-prima causam nas indústrias: “Os principais impactos são a perda de competitividade, de lucratividade e atratividade. Isso porque, em geral, as altas da matéria-prima têm de ser repassadas no preço de venda dos produtos e deve-se achar um meio termo entre quanto repassar ao cliente e o quanto absorver dos aumentos”. Ele ainda coloca que a grande questão é quando o produto perde atratividade, ou seja, fica com preços mais elevados do que a percepção de valor que o consumidor enxerga nele. José Adamo completa dizendo que, devido ao fato da pandemia estar em sua pior fase, é esperado que as indústrias ainda tenham incertezas em aumentar sua capacidade produtiva e que não há perspectiva de aumento de oferta de materiais. Porém, com o aumento da Selic (2,75% no último Copom) e com a menor capacidade do governo de injetar dinheiro na economia, é provável que o cenário seja estabilizado pela ponta da demanda, ou seja, diminuição do consumo.
Indústria de Curitiba
A escassez e a alta nos preços de matéria-prima também estão afetando indústrias de Curitiba. O proprietário da Acx Industrial, Bruno Cesar Xavier revela que a empresa, que trabalha com projetos, está sofrendo com o maior tempo de entrega dos materiais e com reajustes no preço do aço nos últimos doze meses, que é seu principal material. Ele também comenta como a alta no preço dos materiais impacta no valor que é encaminhado ao cliente. “Apenas o valor dos projetos novos são influenciados pelos reajustes. Os já fechados, eu não consigo mudar, pois já tenho a ordem de compra do cliente. Além disso, eles têm um tempo de 5 a 8 meses. Projetos que fechei em abril, finalizei em dezembro. Precisei absorver os reajustes”.
Indústria de alimentos Título curto mantém alta do Espaçamentoainterno de setor em 2021 4pts. non re ea dolendit, num Produção alimentícia reperiat adit omnisUciis subiu 3,1 % em janeiro deste ano em comparação a dezembro de 2020. Assim, segundo o IBGE, foi a principal responsável por evitar a primeira queda da indústria desde abril do ano passado. Outros segmentos da indústria que contribuíram para o total de produção: indústrias extrativas (1,5%), de produtos diversos (14,9%), de celulose, papel e produtos de papel (4,4%), de veículos automotores, reboques e carrocerias
Sheva marketing
(1,0%) e de móveis (3,6%). Em contrapartida, a metalurgia teve uma queda de 13,9 % neste período.
Veja mais Veja a entrevista com Wladimir Segantini, em que comenta sobre a atual situação das empresas industriais portalcomunicare.com.br
Confecção de esquadrias de aço, matéria-prima que teve uma alta considerável em seu custo nos últimos 12 meses
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Curitiba, 15 de Maio de 2021
Ensaio
105 anos do encerramento da violenta Guerra do Contestado Essa guerra transformou a região disputada por Santa Catarina e Paraná no palco do conflito mais sangrento do século XX no Brasil. A maioria dos habitantes da localidade eram colonos desapropriados e trabalhadores desempregados após o fim da construção da ferrovia Brazil Railway. Diante dessa crise social, surgiu um dos principais líderes dos sertanejos: José Maria. O monge ganhou popularidade por contestar o autoritarismo da ordem republicana e pregou a comunhão espiritual. O término da Guerra veio em 1916. Boa parte da memória visual do conflito se deve ao sueco Claro Gustavo Jansson, um dos fotógrafos pioneiros do país. Residiu grande parte da sua vida na cidade da Lapa no Paraná e faleceu em Curitiba em 1954.
Camponeses tiveram suas terras desapropriadas para a exploração madeireira e construção da estrada de ferro Brasil Railway.
A Guerra foi palco de experimentações do exército: foi no Contestado que ocorreu o uso pioneiro de aviação militar na América do Sul.
Isadora Borsoi Martelli Foto de acervo: Claro Gustavo Jansson
Estátua do monge José Maria, alguns moradores da região ainda seguem fiéis a personalidade . Museu do Contestado, Caçador - SC.
Área pertecente a disputa territorial entre o Paraná e Santa Catarina.
Os sertanejos tiveram como foco a luta em oposição ao Coronelismo, à concentração fundiária e exploração de empresas estrangeiras.