Comunicare 320

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Cinema

Educação

Escolas do Paraná devem ter merenda 100% orgânica até 2030

Fotografia Ensaio explora diversidade da fauna presente no Zoológico de Curitiba

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Filmes nacionais ganham espaço em cinemas de rua de Curitiba

Curitiba, 7 de Outubro de 2019- Ano 22 - Número 320 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

A Curitiba dos próximos anos The future of Curitiba Atualização da Lei de Zoneamento, feita pelos vereadores, estabelece que a cidade deve promover ocupação do Centro e mesclar estabelecimentos comerciais e residenciais em áreas centrais.

Revisão da Lei é feita a cada quatro anos e, após sanção do prefeito, entra em vigor.

CIDADES | pag.6.

O preço de ir ao Estádio Mesmo na Série B do Campeonato Brasileiro, o Paraná Clube mantém uma política de preços de ingressos avulsos com valores que supera a do Coritiba, também na Segundona; e praticamente se iguala à do Athletico, na Série A e com disputa recente de outros torneios, inclusive internacionais, como a Copa Libertadores. Enquanto o torcedor tricolor paga, em média, R$ 22 por jogo, coxas-brancas e athleticanos gastam R$ 12 e R$ 23, respectivamente, para assistir a cada partida. O reflexo está nas arquibancadas: o Tricolor tem a menor taxa de ocupação de estádio entre os times da capital: 25%, contra 64% de Coritiba e 30%

Estrada polêmica

Isadora Mendes

de Athletico. Os ingressos caros contrastam com os praticados em 2017, quando, realizando promoções com ingressos a R$ 10, o Paraná Clube teve ocupação média de 55%, terminou o campeonato na quarta colocação e, depois de dez anos, voltou à Serie A. O clube, porém, compensa o valor elevado dos ingressos avulsos com o programa de sócios mais acessível da cidade, com planos que variam de R$ 19,89 a R$ 160. Os planos do Coritiba partem de R$ 50 e chegam a R$ 150, e os do Athletico oscilam entre R$ 90 a R$ 350.

ESPORTES | pag.3.

Ingressos e planos de sócio-torcedor dos times da capital têm grandes diferenças de preço

A reabertura da Estrada do Colono, caminho que corta o Parque Nacional do Iguaçu, no Oeste do estado, voltou à pauta. Moradores representados por uma Frente Parlamentar na Assembleia Legislativa (Alep)

defendem a reabertura, enquanto o Ministério Público Federal (MPF) se mobiliza para impedir a ação. CIDADES | pag.5.


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Opinião

A linha tênue entre representatividade e publicidade da comunidade LGBTQ+ Isadora Deip 2º Período

E

m 19 edições da Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro, não me vêm à memória um episódio que tenha gerado tanta repercussão quanto o pedido do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de tirar de circulação da bienal deste ano exemplares da HQ “Vingadores - A Cruzada das Crianças”. O romance gráfico apresenta uma ilustração de dois personagens homens se beijando, e foi recolhida por Crivella sob alegação de que “queremos, apenas, preservar nossas crianças, lutar em defesa das famílias brasileiras e cumprir a lei”. O acontecimento trouxe à tona novas e velhas discussões ligadas à causa LGBTQ+, sobretudo relacionadas à importância da representatividade na indústria de entretenimento. O crescimento dessa representação em livros, filmes, séries de televisão e HQs pode ser considerado um grande passo para essa comunidade. A representatividade amplia as possibilidades de identificação para uma geração que cresceu às sombras de relacionamentos a estilo Disney, permitindo que pessoas que não se encaixam no padrão príncipe-princesa possam finalmente se identificar com personagens e histórias de amor mais semelhantes às almejadas por ela. No entanto, essa questão se torna problemática quando, em oposição a uma representatividade adequada, a mídia se utiliza da causa LGBTQ+ de modo a torná-la um produto da indústria cultural. Nesse cenário, agentes dessa indústria acabam por invalidar a representação em suas obras ao reduzir a luta dessa comunidade por mais espaço e destaque a uma mera jogada de marketing. Um exemplo concreto dessa situação é o Queerbaiting. Do inglês “queer” (termo utilizado para caracterizar pessoas fora do “padrão” de orientação sexual e/ou identidade de gênero) e “bait” (isca), a prática é utilizada

na produção de diversas obras culturais. Implica a promoção de certa “tensão sexual/romântica” entre dois personagens do mesmo gênero, sem em nenhum momento tornar isso uma real representatividade; ou seja, sem a real intenção de tornar esse relacionamento algo canônico por conta do medo de perda de popularidade ao desagradar a parcela heteronormativa dos consumidores. Dessa forma, espectadores LGBTQ+ são atraídos pela falsa promessa da representatividade. A comunidade é vista como uma nova oportunidade de se ganhar um novo público e lucrar mais, sem, no entanto, ser necessário abrir mão do público conservador. A história do famoso detetive Sherlock Holmes já foi retratada em livros, filmes, seriados televisivos e até mesmo em HQs. Há um ponto em comum entre todas suas aventuras: a companhia de seu fiel assistente John Watson. A relação entre os dois é compreendida em um contexto romântico por uma enorme quantidade de fãs, que criaram a “conspiração Johnlock” defendendo a existência de algo a mais do que uma simples amizade entre os protagonistas. No seriado Sherlock, produzido pela BBC, os roteiristas se utilizaram das teorias dos fãs para divulgar a quarta temporada do programa. Ao longo dessa última temporada, a série apresentou queda na audiência (total de 35,5 milhões de espectadores na terceira temporada para 29,92 na quarta), fazendo com que os produtores investissem fortemente no queerbaiting para recuperar o público. O próprio criador da série, Mark Gatiss, chegou a admitir que “achava mais interessante flertar com o homoerotismo em Sherlock”.

DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Suyanne Tolentino De Souza

A representatividade superficial é outra questão problemática quando falamos de diversidade em obras culturais. Nela, personagens explicitamente LGBTQ+ são inseridos na narrativa, porém não devidamente desenvolvidos. Servem apenas como pano de fundo para o desenrolar

da história dos personagens principais, provavelmente heteronormativos. Quando possuem suas próprias tramas, estas são rasas e normalmente breves. Esses personagens, por vezes, são retratados de maneira estereotipada, como é o caso dos tão comuns cabeleireiros gays nas novelas brasileiras, encarados como um simples alívio cômico. O que pode parecer, a princípio, o caminho certo para agradar a todos, é apenas mais uma máscara para uma homofobia estrutural. Num contexto em que presenciamos obras culturais cada vez mais realistas, com mocinhos já não tão idealizados e vilões com interessantes arcos de redenção, representar pessoas que fogem do padrão

Comunitiras

Isabella Decolin

É importante ressaltar que tal prática não somente é promovida por roteiristas, mas pelos próprios atores de séries e filmes. Ainda em Sherlock,

Expediente REITOR Waldemiro Gremski

o intérprete de John Watson, Martin Freeman, descreveu a relação de Watson e Holmes como “a história mais gay na história da televisão”. Em 2018, sete anos após a declaração dada por Freeman, enquanto a série encontrava-se no ápice de sucesso, o ator voltou atrás e disse: “Eu e Ben (intérprete de Sherlock), nós literalmente nunca, nunca fizemos uma cena deles como apaixonados.”

Edição 320 - 2019 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia Universidade Católica do Paraná | R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL Renan Colombo (DRT-PR 5818) Lenise Klenk (DRT-PR 3909) COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade

MONITORIA COORDENADORA EDITORIAL Julianne Trevisani Suyanne Tolentino De Souza FOTO DA CAPA Rafael Coelho (2º Período)

REPÓRTERES Isadora Deip 2º Período

Beatriz Bleyer 2º Período

Sthefanny Gazarra 2º Período

Isadora Mendes 2º Período

Herick Pires 2º Período

Bruna Cominetti 2º Período

Rafael Coelho 2º Período

Mariana Scavassin 2º Período

Isabelle Almeida 2º Período

Laura Luzzi 2º Período

Nathalia Brum 2º Período

Luiza Ruppel 2º Período

Romano Zanlorenzi 2º Período

Sabrina de Ramos 2º Período

Brunna Gabardo 2º Período Stephanie Friesen 2º Período

da cis-heteronormatividade é importante pois representa a diversidade da vida real. Práticas que inviabilizam a representatividade passam a mensagem de que, assim como personagens e romances LGBTQ+ raramente recebem o devido destaque, não importa quão árdua seja a luta dos integrantes dessa comunidade, eles dificilmente serão vistos pela sociedade como tendo a mesma relevância daqueles que se enquadram nos “padrões”. A atitude de Crivella é mais uma prova de que instrumentalizar a causa para ganhar dinheiro é válido, mas quando a verdadeira representatividade entra em jogo, um simples beijo é visto como um atentado à família tradicional, e o ato de amar é tido como motivo para censura.


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Esportes

Paraná cobra mais e coloca menos público no estádio que dupla AthleTiba Vila Capanema, estádio menos frequentado da capital, tem o ticket médio mais caro da Série B Isadora Mendes Rafael Coelho 2º Período

A

dupla AthleTiba tem bons resultados após realização de promoções de ingressos e planos de Sócio-Torcedor, enquanto o Paraná tem altos preços e pouco público pagante. O Coritiba lidera o ranking entre os times da capital e também da Série B, com média de ocupação de 44% no Couto Pereira. O Athletico alcança a marca de 37% torcedores na Arena da Baixada, enquanto o Paraná conta com apenas 21% de média público na Vila Capanema. Os paranistas possuem a média de preço de seus ingressos mais caros que os outros dois, estando na primeira ou segunda divisão, com preços entre R$ 15 e R$ 120 nos dois últimos anos. Já em 2018, quando esteve da divisão de elite, o Paraná Clube cobrava pelo terceiro ingresso mais caro, apesar de apresentar o pior desempenho da competição e terminar na lanterna.

Isadora Mendes

participação nos jogos. A realização de promoções da parte do Coritiba fez com que o torcedor comparecesse mais ao Couto Pereira, obtendo o posto de maior média de público pagante da Série B, com mais de 26 mil torcedores. A promoção de três ingressos de diferentes partidas por R$ 15 fez sucesso, pois parte dos torcedores diz que dificilmente jogos dessa divisão deveriam custar caro. “Série B, só jogo de cima de tabela vale pagar mais que R$ 20”, comenta Daniel Ribeiro, torcedor coxa-branca, em aprovação aos preços promocionais. O resultado positivo das promoções motivou o Coritiba a reduzir também os preços cobrados aos sócios, “entendendo o momento econômico que se vem passando, foi feito com o objetivo de trazer o torcedor mais próximo à instituição e

Trcedores gastam em média R$ 870 anualmente com os clubes de Curitiba com que os ingressos fiquem mais caros, atraindo muito mais público pela importância de competições, como a Copa do Brasil, da qual se tornou campeão. Além disso, o clube abre

Brasil contra o Internacional e já arrecadou mais de R$ 16 milhões com bilheteria.

planos de sócios a partir de R$ 90, motivando os torcedores a se associarem, como diz a torcedora Aline Furlan. “Se for calcular alguns jogos a que vai por mês, o preço do ingresso supera o do plano de sócio. Então, o clube está querendo que cada vez mais torcedores se associam. Acho justo o preço da mensalidade”. Não por acaso, o clube colocou mais de 39 mil torcedores na Arena da Baixada na primeira partida da final da Copa do

em média R$ 870 anualmente com tickets, planos de sócio e produtos oficiais de seus respectivos clubes.

Em 2019, os torcedores de Athletico, Coritiba e Paraná gastam

O resultado positivo das promoções motivou o Coritiba a reduzir também os preços cobrados aos sócios

Mesmo rebaixado e disputando poucas competições em 2019, o clube ainda possui o ingresso com preço mais caro da Série B, custando, em média, R$ 66. O torcedor Fabiano Salles avalia que o time não apresenta um futebol que justifique tais preços e diz “agora, só falta o time ajudar e ganhar mais do que perder”. A assessoria diz que o clube reduziu o preço dos ingressos como uma maneira que a administração encontrou para incentivar a

também ampliar suas receitas”. O clube oferece programas de Sócio-Torcedor de valores entre R$ 50 e R$ 150 dando acesso a todos os jogos do clube em diferentes setores no Couto Pereira em diferentes setores no Couto Pereira, contando com o plano familiar a partir de R$ 85 para quatro pessoas, com adultos e crianças de até 12 anos. A multiplicidade de torneios disputados pelo Athletico fez

Leia mais Artigo de opinião: “O reinado de quem arrisca” portalcomunicare.com.br

Rafael Coelho

Rafael Coelho

Preço do “Ticket Médio”

Preços do Sócio-Torcedor

Quanto o torcedor pagou, em média, para assistir a um jogo do Campeonato Brasileiro

Quanto custam os planos mais baratos e mais caros em cada clube de Curitiba R$ 40

Athletico

R$ 90

R$ 37

R$ 350

R$ 30 R$ 23

Coritiba

R$ 50

R$ 150 R$ 22

R$ 20

Paraná

R$ 14 R$ 20

R$ 0

R$ 160

R$ 100 R$ 200 R$ 300

Fonte: Globo Esporte

R$ 12

R$ 10

R$ 400

2017 2018 2019 Fonte: Globo Esporte


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Esportes

Campeonato paranaense feminino luta para se consolidar e crescer Com apenas quatro clubes, o Campeonato Paranaense Feminino quase não recebe investimentos Laura Luzzi Romano Zanlorenzi 2º Período

O

Henrique Vorraber

Campeonato Paranaense de Futebol Feminino, organizado pela Federação Paranaense de Futebol (FPF), tem sofrido, nos últimos anos para seguir sendo realizado. Com poucas equipes e baixo investimento, o torneio busca se firmar e crescer. O recente sucesso da Copa do Mundo feminina, disputada na França, traz expectativa de que a modalidade receba mais atenção e se desenvolva. Neste ano, está ocorrendo a 20ª edição do campeona, contando com quatro times: Foz Cataratas/Athletico, Toledo, Londrina e o Imperial, o único representante de Curitiba. Esse baixo número deve-se à falta de investimento e incentivo por parte da FPF, além do desinteresse de clubes e torcedores. Mas o cenário já foi pior: as edições de 2015 e 2016 não foram realizadas, uma vez que não atingiram o número mínimo de inscritos: quatro. A falta de times no campeonato também é sinal de pouco engajamento dos grandes clubes. Pensando nisso, a CBF passou a exigir, a partir deste ano, que todos os clubes da Série A tivessem categorias femininas. Contudo, muitos apenas fecharam parcerias com times já existen-

Treino do Imperial Futebol Clube Paraná e Operário teriam que criar times ou associações para se manter na elite. Portanto, haveria um aumento no número de clubes na competição no próximo ano. De acordo com treinador do Imperial, Diego Borges Martins, a Federação não oferece nenhum apoio. O técnico afirma que a entidade poderia investir mais em clubes amadores como forma de incentivo. Diferentemente dos outros times que

mulher buscando um espaço dentro do futebol, Diego comenta: “Não adianta apenas ficar falando que falta isso, falta aquilo; precisamos fazer acontecer, Nós, do Imperial, sabemos dessa dificuldade, mas lutamos muito, para que tudo possa dar certo e oportuzinar o futebol feminino em Curitiba”.

A importância da mídia Segundo a jornalista esportiva Nadja Mauad, o futebol femini-

“Não temos apoio nenhum da

federação! Acredito que a federação podia ajudar de alguma forma”

tes, como no caso do Athletico. Existia, ainda, uma previsão de que em 2020 seria imposta essa mesma obrigação para os times da Série B, mas a CBF ainda não definiu os prazos oficiais. Caso essa determinação entrasse em vigor, clubes como Coritiba,

participam do estadual, os quais possuem estrutura melhor por terem outras parcerias, o Imperial tenta seguir o caminho da independência e encontra mais dificuldades do que deveria. Sobre a oportunidade da luta da

no está crescendo, ainda que de forma lenta. Ela acredita que o trabalho seja “de formiguinha” e que não adianta aumentar o número de times se não houver investimento, pois seria apenas um campeonato inchado, mas sem qualidade. Nadja ainda Henrique Vorraber

reitera que a Copa do Mundo da França foi um sucesso de audiência e de interação, comprovando que quando o produto é bem vendido, o público compra a ideia. “Não acho que a mídia paranaense tem apoiado e dado visibilidade. É muito difícil encontrar espaço. Acho que deveria ter uma cobertura mais séria, mas isso tudo tem que ser acompanhando de um investimento, de uma profissionalização e intenção em vender o campeonato. Sem isso, é complicado ter uma atração da mídia”, completa.

Como o futebol mudou depois da Copa da França A Copa da França, disputado este ano, foi um marco na briga do futebol feminino em busca de igualdade e visibilidade no mundo todo. Mais do que um ótimo futebol, as atletas mostraram seu descontentamento com os salários baixos, falta de patrocinadores e desigualdade entre as estruturas ofertadas aos times femininos e masculinos. A audiência atingida foi muito além da esperada no Brasil e isso trouxe consequências positivas, como novos investimentos e uma promessa de reformulação da CBF, começando pela demissão do antigo técnico para a contratação de Pia Sundhage como treinadora. A Federação não possui o número médio de público nos jogos, e não confirmou quais emissoras vão transmitir o campeonato em 2020.

Leia mais Artigo de opinião: “Até quando as atletas seråo apenas bonitas?” portalcomunicare.com.br

O Imperial é o único time de Curitiba entre os quatro que disputam o torneio estadual feminino


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Cidades

Proposta de reabertura da Estrada do Colono volta a ser debatida Proposta originalmente apresentada pelo exdeputado federal Assis do Couto (PDT), agora é adotada pelo senador Alvaro Dias (Pode)

Divulgação MPF

Beatriz Bleyer 2º Período

Foto do sobrevoo realizado pela MPF, no Parque Nacional do Iguaçu. A Estrada do Colono se encontra na extrema direta da imagem.

D

ezoito anos separam o fechamento da Estrada do Colono, localizada no Parque Nacional do Iguaçu, ligando os municípios de Capanema e Serranópolis do Iguaçu, no oeste do estado, de uma nova tentativa de abertura. Assim como antes, a proposta, originalmente apresentada em 2017 e novamente em discussão, é cercada de controvérsias. De um lado, políticos pressionados pelo interesse dos moradores da região. De outro, ambientalistas e o Ministério Público Federal (MPF), que garantem que a vegetação da área foi regenerada totalmente.

contribuirá para a preservação do Parque Nacional do Iguaçu. Ele garante que se trata de um projeto moderno. “Vai estabelecer passagens subterrâneas para os animais, grades protetores, guaritas de fiscalização. Teremos o impedimento para que casos pesados trafeguem, não haverá o asfaltamento, enfim, as normas que se constituem exigência para a legislação ambiental estão contempladas.” As justificativas não convencem o Ministério Público Federal. O órgão publicou um documento oficial após um sobrevoo sobre

bleia Legislativa do Paraná (ALEP) em agosto. O coordenador da Frente, Nelson Luersen (PDT), defende, em entrevista ao site da Assembleia, que a estrada é um simples caminho, sem possível depredação ao meio ambiente. “O que queremos para o Parque Nacional do Iguaçu não é uma intromissão naquele bioma, não queremos uma estrada com comércio, que crie possibilidades de depredação. Queremos um caminho simples, com tráfego exclusivamente para carros de passeio e ônibus de turismo, fechado para caminhões, que seja aberta ape-

“Não tem o que reabrir, seria

desmatar uma área de conservação. É crime ambiental” O assunto voltou a ganhar repercussão desde que o projeto de lei (PLC 61/2013), do ex-deputado federal Assis do Couto (PDT), foi adotado pelo senador Alvaro Dias (PODE), que justifica ação como contribuinte para a preservação do parque. A Estrada do Colono foi aberta inicialmente em 1954, 15 anos depois da criação do Parque Nacional do Iguaçu. Com o crescente desmatamento teve seu fechamento inicial em 1986, e, depois, em 2001, definitivamente. Agora, o senador afirma que a proposta de reabertura tem um sentido “preservacionista”. Em entrevista para o portal Senado Notícias, Alvaro Dias afirma que

a antiga área da estrada-parque, que constatou a regeneração total da vegetação na área. Zona Intangível, esclarece ainda o MPF, “é a área da unidade em que a integridade do ambiente deve permanecer intocável, não se tolerando quaisquer intervenções humanas, porque essa área atua como matriz de repovoamento de outras zonas”. De acordo com o que foi apurado pelo MPF, a reabertura da estrada exigiria um desmatamento de 20 hectares dentro do Parque Nacional do Iguaçu, área que se regenerou nos últimos 16 anos, desde o fechamento definitivo da Estrada do Colono. Essa questão foi discutida na Frente Parlamentar na Assem-

nas durante o dia e que possa ser mantida pelo IBAMA ou pelo ICMBIO, se assim for decidido”

anos, e normalmente em períodos perto de eleições, e como no ano que vem haverá eleições no paraná, o biólogo acredita que esse é o motivo da discussão atual. Se a proposta foi aceita, será um “afronte à legislação ambiental”. A Comissão de Infraestrutura do Senado Federal aprovou, no dia 17 de setembro, o projeto de lei que permite a reabertura da Estrada do Colono. O projeto agora segue para a Comissão de Meio Ambiente (CMA) e, se aprovado, vai para a Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR), onde será analisado de modo terminativo. Isto é, se for aprovado, vai direto para a sanção do presidente, sem análise do plenário.

Veja onde fica A Estrada do Colono se localiza no Parque Nacional do Iguaçu e divide os município de Serranópoles e Capanema.

O biólogo Paulo Pizzi, presidente do Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais e integrante da Aliança Pró-Biodiversidades é contra a reabertura da estrada, que ele prefere se referir como um novo desmatamento. “ Não tem o que reabrir, seria desmatar uma área de conservação. É crime ambiental.” Além da situação de regeneração, a Estrada do Colono causaria impactos como atropelamentos, incêndios florestais, e a fauna ficaria dividida entre os dois lados da estrada. Pizzi lembra que a reabertura é uma questão discutida há muitos

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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Cidades

Integração entre casas e comércios é nova diretriz de Curitiba Regularização para o comerciante de bairro e aproximação de movimento comercial e habitacional são tendências trazidas pela recém-aprovada Lei de Zoneamento da cidade Beatriz Bleyer Rafael Coelho 2º período

A

IPPUC

tualização da Lei de Zoneamento de Curitiba, aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal, entrará em vigor seis meses após a sanção do prefeito Rafael Greca (DEM). Apesar de o IPPUC não considerar a reforma fundamental, algumas mudanças importantes entrarão em vigor. Permissão para usos comerciais maiores, incentivo ao uso habitacional do centro da cidade, Vale do Pinhão como zona mista, e uso do recuo frontal como estacionamento são as principais mudanças na atualização do zoneamento. O zoneamento serve para

Centro de Curitiba no Zoneamento a ser aprovado

O Vale do Pinhao, antes zona residencial, passa a ser zona mista segregar os usos do solo, de modo a não perturbar um foco habitacional. A revisão da lei de zoneamento é etapa obrigatório seguinte à modernização do Plano Diretor da cidade. O assessor especial do IPPUC, Alberto Paranhos, acredita que as mudanças não eram fundamentais, masimportantes. “O principal continua existindo: estrutura básica da cidade, zona central, centro cívico, zonas conectoras, linha verde.” O professor de arquitetura e urbanismo da PUCPR, Juliano Geraldi, acredita que a reforma do zoneamento foi uma questão pontual. “A cidade já está consolidada. São muito mais adequações do que mudanças. Se Curitiba construir tudo que o Zoneamento de 2000 permite, caberiam na cidade 6 milhões

de habitantes, estamos com 2 milhões hoje”, complementa.

Permissão para usos comerciais maiores

É previsto um aumento na área de comércio vicinal (pequeno, imediato). O teto inicial passa de 100 para 200 m², podendo chegar a 400 m² com pagamento de incentivos.

Incentivo ao uso habitacional do centro

Hoje a área central concentra atividades de comércio e serviços. O incentivo será usado para que o centro seja uma área com mais pessoas se estabelcendo com moradias, encurtando os trajetos do cotidian. Será feito através do aumento do coeficiente de aproveitamento, que disponibilizará limites maiores para projetos imobiliários de

objetivo habitacional.

Vale do Pinhão

O Vale do Pinhão, antes zona residencial, passa a ser zona mista, a partir de aumento do coeficiente de aproveitamento. Segundo Alberto Paranhos, área deixou de ter importância desde a criação da cidade industrial, e agora há necessidade de apoio para gerar economia. “A área precisa ter apoio para a economia criativa. Se houver mais variedade de uso vai atrair mais gente para ir lá.”. “É um problema de mercado”. “Agora, não é papel do IPPUC ficar caçando a laço empresários para mostrar a oportunidade de ir para lá.”.

frontal de terrenos para estacionamento ganha flexibilização. O presidente da Comissão de Urbanismo, Serginho do Posto, confirma que cada caso será analisado e prevê que nem todos vão conseguir a licença, principalmente os que não reservam a área obrigatória destinada a permeabilidade.

Leia mais Confira os mapas de zoneamento de Curitiba

Uso do recuo frontal para estacionamento

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Antes proibido, o uso do recuo

Recuo Frontal A flexibilização do uso de recuo frontal para estacionamento foi uma emenda aprovada com unanimidade na Câmara Municipal a contragosto do IPPUC. O recorrente tema pode ter sua resolução final após intenso debate desde 2014.

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPPUC) é contra a liberação.

Os Vereadores são favoráveis ao uso dos recuos em defesa dos interesses do pequeno co-

A causa mobilizou 14 mil

Geraldi avalia como plane-

assinaturas em 2014, quando

jamento urbano: “Não sou

Bruno Pessuti apresenta a pri-

contrário, nunca vi problema

Considera que o largo espaço

merciante. Estes alegam que

meira proposta com escopo

em usar o recuo para o esta-

para estacionamento bota em

recurso atende a obrigatória

da Associação de Comercian-

cionamento. Mas soluciona

risco a segurança do pedestre

disponibilidade de estaciona-

tes do Paraná. Desde então

questões pontuais, aquele co-

e incentiva o uso do carro,

mento para estabelecimentos

foram avanços e retrocessos,

mércio de bairro que está em

além de ser concorrente da

que ocupem área maior que

como decreto não mais válido

uma rua sem estacionamento.

área obrigatória de permeabi-

100m². Além de temerem a

que abria a possibilidade

De qualquer forma, sempre

lidade que garante absorção

estar em ilegalidade, consi-

para bares e restaurantes sob

a construção de estaciona-

de chuva.

deram que as vagas são um

pagamento incentivos.

mento significa maior uso do

atrativo para os clientes.

carro”, sintetiza o urbanista.


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

House and business integration is Curitiba’s new guideline

Cities

A

Regularization of local businessmen’s commerce and a tighter relation between commercial and residential areas are some of the new market trends from the city’s newly approved Zoning Law

n update on Curitiba’s Zoning Law, unanimously approved by the city’s town hall, will come into force six months after the mayor, Rafael Greca, sanctioned it. Although the Research and Urban Planning Institute of Curitiba (IPPUC) does not consider the amend to be crucial, some important changes will be put into action.

Beatriz Bleyer Rafael Coelho 2nd Term

The zoning serves to segregate land uses, so as not to disturb a housing area. Reviewing the zoning law is a mandatory step following the modernization of the city’s master plan. IPPUC’s special advisor, Alberto Paranhos, believes that changes were important but not crucial.

IPPUC

Curitiba’s central zoning area

The once residencial area of Vale do Pinhao, will be turned into a mixed-use zone. “The most important items still exist: the basic structure, central zone, civic center, connector zones, linha verde (an important avenue)”. One of PUCPR’s architecture and urbanism teacher Juliano Geraldi, believes that reviewing the zoning law was a precise move. “The city is already build up. It is a matter of adaptations rather than changes. If Curitiba builds everything that the 2000’s zoning allows, there would fit 6 millions, nowadays there are 2 millions”, he adds.

Permission for larger size of commerces An increase in vicinal trade is

foreseen (small and immediate). The initial limit goes from 100 to 200m², and it can reach 400m² with incentive payments.

Incentive to housing use of the center

Nowadays the central area concentrates commercial and service activities. Incentives will be made by an increase in the utilization coefficient, making the limits for higher housing construction available, in order to make the center an area with more housing.

Vale do Pinhão

The once residential area of Vale do Pinhão will be turned into a

mixed-use zone, due to a higher utilization coefficient. According to Alberto Paranhos, the area lost importance since cidade industrial was created, and now there is a need for support to generate economy. “The area will need support for a creative economy. Being able to have a more varied use of land will attract other people to that area. It is a market problem. However, hunting businessmen and showing them available opportunities to go there is not IPPUC’s job”, he adds.

Use of verge parking

The president of the Urbanism Commission, Serginho do Posto, confirms that every case will be analyzed, and predicts that not everyone will obtain the licence, especially those who do not respect the mandatory area of impermeability.

Learn more Check out the cities zoning maps portalcomunicare.com.br

Once prohibited, verge parking has now more flexible laws.

Verge Parking Flexibilizing the use of verge parking was a unanimously approved amendment in the City Council, against IPPUC’s will. The recurring subject may have its final resolution after being debated since 2014.

IPPUC is against clearing

that the resource meets the

for the Association of Traders

a problem in verge parking.

the use for setbacks. This

obligatory parking availability

of Paraná. There have been

It solves the punctual issue

comes from a consideration

for establishments larger

advances and setbacks, such

of neighborhood trades that

that the large parking space

than 100m². In addition of

as a no longer valid decree

have no available parking

endangers pedestrian’s safety

fearing illegality, councilor

which opened the possibility

spots. The construction of

and encourages car use, in

consider vacancies attractive

of verge parking for bars and

parking places means an

to customers.

restaurants provided they

increase in the use of cars”

paid for incentives.

summarizes the urbanist.

addition to clashing with a

mandatory permeability area. Councilors favor the setback in defense of the interest of small merchants. They claim

The cause mobilized over 14 thousand signatures in 2014, when Bruno Pessuti first presented the proposal aiming

Geraldi sees the measure as urban planning: “I am not against it, I have never seen


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Economia

Governo do estado prevê alimentação orgânica em escolas até 2030 Decreto busca fortalecer pequenas cooperativas agrícolas e elevar a qualidade da merenda oferecida na rede municipal Herick Pires Mariana Scavassin 2º Período

O

Laura Luzzi

Governo do Paraná assinou, no início do mês de setembro, o decreto que regulamenta a Lei 16.751/10. Sancionada em 2010, ela tem como objetivo aumentar o percentual de alimentos orgânicos presentes na merenda escolar do sistema estadual de ensino. Atualmente, 8% da alimentação ofertada nas escolas é orgânica, e o projeto visa aumentar para 100% esse índice, de forma gradual, até 2030. O decreto foi assinado dois dias após a realização da 18ª Jornada de Agroecologia no estado, que ocupou o centro de Curitiba

Alunos de escolas e universidades da rede pública costumam almoçar nos próprios estabelecimentos de ensino

“O consumo de produtos com estes defensivos agrícolas pode interferir no desenvolvimento neuronal, afetando a memória, cognição e desenvolvimento motor” durante quatro dias, de 29 de agosto a 1º de setembro. No mesmo dia da determinação, o governador lançou o Programa de Apoio ao Cooperativismo da Agricultura Familiar no Paraná (Coopera Paraná).

Para alcançar a meta, serão executadas ampliações da produção e organização dos produtores em associações e cooperativas, além de soluções na área de sanidade animal.O projeto ainda não foi finalizado, a versão final será apresentado para o Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento em outubro. O especialista em Agroecologia do Instituto EMATER, Julio Carlos Bittencourt, destaca que uma das medidas tomadas para estimular os agricultores que fornecerão os alimentos será agregar um valor de 10% nos produtos durante o período de conversão do projeto. Além disso, para Bittencourt, os alunos serão os principais beneficiados, pois a alimentação orgânica “possibilita um desenvolvimento mais saudável

nesta fase da infância, que é fundamental para a formação de adultos com bom desempenho na vida profissional e com menos doenças crônicas”.

Agora familiar

O projeto Coopera Paraná é comandado pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB-PR), com o objetivo de fortalecer micro e pequenas cooperativas agrícolas do estado para serem usadas como instrumentos para melhorar a competitividade e a renda dos agricultores familiares. Atualmente, 60% dos alimentos orgânicos ofertados nas escolas da rede pública são provenientes da agricultura familiar. Segundo a nutricionista Aline Andretta, os alimentos orgânicos possuem maior quantidade de vitaminas, pois, ao não utilizar agrotóxicos, a planta produz em maior quantidade oxidantes e flavonoides para se proteger do meio, o que faz com que os alimentos enriqueçam em nutrientes. “ O consumo de produtos com estes defen-

sivos agrícolas pode interferir no desenvolvimento neuronal, afetando a memória,cognição e desenvolvimento motor”. Além disso, as toxinas que entram no organismo como hormônios, e a resposta do organismo a estes compostos altera de forma considerável no desenvolvimento ao longo da vida.

Jornada

final dos quatro dias, foram comercializadas 18 toneladas de alimentos na Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular e Culinária da Terra.

O que são alimentos orgânicos?

Na semana anterior à assinatura do decreto, aconteceu em Curitiba a 18ª Jornada de Agroecologia que ocupou a Praça Santos Andrade. O evento teve como finalidade a divulgação e o aumento da produção agroecológica de alimentos sem veneno, e reuniu cerca de 70 entidades, entre elas alguns setores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Terra de Direitos e Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria).

Os produtos orgânicos apre-

É estimado que mais de dez mil pessoas participaram do evento ao todo. Conforme o balanço

produz mais oxidantes e

Mariana Scavassin

sentam técnicas específicas, que não agridem o meio ambiente durante o processo de produção. A qualidade do alimento aumenta, já que não são usados agrotóxicos nem produtos químicos. Os alimentos livres desses defensivos agrícolas possuem maior quantidade de vitaminas, pois a planta flavonoides. A única desvantagem da alimentação orgânica é o preço. A produção em menor escala e o custo da mão de obra , faz o valor total ser até 40% mais caro que produtos vindos do sistema de agricultura tradicional.

Leia mais Conheça as feiras orgânicas de Curitiba.

Produtos orgânicos podem ser encontrados em feiras livres em Curitiba

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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Cultura

Cresce o número de mulheres engajadas na literatura marginal Artistas costumam apresentar poesias autobiográficas, com críticas a homofobia, racismo e machismo Nathalia Brum Sabrina de Ramos Sthefanny Gazarra 2º Período

Daniela Costa

O

número de mulheres engajadas na literatura marginal tem crescido em Curitiba. Coletivos literários, como o grupo feminino de poesia marginal o SLAM das Gurias, organizam espaços acolhedores para que mulheres reúnam-se e sintam-se confortáveis para soltarem suas vozes. Os eventos do grupo reúnem cerca de 100 pessoas. No Brasil, a literatura marginal vem crescendo através de movimentos culturais como os SLAMs. De origem estadunidense, o SLAM está presente em mais de trinta países e é um encontro de batalha de poesia falada de modalidade mista. Além desta categoria, há um recorte feminino dentro do movimento que deu origem aos SLAM das Minas pelo país. No Paraná, o SLAM das Gurias iniciou as atividades durante a Marcha das Mulheres que aconteceu na Praça Santos Andrade, no dia 8 de março deste ano. Desde então, acontecem encontros mensais de batalhas de poesia na Reitoria da UFPR, aos domingos. A ideia de criar um movimento voltado para mulheres surgiu com o intuito de dar visibilidade e incentivar outras mulheres a participarem da cena literária local. “Nós percebemos que poucas mulheres recitavam e iam para as finais na modalidade mista”, comenta a co-organizadora do SLAM das Gurias, Jaqueline Mancebo. Ao início de cada encontro são definidas quatro juradas em meio ao público, para incentivar a participação de todas as mulheres presentes, e após o “mic” aberto - rodada livre de manifestações artísticas -, começa a batalha. São poesias autorais de até três minutos e o artista só conta com seu corpo como recurso. Ao final do evento, são definidas três finalistas sem hierarquização de colocação, para não promover a competição entre as mulheres. “Para além da competição de poesia falada, é um momento de união e expressão feminina”, comenta a slammaster do SLAM das Gurias, Gabriela Carneiro.

Eventos costumam atrair cerca de 100 participantes, que promovem uma batalha de poesias gem sem se preocupar com a estética. Geralmente são poesias autobiográficas, que falam sobre suas lutas pessoais, como a homofobia, o racismo e o machismo. A poesia marginal é mais acessível para todos, já que pode ser apenas falada ou ouvida, e assim todos têm a oportunidade de absorver aquilo que o poeta está querendo passar e deixar como reflexão.

dade da poesia chegar efetivamente aos jovens nas periferias: “Eles não conhecem isso, parece que eles vivem uma alienação”.

Para a poeta Nicklaine Rodrigues, a poesia marginal é uma forma de resistir a violência de um sistema genocida. “Escrever e declamar é uma forma de resistência; é uma maneira de conscientizar as pessoas da minha cor”, fala a poeta. Nicklaine também menciona a necessi-

história da literatura, na qual encontra-se um número menor de autoras conhecidas com relação ao número de autores, explica o professor de literatura Marcelo Franz. Além disso, há casos em que a autoria feminina é vedada ou observa-se mulheres assumindo pseudônimos

As mulheres e a literatura marginal

Historicamente, foi negado às mulheres assumir seu espaço na sociedade, inclusive na literatura. Isto se comprova através da

Este quadro começa a mudar a partir da segunda metade do século XX, com o crescimento do

“Escrever e declamar é uma forma de resistencia; é uma maneira de conscientizar as pessoas da minha cor”

Danielle Costa

A slammaster aponta a importância do SLAM pelo papel transformador que desempenham. Além das mulheres estarem na literatura marginal, há uma subversão na dinâmica social. “É um momento totalmente marcante. Onde mais vai ser, se não no SLAM, que as pessoas vão sentar e ouvir o que a mulheres tem a dizer de forma livre?”, fala Gabriela.

movimento feminista, comenta o professor. Ele explica que a literatura marginal é posterior a um conceito de centro, sendo ela toda manifestação que diverge dessa posição e que contesta uma ordem estabelecida. Também comenta que a literatura marginal surge como uma resposta há momentos complexos da sociedade. “Há uma vontade de ‘linkar’ o fazer artístico com o ativismo político”, fala Marcelo. Em decorrência disso, despontam diferentes segmentos da literatura marginal baseadas na luta das minorias sociais, como a das mulheres.

Leia mais Assista a vídeo de declamaço de poesia

A poesia marginal

A poesia marginal é mais livre e tem menos regras. É um estilo mais democrático, o poeta tem liberdade para usar sua lingua-

masculinos para assinarem suas obras. No cenário da cultura marginal, a mulher sempre foi desvalorizada e desrespeitada e isto pode-se comprovar por letras misóginas de rap e o preconceito com as mulheres em batalhas de rimas no hip-hop.

Nicklaine Rodrigues foi finalista de uma das edições do SLAM das Gurias

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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Cultura

Galerias de arte são destaque em programação da Bienal de Curitiba Cidade, que sedia o maior evento de arte contemporânea do Sul do país, busca consolidação no segmento Bruna Cominetti Isabelle Almeida Luiza Ruppel 2º Período

Bruna Cominetti

I

naugurada na última semana de setembro e em funcionamento até fevereiro, a 14ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba tem como um dos destaques da programação a diversidade de galerias de arte da cidade. A abertura do evento, no dia 21, contou com integração da mostra “noite das galerias”, em que cerca de dez espaços apresentaram novidades aos espectadores. Do mais tradicional que se possa pensar, como quadros expondo pinturas ou fotografias, é possível encontrar esculturas e até ter experiências mais tecnológicas por meio do audiovisual, como em documentários. Uma das diretoras responsáveis pela SIM Galeria, Laura Simões Assis diz que, dessa forma, busca a inclusão do público, tentando romper a ideia de que galerias são inacessíveis. “A galeria é um espaço para todos”. Com um viés mais urbano, está a Galeria ARQ / ART, que, para a Bienal, trouxe a exposição “Arquiteturas do olhar”, possibilitando pensar na arte por meio da arquitetura, em especial com contrastes dentro das cidades. Com a sensibilidade dos artistas Letícia Lampert (Porto Alegre) e Tatewaki Nio (Kobe, Japão), a galeria usa fotografias para

A 14ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba exibe ao público centenas de esculturas é necessária para a abertura de espaço e reconhecimento dos artistas com quem trabalham.

“Quando abrem mais galerias, é sinal de que existe mais mercado”. Ela acrescenta que é preciso

“Quando abrem mais galerias, é

sinal de que existe mais mercado” demonstrar o caos da natureza dialogando com o crescimento desenfreado e a falta de planejamento dos grandes centros. Outra experiências que as galerias proporcionam é participar de cursos de artes visuais. A Boiler Galeria oferece essa opção para pessoas com um “pézinho no mundo artístico”. Essa interação, segundo Elisa Cordeiro, que integra a galeria,

Para a artista plástica e professora na Escola de Belas Artes do Paraná, Juliane Fuganti Casagrande, é importante a coesão no exercício profissional dentro do meio em Curitiba, pois se trata de uma cidade onde ainda o campo ainda está em desenvolvimento. E, mesmo com o aumento no número de espaços, ela ainda diz que é necessário que a expansão continue para o fortalecimento do segmento.

de mais galerias para que o mercado consiga comportar e absorver os jovens artistas. A 14ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba é assinada pelo espanhol Adolfo Montejo Navas e pela brasileira residente em Berlim (Alemanha) Tereza de Arruda, e ocupa numerosos espaços de arte da capital paranaense.

Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba. Horário de Funcionamento: Terça à domingo, das 10h às 18h Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (professores e estudantes com identificação; doadores de sangue; pessoas com deficiência; titulares

Boiler Galeria Endereço: Alameda Pres. Taunay, 314 - Batel, Curitiba - PR Horário de funcionamento: Ter à Sex das 14h às 19h / Sáb das 11h às 16h SIM Galeria Endereço: Alameda Pres. Taunay, 130 A - Batel, Curitiba - PR Horário de funcionamento: Seg à Sex das 10h às 19h / Sáb das 10h às 15h ARQ / ART Galeria

Serviço Programação da 14ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba

Visite as galerias

Endereço: R. Cel. Dulcídio, 355 Batel, Curitiba - PR da ID Jovem; portadores de câncer). Museu Parananense – R. Kellers, 289 – São Francisco, Curitiba. Horário de Funcionamento: Terça a sexta-feira das 9h às 17h30. Sábados, domingos e feriados das 10h às 16h. Ingressos: Entrada gratuita Biblioteca Pública do Paraná – R. Cândido Lopes, 133 – Centro, Curitiba.

Horário de Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 8h30 às 20h. Sábados das 8h30 às 13h.

Horário de funcionamento: Seg à Sex das 10h às 19h / Sáb das 11h às 16h

Ingressos: Entrada gratuita Secretaria de Estado da Cultura – R. Ébano Pereira, 240 – Centro, Curitiba. Horário de Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 8h00 às 18h. Ingressos: Entrada gratuita

Leia mais Confira uma coleção de fotos das galerias e um pequeno tour por dentro delas. portalcomunicare.com.br


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Cinemas de rua de Curitiba dão visibilidade a filmes locais Um terço da programação do Cine Passeio, no Centro de Curitiba, é composta por filmes nacionais Brunna Gabardo Isadora Deip Sabrina de Ramos 2º Período

Cultura

C

Sabrina de Ramos

inemas de rua curitibanos, como o Cine Passeio, a Cinemateca e o Cine Guarani, exibem produções locais e nacionais com maior frequência do que cinemas comerciais em shoppings centers. O jornalista e curador do Cine Passeio, Marden Machado conta que, primeiros 100 filmes exibidos em sessões pagas nas salas do cinema, inaugurado em março deste ano, 36 foram produções nacionais: “Um dos principais objetivos da nossa programação, além de oferecer uma gama variada de filmes, é o de valorizar o cinema brasileiro, em geral, e o paranaense, em particular.” O Cine Passeio apresentou, entre os dias 29 de agosto e 11 de setembro, uma grade especial para a exibição de curtas e longas metragens que se passava em Curitiba. Segundo Marden, o público apreciou a proposta realizada em parceria com a Associação de Vídeo e Cinema do Paraná (AVEC), o que incentiva

O Cine Guarani é, ao lado do Cine Passeio e da Cinemateca, um dos poucos cinemas da cidade externos a shopping centers Eduarda conta que a divulgação da verba em cima de produção aprovado, isso pode levar anos, de filmes independentes vem e esquecem totalmente que o e, assim que ele for aprovado, principalmente da própria equi- filme precisa ser divulgado, falta existe o tempo para a captação pe de produção: “A minha divulmídia e pensamento de markede recursos. É todo um trabalho gação nas redes sociais acaba ting. De que adianta fazer um de venda que acontece, e pode sendo mais forte por serem filme incrível, se ninguém sabe dar certo ou não.” realizações minhas”. Em julho, que está passando?”.

“Eu acredito que o cinema tem de vir de todos os lados e de todos os lugaresç não importa a origem dele, ele tem que estar lá”

a preparar mais eventos como este: “Deveremos seguir esse modelo nas mostras programadas para os próximos meses.” A estudante e cineasta Eduarda Daher comenta que o preconceito com filmes brasileiros, famosos ou de menor expressão é a maior barreira para pequenas produções. Por conta disso, eles acabam recebendo pouco investimento, recursos e apoio para sua realização. Outra situação a ser enfrentada é a falta de festivais cinematográficos em Curitiba: “Eu que sou da área, não sei de nada”.

a estudante teve seu primeiro filme lançado na Cinemateca, que assim como o Cine Guarani, abre seu espaço para a exibição de produções mediante à solicitação por e-mail ou telefone. Gustavo Bahr, publicitário e estudante de cinema, conta que o chamado “cinema de guerrilha” - trabalho em equipes pequenas, com pouco ou até mesmo, nenhum dinheiro - é muito comum em Curitiba, em razão da falta de verba. Bahr, assim como Eduarda, acredita que falta planejamento de publicidade dos filmes: “Colocam 90%

O apoio cultural para realizar a arte do cinema é um dos principais pontos para uma mudança na indústria cinematográfica brasileira. A maior transformação terá que vir do público e na concepção de cinema nacional. Segundo o cineasta e responsável pelo curso de Cinema do Centro Europeu, João Vitor Ferian, mesmo com os editais e concursos, o procedimento de arrecadação de recursos para a produção é um processo longo e complexo: “Nos editais você precisa apresentar um projeto bem realizado para que ele seja

Ferian acredita que mesmo com as barreiras da indústria cinematográfica brasileira, a arte deve ter uma união, independente de região ou cultura.

Leia mais Lista dos principais filmes nacionais lançados em 2019. portalcomunicare.com.br

A expressão do Cinema Nacional

Bacurau é destaque nacional no Festival de Cannes Brunna Gabardo Isadora Deip Sabrina de Ramos A representatividade nacional nas telas dos cinemas de Curitiba tem conquistado lugar na lista de filmes desejados dos apreciadores de uma boa história. Além da estreia de Bacurau, vencedor da mostra Cannes, em agosto, e de Legalidade, em setembro, que conta um momento histórico do Brasil sobre a resistência de Leonel Brizola, também é aguardado filmes como A Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz, que foi indicado pelo

Brasil ao Oscar 2020 e venceu a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes em maio deste ano.

atrás, vem tendo todas as sessões lotadas”. Já o Legalidade encerrou sua exibição na quarta-feira (25) no Cine Passeio, com duas semanas em cartaz.

A Vida Invisível é um filme aguardado para o final de 2019 pelo público, abordando assuntos relacionados ao machismo durante a década de 1950 e O jornalista Marden Machado com a participação da atriz conta sobre a repercussão de Tanto Bacurau quanto Legalidade Fernanda Montenegro. O filme Bacurau entre o público curiti- tiveram boa receptividade junto é baseado no livro de Martha bano: “Bacurau teve o início de ao público. Machado conta que, Batalha, A Vida Invisível de sua divulgação em nossas salas no entanto, o caso de Bacurau é Eurícide Gusmão, publicado dois meses antes da estreia. especial em comparação a qualem abril de 2016. Fizemos uma sessão de pré-es- quer outro filme, seja ele nacional treia à meia-noite na semana ou estrangeiro, devido à qualidaanterior à estreia oficial e desde de do enredo e da produção e por que ele estreou, quatro semanas seu viés político, crítico.


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Curitiba, 7 de Outubro de 2019

Ensaio

O perfil dos animais do Zoológico Municipal de Curitiba De crocodilos a harpias, o Zoológico da capital abriga a “cara” da diversidade da fauna mundial Stephanie S. Friesen 2° Período

Crocodilos são répteis com catorze espécies e são encontrados nas Américas, Ásia, África e Austrália

As girafas são herbívoras e vivem nas savanas semiáridas da África e florestas abertas com árvores e arbustos altos

As lhamas são mamíferos ruminantes da América do Sul domesticados para o transporte de cargas e produção de lã

As tartarugas tigre d’água são répteis aquáticos e onívoros que podem ser encontrados no Brasil, Uruguai e Argentina

A harpia, ou gavião-real, é a ave mais pesada do mundo e pode ser encontrada perto de rios no Brasil e na América Central


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