Jornalzen Março 2022

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JORNALZEN ANO 18

MARÇO/2022

Nº 205

DIVULGAÇÃO

ZENTREVISTA

Sandra Teschner Pág. 3

CONFIRA OS ARTIGOS NESTA EDIÇÃO

Ali adiante Pág. 5

Rituais na Escolhas redução do poderosas estresse Pág. 6 Pág. 2

ANOS

www.jornalzen.com.br

DIH LEMOS

MANHÃ ZEN O Sesc Pompeia, em São Paulo, oferece aos domingos, às 10h30, aulas abertas com práticas meditativas e relaxantes. Basta apresentar na entrada da unidade o comprovante de vacinação. Até dia 27 de março.

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JORNALZEN

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PANORAMA FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA Depois de um hiato em razão da pandemia do novo coronavírus, o Fórum Mundial da Água terá sua nona edição sendo realizada em Dacar, no Senegal, de 21 a 26 de março. O tema central dos debates será “Segurança Hídrica para a Paz e o Desenvolvimento”. A programação completa pode ser acessada em www.worldwaterforum.org/en/master-plan. SEMANA NO SONO Com o propósito de conscientizar a população sobre a importância do sono, a 18ª edição mundial da Semana do Sono acontece entre os dias 18 e 24 de março. No Brasil, a Associação Brasileira do Sono (ABS) promoverá cerca de 200 atividades, entre painéis, pesquisas, estudos e ensaios clínicos. A programação está disponível no site semanadosono.com.br . SAÚDE EMOCIONAL E TRABALHO De 21 a 25 de março, a ONG Cruzando Histórias promoverá a quinta edição da Semana da Carreira, voltada a pessoas em busca de recolocação no mercado. A programação é composta por atividades que estimulam a valorização e desenvolvimento profissional dos participantes. O evento é gratuito e será transmitido pelo Youtube. Inscrições clicando aqui. FEIRA DAS BRECHOLEIRAS A Prefeitura de Vinhedo abriu inscrições para comerciantes e organizações sociais interessados em participar da 1ª Feira das Brecholeiras, projeto criado para promover a moda sustentável e o consumo consciente. O evento está marcado para o dia 10 de abril, das 11h às 17h, no Parque Municipal Jayme Ferragut. A inscrição deve ser feita clicando aqui. PÁSCOA SOLIDÁRIA O Fundo Social de Solidariedade (Funssol) de Indaiatuba promove, até 31 de março, a campanha Páscoa Solidária. O objetivo é arrecadar caixas de chocolate para os projetos sociais do Município. As doações podem ser feitas no Funssol (sede da Prefeitura, no Jardim Esplanada II), Espaço Bem Viver (Vila Teller) e Shopping Jaraguá (Centro). Mais informações: (19) 3834-9235.

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PONTO DE VISTA

Rituais na redução do estresse Ana Carolina Peuker

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nde você lê “ritual”, tente substituir por ações e comportamentos coordenados de caráter ordinal e sequencial. Todos nós temos um ritual, certo? Provavelmente você segue uma determinada ordem para vestir as meias e os sapatos (meia-sapato-meia-sapato ou meia-meia-sapato-sapato?) para começar a cozinhar, para lavar a louça, para estudar para uma prova e para tantas outras coisas. É verdade que muitos desses rituais não têm uma finalidade real, mas algumas de nossas “manias” que parecem despretensiosas, podem surpreendentemente melhorar o nosso desempenho em atividades que exijam concentração e foco. Pense aí: antes de começar a trabalhar ou estudar, é bem provável que você tenha o seu próprio ritual. Tomar um café passado, organizar a sala e o ambiente de trabalho (no caso do home office), colocar uma playlist escolhida para o momento, assistir alguns minutos ao jornal da manhã, ver o clima para o dia e etc. Ainda que esses comportamentos não tenham um propósito instrumental direto, eles ajudam a colocar o seu mundo em ordem. A ciência comprovou isso. Atletas de alto desempenho costumam praticar rituais antes de grandes competições, e isso não serve para “dar sorte”

a eles, mas os ajudam a melhorar sua execução e diminuir sua ansiedade e estresse. Rituais pré-desempenho envolvem funções cognitivas (processos mentais) e comportamentais que aju-dam a regular nossa organização mental, excitação emocional, além de proporcionar maior concentração e favorecer um estado “homeostático” (equilibrado) psicológico e fisiológico. E não serve somente para os esportes, a prática de rituais ajuda a melhorar o desempenho – na vida pessoal e na carreira das pessoas – em determinadas tarefas que se propõem a cumprir. Eles são uma forma de sinalizar para nós mesmos que estamos nos preparando para fazer algo importante. Resumindo, os rituais pré-desempenho são uma forma eficaz de diminuir o nosso estresse e de nos concentrarmos menos em como estamos nos sentindo e mais naquilo que realmente precisamos fazer. Ana Carolina Peuker é psicóloga e CEO da Bee Touch


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epois de perder o pai e a avó, em um período de seis meses, a escritora graduada em administração Sandra Teschner mergulhou no trabalho. Comunicadora e dona de uma editora, a baiana de Itabuna se sentia realizada profissionalmente. À custa, entretanto, de muito estresse. O resultado foi uma hemorragia nasal, que quase a levou à morte. Levada às pressas para o hospital, Sandra entrou em coma e foi parar na UTI. Dois dias depois, acordou e tentou entender o que havia acontecido. Recuperada, encontrou sua missão de vida: espalhar a felicidade. Criou, então, o Instituto Happiness do Brasil, um braço de sua editora com a proposta de propagar os ensinamentos da ciência da felicidade por meio de profissionais de desenvolvimento humano. Estudando os fatores que influenciam uma pessoa a ser feliz no cotidiano, Sandra saiu ministrando palestras pelo mundo. Formada em turismo na Alemanha – onde morou por 12 anos – e com especialização em história da arte na Espanha, obteve o certificado de chief happiness officer pela Universidade da Flórida. Ativista social, dedica-se a causas animais e projetos para a terceira idade e crianças amputadas, com câncer e síndromes raras. Aos 53 anos, Sandra Teschner estima ter impactado mais de 500 mil pessoas com seu trabalho. Nesta entrevista ao JORNALZEN, ela mostra que é possível aprender a ser feliz. “E ninguém precisa quase morrer para aprender isso”, afirma. O que a levou a se dedicar à ciência da felicidade? Quando tive uma experiência de quase morte, em 2014. Praticamente me afoguei no meu próprio sangue, em decorrência de uma excessiva hemorragia nasal. Diria que isso foi a gota d’água de uma pessoa natural e geneticamente feliz. Só para se ter uma ideia, a ciência comprova que 50% da nossa capacidade e habilidade de sermos felizes é genética, 10% é circunstancial e 40% é aprendida. Naquele momento, eu só era alguém profissionalmente realizada, trabalhando com que mais amava na vida, comunicadora, jornalista e dona de editora, vivendo meu propósito. Já era empreendedora social, mas hoje consigo perceber que essa relação com o bem-estar e autoconhecimento estava deficitária. Eu estava muita acima do peso, sem nenhuma atividade física e pouco me importava com técnicas de respiração ou ioga. Eu não tinha

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ZENTREVISTA: Sandra Teschner

É POSSÍVEL SER FELIZ Publisher e empreendedora social descobriu missão de levar felicidade para as pessoas após experiência de quase morte DIVULGAÇÃO

licidade promoveu a minha própria transformação. São práticas, hábitos e lições para o dia a dia, com os quais complementei aqueles 50% que não tinha. A partir disso, iniciei o processo de ensinar e fazer dessa prática algo com a qual outras pessoas se sintam transformadas.

conhecimento desses 40%, que fazem toda diferença. Independentemente de ter nascido com uma genética propícia a alegrias, hoje compreendo que estava completamente fora desse ciclo virtuoso, que proporciona, de fato, a felicidade às pessoas. Que lições trouxe da experiência de quase morte? Não quero eliminar problemas e infortúnios. Sei que não passaremos incólumes aos obstáculos. O que importa é como reagimos, e isso define como vamos nos sentir. A sabedoria da vida consiste em mudar tudo o que você pode mudar, aceitar tudo o que você não pode mudar e principalmente em saber diferenciar as situações. O estudo da ciência da fe-

Qual a sua experiência como empreendedora social? Sempre fui estimulada a agir pelas razões certas. Creio que algo muito voltado à educação em família e na escola, tanto voluntariado quanto educação emocional e empreendedorismo, deveria ser parte integrante de qualquer currículo escolar. Isso vai determinar a sua vida inteira, do seu autoconhecimento ao profissional que deseja ser. Então, em todas as minhas atitudes eu agia sempre voltada para o profissional, mas em busca de ter um cunho social associado. Comecei a ter afilhadas que conheci pelas redes sociais. Através delas, criei um projeto onde elas viram transformar suas vidas. Transformaram-se em agentes multiplicadoras para a construção de um mundo feliz, com embasamento em pilares sólidos, como: agir pelas razões certas, propósito, missão, criação de emoções positivas, associados a conexões qualitativas, que são os três pilares que sustentam o nosso bem-estar subjetivo. Quais os objetivos e no que consiste o projeto Plantando Happiness? É uma junção de elementos da

“A sabedoria da vida consiste em mudar tudo o que você pode mudar, aceitar tudo o que você não pode mudar e, o principal, saber diferenciar as situações”

vida comum, passíveis de serem realizados no nosso dia a dia. Ser feliz já traz o impacto do que as pessoas estão vivenciando. O primeiro grande evento do projeto aconteceu em 2019, no Shopping Morumbi, em São Paulo. E agora em março, estamos promovendo o “ABC da Felicidade”, em parceria com o Shopping ABC [em Santo André, até 20 de março, Dia Internacional da Felicidade]. Haverá workshops, treinamento para respiração, ioga e meditação, entre outras atividades ligadas aos temas correlacionados com a sustentabilidade e o bem-estar. Particularmente, adota alguma prática voltada ao autoconhecimento? No mundo em que vivemos, com tantas possibilidades, precisamos vê-las pelo lado positivo. Tenho uma grande ligação com o mundo zen, que propõe tarefa e esforços. Inclusive, um dos maiores mosteiros zen-budistas fora do Japão fica em Vargem Grande, no Espírito Santo. É um local onde ministro muitos treinamentos sobre felicidade. Como avalia a proposta do JORNALZEN? É fantástica. Tudo começa com uma informação de qualidade, ainda mais em uma era na qual vivemos com uma enxurrada de palavras que nada significa. Sempre digo que temos uma cúpula que nos abraça, e se conseguimos ruir essa cúpula para que as pessoas se sintam impactadas pela transformação, estamos cumprindo nossa missão. Que mensagem gostaria de deixar para os nossos leitores? Que a felicidade é passível de ser aprendida. Requer esforço, sem dúvida, mas o resultado vai muito além de um simples bem-estar. Através do entendimento, do estudo, do conhecimento, das atitudes, de tudo aquilo que está sob o nosso controle, é possível mudar, sim. .


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PONTO DE VISTA

JOÃO SCALFI

Conflitos familiares Quando procuramos a união conjugal, sempre levamos conosco muitas fantasias em nossa mente. Acreditamos que o casamento é uma viagem ao país da felicidade plena e que o outro é uma complementação das nossas necessidades. Quase sempre chegamos a esse momento com muitos conflitos psicológicos e acabamos por transferir para o parceiro as nossas insatisfações, esperando que ele possa suprir, por exemplo, o vazio existencial, a solidão, a necessidade de um amparo contínuo. Os problemas começam a aparecer quando o encantamento inicial da primeira fase da união conjugal vai desaparecendo e o relacionamento se aprofunda. É compreensível que, à medida que o relacionamento se torna cada vez mais profundo e significativo, haja um desgaste de tudo aquilo que antes era fantasia constituída de um sonho. Além disso, também ocorre a interferência do nosso caráter. Muitas vezes, trazemos conflitos do nosso lar, da união dos nossos pais, daquelas terríveis brigas que tanto in-

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felicitam as famílias. Quando chegamos à realidade da nossa união, acabamos por reproduzir esses conflitos de uma maneira perturbadora. Outra questão fundamental para o conflito na união conjugal é o egoísmo. Aquele indivíduo que pensa que o outro sempre deve ceder não compreende que o casamento é uma parceria e, como em toda parceria, cada um tem os seus direitos, mas também os seus deveres. Especialmente deveres, que se transformam em direitos ao longo do tempo. Dessa maneira, a maturidade psicológica de um indivíduo é muito importante para um bom relacionamento conjugal. Nesse relacionamento, cada dia se aprende um pouco mais, à medida que o tempo passa, e amadurecem as reflexões. Então, o matrimônio se torna muito mais seguro, ao contrário das uniões apressadas, que sempre trazem resultados perturbadores e separações. Fonte: Divaldo Franco Responde (Volume 2)

‘Desigrejados’ Rodrigo Moraes

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iferente do que muitos pensam, pessoas sem religião não são necessariamente desconectadas de uma crença. É possível ter fé e não ser um religioso. Dados do Censo do IBGE mostram que existem grupos que se dividem quando o assunto é a “não religião”. Temos os sem-religião que são ateus (3.98%); os sem-religião agnósticos (0,87%); e os que não possuem uma religião (95,15%), nem por isso adeptos do ateísmo ou gnosticismo. Isso nos leva a observar que as pessoas que possuem fé, assim como também afeto pela religião, podem fazer parte desse grupo apenas chamado de sem-religião, uma vez que se compreende que não é necessário ter uma liturgia cúltica desenhada dentro de uma religião para se ter fé. Essa parcela de 95% é composta por indivíduos que cultivam uma espiritualidade afastada das instituições religiosas. Esse fenômeno no Brasil ficou conhecido como “desigrejados”. A ideia dessa percepção de espiritualidade é construída em paralelo à religião, uma vez que, dentro dessa consciência, a espiritualidade é autônoma, individualizada e desinstitucionalizada. A fé, como um fenômeno natural, trabalha o indivíduo em suas crenças e valores para que ele seja um ser humano melhor, dotado e ética e moralidade. Porém, a fé como um fenômeno sobrena-

tural trabalha a coletividade do ser humano multifacetado, e por isso é conhecida apenas na comunhão relacional. Ou seja, é no convívio com outras pessoas que a nossa fé vai amadurecendo e deixando de ser apenas um extinto de conveniência e sobrevivência. Sinceramente, acredito que nossa maior falta como seres humanos seja de uma fé madura. Mesmo a fé sendo um fenômeno coletivo, os motivos para possuir ou não uma religião são indiscutivelmente individuais. O respeito deve estar sempre presente em todas as relações que buscamos estabelecer em nossa busca por sentido. Caso contrário, estamos falando de intolerância religiosa, algo que precisa acabar em nossa sociedade. Ao contrário do que pensa o senso comum, as pessoas que perdem o interesse pela religião não têm apenas os níveis de escolaridade e cultura elevados, mas uma boa parcela da população tem migrado sua rotina religiosa para uma consciência de espiritualidade individualizada, deixando de ver as instituições religiosas como um caminho necessário para busca do divino. Essa inclinação foi muito acelerada durante a pandemia, uma vez que a frequência das celebrações nos templos religiosos foi diminuída ou, em alguns casos, interrompida. O lado ruim dessa história é que a longos passos permanecemos cultivando uma fé pessoal, que em nada contribui com o nosso próximo, e, portanto, é apenas extintiva e conveniente, quando deveria ser inclusiva, ativa e solidária. Rodrigo Moraes é escritor, bacharel em teologia e pós-graduado em teologia e ministério. Atua como reitor do Seminário Teológico Mosaico e presidente do Instituto Reino do Bem.


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PONTO DE VISTA

Ali adiante José Octávio Leme

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epois que as vacinas chegarem a todos e as outras medidas de prevenção tiverem cumprido seu papel fundamental. Assim que a humanidade puder respirar mais uma vez os mesmos ares sem tanto medo guardado no peito. Após dobrarmos a esquina desta pandemia que já nos acompanha há dois anos. Ali adiante, logo depois das tantas histórias que vivemos e seguimos vivendo, teremos muito a ensinar. Enquanto profissionais de saúde, poderemos falar sobre as muitas famílias que se quebraram para sempre com a ausência daquela pessoa querida que se foi pelo vírus. Ou dos quantos recuperados que vimos saírem pela porta da frente dos hospitais, celebrando uma vida nova que ganharam de presente a muito custo. Ou das enormes dificuldades para lidar com os longos plantões, com o temor por nossas vidas e as vidas dos que amamos, com a falta de conhecimento sobre o inimigo que enfrentamos muitas vezes. Não há quem tenha visto mais de perto o sofrimento causado pela Covid-19. Enquanto gestores, por outro lado, poderemos nos lembrar dos desafios nunca antes vistos por nós. Estivemos em um cenário de guerra sem que pudéssemos enxergar nosso oponente, batalhando às cegas ao mesmo tempo em que as armas se apresentavam. Dia a dia, precisamos fazer escolhas e definir

estratégias para proteger nossas equipes e garantir as melhores possibilidades para nossos pacientes. Tudo isso sem um dos fatores mais importantes em uma guerra: o orçamento. Com a paralisação de cirurgias eletivas e outros procedimentos que fazem o fluxo de caixa de instituições de saúde se movimentar, tivemos de buscar recursos e forças em todos os cantos possíveis. Ali adiante, tudo isso será útil. Hoje, sabemos como gerir melhor nossos leitos disponíveis, ativar e desativar leitos de cuidado intensivo com mais agilidade, aproveitar da melhor maneira a oferta de respiradores, kits de intubação, medicamentos e até das equipes de saúde. Sabemos que, em muitos momentos, é fundamental ter com quem contar fora dos muros dos nossos hospitais, porque estar de braços dados com outras instituições, trabalhando junto, facilita a aquisição de muitos equipamentos indispensáveis nas horas mais complexas da jornada. Vivenciar esta pandemia foi, provavelmente, o pior momento da carreira de muitos de nós. Noites mal dormidas, preocupações saindo pelos poros, novos problemas aparecendo a cada dia. Em nossa bagagem profissional, agora cabem conhecimentos que, há dois anos, sequer sabíamos possíveis. E o mercado já começa a reconhecer o valor dessa experiência. De acordo com um levantamento do Page Group, que trabalha com recrutamento de executi-

FREEPIK

vos, a busca por profissionais administrativos para a área da saúde cresceu 220% apenas no primeiro semestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior. O motivo é simples: não há como ensinar na teoria tudo aquilo que aprendemos na prática ao longo da maior pandemia do último século. Especialistas já alertam que esta não será a última grande crise sanitária dos próximos anos. Ali adiante, ninguém sabe que outros patógenos como vírus e bactérias poderemos descobrir, mas uma coisa é certa: quando isso acontecer, sairá em vantagem qualquer instituição de saúde, pública ou privada, que tenha em seus quadros gestores que vivenciaram a pandemia do Sars-Cov-2. Recentemente, o filósofo e escritor Ailton Krenak, autor de Cartografias para Adiar o Fim do Mundo, disse, em mesa que compunha a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que “a

pandemia não vem para ensinar nada. A pandemia vem para devastar as nossas vidas”. Ele tem razão. Do ponto de vista humano, não há uma só lição “trazida” pela pandemia à sociedade que não poderia ser aprendida em uma sociedade mais justa e preocupada com os mais vulneráveis. Diante da perspectiva de novas pandemias, possivelmente mais agressivas, entretanto, as lições administrativas trazidas por esta pandemia serão valiosas. Ali adiante, quando finalmente pudermos dar por encerrado este capítulo triste e complexo da história humana, poderemos dizer que enfrentamos um inimigo invisível, com ferramentas nem sempre adequados, e que aprendemos com isso a gerir com responsabilidade e consciência os recursos que temos à disposição de nossas mãos cuidadosas. José Octávio Leme é diretor do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR)


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PONTO DE VISTA

MARCELO SGUASSÁBIA

Escolhas poderosas

Coadjuvantes da História Apollo 11 – Olha Gersina, tá aqui o pacote que deixaram pra você. Não tinha ninguém na sua casa ontem à tarde. Foi a Dona Jandira, minha sogra, que atendeu o portão. O homem tocava a campainha sem parar. Deixou com ela os macacões e disse que foi uma tal de Nasa que mandou entregar. Conhece alguém com esse nome? – Nasa?? Sei não. Deve ser gente de escola de samba, esse negócio aqui tá com cara de fantasia de carnaval. A gente que costura pra fora recebe cada encomenda... – O rapaz da entrega disse que é pra bordar três nomes, um em cada macacão: Aldrin, Armstrong e Collins. Ó só, tá escrito aqui no papelzinho, melhor olhar bem pra não trocar as letra. Nem sei como é que fala direito. – Uns nome gringo, né? Vixi. – Essa parte das pernas aqui, tá meio

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Eduardo Fischer

empapuçada, não tá não? Será que não era o caso de fazer a barra, Gersina? – Então, não sei... bom, melhor fazer o que foi pedido. Eu vou é bordar esses nome aí e entregar o bagulho pra Nasa. Quando que o homem ficou de vir buscar os macacões? – Diz que tá vindo amanhã. Essa tal de Nasa deve ser a mãe dos três ou então namora com eles tudo ao mesmo tempo. Porque em todos os macacões aparece “Nasa” perto de onde é para bordar os nomes dos caras. – Cada louco com a sua mania. A pessoa não tem o que fazer e fica inventando essas coisas. Uns faz tatuagem, outros manda bordar o nome. – Bom, pagando bem, que mal tem? – Lá isso é. Bora cuidar da vida. * Esta é uma obra de ficção. Marcelo Sguassábia é redator publicitário REPRODUÇÃO

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ideia de desperdício deixa um gosto amargo. Quando falamos de empreendedorismo social, ele vem na forma de potencialidades mal aproveitadas, recursos mal aplicados, ações inócuas… é como uma “frustração corporativa” com impactos institucionais e emocionais que, claro, queremos evitar. A vivência e a observação ensinam. Atuando no mundo ESG, tenho aprendido com experiências que sempre apontam para uma questão essencial: os critérios para definir a direção dos esforços das empresas. Considerando que o ecossistema do empreendedorismo social no Brasil está evoluindo (e rápido), algumas concepções já estão ultrapassadas: o “fazer só para cumprir tabela”; a distribuição indiscriminada de recursos; os interesses que se distanciam da dinâmica virtuosa de resultados sociais combinados a resultados de negócios. Falta de pragmatismo e de visão estratégica estão, felizmente, caindo em desuso. Em seu lugar, entra um processo de alinhamento cada vez maior dos investimentos sociais aos negócios; e uma preocupação muito positiva em definir pautas de atuação que tenham sintonia com os propósitos da organização e de seus stakeholders. Partindo desse contexto, e buscando uma resposta à questão dos critérios, gosto de pensar em um tripé que estabelece uma lógica abrangente: relevância, consistência e coerência. Qualquer que seja o formato adotado pelas empresas para seleção das iniciativas que apoiam, ou para desenvolvimento de iniciativas próprias, a sinergia entre esses três aspectos reduz a margem de erro. A relevância se refere à capacidade da iniciativa de atender aos aspectos prioritários das agendas envolvidas – sociedade, empresa, stakeholders – de forma positiva e desejavelmente contínua. O que é mais significativo? Também se considera a pertinência dessas iniciativas à realidade das comunidades e públicos afetados: o que vai ser realmen-

te transformador e efetivamente absorvido aqui, um projeto de educação, um aparelho urbano, capacitação profissional? A escuta e interlocução com sociedade, governos e agentes conectados às necessidades e expectativas dos locais e grupos atingidos, e a avaliação constante dos nossos impactos como negócio e das possibilidades de ação e participação são vetores que impulsionam escolhas no sentido das ações relevantes. Em termos de consistência, me refiro à estrutura das iniciativas em si. Sejam operadas interna ou externamente, pontuais ou extensivas, devem idealmente se caracterizar pela gestão profissional e eficiente, com objetivos e metas bem definidos; pela capacidade de articular e operar as ações necessárias à materialização; e por resultados verificáveis. Parece óbvio, mas bons propósitos podem se perder em deficiências de competência técnica – no fazer ou no gerir. Sobre isso, acho importante colocar que também é foco do empreendedorismo social desenvolver essas capacidades: ao criar espaço para as pautas ESG, identificamos expoentes que, se for o caso, podem e devem ser equipados e estimulados em sua competência social -empreendedora – dentro e fora de casa. É um olhar aprofundado, para a construção de um ecossistema mais sólido. Por fim, a coerência. A chave aqui é o alinhamento do investimento social: aos propósitos e crenças organizacionais; aos nossos recursos e talentos, ligando o know-how da empresa e sua contribuição social; à estratégia do negócio. E, por que não, à conexão emocional entre iniciativas, públicos, empresa, colaboradores, agentes envolvidos? Afinal, estamos, sempre, falando de pessoas. De transformar seu mundo. De conquistas e melhorias que fazem a diferença. Pense nisso: muitas vezes, o equilíbrio entre relevância, consistência e coerência no empreendedorismo social tem como indicador mais evidente a sinceridade de um sorriso! Eduardo Fischer é CEO da MRV, empresa do grupo MRV&CO


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CULTURAZEN DIVULGAÇÃO

Luzia Fruhling, responsável pela assistência social da Igreja Luterana, e a professora Egéria Schaefer, responsável por projeto do curso de design de moda da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) que cadastra entidades interessadas em receber doações de roupas KARINA BACCI

Trabalhos da exposição Retratos da Terra, projeto que trouxe o olhar de jovens de oficina de fotografia do Senai e da UniDown sobre reciclagem e aterro zero

DICA DE LEITURA Mel Darbon Editora Melhoramentos No mês do Dia Internacional da Síndrome de Down, este romance nos convida a conhecer uma jovem que tem muito a nos ensinar sobre perseverança, resiliência e principalmente amorosidade. A obra possui uma linguagem própria, reforça pontos como altruísmo e destaca a pureza em personagens cheios de virtudes.

Voluntários do Coletivo Horta das Flores, um oásis verde no bairro paulistano da Mooca que completa 18 anos com atividades abertas, como aula de tai chi chuan DIVULGAÇÃO

Ana Beatriz dos Santos, estudante da Fatec de Americana, desenvolveu um colchonete utilizando o pelo de cães e retalhos descartados por pet shops e confecções têxteis. Os materiais são higienizados e reaproveitados na produção do colchonete, que foi projetado para atender a população em situação de rua.

BEM NUTRIR DIVULGAÇÃO

ROSE PROCURA JACK

VALERIABLANCO

MOUSSE DE GOIABADA ZERO AÇÚCAR Ingredientes - 220 g de goiabada gourmet zero - ½ envelope de gelatina incolor sem sabor - 1 caixa de creme de leite light - 1 lata de leite condensado de soja - Sementes de chia a gosto Preparo Bata os ingredientes no liquidificador por até três minutos e despeje a mistura em um re-

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cipiente e leve a geladeira por, no mínimo, duas horas. Quando a mousse estiver firme, decore com as sementes de chia e sirva. Os ingredientes preparam até duas porções. Fonte: Predilecta


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