Sem inclusão no ensino superior
Universidades demonstram pouca preocupação para auxiliar estudantes com deficiência visual no Paraná. Página 03
LGBTfobia no Paraná
Merenda escolar
Membros da comunidade LGBT relatam inúmeros casos de agressão e preconceito em Curitiba. Página 09
Recentes cortes na compra de alimentos põem em discussão a qualidade dos alimentos servidos aos estudantes. Página 10
Curitiba, 09 de Junho de 2022- Ano 26 - Número 335 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Catadores de lixo Cachorros podem amenizar a sensação do abandono durante o trabalho na rua. A convivência entre catadores de material reciclável e seu companheiro canino podem reduzir 24% dos casos de morte precoce por qualquer doença, de acordo com pesquisa da Universidade de Toronto. Além de influenciar no humor, resultando no aumento na produtividade das atividades.
Os cães, fiéis amigos dos coletores de lixo de Curitiba, favorecem o desempenho de quem trabalha em busca de materiais recicláveis.
Cultura | pag.06
Identificação de população vulnerável A
pandemia de COVID-19 acentuou a população vulnerável no Paraná, o TCE-PR propôs novas medidas de identificar essa população. As recomendações são baseadas no Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), realizado pelo IPEA, e visam melhorar o processo de identificação. Entretanto, para atualizar o índice é necessário ter os indicadores do censo feito pelo IBGE, que não foi realizado em 2020 devido ao corte de verbas. A professora de sociologia da UFPR e especialista
Cesta básica
Thaynara Goes
em políticas públicas Maria Tarcisa Bega ressalta que a realização de pesquisas demográficas são essenciais para enfrentar a desigualdade. A socióloga afirma que o número de pessoas buscando o CADÚnico é a busca para suprir a falta de água, alimentação, energia e acesso a serviços básicos. Em Fazenda Rio Grande, a prefeitura já utiliza diferentes maneiras de levantar esses dados, além de fornecer planos municipais de assistência.
Cidades | pag.05
Rosilda teve condição social e financeira agravada pela pandemia.
Com produtos da cesta básica consumindo 62% do salário mínimo, o número de doações nas ONG’s são afetadas. Para essas organizações, as maiores preocupações estão na inflação do arroz, óleo e feijão preto.
Especialistas prevêem sequência deste aumento, principalmente pelo encarecimento dos combustíveis. Economia | pag.03
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Editorial
Por uma cidade com mais acessibilidade E
studos realizados pelo IBGE estimam que 661.832 pessoas são portadoras de deficiência. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, baseados no Censo de 2010, quase 24% dos brasileiros apresentam ao menos uma deficiência, seja ela auditiva, intelectual, visual, motora ou mental.
A maior dificuldade está no transporte. As pessoas com mais de 65 anos ou com deficientes que se enquadram nos critérios estabelecidos pelo município, estão isentos do valor tarifário do transporte. Hoje, eles representam 15,56% de todos os usuários de transporte público de Curitiba.
Desde 2018, foram incorporados à Rede Integrada de Transporte (RIT) ônibus específicos que disponibilizam adaptações em seus veículos para poder atender pessoas com deficiência (PCDs). No entanto, os meios que são acessíveis para cadeirantes atendem, em sua maioria, os terminais dos bairros e a região central. Nas linhas de ônibus alimentadores, nas regiões afastadas, possuem elevadores apenas em horários limitados.
Nessa busca de se tornar referência e mostrar resultado, Curitiba acabou adaptando os transportes públicos apenas nos bairros centrais. Isso gera um aparente esquecimento das demais áreas. Não é difícil encontrar, nessas regiões mais distantes, rampas de acesso às calçadas danificadas ou desgastadas pelo tempo. A falta de cuidado prejudica o acesso de cadeirantes. Também não há piso tátil em várias regiões da capital paranaense, o que é um
Voz da Comunidade iversos programas de pósgraduação estão passando por dificuldade de financiamento. De acordo com o Observatório do Conhecimento, em 2022 os cortes do orçamento das universidades devem chegar a R$ 98,8 bilhões. Sobre esse assunto conversamos com o estudante de mestrado em História da UFPR Luan Kemieski Rocha. Faz 9 anos que as bolsas para pós-graduação não sofrem reajuste. Assim como em 2013, a bolsa de mestrado é de R$ 1.500, no entanto, devido a inflação acumulada nesses anos, o poder de compra caiu 66.6%. De que maneira, a falta de reajuste interfere na escolha de fazer uma pós-graduação?
Ir. Rogério Renato Mateucci DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES
TRADUÇÃO
Suyanne Tolentino De Souza
Mariana Gomes
FOTO DA CAPA COORDENADORA EDITORIAL Isabela Lobianco Suyanne Tolentino De Souza
São vários os obstáculos que dificultam na hora de escolher fazer uma pós-graduação. De que maneira você percebe que essa falta de incentivo afeta as pesquisas de mestrado e doutorado no Brasil? Isso afeta a desigualdade nos programas de pós-graduação em História. Com a falta de bolsas, a própria universidade vai ficar apenas para pessoas que conseguem pagar ou conseguem só estudar.
Edição 335 - 2022 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Formas simples de ajudar a locomoção pela cidade e torná-la diversa estão presentes em detalhes como sons em sinaleiros para facilitar a travessia, ônibus eficazes, espaços conscientes que tornem possível a visita e o trajeto. Rampas são conhecidas como um método de acesso, mas há a necessidade de ter espaços que pessoas dentro do espectro
Há mudanças em curso para melhorar a acessibilidade em diferentes frentes, mas a Curitiba que se diz acessível precisa incluir os PCDs das áreas periféricas da cidade. Nós, do jornal Comunicare, acreditamos que, dessa forma, a cidade possibilita o percurso necessário para chegar aos lugares adaptados para aqueles que necessitam de rampas, piso tátil, descrição de áudio e afins.
Entre 2012 e 2022, a Capes e o CNPq tiveram redução de aproximadamente 51% em bolsas e pesquisas. Você fica apreensivo com a possibilidade de ter a sua bolsa cortada?
Rodolfo Stancki (DRT-8007-PR)
Rafael Andrade
Espaços privados e com grande procura, como estádios de futebol, procuram reformas em seu estabelecimento para abrir a diversidade de PCDs presentes em dias de jogo. Arquibancadas e lanchonetes com locais reservados trazem o começo do conforto dos torcedores.
colega do Pará que precisava Tayná Luyse da bolsa para vir morar aqui, porém, com o valor que está atualmente de R$ 1.500, fica muito difícil. O aluguel é R$ 1.200, sobra R$ 300 para alimentação, transporte e tudo mais.
COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL
Ângela Leitão
A prefeitura de Curitiba lançou, em 2020, o plano municipal em prol da acessibilidade nos espaços públicos. O projeto atua pela inclusão dessas pessoas nos espaços públicos da cidade. A iniciativa é válida e bem-vinda, afinal há diversas atualizações que poderiam ser feitas para melhorar a capital, muitas implantadas a um baixo custo.
Eu estou apreensivo porque com cada vez mais cortes eu posso perder a minha bolsa.
Dá um desânimo quando você não tem uma bolsa ao entrar na pós-graduação porque é basicamente um trabalho que a gente faz e conciliar a pesquisa com o emprego é bem difícil. No meu primeiro ano eu não tinha bolsa. Eu trabalhava manhã e tarde como professor, chegava de noite e estudava a próxima aula, então o tempo para a minha pesquisa ficava bem escasso. Tenho um
REITOR
autista, por exemplo, possam permanecer confortáveis.
Comunitiras
D
Expediente
desafio adicional à rotina dos portadores de deficiência visual.
Estudantes 3º Período de Jornalismo
Ivan Cintra
Maria Fernanda Dalitz
João Américo Goulart
Maria Luísa Cordeiro
Amanda Nery
Julia Moreira
Mariana Gomes
Julia Sobkowiak
Natália Volaco
Lívia Berbel
Tayná Luyse
Lorena Motter
Thaynara Goes
Luís Gustavo Bocatios
Valentina Nunes
Ana Rossini Felipe Worliczeck Martins Ingrid Caroline Isabela Lobianco
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Política
Pessoas com deficiência ocupam 7,92% das vagas de ensino superior No Paraná, além de representarem parcela dos 94 concluintes na graduação em universidades, cegos e pessoas com baixa visão passam por dificuldades no estudo acessível Ana Rossini 3º Período
A
pesar das cotas em universidades e instituições federais para pessoas com deficiência (PCDs) serem garantidas por lei há 10 anos, essa parcela da população representa apenas 7,92% dos matriculados nas universidades do Paraná. O índice é ainda menor entre os deficientes visuais, cuja acessibilidade é bastante precária. De 3.374 alunos com deficiência, somente 94 concluíram o ensino em universidade pública federal, estadual ou municipal, de acordo com o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020. A proporção de vagas para PCD é equivalente ao percentual de Pessoas com Deficiência do Estado do Paraná, ou seja, de 7,92% referente ao Censo Demográfico de 2010 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Tal percentual de vagas inclui candidatos cegos ou com baixa visão, assim como outras deficiências. A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) possui 36.225 estudantes em 2021. Entre estes, 44 estudantes são deficientes visuais em todos os campus e 26 somente no de Curitiba. Os materiais de acessibilidade oferecidos pela universidade são: máquina de escrever em Braille, impressora Braille e impressora 3D, software editor de PDF e ledor. A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) possui cerca de 33 mil estudantes e cerca de 50% dos estudantes estão concentrados no câmpus Curitiba. A reportagem solicitou os dados sobre os alunos com deficiência visual, mas não obteve retorno do SEAP, Serviço de Apoio Psicopedagógico, responsável por oferecer suporte à aprendizagem e garantir a
Ana Rossini
inclusão e acessibilidade dos estudantes da universidade. Durante o ensino remoto da PUCPR, a estudante de Publicidade e Propaganda Victoria Beatriz da Silva, com baixa visão, apresentou algumas dificuldades no acompanhamento das disciplinas. “Por eu ter baixa visão, tenho dificuldade de enxergar no computador, então no começo foi bem difícil. Os professores passavam muitos vídeos e filmes legendados e eu não conseguia acompanhar”. Ainda assim, a estudante teve auxílio dos professores que passavam materiais complementares para que pudesse acompanhar e, na volta às aulas presenciais, estes explicam diretamente à Victoria o que escrevem na lousa. A estudante defende o sistema de cotas para o acesso ao ensino superior. “Acho extremamente importante porque a educação não é muito acessível, tanto para pessoas não deficientes quanto para as deficientes.”
Com objetivo de compartilhar materiais adaptados de Física, Química e Matemática; sites com acessibilidade e programas.
Em 2019, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) contabilizava
O diretor geral do Instituto Paranaense de Cegos (IPC) Énio
27.995 alunos, e 10 destes são deficientes visuais - o que representa 0,04% do total. Estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Exatas criaram o site Física em Braille para deficientes visuais e professores.
Rodrigues analisa o acesso ao ensino superior por cegos. “Percebemos o quanto de dificuldade essas pessoas encontram para chegar ao ensino superior e, quando chegam, são pouquíssimas universidades que
Juan Santos, 20, estudante de Física na UTFPR. têm algum programa, apoio e preocupação de oferecer acessibilidade”. O IPC é uma instituição sem fins-lucrativos que oferece aulas e cursos em diversas áreas que
“São pouquíssimas universidades que têm apoio e preocupação de oferecer acessibilidade”
visam ensinar a independência, incentivar a formação educacional e profissional, promover saúde e bem-estar e estimular habilidades e talentos.
De acordo com um dos artigos da Lei de cotas citada anteriorAna Rossini mente, no prazo de 10 anos da promulgação, será promovida a revisão pelo Congresso Nacional para o acesso às instituições de educação superior de estudantes pretos, pardos e indígenas e de pessoas com deficiência, bem como daqueles que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. A lei não estabelece como esse processo deve ocorrer e quais os critérios seguirão.
Leia mais Veja os dados sobre pessoas com deficiência no ensino superior público em 2018 e 2020. portalcomunicare.com.br
“Apesar de eu ter um software no computador que faz a leitura, algumas coisas não são acessíveis“, relata o estudante.
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Economia
Preço da cesta básica aumenta em Curitiba e afeta arrecadação de ONGs Produtos consomem 65% do salário mínimo e número de doações diminui. Organizações lutam para manter as entregas de comida na capital Maria Luísa Cordeiro 3º Período
E
Maria Luísa Cordeiro
m abril deste ano, a cesta básica em Curitiba aumentou 5,37% comparado a março, chegando a R$ 739,28. Esse é o valor mais alto dos últimos 8 meses e corresponde a 65,94% do salário mínimo líquido, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O encarecimento afetou diretamente as doações recebidas por organizações que distribuem comida na capital.
O que diz o especialista
De acordo com o economista da Dieese Rafael Durlo, o motivo do encarecimento da cesta é a elevação dos preços dos produtos que a compõem. Na capital paranaense, os maiores aumentos foram na farinha de trigo, manteiga, óleo de soja, feijão preto e principalmente batata. Nos últimos 12 meses, um dos maiores vilões foi o café, com inflação de mais de 90% nesse último ano. Outra preocupação é com o óleo de soja, que nesses últimos doze meses teve um acréscimo acumulado de 30%.
Para Fernando de Moraes, fundador da ONG Rango de Rua, a elevação dos preços dos itens da cesta básica acabou por diminuir a quantidade de donativos. As maiores preocupações estão principalmente na inflação do arroz, óleo e feijão preto. Uma boa notícia é que mesmo com as altas e a consequente queda de arrecadação, a distribuição de marmitas pela organização ainda não foi prejudicada. Para a fundadora da Junta Mais Brasil, Thaís Abicalaf, “a maior dificuldade é no preço da carne”. Até o ano passado, para fazer as 200 quentinhas entregues em uma tarde em Curitiba iam em média 15 kg de carne, agora, para fazer a mesma quantidade, o grupo utiliza 10kg.
Para o economista, o valor da carne já estava em alta faz tempo. Vale lembrar que o Brasil é um grande exportador da commodity, e com a demanda internacional aquecida, o preço tende a subir. Thais Abicalaf, fundadora da ONG Junta Mais, preparando marmitas. vermelho. Atualmente, cada marmita tem o custo de R$4,50. Eles sobrevivem exclusivamente de doações, eventos benefi-
Outras grandes dificuldades relatadas pela diretora da ONG são o gás de cozinha e o combustível. Afinal, a carne pode (e está sendo) substituída por
“A maior dificuldade da ONG é no preço da carne” No dia 15 de março, a ONG preparou 200 porções de macarronada com molho bolonhesa (39 pacotes de macarrão). Uma alternativa para fazer render mais, é reduzir a quantidade de carne e colocar mais molho
alguns alimentos para a comunidade em que vivem.
centes e o dinheiro da própria Thais e de sua família. Como é de se esperar, no começo do ano os donativos diminuem muito, principalmente devido às contas de IPVA, IPTU e material escolar, entre outros fatores.
Saiba como doar Para mais informações sobre como ajudar algumas ONGs de Curitiba acesse os seguin-
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legumes, como brócolis e cenoura, porém o gás e a gasolina não há outras alternativa.
tes perfils no instagram:
Durante uma tarde de produção das marmitas, um casal chegou à sede da ONG para pegar mais
@rangoderua
Cesta básica VS Salário Mínimo Salário Mínimo
A má notícia é que a previsão segue em contínuo aumento, principalmente devido ao encarecimento dos combustíveis. Como a frota de transporte depende de rodovias, o frete será repassado para o produto final. Em Curitiba, no dia 10 de março, a gasolina ficou 18,8% mais cara e o diesel 24,9%.
% do Salário Mínimo Liquido
@juntamais.brasil
@aquecendocoracoescuritiba @sopao_curitiba @goodtruckbrasil
A Prefeitura de Curitiba, por meio da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), recebe arrecadação de alimentos diariamente.
Leia mais
abril 2022 Fonte: Dieese
março 2022
fevereiro 2022
janeiro 2022
dezembro 2021
novembro 2021
Acompanhe a conversa com o Rafael Durlo sobre o preço da cesta básica. portalcomunicare.com.br portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Cidades
Coletivos de Curitiba se mobilizam contra “PL do veneno” Maior parte dos deputados paranaenses votaram a favor do projeto, na contramão da agenda de coletivos ambientais Felipe Worliczeck Martins 3º Período
O
projeto de lei (PL) 6.299/2002 visa facilitar a regulação de agrotóxicos por meio da mudança de regras na fiscalização. Criado pelo senador Blairo Maggi (PP), o projeto foi apelidado por muitos ativistas como “PL do veneno”, por flexibilizar o uso de agrotóxicos no Brasil. Foi criado há vinte anos e aguarda sua nova votação em 2022, já aprovado na Câmara dos Deputados, esperando agora passar no Senado. Em Curitiba, coletivos e ativistas se movem para tentar barrar o projeto no Senado. No projeto, destacam-se dois fatores principais, a mudança do nome de agrotóxicos para “pesticidas” e o fato de que todo o poder de inspeção, controle e fiscalização ficaria por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que atualmente possui vistorias de outros órgãos como o Ibama. A inspeção seria por meio da CNFito, com membros dos órgãos atuais, mas a decisão final não seria relegada à eles. O Brasil já é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e, segundo o Our World In Data, usou mais de 377 mil toneladas de agrotóxicos em 2017. Um mapeamento dos coletivos realizado pela voluntária da Unicef Luana Masoni elenca mais de 40 movimentos só em Curitiba, com diversos deles voltados para a causa ambiental, como a Rede Curitiba Climática e o Araucárias Pelo Clima. A greve Global Pelo Clima, realizada no dia 26 de Março de 2022, teve adesão, organização e divulgação pela maior parte desses coletivos ecológicos. A advogada e gestora ambiental Sofia Jacob aponta que o PL “tira força legislativa do município e do estado” com relação à liberação de agrotóxicos, deixando-os em uma condição supletiva. Outro ponto importante que a advogada destaca é a do conceito de “risco aceitável” presente no projeto, que, em sua visão, é muito amplo, podendo possibilitar até a liberação de
produtos cancerígenos. Ela também aponta que a mudança do nome para pesticidas é uma jogada de marketing para algo menos agressivo, pois o projeto aponta o termo agrotóxico como depreciativo e que não segue a nomenclatura de outros países e tratados internacionais.
cidade, que mostram como os deputados votaram o projeto. O grupo procura continuar a sua manifestação de lambe-lambes, porém pensam em fazer algo específico com relação aos senadores, como alguma intervenção para os pressionar.
Veja como cada deputado do Paraná votou SIM
“Se toda a população
Aline Sleutjes (PROS) Aroldo Martins
soubesse que querem envenenar a gente, garanto que [o PL] não passaria ” A gestora ambiental também mostra como o projeto pode afetar a exportação de produtos agrícolas aqui no estado, que representam, sozinhos, mais de 80% das exportações do estado do Paraná. “A maioria deles [agrotóxicos] não são aceitos na Europa.” Também há a degradação do solo por parte dos químicos desconhecidos dos pesticidas que o afetam. “Em vez de dividir as forças de um coletivo ir para um lado e outro para o oposto, nós gostamos de uni-lás”, diz o ativista ambiental do Araucárias Pelo Clima Luan Costa. A entidade Araucárias Pelo Clima faz parte do Fridays For Future, grupo mundial criado em 2020 que teve surgimento com as primeiras manifestações de Greta Thunberg na Suécia. “Se toda a população soubesse que querem envenenar a gente, garanto que [o projeto] não passaria”, continua Luan. Ele prossegue falando que o principal papel do Araucárias é informar a população sobre o “PL do veneno” , como, por exemplo, a colagem de lambe-lambes pela
(Republicanos) Christiane Yared (PP) Diego Garcia (Republicanos) Felipe Francischini (União) Filipe Barros (PL) Giacobo (PL) Hermes Parcianello (MDB) Luiza Canziani (PSD)
O projeto, como já foi citado, já passou pela Câmara. A bancada do Paraná foi em sua maioria a favor da proposta que visa flexibilizar os agrotóxicos, se aliando nesta instância a agenda política do governo federal. O próprio relator do PL, Luiz Nishimori (PL), que possui empresas ligadas ao agronegócio, é paranaense. Dos 30 políticos, 21, ou seja, 70% dos deputados, votaram a favor do PL 6.299/02, ao passo que apenas 16% foram contrários ao projeto.
Luiz Nishimori (PSD) Luizão Goulart (Solidariedade) Osmar Serraglio (PP) Paulo Martins (PL) Pedro Lupion (PP) Ricardo Barros (PP) Roman (Patriota) Sargento Fahur (PSD) Sérgio Souza (MDB) Stephanes Junior (PSD)
A trabalhadora do setor de produção, coordenação e meio ambiente do Movimento Sem Terra (MST), Priscilla Facina Monnerat, trabalha com a educação da agroecologia. Ela afirma que os principais fatores que afetam o pequeno agricultor é pela degradação do solo e pela “deriva”, termo usado para descrever o deslocamento de agrotóxicos por corrente aérea, afetando muitas vezes as plantações de agricultores orgânicos. Além disso, ela afirma que o projeto pretende fortalecer a grande agricultura. Por fim, ela fala da degradação do solo e das bacias hidrográficas por conta do uso desses químicos.
Toninho Wandscheer (PROS) Vermelho (PSD)
Não Aliel Machado (PV) Enio Verri (PT) Gustavo Fruet (PDT) Rubens Bueno (Cidadania) Zeca Dirceu (PT)
Ausente Gleisi Hoffman (PT)
Felipe Worliczeck
Leandre (PSD) Luciano Ducci (PSB) Rossoni (PSDB)
Veja Mais Documentário sobre Greve Pelo Clima em Curitiba. portalcomunicare.com.br
Coletivos fazem protesto contra PL em frente à UFPR.
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Cidades
Cães contribuem para a rotina dos catadores de lixo de Curitiba Os cães, fiéis companheiros dos coletores de lixo de Curitiba, favorecem o desempenho dos trabalhadores Isabela Lobianco Lorena Motter Valentina Nunes 3º Período
O
Isabela Lobianco
s catadores de lixo são personagens cotidianos para quem mora em Curitiba. Esses trabalhadores passam o dia nas ruas com seus cães em busca de materiais recicláveis, que ainda podem ser aproveitados, reformados ou reciclados. Normalmente, esses indivíduos utilizam carrinhos de mão, adaptados em bicicletas ou triciclos, ou mesmo puxados à força de tração humana. Apesar de reduzirem a quantidade de lixo doméstico acumulado nos municípios e contribuírem para a diminuição de resíduo direcionado a aterros e lixões, os coletores participam de um grupo que sofre com estigma e invisibilidade social. Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% de tudo que o Brasil recicla é coletado por catadores. Estima-se que existam entre 800 mil e 1 milhão de desses trabalhadores no Brasil, de acordo com Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Porém, não há dados oficiais sobre a categoria. O catador Virlei Silva afirma que seu cachorro, Guardião, participa de todo o seu percurso de trabalho há mais de oito anos. “O Guardião faz o caminho todo
Otávio durante seu expediente de trabalho. A dupla é tão inseparável que pessoas começaram a ajudar a cuidar do animal. “Viam que eu tratava bem dele [Guardião] e começaram a ajudar, dar dinheiro para comprar ração para ele.” Já o Otávio*, tem um cuidado diferente com os seus dois amigos caninos, Lola e Scooby. Ele prefere deixá-los em casa, devido aos perigos das ruas. “Deixam esses cachorros quase morrer na rua. Eu já tive que
Na época em que ainda trabalhava acompanhado de cães, Otávio conta que se sentia menos sozinho. “A gente chegava nas praças, colocava água, ração, descansava um pouco e ia. Era uma companhia.” Uma tentativa da própria classe de gerar conforto é realizar os percursos de suas caminhadas acompanhados de cães. O adestrador e especialista em comportamento canino Rafael
“O Guardião faz o caminho todo comigo e conhece o caminho já ”
comigo e conhece o caminho já. Eu venho três vezes por semana e ele vem junto”. O coletor adotou seu parceiro quando filhotinhos foram abandonados em uma construção ao lado de sua casa na Vila Fanny.
meter o carrinho na rua para não matarem“, comenta o trabalhador. Mesmo mantendo os animais no ambiente doméstico, o catador se beneficia da presença dos companheiros. “Eu chego em casa e eles já ficam alegres. É muito bom.” Isabela Lobianco
Wineski acredita que a companhia do cachorro pode minimizar a sensação de abandono. “Não é um relacionamento humano. Tampouco pode substituir relações humanas, mas serve para amenizar quadros sentimentais causados por abandono e também serve para a construção de ‘pontes’ emocionais com novas pessoas e/ou como catalisador para intervenção de psicólogos e terapeutas.” Além disso, Wineski fala sobre o conforto das pessoas em serem acompanhadas por um cão durante o trabalho, visto que entre a relação do humano com o animal, há fatores fisiológicos e emocionais. Essa conexão pode ajudar na saúde mental, reduzindo os níveis de estresse e ansiedade do tutor do cão.
Virlei e seu cachorro, Guardião.
O especialista ainda comenta que os cachorros influenciam no humor dos seres humanos, de forma que ajuda também no desempenho do trabalho. Nota-se mudanças no humor das pessoas quando estão em contato com esses animais, o que gera o aumento de foco e concentração, tendo como
resultado o crescimento na produtividade das atividades. A coordenadora do projeto Focinhos, organização sem fins lucrativos que oferece reabilitação, proteção e adoção de cães de rua, Thays Victoria Lima, explica a influência canina no desempenho humano. “Quando eles entram em ação é como se as preocupações que norteiam fossem embora e o que sobra é a alegria que nos dá força para raciocinar de forma efetiva.” Thays conta que pesquisas mostram que o contato com os animais promove diminuição da frequência cardíaca, da pressão arterial e de sintomas de estresse, desta forma o contato com os animais possibilita experiências positivas e ricas. Ela afirma que muitos cães são a única companhia e referência de apoio para seus tutores. Muitas vezes são o motivo para sair de casa e ter contato com outras pessoas, propiciando uma melhora das relações sociais. A coordenadora acredita que o sentimento mais obscuro que um ser humano pode ter é acabar com sua vida. “Isso geralmente pode acontecer pelo pensamento de estarmos sozinhos e não termos nada a perder.” Uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto observou que conviver com um cachorro pode reduzir 24% dos casos de morte precoce por qualquer doença. *Otávio optou por preservar seu sobrenome.
Leia mais Acesse fotos dos catadores de lixo de Curitiba. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Cities
Dogs act as daily company to waste pickers in Curitiba The dogs, who are faithful companions to the waste pickers in Curitiba, favor the performance of the workers Isabela Lobianco Lorena Motter Valentina Nunes 3º Período Tradução: Mariana Gomes
Isabela Lobianco
T
he waste pickers are daily characters to those who live in Curitiba. These workers spend their days in the streets with their dogs in search of recyclable materials that can still be used, reformed or industrially recycled. Usually, these individuals utilize hand carts, adapted to bicycles or tricycles, or even pulled by the force of human traction. Although they reduce the amount of domestic garbage that is accumulated in the cities and take part for the reduction of residue directed to landfills and dumps, the pickers are part of a group that suffers with stigma and social invisibility. As it states in the Institute of Economic Research (IPEA), 90% of all that Brazil recycles is collected by waste pickers. It is estimated that there are between 800 thousand and 1 million of these workers in Brazil, according to the National Movers of the Recyclables Waste Pickers (MNCR). There are official data on the category, though. The picker Virlei Silva says that his dog, Guardião, takes part in all of his work route for over eight years. “Guardião walks
Otávio during his work hours. ople started to help take care of the animal. “They saw I treated him [Guardião] well and started to help out, giving me money to buy him food”. Otávio has a very different care with his two canine friends, Lola and Scooby. He prefers to leave them at home, due to all the
When he still worked alongside his dogs, Otávio says that he felt less alone. “We got to the squares, put out water, food, rested for a bit then went. It was company.” A try from the class to get comfort is to walk their paths alongside dogs. The trainer and
“Guardião walks the path with me and already knows the way” the whole path with me and already knows the way. I come here three times a week and he comes along”. The picker adopted his mate when puppies were abandoned in a construction site next to his house in Fanny Village. The pair is so inseparable that other pe-
danger in the streets. “They let these dogs get close to dying in the streets. I had to put my cart in the middle of the road so they didn’t kill them”, the worker comments. Even by keeping his pets at home, the picker gets benefits by the presence of his buddies. “I get home and they all get happy. It ‘s very good”. Isabela Lobianco
dog behavior specialist Rafael Wineski believes that the dog’s company might reduce the abandonment feeling. “It is not a human relationship. Neither can it replace human relationships, but it serves as a way to soften sentimental cases caused by abandonment and also acts as emotional ‘bridges’ to new people and/or as catalysts to the intervention of psychologists and shrinks.” Other than that, Wineski talks about the comfort of people being accompanied by a dog during work, since the relationship of the human with the animal has physiological and emotional. factors. This connection may help the mental health, reducing stress levels and anxiety to the pet’s tutor. The specialist also adds that the dogs influence the mood of the human beings, in which they also help on work performance. People’s mood changes are noticeable when their in contact with these animals, which generates a high in focus and concentration, resulting in a growth in productivity.
Virlei and his dog, Guardião.
The coordinator to the project Focinhos, a non-profitable organization that offers rehabilitation, protection, and adoption to street dogs, Thay Victoria Lima, explains the influence on human performance. “When they get in action it is like the worries that guide them go away and what is left is the joy that gives us strength to think effectively”. Thays says that research shows that animal contact promotes a decrease in cardiac frequency, arterial pressure, and stress symptoms, and, this way, the contact with the animals makes possible rich and positive experiences. She confirms that many dogs are the only company and support reference to their tutors. Many times they are the reason to leave their homes and have contact with other people, providing better in social relationships. The coordinator believes that the darkest feeling a human being can have is to end their lives. “This can happen by the feeling that we’re alone and have nothing to lose.” A research done by the University of Toronto observed that living with a dog can reduce 24% of the cases of early death by any disease. *Otávio decided not to share his surname
Leia mais Check the photos of the waste pickres in Curitiba. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Cidades
TCE-PR propõe formas para identificar população vulnerável Documento de recomendações visam otimizar o processo de identificação de população socialmente vulnerável aos efeitos pandêmicos Thaynara Goes 3º Período
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ados do banco do Cadastro Único (CECAD) mostram que a pandemia da COVID-19 escancarou o número de pessoas em situação vulnerável no estado. Em dois anos, houve um aumento de 389.460 pessoas inscritas no CADÚnico no Paraná. Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) publicou um relatório que traz medidas destinadas a 10 cidades paranaenses para otimizar o processo de identificação da população socialmente vulnerável. As recomendações apresentam caráter estrutural e estatístico, como nomear equipe multidisciplinar de assistência social
A desigualdade A dona de casa Rosilda da Silva, 55, faz parte da crescente população que enfrenta os graves problemas aprofundados pela pandemia. Ela vive em Fazenda Rio Grande há 5 anos com a nora, genro e 7 netos. Segundo a moradora, nenhuma pesquisa socioterritorial foi realizada com ela pela assistência social nos últimos anos. A elaboração de pesquisas e diagnósticos demográficos são abordadas em duas das seis recomendações propostas pelo Tribunal. Ela conta que já vivia em situação de fragilidade, mas que a pandemia tornou a situação
“O último talão de luz que veio, foi R$300 reais”
e elaborar diagnóstico socioterritorial. O documento teve como base os dados do Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), elaborado pelo IPEA. As medidas têm como foco melhorar o processo de identificação da população vulnerável aos efeitos da pandemia. Publicado em 21 de fevereiro, o documento é destinado às Secretarias Municipais de Assistência Social de 10 cidades paranaenses. Três delas estão localizadas na Região Metropolitana de Curitiba. As medidas foram elaboradas pela Coordenadoria de Auditorias (CAUD). O índice dado pelo IPEA é baseado nos indicadores do último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010. A pesquisa, que é realizada a cada década, não foi efetuada em 2020 devido
Thaynara Goes
muito mais difícil. “O último talão de luz que veio, foi R$300”, afirma. As aulas remotas dos netos e as altas dos preços dos produtos e serviços em geral contribuíram para as dificuldades financeiras e sociais. A cidadã afirma que recebe tarifa social de água, o que ajuda a pagar as dívidas. Rosilda conta que só recebeu uma visita da assistência social do município após ter a antiga casa devastada pelas fortes chuvas na região, em janeiro de 2022. Atualmente, ela mora em uma área que ainda representa risco, por ficar situada próxima de um córrego. Após o alagamento, a assistência social foi até sua casa para realizar um cadastro para receber frutas e verduras gratuitamente, mas o tempo de duração deste
Recomendações feitas pelo TCE-PR
Thaynara Goes
A casa de Rosilda devastada pelas chuvas intensas de Fazenda Rio Grande. nico. No mesmo mês em 2022, esse número aumentou 16,5%, com 1.487.078 de famílias com o cadastro ativo. São 211.717 novas famílias que buscaram recursos do CADÚnico para suprir alguma necessidade. De acordo com a professora de sociologia da UFPR e especialista em políticas públicas Maria Tarcisa Silva Bega, esse dado é fruto de um histórico de acontecimentos, iniciados em 2015 com a recessão econômica. A especialista acredita que a pandemia foi responsável por escancarar a desigualdade presente no país. Ela afirma que a crescente busca pelo CADÚnico se deve para suprir a falta de acesso aos serviços básicos, como alimentação, energia e água, entre outros. Para a socióloga, a realização de pesquisas demográficas como o censo do IBGE são essenciais para a elaboração de políticas públicas de enfrentamento à desigualdade. “Suspender o censo de 2020 é um ato criminoso, no ponto de vista das políticas públicas. É uma violação do direito à informação.”. Ela diz que as medidas expedidas pelo TCE são necessárias para conhecer a população, mas que devem ter continuidade.
Adolescente, Plano do Idoso e também o acompanhamento dos beneficiários do programa Auxílio Brasil. Valéria ainda diz que a equipe de vigilância socioassistencial tem um plano de ação para realizar pesquisa de campo e investigar a população auxiliada pela assistência social, visando cumprir as recomendações do Tribunal. A pesquisa deverá acontecer no segundo semestre deste ano de 2022. De acordo com o gestor da vigilância socioassistencial de Pinhais Ivo Gamarra Filho, a intersetorialidade de busca ativa é uma das formas utilizadas para identificar a população vulnerável. Essa prática consiste em reunir informações coletadas por diferentes setores como meio ambiente e saúde para criar um perfil das pessoas e realizar a assistência, medida que já cumpre um dos pontos abordados no documento do TCE do Paraná. Ivo afirma que a vigilância pretende atender os requisitos propostos pelo Tribunal, realizando mais trabalhos de campo e propondo melhorias na Secretaria.
A assistência
Fazenda Rio Grande, Pinhais e Piraquara, cidades da RMC contempladas pelo documento, devem seguir medidas propostas da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e também do Ministério do Trabalho.
ao corte de verbas sancionado pelo governo federal. As cidades escolhidas são: Castro, Fazenda Rio Grande, Francisco Beltrão, Irati, Pinhais, Piraquara, Prudentópolis, Sarandi, Telêmaco Borba e Toledo. Esses municípios têm população entre 50 e 150 mil habitantes.
serviço é de apenas 3 meses. Em março, Rosilda recebeu a última remessa desse auxílio.
Falta de dados
Segundo os números do CECAD, em janeiro de 2020, havia cerca de 1.275.361 famílias no Paraná com cadastro ativo no CADÚ-
Segundo a diretora geral da Secretaria de Assistência Social de Fazenda Rio Grande, Valéria Mello, o município faz o levantamento de dados sobre a população vulnerável de maneiras diferentes. A equipe utiliza os recursos de registros de atendimento mensais, os dados do Cadastro Único e também planilhas de levantamento. Ela afirma que há planos municipais de assistência social, como o Plano da Criança e do
Famílias com cadastro no CADÚnico.
Leia mais Infográfico com indicadores das cidades contempladas pelo documento do TCE-PR. portalcomunicare.com.br
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Paraná ocupa quinto lugar no ranking de LGBTfobia no Brasil Mais de 80% da população da capital sofreu preconceito por conta de orientação sexual Felipe Worliczeck Ivan Cintra João Américo Goulart Luís Gustavo Bocatios 3° período
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Brasil ainda é o país que mais mata pessoas LGBTI+, com uma morte violenta registrada a cada 29 horas. A região sul representa 9% das mortes. Os dados, porém, escondem o grande número de casos de violência contra a comunidade no Paraná, que ocupa o quinto lugar no ranking de estados. Os dados são de um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Ano passado, assassinatos foram cometidos pelo serial killer de homossexuais em Curitiba, em que o laudo psicológico apresenta “forte teor homofóbico.” Não é só de mortes, porém, que se configura a LGBTFobia. O crime é tipificado e enquadrado na lei 7.716/89, de racismo. Vários casos de discriminação verbal com pessoas LGBTI+ ocorrem em Curitiba. O gestor de conteúdo Fernando Carlos, de 21 anos, começou a morar em Curitiba há 5 meses e já foi vítima de preconceito na cidade. Um homem, na rua XV de Novembro, abordou ele e o namorado com injúrias. Ele só percebeu que se tratava de um caso de LGBTfobia quando outro casal homossexual entrou no mercado em que estavam, cujos ataques agora foram direcionados a eles, dizendo que eles não eram “machos”, em suas palavras. Fernando, porém, tentou conversar com os seguranças do estabelecimento, que não interferiram. Ligou para a polícia, que só chegou depois que o homem saiu. O criador de conteúdo gravou a altercação. Neste momento, o homem tirou uma faca do bolso: “se a gente [casal] tivesse sozinho na rua, ele com certeza teria matado a gente”, diz. Depois da gravação, publicada nas redes sociais, recebeu mensagens de pessoas informando que sofreram de situação se-
melhante com a mesma pessoa. Ele já viu o homem outras vezes e ligou para a polícia, mas ela nunca apareceu. Dados de 2018 mostram que o caso citado acima é comum na capital paranaense, visto que 84,4% já sofreram discriminação. Dessas, 44% foram discriminações indiretas, 33% discriminação psicológica, e mais de 120 pessoas sofreram agressão física. O local onde mais ocorre a discriminação, segundo a pesquisa, é na rua, seguido dos ambientes acadêmicos (escola/
Curitiba em dezembro de 2021. Onírio era militante contra LGBTfobia e as circunstâncias de sua morte podem apontar para crime de homofobia. Apesar de todo o preconceito sofrido na cidade, a população LGBTI+ tem ganhado espaço em Curitiba. A travesti Gilda, embora tardiamente, recebeu uma homenagem na Boca Maldita, local onde dormia quando esteve em situação de rua. Ano passado, a Prefeitura lançou a Cartilha da Diversidade Sexual.
Cidades
leva pessoas a procurarem a organização. “Quando a mãe chega pra nós, ela chega detonada. Quando o filho se assume, ela passa a ser alvo do preconceito, inclusive de sua família mais próxima. Os pais não querem mais falar com ela, o cunhado não quer que o filho ande com o filho dela… a LGBTfobia é um destruidor de famílias”, explica. A militante também comenta que, às vezes, as pessoas a questionam sobre o orgulho LGBT. “É pra se contrapor à vergonha que as pessoas querem que os
“Quando o filho se assume, mãe passa a ser alvo do preconceito, inclusive de sua família mais próxima”
faculdade) e da própria casa da vítima. Além disso, mais de 50% da comunidade LGBT em Curitiba já pensou em suicidio. Crimes de homofobia, como o exemplificado pelo que Fernando passou, marcaram a história da cidade. Em 2005, o homem negro e homossexual Willian Cardozo foi linchado por um grupo neonazista no centro de Curitiba, que, ao agredir o jovem, gritava “negros e gays devem morrer”. Após 14 anos, em 2019, sete dos agressores foram condenados pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e racismo. A vítima entrou com um pedido de indenização de R$ 50 mil contra um de seus agressores, e se tornou vitorioso apenas em 2020. O professor de portugês Onírio Carlos Silvestre foi morto em seu apartamento no centro de
Na esfera privada, por outro lado, muitas iniciativas avançam para dar mais visibilidade à população LGBTI+. Estabelecimentos como O Pão Que o Viado Amassou e o Cosmos Gastrobar apresentam pautas e questões LGBTs em seu trabalho. A ONG Mães Pela Diversidade, por exemplo, foi criada em 2014 e tem como intuito abraçar mães e pais de pessoas LGBTI+. Inspirada por comunidades e páginas em redes sociais que comprovaram a angústia causada pelo medo da violência, a ONG nasceu para lutar pelos direitos civis, mas foi se reformulando até chegar a seu estado atual, no qual ampara pais de pessoas LGBTQIA+, tanto psicologicamente quanto juridicamente.
LGBTs e suas famílias sintam. O controle social feito sobre eles é através da vergonha. O pai da pessoa pode trabalhar na roça ou ser CEO da maior multinacional da Faria Lima, que vai passar o dia ouvindo piadas homofóbicas ou transfóbicas, e ele tem um filho gay em casa e morre de vergonha”. Mais informações sobre a história da ONG e formas de contato estão no site: maespeladiversidade.org.br.
Leia mais Veja relatos sobre casos de homofobia em Curitiba. portalcomunicare.com.br
A presidente da ONG, Maju Giorgi, discorreu sobre o que Felipe Worliczeck, Ivan Cintra, João Américo e Luis Gustavo
Vozes LGBTS são silenciadas na capital paranaense.
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Política
Merenda Escolar: Fundepar reduz os alimentos da agricultura familiar Instituto que gere a compra de alimentos para a merenda escolar no Paraná é vinculada à Secretaria de Estado da Educação (SEED), mas tem autonomia administrativa e financeira
Ivan Cintra
Ivan Cintra 3º Período
Feira de agricultores familiares no parque Passeio Público/Curitiba.
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o mês de março, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) comunicou um novo corte na compra de alimentos para cooperativas da agricultura familiar. As aquisições são destinadas à merenda escolar das escolas do Paraná. Um menor número de produtos será adquirido ao longo do ano de 2022. Para alguns itens, como o pão, a redução chega até 50% da quantidade. Outros mantimentos foram excluídos do cardápio. É o caso da tilápia, que não será mais ofertada. Recentes cortes põem em discussão a qualidade dos alimentos servidos aos estudantes. A deputada Luciana Rafagnin protocolou requerimento à Secretaria da Educação para que o governo estadual cumpra com o compromisso previsto no edital
de chamada pública. Agricultores do Paraná alegam que o aumento dos preços de insumos e da gasolina impactam diretamente o preço dos alimentos. Para o agricultor Luiz Cláudio, de Bocaiúva do Sul, o apoio do governo estadual “deixa a desejar”. Em edital, publicado em dezembro de 2021, a proposta de recursos que seriam disponibilizados para a compra dos alimentos era de R$ 162 milhões. No entanto, o capital federal concedido foi de R$ 120 milhões. Para os agricultores, a redução significa menor renda para o ano de 2022. “Podemos contar com esse dinheiro, diferente das vendas no Ceasa, que são incertas, então essa redução afeta bastante nas nossas finanças”, diz Cláudio, que foi afetado pelos cortes.
De acordo com Andrea Bruginski, coordenadora do planejamento de alimentação escolar do Fundepar, “os alimentos não serão comprados por outras vias”, prioriza-se a compra dos insumos obrigatórios (frutas, hortaliças e legumes). Segundo ela, o corte afeta os produtores de alimentos considerados não essenciais pelo Plano Nacional de Alimentação Escolar (sucos, pães e laticínios). Cerca de 83% do recurso vai ser absorvido pelos grupos obrigatórios. “Os cardápios [da merenda escolar] permitem algumas trocas viáveis que não prejudicam a composição nutricional”, explica. A Lei da Alimentação Escolar define que pelo menos 30% dos recursos repassados para a merenda sejam usados na compra de ingredientes provenientes de
“Um dos fatores que expulsam o
homem do campo é a falta de apoio e de políticas públicas”
Ivan Cintra
pequenos produtores. No Paraná, a porcentagem foi de 80,1% no ano de 2021, conforme dados do Fundepar. Segundo Andrea Bruginski, 100% dos recursos federais são destinados à compra de alimentos da agricultura familiar, por meio de chamadas públicas. Os recursos provenientes do governo estadual são usados apenas em licitações, destinados à aquisição de produtos que a agricultura não fornece, como carne bovina. De acordo com a coordenadora, o capital proveniente do governo estadual não pode ser aportado para a agricultura familiar. Para a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT-PR), o aporte de recursos estaduais é possível por meio de um Programa Emergencial de Aquisição de Alimentos (PAA). “Legalmente, o governo estadual pode fazer essa compra sim, por meio de um PAA emergencial”, contestou a deputada. De acordo com a parlamentar, o apoio do estado se faz necessário, a pandemia e a estiagem no Paraná deixaram muitos produtores endividados. “Tenho notícia de agricultores que estão perdendo suas terras para o banco por não conseguirem pagar suas dívidas”, diz. “Um dos fatores que expulsam o homem do campo é a falta de apoio e de políticas públicas”, manifestou a parlamentar. Rafagnin protocolou o pedido do PAA para que o governo estadual aporte recursos a fim de socorrer os agricultores, cobrindo a diferença orçamentária da Fundepar. “Agricultores fizeram dívidas ao se preparar para a entrega nas escolas.” Segundo o IBGE, a agricultura familiar é responsável por 70% do alimento consumido no Brasil e gera 77% dos empregos no setor agrícola. O agronegócio emprega menos, mas é detendor da maior quantidade de terras agrícolas do país, 77%. A alta inflação dos insumos agrícolas e da gasolina agrava a situação dos pequenos produtores. Em 2019,o governador Ratinho Júnior sancionou a Lei 16.751/10, que institui a obrigatoriedade de alimentos orgânicos na alimentação escolar, com a meta de ser 100% da merenda até o ano de 2030. No entanto, a exigência do quadro de agricultores certificadamente orgânicos é de apenas 10% por cooperativa.
Leia mais Agrigultores do Paraná falam sobre a importancia da produção familiar. O preço das frutas e legumes foi afetado pelos altos custos.
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Curitiba, 09 de Junho de 2022
Infográfico
Popular entre os jovens, vapes podem causar danos ao coração e ao pulmão Com a venda proibida desde 2009, a Anvisa recusou propostas de liberar a comercialização e uso de cigarros eletrônicos em 2019 e 2021 Julia Moreira Maria Fernanda Dalitz Mariana Gomes Natália Volaco 3º período
IMPACTO DO USO DE VAPES NOS ÓRGÃOS
GARGANTA E NARIZ Pode causar câncer nos seios da face, agravamento de quadros de rinite e sinusite, boca seca, dores e arranhões na garganta,
CÉREBRO Aumenta o risco de derrame pleural e infartos, anormalidades no desenvolvimento do hipocanmpo e do córtex cerebral, estressem em céluas-tronco neurais, aumento de dores de cabeça, risco de doenças degenerativas, danos à memória e cognição devido à nicotina e convulções
queimaduras nas regiões das vias respiratórias
CORAÇÃO Aumenta as taxas de colesterol ruim (LDL), aumenta o risco de arritmias cardíacas, quebra da barreira endotelial nos vasos sanguíneos,
PULMÃO
Pode causar hipoxemia (baixo nível de oxigênio), Evali (lesão pulomnar aguda associada aos vapes), falta de ar, desconforto respiratório,
alteração na frequência cardíaca e pressão arterial e formação de placas ateromatosas (gordura na parede das artérias)
câncer de pulmão, aumento do risco de asma, enfisema, fibrose pulmonar, além de outras doenças respiratórias
Fontes: Revista Circulation, UESP, INCA, SBPT, ANVISA e Revista e-Life
Uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) indica que o uso de cigarros eletrônicos expõe o organismo a varios elementos químicos gerados de formas diferentes, como nanopartículas de metal. Também indica que o processo de aquecimento vaporização, junto às substâncias carcinógenas conhecidas e substâncias citotóxicas no vapor dos vapes, são potencialmente causadores de doenças pulmonares e cardiovasculares.
TIPOS DE VAPORIZADORES PEN
KITs
MODs MECÂNICOS
PODs
Tipo que lembra uma caneta. Possuem baterias recarregáveis
Pode ter bateria interna ou externa. O atomizador é a parte superior e o mod, a inferior, onde está a bateria
Tipo de mod que funciona ligado diretamente a bateria. Produz nuvens densas até o fim da bateria
Utiliza líquidos com nicotina para gerar vapor. Podem ser recarregáveis ou descartáveis.
A ANVISA (Agência Nacional Sanitária) proíbe a venda, a comercialização, a importação e a propaganda de cigarros eletrônicos desde 2009 no Brasil. Em 2021, algumas empresas apresentaram evidências para a regulamentação da venda no país, mas a Agência manteve a proibição. Entretanto, o comércio dos vapes acontece ilegalmente em tacabarias e pela internet.
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Ensaio
Caçadores de pipa Perto de linhas férreas os fios de luz são proibidos por questão de segurança. Alguns meninos do bairro Cajuru notaram que ali o local seria perfeito para empinar pipas e se divertir. No meio dos trilhos há muitos riscos, mas no céu há liberdade. Há pipas
Próximo ao trilho há uma barraquinha de pipas. Lá os meninos compram os carretéias e pipas que mais gostam.
Julia Sobkowiak Lívia Berbel 3º período
Para os pipeiros mais novos, olhar os mais velhos é uma inspiração.
No fim das contas, é a pipa e o desejo por liberdade que unem os meninos.
Os dias ensolarados, céu limpo e o vento cooperam para o hobby dos caçadores de pipas.
No trilho, não há diferença de idade. Todas as gerações se divertem juntas.
Aos fins de semana e feriados os meninos, que não moram ao lado dos trilhos, caminham até lá para encontrar os amigos e empinarem pipas.