Jornal caboclos

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de Caboclos

Falando De Umbanda Com Pai Ronaldo Linares

Ogum e Atividades no S.A.N.U. Festividades ร guas de Oxalรก

Christian Knepper - http://www.funai.gov.br/ultimas/noticias/2_semestre_2008/novembro/un2008_002.html

Ano 1, nยบ04 - janeiro / fevereiro de 2011 - 20.000 exemplares


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LECAS

Legião Educacional, Cultural de Amor ao próximo Assistência Social

A instituição atua no desenvolvimento social e intelectual de crianças em situação de risco, por meio de diversas atividades educacionais. Quem somos? Umbandistas que acreditam que podem fazer a diferença na realidade da sociedade brasileira. É certo que todos nós temos o direito de viver bem e em paz, mas para isso é necessário termos em mente que precisamos buscar um mundo diferente, mais justo e igualitário para que todas as pessoas também possam desfrutar deste direito. “Por isso, nós criamos a LECAS – Legião Educacional, Cultural de Assistência Social, uma associação sem fins lucrativos que tem como missão contribuir para o desenvolvimento das naturezas humanas e espirituais de seus freqüentadores e apoiadores”, explica Alice Ansanelo, presidente e fundadora da LECAS, que há 40 anos dedica-se a atividades sociais na Zona Leste. Na prática, a LECAS oferece à sociedade um espaço para o exercício da cidadania e solidariedade, por meio da atuação voluntária, às crianças e famílias que vivem em situação de risco social do Sapopemba uma das regiões em que os índices sociais são mais críticos do município de São Paulo. O perfil das crianças atendidas: - Provenientes de famílias desestruturadas; - A maioria das mães está desempregada, algumas recebem apoio do Governo (Bolsa Família), porém, a maioria sobrevive da doação de cestas básicas doadas; - A maioria das crianças não convive com o pai; - É comum que irmãos estejam presos ou vivam em abrigos (identificamos que as mães perdem o con-

trole/autoridade da criança a partir dos 10 anos); - A realidade familiar e social gera crianças agressivas; - Todas as crianças estão matriculadas na escola pública (apesar do baixo rendimento escolar).

tem boa vontade para compartilhar seus conhecimentos com as crianças e isso faz a diferença no comportamento pessoal, rendimento escolar e, com certeza, no futuro de cada um deles”, informa Alice.

Uma das premissas da LECAS é realizar suas ações com apoio de voluntários. A palavra voluntário vem do latim “voluntas”, que quer dizer “vontade”. Andréa Moreira, diretora de desenvolvimento institucional da LECAS, explica que voluntário é aquele indivíduo que por sua própria vontade, “doa seu tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário”. “O trabalho voluntário ajuda a conectar a pessoa com outras realidades, a despertar a consciência sobre o seu papel como cidadão e contribui para que cada pessoa se perceba como parte importante da comunidade. O voluntariado além de estimular a criatividade e a busca de soluções inovadoras, acrescenta novos conhecimentos, habilidades e atitudes às competências de cada um”, explica Andrea. E ainda complementa, “nós acreditamos que educar o ser humano é torná-lo sujeito de direitos, é dar-lhe condições para que se aproprie de cultura e conhecimentos que lhe confiram autonomia e por isso organizamos atividades que contribuam para o desenvolvimento intelectual, social e humano das crianças”.

Outras iniciativas: Além das atividades citadas, a LECAS possui uma biblioteca que pode ser utilizada pelas crianças, seus familiares, pela comunidade e, inclusive, conta com um excelente acervo de livros espíritas, disponíveis para empréstimo. Outra ação importante é feita por meio do Painel de Oportunidades. Nele são postados anúncios de trabalho para apoiar as pessoas desempregadas, além de orientações, referente a este tema, para os jovens. Sustentabilidade:

Atividades oferecidas:

Além das festas temáticas, que visam captar recursos para manutenção das obras sociais, o Bazar Permanente, é uma iniciativa que visa apoiar a sustentação financeira da associação, contudo, tem como objetivo proporcionar a elevação da auto-estima e dignidade das famílias cadastradas na organização, pois, acreditamos que a família se sentirá melhor se tiver à opção de comprar e escolher suas peças, ao invés de ganhar.

Reforço escolar, aula de dança cigana, inglês, informática, esporte, meio ambiente, habilidades artísticas (artesanato) e valores universais. “Os voluntários não são especialistas, mas

O grande desafio da sociedade e das associações religiosas ou não, é superar as práticas assistencialistas, ou seja, aquelas que não têm uma estratégia para desenvolver o público atendido, pois, acostumaram-se


página 3 apenas dar o peixe em vez de ensinar e viabilizar a população carente a pescar. “Todos os cidadãos tem direitos garantidos em lei e não precisam viver apenas de caridade”, reforça Andréa Moreira. Na Opinião do Pai Marcos, do Templo da Luz da Lei, atuar como voluntário é ampliar a convivência social e isto significa aprender a conviver com as diferenças, a se comunicar e interagir em grupo, além de valorizar o saber social, “além do estudo da religião é importante que os Umbandistas também assumam um compromisso social e ajude o próximo. Essa prática constante e correta fortalece e enobrece a imagem da Umbanda perante a sociedade em um de seus fundamentos mais básicos que é o amor e caridade”, destaca o Sacerdote que além de dirigir os

Editorial

Feliz

Prezados irmãos de fé e leitores, mais um ano se inicia, as chuvas torrenciais de verão se apresentam, a necessidade de juntos buscarmos construir um melhor se faz mais presente, o nosso crucial, salutar e altamente digno trabalho de fortalecer, divulgar e valorizar a nossa magnífica Umbanda prossegue em firmes passos. Sabemos que não podemos nos acomodar, devemos sim evoluir de maneira ampla e harmônica a largos e conscientes passos. Agradecemos a nossos queridos leitores, amigos, parceiros e irmãos de fé pelo apoio incondicional na Jornada de levar exemplarmente o Jornal Aldeia de Caboclos adiante, fortalecendo assim as fileiras da nossa religião e dos cultos Afro em geral. Todas as críticas construtivas e elaboradas com o objetivo de evolução são bem vindas, pois

trabalhos espirituais, também ministra diversos cursos no seu templo fundado há vários anos. “No Templo da Luz da Lei os médiuns são estimulados a apoiar as ações da LECAS seja no Natal ou em eventos de captação de recursos para manutenção da ONG”, finaliza Pai Marcos. Para ele, um voluntário pode dispor de muito ou pouco tempo, o importante é a perseverança e boa vontade. Você pode ajudar a LECAS! Em 2009, com esforço de muitas ações para captação de recursos foi adquirido um imóvel onde a LECAS passou a funcionar em sua sede própria, porém, a infra-estrutura é precária.

Você pode nos ajudar das seguintes maneiras: - Como voluntário em qualquer uma das atividades, inclusive desejamos iniciar em 2011 aulas de curimba com as crianças, mas precisamos da doação dos atabaques. - Fazendo doações de materiais de construção (tinta, bloco, cimento e etc.) - Organizando mutirão para nos ajudar a pintar as paredes, portas, instalar ventiladores, cuidar do nosso jardim, da parte elétrica e etc. AGUARDAMOS O SEU CONTATO E PARCERIA: FONE 2918.0465 COM ALICE ANSANELLO. O Templo da Luz da Lei oferece vários cursos e o atendimento espiritual acontece às sextas-feiras a partir das 20h30 na Rua Boicutuba, 524 – Vila Diva.

Adorada Umbanda com estas aprimoramos nosso edificante trabalho, seguimos crescendo, fazendo o bem, atuando com primordial qualidade e abrindo espaço para tantos outros de grande qualidade que vem por aí. Mais um ano se abre com as festividades e homenagens ao nosso grande Orixá Oxóssi, portanto, pedimos a ele a força necessária para transpormos todos os obstáculos que se postarem a nossa frente, pedimos ao Rei das Matas que ilumine as famílias assoladas pelas trágicas enchentes e deslizamentos de terra em todo Brasil, em especial, aos que estão em tormentoso estado de calamidade, digo, os moradores da região Serrana do Estado do Rio Janeiro. Sigamos em uma forte corrente de luz, fé, colaboração efetiva, amor e esperança a estas dignas pessoas que tanto necessitam.

Que Oxalá ilumine o caminho de todos nós! Salve a Umbanda, que é amor e caridade, Salve Zambi! Alexandros Barros Xenoktistakis

EXPEDIENTE Diretor: Engels B. Xenoktistakis Jornalista Responsável: Edivaldo Lucena de Souza MTB 48.691/SP Direção de Arte: Rogério Rojão Redator: Engels B. Xenoktistakis Colaboradores: Adriano Camargo / Ronaldo Linares e Alexandros Xenoktistakis Assessoria Jurídica: Alexandros Barros Xenoktistakis – OAB/SP 182.106 Tiragem: 20.000 exemplares


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Ervas na Aldeia

O uso das ervas na religiosidade e as facilidades de seu estudo no mundo contemporâneo.

Salve sagrados irmãozinhos em Mamãe Natureza. Falar sobre o uso religioso das ervas é uma tarefa muito prazerosa. Estamos nesse caminho a mais de dez anos, sempre procurando lidar com o conhecimento com respeito às tradições, sem perder a coragem de aceitar que o mundo muda o tempo todo. Hoje já não somos as mesmas pessoas de 20 anos atrás. A mediunidade tem mudado, os terreiros tem se adaptado a uma nova realidade de consulentes, a exigência da religião em relação aos seus praticantes já não é apenas de dedicação cega. As entidades espirituais estão cada vez mais focadas no desenvolvimento dos seus médiuns e no treinamento constante para que participem ativamente da evolução do semelhante, evoluindo a si próprios. O estudo das ervas é parte disso, assim como a magia Divina, os diversos cursos que tem surgido no meio umbandista, com foco religioso sério. Digo isso porque infelizmente há muitas mentes pensantes que se servem desse momento apenas para vislumbrar um manancial de negócios. Criam cursos de coisas que mal sabem explicar direito o que é, apenas focando no marketing do nome chamativo e num visual gráfico invejável se fosse usado de forma mais útil. Digo que quando os guias espirituais oferecem o conhecimento a alguém, permitem que esse conhecimento seja disseminado em todo ou em partes bem organizadas e definidas por eles, e incentivam os seus prepostos a trabalhar o assunto, pesquisando, estudando (na matéria), investindo em livros e aprendizados diversos, para que possam passar o conhecimento adiante. É de cada um se isso será na forma de cursos presenciais, virtuais, livros, grupos de estudo, ou outras formas como mensagens eletrônicas. A internet é uma realidade inevitável. Não da pra fu-

gir. Todos temos um email, alguns tem blogs, twitter, facebook, etc. O mundo está cada vez menor, e a informação é imediata. A Umbanda tem vivido isso. Tem participado dessa realidade. Hoje temos cursos virtuais de vários temas como Exú, Teologia, Ervas, Benzimento. Dá pra imaginar? Ervas pela internet? É isso mesmo, e dá certo! Nós próprios já ministramos curso gravado em vídeo e foi muito útil pra muita gente. O importante é levar a informação! Toda essa novidade tecnológica é ferramenta útil para o trabalho de levar a “palavra natural”, o único livro escrito por Olorum Nosso Pai Criador, ou seja, A Natureza, ao conhecimento de todos os interessados. Mas que não ultrapasse a medida do aceitável, adentrando os terreiros e interferindo nos arquétipos estabelecidos pelo astral superior para a religião de Umbanda continuar sendo o luminar guiador para os descaminhados. Não queremos pretos velhos dando emails para as pessoas, nem o caboclo pedindo para que o sigam no twitter. A beleza da religião está no arquétipo, na linguagem simples do preto velho, na forma até folclórica dos guias que parece que não entendem como se chamam as coisas da terra. Tudo isso é ferramenta poderosa para que atinjam os corações descaminhados, e possam de forma simples e natural promover a cura espiritual de dentro para fora. Essa é a missão religiosa. É importante para o médium aprender sobre ervas pois os guias espirituais precisam desse conhecimento no médium, para que possam fluir através dele e passar receitas da forma mais correta possível. Confundir os nomes das ervas pode comprometer

um tratamento espiritual sim. As entidades espirituais tem mecanismos de compensação para nossas deficiências, mas isso tem um limite. Atenda ao chamado. Atenda ao clamor do seu próprio espírito quando o assunto é o conhecimento. Vamos ligar as antenas da percepção para aquilo que os guias espirituais sugerem a nós. As exigências mudaram. Antigamente, tínhamos que caminhar no barro, debaixo de chuva ou sol forte para trabalhar na mata, tínhamos que mostrar outras formas de coragem para participar de uma religião natural. Hoje a coragem é de aprender, é de estudar, estudar, praticar, treinar. Gosto muito de alguns treinadores do meio esportivo cujo lema é: “Se não treinar, não joga.” Estudar é preciso, treinar é preciso, aperfeiçoar é preciso, afiar as ferramentas é imprescindível. Se você sente desanimo para estudar, sente-se incapaz de guardar as informações, tenho uma sugestão. Tire alguns momentos para você em contato com a natureza. Banhos e defumações com hortelã, cipó caboclo, melissa, tamarindo (casca do fruto), bardana, pariparoba, goiabeira (folhas), rosas amarelas, cravo da índia e boldo. São excelentes para concentração e estudo, não apenas religioso o que permite usar essa combinação para outras necessidades de aprendizado, para adultos e crianças. Acenda uma vela verde de sete dias e ofereça à Pai Oxóssi. Vá a um lugar tranqüilo, com muitas árvores ao redor, escolha uma delas e abrace-a, sinta sua força sua segurança, sinta a ancestralidade no elemento natural. Permita que o elemento fale ao seu espírito, divida suas duvidas, anseios e reflexões. Evite reclamar, apenas agradeça e perdoe-se pelo tempo perdido. Não carregue culpa. Procure cumprir o que promete e prometer apenas o que pode cumprir. Tenho certeza que terá sucesso. Por mais ocupados que possamos estar, conhecimento não ocupa espaço, e é a única coisa que ninguém pode tirar de você. As ervas são mães, pais, irmãs. São motivadoras e incentivadoras da nossa felicidade. Aprenda com elas, pois elas tem o maior prazer em ensinar a quem se digna a aprender. Eu sou Adriano Camargo, o Erveiro. Foi pra isso que eu vim, não nego minha origem e minha tradição. Desejo a você sucesso, saúde e muita alegria! Sinceramente! Adriano Camargo www.erveiro.com.br adriano@ervasdajurema.com.br (11) 4177-1178


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OXÓSSI – REI DAS MATAS Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos. Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades. Durante a diáspora negra (época de imigração forçada), muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no Candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na Umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião. Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na Umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes. Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto “o caçador de uma flecha só”, pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele

só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto “o caçador de uma flecha só”. Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira. No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote. Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo. Oxóssi é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo “de fora”, a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.

Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão-de-cada dia, a alimentação da tribo costumeiramente cabe aos caçadores. Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material.

Oxóssi,

na Umbanda é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião. No Candomblé brasileiro é um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá, protetor das matas, sincretizado com São Sebastião no Rio de Janeiro, daí ser homenageado no dia 20 de janeiro. Em Salvador, no dia de Corpus Christi é realizada uma missa, chamada de Missa de Oxossi com a participação das Iyalorixás do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho. Diz o mito que Oxóssi era irmão de OmuluObaluayê e rei da cidade de Oyó, cidade da África sudanesa, de onde provém os povos nagô ( keto, ijexá e oyó) e mina-jeje.

Fonte: Wikipédia – - Òsóòsí Ode òkè àró - Fundação Pierre Verger - Colégio de Umbanda - Terreiro do Gantois saúda o orixá da caça


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Eventos

APEU completa 30 anos de fé, amor e caridade e comemora seu aniversário com a Festa de Oxóssi

No dia 17 de janeiro de 2011 a APEU - Associação de Pesquisas Epirituais Ubatuba, presidida por Pai Silvio Ferreira da Costa Mattos, completou 30 anos de fundação. E a comemoração não poderia ser num dia melhor: junto com a Festa de Oxóssi, ocorrida no dia 22 de janeiro deste ano. O templo estava todo ornamentado com folhas, flores e frutos, envolvendo quem ali este ve, com a energia do Orixá das Matas e dos Caboclos, seus falangeiros. No mesmo dia aconteceu a formatura dos alunos dos cursos gratuitos acontecidos na instituição no ano de 2010: Curso de Iniciação e Aperfeiçoamento Mediúnico (teórico) e Curso Básico de Umbanda módulo 2. Tivemos também a entrega do imalê à médium Vanessa Costa do Vale, por completar 7 anos como membro da engira desta casa, devidamente cruzada na Lei de Pemba, como rege as diretrizes da organização. Receberam troféus comemorativos aos 30 anos da APEU todos os membros que possuem esse período mínimo de 7 anos e que estão efetivamente participando do dia a dia da instituição, entre eles, seus fundadores e alguns médiuns que possuem até mais de 25 anos como integrante da mesma, destacando: Pai Silvio Mattos, Madrinha Cleide Mattos, Rosemeire Cunha, Paulo Sérgio da Silva, Franscisco P.R.Conceição (todos com 30 anos de casa), Ateni J.Nas cimento (28 anos como inte-

grante da APEU) e o Ogã Sandro Mattos (26 anos na engira). Entre os convidados que se fizeram presentes, destacamos: Mãe Maria Aparecida Naléssio (Presidente do Primado do Brasil), Mãe Sandra de Oxum e Sebastião Bispo (T.U. Filhos de Oxum), Babá Renato de Xangô (Fundação Afrobras Candomblé Brasil Bantu) e Iyá Ekeddi Ogunlade (Centro Cultural Africano e Primado do Brasil). Os dirigentes: Pai Silvio e Madrinha Cleide foram homenageados pelos médiuns da casa com uma mensagem ditada pela médium Ariane Aguiar, seguindo com a entrega de uma flâmula comemorativa e de uma imagem de Nossa Senhora, levadas às suas mãos pelas crianças do Curso de Evangelização Infantil da APEU - Crianças de Aruanda. Com a chegada do mentor, Caboclo Ubatuba, uma linda homenagem foi realizada a ele e também à Cabocla Indira (sua auxiliar direta), pois receberam como uma prova de amor e fé dos seus filhos, duas coroas de folhas e flores, que fez as Entidades virem às lágrimas, tamanha a emoção. Todos os filhos da casa os abraçaram, enquanto os cânticos de louvação eram entoados pelos Ogãs. O que chamou a atenção foi a mensagens das duas entidades, que, lisongeadas, disseram estar muito felizes pela ação dos filhos de fé, mas que não eram reis, mas sim, humildes trabalhadores da Seara de Luz do Divino Pai Tupã, mostrando a todos a humildade que trazem em dentro de si. O Caboclo Ubatuba ainda realizou o ritual de coroa-


página 9 ção das médiuns: Janaina e Ariane, através da manifestação das suas caboclas, respectivamente: Jurybá e Itadira, ambas falangeiras da Cabocla Jurema. Os caboclos dos demais médiuns manifestaram e a festa ficou completa. Frutos foram irradiados e distribuidos entre os presentes. Finalmente, como tradicionalmente ocorre, a festa terminou com a Corrente Reluzente onde velas verdes acesas em homenagem a Senhor Oxóssi, foram colocadas por todos no solo da engira, logo após a realização da Prece ao Senhor das Macaias. No lado externo do templo, logo após o término dos trabalhos espirituais, comes e bebes regaram a festa de aniversário do 3º decanato da APEU, integrando os convidados que, junto com os integrantes e simpatizantes desta casa de caridade, pediram a Zambi para que continue iluminando, por toda eternidade, esta instituição e todos que nela buscam um caminho para sua evolução espiritual. APEU -ASSOCIAÇÃO DE PESQUISAS ESPIRITUAIS UBATUBA Templo de Umbanda Branca do Caboclo Ubatuba Rua Romildo Finozzi, 137 - Jardim Catarina - Zona Leste São Paulo - SP Fone (11) 2911-4198 Â - Site: www.apeu.rg.com.br Texto de Sandro C.Mattos Fonte: http://apeuumbanda.blogspot.com


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A casa Ilè Asè Odé realiza a trigésima sétima Procissão das Águas de Oxalá

A casa Ilè Asè Odé, foi fundada em 08 de novembro

Oxalá é o pai da brancura, da paz, da união, da fra-

de 1.974 pelo seu zelador PAI JORGE DE OXOS-

ternidade entre os povos da terra e do universo, além

SI, situada na cidade de Taubaté - SP.

de ser considerado o fim pacífico de todos os seres. Após a procissão os filhos retornam a casa para dan-

Desde a sua fundação Pai Jorge ou (Pai Jorginho)

çarem para os Orixás em seu Xirê e se deliciarem

como é mais conhecido, vem realizando a Prossição

com as comidas que lá seria servida.

das Águas de Oxalá. Prossi ção esta que vem cres-

Nesta linda procissão estiveram presente vários ami-

cendo cada vez mais, pela sua beleza e pelo carinho

gos, convidados e simpatizantes da religião, como os

o qual é tido entre os amigos. As Águas de Oxalá,

Templos: Caboclo Pena Branca (Mãe Márcia),

tem por objetivo a renovação das águas que ficam

Estrela da Manhã (Mãe Denise), Pai Joaquim das

nas quartinhas o qual é zelado pelos filhos de fé. E

Almas (Pai Nene) de Pindamonhangaba e várias ou-

para realizarem esta troca, os filhos e convidados vão

tras casas que lá foram prestigiar. Parabéns ao Pai

em procissão carregando suas quartinhas, até a uma

Jorginho e a todos os seus filhos de fé pela belíssima

bica d’água que fica a uns 1.000 metros da casa, e se

procissão.

faz a troca e a lavagem de seus Orís. Através deste gesto Pai Jorge pede a todos e aos seus filhos, que

Fotos e matéria feita por Roncali

iniciem o ano com muita harmonia, e que Oxalá com

e-mail:roncali.moreira@vivax.com.br

seu ASÒ AFUNFUN nos brinde com a calmaria de

(12) 9108.9466 representante do jornal

sua sabedoria.

ALDEIA DE CABOCLOS no Vale do Paraíba


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Templo de Umbanda Caboclo Pena Branca homenageia Orixá Oxum limpando a cachoeira

O Templo de Umbanda Caboclo Pena Branca realiza todos os anos no mês de Dezembro, a Louvação e Homenagem ao Orixá Oxum numa cachoeira na cidade de Taubaté / SP. A louvação e homenagem é feita através da limpeza da cachoeira. É recolhido todo tipo de lixo (garrafas, sacolas plásticas, latinhas... etc) e também despachamos ali deixados, velas nas pedras, alguidares. É desta forma que louvamos a Orixá, e sujar seus reinos sagrados é anti-ético,desrespeito e simplesmente pura falta de educação. Ninguém gostaria de encontrar em sua casa velas, oferendas, alguidares com comida, sangue ou até mesmo animais mortos

gostaria? Mas na cachoeira, mata, praia, onde cultuamos como reinos dos Orixás ai pode? A cachoeira, mata, praia e rio e outros reinos são sagrados e é nosso dever como Umbandista zelar e sermos exemplos. Nossa casa ensina a seus filhos e frequentadores, que é possível realizar suas oferendas de maneira ecologicamente correta sem alterar o fundamento. Fotos e matéria feita por Roncali e-mail:roncali.moreira@vivax.com.br (12) 9108.9466 representante do jornal ALDEIA DE CABOCLOS no Vale do Paraíba


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Homenagem ao Exú Marabô

Esta belíssima Homenagem ocorreu no dia 26/11/2010, na Casa Ilha da Madeira, Vila Amália São Paulo-SP, e foi promovida pelo Núcleo de Umbanda Águas Cristalinas sob a exemplar direção de Mãe Antonietta. Todos presentes demonstraram grande satisfação e emoção em participar de um importante momento dedicado a um grande chefe de Falange, Exú Marabô. A presença de Pai Élcio de Oxalá acompanhada de sua maestria durantes os cânticos aos guardiães abrilhantou ainda a mais bela festividade. Homenagem esta que foi embalada pelos toques e cantos marcantes da Escola de Curimba e Arte Umbandista Aldeia de Caboclos. O evento contou com a apoio da A.U.E.E.S.P, da Aldeia de Caboclos e da Revista Espírita de Umbanda. Laroiê exú marabô! Salve suas Forças! *A presente matéria foi republicada para conter a integralidade do texto originalmente enviado.


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Festa das Águas de Oxalá

Águas de Oxalá pela Tenda de Umbanda Caboclo Cacique Pena Vermelha e Ogum Iara! Como Tudo Começou… Você sabia que a primeira Festa das Águas de Oxalá realizada pela Tenda de Umbanda Caboclo Cacique Pena Vermelha e Ogum Iara (Filhos do Cacique), aconteceu em maio de 1989, pois é, depois de muita insistência (2 ou 3 anos) da Entidade Espiritual Seu João Baiano dizendo que deveríamos realizar as Águas de Oxalá para homenagear “Nosso Pai Oxalá” na figura de Senhor do Bonfim, a fim de, fortalecer a Corrente de Cura do Terreiro, esta aconteceu! Toda vez que ele falava da festa dizíamos que não sabíamos como fazê-la e ele respondia sempre: “não é difícil bichin”. Hoje ao vermos acontecer neste dia, 30 de janeiro de 2.011 a 23ª Festa das Águas de Oxalá dizemos, só Deus e os Orixás sabem como não é difícil !!! Bom, naquele período, seu João Baiano ganhou um aliado de peso, que adorava fazer Procissão, ele chegou de mansinho e quando menos percebemos já estava dizendo: “A irmã precisa fazer as Águas de Oxalá, festa bonita lá da Bahia que minha Vó fazia pra homenagear Oxalá, aquela procissão linda com as mulheres vestidas de branco e com quartinhas de flor no ombro pra louvar Senhor do Bonfim”, era ele Pedro Braga dos Reis ou melhor Dom Pedro, Arcebispo da Igreja Católica Ortodoxa Brasileira, filho de Abaluaiê e, por ancestralidade nosso Bisavô de Santo e, ficou conhecido como Vigário entre as entidades e Padre entre nós.

Com tudo isso decidiu-se por fazer a festa, mas, precisávamos de ajuda, então convidamos para uma reunião de planejamento todos os terreiros que conhecíamos e, para nossa sorte e felicidade a maioria deles atendeu nosso chamado, creio que as três primeiras festas foram cruciais para que esta se fortalecesse e chegasse em sua 24ª edição, nesta reunião passamos qual nossa intenção e o que teria que acontecer para que o ritual fosse plenamente satisfatório à todos os presentes, as recomendações são (digo são porque os anos passaram mas a tradição e o ritual não sofreram e nem sofrerão alterações): para participar da corrente mediúnica é necessário traje branco, sem nada colorido, não se deve usar fios de conta que não sejam brancos, coroas penachos e outros apetrechos coloridos não devem fazer parte do ritual, a única bebida que deve circular na festa é água cristalina nada de bebida alcoólica, pois é uma corrente de cura, quartinhas de louça branca com água e flores brancas para as mulheres carregarem durante a procissão de louvação ao Senhor. Nós os Filhos do Cacique sabemos de todas as dificuldades de realização desta festa e cumprimento de seus rituais e jamais reclamaremos de nossa missão ou deixaremos de lado por estes motivos, mas a maior dificuldade encontrada é a de que todos entendam que para Nosso Pai Oxalá qualquer esforço que façamos será sempre quase nada, o Orixá Maior

da Umbanda precisa que todos entendam seu significado em suas vidas. Pai Oxalá é Paz (branco), é seriedade e responsabilidade, é saúde (não combina com bebidas alcoólicas), é amor, é vida e alegria (muitos cantos de louvor e flores para perfumar). Para aqueles que ficam curiosos com o que fazemos com a água recolhida, bom esta água sagrada é utilizada para banhos de purificação, para problemas de saúde mediante solicitação de entidades, qualquer pessoa pode levar um pouco da água pra casa no dia da festa, basta trazer uma garrafinha branca e conservar a água em quartinha de porcelana branca para tomar um banho às 6h da sexta-feira quando se levantar e receber as benção de nosso Pai Oxalá. Este é apenas um pouco de como tudo aconteceu, e de como você pode colaborar conosco fazendo com que o Orixá Maior da Umbanda “Nosso Pai Oxalá” possa abençoar à todos da mesma maneira, sem ter que fechar os olhos para algumas de nossas atitudes e desmandos, se é que ele fecha os olhos. Nosso Cordial Saravá! Mãe Sebastiana e Mãe Rita de Cássia


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página 16 são para o amanhã”.

Gregg Krech, autor de Naikan: “Gratidão, Graça e a Arte Japonesa da Auto-Reflexão”, sugere em seu livro que nos façamos todos os dias três perguntas: - O que recebi hoje? - O que eu dei? - Que problemas causei?

Reforma Íntima

G r a t i d ã o

“Em tudo daí graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. Paulo de Tarso A emoção da gratidão é tão sublime e faz tão bem ao espírito humano que por mais que tentemos enquadra-la de forma definitiva, nunca encontraríamos uma maneira ideal de fazê-lo. Ela é o reconhecimento do bem que nos fazem, é a verdadeira linguagem do coração. O sentimento de gratidão honra e enobrece o homem. Segundo Spinoza: “ela é uma alegria que acompanha a idéia de sua causa, quando essa causa é a felicidade do outro”. “A gratidão é a memória do coração” Antístenes Trata-se de uma virtude leve e luminosa, que deve ser partilhada todos os dias com os seres que nos cercam. Devemos exercitá-la nos pequenos acontecimentos da vida e em nossas orações. Seu poder transformador é imenso e alquímico. Ouvi certa feita de um benfeitor espiritual que, às vezes, uma oração de agradecimento e louvor ao criador é mais eficiente que um pedido em forma de

Melody Beattie.

Conta-nos: -- “Quando eu listo o que recebo e o que dou todos os dias, o que se apresenta na coluna de doação é muito menor do que eu tenho na coluna de recebimentos”. Deus é o nosso provedor, a benção infinita da vida já é um motivo de gratidão eterna ao sublime arquiteto do universo. Quantas bênçãos são nos ofertadas todos os dias. “Oxalá é bom demais! O ser humano reclama quando trabalha, reclama quando não trabalha, reclama quando dorme, reclama quando acorda, reclama quando perde, mas não se lembra quando ganha”! Espírito amigo. A ingratidão é um equívoco para o ser humano e um fardo muito pesado para se carregar.

súplica. Geralmente, oramos muito para pedir e tão pouco para agradecer. Devemos agradecer todos os dias pelo sol, pelos pássaros, pela natureza tão bela, pelos amigos, pela saúde, pelos problemas que nos ajudam a crescer, pela família, etc. Como nos diz o salmista: “Bendize ó minha alma ao senhor e tudo que há em mim, bendiga o seu santo nome”. O psicólogo americano Robert Emmons da Universidade de Miami nos mostra em um estudo científico realizado com centenas de americanos sobre a gratidão que, indivíduos que a praticam cotidianamente possuem uma melhor perspectiva de vida e atingem mais facilmente seus objetivos. Segundo ele, “a prática da gratidão ajuda as pessoas a extraírem o melhor da vida”. “A gratidão desbloqueia a abundância da vida. Ela torna a negação em aceitação, caos em ordem, confusão em claridade. Ela pode transformar uma simples refeição em banquete, uma casa em um lar, um estranho em um amigo. A gratidão dá sentido ao nosso passado, traz paz para o hoje, e cria uma vi-

-- Um rapaz foi ter com a mãe e entregou-lhe um papel, depois de limpar as mãos no avental, ela leu-o: - Por cortar a grama - 05 reais - Por limpar o quarto esta semana - 10 reais - Por tomar conta do meu irmão - 10 reais - Por jogar o lixo fora – 05 reais - Por trazer boas notas – 10 reis - Por limpar e varrer o quintal – 10 reais - total – 50,00 reais A mãe ergueu os olhos e ele ficou ali, a espera de uma resposta. Feito isto, ela pegou um novo papel e escreveu: - Nove meses que te transportei quando estavas dentro de mim – DE GRAÇA. - O tempo de minhas orações enquanto estiveste doente – DE GRAÇA. - Todas as noites em que o esperei chegar das baladas, orando a Deus pela sua segurança – DE GRAÇA. - Todas as lágrimas vertidas no silêncio do meu quarto, causadas por atitudes impensadas tuas – DE GRAÇA. - Por brinquedos, comida, roupa lavada, pelas fraldas trocadas – DE GRAÇA. Meu filho, depois de somar tudo, oferto-lhe meu amor verdadeiro – DE GRAÇA --. Ao ler o que a mãe havia escrito, o filho com os olhos marejados, disse-lhe: -- Mãe, desculpe minha ingratidão, você não me deve nada, eu é que te devo tudo. “A gratidão é a virtude das almas nobres” Esopo. Matéria: Vereador Quito Formiga


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Umbanda Legal

COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA.

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro, busca contribuir para transformação desta triste realidade. De acordo com o IBGE, os brasileiros se declaram praticantes de mais de 30 religiões diferentes. Então devemos buscar verdadeiramente e ativamente a compreensão e tolerância entre os povos e suas religiões. Salienta-se que a Lei Federal nº 11.635/2007 Instituiu o dia 21 de janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Sobre o tema em questão importante destacar trecho de uma matéria escrita pelo respeitado advogado e teólogo Luiz Alberto Barbosa: A data deve ser celebrada anualmente em todo o território nacional, fazendo parte do Calendário Cívico da União para efeitos de comemoração oficial. Principalmente na história das grandes religiões monoteístas, ao longo da história, percebemos oscilações de pacífica convivência intra e inter-religiosa, intercalados com momentos de extrema violência. Percebemos o ápice desta intolerância no Cristianismo quando na Idade Média os judeus passaram a ser perseguidos incansavelmente pela Inquisição, sendo obrigados a abjurarem de sua fé ou pagarem com a própria vida por professarem outra crença. Todavia esta intolerância não se dá apenas entre membros de uma religião contra outra, sendo que muitas vezes

acontecem as maiores atrocidades entre membros de um mesmo grupo religioso, sendo as guerras entre cristãos uma constante na história (Católicos, Protestantes, Anglicanos, Evangélicos...). Ainda está fresca na memória as imagens de uma batalha insana dentro de um dos lugares mais sagrados do Cristianismo ocorrida entre cristãos ortodoxos armênios e gregos no dia 8 de novembro de 2008. Exemplos como este continuam a acontecer em todos os lugares todos os dias, cobrindo de vergonha a todos que professam o nome de Deus, seja ele Javé, Allá, Krishna, Orixás...etc. Sabemos que apenas leis e boa vontade não mudam uma sociedade, mas ajudam a construir um país melhor e inclusivo para todos, em que a diversidade religiosa seja respeitada e garantida a todas as pessoas. Finalizando sobre este importantíssimo tema destacamos a célebre frase de um dos maiores escritores da Língua Portuguesa, qual seja, José Saramago: “Em nome de Deus, a humanidade tem cometido as maiores atrocidades e inventado as piores maneiras de perseguir e até matar pessoas simplesmente por não professarem a mesma fé”.


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Falando de Umbanda

Festa de Ogumando?! Qu

O ano de 2.011 nos reservou um problema de difícil solução para a organização do calendário de festividades religiosas umbandistas, ou seja, como comemorar OGUM no dia da Páscoa? A Umbanda, instituição religiosa com raízes profundas no cristianismo do período colonial brasileiro, sempre seguiu o calendário católico romano e, por isso, suas datas mais importantes são as mesmas respeitadas pelos católicos. Desta forma, aos festejos de origem pagã do Carnaval seguem-se o período de recolhimento da Quaresma: quarenta dias de luto iniciados na quartafeira de Cinzas - após a terça-feira do Carnaval, terminando no Sábado de Aleluia - após a Sextafeira Santa (quando ocorria com muita freqüência a malhação do boneco Judas) e o Domingo de Páscoa. Mas, o que isso tem a ver com OGUM, já que seu ponto cantado diz: “Dia 23 de Abril Do meu Santo Protetor Vai ter Festa na Aruanda Cambono e Babalaô...” De fato, OGUM (um dos Orixás mais populares da Umbanda) é sempre festejado no dia 23 de abril. Todavia, como esta data não é feriado religioso em nosso país, os dirigentes umbandistas (leia-se SOUESP) decidiram, na década de 70, que essa festa seria sempre realizada no primeiro domingo anterior ou posterior a essa data, escolhendo-se a que estivesse mais próxima do dia 23 de abril. Posteriormente, passou-se a comemorar todos os Orixás cujas datas estivessem no meio da semana (como OGUM, OXOSSE ou IEMANJÁ) da mesma forma, ou seja, os festejos se iniciam no primeiro sábado anterior à data e terminam no primeiro domingo posterior a essa mesma data. Assim sendo, a semana de OGUM deveria começar no dia 16 de abril de 2.011 e terminaria no dia 24 de abril de 2.011 (dia mais concorrido). Só que este ano esse calendário terá que ser alterado por que o Carnaval será na segunda semana de março (do dia 05 de março até 08 de março de 2.011); Dia 09

de março será a quarta-feira de Cinzas e se inicia a Quaresma que só terminará dia 17 de abril; Três dias depois teremos a Quinta-feira Santa (também feriado por que se comemora o dia de Tiradentes); Dia 22 de abril, é também feriado, pois será Sexta-Feira da Paixão; O dia 23 de abril (Dia de OGUM) será sábado de Aleluia; No dia 24 de abril será Páscoa, festividade voltada para a família.

Calendário de Festividades 05 à 08 de março Carnaval

Veja na tbela ao lado:

22 de abril

Como bem conhecemos os hábitos paulistanos de aproveitar os feriados prolongados, a FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC” tomou a seguinte decisão:

23 de abril

09 de março até 17 Quaresma de abril 21 de abril

24 de abril

Tirandentes e Quinta-Feira Santa Sexta-Feira Santa Dia De Ogum e Sábado De Aleluia Páscoa


página 21 1. O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA estará FECHADO no período do Carnaval, ou seja, dias 05, 06, 07 e 08 de fevereiro de 2.011; 2. O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA estará FECHADO no período da Páscoa, ou seja, nos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de abril de 2.011 (feriado prolongadíssimo); 3. Portanto, transferimos excepcionalmente os festejos em homenagem a OGUM para o final de semana de 30 de abril (sábado) e 01 de maio de 2.011 (Dia do Trabalho), quando estaremos esperando no SANTUÁRIO por toda a família umbandista. Contamos com a compreensão de todos e aguardamos toda a comunidade para festejarmos OGUM. VAMOS SARAVÁ OGUM! Pai Ronaldo Linares – irmão-presidente da FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC”, mantenedora do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA www.santuariodaumbanda.com.br / federacaoabc@terra.com.br


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