Artefato - 03/2013

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o t a f e t r a FESTIVAL DE TALENTOS

º8 Ano 13, n ão ç a ic e Comun o Curso d ca de Brasília d o ri tó li bora ade Cató ita Jornal-la ão gratu Universid Distribuiç de 2012 Social da ro ezemb Brasília, D

Foto: Jusciane Matos

Pessoas condenadas por algum crime têm a oportunidade de mostrar no FestArt seus dons artísticos por meio da música, artesanato, poesia e desenho. Págs. 6 e 7.

Tubarões do Cerrado

De uma brincadeira, futebol americano se consolida como esporte no DF. Pág. 16.

Déficit de atenção

Especialistas discutem a banalização do diagnóstico de TDAH. Pág. 19.

Enfeites de Natal

Com a chegada das festas natalinas, lojas do ramo têm faturamento garantido Pág. 11.

Nos bastidores

Capital se torna rota de grandes shows. Planejamento é a palavra de ordem. Pág. 23.

Tempo no trânsito Brasiliense sobre com engarrafamento. DFTrans não tem previsão otimista. Pág. 3.


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OP

I N I ÃO

artefato

EXPEDIENTE Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 13 nº 8, dezembro de 2012 Reitor: Dr. Cicero Ivan Gontijo Diretora do Curso de Comunicação Social: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto Editores-chefe: Bárbara Nascimento e Gabriela Vinhal Editores de arte: Bruno Bandeira e Giullia Chaves Editores web: Everton Lagares e Suélen Emerick Editores de fotografia: Guilherme Assis e Mayra Rodrigues Subeditores de fotografia: Heloíse Helena, Evely Leão, Raine da Silva, Renato Rodrigues, Rhayne Ravanne e Ricardo Felizola Editores de Texto: Aline Baeza, Arthur Scotti, Carolina Meneses, Fernanda Xavier, Marília Lafetá, Rosália Almeida Diagramadores: Bianca Lima, Jussara Rodrigues, Marília Lafetá, Sheylla Alves e Silvânia Sousa Checadores: Alexandre Magno e Ludmila Rodrigues Repórteres: Fabiana Sousa, Francisco Daniarle, George Magalhães, Kleyton Almeida, Lorena Vale, Ludmila Rogrigues, Natália Alves, Paula Morais, Rafael Alves, Rayna Fernandes, Samanta Lima, Sílvia Guerreiro, Thiago Baracho, Vinícius Rocha e Wilma Mendonça Fotógrafos: Alex Santos, Anna Cristina, Guilherme Azevedo, Jusciane Matos, Karinne Rodrigues, Lucimar Bento, Luiz Fernando de Sousa, Nayane Gama, Raiane Samara, Rayane Larissa e Shizuo Alves Professoras Resposáveis: Profª. Karina Gomes Barbosa e Profª. Fernanda Vasques Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo e Profª. Rafiza Varão Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA EPCT QS 07 LOTE 1 Águas Claras - DF CEP: 71966-700 Tel: 3356-9237 - artefato@ucb.br

EDITORIAL

ANO NOVO, NOVAS HISTÓRIAS Bárbara Nascimento e Gabriela Vinhal

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stá aí 2013! E o Artefato chega ao final de mais um semestre focado não só na notícia, mas principalmente nas pessoas. Pessoas que dependem de transporte público, que amam demais, que adoram o Natal e que veem na arte a chance de recomeçar. Recomeço, inclusive, é a palavra que representa o último jornal desta equipe. Nossa matéria de capa mostra a vontade de deixar para trás os erros e fala sobre o desejo de iniciar, seja por meio da música ou da poesia, um novo caminho.

Os detentos do FestArt, mesmo com poucos recursos, encontraram maneiras de expressar suas formas de encarar o mundo dentro das celas. Pela primeira vez, o público pode ver o talento dessas pessoas privadas de liberdade. De pão a sacos de supermercado, esse material todo se transforma em escultura. De desabafos surgiram letras de músicas e versos com a intenção de seguir em frente. Sempre pensando no presente, mas sem deixar de lado o futuro, esta equipe do Artefato se despede de você, querido leitor,

que nos acompanhou durante esses seis meses. Erramos, acertamos e evoluímos. Concluímos mais uma edição, com a certeza de que demos nosso melhor e com a esperança de que, de algum modo, você tenha se informado, se identificado e, até mesmo, se divertido ou se emocionado. Na edição nº Porque Jor- *Erramos: 07/2012 ano 13 do Artefato, nalismo, na não foi dado o devido crédito à foto da página 15 para sua essência, a fotógrafa Walquíria Reis a foto da página 12 é da nada mais é eThalyne Carneiro, não do do que con- Luiz Fernando de Souza. tar histórias.

COLUNA DO HERALDO

SERÁ O FIM DO NATAL?

São Nicolau parou as produções de presentinhos e acionou a equipe de advogados de seu escritório, na cidade de Ravaniemi, na Lapônia. A pausa se deu para buscar formas de encerrar o contrato firmado com a Coca-Cola desde 1931. O bom velhinho estaria insatisfeito com a contratante. Embates sobre o contrato de trabalho do Noel se arrastam há alguns anos e caminhava de forma amigável até que o pedido de férias do gordinho para curtir o Caldas Country foi negado. Para piorar, o velhinho acusa a Coca-Cola de abuso de menores, ao empregar crianças chinesas - taxando-as de duendes -, e reclama da má alimentação da fábrica. “Estou parecendo um velho. Preciso de descanso e quero fazer a barba, que já está horrível. Além disso, tenho que me alimentar melhor, voltar a fazer exercício, conhecer umas garotas. Preciso viver melhor, afinal sou de carne e osso”, reclama Noel. A empresa nega a acusação de abuso de trabalho infantil e garante que já procurava um substituto para assumir o cargo do Noel. “Michael Jackson era o nome perfeito.

Ele gostava de crianças, era rico e entraria fácil nas chaminés, por ser magro. Agora, Ronaldo fenômeno é a nossa primeira opção, ainda mais pelo atual porte físico, mas nada está acertado ainda”, declara o gerente de marketing da Coca-Cola, Marco D onald. Cúpula Santa Claus se reúne e decide abrir nova licitação para vínculos com multinacionais Entenda o caso Em 1931, Hebe Camargo recebeu o O jovem Nicolau, ainda forte, então Santo, Nicolau, em seu progratrabalhador, com cabelos escuros ma na TV Tupi para anunciar a pare pouca barba, começou a praticar boas ações em 1925 no leste Euro- ceria com a empresa de refrigerantes. peu. Do outro lado do Atlântico, Desde então, o ex-Papai Noel alega nos EUA, estagiárias de publicidade que nunca recebeu aumento salarial, da Coca-Cola assistiam a vídeos, do além de reclamar sobre a má assessoria jovem mais famoso entre os lapões, publicitária no decorrer dos anos. De acordo com Mc Donald, até noem que ele estava sem camisa fazenvembro, todos os contratos publicitádo presentes para caridade. rios do mundo, estão assinados com A especulação sobre a vida de Nicolau, ator e empresário, aumen- Neymar, Messi e Luciano Huck. O prótou quando a revista EGO publicou ximo Papai Noel deve se contentar com uma nota sobre suposta virgindade campanhas só em dezembro. do bonitão. A notícia foi suficiente para que dirigentes da Coca-Cola *Semelhanças com a realidade são meras fossem à Lapônia, contratar e canocoincidências com essa notícia falsa. nizar o jovem virgem.


S AT É

ROTINA

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LITES

QUANTO TEMPO O BRASILIENSE GASTA NO TRÂNSITO?

Quem estuda ou trabalha longe de casa e depende de transporte público pode passar horas do dia apenas no deslocamento Suélen Emerick

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oi-se o tempo em que uma das vantagens de morar no Distrito Federal era o trânsito tranquilo e com fluidez. O Artefato acompanhou a rotina de moradores de três regiões administrativas (Samambaia, Ceilândia e Taguatinga) que trabalham e/ou estudam em regiões metropolitanas e dependem de transporte público - ônibus ou metrô. O resultado mostra que eles gastam, em média, três horas por dia no trânsito. Jefferson do Rosário Moura, 22 anos, mora em Samambaia Norte, trabalha durante o dia no Setor Comercial Sul e estuda no período noturno em Taguatinga Norte. “Para o trabalho, eu vou de metrô e gasto uma média de 40 minutos, isso se não houver nenhuma falha no sistema ou estiver chovendo. Para ir para a faculdade, utilizo o ônibus e faço uma parte do trajeto a pé. Levo 1h30 minutos e quase sempre chego atrasado na aula”, conta. Eduardo da Silva Cardoso, 25 anos, mora em Taguatinga Norte, trabalha no Sudoeste no período vespertino, estuda na Universidade de Brasília (UnB) à noite e uma vez por semana frequenta a Escola de Música de Brasília (EMB), na L2 sul, pela manhã. “Dependo de ônibus pra tudo, ou seja, não posso nunca afirmar que chegarei na hora certa. A menos que eu saia realmente com muita antece-

dência de casa”, desabafa. Faltam linhas diretas A dificuldade de Eduardo começa na hora de ir trabalhar, já que onde ele mora não passa uma linha que vá direto para o Sudoeste. A volta da UnB para Taguatinga também é longa e complicada, pois mais uma vez, o estudante tem que utilizar duas linhas diferentes até chegar ao seu destino. “Normalmente, levo 50 minutos de viagem da rodoviária até minha parada em Taguatinga. Acho que somando todo o tempo que eu passo dentro do ônibus de um lugar para o outro, deve dar por volta de umas três horas”, calcula. Caroline Araújo Almeida, 21 anos, mora na Ceilândia Sul, estuda pela manhã na UnB, estagia no Setor Comercial Sul no período vespertino e alguns dias da semana ainda tem aula a noite e precisa voltar para a universidade. “Para chegar às 8h na UnB , tenho que sair de casa às 6h15, na tentativa de pegar o ônibus que vai direto pra lá. São pouquíssimos veículos para essa linha, se perder esse, ou ele não passa, ou só passa meio-dia e pouquinho. Além disso, quando passa é superlotado”, ressalta.

Foto: Raiane Samara

ra a discussão de mobilidade com a de sustentabilidade. “A mobilidade é tão importante quanto o meio ambiente. O que não foi resolvido lá atrás causa um acumulo de problemas hoje. Se as pessoas gastam três horas no trânsito agora, vão gastar ainda mais no futuro. Estamos caminhando para um engessamento urbano. A discussão vai muito além do número de frotas”, endossa. Lúcio diz que para solucionar essas questões, saída. Motoristas enfrentam trânsito lento e engarrafado a ação de go- Sem a qualquer hora do dia verno e sociedade deve funcionar em conjun- houver necessidade”, pontua. to. “Primeiramente, o governo O diretor técnico cita o cordeve oferecer um transporte redor exclusivo que prioriza Propostas de soluções público de qualidade, e depois o transporte coletivo como Lúcio Lima, diretor técnico deve incentivar a sociedade a exemplo de medidas já tomado Transporte Urbano do Dis- abandonar o vício do veícu- das pelo governo. trito Federal (DFTrans), compa- lo e usá-lo somente quando


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HO L A B RA

INTERCÂMBIO

UPGRADE NO CURRÍCULO

Cursos para profissionais no exterior expandem os horizontes Fernanda Xavier

Foto: Karinne Rodrigues

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á alguns anos, quando o assunto era intercâmbio, o que vinha à cabeça das pessoas eram adolescentes que viajam para cursar o ensino médio no exterior. Hoje, várias empresas do setor têm pacotes para adultos e oferecem cursos de idiomas combinados com aulas na área da atuação escolhida. Escolas e universidades do mundo todo têm programas específicos para quem quer estudar em outro país. Inglês, alemão, francês ou espanhol combinados com marketing, administração, fotografia ou direito. Interatividade O estudante de Relações Internacionais, Rafael Boccaletti, 20 anos, passou o mês de julho em Londres frequentando aulas específicas na sua área. “As aulas eram super dinâmicas, simulando casos em empresas, transações e reuniões que são comuns no mercado de trabalho no âmbito internacional”, atesta. Logo que voltou ao Brasil, conseguiu um estágio em uma grande empresa e a experiência internacional teve papel importante nessa conquista. O estudante garante que o investimento valeu a pena: “O curso é bem completo, além de proporcionar o conhecimento de termos mais específicos para a minha área profissional”. Rafael fez questão de indicar o curso aos amigos. Alguns deles já estão de malas prontas para ir a Cambridge e a Londres (ambos na Inglaterra) no próximo mês.

Para quem busca crescimento pessoal e profissional, morar no exterior pode ser uma ótima escolha

Opções Fazer um curso de Marketing ou Business nos Estados Unidos, por exemplo, traz ao aluno uma bagagem que vai além do inglês e do certificado. Isso representa visão internacional do assunto que pode ser aplicado em situações do dia a dia na profissão. Os cursos específicos em cada área exigem do estudante domínio intermediário do inglês. Ele aprimora o idioma enquanto estuda assuntos relacionados a sua área profissional. Segundo Andreia Avila, gerente do escritório brasiliense da rede de escolas internacionais de idioma (EF), esse tipo de programa é procurado principalmente por

profissionais adultos: “Os alunos de Brasília que procuram esses cursos são, em sua grande maioria, servidores públicos durante a licença capacitação”. Mas tirar de seis meses a um ano de licença é um luxo que poucos podem usufruir. A falta de tempo é um dos principais empecilhos para adultos que querem fazer um curso no exterior. Por isso, algumas escolas têm programas específicos para esse público: cursos de curta duração (a partir de uma semana) são oferecidos em várias épocas do ano para serem ajustados de acordo com a disponibilidade do estudante. O Canadá é muito procurado para esse tipo de curso. O país é

conhecido por sua receptividade com estrangeiros, tem boa variedade de programas e é um dos mais acessíveis financeiramente. Com R$ 2.385 é possível estudar inglês para negócios em Toronto, incluindo acomodação em casa de família, café da manhã, almoço, jantar e taxa de matrícula.

EF Brasília 3349-4989 / www.ef.com.br STB 3223-1919 / www.stb.com.br CI Brasília 3340-2040 / www.ci.com.br


INDICADOR

EDUC

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AÇ ÃO

IDEB: ENTRE A MELHOR E A PIOR EXISTE UM ABISMO

Notas do Colégio Militar de Brasília e do C.E. 06 da Ceilândia na Prova Brasil mostram as diferenças na educação do DF Thiago Baracho

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ara analisar os desempenhos das escolas no Brasil, o Ministério da Educação criou o Índice de Desenvolvimento da Escola Básica (Ideb). A Prova Brasil, como é conhecida a avaliação, é aplicada na rede pública – rural e urbana – e avalia alunos dos ensinos fundamental e médio. No geral, o índice subiu em 57,7% dos municípios, piorou em 31,6% (quase um terço) e ficou estagnado em 10,7%. No Distrito Federal, a escola pública com o menor Ideb no ano passado foi o Centro Educacional 06 da Ceilândia. A instituição ficou 2,4 pontos abaixo da meta estipulada pelo Instituto Nacional de Pesquisa Educacional Anísio Teixeira (Inep). Na outra ponta está o Colégio Militar de Brasília (CMB). Das 30 mil escolas pesquisadas, o CMB é a 23° melhor instituição pública brasileira, com nota 6.7 - superando a meta do Inep de 6.4. A escola de pior desempenho é conservada. Sem sinais de depredações ou pichações. Existe uma boa relação entre os estudantes e um diretor, escolhido em conjunto pelos pais, alunos e funcionários. Mas, além disso, a escola ainda enfrenta sérios problemas: a verba destinada para todo o ano letivo de 2012 só chegou no final de outubro. Muitas vezes no ano, ficou sem dinheiro para comprar materiais. O diretor do C.E. 06, Jeferson Lobato - na gestão desde 2008 -, justifica os motivos que fizeram a escola tirar nota tão baixa no Ideb: “Os alunos chegam aqui no 9° ano e seu histórico de aprendizado é muito fraco. Chegam sem

Foto: Luiz Fernando de Sousa

saber o mínimo de pré-requisitos básicos, sobretudo de leitura, escrita e matemática. Temos de reconduzir todo o processo”. No final da última semana de prova, ocorre uma avaliação institucional. “É um dia em que a escola para e faz uma reflexão com todos os envolvidos: famílias, responsáveis, estudantes e os profissionais. Todo mundo para pra refletir”, explica Jeferson. Lobato enumera ausência de acompanhamento familiar, drogas e quantidade de alunos por sala como algumas das dificuldades. “São Apesar do desempenho, o C.E. 06 tem infraestrutura conservada e gestão participativa 42 alunos em uma sala de teEm média, são 30 alunos por escola particular. “Tem bastante lhado de zinco”. Para ele, o Ideb não sala, com cadeiras e mesas confor- coisa para fazer: coral, banda, equimostra a realidade plena de sua escola e critica a forma de avaliar táveis, além de ar condicionado. tação da cavalaria. Mas a disciplina adotada pelo MEC. “A mesma pro- A estrutura física conta com dois aqui é muito rigorosa. Nunca vi uma va que é feita aqui é feita pelos alu- laboratórios de Química e dois de briga e mal tem discussões”, confirnos do Colégio Militar de Brasília”, Física para o ensino médio; um ma a aluna do 2° ano, Carolina de desabafa. Ele finaliza dizendo que laboratório de Ciências Físicas e Gaspari, 16 anos. Toda a manutena disparidade se dá também pela Biológicas para o fundamental; ção e cuidados da instituição ficam quatro ginásios poliesportivos, por conta dos militares recém-alisquestão de verbas. área para equitação, clube de xa- tados no exército brasileiro. drez e a banda da escola. Na última avaliação do Ideb, 500 Estilo militar Coronel Bandeira trabalha com alunos do CMB fizeram a Prova O colégio Militar de Brasília é um dos maiores do Brasil, com gestão educacional há trinta anos e Brasil e o desempenho foi comeuma área de 240 mil metros qua- afirma que a escola não é seletiva. morado pelo Coronel. “O resultado drados. Os recursos chegam di- “Somente 14% dos nossos três mil do Ideb, para nós, é muito expresreto da União, via Ministério do alunos são concursados. O objeti- sivo. É um indicador importante. Exército. Além disso, os alunos vo maior da instituição é dar apoio Nosso planejamento curricular é pagam uma taxa simbólica de aos filhos de militares.” Para a prova cumprido na íntegra. Temos aqui 120 reais. A escola é federalizada admissional, é necessário fazer um cerca de 600 aulas por dia e mais de 3 mil por semana. Não há salas e o órgão gestor de todo o siste- teste de matemática e português. Apesar das formalidades milita- sem um professor. Isso tudo exprima é o Exército Brasileiro, que congrega 12 colégios militares res, os alunos têm uma rotina muito me nosso resultado, que foi bastanparecida com as de alunos de uma te auspicioso”, celebra. pelo Brasil e uma fundação.


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IA N A D CIDA

RESSOCIALIZAÇÃO

ESTRUTURA PENITENCIÁRIA INTEGRA ARTE E TALENTO Pela primeira vez em oito anos, o FestArt sai dos presídios e reúne presos no Teatro Nacional

Marília Lafetá e Sheylla Alves

E du a rd o C a rd o z o, c on f orm e d e p oi m e nt o re c e nt e c on c e d i d o e m u m a re u n i ã o c om e mpre s á r i o s . O ministro afirmou que as condições penitenciárias são degradantes e ainda completou com a seguinte frase: “Do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em alguma prisão nossa, eu preferia morrer”. Enquanto isso, órgãos e entidades que defendem os direitos humanos também discutem a melhor forma de reinserir o preso no ambiente social. O FestArt, tendo como tema este ano Cultura Brasileira: Resgate sua Origem, é uma das formas que os presídios do DF

Foto: Jusciane Matos

O objetivo deste festival é mostrar, através da arte, o talento e a criatividade dessas pessoas Jefferson Benevenuti

cendo oportunidades para que Motivação o crime não faça mais parte da A Funap tem papel fundavida daqueles cidadãos. mental dentro do sistema penitenciário do Brasil. O diProgresso retor executivo, Adalberto Agregar com dignidade. Monteiro, lutou e conseguiu Esse é o objetivo do FestArt que, desde 2000, as penas fosque acontece com parceria de sem reduzidas para aqueles 47 órgãos públicos e privados. que decidissem estudar. “As Jefferson Benevenuti, coor- pessoas diziam: ‘Você é louco? denador geral de educação e Preso nenhum quer estudar!’ aperfeiçoamento profissional Mas lutei e consegui. Tenho da Fundação de Amparo ao o exemplo de um ex detento, Trabalhador Preso (Funap) que chegou analfabeto, sem afirma: “O objetivo deste fes- nenhuma perspectiva de vida, tival é mostrar, através da arte, e hoje é advogado. Ele só cono talento e a criatividade des- seguiu crescer na vida por sas pessoas que são hoje priva- meio do incentivo que propordas de liberdade”. cionamos”, conta. A Educação de Jovens e Dos 11 mil internos, apeAdultos (EJA), oferecida nas 1.600 estudam - 26% são para o sistema prisio- mulheres e 20% são homens nal da Funap, aumenta -, de acordo com o coordenaas perspectivas sociais dor geral, Jefferson Benevede detentos realmente nuti. Além das aulas de nível interessados em mudar fundamental e médio, a Fuseu comportamento. nap também oferece cursos de Por meio dessa estraté- aperfeiçoamento profissional. gia, os presos aprendem Contudo, mesmo tendo esas disciplinas obriga- trutura física para comportar tórias básicas, além de o número total de alunos inarte e cultura brasilei- teressados, ainda há carência ra. “Atividades como artesa- na parte de recursos humanato, música, dança, teatro, nos. “Falta policiamento para informática, formação hu- acompanhar os detentos até o mana, meio ambiente e lín- ambiente das aulas e materiais gua estrangeira são desen- com os quais todos possam volvidas dentro do sistema trabalhar”, aponta Jefferson. prisional”, explica Jefferson. Apesar do número de estuTodas essas atividades são dantes ainda ser baixo, pequecompletadas por meio de nos eventos como o FestArt salas de leituras, palestras e abrem as portas para os que oficinas profissionalizantes. se interessam pela mudança

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uando sair, sonho em fazer algo melhor da vida e, futuramente, pretendo até fazer um curso de gastronomia”. Atrás das cortinas do Teatro Nacional está Caio Silva, lendo e relendo sua própria poesia, que vai declamar em poucos minutos. “Meus autores preferidos são Paulo Coelho, Lima Barreto e Augusto Cury”, conta animado. Ele se inspirou quando trabalhava na biblioteca da Papuda. Este é seu último ano recluso e último FestArt. Já em regime semiaberto, Caio planeja o futuro. “Agora estou à procura de emprego”. Normalmente, a veia artística vem de família ou é um dom, que está nos melhores e mais sofisticados lugares. Contrariando os estereótipos, o FestArt é um festival de talentos apenas para os detentos, que acontece anualmente desde 2005 no presídio da Papuda e Colmeia no Distrito Federal (DF) – lugares esses condenados pelo próprio ministro José

encontraram para modificar o futuro de muitos detentos. Mesmo com condições estruturais precárias, o sistema penitenciário pode reinserir e resgatar um preso da melhor maneira. Este ano, a história do festival foi outra. Pela primeira vez, o Teatro Nacional foi palco desses artistas. O evento visa a ressocialização do preso, ofere-


Eu fiz a música de coração e estou aqui cheia de esperança Silvana Gomes

Foto: Jusciane Matos

Reintegração Para os detentos que já estão no final da pena – seja por estudar ou não -, e que já podem prover do regime semiaberto, o tratamento é diferenciado. Eles saem dos presídios e vão para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde podem trabalhar fora durante o dia e devem voltar à noite para dormir. De acordo com Silvana Gomes, estar em regime semiaberto é a motivação que ela precisa para cantar na apres ent ação, pois recebe todo o apoio de profissionais da penitenciária. “Eu fiz a música de coração e estou aqui cheia de esperança”, afirma. Ela se apresentou em dupla com Gildete Soares. “Fui transferida para o CPP há pouco tempo, mas antes, no período em que estava na Colmeia junto com

a Gildete, conseguimos ensaiar juntas para o festival”. Depois da separação, cada uma fez sua parte sozinha. A última vez que ensaiaram juntas aconteceu minutos antes da apresentação. Gildete já se familiarizava com a música muito antes de ir para a Colmeia. “Eu cantava em eventos gospel desde os 12 anos de idade”, revela. Para ela, apesar da cadeia ter muitas coisas ruins, a parte boa ela vai levar para a vida: “Quando eu sair, não serei mais a pessoa que eu era no passado. Tenho fé que nunca mais farei as coisas erradas que fiz de novo”. Elineide Rodrigues, integrante da Área de Tratamento Psiquiátrico (ATP) da Colmeia, expõe que o trabalho vai muito além dos detentos que cometeram crimes ou fazem parte do tráfico de drogas. O grupo ATP oferece condições psicológicas para pessoas que sofrem transtornos mentais ou dependência química. “Antes de serem inseridos nas atividades que possam auxiliar no tratamento, os detentos são avaliados e passam por uma triagem, que é feita pela equipe de psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais”, explica. O plano terapêutico é algo importante para a inclusão social, pois muitos detentos sofrem grande rejeição da sociedade e da família, mesmo depois de terem cumprido a pena.

Artista gosta de ser visto Adalberto Monteiro

Para Silvana, estar na CPP foi o lhe deu o tempo necessário para ensaiar

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Foto: Jusciane Matos

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O festival Em preparação desde abril, o FestArt passou por etapas eliminatórias. No começo, eram 450 participantes, mas na etapa final, que aconteceu no dia 29 de outubro de 2012, às 9h no Teatro Nacional, na Sala Martins Pena, só 19 pessoas se apresentaram (individual ou em dupla) - os três melhores de cada categoria, sendo elas: dança, música, desenho, poesia e artesanato. O pessoal da categoria teatro não pode comparecer por falta de policiamento, devido à greve. Familiares, amigos, curiosos e imprensa fizeram questão de estar presentes no evento para prestigiar os participantes. Também tinha na plateia turmas de escola pública e de deficientes auditivos. Na teoria, o terceiro colocado ganharia R$ 100, enquanto que o segundo ganharia R$ 200 e o primeiro R$ 300, mas na prática ficou difícil escolher só três. As apresentações foram tão boas e demonstraram tanto talento e potencial que ficou impossível para os jurados decidir só três ganhadores. Várias pessoas levaram prêmios no final do festival.

na sua posição social, pois só quem estuda pode participar. “A sociedade não acredita. Eu mesmo, antes de vir trabalhar aqui, não acreditava que poderia recuperar os detentos, mas descobri que o artista gosta de ser visto, por isso é importante que a sociedade o veja”, argumenta Adalberto.

DA N I

C I DA


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E CO N

CELULAR

OMIA

QUEM PAGA ADIANTADO, DESEMBOLSA MAIS

No governo, proposta quer baratear ligações e igualar tarifas dos planos pré e pós-pago da telefonia móvel Arthur Scotti

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ramita no Congresso Na- da Comunicação (Cetic), mais cional um projeto de lei de 90% dos usuários que utique pretende coibir a diferen- lizam celulares pré-pagos são ça de preços e tarifas entre os das classes C, D e E. planos de serviço pré e pós-paO autor da proposta quesgo na telefonia móvel. O pro- tiona o fato de que a parcela jeto de lei (PL) 4524/2012 tem mais pobre da população é que como proposarca com os ta proibir as preços mais Antes de pensar em operadoras altos de tebaratear um serviço, de cobrarem lefonia: “Por valores dique eles têm é preciso pensar em ferenciados que pagar por reduzir a carga tributária entre as duas uma tarifa para o consumidor final. mo d a l i d a d e s mais alta que Quanto menor a renda da de serviço. O as pessoas de população, maior a carga autor do PL, alta renda? o deputado As operadotributária de impostos César Halum ras alegam que ela paga (PSD/TO), que o préGeorge Cunha entende que -pago é mais essa proposta caro porque mostra a incoerência de postu- a população só o utiliza para ra por parte das prestadoras de receber ligações. Mas no moserviço: “Não faz sentido as ta- mento em que as tarifas forem rifas serem cobradas dessa for- iguais, as pessoas vão utilizar ma, pois no pré-pago o sujeito normalmente o serviço”, expaga adiantado pelo serviço, e plica Halum. no pós, ele paga depois, tendo o risco até da inadimplência. Desavisados Esse projeto é justamente para Há quem utilize o serviço proteger aquelas pessoas que pré-pago e não faz ideia que têm menor acesso ao código desembolsa mais do que no de defesa do consumidor e aos pós. O promotor de eventos, seus direitos”. Wilker Fernandes, 28 anos, De acordo com a Anatel, ficou surpreso com a inforexistem cerca de 259 milhões mação e afirmou que mudará de linhas de celulares no Bra- de plano imediatamente: “Há sil, das quais 81,3 são pré- muita falta de informação para -pagas. Baseado na pesquisa o consumidor que utiliza dido Centro de Estudos sobre as versos serviços. Se eu soubesTecnologias da Informação e se disso antes, já teria mudado

para o pós-pago”. Já o auxiliar administrativo Vagner Ribeiro, 42 anos, que tem celular pré-pago, só não volta ao plano pós devido à restrição de seu CPF: “Assim que eu limpar meu nome, volto para o plano pós-pago, pois sei muito bem que ele é mais econômico”. O diretor do curso de Economia da Universidade Católica de Brasília, George Henrique de Moura Cunha, explica que os políticos devem ter outra luta: a redução da carga tributária. “Antes de pensar em baratear um serviço, é preciso pensar em reduzir a carga tributária para o consumidor final. Quanto menor a renda da população, maior a carga tributária de impostos que ela paga”. Nesse sentido, desonerar as comunicações é o

primeiro passo para favorecer a população de baixa renda. Brasileiro paga mais De acordo com relatório da ONU divulgado em fevereiro, o Brasil aparece como um dos países que tem a ligação mais cara. O brasileiro pode pagar até dez vezes mais em planos pré-pagos. Nas análises das Tecnologias de Informação e C omunicação (TCI’s), o Brasil, comparado com outros países como a China, mostrou custo superior nas tarifas. O valor médio pago por minuto de ligação aqui foi de 0,11 dólares, enquanto que na China, na Rússia e na África do Sul, esse valor não passa de 0,05 dólares.

Infografia: Moacir Macedo

Comparação do preço das tarifas de telefonia móvel das principais operadoras do Brasil


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RENDA

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CLASSE C: VOCÊ FAZ PARTE DELA? Provavelmente você, que está lendo, é dessa família. Apenas não foi avisado

Gabriela Vinhal e Guilherme Assis

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m 1785 surgia um termo que está em bastante discussão na mídia e em algumas rodas de dominó pela cidade: classe média. O inglês Thomas Gisborne criou a expressão middle class , talvez para ilustrar algum personagem de seus poemas. Porém, as questões históricas não resolveriam o impasse atual: você sabe o que é ser de classe média? Você sabe como é definida uma classe? E em qual classe socioeconômica o leitor se encaixa? Os últimos dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) apontam que a atual classe C – leia-se classe média – brasileira possui renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.029 mensal. O secretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros, sustenta que o grupo constitui 53% da população brasileira, somando cerca de R$ 104 milhões no total. O problema é definir se esses números se enquadram na realidade de consumo dos cidadãos que fazem parte da classe C. A partir do Relatório de Definição da Classe Média no Brasil (RDCM), elaborado pela SAE, esta classe foi dividida em três segmentos: primeiro, a baixa classe média une as famílias com renda per capita entre R$ 291 e R$ 441 (18% da população está nesse grupo); o segmento intermediário foi definido em famílias com renda per capita entre R$ 441 e R$ 641 (19% da população); a seguir, a alta clas-

Foto: Guilherme Assis

se média, que tem renda per capita entre R$ 641 e R$ 1.019 (17% da população).

Segundo o mesmo relatório, não existe um esclarecimento objetivo do que é a classe média, pois sua definição continua a desafiar os cientistas sociais. Porém, entre novembro de 2011 e abril de 2012, um Grupo de Trabalho (GT) foi criado para buscar uma definição prática e logicamente sólida do termo. Até 2009, os institutos de pesquisa se baseavam no Critério Brasil (CCEB) para ajudar na apuração das classes econômicas. Eram vários recenseadores rodando o país e perguntando nos domicílios o número de televisores, de geladeiras, de pessoas na família, apenas para estabelecer um critério. Hoje, o GT é responsável por essa pesquisa. Em países desenvolvidos, as coisas são bem diferentes. Segundo a British Broadcasting Corporation (BBC), emissora pública do Reino Unido, o salário mínimo na Inglaterra é, em média, 992 libras – considerando diversos fatores, entre eles a jornada de trabalho. Pela atual taxa de câmbio, apurada no Citibank, esse valor equivale à R$ 3.273, cinco vezes maior que o salário mínimo atual do brasilei-

ro. Próximo da classe A, segundo os parâmetros da SAE. Margarida Maria Madeira, empregada doméstica, mora com dois filhos no Novo Gama. Com renda mensal de R$ 820 mais uma cesta básica, ela paga a conta de água e de luz e outras necessidades. “Eu acho que consigo viver bem com o que eu ganho. A cesta básica ajuda muito. Então, meu salário vai exclusivamente para pagar as contas. Ter quitado a minha casa foi um adianto de vida”, conta. Ao ser questionada sobre a qual classe pertence, Margarida acredita que não faz parte da classe média. Ela desconhece os pré-requisitos para se enquadrar na antiga classe média, quem dirá na nova. “Não acho que eu seja da classe média. Não tenho carro, não tenho moleza. Não passo necessidade, mas não esbanjo. Minha vida melhorou muito nos últimos cinco anos,

não sei se isso tem a ver”. Margarida é uma das milhões de pessoas que fazem parte da nova classe e nem imaginam. “Faço almoço para minha família aos domingos, viajo para o Piauí uma vez a cada dois anos. Não sou endividada, o que já acho um adianto. Muita gente que ganha a mesma coisa que eu, ou mais, tem dívidas. Não vejo vantagem em manter status”, observa. Resta a dúvida: ou os brasilienses não estão a par das mudanças econômicas da classe, ou o rótulo não condiz com a renda mensal e necessidade de consumo da população. Presidência da República não se pronunciou quanto ao assunto.


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E CO N

QUALIDADE DE VIDA

OMIA

TRATAMENTO MAIS EM CONTA Farmácias comuns passaram a ser postos de distribuição e remédios ficaram mais acessíveis

Ludmila Rodrigues e Wilma Mendonça

Foto: Alex Santos

A

tualmente, pessoas que não têm condições financeiras de comprar medicamentos ou até mesmo aqueles que têm, mas estão à procura de remédios com menor custo, podem utilizar programas do Governo Federal e das Secretarias Estaduais de Saúde para terem acesso a estes remédios. Através destes programas, os preços variam muito, normalmente de acordo com suas funções, fórmulas, facilidade de acesso e produção do mesmo, mas saem sempre mais em conta. Farmácia Popular O programa Farmácia Popular é um destes projetos do governo. Ele estabelece a venda ou distribuição de medicamentos destinados a doenças comuns. Os usuários desse programa têm descontos de até 90% ou, dependendo do medicamento, podem até adquiri-lo gratuitamente. O paciente que deseja pegá-lo na Farmácia Popular deve procurar uma das farmácias credenciadas, levando consigo a receita do medicamento (em duas vias) e o RG, além de realizar o cadastro. O acesso aos produtos que não fazem parte da categoria gratuita e que estão na lista de medicação especial são fornecidos mais baratos pelo mesmo procedimento. Nesse caso, a economia é garantida, custando até menos da

O aposentado Francisco Nascimento não faz nem idea do quanto já economizou com o programa Farmácia Popular

metade do valor integral. O aposentado Francisco Nascimento de Sousa, 72 anos, tem arritmia cardíaca e faz uso do programa Farmácia Popular há um ano: “Antes eu gastava muito dinheiro comprando os remédios e hoje, depois de ter visto na televisão sobre a farmácia, eu nem sei ao certo o quanto já economizei, mas foi muito.”

cos, entre outras. A responsabilidade pela aquisição e pelo financiamento dos medicamentos variam conforme a divisão em três grupos: •Grupo 1: Medicamentos 100% financiados pelo Ministério da Saúde comprados pelo próprio ministério; •Grupo 2: Medicamentos 100% financiados pelo Ministério da Saúde e comprados pelas Farmácia de Alto Custo secretarias estaduais; Já as farmácias popular•Grupo 3: Medicamentos fimente conhecidas como de nanciados e comprados pela se“alto custo”, administradas cretaria de saúde do estado. pelas Secretarias Estaduais de Saúde, disponibilizam 147 Para solicitar um medimedicamentos, direcionados camento, o paciente ou seu para os casos mais comple- responsável deve cadastrar xos e as doenças raras. Eles a cópia do Cartão Nacional são usados no tratamento de de Saúde (CNS), a cópia do 79 doenças, tais como Alzhei- documento de identidade e mer, osteoporose, problemas do comprovante de residênpulmonares, cardíacos crôni- cia, o laudo médico, a pres-

crição médica preenchida e os documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Esta solicitação deve ser tecnicamente avaliada por um profissional da área da saúde, que é escolhido pelo gestor estadual e, quando adequada, o procedimento deve ser autorizado para posterior dispensação. O cadastro, a avaliação, a autorização, a dispensação e a renovação da continuidade do tratamento do paciente são etapas fundamentais para a execução da assistência farmacêutica e para a coordenação dos gestores estaduais. Todos os medicamentos dos Grupos 1 e 2 devem ser dispensados somente de acordo com as recomendações dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas e para as doenças contempladas neste componente. Outros atendimentos Ainda com o intuito de facilitar o acesso de pessoas a um tratamento mais barato, o Governo Federal criou, a partir da Farmácia Popular, o “Aqui Tem Farmácia Popular” e o “Saúde Não Tem Preço”. O primeiro é destinado às farmácias privadas e foi criado em 2006; já o segundo, criado em 2011, tornou gratuitos onze medicamentos para tratamento de hipertensão e diabetes em farmácias privadas e do Governo.


E CO N

FIM DE ANO

OMIA

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PISCA-PISCA, PINHEIROS, BOLAS COLORIDAS: É NATAL!

Número de lojas de decoração natalina cresce a cada ano. Faturamento bate recordes Kleyton Almeida e Lorena Vale

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ezembro está chegando e, com ele, uma das festas mais comemoradas do mundo: o Natal. A data é festejada nas igrejas e nos lares cristãos, com ceias e trocas de presentes. “Amigo secreto ou amigo oculto” são brincadeiras tradicionais dessa época, muito comum entre os colegas de trabalho, escolas e familiares. O comércio fica aquecido neste período. Segundo o Sindicado das Empresas Varejistas, mais de dois milhões de pessoas irão às compras entre os dias 22 e 24 de dezembro e as vendas devem crescer 6%, mais do que no último natal, em que foi registrada a alta de 5,5%. Além disso, cerca de 28 mil lojas de rua e de shoppings estarão contratando mais de seis mil trabalhadores temporários. Destes, 20% devem ser efetivados no início do ano que vem. A demanda é tão grande, que estabelecimentos comerciais e indústrias especializadas em enfeites natalinos se tornaram um filão do mercado. Uma dessas lojas tem destaque em Brasília: a Carmem Christmas, localizada na Feira dos Importados e na Asa Sul. A empresária Carmem Marques garante que o mercado de decoração de Natal é um dos que mais cresce no DF. “Há 20 anos, quando comecei, saía à procura de um produto que eu sentia falta aqui e percebi que o natal deixava a desejar, então comecei a importar. Esse mercado é muito gratificante e a cada ano ele cresce mais. É muito bom”, avalia. Além de produtos tradicionais e populares, suas lojas vendem produtos luxuosos e importados.

Opções A banca na Feira chama a atenção: as árvores vão desde as tradicionais de pinheiro, até as com luminárias de led; as bolinhas vermelhas, brancas e douradas abrem espaço para enfeites em formas de balas, sorvetes e bombons. Os preços conseguem atender pessoas de todas as classes. A empresária Nádia Silva conta que é fascinada pela data festiva e pela decoração: “Eu enfeito tudo, a frente da casa, árvore e o jardim. Ficamos deslumbrados, porque é muita cor e muito brilho, mas também temos que nos lembrar do verdadeiro espírito natalino”. As lojas desse tipo não são exclusividade do Plano Piloto. O Taguacenter, um dos pólos comerciais mais movimentados de Taguatinga, abriga centenas de lojas, com os mais diversos produtos. Com tanta concorrência, os vendedores procuram, cada vez mais, atrair consumidores. Segundo a administração local, esse é um dos setores da cidade que mais emprega e faz movimentar a economia local. Nessa época, chegam a circular mais de 500 mil pessoas nos estabelecimentos comerciais. Mercado sazonal Uma das lojas mais tradicionais e populares da região* aproveita este período para faturar e atrair mais clientes. De janeiro a outubro, o estabelecimento trabalha com ornamentação e utensílios domésticos. Já em novembro, o cenário muda: é tudo substituído pela decoração típica da data. Dezenas de árvores são espalha-

Foto: Rayanne Larissa

das, pisca-piscas são colocados no teto e, em algumas horas do dia, é ligada uma máquina que produz neve artificial para “contaminar” o público com o espírito natalino. A gerente da loja, Ângela Rodrigues, assegura que, as- Prateleiras ficam repletas de produtos diversificados. Vermelho, sim, incentiva os ver e dourado são cores predomintantes A vendedora Laissa Oliveira compradores a entrar no clima de trabalha na loja há cinco anos. Natal e a comprar mais. De acordo com Ângela, este Como tem experiência no loé o momento do ano em que cal, assegura que esse tipo de a loja mais fica movimentada. comércio é vantajoso: em dias Em quase dois meses, ela fatura movimentados chega a venmais de 30% em relação a outros der o equivalebte a R$ 25 mil. períodos. Há mais de seis anos, “Muitos clientes entram por no natal, só trabalha com a ven- curiosidade, para apreciar a decoração, mas acabam comda de produtos decorativos. Tudo é temático. O vermelho, prando alguma coisa”, conta. A dona de casa Maria Aparecio verde e o branco são as cores da, moradora de Ceilândia, cospredominantes no estabelecimento, chamando a atenção de tuma comprar flores artificiais quem passa por perto e enchen- para decorar a casa, mas, durando os olhos dos consumidores. te o natal, vai ao estabelecimento para comprar os enfeites natalinos. Ela afirma que os preços são Clientela A gerente conta que recebe mais em conta que em outros pessoas de várias regiões de Bra- lugares e que os produtos paresília e principalmente das cida- cem ser melhores. “Com R$ 20 des de Taguatinga, Ceilândia, consegui comprar tudo para miSamambaia e Águas Claras. Em nha decoração e ainda comprei média, cada cliente gasta cerca algumas lembrancinhas para a de R$ 30. “Nossa loja é popular. família”, ressalta. Caprichamos na decoração, temos preços e produtos para to*Por motivos de segurança, dos os gostos. Essa é a receita do o nome da loja foi preservado. nosso sucesso”, ressalta.


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O T N E AM T R O COMP

MULHER

TPM EXISTE MESMO?

Psicólogos afirmam que o nível de stress varia de acordo com o cotidiano das mulheres Jussara Rodrigues

S

erá a tensão pré-menstrual - a famosa TPM - um mito? Pesquisas revelam que sim. Pelo menos é o que afirmou um grupo de psicólogas e psiquiatras da Universidade de Toronto, no Canadá. Para chegar à conclusão deste resultado, foram examinados 41 estudos sobre TPM. Além disso, algumas mulheres foram acompanhadas diariamente durante alguns ciclos menstruais. Não foram encontrados, por enquanto, indícios que associem o mau humor feminino às alterações que acontecem nos dias que antecedem a menstruação. No total, apenas 13,5% das pesquisas apontavam sofrer de TPM. Há uma ligação entre o mau humor e o ciclo menstrual, mas não se pode afirmar que o excesso de estresse seja por consequência da menstruação. As pesquisadoras da Universidade de Toronto acreditam que a TPM seja apenas uma lenda. “Antes das mulheres passarem pelo primeiro ciclo menstrual, elas já ouviram falar sobre TPM. A noção está tão enraizada na nossa cultura que os estudos ficam tendenciosos porque as mulheres sabem que eles são soPara diminuir os sintomas: - Fazer exercícios e evitar cigarro; - Reduzir o consumo de álcool, cafeína e alimentos com muito sal ou gordura. Fonte: Ginecologista Frederico Coelho

bre isso”, diz a líder da pesquisa, o período menstrual. Porém, Gillian Einstein. da mesma forma que existe gravidez psicológica, pode Influência existir as dores imagináDe acordo com a psicóloga Ana rias. Nossa mente possui o Beatriz, é impossível discutir se poder de tornar real o que existe a TPM ou não, pois o orga- é irreal. Isso dependerá nismo de cada mulher apresenta da intensidade e do deseuma reação diversificada. “Eu sou jo daquilo que queremos”, neutra neste assunto. Não posso relata Ana. afirmar que o dado desta pesquisa De acordo com está certo ou não. Para obter es- o ginecologista sas respostas, é necessário ana- Frederico Coelisar os aspectos metodológicos lho, do Núcleo e psicológicos, considerando a de Saúde da tolerância e a personalidade de Mulher, TPM cada mulher”, explica. é o conjunto Uma vez que a pesquisa for de sintomas executada com atletas, poderá ser que ocorrem afirmada que a TPM é um mito antes ou durante o para elas. “Há pessoas que tole- fluxo menstrual. “Ela aconteram a dor, outras não. As atletas, ce no período de 7 a 10 dias por exemplo, são treinadas para que antecede a menstruação. o auto desempenho de seu corpo. Mas há casos de mulheres em Elas são preparadas para se focar que a TPM acontece durante nas competições e nas medalhas. a menstruação. Não há uma resLogo, a ausência de rendimento posta exata se existe ou não. Isso por conta de algum tipo de mal dependerá de cada organismo, pode eliminá-las das competi- do hábito alimentício e das alteções. Há uma tolerância em nos- rações hormonais de cada corso organismo. Além disso, existe po”, explica. equilíbrio e interação entre o corpo O médico relata que a maioria e a mente”, pondera. das mulheres se queixa das intensas dores causadas pela TPM. “Ela Poder da mente influencia nos fatores comporA psicóloga diz que a mente tem tamentais de algumas mulheres, grande poder de persuasão. “Somos causando cansaço, sentimento de constituídos por espiritualidade tristeza, nervosismo, entre outros e não há como negar que o nosso sintomas. Toda mulher já vive ser tem manifestações diferencia- uma vida estressante. São muidas para cada pessoa. Diante disso, tas obrigações e afazeres a serem é real para algumas mulheres sentir cumpridos. Quando aproxima o mal-estar, desconforto e dor durante período da menstruação o estres-

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Do céu ao inferno. O humor das mulheres oscila durante a TPM

se agrava com mais frequência, chegando a afetando até mesmo a relação social e familiar”, avalia. Dicas preventivas Segundo o estudo, a tensão pré-menstrual influencia na vida diária das mulheres e afeta 56% delas no relacionamento amoroso, dificulta em 50% na relação delas com suas famílias e interfere 47% delas no trabalho. “A TPM é o período em que a mulher está mais suscetível aos sentimentos”, esclarece Frederico.

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CO M

HOSPEDAGEM

POR

CUIDE BEM DO SEU BICHINHO NAS FÉRIAS

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TA M E

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Deixar o animal de estimação em hotel ou aos cuidados de terceiros são alternativas para que os pets não sofram Natália Alves e Paula Morais

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Foto: Rhayne Ravanne

er um animal de estimação em casa é sempre uma alegria, mas ao mesmo tempo gera grande preocupação em alguns momentos, como na hora de sair de férias. Dificilmente o animal participa da viagem e é por esse motivo que ele acaba sofrendo com a ausência da família e com a falta dos cuidados necessários. Por isso, quem tem um bichinho em casa e gosta de tê-lo sempre por perto, deve tomar algumas precauções para ter uma viagem tran-

Independente do lugar, é fundamental garantir a segurança do bichinho nas férias

quila de maneira que o animal fique em segurança. Com a chegada das férias os donos se questionam: onde deixar o bicho de estimação durante o período da viagem? As três opções mais frequentes são: 1. Manter o pet em casa com alguém para cuidar dele; 2. Deixá-lo na casa de um amigo ou parente; ou 3. Hospedá-lo em um hotel próprio para animais. Pensando na segurança e nos cuidados com o animal, foi que o policial militar Daniel Alves optou por hospedar a cadela Nina, da raça daschund, durante sua ausência. “O hotel oferece todo o conforto e o carinho que o animal necessita. Eu sei que ela está bem cuidada porque quando chego o seu olhar é de gratidão”, relata. Recomendações O veterinário, Laurycio Monteiro, adverte que é preciso levar em consideração alguns fatores na hora de escolher o hotel para o pet. “É necessário verificar se possui alvará de funcionamento, médico veterinário responsável, boas instalações, rotina de cuidados e exigência sanitária individual para cada animal”, afirma. Deixar o bichinho aos cui-

dados de um amigo ou parente também é uma solução. É o que costuma fazer a estudante Ana Carolina Lopes. Ela deixa Faísca, da raça Jack Russell Terrier, com sua avó sempre que viaja. “Ele continuará sentindo saudades, mas será menos traumático, até porque ele já está acostumado com minha avó”, conta. A servidora pública Alba Araújo prefere deixar a gata Penélope em sua residência aos cuidados de algum conhecido: “Os gatos sofrem muito ao sair do seu ambiente”. Para minimizar a falta que o animal sente do dono, o veterinário Laurycio afirma que é sempre bom associar hábitos de higiene às brincadeiras. Além disso, é importante deixar roupas com o cheiro de seus donos, porque o animal faz assimilações. Precaução Para procurar um hotel, é fundamental pedir referências a amigos e ao próprio veterinário do bichinho. É necessário visitar o local - de preferência com o seu animal - e verificar se o espaço oferece segurança e higiene. Para evitar contaminação por doenças entre os hóspedes, Ronan Fernandes, auxiliar administrativo de um pet shop da capital, afirma que é importante que o animal passe por uma avaliação: “Antes da hospedagem fazemos alguns exames e, caso o animal necessite de algum tratamento, realizamos o procedimento e continuamos

com o serviço de hospedagem”. Caso seja da preferência da família deixar o animal em casa sob a vigilância de terceiros, vale ressaltar que os cuidados são os mesmos para cães e gatos. É importante que o animal esteja com a carteira de vacinação em dia, utilizar coleira antiparasitária (contra pulgas e carrapato), vasilhas de ração e água higienizadas, estoque de ração com indicação de cor, espécie, raça e pelagem, e limpeza diária. Para gatos, os cuidados específicos são: areia higiênica, alojamento com rampinha, arranhadores e isolamento de contato com os cães. QUANTO CUSTA? Diária: De R$ 20 a R$ 70* PetShop Querubim Tel.: (61) 3436-0332 Hospital Veterinário Oliver Tel.: (61) 3445-2000 Hospital Veterinário Zoo-Hotel São Francisco Tel.: (61) 3245-5222 Hotel Brasília Park Dog Tel: (61) 8515-5473 *Os preços variam de acordo com o porte do animal e o estabelecimento comercial.


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CO

MPOR

O T N E TA M

CIÚME

AMAR PODE DOER

Quando o sentimento de amor se transforma em obsessão, a insegurança dá espaço para os conflitos no relacionamento Ludmila Rodrigues e Wilma Mendonça

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Foto: Alex Santos

eloisa: “Você não me ama mais! Não me deseja mais!” Sérgio: “Como assim? Você acha que é fácil? Agora você não para mais em casa, só fica no trabalho com aqueles seus amigos!” Heloisa: “O quê? Você não me elogia mais, não me acompanha nos lugares, só fala daquelas suas amigas do escritório.” Sérgio: “Estou tentando levar o casamento adiante, mas como? Você me liga no mínimo umas trinta vezes por dia só pra saber onde estou, com quem estou, o que estou fazendo...!” O leitor pode ter lembrado de Uma pessoa doente por ciúmes quase sempre é aquela que projeta no outro os seus alguma história, ou até vivido, ou próprios desejos ainda nunca ter imaginado ser pos- ocorrer na forma de pensamentos si próprio. É como se fosse um sível. Acredite, essas falas são fictí- repetitivos, imagens intrusivas e reflexo, onde a pessoa vê no oucias, mas trazem à tona um proble- sem motivo, sobre fatos passados tro o que ela deseja fazer ou até mesmo o que ela faz, explica ma real: o ciúme patológico. e seus detalhes. Nos últimos anos, tem cresO amor do outro é sempre Celso Aleixo, professor de Psicido o número de pessoas que questionado e o medo da per- cologia Clínica da Universidade sofrem por amar intensamen- da é infinito, enquanto que no Católica de Brasília. Ciúme não é sentimento exte e não serem amor normal correspondidas. (ágape) esse clusivo da mulher. Os homens Mada Taguatinga Endereço: QNB 15, S/N, AE 5 Elas iniciam medo nem também procuram grupos anôTaguatinga Norte DF tratamento psisempre existe. nimos por se sentirem inseguros Círculo Operário cológico ou reÉ um transtor- em seus relacionamentos. (ao lado do colégio Projeção) correm a gruno obsessivo Reunião: 2ª feiras (19h30-21h30) Grupos anônimos pos anônimos e-mail:madataguatinga@gmail.com c o m p u l s i v o , Mulheres que Amam Demais para se tratar. uma obsessão Mada Asa Sul Amor patolópelo outro, Anônimas (Mada) é o grupo femiEndereço : 905 Sul – Brasília nino para tratamento do amor pagico é a definição que normalIgreja Santa Cruz dada pelos espemente não tem tológico. Foi referenciado em uma Reuniões: 3ª feiras (19h30-21h30) novela da Rede Globo, Mulheres cialistas ao granfundamento. Domingos (17h-19h) de desejo de conA formação Apaixonadas (2003), em que a patrole total sobre os sentimentos e psicológica do indivíduo inter- ciente era Heloísa, uma mulher comcomportamentos do companheiro fere em seus relacionamentos, pletamente descontrolada com rela(a). Em alguns casos, as preocu- como no caso do amor - ou ci- ção ao marido, Sérgio. Lembrou? No Distrito Federal, o Mada pações excessivas sobre relaciona- úme - patológico. Muitas vezes, mentos anteriores também podem essa imaginação fértil é fruto de possui dois grupos: um em Brasília

e outro em Taguatinga (veja box). O anonimato e o total sigilo dos encontros são fundamentais. Ao participar de uma dessas reuniões, as mulheres recebem uma apostila com textos do livro Mulheres que Amam Demais, de Robin Norwood (2011). Todas ficam em um círculo e falam de suas experiências com família, ex-marido, namorados e amigos. A reunião é finalizada com uma oração. Hades Homens que Amam Demais (Hades), é o grupo de tratamento masculino, que também preza pelo anonimato. Normalmente, eles vêm de um contexto familiar destrutivo. Na maioria das vezes, têm um relacionamento diferente com a mãe (ou ela é muito próxima ou muito ausente) ou pais alcoólatras. De algum modo, os homens que amam demais sofreram violência doméstica, tanto física quanto verbal. Por isso eles depositam essas frustações na vida e repetem a história. “Se o homem vê que está se afastando dos amigos, que não pratica as atividades que gosta, está cada vez mais isolado e obcecado pela parceira, querendo modificá-la e colocando-a no centro de sua vida, ele está doente e viciado em amor”, atesta a psicanalista Tatiana Ades, também autora do livro Homens que Amam Demais, publicado em 2008.


CO M

APOSENTADORIA

POR

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MELHOR IDADE: HORA DE APROVEITAR 28 milhões de brasileiros recebem remuneração, pensão ou benefício da Previdência Social

Mayra Rodrigues

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o chegar à aposentadoria, as pessoas estão dispostas a satisfazer todos os desejos reprimidos por anos de trabalho: viajar, pôr a leitura em dia, frequentar bons restaurantes, ir ao cinema e ao teatro. Manter a autoestima nas alturas é uma postura fundamental quando se tem uma expectativa de vida cada vez maior. Francisca Alves Tsunematsu, 57 anos, é recém-aposentada e, apesar de não ter planejado antecipadamente, já ocupa seu tempo com estudos - está fazendo curso técnico. “Pretendo procurar um serviço voluntário, cursos e até mesmo lazer como academia, dança de salão ou qualquer outra atividade”, conta. Segundo dados do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) o maior índice de aposentadorias concedidas no país, de janeiro a setembro deste ano, foi por idade. A análise aponta que 55,8% de 831 mil aposentadorias foram deferidas por esse critério. Os aposentados por tempo de contribuição correspondem a cerca de 230 mil pessoas e os trabalhadores aposentados por invalidez equivalem a 140,9 mil cidadãos. O pagamento de aposentadorias e benefícios responde por quase 13% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Ainda distante do que os especialistas chamam de terceira idade, a aposentada Maria de Fátima, 55 anos, não hesitou em permanecer no mercado de trabalho depois de se aposentar. “Não consigo ficar

Foto: Shizuo Alves

Francisca Tsunematsu, recém aposentada, drilbla a ausência do trabalho com cursos

sem ocupação. Abri meu salão de beleza. Realizei um antigo sonho”, justifica. Além de administrar o salão de beleza, a aposentada trabalha como cabeleireira e reserva tempo para suas caminhadas e o trabalho na pastoral. Se para quem planeja, a aposentadoria se torna bem produtiva, para outros pode ser sinônimo de decepção. A aposentada Maria Marta Rodrigues, 55 anos, conta que a ausência da rotina e a falta de planejamento resultaram em frustação: “Quando me aposentei me sentia culpada por dormir um pouco mais. Por não pensar nas minhas ocupações, acabei assumindo funções domésticas que não era o que eu almejava”.

e organização da sociedade, pela conscientização das classes e pela realização social do homem. Pode-se afirmar que juntamente com a linguagem, o trabalho é o principal elemento que diferencia os homens dos animais. Assim, tem-se o trabalho como condição fundamental para a vida humana. O homem é, portanto, produto e agente produtor do trabalho”, explica o cientista político, Frederico Ribeiro.

Previdência Atualmente, 28 milhões de brasileiros recebem aposentaria, pensão ou um benefício de acordo com o Ministério da Previdência Social. A previdência é o mecanismo que garante uma renFunção social “O trabalho é o responsável da mínima quando o trabalhador pela produção do modo de vida não pode mais exercer suas fun-

ções profissionais. Sua cobertura atinge 90% dos idosos, até mesmo os que não são contribuintes. Para garantir a aposentadoria com o fator previdenciário são consideradas a data do início do pagamento do benefício, a idade, o tempo de contribuição do segurado, a expectativa média de vida e a taxa de 31%, referente à soma das contribuições do patrão (20%) e do empregado (11%) sobre o valor do salário. Déficit Em setembro de 2012, a Previdência Social registrou um déficit de 5 bilhões de reais no setor urbano. O resultado negativo foi motivado pelos gastos na ordem de 26,1 bilhões, contra 21,1 bilhões de reais arrecadados. O saldo deficitário foi influenciado, principalmente, pelas medidas vindas do Programa Brasil Maior, que desoneraram as folhas de pagamento de 13 setores da economia. No setor rural, o déficit é ainda maior. O saldo negativo atinge 6,1 bilhões de reais, resultantes da diferença da arrecadação de 498,7 milhões no mês, e de 6,6 bilhões de reais nas despesas. No balanço geral da Previdência, até setembro deste ano, registrou-se o déficit de 39,8 bilhões, resultado de 195,8 bilhões em arrecadações e 235,6 bilhões em gastos com a previdência.


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PROFISSIONALIZAÇÃO

E T R O ESP

FOOTBALL NA TERRA DO FUTEBOL Tubarões do Cerrado conquistam cada vez mais torcedores e adeptos de um esporte pouco praticado no Brasil

Rafael Alves

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Foto: Guilherme Azevedo

Os Tubarões do Cerrado cononhecido nos Estados Unitam com o patrocínio de empredos apenas como Football, sas multinacionais e auxílio de o Futebol Americano por aqui viagens custeadas pela Secretaria tem sido atração especial em de Esportes. Para profissionalizar Brasília. E quem contribuiu ainda mais o esporte por aqui, no para o crescimento dessa nova início de 2012 ele chegaram a trapaixão candanga foi o time Tuzer norte-americanos para intebarões do Cerrado. grar o time. Alguns deles treinam Nascido da curiosidade de cinaté hoje em Brasília. co integrantes que haviam voltado Segundo o presidente dos Tudos Estados Unidos, eles começabarões, o futebol americano é um ram a praticar o futebol da bola esporte muito democrático: “Qualoval como uma simples brincadeiquer pessoa pode praticar. Não ra. Sem material, equipamentos existe o gordo demais ou o magro adequados e com apenas uma bola, demais. Qualquer um se encaixa eles literalmente brincavam de fuem alguma posição.” tebol americano na Esplanada dos A expectativa é de que o cluMinistérios - no gramado, logo em be cresça cada vez mais. Times frente ao Congresso Nacional. Time acredita na visibilidade dos treinos para difundir esporte de renome no futebol brasileiro, A brincadeira, que começou em agosto de 2004, virou coisa séria quem passava pelo local aos sáÀs terças e quintas, o time trei- como corinthians, santos e vasco no dia 26 de novembro do mesmo bados, o grupo foi ganhando cada na na QE 38 do Guará - um espa- já tem equipes profissionais. Após ano, quando o time foi fundado vez mais adeptos. ço foi cedido pela administração o carnaval, os Tubarões do Cerraoficialmente. Com o fervor das reda cidade para que seja construí- do voltam a treinar na Esplanada des sociais no antigo Orkut e com Profissionalismo do um centro de treinamento. O dos Ministérios todos os sábados a curiosidade cada vez maior de Atualmente, o time principal que começou com uma simples às 15 horas. Em Brasília, existem outros dois dos Tubarões possuiu 70 joga- b r i n c a times prodores. A equipe conta com uma deira agoTreinamos lá - na Esplanada f i s s i on ai s escolinha e um time de base. No ra é muito Pontuação de futebol e no Guará II, mas não total, são 120 pessoas que inte- sério. Os americano: gram o grupo de atletas. E mais T u b a pretendemos deixar nunca o Touchdown: É o ponto máximo o Brasília jogadores estão por vir. No início rões do do jogo e vale 6 pontos; nosso principal campo de treino V8 e o Alide novembro, mais de 100 pessoas C e r r a d o Bernardo Bessa Ponto extra (Extra Point): Ponto de bonifica- se inscreveram para fazer parte do p ossuem gators. ção após um touchdown; O custo time em uma seleção promovida e q u i p e pela equipe técnica do time. técnica, equipe médica, prepara- individual para quem quer iniConversão de dois pontos (Two Point O presidente, Bernardo Bessa, dores físicos, material de jogo e ciar no esporte é de aproximaConversion): Quando uma equipe adversária marca um touchdown é possível conseguir acredita que o local de treino dos de treino, ou seja, tudo que uma damente mil reais. As regras são dois pontos como bonificação; complexas, mas para entender o Tubarões – o gramado da Esplana- equipe profissional precisa. da dos Ministérios – é o principal O time foi campeão do Torneio esporte não é tão difícil. O báField goal: Quando uma equipe opta por joresponsável pela ascensão nos úlCapital 1, o primeiro nos padrões sico é conquistar território, adgar a bola entre as traves ao invés de chegar timos oito anos: “Tem o amigo do internacionais exigidos pelo es- versário e marcar o máximo de até a última jarda do campo (vale 3 pontos); amigo que vê e comenta ou aquela porte. Ficaram em quinto lugar pontos a cada inSafety: Equivalente a um gol contra no pessoa que passa pela Esplanada. no torneio nacional TouchDo- vestida do campo Futebol (vale 2 pontos). Treinamos lá e no Guará II, mas wn e atualmente disputam duas rival. não pretendemos deixar nunca o competições com outros 50 times nosso principal campo de treino”. profissionais do Brasil.


POLÍ

CONSUMIDOR

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TICA

DE OLHO NA VALIDADE Projeto de Lei visa coibir a exposição de produtos com validade vencida

Vinícius Rocha

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ma prática comum em co- da exposição à venda de produ- dos entre entidades representamércios pode estar com tos com vencidos na Lei n° 8.137, tivas do comércio e instituições os dias contados. Tramita em de 27 de dezembro de 1990, que voltadas para a defesa do concaráter de urgência, no Senado constitui crime contra as rela- sumidor. Em diversas unidades Federal, o PLS 452 de 2011, de ções de consumo vender, ter em da Federação, inclusive em São autoria da senadora Ângela Por- depósito ou expor mercadoria Paulo, o projeto formaliza isso tela (PT-RR), que altera o em todo o país”, explicou Código de Defesa do ConÂngela Portela. sumidor para coibir a expoA dona de casa e frequenAs causas são diversas: sição e venda de produtos tadora assídua dos supermerdesatenção de funcionários, cados, Tereza Aires, diz já ter com validade vencida. Caso insuficiência de fiscalização a proposição seja aprovada, encontrado diversas vezes o consumidor a quem for produtos fora da validade nas ou má-fé do fornecedor entregue ou que encontrar prateleiras e que, se a proposÂngela Portela exposto à venda produto ou ta da senadora fosse colocada serviço com prazo de valiem prática, incentivaria os dade ultrapassado, poderá rece- em condições impróprias ao consumidores a prestarem mais ber gratuitamente do fornecedor consumo, com pena de detenção atenção nos produtos e nos locais um produto idêntico ou similar de dois a cinco anos, ou multa. onde os adquirem: “Em função da em condições próprias para con- “O legislativo deveria trabalhar obrigação de conceder produtos sumo, sem qualquer custo. para colocar em prática as Leis gratuitos aos consumidores, os Para a autora do projeto, a se- já existentes”, explica. fornecedores também passarão a nadora Ângela Portela, é comum dedicar maior atenção ao assunto encontrar produtos à venda com Direitos e cometerão com menor intensiprazo de validade vencido, não Um dos problemas aponta- dade esse tipo de infração”. só nos supermercados, mas tam- dos na justificativa do projeto O relator do projeto na Cobém em farmácias, restaurantes e é a inviabilidade do Estado em missão de Meio Ambiente, Deoutros tipos de estabelecimentos. manter uma fiscalização perfei- fesa do Consumidor e Fiscaliza“Infelizmente, após vinte e dois ta dos produtos expostos, sendo anos de vigência, os dispositivos que, se aprovado, o consumidor e as sanções previstas do Código se tornaria o real fiscalizador de Proteção e Defesa do Consu- desta prática ilícita, recebenmidor não tem sido capazes de do uma compensação imediata inibir a oferta de produtos venci- pelo atentado contra seus didos. As causas são diversas: desa- reitos, bem como o fornecedor tenção de funcionários, insufici- penalizado, sem a necessidade ência de fiscalização ou má-fé do de recorrer ao Judiciário ou a fornecedor. Entretanto, nenhuma acionar autoridades. dessas razões justifica a infração De acordo com a senadora, à lei e tampouco os riscos e pre- um dos objetivos do PLS (Projejuízos impostos ao consumidor to de Lei do Senado) é proporpela utilização de produtos fora cionar uma solução rápida e prádo prazo de validade”, disse. tica para resolver questões que A advogada e especialista em poderiam resultar em impasses Direito do Consumidor, Ana e em demandas demoradas. “Na Alice, explica que já está sufi- verdade, essa fórmula já vem cientemente regulada a coibição sendo adotada, mediante acor-

ção e Controle, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), relatou rejeição à proposição. Segundo o parlamentar, o ônus advindo da gratuidade dos produtos certamente seria repassado ao próprio consumidor, a despeito do anseio de se tutelar o elo mais fraco da relação de consumo. “É o que certamente acontece em diversas outras situações comuns nos supermercados, em que as perdas resultantes são transferidas para o consumidor: desperdício ou consumo no interior do estabelecimento; violações de embalagens; furtos”, concluiu. O PLS tramita em caráter conclusivo na Comissão de Assuntos Econômicos, onde o presidente da comissão, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), designou o senador Marco Antônio Costa (PSD-TO) relator da matéria, que ainda não formulou parecer. Foto: Agência Brasil

É presico ficar de olho na data de vencimento de qualquer produto que for adquirir


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R A T S EM E

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

AVC MATA MILHARES POR ANO Conhecido também como derrame, pode ter sequelas reversíveis quando há pronto-atendimento

Francisco Daniarle e Samanta Lima

orrem no Brasil apro- mo e o aumento do colesterol ximadamente 100 mil – que cria placas de gorduras pessoas por ano vítimas do nas artérias. Para prevenir, é Acidente Vascular Cerebral preciso mudar os hábitos ali(AVC). Só no Distrito Federal mentares, passando a consuforam registradas 832 mortes/ mir alimentos mais saudáveis ano, segundo dados divulga- como frutas e verduras, além dos recentemente pelo Mi- de sempre praticar exercícios nistério da Saúde. A doença físicos e não fumar, explica o acontece quando há o entu- médico neurologista de um pimento da artéria que irriga hospital privado de Taguatinparte do cérebro, levando a ga, Henrique Braga Silva. uma lesão cerebral, que Quando sofri o derrame, foi de pode ser permanentes ou repente. Desmaiei e quando temporárias. acordei já estava sem os Existem dois movimentos do lado esquerdo do tipos da doença: o isquêmeu corpo e não conseguia falar mico, quando Miriam dos Santos há o excesso de gordura nas artérias, impedindo a circulaSegundo ele, o derrame não ção do sangue para o cérebro; atinge uma idade específica, e o hemorrágico, quando uma mas é mais frequente em adulartéria é obstruída, causando tos maiores de 45 anos. Estasangramento no cérebro ( veja tísticas do Ministério da Saúinfográfico ao lado ). Em al- de aponta os jovens também guns casos, as pessoas podem como alvos, devido aos maus perder a fala, parte da visão e hábitos alimentares. Fora isso, a coordenação motora. No caso os fatores genéticos contrido derrame isquêmico, em al- buem para o desenvolvimengumas pessoas pode ocorrer a to mais fácil do derrame - as perda de todos os sentidos de chances são maiores quando uma só vez - é quando vira o existe histórico de problemas derrame hemorrágico. cardiovasculares na família. Para a comerciante Miriam Causas dos Santos, 36 anos, que sofreu Os principais fatores que um AVC hemorrágico, a doença desencadeiam o AVC são: o ci- veio após sintomas de dores de garro, a pressão alta, a diabe- cabeça sem muita importância, tes, a obesidade, o sedentaris- até que veio um desmaio súbito,

que ocasionou um coma de uma semana. “Quando sofri o derrame, foi de repente. Desmaiei e quando acordei já estava sem os movimentos do lado esquerdo do meu corpo e não conseguia falar”, relata. Miriam ficou uma semana no sofá de sua casa, sem conseguir pedir ajuda, pois mora apenas com duas crianças. A demora no resgate foi o que agravou o seu estado. Atualmente, ela ainda sofre com as sequelas. “Foi um milagre eu ter sobrevivido. Passei um mês no hospital público sem nenhum recurso”. Existem princípios de AVC em que o paciente tem uma paralisia de trinta minutos na mão e depois é revertida, porque a artéria não foi totalmente ocluída. Isso acontece devido a algumas alterações ocorridas no organismo, que faz com que essa oclusão seja evitada e o paciente possa retomar as funções de suas mãos. Nesses casos o médico aconselha que a pessoa faça um controle da doença, indo ao médico regularmente. Tomar alguns cuidados para evitar o AVC, como controlar a pressão arterial, diabetes, colesterol alto e evitar o estresse, também ajuda a ter uma vida mais longe e saudável - e sem sustos.

Infografia: Moacir Macedo

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DÉFICIT DE ATENÇÃO

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DIAGNÓSTICO DE TDAH

Especialistas discutem a dificuldade de comprovar a doença, que atinge 8% das crianças no mundo Aline Baeza e Rosália Almeida

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno neurobiológico caracterizado por um frequente comportamento inquieto e impulsivo. O distúrbio tem causas genéticas e é mais comum em crianças e adolescentes - podendo continuar presente na vida adulta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes do mundo são identificados hoje com TDAH. Mas há quem afirme a inexistência da doença. O psiquiatra Eduardo Sabóia concorda que há muitos casos mal analisados, e atribui a banalização à dificuldade de fechar o diagnóstico. “Nessa especialidade, infelizmente, não há um exame que detecte a doença. Se um médico desconfia de fratura, pede um raio-x e se desconfia de dengue, pede uma sorologia. Com o TDAH não há exame comprobatório. Mas há, sim, maus profissionais que não têm nem esse cuidado”, afirma Sabóia. De acordo com o psiquiatra, o que pode gerar a desconfiança da existência da doença é que seus principais sintomas como desatenção, desorganização, inquietação e impulsividade são características comuns da maioria das crianças. “O que acontece com o portador de TDAH é um exagero disso tudo. Na escola, ele não consegue sentar e prestar atenção na professora”, exemplifica. “Ele não para um minuto. Não é só uma criança levada. Ele simplesmente não fica quieto. E esse comportamento dura o dia inteiro”, relata Sueli Martins, mãe de Pedro

Henrique, de 9 anos. Há um ano, Pedro foi diagnosticado pelo doutor Sabóia com TDAH. Depois de verificar o baixo rendimento do filho na escola e conversar com a professora que reclamava do seu comportamento, a mãe decidiu procurar ajuda de um especialista.

não ter medo de se machucar. Estava sempre com hematomas pelo corpo. Eu me sentia incapaz de proteger meu filho. Fazer as tarefas escolares era impossível. Eu passava o dia inteiro tentando, ficava esgotada e ele não se concentrava”. Viviane procurou um especialista para conseguir controlar o filho, mas desistiu do tratamento Análise após perceber o despreparo do profisSabóia conta que, antes de dar sional. “Eu preenchi uma ficha com o diagnóstico, conversou com Pe- perguntas e em 15 minutos de condro Henrique, com Sueli e com a versa ele me deu a receita do remédio. professora do menino. Durante Fiquei assustada com o critério dele. dois dias, PeFoto: Lucas Ribeiro Essa atitude me dro passou fez repensar e por uma série decidi não mede testes com dicar meu fiuma neulho”, conta. ropsicóloga. A ficha a C omprovaque Viviane da a doença, se refere é o o psiquiatra questionáreceitou Clorio chamado ridrato de SNAP-IV e Metilfenidafoi construído to, substância a partir dos ativa do medisintomas do camento com Crianças com atitudes exageradas podem Manual de nome comer- apresentar o transtorno Diagnóstico e cial de RitaEstatística, da lina ou Concerta. Sueli conta que Associação Americana de PsiquiaPedro mudou após o uso de medi- tria. O questionário está disponível camento. Passou a ficar mais con- em diversos sites que tratam do ascentrado nas atividades diárias e o sunto, inclusive no da Associação rendimento na escola melhorou. Brasileira do Déficit de Atenção Porém, o cuidado na análise do (ABDA). Mas é preciso ter cuidado. transtorno nem sempre é comum. O teste, segundo Sabóia, é apenas Viviane Alves não aguentava mais a um dos diversos critérios para recoenergia exagerada do filho, Gabriel, nhecer o transtorno. de 8 anos. Largou o trabalho para se O psicólogo Erich Botelho não dedicar a ele, que estava ficando atra- questiona a existência da doença, sado na escola. Viviane conta que, mas a maneira como é identificada. desde pequeno, Gabriel não sossega- O especialista defende que uma equiva: “Ele se jogava da janela, parecia pe multidisciplinar, composta por

psicólogos ou neuropsicólogos, psicopedagogos e neurologistas, deve investigar o caso: “Depois de fechar o diagnóstico, os especialistas vão avaliar a necessidade do remédio. Há casos em que terapia e apoio psicopedagógico resolvem, há outros em que o medicamento é necessário”. Prescrição Se os profissionais da saúde concordam que há banalização no diagnóstico de TDAH, no uso do medicamento são quase unânimes. A droga mais receitada é o Metilfenidato. É um psicoestimulante que age sobre a dopamina, neurotransmissor desregulado em pessoas com o transtorno. O biólogo Marcello Lasneaux não acredita na existência da doença: “Comportamentos fora do padrão costumam ser tratados como clínicos. Uma vez clínicos, são resolvidos com medicamentos”. Ele batizou essa prática como “pilulização do comportamento”. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é o segundo maior consumidor do Metilfenidato, atrás apenas dos Estados Unidos. O consumo subiu de 70 mil caixas nos anos 2000 para 2 milhões de caixas em 2009. “O uso indiscriminado do medicamento é uma questão de saúde pública. Existem muitos jovens, sem diagnóstico de TDAH, utilizando o remédio para aumentar a concentração na hora de estudar”, diz Erich Botelho. O medicamento tem efeitos colaterais. A dosagem deve ser prescrevida pelo médico.


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R A T S EM E

NATURAL

FLORES QUE CURAM

Terapia alternativa com essências florais auxilia no equilíbrio das emoções Carolina Meneses e Giullia Chaves

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cias são vendidas em farmácias homeopáticas. Não existem contraindicações. Para animais Florais podem ainda ser utilizados com animais domésticos e de grande porte. “Devido à forte sensibilidade dos animais, os florais funcionam muito bem”, explica José Joacir. Eles reagem mais rapidamente ao tratamento: a terapia dura aproximadamente de três a dez dias. Muitas vezes, animais que sofrem de stress ou qualquer outro desajuste emocional que não é devidamente tratado ou diagnosticado, podem vir a ter problemas físicos e a terapia floral é recomendada junto com medicamentos passados para a recuperação física. Segundo sites especializados, a terapia floral não é exatamente responsável pela cura, mas acelera o processo de recuperação. O diagnóstico é feito da mesma maneira com animais e huGRUPO EMOCIONAL Medo Incerteza Falta de interesse no mundo à sua volta Solidão Hipersensibilidade aos outros Desalento ou desespero Preocupação exagerada pelo bem-estar dos outros

manos: por meio da observação do comportamento. Em animais, os donos devem observar comportamentos fora do comum e que passam a se tornar Foto: Nayane Gama

professora Regina Santos* Origem passou por um longo períOs florais foram criados no odo de depressão, mas se sentia início do século XX pelo médiincomodada por precisar tomar co inglês Edward Bach. Durante remédios alopáticos. Em busca a prática clínica, ele percebeu que por um método de o estado emocional tratamento natudos pacientes exerOs florais ral, passou a se tracia um papel fundatar com essências mental na cura das curam? Não florais, e afirma doenças. O médico sei. Aliviam que logo apresenidentificou 38 estaos sintomas? tou melhora. Asdos mentais negasim como acontece tivos e desenvolveu Muito com a homeopatia, uma essência floral Regina Santos* não existe compropara tratar cada um. vação científica sobre os efeitos O Sistema Floral de Bach é munda terapia. “Os florais curam? dialmente utilizado até hoje, incluNão sei. Aliviam os sintomas? sive em hospitais. Muito”, comenta. Regina conta que conhece várias pessoas que Como funcionam também tiveram bons resultados Segundo o terapeuta José Joacom esse tipo de tratamento. cir, florais não são medicamenFlorais são essências vibra- tos, mas substâncias que atuam cionais extraídas de flores nos níveis físico, mental, emoque atuam no equilíbrio de cional e espiritual, isto é, no ser emoções, pensamentos e sen- humano como um todo, sem setimentos. São utilizados para parar as partes. São preparados tratar a forma como a pessoa com água mineral, essência de reage às situações do dia a dia. flores silvestres e um conservanTerapeutas garantem que an- te, que pode ser conhaque, álcosiedade, medo, estresse e into- ol de cana ou glicerina vegetal. lerância, por exemplo, podem “Eles não substituem os reméser amenizados ou, até mes- dios alopáticos, mas são excelenmo, anulados. tes complementos para os tratamentos. Os efeitos geralmente são sutis e variam de acordo com ASTEFLOR a pessoa”, explica. A Associação dos Terapeutas Quem quer experimentar o Florais do Distrito Federal tratamento deve, primeiramen(Asteflor) é responsável por te, consultar um terapeuta ou profissional especializado. As regulamentar a profissão de consultas são semelhantes às terapeuta floral na capital. com psicólogos. O terapeuta Mais informações e lista de indica o floral que deverá ser terapeutas credenciados no site: utilizado com base no relato do cliente sobre a situação que está www.asteflor.com vivendo. Geralmente, as essên-

Florais alteram o estado emocional dos pacientes e aceleram a cura de doenças

rotineiros. É importante estar atento a mudanças de humor repentinas dos animais de estimação para tomar as devidas providências. Segundo o terapeuta, as essências também são assimiladas por plantas. *Foi utilizado nome fictício para preservar a identidade da entrevistada. FLORAIS Rock Rose, Mimulus, Cherry Plum, Aspen, Red Chestnut Cerato, Scleranthus, Gentian, Gorse, Hornbeam, Wild Oat Clematis, Honeysuckle, Wild Rose, Olive, White Chestnut, Mustard, Chestnut Bud Water Violet, Impatiens, Heather Agrimony, Centaury, Walnut, Holly Larch, Pine, Elm, Sweet Chestnut, Star of Bethlehem, Willow, Oak, Crab Apple Chicory, Vervain, Vine, Beech, Rock Water Fonte: www.floraisdebach.org


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CIDADANIA Ilustração: Moacir Macedo

LAR DOCE LAR

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Pacientes em estado vegetativo passarão a contar com o serviço home care pelo SUS Bruno Bandeira

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Brasil tem se deparado, nas últimas décadas, com o impacto que o crescimento da população de idosos vem provocando. As doenças crônicas não transmissíveis, morbidades associadas, como o câncer, a diabetes e doenças cardiovasculares - muitas delas em estágio avançado -, entre essa população, têm feito com que o governo estude e aplique novas possibilidades de tratamento para a terceira idade. Com a evolução das doenças e com o diagnóstico terminal em parentes, muitas famílias optam por montar um verdadeiro hospital dentro de casa, primeiro pela comodidade, e segundo pelo conforto que se pode oferecer em um ambiente mais humanizado. O chamado home care é uma opção segura encontrada pelas famílias para concretizar um atendimento que normalmente é complicado, desconfortável para ambas as partes envolvidas. Após o quadro médico ser estudado, o paciente é transferido para a sua casa, contando com toda a infraestrutura necessária. O atendimento pode ser feito em três níveis de assistências: alta complexidade (enfermagem 24 horas); média complexidade (enfermagem 12 horas); e baixa complexi-

dade (apenas para procedimentos de enfermagem). A Secretaria de Saúde do DF, numa iniciativa inédita no país, passou a oferecer o serviço de home care a pacientes crônicos e em fase terminal que dependem de ventilação mecânica. Mas somente desde o mês passado, 40 vagas foram disponibilizadas às pessoas com tal indicação médica e autorização da família. Segundo o atual secretário de saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa, é fundamental ter uma estrutura hospitalar em casa quando a família dispõe de recurso para isso. “O paciente ganha, junto com sua família, que terá mais qualidade de vida”. Para ele, o serviço de home care descongestiona os hospitais, tendo em vista que os números de leitos são insuficientes para comportar a demanda atual. “Antes do home care, não era possível saber quando o leito de UTI ocupado por um paciente crônico seria desocupado. Hoje, temos a rotatividade necessária para oferecer um serviço a mais para a sociedade”. Dificuldades Muitas famílias têm passado por um verdadeiro calvário quando o assunto é assistência médica. Dúvidas acerca de atendimento e marcação de consulta têm assombrado o brasiliense e,

a cada troca de governo, propostas têm encorajado à esperança de quem necessita de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pacientes crônicos que “moram” nos hospitais públicos do DF, por não terem condições de prosseguirem com o tratamento em casa, sofrem com a falta de oportunidade de ter um atendimento exclusivo no tocante à assistência 24 horas. No dia 14 de agosto de 2008, o aposentado, Antonio Baeza, hoje com 70 anos, após a novela das 21h, fora jogar dominó na praça, como de costume. No dia ainda aproveitaria para assistir ao jogo do vasco, que enfrentaria o palmeiras. Na praça, seu Antonio foi surpreendido por uma tentativa de assalto. Por volta das 23h30, a família Baeza era chamada por vizinhos com batidas no portão. “Depois que os meus vizinhos contaram o que tinha acontecido com meu pai, olhei para a rua e o vi lá, com o rosto todo coberto de sangue. Estava irreconhecível, respirando com dificuldade”, relata Aline Baeza, uma das quatro filhas de seu Antonio. No chão, ao lado do pai de Aline, estavam algumas folhas de cheque e um documento dele. “Não levaram relógio, aliança. A chave de casa estava perto do portão, o que mostra que ele foi agredido quando chegava”. Após levar pancadas na cabeça, seu Antonio teve traumatismo craniano. Há quatro

anos, encontra-se em estado vegetativo persistente. Durante os dois primeiros anos que sucederam a agressão, existia a possibilidade de melhora, mas depois disso os médicos acharam muito difícil. O diagnóstico não deu brechas para dúvida: ele precisaria de atenção e cuidados permanentes. A rotina de Antonio se alterna entre momentos de vigília e sono. Ele se alimenta por meio de sonda. Na época do incidente, a família entrou com um pedido na Defensoria Pública para que o plano de saúde cumprisse a obrigação de conceder o tratamento necessário, e assim assisti-lo permanentemente. Hoje, Antonio recebe cuidados home care, da Ideal Care, particular. De duas em duas horas, é preciso virar o aposentado para evitar escaras, que são lesões na pele causadas pela permanência constante na mesma posição. Para o secretário Rafael Barbosa, é fundamental garantir o serviço. “Toda a assistência é garantida no serviço home care” . No programa do Distrito Federal, mantido pelo SUS, a família pode levar o paciente para a casa, desde que tenha feito todas as adaptações necessárias. Além disso, é preciso ter indicação médica e autorização dos familiares. “Nós ofereceremos o leito, os profissionais em domicílios, a alimentação e os tratamentos complementares”, conclui.


TO N E M TA R O P COM

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MÁQUINA DO TEMPO

ELVIS NÃO MORREU

O autodidata que vive em um universo paralelo projeta a “viagem” que pode fazê-lo se encontrar com o rei do rock Guilherme Assis e Rayna Fernandes

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a sala de aula, um homem alto. Cabelos longos e com alguns adereços. Suando bastante – talvez por receber quem queira ouvi-lo – e com um olhar estremecido. Domingos Leonardo dos Santos, 30 anos, é fascinado por física e apaixonado pela ciência. Há anos acredita em um projeto revolucionário: a máquina do tempo. “O mundo é como The Sims: uma realidade simulada, mas na velocidade e percepção acelerada. Inclusive tenho aqui um livro de Stephen Hal...”, elucida enquanto fala para a plateia de jornalistas. “Entrem! Fiquem à vontade! Mas só podemos começar depois de eu conseguir uma caixa de som e um microfone. Minha voz fica melhor assim”, diz. Uma sala, um acervo de

Foto: Guilherne Assis

livros, um organograma desenhado na lousa e tudo pronto para começar a contar suas histórias. Domingos, ao saber que seria entrevistado, preparou um ambiente propício para o discurso. Volta o físico-teórico – assim chamado pelos colegas e professores – com um amplificador de guitarra, um microfone e enorme disposição para falar. Domingos se diz fissurado por física e pelo tempo desde a infância. “Sempre me interessei por tudo que vem da natureza humana, fenômenos ecológicos e neurocientíficos, máquinas de eletroencefa...elefaço... entrefaço...enéla...”... “Eletroencefalograma”, ajudam os repórteres. A paixão se concretizou quando ganhou o primeiro livro: A Máquina do Tempo, ficção cientifica do escritor inglês H. G. Wells. A partir daí, ele começou a projetar a ideia que vinha surpreender a todos: “a viagem pelo tempo, que é possível pelas ondas sonoras, por ondas de luz e por ondas de átomos. Pois tudo é átomo. Tudo é transportável, e tudo é luz e, como dizia Chico Xavier...”, reflete, enquanto divaga em incontáveis raciocínios. Considera-

Antes dos repórteres chegarem, Domingos já havia preparado sua “aula”

-se um tanto habilidoso, é bastante curioso, estuda para tentar descobrir a fórmula do tempo. Possui muito material de física, atividade extraterrestre e ficção científica. Todos folheados repetidas vezes. Questionado pelo número de volumes que já leu, Domingos afirma que “o importante é a qualidade e não quantidade”. Outra paixão o acompanha – na mente: Elvis Presley. “Por muito tempo, fiz cover do Elvis, hoje diminuí um pouco, por causa do tempo”. No facebook, o nome do rei vem antes: Elvis Leonardo Santos. E diz orgulhosamente: “Como Elvis, já fui para a tela do Balanço Geral cinco vezes”. Revolução Morador de Valparaíso-GO há 16 anos, é conhecido por todos. Lá, o “Elvis” faz sucesso. Gosta de parar e conversar com as pessoas, considera importante levar alegria a todos. Além de cover do Elvis – e profissional da retórica empírica – imita 32 vozes, toca flauta doce, estuda e ainda arruma tempo para vender imóveis. Ele conta um episódio que o surpreendeu: certo dia, sentiu-se hipnotizado e passaram algumas palavras pela mente. Foi pesquisar no Google e todas estavam relacionadas à era medieval. Acredita que nos últimos tempos as circunstâncias têm apontado para uma relação passada com os povos medievais. “Talvez tenha vivido lá”, diz. Vários papéis e desenhos entrelaçados na lousa branca, uma tentativa de explicar a revolucioná-

ria viagem no tempo. Acredita no projeto. Sempre participa das feiras de ciências a fim de apresentar a máquina – que ainda não existe, de fato – e acompanhar outras engenhocas da Física. O professor de Domingos e mestrando na Universidade de Brasília (UnB), Cândido Moreira, 38 anos, que acompanhava a conversa, explicou: “Ele tem ideias revolucionárias e possui muitos materiais científicos, mas tem um longo caminho a percorrer” (destaque no “longo”). Domingos mostra-se focado e disposto a materializar o aparelho ainda inimaginável. Por fim, não ficou satisfeito com suas explicações. Mostrou um pouco do seu talento, fez um roteiro de imitações, e em cinco minutos, foi hipnotizado por Elvis, cantou e lembrou seu herói. Fez questão de apresentar seu livro preferido: O universo numa Casca de Noz, do físico Stephen Hawking – aquele que fala através de um computador. “É um excelente livro e indico. Apesar da física ser complexa, o livro tem uma linguagem simples”. Leonardo tem sempre algo a mais para explicar, gosta mesmo de uma boa prosa, além do tempo e de Elvis, é claro. Na despedida, um pedido de desculpa, e uma exclamação: “Não sou perfeccionista, mas poderia ter feito melhor”. Ele corre até o carro e faz seu último pedido: “você tem e-mail? Vou mandar e atualizar para vocês os materiais que tenho e o andamento da máquina do tempo”.


C U LT

EVENTOS

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POR TRÁS DO ESPETÁCULO

Para produtores de shows de grande porte sediados em Brasília, planejamento é a chave do sucesso George Magalhães

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Foto: Anna Cristina

capital federal já faz parte da imagina que é um ritmo rota de grandes shows na- intenso, mas para quem cionais e internacionais. Visan- está na estrada há muito do aproveitar cada vez mais estas tempo é repetição e oroportunidades, o administrador ganização”, esclarece. Mesmo com a expede Brasília, Messias de Souza, realizou no mês de novembro riência, algumas etapas uma reunião com os produtores são obrigatórias: “Prida cidade. O objetivo é estar em meiro dependemos da contato com quem realiza shows vontade do artista, de para que a população tenha mais uma boa data e de divulopções de lazer e diversão. De gação eficiente. Os nosacordo com Messias, o cresci- sos trabalhos começam, mento é desejável, mas desde que geralmente, um mês anuma etapa seja cumprida: o pla- tes do evento. Definimos nejamento. “Somos uma cidade a estrutura e contatamos cosmopolita e os eventos desen- quem vai trabalhar”. A volvem a economia. Mas é neces- equipe de estrutura tersário planejar mais para que não ceirizada é geralmente existam impactos na segurança composta por som, luz, Apresentações na capital chegam a movimentar até 700 pessoas nos bastidores pública”, destaca. Mas como fun- cobertura, tenda, palciona esta organização e o que a co e gerador. Todos os requisitos deram lucro. Temos que traba- organização como ponto princiatendidos por empresas de Brasí- lhar pesado e ter uma reserva fi- pal. “Eu trato com a naturalidade faz ser bem estruturada? lia. “Para este nanceira para qualquer eventual de acordar e ir tomar café da maAndré “Cabeshow do David problema”, comenta. lo”, produtor e nhã. É mais repetição e coordenaQuem está de fora Guetta a única dono da Medley ção do que já é desenvolvido. Os imagina que é um ritmo coisa que veio Entretenimento, Envolvimento no mercado contratados vão aos locais para intenso, mas para quem de fora foi um foi responsável O proprietário da F2 entrete- montagem e eu só vou na hora telão de LED, nimento, Fernando Borges, já fez de começar”, diz. A preocupação pela organização está na estrada há muito tempo é organização que era exigên- shows com nomes nacionais como desse tipo de atividade é outra: a do show do Dacia do próprio Caetano Veloso, Maria Gadu, Ana presença. “Divulgo e espero retorvid Guetta em André “Cabelo” DJ. Mas Brasí- Carolina, Gal Costa, Exaltasam- no. O problema é que não existe Brasília no último dia 14 de novembro . O DJ, lia tem uma boa área de serviço ba, Revelação e Jeito Moleque. certeza. É criar divulgação pela recém eleito o Melhor Artista do que nos atende”, explica. As pesso- Ele explica que a quantidade de internet, boca a boca ou flyers e Ano pela MTV Europe Music as da cidade também são um fator pessoas envolvidas e o orçamento ficar no aguardo. Nesta parte, o Awards, levou cerca de 20 mil positivo: “O público de Brasília é são variáveis. “Em eventos para que mais nos preocupa é a vinda pessoas ao estacionamento do bem diversificado e vai a tudo. De mais de 3 mil pessoas, geralmente das pessoas”, explica. Mané Garrincha. André expli- sertanejo à rock, as pessoas com- trabalham de 500 a 700 pessoas, cou como funciona o processo parecem”. entre terceirizados e parceiros. O A operação em um show tam- orçamento vai desde 180 mil a 1 de seleção dos organizadores. “O Saiba mais: Grande parte dos maiores empresário do artista escolhe as bém pode ser considerada um milhão de reais, dependendo do eventos é realizada no praças nas quais gostaria de atuar investimento de risco. “Claro artista”. Além desses eventos, Ferestacionamento do futuro e oferece a quem considera ca- que trabalhamos para diminuir nando promove atividades semaEstádio Nacional de Brasília paz. A experiência conta bastante as chances de erro. Mas é com- nais na cidade. Cerca de 80 pes- atualmente em obras -, por nesta etapa”, assegura. O trabalho plicado. Já fiz shows que me de- soas são envolvidas. Mesmo com conta do fácil acesso ao local. é uma rotina: “Quem está de fora ram prejuízos e outros que me um número menor, ele destaca a


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SOBREMESA

RABANADA PODE SER SAUDÁVEL

Prato típico de Natal também é tradição em vários outros países Fabiana Sousa e Sílvia Guerreiro

Lucim Foto:

Natal está chegando, e com ele as guloseimas tradicionais da data. No Brasil, a ceia natalina é farta e as sobremesas não podem faltar. A rabanada é uma das receitas tradicionais na comemoração que marcam território nos cardápios natalino. O doce é apreciado e é difícil encontrar alguém que não goste. “Eu sempre como rabanada no Natal. Para mim é sagrado, é o melhor doce da data. Gostaria de comer em outras ocasiões, mas na minha casa só fazemos em dezembro, isso a torna ainda mais especial”, conta a professora de inglês, Vanessa Carla Dias, 23 anos. Apesar de compor o cardápio da ceia natalina brasileira, a origem da rabanada é desconhecida. Alguns apostam que se trata de um doce português, que faz parte da ceia de 24 de dezembro do país, motivo pelo qual os brasileiros também a apreciam nessa data. Em Portugal, a guloseima é conhecida como “fatia da mulher parida”. Por se tratar de uma comida calórica, a rabanada era oferecida às mulheres que tiveram filhos para que pudessem se recuperar do parto e gerar mais leite para a criança. Outros garantem que a rabanada seria um prato espanhol da Idade Média. Há ainda quem jure que o doce é de

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origem francesa, uma adaptação da famosa French Toast. Independente do lugar onde a guloseima foi criada, todas as receitas do prato tem o pão como ingrediente principal, sobretudo envelhecido, e pode ser adaptada. A personal cooker, Stela Lima, coleciona histórias envolvendo o prato. Desde que começou a fazer o doce nas festas de família há mais de 20 anos, percebeu o sucesso da sua receita. O segredo está na utilização de leite condensado e essência de baunilha na mistura que é usada para umedecer o pão. Além disso, Stela substitui todos os ingredientes da receita por produtos light, o que a torna menos calórica: “O sabor não muda, fica até melhor. Ao invés do óleo, eu frito as fatias na manteiga, o que as deixam menos gordurosas e doces”. Stela Lima conta que a receita não é tão comum em Brasília como é em outros estados do país, onde as pessoas comem o ano inteiro, por isso a rabanada faz tanto sucesso nas festas natalinas da capital. Segundo ela, as pessoas tendem a comprar prontas as rabanadas, mas a receita é fácil e pode ser feita em casa. Segundo a nutricionista Alice Késia, a substituição dos ingredientes da receita por itens light ou diet deixa o prato mais saudável: “Esses produtos têm menos quantidade de gordura e por isso são considerados mais saudáveis”. Com ingredientes lights, a receita é simples e pode ser feita em casa


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