Cirurgias bariátricas em alta
Brasil é destaque neste tipo de procedimento operatório. Página 04
Átrio dos gentios na PUCPR
Evento discutiu ciência, fé e literatura. Páginas 12 e 13
Festa da PUCPR no 20º Sangue Novo
Curso de Jornalismo da universidade faturou 18 prêmios. Páginas 14 e 15
Curitiba, 11 de Maio de 2016 - Ano 20 - Número 277 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
O perigo de discordar
The danger of disagreing Divergências de opiniões ganham proporções assustadoras no Brasil
Divergence of opinions gets frightening proportions in Brazil
Páginas 06 e 07
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Curitiba, 11 de Maio de 2016
Opinião
A incógnita da persuasão V
ivemos hoje em uma sociedade em que as informações nos são servidas de bandeja e que todo o esforço em filtrar aquilo que realmente agrega conteúdo é deixado de lado por puro esmero ao entretenimento, e na política a situação não é diferente. A nova geração, que está sempre conectada com dados globais, que tem oportunidade de explorar diversos assuntos e fugir do controle da mídia de massa, acaba se deixando envolver pelo fascínio do instantâneo e esquecendo que além do acúmulo superficial de informações, há uma imensurável soma de possibilidades contidas na parte imersa do iceberg que a internet representa. Nesse mar de informações, o leitor navega sem rumo, ancorado apenas pelo que recebe em seu feed, pelo que
as pessoas as quais segue consideram importante ou enfim, por futilidades da vida particular de pessoas notórias ou pertencentes ao seu grupo de amigos. Pelo que parece, a democratização da informação, o amplo acesso ao conteúdo e a maior colaboração para geração do mesmo acabou sendo infectado pelo comodismo. Isso se torna um problema uma vez que a mídia apenas não abastece o cérebro da população, como também acaba ditando seus padrões comportamentais. O que podemos observar hoje na política do país, por exemplo, é um reflexo disso. Qualquer ideia, seja ela embasada em fatos concretos ou elaborada a partir das proposições de um sujeito qualquer, uma vez lançada na rede, reverbera por milhares de fontes e pode
chegar a alcançar proporções massivas de propagação. Estamos passando por um momento crítico em nosso país e qualquer decisão precisa ser imprescindivelmente ponderada. Ideologias se misturam a questões pessoais, posicionamentos políticos são alvo de agressão, ideias divergentes se embatem movidas pela intolerância e não há respeito algum pela liberdade de expressão. Se o país precisa passar por uma mudança, sua base deve partir do povo, porém, quando em sociedade nos movemos em direção ao caos, qualquer reforma política, seja ela pensada ou imposta, estará carregada por esse sentimento. Cabe então aos brasileiros limparem primeiro seus corações para então depois, de mente e juízo recomposto, reerguer o governo de suas ruínas.
Veneno como alimento N
este mês de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma pesquisa que aponta que mais de 12 milhões de pessoas morrem todos os anos por conta da poluição. A exposição do ar, solo e água aos produtos químicos, restos da produção do nosso consumismo, se torna mais fatal a cada ano.
uma nuvem de fumaça todos os dias, empesteando o ar e a água com um produto que na teoria é usado para alimentar, mas na prática mata aos poucos. Esses agrotóxicos são diretamente associados ao câncer e a outras doenças de fundo neurológico, hepático, respiratório, renal e de má formação genética.
Todos os dias, toneladas e mais toneladas de fertilizantes entram e saem do nosso país pelos portos: o Brasil é o maior importador de agrotóxicos do mundo. O porto de Paranaguá, por exemplo, é o que mais movimenta esse tipo de mercadoria, levantando
No Brasil, são utilizados 14 tipos de fertilizantes que são proibidos nos demais países. Venenos como o glifosato são despejados por pulverização aérea ou por tratores nas plantações de norte a sul do país. Na União Europeia e nos EUA, produtos como este são
Expediente Edição 277 - 2016 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO
Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA
Julius Nunes
Rafaela Cortes
COORDENADOR EDITORIAL
3º Período
Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855) PAUTEIROS
Vitória Gabardo
Ivo Tragueto Neto
3º período
3º período
Luciano Schmidt
Eduardo Martinesco
3º período
3º período
EDITORES
considerados lixos tóxicos, enquanto no Brasil a população absorve tudo pela água, ar e pelos alimentos.
Yngrid Camargo
Kevin Cruz
Os fertilizantes orgânicos, usados desde os primórdios da humanidade, aumentam a biodiversidade e ainda contribuem para o crescimento da planta. No Brasil, felizmente, esse mercado cresce cada vez mais, acompanhando a preocupação da população com a saúde. A esperança é que esse seja o primeiro passo na direção de um futuro menos aterrorizante, sem que milhões de vidas sejam perdidas todos os anos vítimas da poluição.
Prezado leitor, a partir desta edição o jornal Comunicare traz a matéria de capa também em inglês. Esta é mais uma das ações de internacionalização do curso de Jornalismo, que tem como objetivo tornar o estudante da PUCPR mais preparado para uma atuação global. A tradução é uma parceria entre estudantes de Jornalismo e de Letras. Esperamos que goste da novidade!
3º período
Bruna Bonzato 3º período
3º período
Lucas Prehs
Katia Oliveira 3º período
Julyana Dal’Bó 3º período
Hanna Siriaki 3º período
Matheus Cordeiro 3º período
3º período
Julius Nunes - Coordenador do Curso de Jornalismo
Curitiba, 11 de Maio de 2016
Cidades
Cresce número de bariátricas em 2015 No ano passado, mais de 93 mil pessoas foram submetidas ao procedimento cirúrgico Mateus Bossoni 3º período
A
s cirurgias de redução de estômago cresceram 6,25%, em relação a 2014, segundo novo estudo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgado no dia 14 de março de 2016. No ano passado, estima-se que 93,5 mil pessoas foram submetidas ao procedimento, enquanto no ano anterior o número atingiu 88 mil. Além disso, em janeiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou a indicação do procedimento e reconheceu essa nova área de atuação médica como essencial para o combate contra a obesidade. De acordo com o presidente da SBCBM, Josemberg Campos, entre os vários motivos que podem explicar esse aumento no número de cirurgias está, a partir do ano de 2011, conforme determi-
nação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a presença obrigatória do procedimento nas listas dos planos de saúde. Além disso, a elevação também está relacionada com o avanço da obesidade no país. Para Campos, os brasileiros estão adquirindo hábitos de países desenvolvidos, ou seja, estão se dedicando apenas ao trabalho e deixando de lado as atividades físicas. Como uma provável solução para os pacientes que estão acima do peso, a cirurgia bariátrica permite o emagrecimento, melhorando aspectos psicológicos do paciente como a autoestima. Além disso, o procedimento atua no combate a mais de 60 doenças associadas à obesidade, como a hipertensão arterial, problemas articulares e respiratórios.
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Com 160 quilos e apresentando um quadro grave de obesidade mórbida, Patrícia Rodrigues, agente de saúde da Secretaria de Saúde da Fazenda Rio Grande, decidiu fazer a cirurgia para recuperar seus movimentos e sua dignidade. “Eu cheguei a 165kg, estava morrendo em cima de uma cama, não conseguia nem colocar meus próprios sapatos e a cirurgia era a única saída”, acrescentou Patrícia. Após seis meses de exames, a operação foi realizada com todos os cuidados necessários. De acordo com ela, com as dietas e restrições alimentares, o seu peso diminuiu com o passar do tempo. “No primeiro mês perdi 18kg. Agora, sem as dietas eu perco algumas gramas involuntariamente”, explicou a agente de saúde. Hoje, cerca de um ano após a cirurgia, Patrícia está com 90kg e pretende emagrecer até os 75kg.
Segundo Magda Cruz, coordenadora da Especialização em Nutrição Clínica Funcional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), as perdas de presas gradativas são normais até os dois anos seguintes da cirurgia. Como o estômago do paciente é reduzido, a antiga alimentação calórica adotada pela maioria dos operados será impossível, fato que implica em um emagrecimento significativo. Segundo Magda, o maior problema é após esse prazo de dois anos depois do procedimento, pois o paciente, ao atingir o peso ideal e apresentar um quadro de saúde estável, se considera capacitado e resgata seus hábitos alimentares antigos. Para a nutricionista, a cirurgia bariátrica garante a perda de peso, mas para a manutenção efetiva o paciente deve mudar completamente o seu jeito de se alimentar.
A obesidade Infantil e os alimentos industrializados A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. No Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, uma em cada três crianças sofrem com sobrepeso. Atualmente, o mapa da obesidade fornecido pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade (Abeso), aponta que, na região Sul, 36% das crianças de cinco a nove anos estão com excesso de peso.
Para o psicólogo da Secretaria de Saúde da Fazenda Rio Grande, Daniel Martins, o fator da má alimentação está ligado, principalmente, com a publicidade sobre os alimentos industrializados que são atrativos para o público infantil. Segundo Martins, a criança não possui um filtro cognitivo para determinar se o alimento é necessário ou não. Além disso, acontece que, por meio dos personagens heroicos, as propagandas acabam sendo mais intensas e persuasivas. Nesse sentido, o
psicólogo explica que a criança cria uma relação de respeito e admiração com o personagem, fato que torna a propaganda mais apelativa. A educadora do Centro Municipal de Educação Infantil Bairro Novo (CMEI) e mãe de quatro crianças, Maria Roseli Nicola, afirma que sempre foi difícil manter uma alimentação saudável para seus filhos. ”Consegui minimizar o desejo das crianças reduzindo o tempo em que elas ficavam submetidas às propa-
gandas, porém, a criação de uma dieta também foi necessária para que as verduras fossem atrativas”, explicou Maria Roseli. Para os especialistas entrevistados pelo Comunicare, a nutricionista Magda Cruz e o psicólogo Daniel Martins, é importante conciliar a mente com a alimentação para minimizar a influência da publicidade. Para ambos, a criação de dietas e rotinas que priorizem o bem-estar das crianças é essencial para o desenvolvimento saudável.
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Economia
Crise econômica afeta mercado imobiliário Quatro em cada 10 imóveis comprados na planta foram devolvidos em 2015 Carolina Piazzaroli 3º período
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chamado “distrato”, jargão utilizado pelas empresas para definir a devolução de um imóvel na planta, chegou a 40% em 2015, segundo um levantamento feito pela agência de classificação de riscos Fitch. Ou seja, de cada 10 imóveis comprados na planta, quatro voltaram para as construtoras, taxa que significou R$ 5 bilhões de volta ao catálogo das empresas, de acordo com o levantamento. A restrição ao crédito também piora a situação do mercado imobiliário. No dia 28 de março, a Caixa Econômica Federal anunciou o aumento de juros para financiar o imóvel. A taxa para clientes sem relacionamento com o banco subiu de 9,9% para 11,22%. Para clientes do banco, o juro passou de 9,8% para 11%. Ao mesmo tempo, a Caixa anunciou medidas de elevação do percentual máximo de financiamento para imóveis usados: a taxa passou de 50% para 70% no caso de clientes do setor privado pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Para o setor público, a taxa passou de 60% para 80%. O economista Theodoro Peratello comenta que o mercado de imóveis está caindo conforme a economia decresce desde o ano passado. “O efeito cascata disso é a redução do poder aquisitivo da população como um todo, portanto, há diminuição da demanda e o aumento da ociosidade em vários setores produtivos”. Desta forma, ele afirma que haverá redução de oferta de novas unidades, o que acaba forçando uma alta de preços. Peratello explica que por conta do esfriamento da deman-
Vitória Gabardo
da e entrega de unidades que estavam sendo finalizadas, novos empreendimentos estão sendo revisados. “A opção de aquisição de moradias novas ou usadas esbarra no poder aquisitivo, necessidade ou desejo de mudança”. O corretor de imóveis Sérgio Luiz Cardozo diz que hoje há uma margem maior de negociação com a construtora. Portanto, para quem tem o dinheiro para comprar, ele diz que vale a pena. “Um dos problemas é que muita gente precisa vender o imóvel antigo para comprar um novo. É um círculo vicioso”, comenta. Cardozo explica que no caso do consumidor precisar devolver o imóvel comprado na planta, a responsabilidade fica para o comprador, já que antes do processo de financiamento há um contrato de adesão. Ele alerta que nesse caso, o comprador perderá pelo menos 10% do valor do imóvel, já que essa porcentagem representa as taxas fixas, como a do cartório. O advogado Diogo da Silveira explica o que geralmente ocorre em caso de devolução de imóvel adquirido na planta. “Caso seja dado uma entrada mais comissão de corretagem, geralmente há previsão contratual de multa. Então, se já foi pago R$ 20 mil, será devolvido ao cliente R$ 20 mil menos o valor x da multa”. Se há um veículo na negociação, ele explica que o mesmo pode ser devolvido, ou o valor correspondente ao qual a pessoa deu de entrada. O estudante Marco Spessatto comprou seu apartamento di-
As pessoas estão mais cautelosas na hora de financiar reto da planta. Após pesquisar preços que estivessem dentro de seu limite, decidiu investir. “A entrada para adquirir o apartamento foi de R$ 20 mil, dentro do preço que eu estava disposto a pagar”. Spessatto diz que depois que fez a compra não teve conflitos para
realizar o pagamento das parcelas. “Queria algo novo, por isso escolhi ainda na planta, e foi a melhor opção que encontrei, por isso, em nenhum momento cogitei retornar meu imóvel, estou satisfeito com a escolha que fiz, inclusive financeiramente”.
Minha Casa, Minha Vida é alternativa para crise Terceira fase do programa foi lançada no final de março A presidente Dilma Rousseff anunciou a terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida em uma cerimônia no Palácio do Planalto no dia 30 de março. A meta apresentada é de que cerca de 2 milhões de moradias sejam entregues até o ano de 2018, e 480 mil só em 2016. A previsão de investimento, segundo dados divulgados pelo Ministério das Cidades através do Portal Planalto, é de R$ 210 bilhões. O comerciante Luciano Hachman fez o financiamento do Minha Casa Minha Vida há dois anos. “Iria me casar e queria ter casa própria, como outros financiamentos não se
encaixavam no meu orçamento, me inscrevi no projeto”. Hachman está pagando 5% de sua renda mensal de R$ 1.400,00. O advogado Diogo da Silveira diz que o programa Minha Casa, Minha Vida é um financiamento feito do imóvel quando ele já está pronto. “Na planta é apenas uma simulação”, comenta. O programa foi lançado em 2009, pelo ex-presidente Lula. Segundo dados divulgados no site da Caixa Econômica Federal, as duas primeiras fases tiveram um custo de R$ 240 bilhões.
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Esportes
Nos bastidores do futebol feminino De modalidade proibida por lei, atração em circo e desvalorização à prata nas Olimpíadas, o futebol feminino resiste por amor ao esporte Jaqueline Dubas 3º período
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Yngrid Camargo
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im, elas jogam futebol. Apesar de ser dominado pela ala masculina, as mulheres buscam mais espaço dentro das quatro linhas, fazendo da “paixão nacional” sua vida e carreira. O jogo feminino surgiu em 1920 na Inglaterra, no ano seguinte a modalidade chega ao Brasil, e a primeira partida registrada foi entre Catarinenses e Tremembeenses. A prática chegou a ser proibida por lei e colocada como atração em circos na década de 1930. Hoje, ainda não se pode afirmar que as dificuldades foram dribladas, porém, já houve conquistas, a começar pelo fato do futebol feminino ser considerado hoje uma modalidade olímpica. Sobre a evolução do futebol feminino, o técnico da seleção brasileira feminina medalha de prata na Olimpíadas de Atenas, René Simões, afirma que praticar futebol feminino no Brasil ainda é tarefa difícil, mas “a modalidade evoluiu de uns 10 anos para cá, hoje já temos vários clubes e competições com estrutura permanente”. Sonhar em ser jogadora de futebol é o que muitas meninas acalentam, e para o técnico “como em tudo na vida, a persistência, resiliência e sorte são necessários para conquistar um sonho e no futebol não é diferente. A Marta é um bom exemplo, vindo do interior teve motivos e decepções para desistir, mas, valentemente triunfou”, ressalta o vice-campeão em Atenas, em 2004. Simões faz parte da história do futebol feminino e relembra o ano em que conquis-
Futebol feminino resiste por paixão ao esporte tou a medalha de prata nas Olimpíadas. “Quando assumi a seleção, foi um risco, mas uma excelente oportunidade. Eu não podia falhar devido às minhas experiências no futebol masculino e por ter ido à Copa do Mundo tanto no sub-20 como principal, e se eu não falhasse eu sabia que seria o primeiro a subir no pódio, foi memorável, muito gratificante ver aquelas meninas que quebraram barreiras, sofreram preconceitos, triunfarem”, conta ele.
A paixão pelo futebol As atletas Elisângela Cordeiro, Joelma Vergínia e Letícia Jaluska possuem o mesmo sonho futebolístico, que o futebol feminino tenha cada vez mais destaque no esporte brasileiro. Elisângela, Joelma e Letícia são atletas da Equipe Forte,
clube fundado em 2010, em Curitiba. Atualmente, ele figura-se entre as equipes femininas mais bem-conceituadas no Brasil, pois conquistou títulos ao longo desses seis anos de existência como: Campeã Brasileira 2014 de Futebol 7 e Campeã da Copa do Brasil 2015 de Futebol 7 e busca cada vez mais visibilidade no Futebol 7. Elisângela conta sobre a realização do seu sonho ao passar pela seleção brasileira de futebol de campo em 1998 e 2005. “Fiquei na Granja Comary, em Teresópolis, joguei pelo Brasil vários amistosos inclusive contra os Estados Unidos. Atuar pela seleção feminina é uma meta muito difícil de ser alcançada, pois a modalidade é muito precária no Brasil, apesar da evolução, falta mais investimento e
patrocínio”. A jogadora ainda ressalta “eu nasci com o dom de jogar futebol e jogo por amor”. A atleta Joelma começou a jogar futebol na escola e nunca mais parou. Ela lamenta a falta de visibilidade do futebol feminino. “Infelizmente, não há patrocínio para o futebol feminino, mas hoje temos o Daniel (presidente da Equipe Forte) que busca o patrocínio para nós e assim, nos preocupamos apenas em jogar”, conta a goleira. Para Letícia a paixão pelo futebol surgiu aos quatro anos de idade quando acompanhava seu irmão aos treinos de futebol, hoje ela faz jogos importantes pela Equipe Forte. “Futebol é um esporte admirado, é um sonho, não sou apenas jogadora, tenho outra profissão, então a rotina é corrida com treinos e jogos aos finais de semana”, menciona Letícia.
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Política
Onda de intolerância política emerge no Brasil Agressão é fruto da má qualidade do debate político no Brasil, dizem especialistas Rafaela Cortes 3º período
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Rafaela Cortes
cenário de debate político no Brasil nos últimos meses parece ter chegado a proporções perigosas. Na internet, principalmente nas redes sociais, são várias as situações em que xingamentos predominam perante à argumentação. Enquanto isso, nas ruas, a violência avançou para a agressão física que, na maioria dos casos, parte de indivíduos que pré-julgam pessoas que estão usando algum objeto com símbolos ou cores de partidos rivais, desde bonés, camisas até bicicletas. Uma destas vítimas foi a estudante de psicologia Lívia Matheus, 22 anos. Ela conta que no dia 17 de março estava na Rua João Gualberto, no Centro Cívico, usando uma mochila vermelha quando um homem começou a gritar em sua direção: “comunista!” e avançou contra ela, mas não chegou a agredi-la fisicamente. Na opinião de Lívia, este comportamento agressivo acontece em momentos passionais. Já na visão do cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Domingos Costa, a agressividade vem de um perfil autoritário que já existe há muito tempo no país: “É uma parcela dos brasileiros que não respeita a visão do outro. É a mesma personalidade que se dispõe a brigar por causa de futebol”, diz. Segundo o professor, a novidade deste cenário é que, devido ao maior acesso à informação simplificada (como a da internet), estas
Bipolarização política gera violência no país pessoas autoritárias passaram a se interessar e participar da política pela primeira vez. No entanto, de acordo com a análise de Costa, estes sujeitos adentram neste meio com um discurso pobre, intencionados apenas a atacar alguém. Como exemplo desta má qualidade do discurso da qual se refere o professor, Costa cita a bipolarização política. Segmentação que, segundo ele, se inicia no próprio sistema político com o interesse de usar denúncias para desarticular o partido contrário. “Este discurso chega à população por meio de folhetos, ‘memes’, panfletos que não se utilizam do debate”, explica.
A bipolarização, entretanto, se sustenta devido a outros motivos. Um deles, segundo o sociólogo e professor da PUCPR, Leonardo Campoy, é a falta de capacidade intelectual do brasileiro. Campoy se apoia no argumento de que uma população 80% analfabeta funcional (alusão à análise do ex-ministro da educação Antônio Houaiss em 2014) é incapaz de aprofundar uma discussão. Já de acordo com Costa, a intolerância pode decorrer da falta de pluralidade de discursos da mídia que, segundo ele, só acentuam o extremismo: de um lado os grandes meios de comunica-
ção tendendo à oposição. De outro, plataformas fazendo o extremo oposto.
A violência pode ser sinal de evolução De acordo com Campoy, casos de agressões físicas no atual momento político do país podem indicar o “amadurecimento da democracia”. Ele explica através de uma analogia: “vivemos em um processo de democratização desde 1989. Ou seja, a democracia brasileira não é mais um bebê, é um adolescente”, diz. Segundo ele, o brasileiro ainda não sabe dialogar, o que explicaria a violência.
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Política
Professora repudiada Docente de história hostilizada por pais de alunos no facebook pede demissão Rafaela Cortes 3º período
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o dia 17 de março deste ano, uma professora de história do Colégio Medianeira, em Curitiba, deu seu parecer em seu perfil do Facebook sobre manifestações dos alunos da instituição relacionando-os com os camisas-negras de Benito Mussolini. O post foi compartilhado num grupo de pais de alunos que hostilizaram a docente afirmando que o comentário interferiria na aprendizagem dos estudantes. A direção do Medianeira se manifestou contra a atitude dos pais e disse, por meio da assessoria de imprensa e igualmente através de comunicado aos familiares, repudiar qualquer tipo de coação, injúria ou difamação que possam vitimar os educadores. A escola ainda se colocou como o papel de mediadora do conflito decidindo, portanto, suspender temporariamente movimentos dentro da escola com a intenção de preservar a harmonia do ambiente de aprendizagem. Cerca de 120 educadores do colégio assinaram uma carta solidarizando-se com a professora e manifestando o desejo pelo “fim da virtualização das relações com a
Manifestação de apoio à professora no Colégio Medianeira Ribeiro Santos, a intolerância contra a professora se deu por motivos puramente ideológicos: “Como que uma professora que por nove anos não estava doutrinando, a partir do momento que manifesta sua opinião torna-se uma vilã, corruptora de menores da mesma forma que foi Sócrates?”, questiona.
“Como que uma professora que por nove anos não estava doutrinando, a partir do momento que manifesta sua opinião torna-se uma vilã” comunidade escolar que tem desumanizado as pessoas”. Apesar do apoio, a docente em questão optou por deixar a instituição.
Para evitar situações em que opinião torna-se imprudência, Santos aconselha o afastamento dos professores das redes sociais.
Na análise do mestre em sociologia e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Abel
A reportagem do Comunicare entrou em contato com a professora, mas ela preferiu não comentar o assunto.
Alguns comentários dos pais “A diretoria do colégio deve tomar uma providência. Sou totalmente contra a ideologia de esquerda. Não aceito em hipótese alguma que professores fiquem doutrinando minha filha. Se minha filha aparecer em casa com alguma ideia esquerdista, vai dar confusão…” “O pior é que no desenvolvimento de textos eles não podem fugir desta ‘filosofia’ destes cidadãos por medo de serem punidos na avaliação! Vão por mim: a coisa é muito pior que parece!”
“Se eu pegar algum texto comunista no caderno do meu filho eu vou rasgar e devolver rasgado. E vou convidar o professor a me convencer. O comunismo deu certo na cabeça dele. Argentina caiu, Venezuela caiu e, por aí vai. Mas isso é culpa da coordenação em deixar que isso aconteça”. “Não podemos deixar que esse tipo de discurso dessa mulher prospere”.
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Politic
Political intolerance wave rises in Brazil Hostility results from poor political debate in Brazil, state specialists Rafaela Cortes 3th period
Translated by language students Claudine Duarte, Jorge Lopes, Luara Dittrich and Rafael Alfredo. Reviewed by journalism student Beatriz Mira and professors Lúcia Kremer and Julius Nunes
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Rafaela Cortes
n the last few months, the political debate scenario in Brazil has reached dangerous proportions. On the Internet, mostly on social networks, many are the circumstances in which cursing overcomes reason. Meanwhile, on the streets, violence became physical, due to individuals who prejudge those showing off caps, T-shirts and bikes with the colors or badges belonging to opposite political parties. Lívia Matheus, a 22-year-old Psychology student, was one of those victims. She recalls wearing a red backpack on March 17th while on João Gualberto Street (Centro Cívico), when a man started yelling and calling her a communist, tried to reach her, but didn’t manage to assault her physically. In Livia’s opinion this kind of aggressive behavior happens in passionate moments. On the other hand, Luiz Domingos Costa, political scientist and professor at Pontifical Catholic University of Paraná (PUCPR), believes this aggressiveness is due to an authoritarian profile that has existed for a long time in the country “It’s a part of Brazilians who do not respect other people’s views. It’s the same kind of people who’s willing to fight because of soccer “, he says. According to the professor, the difference in this scenario is that nowadays more and more people have access to simplified information (such as on the internet), so these authoritarian people became interested and began to parti-
Political bipolarization causes violence in the country cipate in politics for the first time. However, according to Costa’s analysis, these people step into this debate with a poor speech, intending only to attack somebody. As an example of such poor quality speech, which the professor refers to, Costa mentions the political bipolarization of the country. Costa says that the current political fragmentation begins within the own political system in order to use political scandals to dismantle the opposite political party. “This discourse reaches the population through flyers, memes, leaflets which should not be used in this kind of debate”, he explains.
However, the bipolarization is maintained because of other reasons. One of them is the Brazilian lack of intellectual capacity, as reported by the sociologist and professor at PUCPR Leonardo Campoy. He supports that it is impossible to delve into a discussion when the population is 80% functionally illiterate (a passing reference to the former Minister of Education Antônio Houaiss in 2014). As for Costa, intolerance may derive from the lack of plurality of media discourses, which as stated, only enhance the extremism: on the one hand the main mass media leaning towards the opposing
party. On the other hand, platforms performing quite the contrary.
Violence may indicate signs of evolution As regards Campoy, physical hostility cases in the current political situation in Brazil might indicate the “development of democracy”. He explains through an analogy: “we’ve been living in a process of democratization since 1989, Brazilian democracy is not a baby anymore, but an adolescent”. As stated by him, Brazilians cannot hold discussions yet, a fact which could explain the violence.
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Politic
Rejected professor History teacher assaulted by students’ parents on Facebook resigns Rafaela Cortes 3th period
Translated by language students Claudine Duarte, Jorge Lopes, Luara Dittrich and Rafael Alfredo. Reviewed by journalism student Beatriz Mira and professors Lúcia Kremer and Julius Nunes
Reprodução
O
n March 17th this year, a History teacher from Colégio Medianeira in Curitiba, spoke her mind on her Facebook profile about the school’s students’ protests relating the students to Benito Mussolini’s blackshirts. The post was shared to a group of students’ parents, who were very hostile to the teacher, stating that it was a highly compromising commentary to the students learning. The board of trustees from Medianeira School was against the parents’ attitude, and they said, equaly through their press office and by a handout given to the students’ families, that they repudiate coercion, injustice, or defamation of any sort that could somehow harm the educators. Medianeira also decided to temporarily suspend political movements at school, therefore working as peacemakers to preseverve the harmony in the institution. About 120 faculty members signed a letter in favor of the teacher, containing their will “for the end of the virtual
Medianeira students support their teacher caused by ideological principles: “How come this teacher who has not been indoctrinating for nine years, from the moment she reveals her opinion, is taken as a vilain, corrupter of youngsters just
“How come this teacher who has not been indoctrinating for nine years, from the moment she reveals her opinion, is taken as a vilain” relations with the educational community that has only dehumanized people”. Regardless of the support, the educator chose to leave the school. The M.A. in Sociology, Abel Ribeiro Santos, and also a professor at Pontifical Catholic University of Paraná (PUCPR), states in his analysis that the intolerance against the teacher was purely
like it happened to Socrates?” he questions. Santos advises teachers to keep a safe distance from social networks so that they can avoid situations in which expressing opinions can turn into something impolitic. The Comunicare staff contacted the teacher, but she preferred not to comment on the subject.
Some comments from parents “The school principal should do something about it. I’m totally against the leftist ideology. I do not accept on any account teachers indoctrinating my daughter. If my daughter comes home with any leftist ideas, there will be a problem...” “The worst part is that while producing texts they are not allowed to deviate from these people’s ‘philosophy’, otherwise they’re punished on the evaluation! Believe me, the situation is a lot worse than it seems!”
“If I find any communist text on my son’s notebook, I’ll tear it up and send it back to school torn. I’ll invite the teacher to convince me. Communism only worked out inside his/ her head. Argentina has fallen, Venezuela has fallen, and so forth. But what happened at the school was the coordination’s fault.” “We cannot let this woman’s discourse thrive.”
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Polícia
O uso de armas não letais As chamadas armas de menor potencial ofensivo são legais para uso em manifestações e protestos; saiba quando elas devem ser usadas e quais seus efeitos ao corpo humano Renata Souza 3º período
Armas não letais, também denominadas armas de menor potencial ofensivo, como gás lacrimogêneo, spray de pimenta, balas de borracha e armas de eletrochoque se tornaram prioridade nas ações policiais em todo o país, após a determinação da Lei 13.060/14. No Paraná, o governador Beto Richa assinou, em 2015, um decreto que prevê padronizar, aprimorar e normatizar o uso de munições não letais, principalmente, em manifestações públicas. Para a advogada e juíza leiga do Tribunal de Justiça do Estado, Juliana Coelho Martins, o objetivo do decreto é reduzir casos de uso da força física direta em intervenções da polícia. “O emprego de munições não letais é legal. Mas, é importante ressaltar que ele deve ser um recurso seletivo para o uso progressivo da força, que evite, ou anteceda o eventual emprego da arma de fogo. Além disso, o uso destes equipamentos inclui treinamento de todos os profissionais responsáveis pelo manuseamento”, destacou a advogada. O chamado uso progressivo da força é o ato que se inicia pelo diálogo, passa por técnicas de contenção física e imobilização, uso de armas de menor potencial ofensivo e, só então, passa a recorrer às armas letais, segundo o tenente-coronel da Polícia Militar, Vanderley Rotherburg. Rothenburg ainda explica que os oficiais são designados a agir conforme a necessidade. Como na maioria dos casos o
objetivo é dispersão, é importante evitar o contato direto com a multidão. “Devido a isso, as munições que contêm gases são as primeiras a serem lançadas, pois evitam que as pessoas avancem”, acrescenta o comandante. O spray de pimenta e as bombas de gás lacrimogêneo são
ções nervosas, fazendo com que os indivíduos tenham lacrimejamento, irritação nas vias nasais e olhos e, até mesmo, insuficiência respiratória.
bastante pacífica, me senti bastante seguro. Os policiais estavam bem atentos e acredito que não existiu nenhum fator de risco”, completou.
Para Soares, o melhor a fazer em casos de contato com este tipo de armamento é tentar sair de perto dos focos de disseminação. Piscar bas-
Já a professora Rosinari Rocha, que estava presente no protesto de professores em greve que terminou em confronto com a polícia, em
“Os compostos do gás também são
cancerígenos, se uma pessoa ficar em contato muito tempo com a substância, pode-se desenvolver câncer” os primeiros a ser utilizados nas ocorrências em que multidões precisam ser repelidas. Segundo o médico otorrino Caio Marcio Soares, o efeito do gás lacrimogêneo dura até 45 minutos, já o spray de pimenta pode causar consequências durante horas. O gás, em contato com os seres humanos, pode ter consequências semelhantes a queimaduras, tosses e vômitos. “Os compostos do gás também são cancerígenos, apesar de ser raro, se uma pessoa ficar em contato muito tempo com a substância, pode-se desenvolver o câncer. Além de causar irritação nas córneas, ocasionando até mesmo a cegueira”, alertou o médico. Já o spray de pimenta atinge principalmente as termina-
tante para lacrimejar, tirar as substâncias do corpo com água gelada e sabão, e evitar cremes ou óleos cicatrizantes, aliados a repouso e hidratação são as melhores maneiras de combater os efeitos das armas não letais.
É seguro ir às manifestações? As manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff, que aconteceram no último mês de março, reuniram, de acordo com a Polícia Militar, 200 mil pessoas em Curitiba. Cerca de 800 policiais fizeram o esquema de segurança dos protestos. O empresário Fulvio Amendola conta que participou do ato, no dia 13 de março, e que não percebeu confusões no protesto. “A manifestação foi
frente à Assembleia Legislativa do Paraná, em abril de 2015, vivenciou cenas de muito desespero. “No momento em que o tumulto começou, não sabia para onde correr. Acho que muitas vezes ocasiões que reúnem muitas pessoas podem gerar problemas. Indivíduos de diferentes ideologias, com certeza, estarão presentes e isso pode vir a ser um fator de risco”. Segundo a psicóloga clínica, Jocélia Baido, o comportamento das pessoas realmente pode mudar quando estão em multidão. “Dependendo do grau de envolvimento destas pessoas e do amadurecimento emocional de cada um, é esperado que de acordo com a intensidade das manifestações, algumas pessoas podem agir fora do que se é considerado normal”, completou Jocélia.
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Cultura
Presença feminina se destaca no mercado editorial As mulheres ultrapassam os limites de seus lares e passam a ingressar em espaços antes considerados masculinos Maria Tereza Seabra 3º período
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ão é de hoje que a mulher vem crescendo e ganhando vez no cenário artístico e literário. Esse fator foi se expandindo durante os anos de forma lenta e gradual, devido a um histórico de muitas lutas. O ano de 2015 se destacou por prêmios literários em maior parte dedicados a mulheres, apesar da predominância masculina na área. No Prêmio Jabuti do ano anterior, premiação literária mais importante do Brasil, duas mulheres lideraram a lista de livros do ano, sendo elas as escritoras Maria Valéria Rezende e Carol Rodrigues. No Prêmio Literário da Biblioteca Nacional, ainda referente ao ano de 2015, mais nomes femininos também tiveram destaque: Tércia Montenegro e, novamente, Carol Rodri-
gues. Já o Prêmio Sesc de Literatura foi pela primeira vez dedicado a duas mulheres: as autoras Sheyla Smanioto e Marta Barcellos. Para Edilson Santos, professor de sociologia, a conquista feminina já vem com uma série de fatores. “Independente do período, a mulher já vem conquistando o seu espaço e ganhando vez e voz a partir dos anos 60”. Santos acredita que a importância social de se ter uma presença feminina maior hoje no mercado editorial se dá ao olhar lateral e diferenciado que a mulher tem, seja na literatura, nas artes, ou em qualquer outra área. O professor destaca que a amplitude de olhar e a sensibilidade feminina proporcionam uma nova visão ao mundo da produção textual.
Por fim, o sociólogo enfatiza que a presença da mulher nesse âmbito só tende a crescer. “Essa mente que percebe uma visão de maior alcance que a masculina, infelizmente, ainda não é completamente reconhecida em nossa sociedade.
Literatura como reinserção social
Porém, as mulheres podem ir muito mais longe, graças a um histórico de lutas. Essa mulher deixou de ser aquela que ficava em casa, aguardando o seu marido, recebendo ordens e passou a ir às ruas”.
de violência doméstica e que trata os homens agressores e filho das vítimas. Voltada mais para temas femininos e políticos, ela conta que a literatura a salvou do cenário violento em que vivia. A autora, entretanto, ressalta que não enfrentou nenhuma dificuldade durante a produção de seus livros por ser mulher. Gorete participa da Feira dos Poetas, localizada no Largo da Ordem, um ponto de encontro de novos escritores onde os livros são vendidos ali mesmo nas barracas. “Em um dia ali, se vende mais do que em seis meses em uma editora. Por fim de semana, são 40 livros vendidos”. A escritora também crê que, sem dúvidas, a mulher está crescendo no cenário literário.
“As mulheres podem ir muito mais longe, graças a um histórico de lutas”
Maria Tereza Seabra
Escritoras reconhecidas internacionalmente por suas publicações
Gorete Bussoto é escritora, publicitária e também criadora de uma Organização Não Governamental (ONG) que cuida de mulheres vítimas
Geraldo Magela, poeta e editor da Editora Alternativa, conta que o número de publicações femininas vem crescendo sim, com meninas de 14 anos em diante. Segundo Magela, nas produções masculinas destacam-se mais temas de amor, aventura, viés musicais. Já poemas e fantasias amorosas são sobre o que as mulheres mais escrevem.
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Cultura
Átrio dos Gentios Evento dura três dias e aborda temas como a existência de Deus, literatura e tecnologia Leticia Garib e Patricia Munhoz 2º período
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ela primeira vez no Brasil, o Átrio dos Gentios abriu portas para um diálogo entre crentes e não crentes sobre questões que envolvem fé e ciência. O nome faz referência ao pátio do templo hebreu de Jerusalém, no qual gentios – ou não judeus – podiam entrar e conversar com os sacerdotes. O evento aconteceu entre os dias 11 e 13 de abril na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e contou com a presença do presidente do Pontifício Conselho para a Cultura do Vaticano, Gianfranco Ravasi, que foi nomeado Doutor Honoris Causa pela PUCPR, pela defesa de causas como educação, fé e religião alinhadas com os princípios da universidade. Os três dias de evento foram marcados por diversas
“A ciência está tentando responder às mesmas questões para as quais as religiões buscam solução há séculos” palestras e diálogos entre religiosos, cientistas e alunos. A cerimônia de abertura aconteceu na manhã de segunda-feira (11) com a presença de autoridades acadêmicas e eclesiásticas como o cardeal Ravasi, o reitor da PUCPR, Waldemiro Gremski, o diretor do Instituto Ciência e Fé, Fabiano Incerti e o arcebispo de Curitiba e grão-chanceler da universidade, Dom José Antônio Peruzzo.
Para o vice-reitor, Paulo Mussi, “um dos objetivos é que as pessoas compreendam que a universidade é esse ambiente para o encontro, o diálogo e a acolhida de diversas perspectivas a respeito da verdade”.
Palestras Na tarde de segunda-feira foi exibido um filme sobre a teoria de Darwin “A Seleção Natural”, através do qual, o padre Marcial Maçaneiro fez Leticia Garib
uma relação entre a teoria de Darwin e o gênesis bíblico. O tema “A ciência no tribunal: estamos mais perto de Deus?” foi debatido pelo pesquisador em genética, Marcelo Mira e pelo astrofísico Alexandre Zabot. Três direcionamentos foram discutidos: a existência de Deus; a relação entre ciência e fé e entre ciência e religião. Na noite do dia 11 aconteceu o encontro entre o cardeal Ravasi e o astrofísico Marcelo Gleiser, que conversaram sobre o tema “Deus entre a fé e a ciência”. Para Gleiser eventos como este são fundamentais, já que a ciência está tentando responder às mesmas questões para as quais as religiões buscam solução há séculos. O astrofísico acredita que os diálogos não têm o objetivo de convencer qualquer uma das partes, mas alcançar compreensão mútua para que se possa fugir de extremismos.
Autoridades acadêmicas e eclesiásticas na abertura do evento
No segundo dia do evento aconteceu uma conversa entre jovens e o cardeal Ravasi, sobre temas polêmicos, como família, exorcismo e definições de gênero, acompanhada de música ao vivo, interpretada por um grupo de professores da universidade.
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Cultura
Patrícia Munhoz
Diálogo entre jovens e o cardeal Ravasi
Tecnologia e relacionamentos Na noite do dia 12, o tema debatido foi “Transcendência, tecnologia e novas fronteiras do conhecimento”, com a presença do pesquisador em tecnologia e inovação, Luli Radfahrer, da jornalista e
Patrícia Munhoz
Na quarta-feira (13), último dia de evento, houve uma conversa entre os escritores Marcelo Coelho e Cristovão Tezza. Apesar de serem ateus, eles relacionaram literatura com fé, especificamente a poesia e a prosa. Coelho falou sobre as “emoções poéticas” diante de um fenômeno es-
“Um dos objetivos é que as pessoas compreendam que a universidade é esse ambiente para o encontro, o diálogo e a acolhida de diversas perspectivas a respeito da verdade” escritora, Isabela Noronha, do padre e jornalista, Carlos Jahn e do pesquisador em comportamento juvenil, Fábio Viviurka. Radfahrer abordou as consequências e problemas gerados pela tecnologia, como a tecnocracia, que é viver em função da tecnologia. Isabela defendeu a importância e as possibilidades alcançadas através da internet, tendo como ponto principal, a facilidade de conexão e Viviurka apontou que hoje as pessoas buscam se afastar um pouco do universo tecnológico, pois sentem falta da profundidade de relacionamentos.
petacular, como por exemplo, contemplar o pôr do sol. Ele explicou que esses fenômenos podem trazer significados iguais aos que a poesia traz e através deles percebe-se que há um mundo com entrelaçamentos coerentes. Tezza contrapôs com o argumento de que essas emoções nem sempre fazem sentido, como a morte que traz emoções poéticas e dá a sensação de perda de direção. Houve, ainda, uma conversa entre Andre Lanfrey, da Província Marista de l’Hermitage, na França, e o professor
de filosofia e história, Peri Mesquida. O bate-papo foi em relação à educação católica da França e do Brasil, através de um contexto histórico, que acabou abrindo espaço para um diálogo a respeito da educação como um todo.
Encerramento Ao término do primeiro Átrio dos gentios, na PUCPR, o reitor, Waldemiro Gremski, disse que “o propósito do evento é trazer um diálogo amigável sobre assuntos como ciência e fé” e pediu para que essa prática seja cultivada no dia a dia independente de crenças. O diretor do Instituto Ciência e Fé, Fabiano Incert, agradeceu a todos que colaboraram na realização do evento.
Cerimônia de nomeação do cardeal Ravasi como Doutor Honoris Causa Patrícia Munhoz
Em todas as palestras houve apresentação de música ao vivo, com estilos variados. Para Ana Paula Silva, que cantou em ritmo de Música Popular Brasileira (MPB), o evento permitiu a apresentação da diversidade da música brasileira. O evento contou com a presença de cerca de 2.500 pessoas e foi encerrado com apresentação da vencedora do XIII Revele Seu Talento da PUCPR, Dani Zan, e show da Família Lima.
Show da Família Lima no encerramento do evento
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Especial
PUCPR conquista 18 prêmios no Sangue Novo A universidade foi a maior premiada entre as 20 inscritas e conquistou sete primeiros lugares Amanda Mann, Nicolle Heep e Vinicius Scott 3º período
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o abrir as portas vermelhas às 19h no dia do jornalista, 07 de abril, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), no Rebouças, em Curitiba, pessoas sentaram em cadeiras bordô para a 20ª edição do Sangue Novo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná (Sindijor). As cores já anunciavam a vitória: a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) levou a maior quantidade de prêmios, com 18 estatuetas. O evento, que premia estudantes de Jornalismo do
Paraná, teve mais de 400 inscrições em 22 categorias, sete das quais a PUCPR foi primeira colocada. Entre as premiadas (independente da colocação) estão as produções laboratoriais jornal Comunicare, Portal Comunicare, Revista Corpo de Matéria (CDM), Webrádio e Boletim Comunicare. Universitários do Estado inteiro estiveram presentes, em uma celebração que durou aproximadamente 1h40, incluindo premiações para a Universidade Positivo (UP), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de Ponta Grossa
Estudantes e professores da PUCPR celebram suas conquistas
(UEPG) e o Centro Universitário Maringá (Unicesumar). Silvia Valim, diretora de cultura e eventos do Sindijor, afirmou que na primeira edição do Sangue Novo existiam apenas 10 categorias e agora há 22, incluindo duas subcategorias. A diretora destacou que para o próximo ano, o objetivo é aprimorar e adicionar categorias, estas sugeridas, geralmente, por professores e alunos. A diretora do Sindijor apontou que os benefícios desse evento para os universitários são inúmeros. “A comissão julgadora é formada por
profissionais experientes e reconhecidos no mercado que atuam dentro da categoria que vão avaliar. Logo, essa é uma forma de mostrar que o estudante não está sendo avaliado por qualquer um, e quando ele é premiado — independente da posição, pois a diferença entre elas é muito tênue — é porque ele fez um bom trabalho. Isso dá ao universitário margem para perceber que ele está indo para o caminho certo e ainda pode evoluir. O Sindijor entende a premiação como uma forma de mostrar ao estudante que ele tem potencial para o mercado de trabalho’’. Nicolle Heep
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Especial Trabalho reconhecido Outra vantagem para os estudantes, destacada por Silvia, é que o evento é uma “porta” de entrada para o mercado de trabalho. Pois se os jornalistas que participam do evento e da comissão julgadora vêm potencial em algum estudante, podem convidá-lo para trabalhar na área jornalística. Fato esse que aconteceu com a jornalista Thays Beleze, vencedora do Sangue Novo e, por isso, chamada para trabalhar na Rede Paranaense de Comunicação (RPC), em Foz do Iguaçu. A diretora acredita que isso já aconteceu mais vezes e ainda pode acontecer. Durante o evento, foram feitos apelos por parte dos espectadores em relação ao “massacre do 29 de abril” (dia
mercado. Ele afirma também que as premiações integram os alunos e promovem orgulho entre os estudantes do curso. Este ano, seu projeto (Portal Comunicare),foi 3º colocado na categoria Jornal/Revista Laboratório On-line. Colombo explica que o portal passou por mudanças ano passado, como o maior destaque aos vídeos e listas. Ele conta que as próximas mudanças visam manter o prestígio do site, com a incorporação de uma nova fonte textual e uma integração com os outros projetos laboratoriais jornalísticos da PUCPR. O professor elogiou a competência dos docentes e alunos da instituição, convidando os acadêmicos para experimen-
“O Sindijor entende a premiação como uma forma de mostrar ao estudante que ele tem potencial para o mercado de trabalho”
do confronto entre professores e policiais na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, em 2015), tema de diversos trabalhos premiados. O público bradou “fora Beto Richa” e o secretário de comunicação da APP-Sindicato, Luiz Rodrigues, mencionou o tema além de lamentar a morte de dois membros do Movimento Sem Terra (MST) em um confronto com a polícia na data do evento. Rodrigues questionou ainda as influências políticas por trás das grandes mídias.
A relevância do prêmio Segundo o professor de Jornalismo Digital da PUCPR, Renan Colombo, o Sangue Novo é importante para mostrar que os trabalhos feitos pelos alunos repercurtem além das fronteiras do laboratório e são valorizados por jornalistas no
tar e apresentar novas ideias. “Vamos mudar o jeito de fazer as coisas e aumentar cada vez mais a qualidade de nosso trabalho para que a gente seja mais reconhecido e desenvolva as habilidades necessárias para ter sucesso na nossa futura carreira”. Julius Nunes, coordenador do curso de Jornalismo da PUCPR, afirmou que a expectativa de prêmios para a universidade neste ano foi superada, pois na 19ª edição do Sangue Novo foram inscritos mais de 100 trabalhos de alunos da Pontifícia e tiveram 14 finalistas. Esse ano foram menos inscritos, porém com um número maior de finalistas. Com isso a PUCPR foi a universidade mais premiada do evento por dois anos consecutivos.
Nunes afirmou que isso dá visibilidade aos alunos e mostra a qualidade dos trabalhos da universidade, o que só é possível por causa da cooperação entre estudantes e professores. O coordenador do curso de Jornalismo da PUCPR ainda destaca o incentivo do prêmio aos universitários de qualquer período, os quais têm demonstrado habilidades além do esperado.
Sangue Novo sob a perspectiva dos universitários O estudante do 5º período Andrey Gabardo conquistou a primeira colocação na categoria Telejornal Laboratório. Ele foi editor do Boletim Comunicare, um programa televisivo da Sala de Notícias com um foco jovem orientado pela professora Suyanne Tolentino. Gabardo conta que considera esse âmago jovem como
destaque do projeto e agradece o engajamento da equipe. “Acredito que nossa maior vitória foi o aprendizado. Enquanto eu estava ali, seja na reportagem ou na bancada, tenho certeza que fui muito feliz e aprendi bastante”. Gabardo ainda convida os universitários a participar dos programas laboratoriais oferecidos pelo curso de jornalismo da PUCPR, por pelo menos um semestre.
Colocações PUCPR Reportagem escrita – impresso 1º A herança quilombola que o Paraná não conhece (Professor: Paulo Camargo) 3º A emoção que vai para as ruas (Professor: Paulo Camargo) Reportagem fotográfica 1º Ser mulher (Professor: Miguel Manasses)
Projeto jornalístico para assessoria de imprensa 2º Como o planejamento estratégico pode trazer resultados eficazes: o exemplo da Líder Comunicação – assessoria para campeonatos, clubes e atletas amadores (Professor: Cícero Silva) Monografia
2º Transladação: uma procissão do Círio de Nazaré (Professor: Paulo Camargo)
2º Um olhar sobre a mídia brasileira sobre o Islamismo: um estudo de caso sobre o jornal Folha de São Paulo (Professora: Criselli Montipó)
Programa da TV
Jornal laboratório impresso
1 º Se essa rua fosse minha (Professora: Suyanne Tolentino)
1º jornal Comunicare (Professores: Miguel Manasses e Rafael Andrade)
2º Programa sinapse (Professora: Suyanne Tolentino)
Telejornal laboratório
3º Programa na estrada (Professora Suyanne Tolentino) Programa de rádio 2º Programa Papo debate (Professora: Mônica Kaseker) Produto Jornalístico para web – portal de notícias 1º Caia no real (Professor: Julius Nunes) Projeto/produto jornalístico livre 3º Atemporal: webdocumentário sobre a relação das gerações com a mídia (Professor: Julius Nunes)
1º Boletim Comunicare (Professora: Suyanne Tolentino) Rádiojornal laboratório 1º Rádiojornal Comunicare: da sala de aula para a webrádio (Professor: Julius Nunes) Jornal/revista laboratório online 2º Revista CDM (Professores: Paulo Camargo e Rafael Andrade); 3º Portal Comunicare (Professor: Renan Colombo) Pesquisa em jornalismo 3º A Linha tênue entre o jornalismo e a literatura (Professora: Nilma Almeida)
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Ensaio
Instituto Ícaro Em pareceria com a Universidade Federal do Paraná, o Instituto Ícaro leva esporte, educação e cultura às crianças carentes da região do São Braz Beatriz Sprada Mira 2º período
O projeto busca influenciar crianças e familiares a terem hábitos saudáveis
O Instituto é patrocinado por diversas marcas, que fornecem itens esportivos
Felipe já compete em campeonatos nacionais
As crianças esperam ansiosas o momento de brincadeira pós treino