Cultura
Leis de incentivo à cultura mantiveram o setor ativo em Curitiba mesmo durante a pandemia. Página 06
Política
Projeto de Lei “Mesa Solídária”, que regulamenta doação de alimentos, é debatido em Audiência Pública. Página 07
Cidades
Desafios da pandemia e crescimento da desigualdade social modificam o trabalho de ONGs em Curitiba. Página 09
Curitiba, 31 de Maio de 2021 - Ano 25 - Número 329 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Há um ano sem família A year without family
Como medida de prevenção à Covid-19, as unidades socieducativas do Paraná proibiram visitas há um ano. Sem previsão para retorno, diferente de outros estados que permitem visitantes, os jovens mantém contato físico apenas com os profissionais das unidades.
Jovens infratores do Cense Paraná não recebem visitas de familiares há um ano , mantendo contato apenas por vídeochamada
Cidades| pag.04
Paraná vacina pouco M
enos da metade dos paranaenses que fazem parte do grupo de risco foram vacinados no estado. Os números que podem apontar possível atraso na campanha de vacinação são motivados por diversos fatores preocupantes. Dentre eles, a falta de vacinas e a demora entre a primeira e a segunda dose, mostram uma gestão ineficiente. O Plano Estadual de Vacinação, que teve modificações em janeiro deste ano, passou a englobar cerca de 4,8 milhões de paranaenses. Até abril, apenas 1,9 milhões dos que integram esse grupo tomaram a primeira dose.
Sobrecarga Psicológica
Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Enquanto as doses não chegam, trabalhadores que são expostos diariamente relatam sobre a sensação de insegurança. Mesmo em locais de trabalho que tomam todas as medidas exigidas, alguns funcionários tomam precauções extras por conta própria. A expectativa é de que até o fim de maio todo o grupo de risco seja vacinado. Porém, com o retorno de atividades presenciais como as da educação, por exemplo, mantém o ar de receio dessa população.
Saúde| pag.03
Com lentidão, grupos prioritários são vacinados no estado.
Dentre os inúmeros impactos em decorrência da pandemia, os curitibanos precisam lidar com as doenças psicológicas acentuadas pelo isolamento social. Em 2020, a empresa DBM Contact Center,
que atua com plataformas de relacionamento ao cliente, informou ao portal Bem Paraná que cresceu em 16% o número de atestados relacionados a problemas psicológicos. Saúde | pag.10
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Editorial
Não existe democracia sem participação política E
nquanto a fome e a pandemia ampliam-se gravemente em Curitiba, o Prefeito Rafael Greca (DEM) tentou passar o Projeto de Lei (PL) “Programa Mesa Solidária”, de sua autoria, sob Regime de Urgência na Câmara Municipal. Nesse tipo de tramitação, o texto que dentre seus assuntos regulamenta a distribuição de comida para pessoas em situação de rua dispensaria prazos e formalidades regimentais.
da Sociedade Civil e através de Ofício da Defensoria Pública, a PL agora tramita em regime normal e teve sua primeira Audiência Pública no dia 22 de abril. Dessa forma, poderá ser discutido abertamente por todas as partes interessadas. Mas o tema do Projeto de Lei “Programa Mesa Solidária” é apenas um dos inúmeros que são votados e discutidos diariamente na Câmara Municipal, sem interferência ou interesse da sociedade. A falta de participação política da comunidade em questões que regulamentam o interesse público é um legado que o Brasil ainda perpetua.
A iniciativa, que a princípio parecia ser boa, levantou questionamentos sobre a sua real finalidade. A pressa para aprovação do Projeto sem debate social prévio aumentou a preocupação acerca de uma possível burocratização, desnecessária, de ações que beneficiam uma parcela extremamente vulnerável da população.
Segundo a Constituição Federal de 1988, é dever do cidadão fiscalizar e cobrar seus representantes, como também é direito do mesmo participar de debates públicos, dialogando e defendendo seus interesses. Porém,
Com a movimentação de grupos
Coluna Voz da Comunidade A
pandemia da Covid-19 tem refletido cada vez mais na vulnerabilidade das comunidades indígenas. Segundo o informe epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, o Paraná registrou um total de 2.337 novos casos confirmados entre povos indígenas pertencentes a 26 etnias diferentes. O prejuízo causado pelo vírus tem impactado profundamente esta população, tanto no âmbito econômico quanto no cultural.
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES
Além de terem sua fonte de renda diminuída drasticamente neste período, a comunidade se encontra no momento em isolamento social e com as portas da aldeia fechadas para visitas. Isso fez com que estes indígenas fossem impossibilitados de realizar suas festas e tradições culturais, com intuito de evitar aglomerações, dificultando ainda mais a luta para preservar sua cultura no ambiente urbano. Fica explícita a fragilidade desta comunidade, o cenário atual veio como forma de descortinar as dificuldades sofridas por estes povos, que muitas vezes são desassistidos pelo poder público e pela população curitibana como um todo.
Edição 329 - 2021 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
Fechamento
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
Bruna Cominetti Helene Mendes Maria Eduarda Souza Vanessa Guimarães
TRADUÇÃO
Dessa forma, com o diálogo em comunidade, é viável suscitar discussões éticas e racionais. Tirar os interesses particulares das entrelinhas e dar espaço para que se cumpra, efetivamente, uma democracia.
Bruna Cominetti
Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Estar atento ao plano de governo de seus canditados já no processo eleitoral. Acompanhar as propostas debatidas na Câmara Municipal. Cobrar posicionamento de políticos frente a debates de seu interesse. Ou até mais simples do que isso: reparar a realidade do seu bairro, da sua rua. Procurar e consumir informações de fontes com credibilidade.
Comunitiras
Estudantes 3º Período de Jornalismo
Rafael Andrade
Helene Mendes
FOTO DA CAPA COORDENADORA EDITORIAL Secretaria da Família e Desenvolvimento Social Suyanne Tolentino De Souza
O poder do povo sempre foi um desencadeador de mudanças ao longo da história. E assim como Jean Jac-Roussau previu, o cidadão consciente de seu lugar na sociedade, deve agir sempre em favor do interesse comum. Só assim seria possível coexistir em comunidade de forma justa e igualitária.
COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ângela Leitão
Suyanne Tolentino De Souza
É notável que o caminho até uma democracia plena é arduo e longo. O cenário político tão polarizado também não estimula. Mas é importantíssimo que se entenda o poder que a participação política exerce. Sem ela, as legislações se enfraquecem, perdem eficácia, e são facilmente manipuladas por interesses particulares.
Dessa forma, é fundamental que nos eduquemos enquanto cidadãos. Pois mesmo que seja necessário o exercício constante, é possível começar por pequenos passos.
cada vez mais difícil encontrar pessoas que contribuam com a aldeia de alguma forma.
No bairro Campo de Santana em Curitiba, a aldeia urbana Kakané Porã vem sofrendo as consequências da pandemia, são 139 indígenas que vivem neste território, das etnias guarani, caingangues e xetá. Neste momento, a comunidade tem lutado para se manter, já que muitos perderam seus empregos e artesãos ficaram sem ter onde comercializar seus artesanatos. O pior é que parece que a situação no local não tem recebido a atenção e ajuda necessária, moradores relatam terem coletado doações no início da pandemia, mas que no decorrer se tornou
Expediente
ainda que conste no texto da lei, a participação social na política ainda é pequena e pouco incentivada.
Reportagem
Bruna Cominetti Eduardo Veiga Georgia Giacomazzi Giulia Militelo Guilherme Araki Henrique Mokezenski
Maria Eduarda Cassins Paula Braga Goveia Vinicius Bittencourt
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Cidades
Somente 40% do grupo prioritário se vacinou no Paraná até maio Após quatro meses do início da vacinação contra a Covid-19, Curitiba vacinou 396,277 pessoas. Georgia Giacomazzi Giulia Militelo Milena Chezanoski 3º Período
Depositphotos
D
os mais de 4 milhões de paranaenses que englobam os grupos prioritários na vacinação da Covid-19, somente 1,9 milhões tomaram pelo menos a 1ª dose da vacina até o final de abril. Estes dados apontam um possível atraso no cronograma nacional, no qual esses grupos deveriam estar imunizados até maio deste ano. Dentre os possíveis fatores que levam ao atual cenário, especialistas apontam a má gestão e o atraso de doses da vacina. Alguns dos grupos prioritários incluem trabalhadores de vários setores, os quais estão aguardando a chegada do imunizante com insegurança. O Plano Estadual de Vacinação foi divulgado pela Secretaria de Saúde do Paraná em janeiro deste ano. O documento coloca
O número de pessoas que receberam as duas doses da vacina chega em um pouco mais de 1 milhão. O ritmo lento da imunização desses grupos é colocado por especialistas como um erro de planejamento por parte do governo federal. De acordo com
em vista o quão alarmante está a situação atual, a cobradora do transporte coletivo de Araucária, região metropolitana da capital, Solange Moraes, está
“Estamos nos protegendo e se
cuidando, mas é bem complicado” como grupos prioritários a receber a vacina da Covid-19 aqueles que estão submetidos à exposição, com uma maior chance de infecções. Estão incluídos idosos, indígenas, trabalhadores da saúde e pessoas com mais de 60 anos, moradores de rua, pessoas com comorbidades, pessoas com deficiência, quilombolas, população privada de liberdade e trabalhadores de setores que são expostos à comunidade, como educadores, caminhoneiros, transporte coletivo entre outros trabalhadores. Recentemente foram incluídos trabalhadores de transportes aquaviários, trabalhadores industriais e forças armadas. Totalizando o número atual de mais de 4,8 milhões de paranaenses. Porém, até o final de abril não foi aplicada a primeira dose em todos os idosos no estado.
o médico Gilberto Berguio Martin, especialista em Planejamento de Sistemas de Saúde e Saúde Pública, a demora em adquirir doses foi crucial no cenário que o estado vive hoje. “Agora a gente tem uma dificuldade muito grande para conseguir a quantidade de vacinas que precisa.” Martin também aponta a dificuldade existente na elaboração de um plano de vacinação eficiente, principalmente com o déficit de vacinas. “Quando você tem uma demanda maior que a oferta, é muito difícil estabelecer um critério ‘justo’ e que agrade a todos”.
Trabalhadores se expõem aguardando a vacina Curitiba já teve que paralisar a vacinação por falta de doses em fevereiro, as quais são enviadas pelo Ministério da Saúde. Tendo
aguardando a vacina com grande expectativa. Mesmo assim, a trabalhadora admite que apesar dos procedimentos adotados dentro do local de trabalho, a insegurança existe. “Estamos nos protegendo e se cuidando, mas é bem complicado.” Além disso, Solange relata que a empresa Viação Tindiquera, que administra a frota de ônibus urbano da cidade de Araucária, conta com a disponibilização de luvas e máscaras para os funcionários. Também é proibida a entrada de qualquer passageiro que não estiver utilizando máscara de proteção, tanto no terminal quanto dentro do transporte público. Outra situação comum é de alguns trabalhadores que adotam medidas de prevenção mais do que o solicitado pela empresa que trabalham. É o caso da pro-
Médicos receitam Kit Covid Pesquisa realizada no Reino Unido com 4.500 pacientes hospitalizados mostrou que a hidroxicloroquina e azitromicina não trouxeram benefícios
O
consumo do Kit Covid no Brasil pode ser resumido como a utilização de medicamentos sem eficácia comprovada que estão sendo usados no tratamento ou até mesmo prevenção da Covid-19. Entretanto, esses medicamentos, como a Hidroxicloroquina e a Ivermectina, causam efeitos colaterais quando usados de forma excessiva e diferente da indicação da bula. O próprio laboratório da Ivermectina, a Merk (MSD), emitiu uma nota sore a ineficácia do produto para este tratamento. “Até o
momento, nossa análise não identificou nenhuma base científica para um efeito terapêutico potencial contra Covid-19 de estudos pré-clínicos”. Tendo como base estudos como esses, o médico Gilberto Berguio, especialista em Planejamento de Sistemas de Saúde e Saúde Pública, afirma que “fora a vacina, não existe nenhum tipo de tratamento que previne, ou que mude o curso da doença.” Mesmo assim, estes medicamentos são prescritos em alguns casos. O
especialista esclarece que, de acordo com o código de ética médico, os profissionais têm autonomia de prescrever medicamentos off label (tratamento sem seguir necessariamente a bula de cada medicamento). “Não cabe aos outros (médicos) julgarem, quem tem que julgar e estar consciente é o paciente.” Ele salienta para que a população se informe através de artigos científicos, e que procurem entender o estudo antes de fazer o uso precoce de medicamentos.
fessora universitária Aline Fernanda da Silva, que atua em dois câmpus da escola de negócios de uma faculdade particular. A professora conta que não divide mais carona com colegas, por mais que aumente os custos de locomoção. Visto que um campus é na região metropolitana e o trajeto dura uma hora. Aline também relata que os procedimentos são seguidos corretamente na faculdade, mas, por segurança, prefere fazer o lanche que leva de casa no próprio carro. A sala dos professores também não é mais a mesma, com várias restrições e demarcações diminuindo o momento de interação. “Era o momento em que trocamos ‘figurinhas’ sobre o aprendizado e a rotina, um momento muito caro para nós professores.” A respeito da vacina, a professora alega estar ansiosa para receber o imunizante. “Minha expectativa é imensa para receber a vacina.” Mas confessa ter um receio no momento sobre os alunos e sua família, que a princípio não estão inseridos no grupo prioritário. “Nós professores também somos vetores, pois damos aulas para grupos diferentes durante a semana”. Inicialmente, o prazo para a vacinação de todos os grupos prioritários era até dia 31 de maio. Porém, com o cenário atual, trabalhadores como Solange estão estipulados para julho. A exposição é o que preocupa a classe, que no início de abril foi às ruas para serem priorizados no plano, porém ainda não foi alterada a ordem de vacinação do setor. A vacinação dos professores já começou no Paraná com a chegada do primeiro lote nessa terça-feira, com o retorno das aulas presenciais na rede estadual.
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Cidades
Jovens infratores dos Cense-PR estão há um ano sem encontrar familiares Diferente de outros estados, visitas às unidades socioeducativas paranaenses foram excluídas por conta da Covid-19 e não retornam desde março do ano passado. Eduardo Veiga Nogueira 3º Período
J
Ministério Público do Paraná
ovens residentes nos Centros de Socioeducação (Cense) do Paraná não têm contato presencial com suas famílias há cerca de um ano. As visitas se encerraram a partir das ações de contenção da Covid-19, iniciadas em março de 2020. Diferente de outros estados, que permitem encontros familiares restritos, no Paraná os adolescentes vêem os pais apenas por videochamadas. Eles têm contato apenas com profissionais das unidades socioeducativas, que se revezam em trabalho presencial e teletrabalho. O Departamento de Atendimento Socioeducativo (Dease) do estado atende jovens infratores, em regime de internação, semiliberdade ou internação provisória. Os Censes são exclusivos para adolescentes internados. Segundo informações da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, a maioria dos jovens das Casas de Semiliberdade foram liberados para cumprir a medida socioeducativa em casa, durante a pandemia. A direção concluiu que manter os jovens nos Censes seria uma garantia de segurança para os jovens e para sua família, segundo o chefe do Dease, Coronel David Pancotti. “A segurança da não visitação ao adolescente é a segurança do adolescente”, diz Pancotti, que reconhece
Além das visitas, também foram interrompidos projetos como o Programa Estadual de Aprendizagem e o Projeto de Karatê prefere não se identificar, muitos jovens poderiam não estar isolados dos pais neste período, pois cumprem medidas que poderiam ser executadas em meio aberto. A servidora destaca que atende “muitos adolescentes apreendidos por tráfico. Apesar da gravidade do delito para o adulto, para o adolescente ele não tem o mesmo peso, já que não representa uma ameaça à
unidades, como refrigerante e chocolate. Segundo a psicóloga, isso gera um grande impacto negativo nos jovens, pois representa o que eles chamam de “lembranças da liberdade”. Quanto ao aprendizado dos adolescentes, a professora do Cense Curitiba Márcia Mocellin, que teve Covid-19, afirma que, diferente de estudantes que moram
“Nas chamadas de vídeo, eles se
emocionam quando vêem a casa deles” haver maior risco com a circulação diário dos servidores nas unidades socioeducativas. Ele afirma que os casos de Covid-19 registrados nos Censes ocorrem devido a novas internações. No ano passado, 1215 adolescentes foram atendidos em meio fechado - 46% do total de medidas socioeducativas aplicadas. Até a conclusão desta reportagem, a Divisão de Saúde do Dease contabiliza 178 servidores e 21 jovens contaminados pela Covid-19. Nenhuma morte foi registrada. O único contato dos adolescentes com familiares é através de videochamadas realizadas junto aos profissionais de assistência social e atendimento psicológico das unidades. O Dease não cogitou a possibilidade de retorno das visitas ao longo do ano. Em estados como Rio de Janeiro, por exemplo, são permitidas visitas dos pais com agendamento prévio, duração reduzida e limitação de um responsável por visita, entre outros. Na opinião de uma psicóloga da socioeducação do Paraná, que
vida”. Para ela, a privação de liberdade é uma medida que se justifica em casos de riscos reais, situações que não configuram “a maioria dos jovens do Cense” em que trabalha. A cartilha que orienta a atuação do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), explicita que a privação de liberdade deve existir apenas em “casos de grave ameaça ou violência à pessoa; de reiteração no cometimento de infrações graves; ou de descumprimento da medida proposta anteriormente”. “A dor pela apreensão é muito grande. A saudade da família é muito grande, mesmo com as visitas. Agora, nas chamadas de vídeo, eles se emocionam quando vêem a casa deles”, relata a psicóloga, reforçando o aumento da ansiedade dos jovens neste período. Com a exclusão das visitas familiares, os adolescentes dos Censes também deixaram de receber alimentos de fora das
com seus pais, jovens internados nos Censes não podem contar com o auxílio de familiares. Para ela, “se já tinha um buraco nessa aprendizagem, ele continua ou aumenta ainda mais” com as medidas de contenção da pandemia estabelecidas nos Censes. Márcia ainda pontua que os jovens se tornaram mais próximos dos servidores dos Censes com a exclusão das visitas. “Não só no sistema socioeducativo, mas na vida das pessoas, quando alguém se ausenta, outra pessoa aparece e vai ocupando espaços”, conclui a professora. Os adolescentes que cumprem medidas em meio fechado estão em penúltimo lugar na fila de prioridade para a vacinação contra a Covid-19 no estado. O Plano Nacional de Imunização diz que a vacina é contraindicada a menores de 18 anos, parcela que corresponde a 92% dos jovens atendidos pela socioeducação do Paraná no ano passado, de acordo com o Fundo Estadual para Infância e Adolescência (FIA). Familiares dos adolescentes não possuem prioridade na vacinação.
Instabilidade nas aulas da socieducação. Desde março de 2020, o sistema de aulas dos jovens internados nos Censes sofre adaptações. As informações são da coordenadora da Divisão de Formação Educacional e Profissional do Dease, Andréa de Lima Kravetz. As aulas nos Censes foram interrompidas em março. Diferentemente da rede pública de ensino do estado, nos Censes as atividades eram enviadas pelos professores e repassadas pelo pedagogo da unidade. Não houve aula virtual até maio. Em junho, alguns Censes receberam salas de informática e internet, permitindo que professores fizessem atendimentos simultâneos. A partir de outubro, os jovens puderam conversar com os professores, presencialmente, uma vez por semana. Os encontros foram encerrados em dezembro. Desde então, os adolescentes voltaram ao sistema posto em junho. Retornando as aulas presenciais da rede pública de ensino, o mesmo deve acontecer nos Censes.
Leia mais Entenda como funciona a socioeducação no Paraná. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Cities
Juvenile offenders from Cense-PR haven’t seen their families for a year Unlike other states, visits to Paraná socioeducational units were suspended because of Covid-19 and haven’t returned since last March of last year. Eduardo Veiga Nogueira 3º Período
Y
Ministério Público do Paraná
oungsters that live in Paraná Socioeducational Centers have had no face-to-face contact with their families for about a year. Visits were closed due Covid-19’s containment actions, which began in March 2020. Unlike other states, that allow restricted family meetings, in Paraná teenagers only see their parents through video calls. These teens are only in contact with professionals from the socioeducational units, who take turns in face-to-face work and telecommuting. The State’s Department of Socio-Educational Assistance (Dease) serves young offenders, in a regime of internment, semi-freedom, or provisional internment.The Cences are exclusive for adolescents in internment. According to information from the Secretariat of Justice, Family, and Labor, most of the youths in the Semiliberty Houses were released to serve their socio-educational measure at home during the pandemic. The directorate concluded that keeping the youths in the Censes would be a guarantee of safety for the teens and their families, according to the head of Dease, Colonel David Pancotti. “The safety of not visiting the adolescent is the safety of the adolescent,” says Pancotti, who recognizes that there is a greater risk with the daily circulation
Besides visiting, other programs such as the State Learning Project and the Karate Project were also suspended. many youths could be isolated from their parents during this period, since they are serving measures that could be carried out in an open environment. The social worker emphasizes that she attends “many adolescents apprehended for drug trafficking. Despite the gravity of the crime for an adult, for an adolescent it doesn’t have the same weight, since it doesn’t
stopped receiving food from outside the units, such as soda and chocolate. According to the psychologist, this has a great negative impact on the youngsters, since it represents what they call “freedom memories’’.
represent a threat to life. For her, deprivation of liberty is a measure that is justified in cases of real risk, situations that do not configure “the majority of the youths at Cense” where she works.
students who live with their parents, young people interned in Censes cannot count on the help of family members. For her, “if there was already a lack of learning, it continues or increases even more” with the pandemic containment measures established in the Censes. Márcia also points out that the youngsters have become closer to the staff of the Censes with the exclusion of visits. “Not only in the juvenile system, but in people’s lives, when someone is absent, someone else appears and takes over their place,” she concludes.
As for the adolescents’ learning, Márcia Mocellin, a teacher at Cense Curitiba, who had Covid-19, says that, unlike
“They get emotional seeing their houses through video calls”
of personnel in the juvenile detention centers. The Colonel affirms that the Covid-19 cases registered in the Censes occur due to new internments. Last year, 1215 adolescents were served in a closed environment - 46% of the total of socioeducational measures applied. As of the writing of this report, the Dease Health Division has counted 178 servers and 21 youths infected by Covid-19. No deaths were registered. The adolescents’ only contact with their families is through video calls made with the social assistance and psychological care professionals at the units. Dease has not considered the possibility of returning visits throughout the year. In states such as Rio de Janeiro, for example, parental visits are allowed with prior scheduling, reduced duration, and limitation of one guardian per visit, among others. In the opinion of a social-education psychologist from Paraná, who prefers not to be identified,
The booklet that guides the actions of the Court of Justice of the State of Paraná, in accordance with the Statute of the Child and Adolescent (ECA) and the National System of Socio-Educational Care (Sinase), explains that the deprivation of liberty should only exist in “cases of serious threat or violence to the person; repetition in the commission of serious offenses; or non-compliance with the measure previously proposed”. “ The pain of arresting is wide. Missing the family is overwhelming, even with the visits. Now, in the video calls, they get emotional when they see their houses”, reports the psychologist, reinforcing the increase of anxiety cases within the youngsters in this period. With the exclusion of family visits, the adolescents at Censes also
Adolescents serving measures in a closed environment are in second to last place in the priority rank for vaccination against Covid-19 in the state. The National Immunization Plan states that the vaccine is not recommended for people under 18 years old, which corresponds to 92% of the youth served by social-education in Paraná last year, according to the State Fund for Childhood and Adolescence (FIA). Adolescents’ family members do not
have priority in the vaccination.
Instability in Socieducation Classes. Since march 2020, the system of classes for youths interned in the Censes is undergoing adaptations. The information is from the coordinator of the Educational and Professional Training Division of Dease. Classes at the Censes were interrupted in March. Unlike the public school system in the state, in the Censes the activities were sent by the teachers and passed on by the unit’s pedagogue. There were no virtual classes until May. In June, some Censes were equipped with computer and internet rooms, allowing teachers to attend simultaneously. Since last October the youngsters could talk to the teachers in person once a week, bu the meetings ended in December. Since then, the teenagers returned to the system in June. When they return to classes in the public school system, the same should happen in the Censes.
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Cultura
Leis de incentivo ajudam a preservar o setor cultural da capital paranaense Projetos para incentivar a cultura local foram essenciais para a conservação do Patrimônio Cultural de Curitiba diante da crise pandêmica atual. Paula Braga Goveia 3º Período
A
Lei Municipal de Incentivo à Cultura, vigente desde 1993 em Curitiba, é uma das principais ferramentas para manter a atividade cultural da cidade funcionando durante o período de pandemia. Sem projetos como o Programa de Apoio e Incentivo à Cultura (PAIC), os produtores locais teriam que procurar outras esferas, como contribuições federais ou de empresas privadas, o que dificultaria o acontecimento das atividades culturais e o trabalho desses profissionais. Por meio de nota, a Assessoria de Imprensa da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) divulgou que foram liberados R$3 milhões para a área da cultura somente neste mês de março. O prefeito em exercício, Rafael Greca, reforçou em entrevista publicada no site da prefeitura que, desde o início da pandemia, os esfor-
YouTube só foi possível pela Lei de Incentivo da Prefeitura e Fundação Cultural de Curitiba, segundo o organizador e produtor cultural Kenni Rogers. “A existência destes mecanismos é positiva, claro. Que bom que existem. Mas não é o suficiente, pois há muitos artistas e diversas expressões na cidade.
“A existência destes
mecanismos é positiva. Masnão é o suficiente” O montante do dinheiro para a cultura é longe do cenário ideal. É bem distante de um cenário que seria normal.” Cido Marques/FCC
Fundação Cultural de Curitiba ços para manter a cultura local ativa estão sendo redobrados: “Neste momento de dificuldades tão grandes, vamos continuar a apoiar e valorizar nossos artistas de todas as áreas”. Um dos projetos em desenvolvimento pelas Leis de Incentivo à Cultura é o projeto Mostra Literatura Paraná, que aconteceu nas comunidades de Curitiba em abril. O objetivo foi atrair jovens para a leitura através de diferentes manifestações. O evento transmitido pelo o
Grande parte das programações culturais de Curitiba estão acontecendo de forma remota. O músico e produtor musical Renan Louie confirma que o foco nos editais da Fundação Cultural de Curitiba favoreceu sua permanência profissional neste momento de precariedade.
Existem dois meios para acesso às verbas destinadas à cultura. Um deles é via Lei de Incentivo, baseada na renúncia fiscal pela Prefeitura de Curitiba de até 2% da arrecadação de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto Sobre Serviços), destinada para o setor cultural. Outra forma é através dos editais da Fundação Cultural, que conta com o Fundo Municipal de Cultura para apoiar os trabalhadores da área e projetos que recebem de forma automática o subsídio do Governo Municipal.
Ele também diz que a tecnologia contribuiu bastante para a continuação e divulgação dos seus trabalhos. “Sem dúvidas, o sistema virtual salvou a cultura local, os dois jeitos que eu consegui continuar na música são de maneira virtual”. Um dos maiores eventos de 2021 bancados pela Prefeitura de Curitiba foi a 38º Oficina de Música de Curitiba, realizada com a ajuda de apoiadores. A programação disponibiliza virtualmente palestras sobre a saúde dos músicos, empreendedorismo musical e técnicas para instrumento, entre outros. A edição deste ano possibilitou uma abrangência maior de temas vinculados a música que nos cursos presenciais não era possível, segundo a coordenadora geral da Oficina de Música, Janete Andrade. “Essa oportunidade é única.” Os conteúdos ficam disponíveis para assistir com tranquilidade até junho”. O programa Curitiba Lê, de incentivo à leitura da FCC, disponibiliza 239 obras para serem baixadas pelos leitores. A Biblioteca Pública do Paraná lançou uma coleção digitalizada com mais de 40 títulos. A Coordenação de Literatura da Fundação também conta com o sistema virtual para promover rodas de leitura e lives com os escritores. Lubos Houska
Apoio à Cultura As áreas culturais definidas pelo Patrimônio Cultural de Curitiba são Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música, Teatro e Circo podem ser beneficiadas através dos projetos da Fundação Cultural. Entenda as formas de apoiar e conheça dois desses projetos: 1. Lei Rouanet - Lei Federal de Apoio à Cultura por meio de incentivo fiscal Aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas de natureza cultural, como através de contribuições ao FNC. 2. Lei Municipal Incentivo à Cultura São frutos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura centenas de produções que valorizam e representam a história e as tradições do município.
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Crescimento do incentivo à culutra através da leitura
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Curitiba, 31 de Maio de 2021
Política
Audiência Pública Discute PL sobre Distribuição de Marmitas em Curitiba Em meio a polêmicas, o Projeto de Lei Mesa Solidária é discutido em primeira sessão aberta na Câmara Municipal de Curitiba. Bruna Cominetti Guilherme Araki Vinicius Bittencourt 3º Período
N
Guilherme Araki
o dia 22 de abril ocorreu, na Câmara Municipal de Curitiba, uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei que institui o Programa Mesa Solidária, proposto pelo Prefeito Rafael Greca. A proposta regulamenta a doação e distribuição de alimentos, as “marmitas”, dentro do município. Entre seus artigos polêmicos, o Projeto de Lei (PL) impõe a necessidade de que todas as organizações que distribuem alimentos para essa população mais vulnerável, somente o fizessem dentro de ambientes autorizados, como o da Mesa Solidária. Para isso, seria necessário um cadastro prévio junto à Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN). Então, o Poder Público ficaria responsável por fornecer uma autorização, que sempre poderá ser solicitada por autoridade competente. Com a repercussão e polêmica sobre o texto protocolado por Greca, a audiência aconteceu após solicitação por ofício da Defensoria Pública do Estado do Paraná. No pedido encaminhado à Presidência da Câmara, defensores e promotores públicos solicitaram que o Projeto de Lei não tramitasse sob regime de urgência, visto que deveria ser amplamente debatido dentro do interesse público. A preocupação em torno da proposta se dá pela falta de garantia de que o Poder Público conseguirá suprir a necessidade crescente dessa população marginalizada, agravada pelo momento delicado da crise sanitária. É o que afirma Leonildo Monteiro, membro e coordenador do Movimento Nacional da População de Rua em Curitiba. “Essas ações de solidariedade
Distribuição de marmitas realizadas pelo Marmitas da Terra do MST. nas praças e em outros espaços significam a garantia de uma alimentação para todos. Isso acontece porque a gestão de Rafael Greca não tem hoje uma política efetiva de alimentação voltada para a população em situação de rua”, complementa.
a população em situação de rua. “Se o PL for aprovado, será um retrocesso”, avalia. Na audiência pública, o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional, Luiz Gusi, representante do poder executivo, defendeu o projeto. Segundo ele,
podem gerar uma burocratização desnecessária. Para o advogado, além de acontecer num momento em que a fome tem se ampliado em meio à pandemia, a proposta mostra uma postura insensível do Prefeito Rafael Greca. “Esse projeto só reafirma a visão higienista do Prefeito
“Esse projeto só reafirma a visão
higienista do Prefeito Rafael Greca” Mesmo com alterações no texto do Projeto de Lei, que inicialmente previa multa para quem descumprisse a lei, o medo é de que a medida possa inibir as doações vindas da sociedade civil e de grupos de amigos. Ainda segundo Monteiro, essas doações fariam muita falta para
a lei não produz impedimentos, e apenas regulamenta a distribuição de comida na cidade. Contudo, para Diogo Busse, advogado e Mestre em Direito das Relações Sociais, apesar da criação do programa parecer uma boa iniciativa, seus artigos Guilherme Araki
Rafael Greca” Busse ainda comenta que não se sabe ao certo qual é a finalidade do projeto, destacando o contexto inadequado em que ele foi proposto. “Há quem diga que a prefeitura quer fazer uso político das iniciativas de assistência da sociedade civil’’. Argumentando que a ideia que o projeto transmite é de que as instituições filantrópicas e as pessoas que distribuem alimentos na cidade passem pelos equipamentos da administração pública municipal. Sem o regime de urgência, o Projeto de Lei volta a correr em trâmite normal. Por ora, deve aguardar parecer da Procuradoria da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e depois seguir para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Leia mais Como participar das Audiências Públicas em Curitiba. portalcomunicare.com.br
Cozinha do Marmitas da Terra durante a preparação dos alimentos e armazenamento em embalagens.
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Saúde
A máscara mais adequada para cada ambiente: guia ilustrado Com novas variantes da Covid- 19 e a retomada das atividades de trabalho é necessário rever a máscara antes de sair de casa. Bruna Cominetti Guilherme Seisuke da Silva Araki Vinicius Gabriel Bittencourt 3º Período
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o Estado do Paraná é obrigatório o uso de máscaras desde abril de 2020, por força da Lei do Governo Estadual, enquanto perdurar o estado de calamidade pública decorrente da Covid-19. Inicialmente a recomendação do Estado era de que fossem utilizadas máscaras de tecido, classificadas como caseiras, poupando as máscaras produzidas industrialmente para os profissionais da saúde. Porém, passados mais de um ano desde o início da pandemia, surgiram novas pesquisas sobre a eficácia de cada modelo de máscara respiratória, e com elas alteraram-se as recomendações de utilização. No começo deste mês, a Universidade Federal do Paraná
(UFPR) divulgou um material explicativo com a participação de três especialistas da instituição, diferenciando e esclarecendo as dúvidas mais frequentes sobre as máscaras. Mesmo que a recomendação dos órgãos de saúde continue sendo a permanência em casa, a realidade de boa parcela da população é diferente. Por isso, para todos que precisam sair de suas casas, elaboramos esse guia com base no material do Observatório da Covid-19 Brasil e no conteúdo disponibilizado pela UFPR.
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Cidades
Pandemia e Desigualdade alteram as Atividades de ONGs em Curitiba Organizações do terceiro setor modificam sua atuação para atender além de seu direcionamento e suprir o crescimento de necessidades básicas da população. Bruna Cominetti 3º Período
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Acervo da Organização Passos da Criança
om 411 mil mortes pelo covid-19, o Brasil encara uma crise sistêmica que afeta principalmente a parcela da população com maior vulnerabilidade social. O aumento do desemprego, a fome e a falta de políticas públicas, só faz crescer o abismo da desigualdade. Isso, somado às medidas necessárias para conter a Covid-19, alteraram significativamente as atividades do Terceiro Setor.
Uma pesquisa feita pela Rede de Filantropia para a Justiça Social aponta que 87% das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) se mobilizaram para oferecer atividades diferentes das que realizavam antes da crise. Voltando seu foco, principalmente, para ações de ajuda humanitária e suporte à parcela da população afetada diretamente pela pandemia do Coronavírus. Em Curitiba, a Organização TETO, que normalmente tem seu enfoque na construção de moradias emergenciais, agiu logo nos primeiros meses da quarentena para socorrer as comunidades no acesso à água e à comida. Ana Bivar, gestora da sede TETO Paraná, conta que a
Crianças do Projeto Passos em atividade no “Jardim Lúdico” . pendida e 44% delas adaptaram sua atuação para uma forma remota. Porém, mesmo com a adequação não são todos que conseguem ser alcançados. É o caso da Organização Criar Um, que trabalha com adolescentes em situação de vulnerabilidade
pandemia. Perderam cerca de 30% da principal fonte de captação de recursos em um momento em que as vulnerabilidades da região só crescem. “Antes oferecíamos todas as refeições do dia para as crianças. Hoje, nosso esforço é para conseguir
“Com fome nada se faz, não existe
trabalho comunitário. As pessoas vão lutar para sobreviver, apenas.” intenção da organização nunca foi trabalhar com assistencialismo ou doações, mas que com a crise sanitária a pauta se fez crescente e imediata dentro das comunidades. “Com fome nada se faz, não existe projeto comunitário. As pessoas vão lutar para sobreviver, apenas”, diz.
Além das campanhas de arrecadação de alimentos para cestas básicas e kits de higiene, a TETO iniciou, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), um levantamento nacional para entender as mudanças e quais as reais necessidades da população periférica. Embasados nas pesquisas, puderam também prestar auxílio jurídico, além de denunciar formalmente as violações de direitos dentro das comunidades. “Nunca avisaram como se prevenir do vírus se as paredes são de papelão, se o chão é de terra batida. Com oito pessoas em um ‘barraco’ é melhor continuar dentro ou ficar fora?”, avalia Bivar, citando falas do manifesto que fundamentou o movimento. Ainda segundo a pesquisa da Rede de Filantropia, ao menos 51% das entidades tiveram alguma atividade regular sus-
social, oferecendo cursos de comunicação e línguas, além do apoio psicológico e emocional.
Cerca de 70 alunos se beneficiavam com as aulas presenciais, mas desde que os cursos para a modalidade remota, os encontros contam com no máximo 15 adolescentes. A explicação se dá pela falta de acessibilidade dentro das casas dos alunos. “A maioria não tem uma internet boa, ou dividem um único aparelho com acesso à internet com o restante da família”, conta Denise Cortazio, Presidente da Associação Criar Um. Tentando uma alternativa ao ensino online, a Organização Passos da Criança, que atua há 17 anos com o contraturno escolar na comunidade da Vila Torres, desenvolveu kits pedagógicos quinzenais. Também adaptaram os atendimentos com as crianças e pais num espaço externo à instituição, criando um “Jardim Lúdico”, para que não houvesse perda de vínculo com os alunos. Contudo, a entidade, que atua em uma das comunidades com o menor Índice de Desenvolvimento Humano de Curitiba, foi diretamente impactada pela
dar uma cesta básica por mês para as famílias do projeto”, conta Luciene Passos, uma das integrantes da ONG. A fome na pandemia é uma realidade que atinge mais de 19 milhões de brasileiros, conforme o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Em Curitiba, isso afetou diretamente o trabalho dos grupos que oferecem refeições pelas ruas da cidade. É o que relata Fernando de Moraes, organizador do projeto Rango de Rua, que fornece marmitas para a população em situação de rua desde 2012. Com comércios fechados e a diminuição na circulação de pessoas pelas ruas, fica mais difícil o acesso dessas pessoas a doações de comida ou de recursos para se alimentarem. Moraes conta que o projeto teve que se reformular durante a pandemia, aumentando o número de refeições oferecidas. Segundo o organizador, as marmitas têm ainda suprido a necessidade de outras
pessoas além dos desabrigados. “Pessoas mais carentes também aparecem para economizar em uma refeição do dia”, explica. Fora a redução na variedade do cardápio, para facilitar o preparo do alimento, foi preciso reduzir também a quantidade de pessoas envolvidas diretamente no preparo da comida. Para evitar aglomerações, o trabalho agora é feito por apenas uma cozinheira. Da cozinha do Rango de Rua hoje são distribuídas por voluntários uma média 210 refeições por semana, com recursos provenientes integralmente de doações.
Serviço: Como contatar as ONGs mencionadas
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TETO: TETO techo.org/brasil Criar Um: criarum.org.br/ Passos da Criança: passosdacrianca.org.br/ Rango de Rua: (41) 98708-0598
Leia mais Formas de Contribuir com o Voluntariado em Curitiba. portalcomunicare.com.br
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Saúde
Curitibanos enfrentam os impactos psicológicos da pandemia Cidadãos buscam novas formas de manterem a saúde mental em meio à crise de COVID 19.
Henrique Mokezenski 3º Período
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Luiz Costa/SMCS
uritiba, citada entre as 12 cidades mais afetadas pela Covid-19 no país pelo Congresso em Foco, se encontra desde o ano passado com medidas de proteção que envolvem restrições ao comércio e recomendações aos moradores. Após este longo período começam a aparecer outras sequelas causadas pelo isolamento, que são as doenças psicológicas derivadas da falta de socialização e do confinamento. Os problemas psicológicos afetam, por exemplo, o setor trabalhista. Em um estudo realizado pela Secretaria Especial de previdência e Trabalho informou que em 2020 houve um aumento de 26% comparado à 2019 em concessões de auxílio doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais e comportamentais. Em um dos últimos levantamentos feitos em Curitiba em outubro do ano passado analisando o mesmo caso, a empresa DBM Contact Center, que atua
Curitibanos têm buscado ajuda profissional para cuidar da saúde mental em meio à pandemia. cinco anos, também reforça que a procura por atendimentos tem crescido. “Houve um aumento considerável na procura por consultas. Muitas procuras são efetuadas
Organização Mundial da Saúde, o Brasil é apontado como o país que mais sofre com problemas de ansiedade no mundo, com 9,3% da população. Sendo o segundo mais afetado
“O que se observa é um aumento de pessoas que chegam com queixas referentes a questões de ansiedade extrema, desânimo”
com plataformas de relacionamento ao cliente, informou ao portal Bem Paraná que houve um aumento de 16% no número de atestados oriundos de transtornos mentais em relação ao mesmo período de 2019.
De acordo com dados do aplicativo GetNinjas, que disponibiliza consultas online com psicólogos, houve um aumento de 32% na procura por atendimento entre março e setembro do ano passado. Adriana Kaiser, psicóloga que atende na cidade há mais de
na maioria das vezes por consultas mais emergenciais, pedidos de ‘socorro emocional’, porém o que se observa é um aumento de pessoas que chegam com queixas referentes a questões de ansiedade extrema, desânimo”, explica Adriana. A especialista em psicologia analítica ainda destaca: “Quase todos os dias, recebo mensagens no Whatsapp ou ligações solicitando um primeiro atendimento”. Vale lembrar que no estudo mais recente feito pela
pela depressão na América, com 5,8% dos cidadãos.
Moradores buscam Outras alternativas Residente do bairro Alto Boqueirão, a administradora Letícia Rodrigues, praticante frequente de corridas e caminhadas, diz que intensificou seus exercícios para aliviar o estresse e a ansiedade causados pelo isolamento. “Com o risco de contágio e também o medo de se contamiLevy Ferreira/SMCS
nar, a melhor forma para aliviar o estresse é escutar música e caminhar. Claro que gostaria de sair e ver pessoas, mas é o que temos para o momento”. Especialista em RH, ela também notou que os parques e os pontos usados na prática de esporte na cidade têm sido muito mais frequentados após o início da pandemia: “Eu pratico atividades ao ar livre em volta do quartel do Boqueirão há mais ou menos três anos, e ultimamente tem ficado até apertado para caminhar por aqui”. A capital paranaense conta desde 2020 com o TelePaz, um serviço disponibilizado pela prefeitura para qualquer cidadão que sinta necessidade de conversar sobre ansiedade e medo. De março a junho do ano passado, o serviço já contava com mais de 1.800 atendimentos.
Telepaz Serviço de assistência psicológica
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Para toda população 3250-8500 Servidores da prefeitura 3250-8200 O atendimento funciona de segunda à domingo, das 8h às 18h
Leia mais Veja conselhos para enfrentar o isolamento
Moradores buscam atividades ao ar livre para aliviar o estresse e a ansiedade.
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Infográfico
LGBT+fobia no Brasil A cada 23 horas morre um LGBT+ no Brasil, o que torna o país um dos mais violentos do mundo com essa comunidade. Maria Eduarda Cassins 3º Período
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Ensaio
A vida depois do vírus A recuperação de Inês Zarpellon, mãe de Maria Cecília, após contrair a doença baseou-se na fé e na união da família. A fotografa também pegou o vírus e teve sintomas leves, ao contrário da mãe. Agora, as duas se recuperam depois de vencer o COVID-19. Maria Cecília Zarpelon 7° período
A filha ainda se mantém distante e espera a recuperação total da mãe.
A rotina se tornou cada vez mais pacata, mas Inês se manteve forte.
Mesmo sem sintomas, a senhora tal toma remédios frequentemente.
Após a recuperação, a mãe e a filha puderam ficar perto novamente com alegria.
A execução de tarefas domésticas foi impossibilitada pelas condições da mãe.
Neste período, a religiosidade as manteve esperançosas.