Comunicare 278

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Reforma interminável

Parte da Praça Oswaldo Cruz está fechada desde 2014. Página 04

Calçadas com mesas

Projeto permite que estabelecimentos ocupem via pública. Página 08

Cinema curitibano em destaque

Para minha amada morta fatura prêmios no Brasil e exterior. Página 12

Curitiba, 23 de Maio de 2016 - Ano 20 - Número 278 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

Espaço público? Public Space?

Comerciantes protestam contra a presença de moradores de rua perto de seus estabelecimentos. Shopkeepers complain about homeless people

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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Opinião

CPF na nota é prejuízo E

m abril de 2015 entrou em vigor a lei de incentivo à cidadania fiscal, objetivando instigar consumidores a exigirem a nota fiscal do produto adquirido na hora da compra. Essa nova proposta trouxe inúmeras divergências, principalmente para os contribuintes do imposto de renda. O sistema funciona com o cruzamento de informações do que sai e entra em uma empresa de comércio. Até então, entendemos a fiscalização que é, de fato, necessária, principalmente nas negociações comerciais. Muitas empresas sonegam impostos, comprando os produtos para revender sem nota, ocultando algumas compras, enfim, trabalhando de forma ilegal.

No entanto, esse modelo de fiscalização sugere uma segunda proposta. Os consumidores, por fim, têm a opção de informar seu CPF na hora da compra, para que esse seja cruzado com as informações da empresa. Essa moção é tentadora, pois o governo promete devolver parte do dinheiro gasto àqueles que declararam suas compras. Porém, muitas pessoas têm receio de declarar toda e qualquer compra que fazem por medo de caírem na “malha fina” na hora de entregar o imposto de renda. Isso acontece porque toda obtenção de mercadoria declarada no CPF fica registrada na Receita Federal. Então, por vezes, os contribuintes precisam ter um controle muito preciso

daquilo que foi comprado. Se por um momento, eles perderem a conta do que foi gasto e esse valor ultrapassar o que foi declarado no imposto de renda, há grandes chances de serem obrigados a pagar a tão odiada “cota do IR”. A proposta de fiscalização voltada aos comerciantes é totalmente viável, para que todas as empresas estejam enquadradas em um mesmo sistema de controle. Porém, é facilmente perceptível que essa sugestão persuasiva é apenas uma forma de vigiar os gastos da população de forma massiva. O governo promete a devolução do crédito, mas menos de 10% daqueles que exigiram CPF na nota conseguiram reaver seu dinheiro.

Sempre léguas à frente Vinicius Scott - 3º período

B

asta comparecer a qualquer lugar público que veremos pessoas com as cabeças abaixadas e os olhos transfixados em um smartphone, que nos últimos anos têm crescido e dominado nosso cotidiano. Esse aparelho tornou o acesso à rede onipresente, facilita pesquisas e promove novas formas de empreendedorismo e lazer via aplicativos (ou apps). O aparelho é tanto um instrumento lúdico quanto do labor, sem divisória entre os dois, que se mesclam e modificam a rotina produtiva. Devido a essa falta de divisão, o smartphone tem provocado ansiedade, déficit de atenção, depressão e até problemas de coluna. Outro prejuízo do smartphone é para a formação de memórias. A humanidade antes de fazer o esforço

de recordar algo, acessa a rede, satisfaz sua dúvida e num piscar dos olhos esquece o que acabou de checar. O filósofo Walter Benjamin já alertava sobre a pobreza das memórias graças ao rádio no século XX, lamentando como estamos esquecendo de provérbios e ensinamentos dos nossos pais. Imagine então com o celular. A maioria dos problemas envolvendo smartphones ocorre por ainda não estabelecermos uma ética acerca da comunicação nesse meio. Antes da web, poderíamos receber uma carta no café da manhã e somente lê-la antes de dormir e respondê-la no fim de semana. Se você fizer isso no Whatsapp parecerá grosseiro, já que símbolos azuis avisarão que você leu a mensagem e a “ignorou”. Na era analógica, havia tempo

de sobra para estabelecer códigos de conduta para os meios de comunicação, mas agora o meio muda antes mesmo de compreendermos totalmente seus efeitos sobre nossa cognição. Desde a revolução industrial, mais que duplicamos o número de invenções, se comparado com toda a história da humanidade e agora inventamos por dia na rede conteúdo que nunca leríamos durante toda nossa vida. A tecnologia sempre está se aprimorando, mas a mente humana é biológica e evolui ao seu tempo, de acordo com a seleção natural. Talvez a solução seja desacelerarmos as inovações e analisarmos elas antes de serem lançadas ao público, aguardando as consequências para nossas relações humanas.

Expediente Edição 278 - 2016 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA Nicolle Hepp 3º Período

Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855)

PAUTEIROS

EDITORES

Breno Soares

Bernardo Vasques

3º período

Caroline Deina 3º período

Cristielle Barbosa 3º período

Hanna Siriaki 3º período

Kátia Oliveira 3º período

Patricia Guaselle 3º período

Pedro Freitas 3º período

Rebeca Franco 3º período

Vinicius Scott 3º período

Wesley Fernando 3º período

3º período

Carolina Piazzaroli 3º período

Henrique Bastos 3º período

Isabella Fernandes 3º período

Jaqueline Dubas 3º período

Joshua Raksa 3º período

Luiz Guilherme 3º período

Michel Moreira 3º período

Nicolle Heep 3º período

Patricia Guaselle 3º período

Thais Camargo 3º período


Curitiba, 23 de Maio de 2016

Cidades

O silêncio de um homem perdido Um instante de reflexão coletiva no coração da cidade apressada Luciano Simão 7º período

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squina caótica. Prédios e pedestres, buzinas e britadeiras, os gritos de um guardador de carros e as gargalhadas de um casal de estudantes, já embriagados antes do meio-dia. Curitiba, sim, mas nomes próprios pouco importam hoje. A paisagem poderia caracterizar uma outra metrópole qualquer. No coração cinzento das grandes cidades, o próprio tempo parece fluir com pressa, como se todos ali tivessem a certeza de que há uma quantidade finita deste recurso disponível no universo para distribuirmos entre nós até a inevitável morte entrópica do cosmo. Porém, uma luz vermelha se acende (a luz cor de sangue que paira sobre nós como uma sentença) e de súbito estanca a hemorragia temporal. O mundo cessa. Carros enfileirados lotam a rua. O asfalto estremece com os urros dos motores. Neste instante, cria-se aqui um microcosmo momentâneo onde todos são forçados a parar. É então que uma figura solitária, até aqui oculta, entra em cena. Sob a luz de um sol insano, o homem dos olhos incolores deixa seu refúgio na sombra moribunda de uma árvore sem flor. Tudo o que veste são chinelos pretos e calças largas demais para ele, calças de um Pollock pobretão: jeans azuis desbotados, manchados por inúmeros respingos multicoloridos. Seus passos, lentos, não fazem som algum. Caminha com certa autoridade até ficar diante do exército

de automóveis, um Leônidas urbano entre arranha-céus que se erguem ao seu redor tal a boca das Termópilas. Abre os braços como um Messias que suplica: olhem, olhem, olhem todos para mim! Em absoluto silêncio, o homem exibe a pele enferma, dos mil tons de terra

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sob o olhar caolho daquela luz vermelha, somos todos forçados a enxergar. A mulher no sedan branco, tamborilando no volante com um cigarro ainda apagado entre os dedos da outra mão. O menino que, arrastado pela tração impiedosa de uma mãe que tem outro lugar para es-

horror primordial que reside em todos nós: a certeza, mais que absoluta, da própria finitude e insignificância diante da vastidão do tempo geológico e da imensidão esmagadora do espaço sideral. Não lhe damos moedas. Não conseguimos. Pois é impossível vê-lo como o outro,

“O homem caminha entre nós como um eco de outras eras, o fantasma de algo que nos antecede a todos, algo selvagem e muito, muito antigo” crua sob o sol. Todo o seu corpo é recoberto de feridas e pústulas avermelhadas que balançam levemente como cachos de uvas febris. A pele que reveste o crânio alongado, pontuado por tufos esparsos de cabelos cor de pó, parece rachada e quebradiça, como se estivesse prestes a eclodir daquele invólucro doentio um novo ser, uma enorme cigarra ou outra criatura alada que então alçaria voo, deixando para trás apenas uma silhueta morta no asfalto. Mas não, não há metamorfose alguma por vir: este homem é o que é, e quer que o vejamos exatamente assim. Presos ali,

tar, mantém os olhos fixos nas feridas escarlates da figura. O motoqueiro que, mesmo com a viseira do capacete abaixada, não consegue disfarçar o fascínio pelo ser espectral que estende a mão doente em sua direção. O homem caminha entre nós como um eco de outras eras, o fantasma de algo que nos antecede a todos, algo selvagem e muito, muito antigo, forjado no tempo que antecedeu ao tempo, de osso e lama, de unhas e fogo, de ferro e sangue. Enxergamos no mapa indecifrável entalhado em sua pele o

dotado de ideias e identidade próprias, quando é claramente um reflexo de nós. E então uma luz verde sinaliza o retorno do mundo ao “normal”. O tempo volta a correr, ainda mais feroz e implacável do que antes, e todos seguimos adiante, certos de que tardaremos a esquecer daqueles olhos, completa e terrivelmente humanos. Só, o homem se refugia novamente em seu casulo de sombras. O toque sutil da escuridão disfarça sua doença e o torna, até que volte à luz, apenas um de nós.


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Cidades

Reforma da Praça Oswaldo Cruz virou novela Revitalização do centro esportivo já dura mais de um ano Vitória Gabardo 3º período

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arte da Praça Oswaldo Cruz, localizada no centro de Curitiba, está fechada para reforma desde o final de 2014. As obras de revitalização do ginásio e piscina estão concentradas no Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser. A expectativa era de que o fim das obras se daria em setembro de 2015, mas a Prefeitura adiou o prazo para o final de abril deste ano. Porém, o mesmo teve que ser adiado mais uma vez para julho deste ano, segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Juventude (SMELJ). O chefe de gabinete da SMELJ, Valdir Simioni, disse que o atraso das obras se deve ao aumento das chuvas no início do ano, que atrapalhou os trabalhadores e prejudicou a finalização da reforma do piso da piscina. Segundo ele, apesar do centro esportivo estar fechado desde o fim de 2014, as obras só tiveram início em fevereiro do ano passado. Sobre uma possível revitalização do resto da praça, ele afirma que não há nenhuma previsão para obras de melhorias.

tas oferecidas pela Prefeitura e diz que sente muita falta dos colegas e professores. Para Luceli, o local era uma oportunidade para cuidar da saúde e se socializar com outras pessoas. Portanto, com o centro esportivo em reforma, a moradora reclama da falta de manutenção da praça e diz que o local já foi mais seguro. Outra frequentadora do local, Thaís Casotti, reclama do gramado que demora a ser aparado, deixando um aspecto sujo à praça, e da má iluminação, o que torna o local inseguro para passear no fim da tarde. “Sempre venho com a minha cachorrinha, mas fico apreensiva. As obras também permitiram que muitos andarilhos se abriguem aqui. Por isso, estou sempre de olho”. Dona de uma lanchonete em frente à praça, Cleide Marques comenta que as obras atrapalharam os comerciantes. “Existiam várias atividades e eventos que ocorriam no centro esportivo. O movimento vinha justamente de onde estão ocorrendo as reformas”,

relata. A comerciante tem a lanchonete naquele local há mais de 30 anos. Segundo ela, a reforma somada aos assaltos recorrentes e à crise econômica prejudicaram muito sua situação financeira. Sobre a segurança, Cleide confirma que a obra favoreceu a permanência de andarilhos, e ela diz que, apesar de não ter como afirmar que foram eles os responsáveis, a partir daí começaram a aumentar as ocorrências criminosas.

Policiamento não inibe criminalidade A comerciante comenta que o número de policiais no posto da Polícia Militar (PM) ao lado (inaugurado em 2007), vem aumentando desde dezembro do ano passado, mas que ainda existem ocorrências. “Tive muitos assaltos na minha banca, um prejuízo enorme”. A respeito da denúncia da comerciante, segunda a assessoria de comunicação da PM, o 12º Batalhão é responsável pela segurança nas imediações na Praça Oswaldo Cruz.

O orçamento inicial da obra, segundo dados divulgados no início da reforma pela SMELJ, era de R$ 2,3 milhões. Simioni preferiu não divulgar o valor atual exato, já que houve variações. Ainda de acordo com o chefe de gabinete, o financiamento da obra é feito pela Prefeitura de Curitiba em parceria com a Caixa Econômica Federal. Luceli Mel, moradora da região desde 2006, frequentava o centro esportivo desde 2007. Ela praticava as aulas gratui-

A obra se concentra na piscina do centro esportivo

O policiamento é feito 24h na área ao redor da praça, no atendimento às mais distintas ocorrências, priorizando as de perigo à vida. De acordo com a assessoria de imprensa, este trabalho tem resultado em diversas prisões de pessoas e apreensões de adolescentes e materiais ilícitos. Além disso, a praça também é atendida por um posto da PM. Ainda segundo a assessoria da PM, andarilhos e moradores de rua sempre são abordados, como qualquer outra pessoa, caso estejam em suspeição. Além disso, se algo de ilícito for encontrado com eles ou forem flagrados cometendo crimes, são encaminhados à delegacia para as providências necessárias. Sobre os negócios, Cleide diz que tem esperanças que o fim da reforma melhore as coisas. Ela acredita ser difícil voltar ao que era antes por causa da crise econômica, mas está esperançosa que com a retomada das atividades e eventos, o movimento melhore. Carolina Piazzaroli


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Comerciantes protestam contra moradores de rua Lojistas sentem prejuízo em seus estabelecimentos com a presença de andarilhos em suas proximidades Amanda Mann 3º período

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Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) estima que em 2016, cerca de 1.200 pessoas encontram-se em situação de rua. Esse contingente incomoda comerciantes curitibanos, que afirmam ter prejuízo financeiro e buscam a possível ‘higienização’da capital, o que provoca polêmica. Os lojistas acreditam que a presença dos ‘mendigos’ em frente aos estabelecimentos prejudica os negócios. A reclamação é que os moradores de rua obstruem as passagens em frente aos comércios, deixando dejetos e “situações lamentáveis”, levando o respectivo empresário a limpar o local para aumentar a visibilidade e segurança da região, segundo Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar). O presidente da Abrabar ainda comenta que os passantes estimulam a vivência nas ruas quando, por insistência dos moradores de rua, dão uma moeda e geram um ciclo vicioso dentro desse contexto, ou ainda, quando voluntários oferecem algum tipo de ajuda imediata, como comidas, ao invés de levarem esses moradores até instituições responsáveis. A assessoria de imprensa da FAS disse que o último censo é de 2008 e que pretende, ainda no primeiro semestre do ano, concretizar um levantamento de novas informações a respeito de pessoas nessa condição de vida. A instituição conta com 18 unidades de recolhimento

Cidades

Nicolle Hepp

e seis Centrais de Resgate Social (Centro Pop), para prestação do serviço diurno, responsável por reestabelecer vínculos familiares e psicológicos com os moradores de rua.

A higienização O próprio termo ‘higienização’ remete à ideia de limpeza, determinando um termo de caráter autoritário, segundo o professor de sociologia Eduardo Soncini Miranda. Ele acredita que essa denominação por si é uma forma de preconceito, e completa, “o imaginário brasileiro, principalmente no que diz respeito aos moradores de rua, favelas e periferias em geral produz uma sociodinâmica de estigmatização”. Miranda diz que os históricos similares de problemas com familiares, drogas, violência, perda de emprego e baixa educação agravam a presença de moradores nas ruas. “A reação dos comerciantes retrata o preconceito, a não sensibilização e a arbitrariedade de boa parte da sociedade civil com a questão. O morador de rua nesse caso só é percebido quando causa algum suposto incômodo pontual e/ou particular, sua real situação, que é o verdadeiro problema social, muitas vezes passa por muito tempo invisível’’. Há 19 anos que Daniela Oliveira é moradora de rua. Ela conta que às noites dorme em um abrigo da FAS, porém critica a falta de recursos do local, especialmente de higiene. Daniela diz que também já sofreu represálias de comerciantes ao dormir nas entradas

Mulher vive em situação de rua no centro de Curitiba de seus estabelecimentos. Os lojistas já lhe jogaram baldes de água fria enquanto estava dormindo, além de ter sofrido violência por armas de choque e ser taxada de “noia”.

Lar doce lar No dia 02 de abril, o Museu Oscar Niemeyer foi palco da produção de cartazes utilizados posteriormente pela Organização Não Governamental (ONG) Teto, que objetiva vencer a pobreza em assentamentos de risco. O foco da ONG é a construção de casas de emergência, com durabilidade de até sete anos, de 18 m², construídas em dois dias por voluntários, para moradores que se encontram em barracos e áreas de risco. As obras são oportunizadas por apoios da iniciativa privada e arrecadação de recursos por meio de contribuições voluntárias, muitas delas

facilitadas pela coleta, um movimento feito pelos voluntários, que pedem doações, principalmente nas ruas do centro de Curitiba. Segundo Aline Tavares, diretora do Teto Curitiba, o projeto visa o desenvolvimento comunitário a partir de diálogos com os moradores das regiões de risco, entendendo suas demandas e pensando em soluções. Irene dos Santos, que trabalha com reciclagem, conta que ganhou sua casa de presente dos ‘amigos’ do Teto, há cerca de um ano, na região do Jardim Independência, em São José dos Pinhais. Primeiramente, ela participou da construção da casa de sua filha e hoje, virou também uma voluntária. “Não fui ajudar com a intenção de ganhar. Fiquei feliz, radiante que me deram essa resposta surpresa”.


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Metro

Business owners protest against homeless people Business owners feel financial losses in their establishments due to the presence of homeless people nearby Amanda Mann 3rd period

Translated by language students Claudine Duarte, Luara Dittrich and Rafael Alfredo and teacher Lucia Maria Silva Kremer

T

he Fundação de Ação Social de Curitiba – FAS (Curitiba’s Social Service Foundation) estimates that there are about 1.200 people living in the streets of Curitibain 2016. This reality bothers business owners who claim to have been financially harmed and seek a possible ‘social cleansing’ of the capital, which is controversial. The shop owners believe the presence of ‘beggars’ in front of stores is harmful for business. They complain that homeless people block the entrance of the stores and cause unbearable situations when leaving human waste on the sidewalk, forcing shopkeepers to clean the area to maintain it safe and neat, according to the president of Abrabar- Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (The Brazilian Bar and Nightclub Association). The president of Abrabar even says that people encourage street life every time they give change to homeless people, generating a vicious cycle. This also happens when people offer some sort of ‘momentaneous aid’, such as with food, instead of taking these people to welfare institutions. The FAS press office said that their last census is from 2008 and that, before the end of this semester, they intend to do a new research regarding homeless people. The institution has 18 shelters and six social rescue centers (Centro Pop) for day service, responsible for reestablishing psychological and familiar bonds for homeless people.

Nicolle Hepp

The social cleansing ‘Social cleansing’ is an authoritarian term, according to Sociology professor Eduardo Soncini Miranda. He believes this definition alone is a form of prejudice and he adds that “the Brazilian social imaginary regarding people who live in the streets, slums and outskirts in general creates stigmatizing sociodynamics.” Miranda states that similar stories with problems related to family, drug use, violence, job loss, and low level education aggravate the presence of homeless people on the streets. “The business owners’ reaction demonstrates the prejudice, lack of sensitization and the unreasonableness of a large part of society regarding the matter. In this case, the person living on the street is only noticed when he/she brings about any sort of disturbance. His/her real situation, which is the actual social problem, is most of the time invisible.” For 19 years Daniela Oliveira has been living in the streets. She spends the nights at one of FAS’s shelters, but criticizes the lack of resources provided by the shelter, especially in relation to hygiene. Daniela also says she has suffered with shop owners’ harassing attitudes whenever she slept in front of their establishments: they have already poured cold water on her while she was still asleep. On top of that, she claims to have been tasered and called a “crackhead”.

Home sweet home On April 2nd, the Oscar Niemeyer Museum (MON)held

Homeless woman in downtown Curitiba the production of banners later used by the non-governmental organization (NGO) TETO, whose purpose is to overcome poverty in settlements at risk. The NGO focuses on building emergency houses with a durability of up to seven years and as large as 18m², built by volunteers in two days for people who live in sheds and risky areas. The constructions are made possible by private founding and voluntary contributions, that NGO members ask for in streets in the central area of Curitiba. According to Aline Tavares, Director of TETO Curitiba,

the project envisions community development through dialogue with people who live in risky areas, understanding their demands and thinking of solutions. Irene dos Santos, who works with recycling, says she got her house as a present from her friends at TETO, about a year ago, in Jardim Independência, São José dos Pinhais. Firstly, she took part in the construction of her daughter’s house, and today she’s also a volunteer. “I didn’t help with the intention of getting a house. I was really happy that they gave me this surprising response.”


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Cidades

Alimentação vegana x ‘carnívora’ Mercado vegano cresce enquanto comércio de carnes tenta driblar a crise econômica Erica Hong 3º período

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mercado vegano/vegetariano está conquistando espaço em Curitiba e, segundo pesquisa mais recente do Ibope, realizada em 2012, 11% dos curitibanos se dizem vegetarianos. Em contraponto, o mercado ‘carnívoro’ busca alternativas para não perder seus clientes.

qualidade é complicado. Mas procuramos ter essa variedade, sempre mantemos o preço baixo, mesmo se não gerar lucro, porque o nosso objetivo é atingir o público em relação à questão animal e ambiental, além do consumo de alimentos menos industrializados”, explica Machado.

Os veganos não utilizam produtos e serviços que incluam o uso de animais para a alimentação, como carnes, ovos, laticínios, mel, gelatina e alguns tipos de corante, além do vestuário e o entretenimento - circos e rodeios.

Já o restaurante Mesa Gastrônomia e Café, localizado no Alto da XV, juntou os dois tipos de consumidor e oferece tanto comida vegana no cardápio quanto alimentos com carne. Inara Andrade, chefe do salão, disse que desde o princípio a proposta do negócio era ter esse cardápio variado. Aberto há oito meses, ela afirma que a maioria do público é ‘carnívoro’, porém a procura pelos alimentos veganos também é grande. “Estou muito feliz porque conseguimos juntar as três ‘classes’ em uma só mesa”, finaliza.

O sócio-proprietário do restaurante vegano Semente de Girassol, localizado na Rua Treze de Maio, Centro, Max Machado, conta que o negócio existe há três anos e a ideia surgiu da necessidade de se encontrar comida vegana acessível. Segundo Machado, os produtos veganos são mais caros, por ser um mercado pequeno e pela produção ser

Noaci Antonio Alves, proprietário da churrascaria Ponto

“11% dos curitibanos se dizem vegetarianos” em pequena escala. E desde que inaugurou o restaurante viu esse setor do veganismo crescer muito. “Em paralelo com o mercado da carne, digo que é um desafio, pois todo dia temos que nadar contra a correnteza, conseguir competir com

Gira Grill, localizada em frente à Praça Santos Andrade, no Centro, disse estar em um cenário diferente. Ele conta que todo ano, entre janeiro e março, a carne sofre uma elevação de preço, mas logo depois o custo recua, no entanto este ano não houve esse recuo, o que levou Alves

Cristielle Barbosa

Frutas, legumes e cereais são a base do veganismo a fazer um ajuste de R$ 0,50 centavos em seu cardápio. “Acredito que todo o ramo de restaurante ou churrascaria está sofrendo uma retração e o cliente também está optando por economizar mais e acaba não indo almoçar fora”. O comerciante disse ainda que o movimento desde o ano passado para cá caiu 20% e que está trabalhando fora de sua margem de segurança, no que diz respeito ao lucro.

Veganos visam a questão ambiental Maria Laura é vegetariana há quatro anos e se tornou vegana há nove meses. Para ela essa escolha foi uma alternativa que poderia ajudar ainda mais a diminuir a crueldade com os animais. Ela percebeu um crescimento nesse mercado e também notou opções vegetarianas em cardápios de locais de alimentação que anteriormente

ofereciam apenas carne. A base do veganismo são frutas, legumes e cereais, então essa prática é muito acessível, diferente dos produtos industrializados, afirma Maria. Também há pessoas que estão em um meio termo nessa questão, é o caso de Leonardo Campoy. Ele brinca dizendo que é carnívoro somente nos finais de semana, e durante a semana procura uma dieta de bem-estar. Mesmo continuando a comer carne, já faz oito anos que Campoy vem reduzindo a ingestão de carne e declara que “infelizmente” os produtos mais acessíveis são os de origem animal. “Todo nosso sistema produtivo de alimentação está baseado no consumo de carne, então a economia está voltada no que tem mais aderência, a questão não é a alimentação vegetariana ser mais cara, mas sim a economia ser carnívora”.


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Economia

A procura pelo emprego em tempos de crise Com 9,1 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, aumenta a concorrência no mercado de trabalho

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Guilherme Novakoski

Sinval Martins, palestrante de recursos humanos, explica que o trabalho da assessoria é selecionar as pessoas que estão buscando determinada vaga, e passar para a empresa o que mais se encaixa no perfil desejado.

3º período

agravamento da crise econômica no país, nos últimos meses, fez com que milhares de pessoas perdessem seus postos de trabalho, e se vissem obrigadas a recorrer às agências de emprego para tentar uma recolocação.

tante possuir um potencial para aprender, além de ter um bom intelecto, pois o profissional que é de qualidade, normalmente é logo efetivado na empresa. “Se o profissional tem um pouco de qualidade, com certeza a empresa não vai deixar ele escapar, e assim sendo efetivado, acaba ganhando um salário maior, uma promoção”, finaliza Martins. Lenina Formagi, diretora de planejamento de relações de trabalho da Agência do Traba-

“Se o profissional tem um pouco de qualidade, com certeza a empresa não vai deixar ele escapar” O palestrante conta que há uma grande carência no mercado de bons profissionais, pois a grande maioria é totalmente desqualificada, e os grandes profissionais continuam empregados, uma vez que é muito difícil uma empresa perder um funcionário como este. Martins comenta que por este motivo, um grupo considerável de pessoas que participam de suas palestras são estagiários, que já estão normalmente se graduando na área, ou seja, indivíduos que apresentam uma perspectiva melhor de colocação no mercado de trabalho. Martins fala que a qualificação é importante, porém, caso a pessoa não a tenha é impor-

lhador, conta que em comparação com anos anteriores o número de pessoas buscando emprego aumentou, pois, antes o profissional tinha mais opções de escolha, e agora em tempo de crise as empresas escolhem o profissional que mais se adequa à sua busca, desta forma ter uma experiência profissional faz muita diferença, e devido a isto percebe-se que nos últimos anos muitos profissionais estão tendo de se capacitar para conseguir os empregos. Lenina conta ainda que os principais perfis solicitados são de auxiliares administrativos, operador de telemarketing, auxiliar de linha de produção e vendedores do comércio.

Cresce a procura por cursos técnicos Diante da crise econômica brasi-

Frederico Leones, coordenador

leira, os cursos técnicos são cada

administrativo de uma escola

vez mais procurados por pesso-

técnica, fala que a qualificação

as que pretendem se qualificar,

profissional dá uma vantagem

buscando um diferencial em sua

na primeira impressão, já que

área de trabalho.

diferencia o candidato dos de-

Guilherme Machado, consultor, conta que os cursos profissionalizantes tiveram um grande aumento em meio à crise, ele atribui isto às pessoas que

mais concorrentes, porém para assegurar o emprego é necessário outras aptidões “como mostrar competência, conhecimento na área e profissionalismo”.

percebem que estão em um

Leones explica também que em

período de muitas demissões, e

muitas áreas os estágios estão

com isto querem ter algo a mais

diminuindo, pois, muitas em-

para oferecer, fazendo algo que

presas não têm muita demanda

possa ajudar a empresa, e sendo

e assim não tem onde encaixar

assim mais valorizadas por ela.

um estagiário, prejudicando

O consultor explica que nos cursos são ensinadas várias estratégias para os estudantes conseguirem administrar sua busca por empregos. Ele conta que são apresentadas técnicas de como se comportar em uma entrevista de emprego, como montar o seu currículo e enriquece-lo, mas sempre deixando seus alunos com “os pés no chão”, mostrando como está a situação e que tudo ocorre em seu devido tempo.

os alunos que não conseguem experiência profissional em sua área. Entretanto, Machado fala que as empresas optam por estagiários, pois assim pagam menos impostos, e os estagiários se dedicam mais, uma vez que os estagiários têm de provar sua competência para garantir o emprego, “uma caixa de executivos pode ser substituída por meia dúzia de estagiários”, conclui.


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Política

Aprovado projeto que permite mesas em calçadas Agora, além do recuo de cinco metros já permitido, donos dos estabelecimentos poderão colocar mesas nas calçadas Isabella Fernandes 3º período

Isabella Fernandes

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oi aprovado em primeiro turno no dia 05 de abril, o projeto de lei que prevê a regulamentação do uso de mesas nas calçadas além do limite de cinco metros de recuo, já regulamentado ano passado. A votação do segundo turno estava marcada para o dia 18 de abril, mas foi adiada por seis sessões a pedido do autor da proposta, o vereador Helio Wirbiski (PPS), para que uma revisão seja elaborada. Segundo o vereador, a demanda para o uso das calçadas partiu da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e que ele a levou para votação em favorecimento ao empreendedorismo da cidade, afetado por uma recessão. “Na Europa é assim, as calçadas são muito usadas. E lá também é frio, então o clima não é argumento para não permitir o uso”, explica Wirbiski. O presidente da Abrabar, Fábio Aguayo, abre a ressalva: “as pessoas já usam. A questão aqui é regulamentar”. Segundo ele, apenas 15% dos estabelecimentos têm seus recuos de acordo com as regras. E quem não o fizer agora, não consegue renovar o alvará. Aguayo também nota que o projeto de lei servirá para a democratização das calçadas: “não foram apenas bares e restaurantes contemplados pelo novo projeto. Livrarias podem, por exemplo, colocar estandes do lado de fora de suas lojas”.

O Café do Estudante, no centro de Curitiba, utiliza as mesas na calçada O vereador Serginho do Posto (PSDB) votou a favor do projeto, mas observou que algumas mudanças devem ser feitas. A lei, segundo ele, não pode ferir o direito de ir e vir dos cidadãos. Algumas calçadas não seguem o padrão e, portanto, não teriam largura para servir aos propósitos do comércio. “Não podemos constranger,

por exemplo, alguém com um carrinho de bebê ou com uma cadeira de rodas”. Ainda, Serginho do Posto afirma que a lei não pode se direcionar para setores específicos: uma vez que se abra o precedente para bares, restaurantes e outros estabelecimentos determinados, outros como bancas de frutas ou bicicletarias podem requerer

o uso das calçadas da mesma forma. As calçadas permanecerão públicas e de responsabilidade da Prefeitura. Quem quiser utilizá-las passará por uma inspeção na calçada, e pagará uma taxa por metro quadrado utilizado.

“Na Europa é assim, as

calçadas são muito usadas. E lá também é frio, então o clima não é argumento para não permitir o uso”


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Política

Calçadas verdes ganham espaço A iniciativa conjunta ligada à Prefeitura completou um mês no dia 02 de abril Isabella Fernandes 3º período

A

s calçadas verdes, implantadas na semana de 02 de março dentro da Área Calma, perímetro com limite de velocidade de 40 km/h no centro de Curitiba, começam a ser reconhecidas e utilizadas pela população. Elas foram implantadas em cinco cruzamentos como uma expansão rápida e econômica das calçadas. Inicialmente eram apenas faixas pintadas de verde no asfalto, mas agora já receberam sinalização adequada. O projeto foi desenvolvido por meio de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e a Secretaria de Trânsito (Setran) e contou com o apoio da Prefeitura, além das secretarias de Meio Ambiente e de Obras Públicas. Segundo o coordenador de mobilidade e transporte da supervisão de planejamento do IPPUC, Márcio Augusto Teixeira, o principal objetivo do projeto era que o pedestre pudesse estabelecer contato visual com o motorista, diminuindo o risco de acidentes. É por isso que os primeiros cinco pontos foram instalados dentro da Área Calma. Ele conta que foram escolhidos eixos com maior fluxo de pedestres dentre diversos cruzamentos da área. Ele percebe, em suas vistorias, que as calçadas verdes estão sendo bem aceitas pela população e por esse motivo, depois da fase de testes que deve ter fim daqui a um mês, o IPPUC quer instalar mais cinco pontos, evoluindo esteticamente. “Uma vez que as pessoas estejam acostumadas, podemos colocar menos balizadores.

Isabella Fernandes

Podemos investir no paisagismo, fazer algo mais harmônico e esteticamente agradável”, relata. Teixeira também expõe que o projeto foi inspirado em cidades que, assim como Curitiba, participam do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e que buscam o incentivo dos deslocamentos a pé através da reorganização do espaço urbano. Os profissionais responsáveis do IPPUC receberam apoio de especialistas de Buenos Aires, que por sua vez receberam apoio de especialistas de Nova York, ambos participantes do grupo. A cidade norte -americana não possui cores específicas, e utiliza padrões para marcar as áreas, enquanto a capital argentina optou por amarelo claro. O coordenador explica que a escolha do verde foi devido à associação da cor com segurança, além de ser uma referência a toda a flora presente na cidade. Ainda, a cor não contrasta com as outras do cenário urbano.

Calçada verde no cruzamento da Rua Inácio Lustosa com a Rua Mateus Leme Adaptado do Google Maps

Saulo Senoski, estudante de educação física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, circula sempre pelo centro na região em que foram instaladas as calçadas verdes. Ele conta que notou a mudança um pouco antes da divulgação na mídia, na região da Praça Tiradentes, no Centro, e considera o projeto útil nessas áreas do centro da cidade onde há grandes concentrações de pedestres e espera que as áreas sejam aumentadas. Cinco primeiros cruzamentos a receber as calçadas verdes


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Política/Polícia

Vereador é pego em flagrante Valdemir Soares (PRB) renuncia após cometer infração na Câmara Municipal de Curitiba Elias Bonfim 2º período

A

pós ser flagrado pelas câmeras de segurança da Câmara Munipal de Curitiba, que gravavam a votação dos vereadores, cuja pauta era analisar se eles poderiam ou não votar a favor ou contra o abono de faltas dos servidores públicos municipais, no dia 31 de março, na sessão solene do período da tarde, o vereador Pastor Valdemir Soares (PRB) tocou na bancada da vereadora Julieta Reis (DEM), que ainda não havia chegado ao plenário da Casa, votando em seu lugar. A vereadora ficou indignada com o ocorrido e fez uma denúncia, no dia 05 de abril,

por quebra de decoro, o que poderia levar à cassação do mandato de Soares.

da Câmara Municipal, considerando que um processo de cassação é muito demorado.

Julieta declarou que não estava feliz com o que aconteceu e não aceitou o ocorrido. “Eu acho que foi uma invasão de privacidade, por isso agi dessa forma. Eu tinha o direito de decidir, e alguém decidiu por mim. Pelo regimento interno, o que o vereador fez é muito grave”, afirma a vereadora.

Já para o cientista político, professor Lindomar Wessler Boneti, da Pontifícia Univerdade Católica do Paraná (PUCPR), esse tipo de situação não acontece com frenquência, pois trata-se de uma atitude tão “boba”, do perfil de adolescente na escola.

Por se tratar de uma falta grave, segundo Julieta, Soares renunciou rápido ao seu mandato de vereador, pois a consequência maior seria um grande desgaste na imagem

Segundo Boneti, certamente a renúncia de Soares o salvou de ser cassado, e assim perder o direito de novamente se eleger, mas parece ser o mínimo a ser considerado nessa situação. “Se este político tem

um pingo de vergonha enquanto cidadão, certamente a renúncia não se deu simplesmente para se livrar da perda do direito de ser novamente eleito, mas pelo respeito à sua própria imagem e buscar o distanciamento do público”, conclui o professor. No dia 18 de abril, Edson do Parolim tomou posse no lugar da vaga aberta por Soares. A reportagem do Comunicare contatou o PRB que informou que Valdemir Soares passará por um processo disciplinar interno para averiguar a acusão e poderá ser punido.

PM monitora Vicente Machado Na região da Praça Espanha, São Francisco e Trajano Reis o policiamento também será reforçado Stella Prado 2º período

N

ão é de hoje que os bares da Avenida Vicente Machado atraem jovens e adultos aos finais de semana. Um grande número de pessoas ocupa toda a calçada e a rua, e alémde obstruir vias de trânsito e gerar muita sujeira no final da noite, os frequen­ tadores da região e entorno têm sido vítimas de agressões e assaltos. A atendente de um bar na Vicente Machado Thainara Dias Mizidio, 22 anos, disse que de segunda a quinta-feira o clima é ameno, pois os frequentadores são apenas os moradores da região, mas quando chega a sexta-feira a grande circulação de pessoas faz com que a situação de atenção seja reforçada. Thainara disse ainda que os clientes reclamam dos assal­tos e brigas, e que inclusive, os colegas de trabalho quando saem para um inter-

valo durante o expediente levam apenas documento e pouco dinheiro com medo de assal­tos. Vítima de agressão e roubo, na Avenida Vicente Machado, no sábado, dia 09 de abril, o estudante Brandow Bispo, 19 anos, está insatisfeito com a falta de segurança e a ineficácia da polícia na solução do pro­blema. “A polícia fica muito localizada em um único ponto na avenida, como existe muita aglomeração, os policiais de­veriam andar entre as pessoas e identificar essas confusões”, diz. O estudante esclarece que ao procurar a polícia no dia do assalto, os policiais informa­ram que nada poderia ser feito por ter muitas pessoas no local e ser difícil a identica­ção do suspeito. Devido a diversas solicitações de policiamento e ao alto ín­dice de ocorrências,

a Polícia Militar (PM) tem reforçado o policiamento aos finais de semana na Avenida Vicente Machado e região central. “Empregaremos um número maior de policiais no sentido de coibir furtos, roubos e confusão na região para garantir maior efetivi­ dade diante da quantidade de frequentadores aos finais de semana”, garante a aspirante Thaislany Escolaro. Em ação conjunta com a Gua-

ra Municipal, a PM conta com ajuda de base móvel, motocicletas, cavala­ria e o batalhão de trânsito. Thaislany orienta moradores e frequentadores a seguir regras básicas de segurança e estar atento à movimenta­ção, e em caso de ocorrências a vítima deve procurar identi­ficar o suspeito e entrar em contato com a Central 190 e, ao informar detalhes e caracte­rísticas do suspeito, a aborda­gem policial será feita.

A avenida fica cheia principalmente nos finais de semana

Stella Prado


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Esportes

Hipismo: um salto para a vitória No ano das Olimpíadas, outros esportes, que não o futebol, buscam seu espaço em um cenário que parece estar sempre voltado às quatro linhas

C

Sophia Cabral 3° período

A amazona Fernanda Brandes pratica o salto, uma das modalidades do hipismo, desde que tinha seis anos. Ela conta que, além de ajudar na correção de algum tipo de deficiência física, o esporte também pode funcionar como uma terapia. “O hipismo é perfeito para a melhoria mental e emocional. Ele te dá um sentimento de liberdade, de conquista e de companheirismo. Te permite esquecer de tudo e pensar somente em você e no cavalo”. Quanto ao relacionamento com o cavalo, Fernanda diz que deve ser harmônico. ”Se você não tiver

om sua primeira participação nos Jogos Olímpicos em 1912, em Estocolmo, o hipismo está na lista dos 42 esportes que serão disputados, este ano, no Rio de Janeiro, onde procura ganhar mais visibilidade.

respeito pelo seu animal, ele também não terá por você”. O instrutor de equitação e cavaleiro Anderson Tonon, pratica o hipismo há 25 anos. Ele explica que uma das principais vantagens do esporte é a de que ele traz um maior equilíbrio, tanto emocional como motor. Para Tonon, o contato direto com o animal faz do hipismo uma oportunidade de aprender a lidar com outro ser vivo, o que traz mais concentração e disciplina.

praticar o esporte por entender suas vantagens físicas e psicológicas, além do fato de haver um contato direto com o animal. Giovanna, que já participou de vários Campeonatos Paranaenses de Enduro Equestre,

diz que cair faz parte do processo de aprendizagem e que, por isso, não entende que haja desvantagens na prática do hipismo. Com as Olimpíadas no Rio, a amazona espera que o esporte possa ter a chance de mostrar sua força. Sophia Cabral

O cavaleiro ainda fala sobre a preparação do animal antes das provas. “Uma preparação especial não tem necessidade. O que precisa é ter conhecimento e isso se adquire com o tempo”. Giovanna Boaro Scupinari, também cavaleira há cinco anos, conta que começou a

Cavalos da Polícia Militar também participam de competições de hipismo

Cuidados com o animal são importantes para as provas Em alguns casos, fraturas podem resultar na morte do cavalo Sendo o cavalo um dos elementos centrais

antes deles participarem, há um comitê de

membro dificilmente voltam a competir,

do hipismo, é importante estar atento para

veterinários que avalia os animais para ver

mesmo que tenham feito tratamento”.

os cuidados que devem ser tomados com

se não existe nenhuma lesão não comuni-

o animal e com os procedimentos a serem

cada pelo proprietário que possa prejudi-

realizados em casos de acidente.

car o animal”.

A veterinária Luciana Doria explica que,

Em relação à eutanásia, Luciana afirma

proteção, podendo até corrigir algum de-

além de um acompanhamento com os

que é feita, geralmente, em casos de fra-

feito ou má formação. Ele também afirma

animais, existem donos que optam por

turas. “Ela já é feita no local onde o animal

que existem diferentes tipos de ferraduras

um tratamento fisioterapêutico como for-

cai. Os anestésicos são levados e é realiza-

e que, no hipismo, geralmente usa-se a de

ma de prevenir lesões, mas que, ainda as-

do o procedimento”. A veterinária conclui

alumínio, por ser mais leve e dar um maior

sim, não há a obrigatoriedade de nenhum

dizendo que “cavalos de hipismo ou de

conforto ao animal.

tratamento prévio. “Apenas nas provas,

corrida, que tenham fraturado algum

Ainda pensando na saúde do animal, o ferreiro Vladimir Silva explica que o ferrageamento também serve como forma de


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Cultura

“Para Minha Amada Morta” evidencia o cinema paranaense Dirigido por Aly Muritiba, longa-metragem curitibano é destaque em premiações nacionais e internacionais

Reprodução

Gabriel Witiuk 3º Período

Longa de Aly Muritiba está em cartaz em 13 capitais

E

streou no último dia 31 de março, em 13 capitais do Brasil, o filme paranaense “Para Minha Amada Morta”, escrito e dirigido por Aly Muritiba, cineasta baiano radicado em Curitiba. Rodado inteiramente na capital, o longa venceu seis categorias da premiação do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, além de ter dado a Muritiba o segundo lugar na categoria de melhor diretor do Festival Internacional de Cinema de Montreal, no Canadá. O filme conta a história de Fernando (Fernando Alves Pinto), advogado que trabalha como fotógrafo policial. Ao vasculhar objetos antigos de sua falecida esposa Ana (Michelle Pucci), Fernando encontra uma série de fitas cassete com vídeos eróticos protagonizados por sua mulher e pelo amante Salvador (Lourinelson Vladmir). Com isso, o advogado levanta

informações a respeito do amante e arquiteta uma aproximação dele e de sua família, inicialmente alugando uma casa nos fundos do terreno de Salvador, gradualmente se envolvendo no dia a dia da casa e flertando com pensamentos de vingança.

do protagonista. Isso cria, de forma muito frontal, uma relação crua e verdadeira entre a personalidade do personagem e a vida real”, explica. Não apenas bem-sucedido em premiações, o longa-metragem curitibano foi muito

“Aly Muritiba conseguiu, de maneira brilhante, criar algo inovador e artístico” Muritiba contou que procurou conduzir o filme de forma a inserir o espectador no universo do protagonista, mostrando os mínimos detalhes de todos os dilemas vividos pelo personagem, proporcionando um diálogo bastante íntimo entre filme e público. “Coloco, desde o início, o espectador colado à pele

bem recebido pela crítica. O jornalista e crítico de cinema, Paulo Camargo, aponta que o principal diferencial do filme é a fuga dos clichês do cinema convencional, pois, a todo momento, o filme explora e sugere possibilidades de vingança por parte do protagonista, podendo conduzir a trama a um desfecho bastante

típico. Entretanto, a opção pela humanidade e redenção do personagem é o que dá beleza ao filme. “Nas mãos de um diretor mais comercial, o filme provavelmente se tornaria um suspense comum, mas Aly Muritiba conseguiu, de maneira brilhante, criar algo inovador e artístico”, coloca. Além disso, “Para Minha Amada Morta” é visto como um filme muito importante para o cinema paranaense. Camargo explica que o filme consegue romper as barreiras da regionalidade e ganhar reconhecimento nacional graças ao seu valor artístico, e não por um alto orçamento ou presença de grandes estrelas. O jornalista ainda compara o longa de Aly Muritiba ao premiado “Estômago”, filme curitibano dirigido por Marcos Jorge, que, ao ser lançado, em 2007, foi aclamado pela crítica e ajudou a colocar o cinema paranaense em evidência.


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Cultura

Curitiba discute a valorização de bens culturais

Kátia Oliveira

Monumentos históricos devem ser protegidos e bem administrados por seus poderes e população por lei Yngrid Camargo 3º período

A Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz fica na Praça Tiradentes e é um dos mais importantes patrimônios culturais de Curitiba

A

o caminhar por Curitiba, a população se depara com patrimônios que trazem o ar histórico e cultural da capital paranaense. Por trás de cada monumento cultural apresentam-se histórias de suas localizações, por isso, Curitiba foi considerada a Capital Americana da Cultura no ano de 2003, pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Porém, de acordo a professora de Estética e História da Arte, Adalgisa Oliveira, esses locais históricos não são valorizados, nem pelos poderes públicos ou por seu povo. Os patrimônios culturais são bens, privados ou não, que apresentam a história de uma época, de um lugar, através de seus itens, sua arquitetura, suas pinturas e outros artifícios. Curitiba traz em seu cenário vários exemplos

desses locais, como as Ruínas de São Francisco, construção não terminada que hoje é utilizada como teatro; há também o prédio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que foi a primeira no país,

Para ela há uma carência nesse ponto, que é o processo educativo. “A educação básica teria que inserir e promover o acesso à cultura. Fazer com que as pessoas reconhecessem como patrimônio e valorizas-

“A educação básica teria que inserir e promover o acesso à cultura. Fazer com que as pessoas reconhecessem como patrimônio e valorizassem isso para as próximas gerações” segundo dados da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), entre outros. Adalgisa afirma que a comunidade deve ver essas localidades como algo importante, com produção histórica, cultural e artisticamente para cidade, mas se preocupa com a maneira como as pessoas veem a valorização deles.

sem isso para as próximas gerações”, falou. A professora cita que teve uma boa melhora nesse aspecto e na capital há um empenho muito maior do que em outros estados, mas ainda há muito o que fazer. Por sua vez, o diretor responsável pelo Patrimônio Histórico Artístico e Cultural da FCC, Hugo Moura, diz que cabe à

fundação a gestão e fiscalização desses bens, garantindo que eles fiquem preservados. Os imóveis públicos, que pertençam ao município, têm a manutenção feita pela FCC, aos privados cabe ao proprietário, com ajuda ou não do poder público, de acordo com o diretor. O estudante de Direito da UFPR, Lohan Couto conta que culturalmente esses bens são relevantes, pois trazem consigo as raízes históricas do povo curitibano e enriquecem as fontes de estudo sobre nosso passado, mas Couto esclarece que alguns andares de sua universidade, como o do curso de Psicologia, não são bem cuidados. Para ele, isso se dá pela questão administrativa, por conta desse setor ter que dividir a verba com diversos cursos.


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Cultura Lei de proteção do patrimônio cultural de Curitiba é aprovada O projeto de lei entregue pela Prefeitura de Curitiba, que prevê a criação de instrumentos fiscais que irão permitir a preservação de bens culturais e históricos, e a criação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e do Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural (Funpac), foi aprovado no dia 16 de fevereiro de 2016 pelos vereadores em primeira votação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC).

Funcionamento da lei O diretor responsável pelo Patrimônio Histórico Artístico e Cultural da FCC, Hugo Moura, diz que a nova lei irá tratar dos bens culturais como um todo e dá ao poder público e à sociedade, a possibilidade de protegê-los definitivamente a partir do seu tombamento. Para a professora de Estética e História da Arte, Adalgisa Oliveira, a lei já tinha que estar sendo aplicada há muito

O texto foi enviado ao Legislativo no

tempo, pois deveria existir uma política

mês de janeiro do ano passado e ficou

cultural de maior investimento com

tramitando na CMC até outubro, quan-

relação a esses locais, sendo bem-vin-

do foi discutido em sessão pública. O

da essa nova proposta. “Curitiba, o

objetivo da lei é cuidar desses locais

Estado e a Prefeitura investem nesses

com valor cultural, arquitetônico ou

monumentos, mas a questão são os

histórico, através de uma fiscalização

monumentos centrais, teria de haver

das penalidades previstas para situ-

uma consciência política e uma política

ações em que não houver a proteção

cultural de maior investimento nessa

deles e vantagens, como a redução do

manutenção, não deixar cair aos peda-

Imposto Predial e Territorial Urbano

ços para depois arrumar”.

(IPTU), a renovação do potencial construtivo a cada 15 anos e o enquadramento em leis de incentivo à cultura, para os que cuidarem.

A contadora Karina Soares, que sempre passa por esses pontos quando passeia pela cidade, relata que já percebeu que vários prédios com valor histórico

A proposta também tem a criação do

estão sendo revitalizados e acha muito

Funpac, um fundo que com recursos

boa a lei, torcendo para que seja bem

da Prefeitura, de pessoas físicas e

aplicada. “Acho a lei uma boa ideia,

jurídicas, e de multas aplicadas contra

sim. Tomara que dê certo, já tenho

indivíduos que depredaram esses bens,

percebido vários patrimônios sendo

suplementa projetos destinados à

arrumados, muitos sendo pintados, e

conservação deles, em conjunto com

outros reformados, mas sem mexer na

a concretização do Conselho Munici-

estrutura, é muito legal”, disse Karina.

pal do Patrimônio Cultural, órgão no qual os requerimentos de pedidos de tombamentos são avaliados.

Kátia Oliveira

Atualmente cerca de 600 imóveis podem ser enquadrados nessa nova iniciativa, segundo dados da Prefeitura.

O Paço da Liberdade, antiga sede da Prefeitura, foi restaurado e reinaugurado em 2009


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Curitiba, 23 de Maio de 2016

Ensaio

Futebol americano ganha espaço no Brasil Esporte promove campeonatos em diversas cidades Patrícia Costa 3º período

Time oficial da HP

Atleta durante treino de arremesso

Jogadores utilizam diversos equipamentos de proteção

Treinos acontecem no Parque Barigui


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