Comunicare 239 - 04.06.2014

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Curitiba, 04 de junho de 2014 - Ano 17- Número 239 - Curso de Jornalismo - PUCPR

O Jornalismo da PUCPR no papel da notícia

PARÁ 3X4 Um novo olhar sobre a realidade paraense


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COMUNICARE

EXPEDIENTE O Comunicare é o jornal laboratório do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

Curitiba, 04 de junho 2014

A iniciativa da criação do projeto foi do Sebrae/PR, sendo um dos objetivos inovar e fortalecer a identidade de Curitiba.

03 de junho de 2014 Edição 239

PROJETO INCENTIVA CULTURA LOCAL

REITOR Waldemiro Gremski

Produção de souvenirs originais é qualificada através do projeto SouCuritiba criativo. A segunda buscou uma relação de vivência do turismo, os participantes fizeram passeios por pontos turísticos da cidade para terem uma nova perspectiva sobre ela, observando e conhecendo mais a sua história e principais personagens. A terceira foi a fase criativa, direcionada às oficinas de design e inovação, na qual puderam ser feitas pesquisas de mercado, e sobre o perfil do turista da cidade buscando novas ideias e qualidade. E então uma última etapa que consistiu na escolha dos produtos. Com o sucesso alcançado pelo projeto, o mesmo passará por uma reestruturação para dar continuidade com novas edições, pois inicialmente seriam lançadas apenas duas coleções para o mercado da cidade paranaense sede da Copa de 2014.

EXPERIÊNCIAS A designer Suiane Maria, participante do projeto, conta que o conheceu através de uma consultora do Sebrae/PR. Suiane possui um ateliê no Centro onde expõe seu trabalho e o comercializa, além dos produtos que faz para o projeto SouCuritiba. ‘‘O projeto teve uma grande divulgação e isso fez com que meu trabalho e o ateliê fossem mais conhecidos’’, declara.

Para a designer, os souvenirs abrem um novo leque de produtos para a marca e atingem um público diferente do que costuma frequentar o seu ateliê. Ela explica que a venda ao consumidor dos produtos SouCuritiba é feita apenas pelas lojas conveniadas ao projeto. ‘’No momento meus produtos são vendidos nas lojas Leve Curitiba, no Solar do Rosário, e na loja online do SouCuritiba’’, finaliza Suiane. Segundo o cabeleireiro Pedro Santos Junior, que mora em Lisboa, mas vem a Curitiba visitar amigos, os produtos possuem boa qualidade, variedade e diversos tipos de design. Ele fez algumas compras na loja Leve Curitiba da Ópera de Arame. ‘’Acho importante trazer uma lembrança de onde quer que eu passe. Não só para a minha coleção, mas também um mimo para oferecer aos meus amigos’’, conclui.

VARIEDADES São diversas peças artesanais e estilizadas, como os imãs feitos pela participante do projeto Suiane Maria, que é um jogo de imãs com cinco imagens de pontos turísticos de Curitiba, desenhados pela designer. Além de bolsas, portas blocos, marcadores de páginas, jogos de futebol de botão, bandanas, botons, entre várias outras peças produzidas pela criatividade de curitibanos que aderiram ao projeto de souvenirs inovadores que vão muito além das tradicionais lembrançinhas vendidas em pontos turísticos. Izabela Weber/3ºPeríodo Izabela Weber/3ºPeríodo

O projeto SouCuritiba é uma parceria da Prefeitura de Curitiba, através do Instituto Municipal de Turismo (CTUR), com o Sebrae/PR e a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), que tem por objetivo qualificar artesãos e demais profissionais envolvidos, como designers, para a produção de objetos característicos da cidade, valorizando a produção local, além de incentivar o empreendedorismo, tendo em vista o evento da Copa de 2014 que a capital paranaense sediará. A iniciativa da criação do projeto foi do Sebrae/PR, sendo uma das metas inovar e fortalecer a identidade de Curitiba. “O pano de fundo era produzir souvenirs com a cara de Curitiba e que pudessem ser comercializados em grandes eventos como a Copa”, diz Patrícia Albanez, consultora do Sebrae/PR e gestora do projeto. A proposta não se restringe apenas ao artesanato, sendo também uma coleção de lembranças da cidade, como é destacado por Patrícia. No Jardim Botânico ou no Parque Tanguá, por exemplo, se encontram pontos de vendas, que são as chamadas lojas Leve Curitiba; há também as Lojas Empório Metropolitano espalhadas por diversos bairros da cidade, além da loja virtual, e novos pontos de venda que farão parte do projeto, comercializando os souvenirs. Além de artesãos, o projeto conta também com designers, arquitetos, fotógrafos, artistas plásticos, dentre outros. ‘’Cada produtor formula o seu preço de venda, que é o preço neto. Em cima desse valor é que os pontos de venda colocam o seu markup. Todos eles obtêm lucro com a venda dos seus produtos, num montante que eles próprios estipulam’’, explica a consultora do Sebrae/PR. A gestora do projeto conta que o mesmo passou por fases, a primeira com foco no empreendedorismo, com conceitos sobre gestão e perfil empreendedor, em que os participantes tiveram palestras sobre turismo como negócio e souvenir

DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COMUNICARE COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manassés (DRT-PR5855) COORDENADORA DE PROJETO GRÁFICO Juliana P. Sousa MONITORIA Luciana Prieto Ribeiro COLABORADOR Eduardo Manoel Nogueira Soares de Souza FOTO DE CAPA Fernanda Bertonha EDITORES Alvaro Lunardon Beatriz Lima Daniel Malucelli Daniele Alcoléa Daniele Gusso Fabrício Calixto Gabriel Araújo Carriconde Gilberto Stori Junior Giulie Carvalho Jéssica Mirely Júlia Baggio Lana Gillies Leonardo Siqueira Loraine Mendes Manoela Campos Rafaela Moreira Rosa Sâmela Rodrigues Stephanie Morais Vinícius Frank PAUTEIROS Aliny Gohenski Andressa Paola Elesbao Anna Julia Lopes Beatriz Peccin Everton Luis Almeida de Lima Fábio Carvalho Fernanda Bertonha Gabriel Sawaf Gabriela Fialho Letícia Joly Luana Kaseker Verônica Alves Lucas Vaz Manuella Niclewicz Marjorie Coelho Taís Coutinho Virgínia Moraes jornalcomunicare.pucpr@gmail.com www.youtube.com/jornalcomunicare

Lembranças produzidas por artistas curitibanos são vendidas nas lojas Leve Curitiba


”A população precisa entender a influência do saneamento básico em sua saúde, para abandonar atitudes como o depósito de lixo em rios, por exemplo. Talvez falte isso em Curitiba”

COMUNICARE

Curitiba, 04 de junho 2014

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SANEAMENTO DE CURITIBA É O MELHOR ENTRE AS CAPITAIS

Em contrapartida, o sistema ainda apresenta falhas O sistema de saneamento básico de Curitiba foi apontado como o melhor entre as capitais brasileiras, pelo Instituto Trata Brasil. Este resultado se deve a diversos indicadores, mas o principal deles é a abrangência: mais de 90% da cidade é atingida por rede coletora de esgoto, segundo a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar). Porém, alguns bairros da capital paranaense ainda não recebem esse atendimento devido a fatores técnicos e financeiros. O engenheiro civil da Sanepar, Ernani Ramme, explica que aproximadamente 7% da população curitibana ainda não tem acesso ao tratamento de esgoto. “A região do Pilarzinho e Cachoeira são áreas mais concentradas onde falta o tratamento de esgoto, pois uma parte da bacia do local exige um investimento maior para receber o saneamento”. Ramme afirma que atender a cidade toda com esse serviço é uma utopia. “Não há condição técnica de levar o esgotamento para certos locais”, esclarece. Quem mora nessas regiões onde a Sanepar não tem condições de levar o tratamento de esgoto, precisa procurar a Prefeitura. “Nesses casos, é necessário solicitar uma autorização para fazer o sistema individual de tratamento”, comenta o engenheiro. Ele reforça que acaba sendo muito caro levar o sistema coletivo de saneamento para esses bairros onde não há uma grande concentração de moradores.

IRREGULARIDADES

sabe o que deve fazer para ter um sistema de esgotamento individual, e que o filho de 10 anos já perdeu dias de aula pela falta desse serviço. “Meu filho sempre fica com diarreia e tenho certeza de que é pelo contato com o esgoto não tratado. Isso prejudica o rendimento dele na escola”. Odete faz um apelo em favor da qualidade de vida de toda a sua família. “Nós não temos condições de viver bem se nem o nosso esgoto é tratado. É até falta de dignidade. Meu marido é um trabalhador que luta todos os dias para pagar nossas contas, e o que a gente ganha com isso?”. A família até já pensou em se mudar para outro bairro, mas não tem condições. “Queríamos ir para um lugar melhor, mas não temos dinheiro pra isso. E também acho que não somos obrigados a deixar o lugar que a gente vive”, finaliza.

Ramme também faz um alerta para as ligações irregulares feitas pela população. Quando a fiscalização municipal constata esse tipo de problema, notifica o indivíduo para que resolva ou procure a Sanepar, caso não tenha o aparato técnico para regularizar o sistema sozinho. “De todos os cidadãos que são atendidos pelo sistema de saneamento básico, mais de 30% estão com alguma irregularidade, normalmente, lançando na rede resíduos que não deveriam”, conclui. A dona de casa Odete Silveira mora no Pilarzinho e reclama de não ter saneamento básico de qualidade. “Aqui o esgoto corre a céu aberto, às vezes é difícil até aguentar o mau cheiro. O pior é que eu pago meus impostos e acho que deveria ter esse atendimento”, desabafa. Ela conta que não

A capital conta com uma boa cobertura de esgoto, mas problemas ainda devem ser resolvidos

PROBLEMAS PONTUAIS A professora de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Gilda Cassilha acredita que embora a capital paranaense tenha uma boa cobertura de esgotamento e água tratada, ainda existem alguns problemas que precisam ser resolvidos. “A drenagem de águas pluviais ainda deixa a desejar, pois não é feita na maioria dos bairros, ou seja, não há uma estrutura para reter, tratar e transportar a água da chuva”. Gilda destaca que em relação ao saneamento de modo geral, falta conscientizar as pessoas. “A população precisa entender a influência do saneamento básico em sua saúde, para abandonar atitudes como o depósito de lixo em rios, por exemplo. Talvez falte isso em Curitiba”. Já o urbanista Bruno Zaitter acredita que a própria estrutura da capital paranaense é o maior desafio no oferecimento do saneamento básico. “Levar infraestrutura para regiões mais afastadas do Centro realmente exige muito dinheiro. As cidades europeias, por exemplo, são mais compactas, o que facilita a prestação de serviços como esgotamento”. No entanto, Zaitter destaca que apesar de custoso, é um direito da população. “As pessoas pagam por isso, tanto seus impostos quanto a própria fatura de tratamento de água e esgoto. Não é um favor”, encerra. Mônica Seolim /4oPeríodo

IMIGRANTES HAITIANOS EM CURITIBA

Atualmente vivem na cidade cerca de 2,5 mil pessoas vindas do país centro-americano

De acordo com a Casa Latino-Americana (Casla) e a Pastoral do Migrante, aumentou 14% a imigração haitiana em 2014 na cidade de Curitiba. A onda imigratória, são cerca de 2,5 mil novos habitantes vindos do país centro-americano para a capital paranaense somente neste ano, além do visto humanitário concedido desde 2012 pela União, leva em conta dois fatores: a facilidade de emprego e a ideia, por parte dos haitianos, que a proximidade com regiões de fronteira propicie relações bilíngues. Os haitianos falam francês, espanhol e creôle, mas não português.

Segundo Elizete Santana de Oliveira, assistente social da Pastoral do Migrante, Organização Não Governamental (ONG), ligada à igreja matriz de Santa Felicidade, eles “estão espalhados” por todos os bairros, além da região metropolitana. “Se decepcionam quando chegam. Apesar disso, ainda pretendem trazer o resto da família”, complementa. Raymond Markinson, imigrante há mais de dois anos, reclama da dificuldade em arrumar emprego, assim como do racismo. “O curitibano é um povo bem fechado, e aqui também tem muito preconceito.

Nem todos gostam de nós, porque somos pretos”.

NOVA REALIDADE Para João Arthur Pugsley Grahl, coordenador do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), “o novo vem, e a gente vai ter de lidar da melhor maneira possível, vai ser uma nova realidade”. O coordenador é responsável administrativo pelo projeto Português Brasileiro para Imigração Humanitária, do Centro de Línguas e Interculturalidade (Celin), plano de extensão da UFPR. Desde

outubro do ano passado já existem mais de 200 alunos haitianos no programa. “Um núcleo de integração, não só para ensino da língua, mas também inserção na cultura da cidade”, afirma Emerson Pereti, coordenador pedagógico do projeto. Após sanarem as necessidades básicas, os envolvidos com os novos cidadãos declaram que a cultura haitiana trará valor à cidade. “Para todos os imigrantes recentes, a gente quer acreditar que Curitiba seja uma multiculturalidade. Que a cidade os acolha e que eles mostrem a sua cultura”, conclui Elizete. Vinicius Costa Pinto/2ºPeríodo


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Curitiba, 04 de junho 2014

“O veículo pode ser financiado em até 60 meses. Os custos operacionais sobre o veículo, como o Imposto Sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA), combustível, seguro e manutençao são menores”

PET SHOPS MÓVEIS GANHAM ESPAÇO EM CURITIBA Novo modelo de comércio mostra praticidade e conforto e vem conquistando donos de animais de estimação Os pet shop móveis, modalidade de empreendimento de rua, conquistaram seu espaço e estão ganhando cada vez mais adeptos. Trata-se de um serviço semelhante aos pet shop fixos, porém, dentro de uma van, que comporta todo o suporte necessário. É destinado a atender os bichos em casa, com hora marcada. Fábio Bento Vianna, economista especializado em novos empreendimentos, afirma que entre as vantagens deste tipo de investimento estão os baixos custos fixos e operacionais. Os gastos básicos são com gasolina ou um ajudante, quando não é o proprietário mesmo quem trabalha. “Os clientes que geralmente contratam os serviços são das classes A e B, residentes. As unidades que hoje oferecem esse serviço realizam em média 350 atendimentos por mês”, relata. Segundo Vianna, há muitas vantagens em fazer parte desse time: baixo investimento inicial (R$ 65 mil já contando

Sabendo que os bichos estão em frente de casa os donos ficam tranquilos com taxa de franquia, adaptação da van, adesivagem, equipamentos e capital de giro); faturamento líquido entre R$ 6 mil e R$ 8 mil; clientes fidelizados, garantindo retorno rápido de até 12 meses; rede de comunicação com o franqueador; treinamento com equipe especializada; produtos e serviços padronizados; assistência personalizada; pronto atendimento; sistema de gestão desenvolvido pelo iPad e atendimento em todo o Brasil. O economista explica que o

REFEIÇÕES MAIS CARAS

investimento inicial pode ser até 60% mais barato e o custo de operação até 40% menor do que o de uma loja fixa. “O veículo pode ser financiado em até 60 meses. Os custos operacionais sobre o veículo, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA), combustível, seguro e manutenção são menores do que as despesas quando o negócio é montado num imóvel, expõe.

O SERVIÇO OFERECE Segundo o médico veterinário Beto

Bretaña, empresário que adotou o modelo de pet shop móvel, o serviço é bastante vantajoso, pois poupa tempo dos clientes e diminui o estresse dos bichos. Bretaña conta que a Van’s Dog (seu pet móvel) é toda equipada com reservatório de água e gerador de energia, para que não seja necessária a utilização de recursos da residência do cliente. O médico explica que o atendimento dos pet shop móveis funciona com o deslocamento do carro até a casa do cliente, diferente dos pets comuns. Segundo Fabrício Mourão, dono do pet shop fixo Vida Animal, mesmo com a chegada dos pet móveis, o movimento do seu estabelecimento continua o mesmo. “Com o nosso marketing continuamos progredindo e fazendo novos clientes”. Para Mourão, um empreendimento que possui local fixo e usa de técnicas tradicionais, passa mais credibilidade e confiança para os clientes.

CONSCIÊNCIA ECONÔMICA

Valores em Curitiba ficam acima da média nacional

Número de endividados no Paraná diminui

A pesquisa Preço Médio de Refeição 2014, realizada pelo instituto de pesquisas Datafolha, a pedido da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação (ASSERT), revelou que o curitibano gasta, em média, R$ 31,65 para realizar uma refeição fora de casa. Esse valor ficou um pouco acima da média nacional que, de acordo com a pesquisa, é de RS 30,14. Nesses preços estão inclusos uma refeição do tipo comercial; autosserviço; executivo ou à la carte; uma bebida; uma sobremesa e o preço de um café. Entre os quatro sistemas de refeição com preços apurados na capital paranaense está o comercial, que é a refeição conhecida por seu preço mais baixo. O autosserviço é aquele em que o usuário serve-se em buffet. Há também o serviço executivo, opção mais em conta do cardápio regular do restaurante à la carte. Por fim, o serviço à la carte é aquele que apresenta refeições mais elaboradas e padronizadas por tipo de comida, disponível em estabelecimentos

Na maioria dos lares brasileiros, a preocupação com os gastos é frequente. Dívidas se acentuam quando o dia do pagamento se aproxima. Entretanto, o número de endividados no Paraná reduziu pela primeira vez no ano, em abril, com uma queda de aproximadamente 3,5%. De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PR), em abril, 85,6% das famílias estavam endividadas no Estado, enquanto que, em março, esse valor era de 88,8%. Para o economista Lucas Dezordi, um dos motivos pelo qual a população paranaense se endivida está relacionado com a capacidade de pagamento da família. “Quando o nível de emprego está em alta, por exemplo, as famílias conseguem expandir o nível de renda e a capacidade de endividamento. No caso do

que adotam cardápio ou menu. Os valores médios obtidos pela pesquisa para esses quatro sistemas na região de Curitiba são os seguintes: R$ 21,48 para a refeição tipo comercial; R$ 21,72 para o self service; R$ 36,53 para o prato executivo e R$ 46,89 para o serviço à la carte. Para o professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Gilson Martins, a média obtida pela pesquisa não reflete necessariamente a realidade econômica da cidade. “Embora a média de R$ 31,65 possa ser considerada mais alta que a média nacional, é razoável supor que os valores das refeições em Curitiba variam entre valores bastante baixos e valores mais altos”. Para a fisioterapeuta Juliana Gonçalves Dias, a maioria das refeições feitas fora de casa é realizada em estabelecimentos do tipo autosserviço. “Além de serem práticos, os restaurantes que possuem esse tipo de refeição oferecem muitas opções de alimentos e saladas”, contesta. José Helinton / 2º Período

Estado, a economia está crescendo acima da média: a renda (PIB) no Brasil cresceu 2,3% em 2013 e, no Paraná, a expansão foi de 5%”, declara. Dados da PEIC também apontam quais contas dominam o mercado das dívidas. O campeão dos parcelamentos é o cartão de crédito, opção de 67,7% dos paranaenses.

FATORES POSITIVOS Dezordi comenta também sobre o que a queda de envidados no mês de abril representa na economia paranaense. “Na geração de empregos, o Paraná também se destaca. Estamos em período de colheita da safra de soja, e o nível de emprego no Estado sobe”, diz. Por fim, o economista expõe sugestões de controle nos gastos. “A minha orientação para as famílias consiste em focar no controle de seus orçamentos e evitar ao máximo novos endividamentos, principalmente no cheque especial e no cartão de crédito”. Lara Pessoa / 3o Período


Curitiba, 04 de junho 2014

“Se o aluno quer morar sozinho, em uma casa grande, com certeza irá gastar mais do que aquele que dividir um apartamento“

ESTUDAR NO EXTERIOR NÃO PRECISA CUSTAR CARO

Trabalhar e dividir as despesas são alternativas para quem pretende economizar no intercâmbio

OPÇÕES DE TRABALHO Pelo programa da PUCPR, não é permitido trabalhar na maioria dos lugares. Em contrapartida, por outros programas de intercâmbio, dá para ter um emprego e manter-se com o dinheiro ganho. A estudante de Direito aprendeu italiano e também trabalhou em Loppiano, um vilarejo localizado na Itália central. Ela viajou durante um ano pelo Movimento dei Focolari, que é católico e tem como objetivo difundir a vida em unidade de pessoas com diferentes culturas. Lívia contou que teve que arcar apenas

TARIFA DE ÔNIBUS É REAJUSTADA Passagem variou entre 7,41% e 9,26% na RMC

Após a análise da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) sobre o valor das tarifas do transporte coletivo da rede de transporte público não integrada ao sistema de Curitiba, em reunião que ocorreu no dia 13 de abril, as mesmas foram reajustadas em aproximadamente 8,87%. De acordo com André Gustavo Reis, diretor do setor de transportes metropolitanos da Comec, a alteração no preço das tarifas variou entre 7,41% e 9,26% atingindo 14 empresas de ônibus e 78 linhas metropolitanas. “O cálculo das tarifas foi baseado no custo do quilômetro, no qual entram todos os insumos como diesel, salários, pneus, manutenção, impostos, veículos, etc”, explica.

IMPACTO NA RENDA MENSAL

com as passagens aéreas, passaporte e visto. As despesas da casa para meninas onde morava e aprendia sobre os eixos do movimento, além de suas viagens no final de semana, eram pagas com o dinheiro que ganhava na fábrica em que trabalhava. De acordo com Marina Dionizio, consultora de intercâmbio da Agência de Intercâmbio e Turismo TravelMATE, um dos lugares mais baratos para viajar é a África do Sul, onde é possível estudar inglês por no mínimo um mês e também trabalhar. O dinheiro investido equivalente ao primeiro mês é de aproximadamente US$ 1.700, para acomodação e o curso. As passagens e documentos necessários são pagos à parte e os trabalhos podem ser remunerados (hotelaria, serviços ou turismo) ou voluntários (em reservas com animais, casas de repouso ou creches). Segundo a consultora, há outras opções para universitários em época de férias, que desejam trabalhar fora do país. O chamado Work and Travel, que dura de três a quatro meses, tendo o estudante direito a mais de 30 dias para turismo, é uma maneira de aperfeiçoar o inglês e passear nos Estados Unidos. O valor é de aproximadamente US$ 1.930, podendo ter desconto e pagamento parcelado, sem moradia inclusa. Dayanne Wozhiak/3ºPeríodo

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A rede não integrada de transporte coletivo de Curitiba atende cerca de 150 mil passageiros por dia, percorrendo mais de 100 mil quilômetros em aproximadamente duas mil viagens diárias resultando no transporte de mais de 49 milhões de passageiros por ano. Com o valor da tarifa de ônibus modificada, a recepção da notícia por parte dos usuários do transporte público da Grande Curitiba tem sido divergente quanto ao impacto do reajuste sobre a renda mensal da população. Para o técnico em eletrônica Cláudio Francisco Oliveira, passageiro da linha Eugênia Maria, da Viação Castelo Branco, essa mudança no valor da tarifa significou muito no seu orçamento mensal. “Utilizo o transporte coletivo diariamente para ir ao trabalho e à escola, gastando cerca de 10 passagens por semana. Acho o valor absurdamente alto, pois até o preço do litro da gasolina é mais barato”, aponta.

VANTAGEM X DESVANTAGEM Para o economista Adrilei Tiemann Adriano, o valor do reajuste não causa muito impacto na renda mensal do usuário devido à lei do vale transporte. Segundo ele, o impacto é maior sobre as empresas que pagam o benefício para os funcionários. “Essa questão de custo e benefício deve ser entendida e calculada com base na renda de cada pessoa. Como está previsto em lei, a empresa deve descontar 6% do salário bruto de cada empregado, calcular quantas passagens a pessoa vai usar mensalmente e então completar o valor conforme o que faltar”, explica. O especialista fez alguns cálculos para exemplificar. “Se tomarmos como base uma pessoa que possui uma renda de R$ 1 mil, utilize duas passagens por dia no valor de R$ 4,00 cada uma e trabalhe 22 dias por mês, a soma total de passagens mensais ficará em torno de R$ 176,00. Deste total, o funcionário é descontado em 6% (cerca de R$ 60,00) e a empresa paga o restante (R$ 116,00) – em contrapartida, se fizermos o mesmo cálculo para uma pessoa que possui um salário de R$ 5 mil a empresa não pode pagar o benefício já que o valor descontado é cerca de duas vezes maior que o gasto com as passagens (cerca de R$ 300,00)”, aponta. O economista finaliza dizendo que existem também outras alternativas que podem começar a dar certo na cidade, como o uso da bicicleta e do rodízio. “Mesmo ainda não sendo tão utilizado aqui, o rodízio que já ocorre em grandes cidades como São Paulo pode colaborar no orçamento financeiro das famílias, assim como o uso da bicicleta que, como meio de transporte, pode ser bem econômica e eficaz para o cidadão”, conclui. Thauane Mayara/3ºPeríodo

Fábio Carvalho/3ºPeríodo

Opção para quem deseja aperfeiçoar o aprendizado em uma língua estrangeira, conhecer uma nova cultura e pessoas diferentes, o intercâmbio é também uma forma de garantir, com a bagagem cultural, um bom emprego. Porém, viagem, estadia, alimentação e estudos costumam ter um custo elevado. O investimento total nos programas tende a variar de pessoa para pessoa, de acordo com a disponibilidade financeira de cada um. “Se o aluno quer morar sozinho, em uma casa grande, com certeza irá gastar mais do que aquele que dividir um apartamento pequeno com outras duas pessoas, por exemplo”, diz Valesca Walesko, orientadora de intercâmbio da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Segundo ela, os gastos com moradia, alimentação e transporte, costumam ser, em média, de US$ 800 por mês. Compras de objetos pessoais são também muito frequentes nas viagens, devido aos valores que, incialmente, parecem baixos, “mas no final das contas, não são”, atenta a orientadora. Lívia Beatriz Maciel, 22 anos, estudante de Direito da UniCuritiba, diz que é preciso ter prioridades na hora de gastar. “Você tem que ficar atento ao que mais precisa, mas não é por isso que deixa de aproveitar. Não é por um sorvetinho ou porque não entrou em um museu que você vai deixar de curtir o lugar”, diz Lívia, que fez intercâmbio na Itália, há quatro anos.

COMUNICARE

Terminal do Guadalupe, centro de movimentação da rede de transporte não integrada


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”O voto é uma procuração que o eleitor passa ao seu candidato, e para renovar essa procuração é necessário que nunca prometa, e sim cumpra seu papel como legislador”

CURITIBA TEM O VEREADOR MAIS VEZES REELEITO EM TODO O BRASIL

Jairo Marcelino acumula oito reeleições na Câmara Municipal

Marcos Sudoviski/3ºPeríodo

Eleito pela primeira vez em 1982, Jairo Marcelino (PSD) é o vereador com o maior número de reeleições no Brasil, com oito no total. Tal longevidade na política mostra que muitas pessoas confiam e votam nos mesmos vereadores, e Marcelino afirma que o trabalho de um político é sempre analisado pela população. “O voto é uma procuração que o eleitor passa ao seu candidato, e para renovar essa procuração é necessário que nunca prometa, e sim cumpra seu papel como legislador, respeitando e sendo leal sempre para com as pessoas as quais lhe confiaram, através do voto, o poder de representá-las perante à Câmara Municipal de Curitiba”, afirma. O vereador também enfatiza alguns projetos por ele propostos. “Foram tantos os projetos já apresentados durante todos esses oito mandatos, porém cito aqui apenas alguns como, por exemplo, a isenção de passagem no transporte coletivo

Câmara Municipal de Curitiba

para carteiros; alterações na legislação de publicidade ao ar livre; informação turística sobre o serviço de táxi nos hotéis; entre outras”, comenta. Gilberto Amaral, assessor político de Marcelino, comenta sobre a maneira de trabalho do vereador, e como procura ajudar a população. “O Jairo é uma pessoa que desde o início da vida trabalhou muito, como motorista de ônibus, fazendo amizade com todas as pessoas de seu convívio, este é um dos motivos que faz com que ele tenha tanto apreço pelos eleitores, pois desde a época de seu primeiro mandato é apoiado por muitas pessoas”. Sobre as campanhas políticas de Marcelino, Amaral fala que “desde o começo, na sua primeira campanha, o Marcelino não investiu muito dinheiro em propagandas, mas sim na sua amizade e preocupação com a necessidade da população, e procurando conhecer cada vez mais seus eleitores. Na última eleição para vereador, ele foi um dos poucos políticos reeleitos de Curitiba, isso é mais uma prova de que ele vem fazendo muito pela

população de Curitiba”.

REELEIÇÃO É UM TEMA POLÊMICO Contudo, uma parcela da população não é a favor de um político ficar tanto tempo no poder. Para Marcos Baltazar, eleitor há mais de 30 anos, a reeleição não deveria ocorrer para vereadores, pois se reelegendo podem se acomodar nos cargos e tirar a oportunidade de novas pessoas representarem a população. “No cargo de vereador, não deveria existir reeleição, pois pode ocorrer uma acomodação por parte do político, usando seus cargos para favorecer alguns, e não toda população, que é sua principal função. Novas pessoas, até mais jovens, devem entrar na política, pois assim novos planos, ideais e projetos chegarão à população”, diz. Jairo Joakinson, representante comercial, compartilha com a opinião de Baltazar e afirma ser necessária uma inovação no quadro de vereadores, pois se trata de um emprego comum. “É necessário acabar com o continuísmo no poder e dar a possibilidade de outras pessoas contribuírem com o povo trazendo novas ideias. Nos

dias atuais, o cargo de vereador virou emprego e não um cargo transitório de alguém que deveria trabalhar pelo povo. Fica evidente a formação de uma espécie de corporativismo entre os vereadores, primeiro pensam neles, depois na população; se houvesse maior rotatividade na Câmara, esta prática seria evitada”, fala. Advogado especializado em política, e professor, Cicero José Albano, analisa a falta de renovação na Câmara e a falta de interesse de parte dos jovens em participar da política. “O problema é que estamos sem líderes, os jovens não estão assumindo lideranças políticas, não procuram conhecer o assunto, com isso acontece que quem não gosta de política vai ser governado por quem gosta. A nova geração precisa se interessar pela política, para que a renovação aconteça, e que não tenham mais políticos com tanto tempo no poder”, comenta. Marcos Sudoviski/3ºPeríodo


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“Acredito que como eu, existam várias pessoas dispostas a tal mudança, e seria mais fácil de alcançá-la se a sociedade as ajudasse”

PROJETO PREVÊ AUXÍLIO A DEPENDENTES QUÍMICOS

Reabilitação se dará por meio de empregos e parceria com empresas O vereador Hélio Wirbiski (PPS) apresentou um projeto de lei que prevê a inserção de ex-dependentes químicos no mercado de trabalho, realizando parcerias com empresas particulares. “A Prefeitura

está criando um banco de indicações para empresas que queiram participar, dessa forma a empresa quando contratar um desses recuperados vai ganhar um certificado que se chama empresa amigo da

O vereador Hélio Wirbiski (PPS) foi o responsável por apresentar o projeto

vida, o qual resultará em mais visibilidade a que o desafio seja maior, pois é evidente esta empresa, consequentemente atraindo a existência do preconceito e um certo mais clientes”, explica Wirbiski. receio por parte dos contratantes e O projeto, que ainda será votado na dos próprios funcionários da empresa”. Câmara Municipal, tem o objetivo de Luiz Antonio, ex-dependente químico, reinserção do ex-dependente químico na acredita que tal projeto pode ser a solução sociedade somente após para se ter uma vida digna o seu tratamento em novamente. “Quando “QUANDO DECIDI ENTRAR uma casa de reabilitação. EM UMA CLÍNICA PARA ME decidi entrar em uma Marcos Baltazar, diretor REABILITAR, DECIDI TAMBÉM clínica para me reabilitar, de uma cooperativa, decidi também que me QUE ME TORNARIA UMA disse que o projeto é tornaria uma pessoa PESSOA MELHOR” inovador, pois poucas melhor, e hoje, bacharel pessoas têm a intenção em Direito, exerço minha de ajudar ex-dependentes químicos. profissão dignamente. Acredito que como Porém, acredita que o maior medo dos eu, existam várias pessoas dispostas a tal contratantes seja que o reabilitado tenha mudança, e seria mais fácil de alcançá-la alguma recaída, e acabe atrapalhando se a sociedade as ajudasse. Dessa forma, de alguma maneira o andamento da se essa lei for aprovada, reduzirá muitos empresa. “Muitas empresas adotam problemas existentes na sociedade, sendo sistemas de oportunidade de emprego a violência uma delas, tendo em vista que primeiramente para jovens estudantes, ou essas pessoas terão a oportunidade de para pessoas com deficiência física. Agora, trabalhar e ganhar seu dinheiro de forma para adotar um sistema de contratação digna”, atesta. para ex-dependentes químicos, acredito Amanda Penteado/3oPeríodo

PROJETO DE LEI TENTA VETAR EMBRIAGADOS EM ESTÁDIOS

Neste mês de maio a combinação cerveja e estádio de futebol está prestes a ganhar mais um capítulo. O vereador José Carlos Chicarelli (PSDC) criou um projeto de lei que pretende impedir que torcedores sob influência do álcool entrem nos estádios de futebol em Curitiba. O maior objetivo do projeto é diminuir a violência e as más condutas entre os torcedores. No projeto de lei o vereador cita o uso de bafômetros na entrada dos estádios para verificar o nível de álcool no sopro do torcedor. Apenas os torcedores que aparentarem sinais de embriaguez serão obrigados a fazer o teste. “O teste será feito apenas em torcedores que estiverem com sinais de embriaguez logo na entrada. A quantidade para que um torcedor seja impedido de entrar no estádio é de 0,6 miligramas por litro de ar expelido. Caso seja aprovado o projeto, o clube que não cumprir terá que pagar uma

Leonardo Dulcio/3oPeríodo

Vereador Chicarelli diz que proposta tem como maior objetivo diminuir a violência nos campos de futebol

O projeto quer vetar cerveja antes dos jogos multa entre R$ 5 mil e R$ 50 mil ”, contou Chicarelli. O torcedor Guilherme Lopes, 21 anos, frequentador dos estádios de futebol, vê com bons olhos o projeto feito pelo vereador Chicarelli. “Eu bebo bebidas

alcóolicas, mas concordo com o que está sendo proposto pelo vereador. Pois quando as pessoas bebem automaticamente ficam mais agressivas e essa agressividade pode gerar brigas e que fujam ao objetivo do torcedor no estádio que é apoiar e incentivar seu time”, disse o estudante. Guilherme ainda conta que já presenciou uma briga entre torcedores embriagados dentro do estádio. “Eu estava assistindo a partida tranquilamente, quando vi dois torcedores do mesmo time se estranhando. Perguntei para um rapaz que estava mais próximo à briga e ele disse que ambos estavam sob efeito de álcool e um ficou estressado com o xingamento para um jogador e partiu pra cima do outro”, contou o torcedor.

NEM TODOS SÃO A FAVOR Contudo, existem torcedores que querem a volta das bebidas alcóolicas aos

estádios e não concordam com o projeto do vereador Chicarelli, pois veem que se a proibição dentro dos estádios não surtiu o efeito pretendido, não será proibindo o torcedor que tomou uma cerveja antes do jogo que o problema será resolvido. Foi o que disse o estudante e torcedor Felipe Gaspar, 19 anos. “Se a proibição dentro dos estádios não resolveu, proibindo do lado de fora vai resolver? Onde ocorrem os principais casos de violência entre torcidas? Nos bairros”. Outro torcedor favorável à volta das bebidas alcóolicas aos estádios, Matheus Lang, 20 anos, deu o exemplo dos estádios de futebol na Alemanha onde é liberada a venda de bebidas alcóolicas dentro do campo. “Na Alemanha a bebida alcoólica é liberada, porém há restrições comuns. Como a venda permitida apenas a maiores de idade e afins”, disse Lang. Leonardo Dulcio/3oPeríodo


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Curitiba, 04 de junho 2014

Mãe biológica de apenas seis filhos, mas que ajudou a cuidar de mais de duas milhões de crianças necessitadas. Visitou mais de 1,5 milhão de famílias em mais de quatro mil municípios.

ZILDA ARNS FOI UM EXEMPLO DE MÃE E DE SER HUMANO Uma mulher guerreira e com um coração imenso que ajudou milhões de pessoas necessitadas

Acervo Pastoral da Criança

Zilda Arns viveu 75 anos de sua beatificação. Esta foi Zilda Arns Neumann, uma mulher guerreira que ficou viúva muito cedo, mas mesmo assim não deixou faltar amor dentro de casa. Mãe biológica de apenas seis filhos, mas que ajudou a cuidar de mais de dois milhões de crianças necessitadas. Visitou mais de 1,5 milhão de famílias em mais de quatro mil municípios. O significado da palavra mãe é difícil de ser explicado, mas a vida da Dra. Zilda Arns com certeza é uma das definições desta pequena palavra. Guilherme Becker/3º Período

Acervo Pastoral da Criança

O Natal de 2009 teve clima de formasse médica. despedida em família. Após muitos anos, Porém, uma mãe não desiste facilmente ela finalmente conseguiu reunir todos os de seus filhos, assim como ela não desistiu filhos e netos na praia. Passaram as festas de seus objetivos. Em 1959, esteve entre as de final de ano e ficaram até o dia 06 de primeiras médicas formadas no Paraná. No janeiro no Balneário de Betaras, no litoral mesmo ano se casou e começou a constituir do Paraná. “A mãe estava diferente, nunca a sua família. Sempre dedicada à vida das aproveitou tanto a praia com crianças, ela não se conformava com a alta mortalidade infantil “NEGUEI TRÊS VEZES os netos como aquela vez, mas causada muitas vezes por DE ELA VIAJAR PARA ela também estava um pouco doenças de fácil prevenção. O HAITI, NÃO QUERIA preocupada com seu discurso Trabalhou como médica QUE ELA FOSSE PRA no Haiti”, relembra Rogério Arns, filho primogênito. pediatra no Hospital de Crianças LÁ, O PAÍS NÃO Depois das festividades, César Pernetta, em Curitiba, OFERECIA SEGURANÇA era hora de embarcar para onde desenvolvia seu maior NECESSÁRIA” Miami, depois Porto Príncipe. prazer, salvar vidas de crianças. Estava animada para que desta vez Porém, isso não bastava. Ela sentia que desse certo a implantação da Pastoral da poderia fazer mais, isso não era suficiente Criança no Haiti. No dia 12 de janeiro era para ela ajudar a mudar o mundo, e esse a última palestra. Estava com os 15 líderes era seu sonho. Em 1983, fundou o seu haitianos na Paróquia Sacré Coeur, após maior patrimônio, a Pastoral da Criança. terminar seu discurso permaneceu no local Com base em tudo que vinha lutando respondendo algumas perguntas. Eram desde sua juventude, a pastoral tem 16h53 quando um terremoto atingiu a por objetivo salvar crianças pobres da península de Tiburon, a 25 quilômetros da mortalidade infantil, da desnutrição capital. Com o tremor, o prédio paroquial e da violência familiar. Ela criou uma veio abaixo e matou a missionária. Porém, metodologia de multiplicação de seu trabalho não acabou ali. Milhares conhecimento e solidariedade entre as Zilda Arns trabalhou em diversos países de voluntários continuam levando seu famílias mais pobres. Naquele momento Ela foi a 13ª de 16 irmãos, nasceu exemplo. No dia 10 de janeiro de 2015 começava a sua realização pessoal. Com em 1934 na cidade de Forquilhinha, em evento a ser realizado na Arena da muita humildade e dedicação, expandiu o município localizado no sul catarinense. Baixada, em Curitiba, iniciará o processo projeto que se iniciou na pequena cidade Sempre muito responsável, desde jovem se de Florestópolis – interior do Paraná – dedicava em ajudar o próximo. para mais de 72% do território ESTEVE ENTRE AS nacional e mais de 20 países. Seu Em sua cidade natal era muito querida pelos idosos do morro PRIMEIRAS MÉDICAS jeito carinhoso, doce e humano FORMADAS NO próximo à sua casa. Toda cativou milhares de pessoas. PARANÁ semana subia aproximadamente Incansável, não desistia seis quilômetros para visitar os enquanto não conseguisse moradores que tinham dificuldades para implantar seu projeto. E o Haiti foi um chegar até os hospitais. de seus maiores desafios. Após algumas Seu espírito de compaixão fez com que tentativas sem sucesso, em janeiro de 2010 ela não tivesse dúvidas na hora de escolher ela conseguiu um encontro com os líderes sua futura profissão. Em 1953 iniciou seus haitianos para conversar sobre o programa. estudos de Medicina na Universidade “Neguei três vezes de ela viajar para o Federal do Paraná (UFPR) e como muitas Haiti, não queria que ela fosse pra lá, o país vezes o destino é irônico, logo no primeiro não oferecia segurança necessária”, conta ano foi reprovada na disciplina de pediatria. Clóvis Boufleur, seu chefe de gabinete. Mas, Justamente ela, que era sempre uma das alguém duvida da persistência de uma primeiras da turma. Mas naquela época, mulher que sempre lutou pela vida? Pois é, algumas barreiras eram muito fortes e seu em janeiro de 2010 ela embarcou rumo a Último registro de Zilda Arns com vida professor não aceitava que uma mulher se Porto Príncipe sem avisar Boufleur. Acervo Pastoral da Criança

Segundo o dicionário Aurélio, mãe é uma mulher que tem ou teve filho, mulher carinhosa, protetora, origem, causa, fonte, pessoa que chora facilmente e até mesmo um ser fantástico, espécie de sereia de água doce. Mas será que a definição do dicionário consegue descrever tudo o que essa pequena palavra significa para cada um de nós? Melhor partirmos para um exemplo prático.


Curitiba, 04 de junho 2014

“Foram oito dias totalmente diferentes, focados 100% em fotografia. Fotografamos em Belém e também nos arredores”

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EXPOSIÇÃO MOSTRA REALIDADE DE PARAENSES PROJETO PARÁ 3X4, DE ESTUDANTES DA PUCPR, FAZ UM RETRATO INTIMISTA DA VIDA NO PARÁ No início de 2013, Melvin Quaresma, rotina habitual. Foram oito dias totalmente Isabella Lanave e Brunno Zotto planejaram diferentes, focados 100% em fotografia. uma viagem ao Pará, para fotografar a Fotografamos em Belém e também nos realidade do estado. “Eu sou nascido arredores como foi o caso de Abaetetuba e em Belém, então o Pará não é tão novo nas comunidades ribeirinhas”, diz Zotto. pra mim quanto é pro Brunno e Isabella. Os amigos passaram oito dias no local, e Levei os dois com o antes de começarem intuito de apresentar as fotos passaram “LOGO QUE COMEÇAMOS O BLOG, minha família, um convivendo A TÂNIA E A CHARLY NOS PEDIRAM dias pouco dos lugares QUE SEGURÁSSEMOS UM POUCO AS com as pessoas, e da minha infância, a depois de ganharem PUBLICAÇÕES E NOS SUGERIRAM ideia principal seria certa intimidade MONTAR UMA EXPOSIÇÃO, O QUE fotografar o Círio de e se tornarem um ACEITAMOS DE PRONTO” Nazaré (procissão pouco mais naturais religiosa que ocorre ao ambiente todo mês de outubro)”, relata Quaresma. começaram a fotografar. “Por isso o As fotos dos estudantes de Jornalismo resultado é bem próximo das pessoas, da Pontifícia Universidade Católica do sem o impacto do ‘chegar com a câmera’”, Paraná (PUCPR) dariam origem à mostra conta Quaresma. Pará 3x4, em exposição no Centro Europeu, Zotto explica como começou sua em Curitiba. paixão por fotografia. “Bem, na verdade “A viagem foi muito agradável, eu nunca fotografei na minha vida até principalmente por sair um pouco da minha cursar fotografia no Centro Europeu. Decidi

participar do curso, pois uma grande de Belém. “Bem, esse era um material que amiga queria fazer, mas logo na primeira não possuíamos nenhuma destinação semana fui tomado pelo vírus da fotografia, específica. Quando chegamos em casa me apaixonando perdidamente por essa surgiu a ideia de montar um blog com fotos ideia de congelar os momentos. Descobri diárias. Decidimos pelo nome Pará 3x4, pois algo novo e muito forte, que além de ser inicialmente era um blog onde cada um prazeroso, é hoje minha profissão”. de nós três iria postar quatro fotos por dia Do lado oposto, Quaresma teve (3x4) e também o 3x4 remete à fotografia, os primeiros sinais de retrato, identidade”, paixão pela fotografia “POR ISSO O RESULTADO explica Zotto. ainda na infância. “Gosto Porém, o blog não É BEM PRÓXIMO DAS de fotografia desde prosseguiu, pois logo PESSOAS, SEM O IMPACTO criança, ganhei uma no começo surgiu o DO ‘CHEGAR COM A câmera de aniversário convite da exposição, por CÂMERA’” de sete anos, mas era isso as fotos não seriam mais de brincadeira. Em publicadas tão cedo. “Logo 2008 meu pai ganhou uma câmera dos que começamos o blog, a Tânia e a Charly amigos do trabalho dele, ela era manual, (coordenadoras do curso de fotografia do aí aproveitei para mexer nela, aí comecei Centro Europeu e curadoras da exposição) a estudar e querer fotografia como um nos pediram que segurássemos um pouco trabalho”, lembra. as publicações e nos sugeriram montar Zotto comenta que a proposta se uma exposição, o que aceitamos de pronto”, modificou depois que o grupo retornou explica o estudante. Bruna Cavalheiro / 3º período

RECEPÇÃO MUDOU PROJETO Alana Dombrowski Lima / 3° Período

Quando, no começo de 2013, os fotógrafos Brunno Zotto, Isabella Lanave e Melvin Quaresma planejaram uma viagem para Belém, no Pará, não imaginavam que dessa viagem sem compromisso surgiria um projeto tão íntimo sobre o povo paraense. A princípio, a ideia seria cobrir a procissão do Círio de Nazaré, que ocorre em outubro na capital do Pará, mas, ao chegarem na cidade, o encantamento foi à primeira vista - um amor intenso

Alana Dombrowski Lima / 3° Período

pelas cores, pelas ruas, pelas sombras,

Comunidades ribeirinhas foram retratadas em profundidade

pelos sorrisos acolhedores dos que os recebiam.

““A VIAGEM FOI MUITO AGRADÁVEL, PRINCIPALMENTE POR SAIR UM POUCO DA MINHA ROTINA HABITUAL””

Intimismo surpreendeu visitantes

SERVIÇO Local: Centro Europeu (Rua Desembargador Motta, 1425, Centro) De 25 de abril a 25 de maio de 2014 Segunda a sexta: 8h às 22h. Sábado: 8h às 17h Entrada franca


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Curitiba, 04 de junho 2014

“É muito mais fácil torcer para um time que ela está acostumada a ver na TV”

DUPLA ATLETIBA TEVE BAIXA EXPOSIÇÃO NA TV EM 2013 Enquanto o Corinthians teve 18 jogos televisionados no Brasileirão 2013, paranaenses tiveram apenas quatro Um levantamento realizado pela reportagem do Comunicare apresentou a distribuição das partidas do Campeonato Brasileiro transmitidas pela Rede Globo. Os dados, referentes à edição 2013 do campeonato, confirmaram um hipótese perceptível para quem acompanha o campeonato através da telinha: em plena Curitiba, os clubes paranaenses não têm vez perante os rivais paulistas e cariocas. No ano passado, das 38 rodadas televisionadas, o Corinthians foi o clube com mais partidas transmitidas para a capital paranaense: 18; seguido pelo São Paulo, com 10 jogos transmitidos e pelo Flamengo, com oito. Em contrapartida, Atlético e Coritiba, juntos, estiveram presentes em apenas quatro partidas transmitidas para Curitiba: três do Coritiba e uma do Atlético. O detalhe é que nas três transmissões de jogos do Coritiba, os adversários foram os grandes paulistas: Santos, São Paulo e Corinthians, que coincidentemente foi o adversário do Furacão em seu único jogo televisionado para a cidade. Questionada pela reportagem a respeito dos números, a RPCTV respondeu que não depende de si para transmitir jogos dos clubes locais, pois é a Rede Globo quem regulamenta o calendário das transmissões. Com exceção da Globo Rio e da Globo São Paulo que tem o direito

Sabrina Gueller acompanha seu time pela TV

de transmitir jogos dos clubes locais em todas as rodadas do campeonato, todas as demais filiais da emissora carioca “dividem” o que seria a terceira transmissão disponível por rodada. O critério, segundo a RPCTV, é definido pelo tamanho da população agregada pela praça e também pela fase do clube no campeonato - em 2013, com o campeão brasileiro Cruzeiro, a Globo Minas foi a filial com mais partidas televisionadas: 11, de um total de 35 que foram permitidas - outras seis filiais além da Globo Minas dividiram esta cota.

86,5% DOS JOGOS TRANSMITIDOS PARA CURITIBA CONTARAM COM A PRESENÇA DE FLAMENGO, CORINTHIANS E SÃO PAULO Se forem consideradas todas as partidas televisionadas em todas as praças da rede, o Corinthians foi disparadamente o clube com o maior número transmissões: 29, novamente seguido por São Paulo, com 21, e Flamengo, com 20. Como o Palmeiras esteve ausente na edição passada, Corinthians e São Paulo foram beneficiados e dominaram as transmissões da Globo paulista. Tanto Coritiba, quanto Atlético tiveram sete partidas transmitidas no total. As informações foram coletadas através dos relatórios disponibilizados pela CBF e também pelo acompanhamento do guia do campeonato disponível no site globoesporte.com. Foram contabilizados também as transmissões do canal a cabo Sportv, cujos números mostram uma interessante curiosidade: enquanto na TV aberta, Corinthians, Flamengo e São Paulo são líderes absolutos, na TV paga sua representatividade é simbólica. São Paulo

e Corinthians, por exemplo, tiveram uma partida cada transmitida pelo Sportv. Já o Flamengo teve quatro jogos transmitidos pelo canal da TV paga, mas nenhuma partida transmitida para o Rio de Janeiro. Neste cenário, os clubes gaúchos e mineiros são os preferidos. Grêmio e Atlético/MG tiveram 15 partidas televisionadas cada um. Vasco e Fluminense também foram destaque: 12 cada.

TELEVISÃO A CABO Para a dupla Atletiba, a TV paga significa uma visibilidade maior - o alviverde teve 10 partidas transmitidas, e o rubronegro, oito. No entanto, se consideradas apenas as partidas do Sportv que foram transmitidas para o estado do Paraná, o número despenca: três para o Coxa e duas para o Furacão. Em Curitiba, o número de torcedores do Corinthians praticamente dobrou de 2005 para 2009, de acordo com a Paraná Pesquisas. A grande quantidade de pessoas que migrou para a capital paranaense e a boa fase do clube paulista nos últimos anos pode ter sido um fator determinante. No entanto, há quem acredite que a super exposição do clube paulista tem contribuído para a “invasão corintiana” na Cidade Sorriso, como pensa o estudante de Engenharia Civil Marcel Rodrigues. “Para a criança que está começando a gostar de futebol agora e está escolhendo seu time, é muito mais fácil torcer para um time que ela está acostumada a ver na TV”, opina. O torcedor do Coritiba ainda culpa o preço dos ingressos de Atlético e Coritiba como um elemento que afasta o curitibano dos times locais. “Muita gente só pode acompanhar o Brasileirão pela TV”. Prova do crescimento da torcida do alvinegro paulista na terra das araucárias, Sabrina Gueller deixou de torcer para o Paraná Clube para engrossar a torcida do Corinthians, mas se irrita com quem desrespeita sua relação com seu clube. “Muita gente diz que quem torce para o Corinthians em Curitiba é torcedor de sofá. Mas tem muita gente que torce pelo Atlético, pelo Coxa e também não vai aos jogos no estádio”, pondera.

PARTIDAS TRANSMITIDAS PARA CURITIBA POR TIME

18 10 8 6 5 4 4 3 1

Marcio Galan/4oPeríodo


“Este é o reconhecimento de um esporte que está em pleno crescimento. Abrirá muitas portas para todos, dando mais visibilidade e popularizando o esporte”

Curitiba, 04 de junho 2014

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RETORNO ÀS OLIMPÍADAS TRAZ CRESCIMENTO AO GOLFE E RUGBY

As modalidades podem ter representantes paranaenses nos Jogos Olímpicos

GOLFE Presente pela última vez nas Olimpíadas de 1904, nos Estados Unidos, o golfe volta aos jogos na versão stroke play, sistema mais usado em campeonatos, que faz a soma acumulativa dos pontos conquistados nos 18 buracos do campo. De acordo com Thiago Gabardo, da assessoria de imprensa da Federação Paranaense de Golfe, o retorno do esporte ao quadro olímpico traz visibilidade. “Este é o reconhecimento de um esporte que

está em pleno crescimento. Abrirá muitas portas para todos, dando mais visibilidade e popularizando o esporte”, declara. Para Daniel Stapff, único atleta paranaense de golfe com chances reais de ir para os Jogos Olímpicos 2016, o apoio cresceu após a reintegração da modalidade no quadro. “Os investimentos estão crescendo. A Confederação Brasileira está mais profissional, realizando mais torneios e, com o apoio do governo e de empresas, existe muito mais verba pra realizar eventos, campeonatos e treinamentos”, conta.

Federação Paranaense de Rugby, explica que o rugby recebe investimentos de leis brasileiras de incentivo ao esporte. “Alguns clubes possuem jogadores que, quando campeões nacionais, passam a receber a bolsa atleta do governo federal. Existem leis de incentivo ao esporte, nas quais busca-se o apoio da iniciativa privada”, explica. O crescimento do esporte deixa os atletas mais confiantes, mas ainda com um pé atrás. Gustavo Barreiros, mais conhecido como Gustavo Rambo, comenta que as

condições melhoraram, mas ainda não o suficiente. “Quando comecei, o esporte era totalmente amador. Toda despesa saía do bolso do atleta. Hoje, a realidade vem mudando”, comenta. Rambo tem grandes chances de fazer parte da seleção de rugby sevens nas Olimpíadas. Mas ele reconhece que o caminho é longo. “Chegar nas Olimpíadas além de um sonho, é uma meta de vida. Restam dois anos até os jogos. Tenho que trabalhar duro para chegar lá”, finaliza. Karyna Prado / 3º Período

RUGBY SEVENS Outro esporte que será novidade no Rio-2016 é o rugby. Fora desde 1924, ele volta a integrar uma Olimpíada com a modalidade rugby sevens, que é disputada com sete jogadores, diferente da rugby union, que integrou pela primeira vez os jogos e apresenta 15 jogadores, sendo esta versão do esporte a mais disputada nos principais campeonatos da categoria. Juarez Villela, vice-presidente da

Karyna Prado / 3º Período

Os Jogos Olímpicos chegam ao Brasil em 2016 com novidades em relação à última Olimpíada. Dois novos esportes foram incluídos no programa olímpico: o golfe e o rugby sevens. Em 2009, o Comitê Olímpico Internacional (COI) abriu duas vagas para novas modalidades esportivas. O comitê executivo do COI, então, indicou os dois esportes, e o quadro passa a ter 28 modalidades. No Paraná, esses esportes possuem representantes que podem integrar a delegação brasileira no Rio-2016.

Atletas de Curitiba têm chance de representar o Brasil no rugby

A PATINAÇÃO ARTÍSTICA E SUA FALTA DE VISIBILIDADE

No país do futebol, outros esportes são pouco reconhecidos e divulgados A patinação artística é um esporte que exige envolvimento total do corpo e da mente. É um esporte completo, pois proporciona uma melhora para a saúde e alivia o estresse do dia-adia, além de tonificar os músculos e melhorar a coordenação motora e despertar o apreço pela arte. Segundo o professor Cleber Reikdal, a busca pelo esporte se encaixa em dois grupos: a primeira é a realização de atividade física, sem a monotonia de academias de musculação e o segundo fator da busca pela modalidade é a realização de sonhos próprios ou de pais

dos esportistas. Tatiana Pereira, patinadora artística e campeã paranaense escolheu o esporte por ser diferente e também porque sempre gostou de assistir a campeonatos de patinação de gelo. Para a atleta, a complexidade do esporte é relativa. “Vai depender do quanto você quer se esforçar e o quão longe você quer chegar. Difícil é para todos que estão começando, mas a partir do momento em que você adquire segurança e confiança, vai do atleta sair da zona de conforto e aprender coisas novas”, assegura a medalhista.

DIVULGAÇÃO DO ESPORTE Para Tatiana, o esporte ainda é pouco conhecido pela população. “São poucos aqueles que o procuram como um esporte,

a maioria faz por diversão e mesmo assim viabilizando financeiramente os atletas ainda é pouco reconhecido e divulgado para competições fora do Estado”, afirmou. pelo governo”, completou a patinadora. A escola curitibana Footwork é Segundo a campeã paranaense, a pioneira na patinação artística desde maioria dos campeonatos e 2006. Gustavo Uchoa, patrocínios para os atletas proprietário da Footwork, “DIFÍCIL É PARA TODOS são oferecidos por empresas QUE ESTÃO COMEÇANDO, afirma que desde que a privadas, “o que é muito difícil escola de patinação foi criada MAS A PARTIR DO de conseguir na maioria dos MOMENTO EM QUE VOCÊ houve uma grande procura casos”, finaliza a atleta. ADQUIRE SEGURANÇA pelo esporte. “Abrimos a De acordo com César E CONFIANÇA, VAI DO escola com 30 alunos e hoje Augusto Colasso, gerente do ATLETA SAIR DA ZONA DE temos mais de 200 pessoas departamento de incentivo CONFORTO E APRENDER praticando o esporte”, ao esporte e promoção social completa o empresário. A COISAS NOVAS” da Secretária Municipal de escola realiza anualmente Esporte, Lazer e Juventude uma grande apresentação (SMELJ), existem 347 beneficiários do com o intuito de conquistar novos alunos. esporte no Paraná, sendo que a Federação “O show não tem intuito de arrecadar de Patinação possui sete projetos para dinheiro”, finaliza Uchoa. A escola tem os atletas. “O departamento do incentivo como base incentivadora outdoor fixo por meio da lei do incentivo, com o no Parque Barigui, além da realização aumento dos praticantes do esporte, de apresentações em escolas da região. tem como objetivo ajudar e incentivar Camila Beatriz Costa/3oPeríodo


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Curitiba, 04 de junho 2014

“As pessoas acabam se isolando em suas casas, com medo. Não podem nem ficar na calçada das suas casas, vendo o movimento na rua em paz, como era feito antigamente”

POR TRÁS DAS GRADES

Condomínios fechados se tornam a opção de famílias que buscam segurança Mendonça acredita que as medidas de segurança realizadas em casa passam do limite a partir do momento que afetam o espaço vital dos moradores. Ele cita como exemplo as casas com muros tão altos que se assemelham às fortalezas militares, e impedem o contato com o que acontece do lado de fora. “As pessoas acabam se isolando em suas casas, com medo. Não podem nem ficar na calçada das suas casas, vendo o movimento na rua em paz, como era feito antigamente”, conta o segurança, que diz ainda que o motivo das pessoas procurarem os condomínios é para poder unir segurança sem a sensação de estarem presos.

impossível. “Abri mão de ter um espaço aberto, mais lúdico para as crianças. Mas foi em nome da nossa segurança. Nem eu nem eles aguentaríamos passar por isso de novo”, diz. Ramos cita ainda que seria necessário mudanças no aspecto arquitetônico, que poderiam ser exploradas com o uso da tecnologia atual. “Na minha opinião, devia haver um ramo da arquitetura voltado para a inviolabilidade do lar. Ou seja, casas pensadas para serem totalmente seguras e inteligentes, de forma que você só precise fechar uma única porta e está seguro lá dentro, sem ter que sair trancando um monte de janelas”, explica.

PONDERANDO AS ESCOLHAS

Segundo o delegado Marcelo Magalhães, os condomínios, tanto verticais quanto horizontais, são realmente mais seguros e possuem uma quantidade bem inferior de ocorrências em relação às casas, mas esse número não é nulo. “Há uma diferença entre roubo e furto. Nas casas

Para quem procura um condomínio, mas necessita de menos espaço interno, os condomínios verticais que são os prédios, se tornam a escolha mais procurada. É o caso do publicitário Maurício Ramos, que saiu com seus filhos de uma casa grande que estavam morando há apenas dois meses e se mudaram para um apartamento. “Fomos assaltados por três rapazes armados de madrugada. Nada aconteceu comigo nem com meus filhos, mas depois dessa noite não consegui mais ficar tranquilo dentro daquela casa”, conta Ramos. O publicitário explica que na hora de procurar um apartamento, olhou atenciosamente os detalhes do prédio: descartou os que ficavam localizados em bairros afastados e os que tinham sua frente voltada para a rua. Escolheu o seu que fica nos fundos, com um muro alto no terreno de trás, que, segundo ele, torna o acesso praticamente

RISCOS EXISTEM

é mais comum acontecer roubos, que ocorrem com violência, pois geralmente nestas ocorrências o morador estava presente no momento do assalto. E nos condomínios é mais comum os furtos, que acontecem sem violência, e alguém entra quando o morador não está em casa ou está distraído”, explica o delegado. Segundo ele, as ocorrências de assaltos nos condomínios sempre envolve alguém conhecido por algum dos moradores, que tem acesso às casas. “Pode ser um pedreiro, jardineiro, empregada doméstica ou até mesmo visitas, como amigos ou alguém da família de um dos moradores”, aponta. De acordo com Magalhães, quando isso acontece é necessário reforçar a segurança na portaria, gravando o que ocorre em todas as câmeras e em alguns casos até pedir nome completo e CPF das pessoas que entram no condomínio. “Essas medidas tornam mais segura a rotina dos moradores, mas mesmo assim, é sempre bom estar atento”, finaliza Jessica Mirely/3oPeríodo o delegado.

Jessica Mirely/3º Período

Câmeras de monitoramento, telas e arames farpados. Até que ponto é aceitável ir em nome da segurança? Detalhes que fazem parte do cotidiano de muitas famílias que optaram por morar em condomínios fechados, esses elementos representam a busca por segurança presente principalmente nas grandes cidades. Após ter sua casa invadida por ladrões, há cerca de cinco anos, a veterinária Sonia Fukuda Akita começou sua busca por uma casa em condomínio fechado. Zelando pelo seu bem estar e de sua família, Sônia e seu marido escolheram o modelo de condomínio vertical, que, segundo ela, é semelhante a uma pequena cidade. “Tem a tranquilidade de ter as casas uma ao lado da outra, as ruas internas e o sistema de monitoramento”, aponta Sônia. Mãe de um menino de oito anos, a veterinária afirma que se sente mais aliviada com sua nova vizinhança. “Meu filho pode brincar nas ruas internas que fico tranquila, pode ir sozinho na casa do amigo que mora aqui e eu não me preocupo”, diz ela. Para Sônia, os assaltos não eram o único motivo de preocupação. “No condomínio também não corro risco de ter minha casa pichada, meu jardim destruído e outros problemas assim”, conta. O porteiro e responsável pela segurança de um condomínio fechado localizado no Xaxim, Joel Mendonça, defende a proteção fornecida pelos sistemas de monitoramento. “As pessoas se sentem mais seguras sabendo que 24 horas por dia terá alguém aqui fiscalizando quem entra e quem sai, de olho nas câmeras espalhadas pelo condomínio”, afirma.

Joel Mendonça acredita que as pessoas se sentem mais seguras em condomínios fechados

AUMENTAM AS DENÚNCIAS DE PICHAÇÕES EM CURITIBA

Reclamações podem facilitar a atuação dos policiais para que os pichadores sejam punidos Segundo a Guarda Municipal (GM) de Curitiba, o número de denúncias de pichações vem aumentando na cidade, mas a GM ainda encontra dificuldades para inibir as ações, e as denúncias podem facilitar a atuação dos policiais. No primeiro trimestre de 2013 foram registradas 173 denúncias, já no mesmo período deste ano, o número subiu para 527. A pichação é um crime previsto no artigo 65 de crimes ambientais, cujo

flagrante prevê pagamento de multa. Os pichadores são contra essas leis e punições, e veem a pichação como uma arte e não como vandalismo. Para o pichador Lucas Nogueira, 20 anos, o governo deveria investir mais em saúde e educação. “Minhas intenções são as melhores possíveis. A pichação é uma maneira que temos de mostrar nosso lado da moeda, protestar contra o governo”. Já os moradores que tiveram suas

residências pichadas afirmam que há diferença entre a pichação e o grafite, pois o grafite é uma arte e pichação é um ato de vandalismo contra a cidade, assim como relata Alcides Vieira Campos, 42 anos, que teve o muro de sua casa pichada. “Sou a favor do grafite, acho que é uma bela arte desenvolvida por pessoas que têm um dom que lhes foi concedido, mas também acho que a pichação é uma coisa totalmente sem fundamento’’, comenta.

A VISÃO DAS AUTORIDADES Para o diretor da GM, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, o aumento no número de denúncias é consequência da participação da população no combate ao vandalismo. “A pichação é um crime ambiental, por isso necessita da união de várias frentes do poder e também da sociedade, em proteção ao patrimônio”, afirmou Carvalho. Saila Rodrigues/2oPeríodo


Curitiba, 04 de junho 2014

‘‘Todos os comerciantes de Colombo estão um pouco apreensivos com a situação”

AUMENTAM ASSALTOS A COMÉRCIOS EM COLOMBO

Manifestantes questionam atitudes mais exaltadas das autoridades policiais

Vithor Marques/3oPeríodo

todo o município, principalmente nos horários mais perigosos considerados pelos comerciantes, ou seja, à noite ou no horário de fechamento do ponto de venda. Porém, muitas vezes os assaltantes estão organizados de forma tão impressionante que acabam sendo despercebidos por nossos agentes”, conclui.

ABANDONADOS O comerciante João Nunes, 57 anos, já teve seu comércio assaltado duas vezes somente este ano. Para Nunes, a região está esquecida pelos órgãos responsáveis, o que favorece a ação dos bandidos. “Fui assaltado duas vezes este ano, tive um grande prejuízo, mas isso não é nada comparado ao trauma que eu e muitos comerciantes temos. A nossa região está abandonada pelos responsáveis e isso facilita a vida dos marginais, que não encontram nenhuma dificuldade para cometer os assaltos e colocar a nossa população em risco, o nosso medo aumenta a cada dia e a gente não vê nenhuma ação eficaz da polícia”, lamenta. Saila Rodrigues/2oPeríodo

Manifestantes discutem ações tomadas por policiais em protestos Em junho de 2013, em meio à Copa das Confederações, manifestações explodiram por todo o país. Pessoas indignadas com a situação política do Brasil se juntaram para protestar contra a corrupção, a Copa do Mundo e o governo de forma geral. Junto a isso, vândalos estavam entre os manifestantes para proporcionar cenas de quebra-quebra e confrontos com a polícia. Esta, aliás, acusada de abuso de poder por muitos manifestantes. A partir daí, as manifestações ganharam peso na mídia. Com a ascensão do grupo Black Bloc, que visa a revolução através da violência, o governo está com medo de que haja protestos na época da Copa do Mundo, em junho, e garantiu que coibirá qualquer tipo de violência nas manifestações, caso ocorra.

Álvaro Lunardon/2oPeríodo

DENÚNCIAS DE ABUSOS

Comerciantes da região de Colombo estão insatisfeitos com a segurança na região

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AÇÃO POLICIAL EM DEBATE

Comerciantes reclamam da situação e exigem mudanças imediatas na segurança Segundo dados apresentados pela Delegacia do Alto Maracanã, o número de assaltos a comércios em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, aumentou em 2014. No primeiro quadrimestre de 2013, foram registrados 664 casos, e neste ano o número subiu para 703. Comerciantes há tempos vêm reclamando da falta de policiamento no local, e exigem mudanças imediatas na segurança. O presidente da Associação dos Comerciantes de Colombo, Gentil Nunes, afirma que a entidade procura uma solução para o caso. “No momento, todos os comerciantes de Colombo estão um pouco apreensivos com a situação, mas é de se esperar, com tanta insegurança e violência que vem aumentando na região de comércios”, afirma. O aumento causou preocupação às autoridades de Colombo. O delegado titular da delegacia do Alto Maracanã, Sylvan Rodney Pereira, menciona que já foram tomadas providências para melhorar a segurança. “É possível afirmar que os assaltos aumentaram neste ano, contudo, nós já aumentamos o policiamento em

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Clarissa Viana, uma das líderes da “Marcha das Vadias”, relata que os policiais abusam do poder e que retiram a identificação das fardas para não serem responsabilizados por seus atos. “Já vi policiais colocarem menores à força na parte de trás do camburão, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Já vi agressão a pessoas que não apresentaram perigo nenhum a eles, já vi a polícia matar pobres e desovar em lugares inóspitos. Os policiais são orientados a agir assim, é uma política da corporação, e não um ato individual, como muitas vezes a mídia faz

parecer”, afirma. A líder de manifestações ainda ressalta que muitas vezes os protestos seguem de modo pacífico, até os policiais chegarem. “Via de regra, começa os confrontos quando começa com a repressão, de modo que a violência por parte dos manifestantes constitui-se enquanto uma reação à violência primeira dos policiais”, conta. Clarissa confessa que sente medo de repressões por parte da polícia. Segundo ela, os manifestantes têm que passar por isso para tentar mudar o país. “Ninguém gosta de levar spray de pimenta e borrachada na cara por defender seus direitos, por defender a população. Porém, é o preço que pagamos se quisermos um futuro diferente para as próximas gerações. Foi isso que nossos pais fizeram na ditadura, é isso que devemos fazer hoje”, conclui. Inspetor-chefe do centro de Operações da Guarda Municipal (GM), Vanderson Limas Cubas afirma que a GM está passando por um treinamento para lidar com as manifestações que possam ocorrer durante a Copa. “Iremos atuar em conjunto com a Polícia Militar durante a Copa, para conter casos de vandalismo e depredação do patrimônio público por parte de vândalos que se disfarçam de manifestantes”, destaca. A reportagem do Comunicare entrou em contato com a Polícia Militar para obter respostas sobres as denúncias, porém, não Vithor Marques/3oPeríodo foi respondida.


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Curitiba, 04 de junho 2014

”Todo mundo foi para a UTI, para me dar o último adeus”

DA UTI A UMA NOVA CHANCE

Bruna Martins / 3° Período

História de superação de quem viu a morte de perto

Após a volta por cima, Anderson sonha em voltar a estudar e cursar a faculdade Cenas de terror e violência tomaram conta do estádio Couto Pereira no dia 06 de Dezembro de 2009. O motivo? O rebaixamento do Coritiba devido ao empate com o Fluminense na última rodada do Campeonato Brasileiro e a revolta dos torcedores, que, inconformados com o resultado do time em pleno ano de centenário, invadiram o campo, entrando em conflito com policiais militares. A data não só marcou o universo do futebol como também a vida de Anderson Rossa Moura, que estava na arquibancada e foi ferido por um policial com uma bala de borracha. O tiro atingiu a cabeça do torcedor, e causou além da dor do momento, uma transformação completa na vida do ex-estudante de Gastronomia, que tinha 19 anos na época. Durante 21 dias, o Hospital Evangélico foi a segunda casa de Anderson,17 deles só na UTI, em coma, diagnosticado com traumatismo craniano. Desenganado pelos médicos, ele passou por duas cirurgias. Mais do que isso, passou da quase morte ao renascimento. Hoje, passados quase quatro anos do acidente, Anderson carrega as sequelas do passado, e a esperança de uma nova vida. Com a fala arrastada, marcas na cabeça e

no pescoço, o rapaz com olhar tranquilo relembra o que aconteceu antes de “apagar” com o tiro. - No dia em que foi o jogo, eu na verdade nem sabia, eu saí da prova do Enem e fui esperar meu irmão em um bar, aí vi que tinha o jogo e convidei meu irmão para ir lá. Chegamos e nem ingresso tinha. Meu irmão conta que o placar de 1x1 estava revoltando a torcida do Coxa e todo mundo queria ver o que ia acontecer. Aí nós entramos no estádio, e em meio à confusão de tanta gente, eu acabei me separando dele -. Após perder o irmão de vista, Anderson conta que notou que a torcida tinha invadido o campo e os policiais estavam disparando balas de borracha. Para se proteger, ele se abaixou na arquibancada e quando levantou viu cerca de 10 policiais a menos de cinco metros dele, foi quando um deles disparou em sua direção, o fazendo cair desacordado. O garoto foi socorrido por outros torcedores que chamaram uma ambulância que o levou até o hospital. André Rossa, seu irmão, ligou para ele perguntando onde ele estava, porém, foi surpreendido ao ser atendido por outro rapaz que comunicou o acidente.

O irmão de imediato ligou para os pais que logo em seguida foram até o hospital. Logo que recebeu avaliação médica, Anderson foi submetido à primeira cirurgia, das 20h do dia 06 até às 5h da manhã do dia 07. A tensão tomou conta da família e dos amigos do rapaz, que foram avisados pelos médicos que o estado dele era extremamente grave. - Todo mundo foi para a UTI, para me dar o último adeus -, relata o rapaz emocionado por ter sobrevivido. No segundo dia de internação, Anderson foi operado novamente. Sua mãe pediu para vê-lo, e se deparou com o filho coberto de sangue, ao redor da cabeça. Uma cena triste, e que reforçava as poucas chances de sobrevivência do jovem.

O DESPERTAR No décimo oitavo dia em que Anderson estava na UTI, o que parecia longe de acontecer, aconteceu: o rapaz abriu os olhos, para a surpresa da equipe médica e para a felicidade dos familiares. Ao acordar, Anderson não só saiu de um sono profundo, mas despertou para uma nova realidade, totalmente adaptada e diferente do dia anterior à tragédia. Ao relatar o dia em que saiu do coma, o

rapaz, muito religioso, acredita que nasceu novamente e atribui o novo recomeço a algo divino. - Quando acordei, eu não sabia de nada da minha vida. Não reconhecia as pessoas e via todo mundo de branco, achei que estava no céu. É um milagre eu estar vivo -. Confuso e assustado com a situação, ele não compreendia o que tinha acontecido. Tentou sair. Dormia e acordava mal, não falava e não reconhecia nem os próprios familiares. Aos poucos, foi recobrando algumas partes da memória, mas ainda não entendia o porquê tudo aquilo estava acontecendo. Ao chegar em casa, de cadeira de rodas, Anderson afirma que teve dificuldades para se adaptar. - Eu entrei e me perguntei, é isso? Minha casa? Eu queria voltar à minha vida. Um dia eu levantei da cadeira, caminhei e abri a porta, vi que todo mundo estava na sala e logo minha mãe falou – Anderson? Quando estava no terceiro passo, eu caí, e me seguraram -.

SUPERAÇÃO E PLANOS Após o acidente, a rotina de Anderson mudou de forma radical. Além de passar por um tratamento intensivo (terapias, fonoaudiologia, psicologia e fisioterapia), ele parou a faculdade, e com sequelas nas mãos, não pôde continuar exercendo a profissão de assistente de cozinha. Porém, as mudanças não o intimidaram. Determinado a continuar a vida e grato por tê-la, Anderson fala que quer esquecer tudo o que se passou, e preenche seus dias indo à igreja, ficando com a família e estudando, pois quer fazer vestibular novamente e está em dúvida entre psicologia e teologia. Questionado sobre a possibilidade de entrar no estádio outra vez, o torcedor do Coritiba alega não ter medo, porém, acredita que não vale mais a pena por ter amadurecido seus pensamentos durante esse tempo. “Eu consigo ir aos jogos de graça por causa do acidente. Se fosse pra eu ir, eu não teria problema. Mas não sou fanático, e acho que não vale mais a pena, eu ia com meus amigos, nos tempos de adolescente. Hoje eu acompanho os jogos, mas pela TV mesmo”. Bruna Martins/3oPeríodo


Curitiba, 04 de junho 2014

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A atriz coadjuvante, ou a protagonista de uma era.

2ª VINADA CULTURAL LOTA O PASSEIO PÚBLICO

A KOMBI DE TODOS NÓS

O último adeus da protagonista de uma era

Com a oferta de 14 diferentes tipos de cachorros-quentes, a Vinada Cultural de Curitiba chegou a sua segunda edição. O evento, realizado no último sábado de abril, tomou proporções maiores em relação a 2013, causando uma grande movimentação no Passeio Público, mas trazendo também reclamações quanto ao tamanho das filas. Nem o clima instável conseguiu espantar os visitantes. De acordo com o coordenador do evento, Lipsio Carvalho, o estimado era que milhares de pessoas circulassem pelo local. “Estamos esperando em torno de 10 ou 12 mil pessoas passando por aqui ao decorrer do dia”. No ano passado, nove mil pessoas estiveram na Vinada. Mas a aderência maior da população também causou diversas filas para chegar aos caixas e barraquinhas, gerando reclamações. O operador de sistemas Lucas Zambom foi com os amigos pela primeira vez para prestigiar o festival, mas teve dificuldades para escolher onde comer. “Fomos em outra barraquinha, mas desistimos. A fila estava monstruosa”. Segundo o mesmo grupo, eles não voltariam ao evento. Apesar da espera, a diversidade de receitas foi maior, com 14 dogueiros, sendo quatro a mais do que em sua primeira

edição. A oferta foi de 20 mil unidades de cachorros-quentes, distribuídos entre os estabelecimentos. Por causa da competição que elege o melhor dogão vendido no dia, todos podiam votar em sua receita favorita por meio de tablets disponibilizados no local. No final da apuração, o preferido do público foi o Hot Dog Yracema. O publicitário Rafael Maia, 28 anos, foi com sua esposa e com seus dois filhos pequenos para o evento e aponta que, apesar das filas amontoadas, a Vinada reforça a cultura da cidade. “A iniciativa é muito boa e deveria acontecer mais vezes ao ano, pois é muito típico do curitibano comer cachorro-quente”.

DOGÃO AMIGO O cachorro-quente vendido durante a Vinada teve um preço único de R$ 6,00 no qual R$ 1,00 de cada unidade foi direcionado para a Associação Amigos do Hospital de Clínicas (HC) do Paraná. De acordo com a diretora de marketing e planejamento do HC, Thaís Cristiane da Silva, em sua primeira edição, as barraquinhas da Vinada Cultural doaram uma quantia próxima a R$ 6 mil para o hospital, mas esse ano, com a oferta de 20 mil cachorros-quentes, a perspectiva é muito superior. “Estamos esperando que o lanche venda bastante”, aguarda Thaís. Franceslly Catozzo /4oPeríodo

O tamanho das filas foi a principal reclamação dos visitantes da Vinada Cultural

Laís Holzmann/3oPeríodo

População fez filas para provar os melhores cachorrosquentes da cidade

Quando você pensa na história de uma pessoa, ou até mesmo na história de uma nação, o que lhe vem à cabeça? Para mim, vejo homens e mulheres, heróis, protagonistas de suas próprias vidas, perseverando e lutando contra alguns obstáculos, sempre determinados a alcançarem seus objetivos. Alguns são donos de histórias simples, como uma dona de casa que conseguiu, a muito custo, sustentar e criar os filhos. Outras já são mais glamorosas, e podem até ser reconhecidas pelo mundo todo. As melhores, talvez, seriam não só o pequeno papel de um homem na trama de sua própria vida, mas a união de multidões que mudaram o curso da humanidade. Esse é o raciocínio lógico de alguém, mas porque não pensar além? Algo de importante pode ter passado despercebido, não só em uma das histórias, mas em todas elas. Alguma coisa que não classificaríamos como parte da trama, como um ator, mas um objeto em cena, cenário, quase tão invisível quanto dispensável. Mãe de muitos filhos, esta é a história de uma guerreira. A atriz coadjuvante, ou a protagonista de uma era. Ben Pon, como todo pai orgulhoso, já imaginava seu futuro brilhante, e estava certo. Nascida na Alemanha em 1900 e antigamente, nossa querida heroína tinha, assim como todo mundo, seus dias bons e seus dias ruins. Já chorou muito, de alegria e de tristeza, e fez amigos como ninguém nunca foi capaz. Às vezes, um jantar à luz de velas

deixava o clima aconchegante, muitos namoros começavam assim. E terminavam, com a mesma rapidez com que iniciavam, um tempo depois, não sei, numa viagem ao México. Nossa personagem trabalhou tanto que até se descuidou. Já vendeu frutas no mercado, foi dentista, ambulante, cabeleireira, artista de cinema, já foi conselheira espiritual e amorosa, ou só um ombro amigo. Por mais que se acostumasse com algum tipo de vida, a rotina não lhe cabia bem, logo arranjava uma nova aventura. Foi amada por muitos, é do tipo sentimental, inesquecível, que quebra corações. Os brasileiros que o digam, sua chegada no país de todas as raças foi paixão à primeira vista. As portas abertas da nação a acolheram, uma vez que ela entendia e combinava com a peculiaridade do Brasil. E os anos 60, lembra deles? Aposto que não de tudo. Onde estavam todos aqueles “bichos-grilos” que dominavam as ruas das cidades? Com ela, com certeza. E os amigos de verão? Quem disse que amor de praia não sobe a serra? Ela subia. Sempre em movimento, mesmo parada. O destino nunca importou, só o prazer da viagem. E agora, depois de uma odisseia através da história de tanta gente, é da estrada e de seus amigos que ela se despede. Suas formas não serão esquecidas, passem mil anos e mil novos amores, que seja. Só não cabe aqui dizer sua idade, afinal, ela é rodada. Kombi, você vai deixar saudades! Laís Holzmann/3oPeríodo


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Curitiba, 04 de junho 2014

Um herói de carne e osso, que batia no peito e levantava a bandeira com orgulho.

AYRTON SENNA DO BRASIL

Vazio ainda reside no peito dos brasileiros 20 anos após o trágico acidente com tranquilidade. Mas, como eu já disse, eu não sabia de muita coisa quando Ayrton foi embora. Hoje lamento por não ter visto este gênio pilotar. Mas o sentimento de perda, só quem viveu na época pra dizer.

RELIGIOSO Carlos Soares, 57 anos, engenheiro civil. Fanático por Fórmula 1, o fanatismo tomou outros rumos quando Ayrton despontou no cenário mundial. - Você acordar domingo de manhã e assistir uma corrida do Senna era religioso, era um princípio de vida, eu sentava no sofá com meus filhos e assistíamos. Era minha atividade dominical, passou a ser um princípio de todo brasileiro -. O orgulho de poder dizer “eu sou do país do Senna, eu sou do Brasil”, cativou toda uma nação. Um herói de carne e osso, que batia no peito e levantava a bandeira com orgulho. - O japonês gostava dele, o português, o espanhol, o argentino. Todo mundo gostava dele, aquele ímpeto de ser um vencedor cativava a todos -, lembra o engenheiro. Não tinha tempo ruim, Ayrton Senna era do Brasil, fizesse sol, e mais ainda, se fizesse chuva.

INACREDITÁVEL Adilso José Cavagnollo, empresário, 49 anos. Considerado por ele mesmo “fã de carteirinha” de Ayrton Senna. - Eu me lembro de perguntar pro meu pai como o Ayrton tinha ido na corrida, ele falou - Ayrton se acidentou. – E aí? Perguntei. Ele me respondeu - acho que não passa dessa. Não dei muita bola, falei pra ele parar de brincar -. Os dois, juntos com um amigo, pegaram a estrada. Adilso lembra que a ansiedade era enorme pra chegar a algum lugar e receber novas notícias. - Chegamos no restaurante e a primeira coisa que eu perguntei foi - Como é que tá o Ayrton? Morreu, me respondeu o garçom -. O silêncio tomou conta dos três, do restaurante, do Brasil. O trio almoçou, calado, ninguém falava nada. Eles saíram do restaurante, dirigiram no silêncio da estrada. Com pouco mais de 70 quilômetros de viagem, o silêncio foi quebrado - Isso aconteceu mesmo? -, ninguém acreditava. Adilso comparou a dor a de um pai que tivesse perdido um filho; um filho que tivesse perdido um pai, uma mãe, um irmão. Alguém da família que estava com você todos os domingos,

Eduardo Souza/4oPeríodo

Domingo, primeiro de maio de 2014. 20 anos sem Ayrton Senna. 20 anos de um vazio no peito que ainda não foi preenchido, e para alguns, nunca será. Bem, eu tenho 20 anos. Quando Ayrton morreu eu tinha um pouco mais de dois meses de idade. Eu vi muitos vídeos, documentários, infelizmente não tive o prazer de assistir o Senna pilotar ao vivo. Apego-me aos vídeos, não é raro eu me arrepiar com os feitos de Ayrton. Aquela corrida em Mônaco em 1984, no primeiro ano dele na Fórmula 1, pilotando uma Toleman, e colocando no chinelo todo aquele pessoal. Nelson Piquet, Nigel Mansell, Niki Lauda nem completaram a corrida. Keke Rosberg e Alain Prost foram facilmente ultrapassados. O pódio da corrida em questão não importa. Voltemos às lembranças. E a melhor primeira volta da história? Donington Park em 1993, pista conhecida por não ter pontos de ultrapassagem. Senna mostrou quatro. Passou Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Alain Prost e antes do final da primeira volta Senna já mostrava que andava pelas águas e liderava a corrida, que venceria

Tempos dourados do automobilismo no Brasil. Com Ayrton, não éramos mais apenas o país do futebol

e sem mais nem menos, não estaria mais lá. Não era o Ayrton Senna da Silva, era o Ayrton Senna do Brasil. - Éramos vistos lá fora como marginais, e o Ayrton foi lá e levantou a bandeira “eu sou brasileiro”. O Senna foi isso, o ídolo de uma geração -. O empresário lembra com emoção e alegria a linha do tempo entre antes, durante e depois de Ayrton. - Tinha o Piquet, né, você acordava pra ver a corrida. O Senna não, você acordava pra ver ele ultrapassar os outros, não tinha pra ninguém, ele podia estar 10 segundos atrás. Você podia parar pra ver que ia ter show. Ele ia ultrapassar, ele ia dar um jeito, eu não sei como, ele dava um jeito. O cara andava demais -.

NUNCA MAIS A costureira Neide Toledo, de 59 anos, nunca acompanhou Fórmula 1, nunca teve desejo de ver as corridas. Mas houve uma época, Ayrton tornou os fãs de Fórmula 1 mais fãs ainda, e quem não gostava, passou a gostar do bom moço que levava as cores verde e amarela pelo mundo. Não só levava ao pódio, mas na maioria das vezes, ao lugar mais alto. - Eu gostava de ver ele, a força que ele tinha, a vontade de vencer. Ele era audacioso, gostava de ver quando ele entrava no carro, parecia que não tinha mais nada, não tinha obstáculo, no olhar dele você via que ele já tinha a corrida na cabeça dele. Ele fazia por paixão, por vontade de correr, de vencer -. E como veio com Senna, a vontade foi com ele também. Nunca mais o brasileiro foi tão bem representado nas corridas, a emoção ao vê-lo correr nunca mais retornou - depois dele nunca teve isso, Rubens Barrichelo, Felipe Massa, nunca me cativaram da mesma maneira que o Ayrton. Naquela época foi triste, a gente tinha a convicção de que nunca ia ter outro piloto igual a ele -. Primeiro de maio de 1994, o dia em que o capacete amarelo não apontaria na reta, que o arrepiante “Tema da Vitória” não mais tocaria. Ouso parafrasear Galvão Bueno neste momento, voz marcante que narrou os feitos desta lenda - Ele é muito maior do que qualquer frase, ele era tão grande, tão além do seu tempo, que só podia pertencer à outra dimensão -. Primeiro de maio, dia do nosso grande guerreiro, morto em combate. Eduardo Souza/4oPeríodo


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