Artefato - 03/2013

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INTEGRAÇÃO Ano 14, Nº 1 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, março de 2013

Jornal - Laboratório - UCB

A tendência é piorar

Foto: Giselle Cintra

Construções de grande porte em regiões sem infraestrutura de trânsito afetam a mobilidade urbana. Antes mesmo do término das obras, fluxo de veículos já incomoda vizinhanças pág. 13 e 14

PRECONCEITO

SUSTENTABILIDADE

Transexuais enfrentam obstáculos para conseguir atendimento no SUS. pág. 14

Permacultura pode amenizar problemas ambientais com reaproveitamento de recursos. pág. 07

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VIOLÊNCIA Casos de agressão estão relacionados ao consumo de álcool. pág. 18

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EDITORIAL

Onde está a saída? Basta andar pelas ruas do Distrito Federal para perceber que o trânsito está à beira de um colapso. Entender esse caos, quando pesquisas mostram que a cada dois brasilienses um tem carro, parece ser mais fácil. Os incentivos fiscais para a venda de carros novos, o sucateamento histórico do transporte público e a ineficiência da engenharia de trânsito estão listados como os

principais impulsionadores dos engarrafamentos diários. Atualmente, não tão longe das principais vias do DF, surge um novo problema: o crescimento vertical das moradias em condomínios. A flexibilização do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) concede às construtoras o direito de levantar grandes condomínios onde antes o limite era de três andares, quando

muito. É nessas regiões sem infraestrutura viária e de transporte público, que o número de moradores cresce vertiginosamente pela permissividade do PDOT. Recentemente, moradores de Taguatinga e Ceilândia se tornaram cobaias da integração dos ônibus. A promessa era de melhoria, mas esqueceram de dizer que a frequência dos circulares seria reduzida. Não pensaram no trabalhador,

que agora deve acordar mais cedo para pegar de dois a três ônibus, em vez de um para chegar ao serviço. Parece que é mais importante satisfazer empresários do que o cidadão comum. Se o governo e os parlamentares tivessem interesse real no bem-estar do povo, o transporte público coletivo seria priorizado e a aplicação das normas seria cobrada com o devido rigor.

OPINIÃO

Entre tapas secos e beijos encharcados >> Thyago Santos Uma relação de amor e ódio encontra palco perfeito no Planalto Central: o brasilense não sabe se adora ou detesta o período chuvoso. A temporada seguinte aos meses de março e abril retrata o fim temporário de uma relação conflituosa. Nesse cenário, a plateia que se dispuser a assistir aos capítulos posteriores da novela será entretida com um romance de previsíveis declarações de amor, abraços umedecidos e brigas na lama. É o roteiro de uma história conhecida por quem mora em Brasília. No primeiro ato, o brasiliense está sozinho. Anseia por um

abraço apertado e demorado da chuva, que o deixara meses atrás sem se despedir. Deitado sobre um chão seco, cinza e empoeirado, ele a espera. A esperança de vê-la novamente paira no coração. Gotas de sangue escorrem das narinas e os olhos clamam por um pouco de umidade. A pele já não tem o brilho e o toque suave de antigamente. Aguardar é o que lhe resta. Ao início do segundo ato, o céu começa a fechar. A forte ventania levanta o pó que repousava em longo cochilo. Ela está chegando. Emocionado, o brasiliense corre para recebê-la. O

cheiro de terra molhada anuncia o retorno da amada. A primeira gota toca a pele para lhe garantir que é verdade. O grande amor finalmente voltou. Nos primeiros meses é só carinho e felicidade: o brasiliense volta a ter a pele aveludada, as vias nasais se reconstituem e os olhos se despedem do colírio. Entretanto, o brasiliense começa a ser ingrato. A enxurrada de beijos faz transbordar a paciência. A demasia de atenção por parte dela o faz reclamar dos beijos molhados. O que era só paixão se transforma em ódio. A gota d’água é quando a chuva

resolve sujar todo o carro ao dar um passeio. Tão perto, mas tão distantes eles resolvem se separar. A chuva faz as malas e vai embora. A princípio, o brasiliense só faz festa. Curtir a liberdade dando uns “amassos” no Sol é fantástico. Até que ele passa a ver as cores do mato e das flores ao redor começarem a sumir, como se a felicidade estivesse se evaporando. É então que ele se deita para esperar o regresso do verdadeiro amor. Ansioso, confiante e esperançoso, anseia pela volta da amada.

EXPEDIENTE Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 1, Março de 2013 Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto Professores responsáveis: Alberto Marques e Fernanda Vasques Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense Editores-chefe: Maria Rita Almeida e Samuel Paz Editores de fotografia: Anna Cléa Maduro e Percy Souza Editores de web: Flávia Sousa e Robson Abreu Editores de arte: Enaile Nunes e Henrique Carmo Editores de texto: Carlos Alberto, Quéssia Maia, Renata Cardoso, Susana Senna, Thyago Soares, Yale Duarte

Ilustração: Henrique Carmo

Repórteres: Altieres Losan, Anna Cléa Maduro, Ana Paula Viana, Alessandra Oliveira, Bruno Santos, Caroline Coêlho, Carlos Ribeiro, Dayanne Teixeira, Dayane Oliveira, Enaile Nunes, Felipe Carvalho, Flávia Sousa, Henrique Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis, Lane Barreto, Luana Lopes, Magdalena Bertola, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara Andrade, Nayara Viana, Patrícia Marques, Paula Vianna, Percy Souza, Quéssia Maia, Raiane Samara, Renata Cardoso, Roberley Antonio, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thiago Baracho, Thyago Santos, Victor Araújo, Vitor Rachid, Walquíria Reis, Yale Duarte Fotógrafos: Adriana Braga, Alessandro Alves, Allan Virissimo, Amanda Gonzaga, Bárbara Cabral, Bianca Lima, Carolina Freitas, Carolina Matos, Faiara Assis, Filipe Rocha, Giselle Cintra, Guilherme Pesqueira, Ingrid Rodrigues, Jéssica Lilia, Juliana Procópio, Jussara Rodrigues, Luma Soares, Priscila Suares, Raissa Merielle Samuel Paz Subeditores de fotografia: Amanda Gonzaga, Bianca Lima, Jéssica Lilia, Luma Soares Checadores: Jéssica Antunes, Samanta Lima, Simone Sampaio, Walquíria Reis Diagramadores: Michelle Brito, Júnior Assis, Bruno Santos, Felipe Carvalho, Roberley Antonio

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Athalaia Editora Universidade Católica de Brasília EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237

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DIREITOS

CIDADANIA

Paternidade anônima No Brasil, uma em cada três crianças só tem o nome da mãe na certidão de nascimento >> Samita Barbosa

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Auxílio aproximadamente seis mil reconheciOutra forma de atuação no âmbito mentos de paternidade. público para auxiliar no registro de paA moradora de Planaltina, Delma de ternidade foi a criação do Programa Pai SouzaVieira, conheceu o pai de Douglas Legal nas Escolas. O programa consiste em uma viagem ao Rio Grande do Sul. na realização de audiências em escolas Quando Delma voltou a Brasília, despúblicas onde mães, previamente no- cobriu que estava grávida e telefonou tificadas, informam dados do suposto para o pai que não quis registrar a “O pai se dá o direito pai. Após ser localizado, ele presta de- criança. Quando o menino complede abandonar a mãe e a poimento à promotoria de justiça. Ao tou 15 anos, Delma foi notificada pelo contrário do que prevê a lei 8.560/92, a Ministério Público do Distrito Federal criança, ele se outorga retirada da segunda via do registro civil e Territórios (MPDFT) para que comda obrigação de alimen- com o nome do pai pelo Programa Pai parecesse à audiência do Programa Pai Legal. Com os dados necessários pastar e educar o filho.” Legal é gratuita. Segundo a Promotora de Justiça, sados ao MPDFT, foi possível notificar Ana Liési Thurler Leonora Brandão, ao longo dos dez o pai. Apesar de hoje ser registrado, anos do programa, foram instau- Douglas nunca o conheceu. Questão pública O registro de paternidade saiu do rados 11 mil procedimentos, com âmbito privado e passou para a responsabilidade pública. Com a intervenção do poder judiciário, houve um aprimoramento no processo de registro de paterno. Com a lei 8.560/92 – que regula a investigação de paternidade dos filhos gerados fora do casamento –, a mãe tem auxílio para encontrar o pai. Segundo a advogada orientadora da Universidade Católica de Brasília (UCB), Aleísa Gonzalez, com a implementação da lei 8.560/92, “o registro de paternidade não fica vinculado ao cartório de registro do filho, o pai pode fazer esse registro em qualquer cartório do Brasil tornando o processo mais simplificado”. Aleísa explica que a mãe passa os dados do suposto pai, então, o juiz o notifica. Caso o pai não se manifeste, cabe ao Ministério Público entrar com ação de reconhecimento de paternidade. Se necessário, o suposto pai deve realizar o exame de DNA. Depois desse processo, a mãe retira a segunda via da certidão Maria Madalena (sentada) foi quem ajudou a criar Lays. Sozinha, a mãe Nilzete, não teve condições. de nascimento do filho por R$ 85. “quando eu era mais nova eu queria saber quem era meu pai, mas vi que ele não se interessava e perdi essa vontade”. Mesmo não sendo registrada pelo pai biológico, Lays afirma: “Fui educada por um pai de criação, então nunca me faltou uma figura paterna”.

Foto: Juliana Procópio

ara tornar-se cidadão de um país, o primeiro passo é obter o registro civil que, desde 1996, é gratuito e facilitado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma redução de registros tardios no Brasil. Passou de 7,1% em 2010 para 6,7% em 2011. O problema atualmente passa a ser outro: a ausência do nome do pai na certidão de nascimento. A doutora em sociologia, Ana Liési Thurler, aponta que no Brasil, cerca de 30% das crianças não tem o nome do pai no registro civil, tendo em vista que, em 2011, segundo o IBGE, o número de nascidos vivos foi de 43.846. Ana Liési fez um levantamento em dez cartórios do Distrito Federal entre os anos 1961 e 2000. Ela analisou 180 mil certidões de nascimento. Segundo a pesquisadora: “O pai se dá o direito de abandonar a mãe e a criança. Ele se outorga da obrigação de alimentar e educar o filho”. A pesquisadora acrescenta que a sociedade e o Estado não têm recursos que auxiliem a mãe solteira a entrar no mercado de trabalho. “O Brasil tem pouquíssimas creches públicas, por exemplo.” explica. Em 1992, Nilzete Batista foi registrar, sozinha, a filha Lays Cristine que nascera naquele ano. Na certidão de nascimento de Lays, só constam os dados maternos. Nilzete teve dificuldades pra criar a filha, inclusive financeiras. Quando Lays começou a estudar Nilzete chegou a pedir ajuda ao pai para comprar o material escolar, no entanto, ele se negou. Assim que Lays completou oito anos, Nilzete pediu a amiga Maria Madalena e ao seu esposo para criarem a filha. Hoje Lays cursa Direito, com bolsa integral do Programa Universidade para Todos (Prouni). Ela relembra:

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ESCOLA

EDUCAÇÃO

Aula de hoje: reformulação do currículo Proposta de semestralidade apresentada para melhorar educação no DF gera polêmica, mas já funciona para o ensino médio Foto: Faiara Assis

>> Maria Rita Almeida Susana Senna

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rotina para chegar à escola do DF não mudou. A estrutura delas também não. A novidade para o início de 2013 está nas salas de aula. Isso porque, algumas escolas do DF estão adotando o sistema de semestralidade. Esse novo método de aprendizagem surgiu com objetivo de melhorar a qualidade de ensino e preparar os estudantes para uma visão além do vestibular. Outro beneficio, segundo o coordenador de ensino médio da Secretaria de Educação do DF, Gilmar Ribeiro, seria a maior interação dentro do ambiente escolar. “Com a semestralidade teremos melhorias e mais eficácia em todo processo pedagógico”, explicou. A ideia é dividir as disciplinas em blocos, A e B. Cada turma estuda um bloco por semestre que terão diferentes disciplinas, apenas matemática e português serão fixas durante todo o ano letivo. O vice-diretor do Centro Educacional 07 de Taguatinga, Genovaldo Ximenes, teve a oportunidade de trabalhar com semestralidade em 1998 e considerou uma boa experiência. “O nível de aprendizado do aluno é outro, tendo em vista a quantidade de matérias”, declarou. Na escola onde Genovaldo atua,

Com a semestralidade temos uma melhoria e mais eficácia no processo pedagógico. Gilmar Ribeiro

Sistema de divisão de disciplinas foi adotado desde o início do ano

a semestralidade já faz parte do cotidiano dos alunos: “A nossa escola aceitou o novo modelo, depois de reuniões com pais, alunos, professores e funcionários participaram da discussão”. Por que discutir? Apesar das discussões que aconteciam desde o ano passado, o comunicado da implantação do novo currículo pela Secretaria de Educação do DF, surgiu de forma inesperada. Em Taguatinga, o Centro de Ensino Asa Branca (Cemab) optou por não se adequar à proposta. O diretor da Cemab, Jucelino de Carvalho, acredita no potencial do aprendizado com a semestralidade, mesmo não tendo adesão unânime na escola. “Da forma que foi colocado, os professores entenderam que não houve um debate de instrução com a comunidade o que formou um grande desconforto”, criticou o diretor. Assim como no Cemab, muitos

envolvidos na questão resolveram não acatar as novas regras. O primeiro a se posicionar foi o Conselho de Educação do DF. O Artefato tentou contato com representantes do órgão, mas não obteve respostas. Em consulta ao parecer do processo, obtido pelo jornal, consta que houve uma ação contra o ato da SEDF colocada como “uma mudança abrupta e que não teve a participação da comunidade escolar (profissionais de educação, pais e alunos)”. Essa também foi uma das alegações da Associação dos pais e alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa- DF). Para o presidente da associação Luis Claudio Megiorin, “embora a proposta pareça no início ser atrativa, sentimos que a questão é complexa, porque temos uma realidade de PAS e vestibular diferente da realidade que nós temos confrontada com a semestralidade”.

Divergência O Centro de Ensino Médio 111 (CEM 111) do Recanto das Emas é uma das escolas que adota o novo currículo para o ensino médio. A orientadora do CEM 111, Rejane Siqueira, afirma achar a proposta interessante: “Em caso de reprovação, os estudantes terão a oportunidade de ter o reforço escolar com o professor específico”. No entanto, o coordenador do ensino médio, Gilmar Ribeiro, aponta a impossibilidade de reforço com professores, já que as escolas devem adotar a monitoria com estudantes do terceiro ano da própria escola e graduandos de áreas especificas. Outra preocupação da semestralidade é de como será feita a recuperação das disciplinas, pois os alunos teriam que adotar o contra turno. A professora de pedagogia da Universidade Católica de Brasília, Maria da Conceição Batista, destaca que a falta de espaço nas escolas pode prejudicar os estudantes, principalmente as que sofrem carência de estrutura: “temos que entender que nem todas as escolas terão condições para atender os alunos no seu turno e contra turno”. A estudante do terceiro ano, Nayara Moura, concorda com o novo currículo: “A semestralidade simplifica as matérias e a gente entende mais”. Já a estudante do terceiro ano Paloma Santana, está preocupada com o vestibular. “Quando chegarmos no fim do ano para fazer vestibular não teremos a mente fresca para as matérias que a gente estudou no primeiro semestre”.

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BIBLIOTECAS

CIDADES EDUCAÇÃO

Propagando Cultura Novos modelos de bibliotecas públicas utilizarão ações sociais do GDF para proporcionar cidadania aos usuários >> Renata Cardoso

ensando na integração da comunidade com as bibliotecas públicas, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal (Secult) tem desenvolvido um projeto chamado Bibliotecas do Cerrado. A intenção da iniciativa é transformar o espaço em um polo irradiador de ações culturais.A intenção é que a biblioteca se torne um centro de referência em cidadania. Todas as ações sociais das secretarias do Governo do Distrito Federal (GDF) serão levadas para dentro delas, como oferta de informação ao público. No fim de 2012 membros da Secretaria de Cultura fizeram uma visita técnica à Colômbia, com a intenção de conhecer o perfil das bibliotecas do século XXI. O gerente de Sistema de Bibliotecas Públicas do DF, Wander Filho, explica que o país foi escolhido por ser modelo na administração bibliotecária. “As bibliotecas parques que existem no Brasil, a de Manguinhos e da Rocinha no Rio de Janeiro foram inspiradas nos modelos colombianos”, ressalta Wander. A intenção do projero é formar leitores assíduos. “Queremos uma comunidade na qual os pais venham e tragam seus filhos a biblioteca”, explica Wander. Segundo a Gerência do Sistema de Bibliotecas Públicas do DF, a previsão é de que em maio deste ano as Bibliotecas do Cerrado comecem a funcionar. As primeiras unidades a receberem as ações das secretarias do governo do Distrito Federal serão as do Cruzeiro, Núcleo Bandeirante, Ceilândia e a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB). A ideia é que as outras bibliotecas também sejam contempladas no futuro.

Foto: Carolina Matos

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A Biblioteca Nacional de Brasília recebe estudantes de todas as Regiões Administrativas do DF

Situação atual O Distrito Federal possui 26 bibliotecas públicas espalhadas pelas cidades satélites. Uma das mais procuradas é a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), com visitação diária de 400 a 600 usuários. Moradora do Guará, Lígia Franco frequenta a BNB para estudar, já que a da sua cidade, sofre com a falta de segurança. “Se você deixar material lá, corre o risco de levarem, não dá para confiar”, conta Lígia. Em visita à capital federal, os estudantes de Belo Horizonte, Leonardo Zegarra e Ana Carolina Maia, tiveram a curiosidade de conhecer o acervo da BNB, porém não encontraram livros disponíveis. “Não tem livros aqui. Na biblioteca pública em Belo Horizonte, há um acervo muito grande e raro”, afirma Leonardo. A relações públicas da Biblioteca Nacional de Brasília, Flávia Marta, acredita que até o final do 1º semestre de 2013 a situação esteja normalizada, para que o público

possa utilizar o acervo. Ela orienta que qualquer dúvida ou sugestão seja encaminhada. “Poderemos solucionar os problemas com a ajuda da comunidade, por meio do atendimento ao usuário, no site da biblioteca”, ressalta Flávia. Bibliotecas para todos O deputado federal José Stédile (PSB/RS) desenvolveu o projeto de lei 3727/2012, com o intuito de instituir bibliotecas públicas em todos os municípios brasileiros. A proposta prevê também um livro para cada habitante. O projeto surgiu como forma de incentivo à cultura. Segundo o deputado, a biblioteca pública pode se tornar uma ferramenta fundamental para a formação do indivíduo. “Isso se os secretários da educação e cultura incentivarem o funcionamento das bibliotecas como espaço de pesquisa, algo que ultrapasse o ambiente escolar”, completa o deputado. Stédile também apresentou ao

Ministério da Cultura um modelo de bibliotecas públicas sustentáveis e com acessibilidade. Nelas, haverá locais para colocar bicicletas, espaços para pesquisa e leitura adaptados a pessoas com necessidades especiais.

As Bibliotecas Parques possuem um ambiente que possibilita a integração com a comunidade, com espaço de leitura adaptado a pessoas com deficiência visual, filmoteca, cineteatro e ludoteca. Elas oferecem acesso gratuito à internet, empréstimos de livros, além de atividades voltadas a crianças e jovens da comunidade. Maiores informações a respeito podem ser consultadas em: http://www.cultura.rj.gov.br/projeto/bibliotecas-parque

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EDUCAÇÃO

ACESSIBILIDADE

Por uma educação especial Apesar do aumento no número de alunos com deficiência em escolas regulares, a inclusão ainda precisa avançar >> Anna Cléa Maduro

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de ensino regular. A menina foi aceita em um colégio, no Guará - DF, que fez um trabalho de “humanização, acolhimento e amor”, segundo Eliane. Após o acesso na escola convencional, os relatórios médicos apontaram que a adolescente teve uma melhora física e intelectual. “Falaram que eu não ia andar, correr, estudar. Hoje eu faço tudo isso e sonho chegar à faculdade”, diz a menina. Elaine atribui as conquistas da filha principalmente à instituição, que não mediu esforços. “Se não fosse o apoio da direção e dos professores, ela não teria chegado onde chegou. Eles fizeram um trabalho impressionante. Eu estou muito feliz, é uma conquista”, comemora a mãe. Felipe Henrique Silva, 8, também nasceu com uma deficiência, mas os médicos logo identificaram que o menino tinha capacidade de freqüentar aulas em uma classe comum. A professora, Maria da Paz Alves, lembra que a turma foi reduzida para atender às necessidades e permitir um atendimento diferenciado ao aluno especial. Felipe passou também a ser acompanhado por uma monitora para auxiliá-lo nas atividades e na locomoção, mas essas adaptações não foram suficientes. Maria da Paz conta que a recreação do menino, por exemplo, fica prejudicada porque o ambiente não é totalmente adaptado para cadeirantes. “Todas as vezes que vamos ao parquinho, eu preciso de alguém para tirá-lo da cadeira de rodas. É difícil, porque tenho os outros alunos e não consigo sozinha”, lamenta. Com a inserção de Felipe na sala de aula, Maria assumiu também a responsabilidade de preparar materiais diferenciados para facilitar a aprendizagem

do menino. “Eu vejo a necessidade dele e corro atrás”, relata. O mito da escola especial “Às vezes as pessoas olham a escola como um local de cuidadores”, afirma a supervisora pedagógica do Centro de Ensino Especial 1 do Guará, Tânia Dutra. Segundo ela, com a educação inclusiva, pais e educadores passaram a ver as escolas especiais como espaços de exclusão, mas sem se darem conta do trabalho pedagógico desenvolvido nesses centros de ensino. A escola atende 250 pessoas entre crianças, adolescentes e adultos. Além das turmas dividas pelo tipo

Número de alunos com deficiência incluídos em escolas regulares

2007 ------ 306.136 2012 ------ 620.777 Fonte: MEC / INEP

para atingirem o objetivo principal: a inclusão dos alunos especiais na sociedade. “A escola especial não é um lugar para excluir. Pelo contrário, queremos incluí-los em tudo o que pudermos”, acrescenta Geórgea. O Centro também possui projetos ligados às escolas convencionais.Tânia afirma que os alunos com deficiência Foto: Raissa Merielle

censo feito em 2012 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) aponta que existem cerca de 620 mil crianças especiais incluídas em escolas regulares. Desde 1999, escolas públicas e privadas tiveram que se adaptar para receber alunos com todos os tipos de deficiência. Afinal, a lei 7.853 passou a incentivar a inclusão educacional e assegurar os direitos desses estudantes. De acordo com a norma, a escola pode responder por crime caso negue a matrícula de um aluno especial e a pena pode chegar a quatro anos de prisão. Além do acesso dos deficientes à escola regular, a lei trouxe também uma polêmica sobre a eficiência da educação inclusiva no país. A professora da UnB Albertina Mitjáns Martínez, doutora em ciências psicológicas, explica que existe uma diferença entre a inclusão e a integração do aluno. “A presença da criança na sala de aula não é suficiente para que haja a inclusão. Esse processo exige apoio educacional, reestruturação do espaço físico e da matriz curricular nas escolas”, afirma. Segundo Albertina, cabe à instituição moldar o sistema e adequá-lo às necessidades das crianças e adolescentes. Isabella Marques, 15, nasceu com nove síndromes e uma deficiência intelectual de quase três anos. “Os médicos diziam que não adiantaria colocá-la na escola, porque ela não iria aprender”, relembra a mãe, Eliane Marques. Após o diagnóstico, Isabella rapidamente iniciou o acompanhamento clínico. Alguns médicos diziam que ela deveria estudar em uma escola especial, mas a escolha da mãe foi outra: matriculá-la em uma instituição

A classe de Felipe foi reduzida para atender às necessidades do estudante

de deficiência que o aluno apresenta, o espaço conta com projetos de educação ambiental, artes cênicas, plásticas e uma sala de informática adaptada. A coordenadora do Centro de Ensino, Geórgea Frange, conta que o trabalho é desenvolvido com base em um currículo especial que norteia os professores capacitados

fazem visitas regulares para conhecerem outros espaços de ensino. “Nós fazemos esse intercâmbio. Assim como nossos alunos vão até as escolas regulares, eles também vêm aqui e é muito agradável esse contato”, declara a supervisora.

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QUALIDADE DE VIDA

MEIO AMBIENTE

Reciclando hábitos

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Foto: Raissa Merielle

e acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, divulgado no dia 14 de março pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o planeta pode sofrer uma catástrofe ambiental em 2050. O uso impensado dos recursos naturais afetará a qualidade de vida de todos e aumentará o número de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza. A permacultura é um método que pode corrigir esse problema com uso de práticas sustentáveis, como o reaproveitamento da água da chuva e banheiros sem descargas, para diminuir os impactos negativos que as ações do cotidiano causam na natureza. “Você pode fazer um pequeno paraíso onde mora. Não precisa ser rico. Tudo que eu fiz na minha residência foi com pouco dinheiro”, diz a ecologista Beatriz Agostini, também conhecida como Shakty, enquanto apresenta a casa sustentável que construiu há seis anos no Condomínio Verde, próximo ao Jardim Botânico de Brasília. A parede da frente foi levantada com taipa de pilão — técnica de construção sustentável que usa terra socada e água — no entanto, por falta de tempo, o restante foi construído em alvenaria. No teto foram utilizados restos de madeira prensados e telhas de vidro, para aproveitar a luz do dia. Outra peculiaridade é o banheiro seco. São duas câmaras que funcionam alternadamente. Enquanto uma é utilizada, a outra, já cheia, fica fechada por um ano para transformar fezes e urina em adubo orgânico. O uso é semelhante aos sanitários comuns, mas os dez litros de água gastos em uma única descarga são substituídos por um punhado de serragem. Nenhum lixo orgânico sai da propriedade, tudo é reaproveitado. Os

restos de alimentos são jogados em uma composteira – sistema de reciclagem que transforma materiais orgânicos em adubo –, e cobertos com folhas secas. Em pouco tempo, surgem bactérias que transformam os resíduos em fertilizante para as árvores. A ecologista possui dois reservatórios com capacidade para armazenar 70 mil litros de água da chuva. As plantas naturais do cerrado foram mantidas no quintal da residência, e para compensar o impacto da construção da casa, Shakty ressalta que plantou cem árvores no condomínio onde mora.

Foto: Luma Soares

>> Luana Lopes Mariana Lima

A permacultura é uma opção de baixo custo para restaurar os danos causados ao meio-ambiente

Beatriz aproveita todo lixo orgânico e produz adubo para as plantas

trabalho. No entanto, Rafael tem vontade de participar novamente de outro programa similar. “A experiência com o projeto foi extraordinária, extremamente enriquecedor para quem fez parte. Tenho certeza que Beatriz também recolhe animais interferimos de maneira positiva na que passam por ali, oferecendo abri- vida de vários indivíduos”, pondera. go e cuidado. “Eu não posso pegar todos os animais do mundo, mas eu Sociedades sustentáveis O Instituto de Permacultura e faço o possível para ajudar todos que encontro, porque a permacultura va- Ecovilas do Cerrado (Ecocentro – loriza todas as formas de vida: a vida IPEC), em Pirenópolis (GO), é rehumana, animal, vegetal e mineral” ferência na prática sustentável. Em ressalta. Atualmente são 36 gatos e 1999, quando o permacultor André Soares e a pedagoga Lucy Legan iniquatro cachorros. Rafael Niemeyer, estudante de ciaram a construção do Ecocentro, biologia da Universidade de Brasília grande parte do local estava desma(UnB), também tentou fazer a dife- tada e servia como pasto. Depois de rença em sua cidade. O estudante 14 anos a vegetação dos 15 hectares montou uma horta permacultural de terra está totalmente recuperaem uma escola pública de ensino fun- da pela criação de Agroflorestas. A damental do Lago Norte (DF) para técnica reúne práticas da agricultura ensinar os alunos a manter uma edu- para a plantação de alimentos e recação alimentar e conscientizá-los composição de áreas degradadas. Além de incentivar uma relação sobre a importância de preservar os harmônica com o meio ambiente, recursos naturais do planeta. As atividades duraram três anos e o instituto também estimula o foram encerradas por falta de cola- convívio social e um estilo de vida boradores que se envolvessem no sustentável através das Ecovilas.

A permacultura valoriza todas as formas de vida: a vida humana, animal, vegetal e mineral. Beatriz Agostini

Atualmente, cinco famílias moram e contribuem com conhecimento e mão de obra para manter o funcionamento do Ecocentro. O Ipec oferece cursos de técnicas da permacultura. Os participantes ficam hospedados no próprio Ecocentro e podem escolher entre a área de camping, com capacidade para cem pessoas, ou a Vila Ecoversitária, em alojamentos construídos com terra umedecida em sacos de polipropileno. A qualidade dos alimentos produzidos numa Agrofloresta é considerada superior à dos cultivados pela monocultura por não utilizar agrotóxicos para o controle de pragas. “Se for analisar, tem um balanço muito negativo, porque (a monocultura) compromete a água, o solo e a saúde das pessoas. Os sistemas agroecológicos têm uma relação mais harmônica com o ambiente, você recupera e produz com qualidade” analisa o permacultor Pedro Felipe, que começou como estagiário do Ipec e hoje é um dos colaboradores do instituto.

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CIDADES

TRANSPORTE PÚBLICO

Nem tão integrado assim D

ois meses. Este é o tempo de implantação do sistema integração de ônibus iniciado como teste em Ceilândia e Taguatinga que ainda gera dúvidas e reclamações Os ônibus que saíam dessas cidades e que passavam pela EPTG com destino ao Plano Piloto, Guará I e II, Octogonal, Núcleo Bandeirante e Rodoviária Interestadual não existem mais em certos horários. Agora, para chegar a esses destinos, é preciso pegar um circular até o centro de Taguatinga, de onde saem os demais ônibus. A integração acontece das 8h às 17h durante a semana, de 8h à meia-noite aos sábados e de 6h à meia-noite aos domingos e feriados. Fora desses períodos, os ônibus saem dos terminais de Ceilândia e Taguatinga normalmente. São 76 circulares saindo das duas cidades e sete fazendo a conexão do centro de Taguatinga às outras localidades.

Brasília sempre viveu sob um remendo no sistema de transporte público. Artur Morais

De acordo com o diretor técnico do DFTrans, Lúcio Lima, os circulares devem sair a cada dez minutos nos períodos estipulados. Ele afirma que a integração pretende diminuir o tempo de viagem do usuário que, ao invés de ficar esperando bastante por um ônibus direto, vai mais rápido para Taguatinga e, depois, para o destino final. O que permite isso é o cartão unitário, vendido nos postos do DFTrans e nas lojas de conveniência do BRB. Aqueles que possuem os cartões antigos, como passe-estudantil e

vale-transporte, não precisam adquirir este novo. Com dinheiro, contudo, a passagem é integral. Entretanto, o especialista em transporte e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Artur Morais, contesta a qualidade do serviço de operação. “Às vezes, você tem intervalos grandes entre veículos da mesma linha. Um atrasa e depois saem dois no mesmo horário, prejudicando as pessoas que ficaram esperando nas paradas”, observa. O vendedor Célio Leão, 45, é um dos prejudicados pelo teste. Ele é morador do Setor P Sul, em Ceilândia, e trabalha em uma livraria no Aeroporto, fazendo com que precise usar o sistema. “A integração é péssima. A gente fica mais de uma hora esperando por um ônibus para ir até Taguatinga”, reclama. O vendedor conta que hoje gasta o dobro de tempo e dinheiro comparado a antes da implantação do projeto. Célio afirma, ainda, que Taguatinga não tem estrutura para a implantação. “Brasília não tem estrutura pra isso. Não tem nem parada para os passageiros ficarem, vai ter estrutura?”. A falta de ônibus é outro problema apontado. Segundo ele, por vezes é preciso pegar ônibus que não fazem integração e pagar mais caro para chegar ao trabalho. Já para a recepcionista Bruna Costa, 23, o programa agradou. Ela mora em Taguatinga Sul e vai a pé para o Centro. Agora sempre pega o ônibus semi-expresso, o que antes era mais difícil pelo pequeno número de linhas que faziam esse trajeto. Suas viagens reduziram em média 15 minutos, mas apenas quando “dá sorte” de encontrar o ônibus na parada: “Já aconteceu de chegar na parada e ter ônibus ou de

Foto: Guilherme Pesqueira

>> Altieres Losan Jéssica Antunes

Usuários ainda reclamam da falta de estrutura do novo teste no sistema. DFTrans admite necessidade de melhorias

DFTrans planeja ampliar a integração, que hoje atinge cerca de 40 mil

ele passar cinco ou dez minutos depois. Umas duas vezes já esperei mais de 20 minutos. Eles não passam com a frequência que havia sido estipulada”. Hoje, cerca de 40 mil pessoas são atingidas diretamente pela integração, mas a intenção é de que seja estendido a todo o DF com a chegada dos ônibus provenientes das licitações. Com a definição das novas empresas que farão parte do Sistema de Transporte Urbano do DF e a chegada das novas frotas, projeto será unificado - incluindo ônibus, micro-ônibus e metrô. Isso significa que, além da expansão para mais cidades-satélites, até atingir todo o território, novas faixas-exclusivas serão implantadas. Estrutural e Eixo Monumental são exemplos disso porque, segundo Lúcio Lima, “não podemos ter ônibus novos presos em engarrafamentos”.

tem direito à informação, o que não ocorreu antes do inicio da integração. Essa falta de explicação acarretou prejuízos e, consequentemente, a antipatia desses usuários. O especialista criticou também a forma como o transporte brasiliense é administrado. “O problema é que Brasília sempre viveu sob um remendo no sistema de transporte público. Nunca se faz um estudo e começa do zero, sempre é feito remendando o sistema anterior”, analisa. No entanto, o primeiro mês de teste foi visto pelo diretor do DFTrans como altamente positivo, mesmo ainda tendo a necessidade de ajustes.“Aumentou o número de pessoas, tem de aumentar o numero de abrigos”, exemplificou. De acordo com ele, a população assimilou o funcionamento do projeto e o número de reclamações tem diminuído consideravelmente. “Hoje temos a Balanço certeza de que (a integração) foi feita Para Artur Morais, o principal corretamente. Agora vamos esperar problema é a forma como o teste foi a chegada dos novos ônibus para amimplantado. Segundo ele, o usuário pliar o sistema”, disse.

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LIXO

CIDADES

O entulho de todos nós

Multas não são suficientes para inibir o aumento de pontos irregulares de destinação de restos de obras >> Junior Assis

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que fica na Cidade Estrutural. A Superintendência de Fiscalização de Limpeza Urbana da Agefis é quem supervisiona e aplica multas contra infrações relacionadas à limpeza urbana. Destino Quem realiza uma pequena obra em casa, quanto uma grande construção, deve contratar uma empresa que levará até o local da obra um container para recolhimento do material e dará a destinação correta. Vale ressaltar que quem comete infração paga multa de R$ 152 a R$ 50 mil. O órgão usa como base a lei 972/95 que dispõe sobre os atos lesivos da limpeza urbana. “O principal problema era a continuação do lixão da forma que ele está hoje. Mas, o edital para a construção do novo aterro sanitário já está publicado e o Governo do Distrito Federal (GDF) espera que até o final do ano ele esteja concluído”, afirma o diretor de Limpeza Urbana do SLU Delival Lemos.

Foto: Jussara Rodrigues

s problemas relacionados ao destino do lixo sólido no Distrito Federal têm preocupado não somente a população, mas também as instituições que lutam pela preservação ambiental. Segundo pesquisa do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), atualmente existem mais de 540 pontos irregulares de descarte de entulho. Segundo o SLU, o edital para construção de cem ecopontos por todo Distrito Federal está em fase final para liberação. Esses Ecopontos serão áreas de transbordo regulares para receber restos da construção civil. O órgão fez um levantamento e constatou que diariamente no DF são produzidas cerca de 9 mil toneladas de lixo., Desse total 70% vem de restos de obras, e grande parte vai para áreas clandestinas. Em 2012 a Agência de Fiscalização (Agefis) registrou quase 12 mil infrações. O destino do lixo nas cidades do Distrito Federal se torna a cada dia mais preocupante. Existe apenas um lixão regularizado,

Lixões causam preocupação nas cidades do Distrito Federal

O novo caminho do lixo O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) aponta algumas ações que podem se tornar fatores importantes no tratamento do lixo sólido. A criação de cem ecopontos no DF é uma solução encontrada para reciclar material recolhido em canteiros de obras e residências. Segundo o Ibram, o processo de conscientização começa na residência das pessoas. Os usuários devem fazer a separação adequada entre o lixo seco (reciclável) e o lixo molhado (orgânico) para então jogar fora. De acordo o SLU, o lixo seco será levado pelos caminhões para as 12 Unidades de Triagem de Resíduos Recicláveis, que ficarão espalhadas por todo o Distrito Federal em locais que ainda serão definidos. O lixo molhado será levado para usinas de compostagem para fazer adubo e não fará parte do processo de reciclagem, mas o que não for aproveitado poderá ser levado para o futuro aterro sanitário em Samambaia. Em cada uma das 12 unidades de triagem, trabalharão cooperativas de catadores, que serão devidamente cadastradas e que atuarão na separação do que poderá ser reaproveitado para a reciclagem. “O lixo não deve ser tratado como lixo mas como dinheiro”, afirma o administrador de Ceilândia Ari de Almeida. Aterro sanitário O que não for aproveitado nas unidades de triagem e usinas de compostagem será enviado ao novo aterro sanitário de Samambaia. O local não ameaçará os lençóis freáticos do solo e

Existem no Distrito Federal mais de 540 áreas clandestinas de despejo de lixo. (SLU)

possuirá uma manta de polietileno de alta densidade, para revestir todo o fundo do aterro e nas laterais. Também terá captação de chorume (líquido poluente resultante da decomposição do lixo) para evitar contaminação dos lençóis freáticos. A previsão é que ocupe um espaço de 28 hectares, o que equivale a aproximadamente 29 campos de futebol. O aterro não emitirá maus odores, e usará queima do gás metano. As pessoas que moram próximas aos locais onde o lixo é jogado de forma indevida reclamam com frequência de como as áreas públicas têm sido usadas como lixões. “Os caminhões chegam e despejam os restos de obras e fazem isso com frequência”, relata Amilton Cabral que reside próximo a um lixão irregular em Ceilândia Sul. Apesar de saberem que jogar lixo em áreas proibidas pode gerar uma multa, carroceiros e empresas continuam a destinar restos de obras em locais irregulares. De acordo com o administrador de Ceilândia, a conscientização é um meio utilizado pelo governo para fazer com que a população, carroceiros e empresas entendam que o lixo sólido tem um local correto para ser destinado. “O lixo pode gerar renda, mas para que isso aconteça é preciso de um trabalho conjunto de toda a sociedade”, afirma. 9

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CIDADES

ABRIGO

Cães e gatos à espera de um lar

>> Robson Abreu Samanta Lima

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Voluntários dedicam tempo, dinheiro e carinho a animais vítimas de maus tratos que são rejeitados pela população do Distrito Federal com a gravidade do caso. Nessas situações as denúncias devem ser encaminhadas à delegacia mais próxima. A Secretaria de Saúde do DF, devido ao grande número de animais, não consegue controlar a natalidade desses bichos. A ausência desse acompanhamento pode provocar um problema de saúde sanitária, pois uma série de doenças, como a raiva e leishmaniose, são transmissíveis ao homem. O Centro de Controle de Zoonoses de Brasília (CCZ) é responsável por monitorar essas

Foto: Samanta Lima

álculos da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostram que mais de 20 mil animais estão jogados pelas ruas do DF. Alguns desses bichos nasceram nas ruas ou são largados pelos donos por motivos como falta de tempo, alto custo com tratamento médico, problemas familiares. Na maioria das vezes esses animais sofrem maus tratos. São vítimas de espancamento, atropelamento e até violência sexual. Maltratar animais é crime com pena de três meses a um ano de prisão e multa, que varia de acordo

Animais que chegam doentes no abrigo recebem atenção e carinho

doenças. Quando estão em estado grave, os animais são submetidos à eutanásia. Os que forem saudáveis são colocados para a adoção por 40 dias. Se não forem adotados após este período podem ser sacrificados. Dedicados à causa A ajuda para esses cães e gatos sem destino vem de voluntários que dedicam tempo, espaço e disposição para cuidar deles. O Augusto Abrigo, inaugurado em 2008, por Eliane Zanetti, 47, juntamente com sua família abriga 330 cães e 197 gatos, em uma chácara, no Jardim Ingá, Luziânia. O Local foi criado em homenagem ao pai de Eliane que sempre teve paixão por animais e sofria ao vê-los abandonados. A coordenadora do local, Helena Rubinado, 30, alerta que a maioria dos abrigos tem dificuldades de conseguir pessoas dispostas a adotar os animais. Ela afirma que a maioria da população rejeita animais diferentes, às vezes, por problemas físicos, como uma pata quebrada ou com marcas irreversíveis de maus tratos. “Fazemos uma análise do risco após as pessoas ligarem pedindo o resgate do bicho, resgatamos, tratamos clinicamente e fazemos o trabalho de conscientização da população”. O abrigo conta apenas com ajuda de voluntários que doam alimentos, medicamentos, roupas e calçados, que vendem em eventos, como feiras de adoção e um bazar para pagar as contas que vão desde a compra de produtos de limpeza, até custos com clínicas médicas. Helena afirma que acima de qualquer coisa, os bichos do abrigo precisam de atenção. “Toda ajuda é bem vinda, precisamos de

pessoas que além de doar alimentos e medicamentos, deem atenção e carinho a esses animais”, declara. Outros Abrigos Além do Augusto, outros abrigos prestam voluntariamente um lar a cães e gatos abandonados, como a Sociedade Humanitária de Brasília (SHB), que é pioneira. Desde 1998, mantém um local em São Sebastião onde vivem 120 cães e 90 gatos. As organizações não governamentais são obrigadas a limitar a entrada dos bichos, a maioria só resgata aqueles que estejam em estado de extremo risco. “Infelizmente, não podemos aceitar todos os animais, o abrigo acolhe os que estão feridos, em situação de risco ou têm problemas psicológicos, porque estes não conseguem sobreviver sozinhos na rua”, lamenta Helena, do Augusto Abrigo. Fabiana Amorim mantém desde 2002, o abrigo SOS 4 Patinhas, em uma chácara próxima ao Valparaíso. No local há 220 gatos e cem cachorros e enfrenta problemas. “Temos lutas diárias desde alimentação dos animais e pagamento dos funcionários, mas toda luta é superável, pois não consigo ver um animal sofrendo maus tratos”, afirma.

Para adoções e doações: Augusto Abrigo: http://augustoabrigo.blogspot.com.br/ Sociedade Humanitária de Brasília (SHB) http://brasiliashb.blogspot.com.br/ SOS 4 Patinhas http://www.sos4patinhas.com.br/

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REGULARIZAÇÃO

CIDADES

Cidades não legalizadas estão sem apoio do GDF Moradores de regiões não regularizadas sofrem por falta de infraestrutura e temem a perda de seus terrenos

Foto: Jéssica Lilia

Vicente Pires, a maior ocupação irregular do DF está em processo de regularização >> Quéssia Maia

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Distrito Federal é dividido em 31 Regiões Administrativas. Pelo menos 18 estão em fase de regularização, entre elas, São Sebastião, Vila Planalto, Paranoá e Vicente Pires. Moradores de uma cidade não regularizada sofrem com a falta de recursos e apoio limitado do governo do Distrito Federal. Enquanto isso a população é a mais prejudicada, pois convive com infraestrutura pública precária, como a falta de rede de esgoto, sinalização nas vias e a escassez no transporte público e saúde. Devido ao baixo orçamento, proveniente de emendas parlamentares, as administrações regionais dessas cidades não podem oferecer melhorias. Segundo o assessor de comunicação da Secretaria de Estado de Habitação Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab), André Giusti, soluções são cobradas diariamente dos órgãos responsáveis. Mas estas soluções só devem ser vistas no momento em que a cidade for regularizada, quando os moradores poderão usufruir de seus benefícios. “O GDF não apoia, em hipótese alguma, regiões não regularizadas, para isso o governo implementou o Programa Regularizou, é seu!”, afirma André. O Programa Regularizou, é seu! consiste em promover ações de regularização de cidades, e parte delas, terrenos

e entidades de assistência social. O programa é responsável por entregar as escrituras definitivas aos moradores das áreas que estão para serem normalizadas, ou até mesmo quem mora em áreas regularizadas e não possuem a escritura do imóvel. “Vivendo em uma área regularizada, o morador não dispõe apenas de infraestrutura urbana (água potável, energia elétrica, asfalto), mas pode participar de programas de financiamento para comprar a casa própria ou reformá-la”, explica André. Em andamento Vicente Pires é conhecido por ter imensos lotes e condomínios particulares. Outra característica são os buracos por todas as vias, o que tende a piorar em épocas de chuva. Moradores se mostram insatisfeitos com a situação da cidade e cobram resultados efetivos da administração local, que devido a falta de regularização não pode fazer muita coisa. De acordo com a assessoria de comunicação de Vicente Pires, desde 2007 os administradores locais lutam pela regularização da área, mas foi em 2011 que a justiça determinou o registro da cidade como região administrativa. A assessoria ainda explica que para a regularização se tornar real é necessário passar por três etapas:

licença ambiental, plano urbanístico e questões fundiárias. “Até então estávamos na etapa do plano urbanístico, que foi aprovado em 22 de março de 2013 pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal(Conplan/DF). Agora vamos para para a questão fundiária, onde serão analisados os dados referentes a preços e outros pontos”. A licença ambiental já foi aprovada pelo Instituto Chico Mendes no final de junho de 2012, que agora está sob cuidados do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Maria Oliveira,52, mora em Vicente Pires há seis anos. A moradora acompanhou o crescimento da cidade e sonha em vê-la regularizada para não ter que enfrentar os mesmos problemas diariamente: “É impossível viver em uma cidade que nem rede de esgoto tem”. A administração regional de Vicente Pires trabalha de forma limitada, porém oferece apoio aos habitantes. “Os 420 milhões destinados a Vicente Pires, oriundo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), serão usados em obras de infraestrutura, como o sistema de capitação de águas pluviais das ruas principais, asfaltamento de toda cidade, duplicação de ruas, mobilidade urbana, acessibilidade para os pedestres, entre outras obras que estão sendo analisadas”, disse o

administrador Ebenezer Aquino. Lotes irregulares Quem mora em cidades nessa situação tem outras preocupações. Nenhum imóvel possui escritura própria, mesmo quando o proprietário pagou para tê-lo, isso ocorre em consequência das terras ficarem sob poder da União e serem repassadas para o GDF. Com isso, os donos só receberão as escrituras depois da regularização e pagamento pelos terrenos. O que aflige os moradores é ter que pagar outra vez pelos lotes para receber as escrituras. “Quando comprei meu lote, há seis anos, paguei um valor baixo por ele. Sei que para ter a escritura da minha casa vou ter que esperar a cidade ser totalmente regularizada e pagar uma nova quantia ao GDF. Tenho medo de perdê-la para o governo, pois não sei quanto terei que pagar”, reclama a moradora da região de Vicente Pires,Tereza Cristina. Segundo a Sedhab os moradores não perderão os lotes, mas deverão desembolsar um novo valor para comprá-los.“Eles terão que comprar os lotes, e o farão de acordo com as regras dos programas habitacionais do DF, em que as condições de pagamento são bem facilitadas quando comparadas às do mercado”, explica André. 11

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CIDADES

MOBILIDADE URBANA

Soluções de moradia causam transtornos no trânsito Verticalização das cidades permite melhor aproveitamento do espaço urbano, mas prejudica a fluidez do trânsito >> Samuel Paz Foto: Samuel Paz

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Trânsito complicado próximo ao Top Life Taguatinga, que ainda está em construção

onstrutoras no Distrito Federal têm apostado em grandes condomínios, com prédios altos e vários apartamentos por andar. Obras desse tipo são um bom remédio para o déficit habitacional no Plano Piloto e nas Regiões Administrativas, mas com efeitos colaterais significativos, principalmente para o tráfego de veículos. O professor de engenharia de trânsito da UnB, Paulo Cesar Marques, explica que “esses empreendimentos são necessários, mas é importante obedecer às normas de edificação”. As regras estão previstas em uma série de leis e decretos, sendo que o Relatório de Impacto no Trânsito (RIT) e o Estudo de Impacto na Vizinhança (EIV) são os mais importantes em relação ao trânsito. Esses estudos identificam em que proporção o projeto vai afetar a circulação de veículos e que soluções serão adotadas para minimizar as consequências. “Pode ser feita instalação de semáforos, mudança no sentido das vias e outras medidas pontuais. E o construtor é quem arca com os custos”, explica Cesar Marques. Caso haja irregularidades, a obra deve ser embargada. Quem constrói não é o único responsável pelo problema. O governo, na opinião do professor, tem grande parcela de culpa: “Sem transporte público eficiente, as pessoas se tornam dependentes de automóveis”. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Detran-DF reforçam o argumento. No fim de 2012 existia aproximadamente um veículo

registrado para cada dois habitantes do DF – 73% deles eram carros – e a taxa de crescimento da frota gira em torno de cem mil por ano. A aprovação do RIT fica a cargo do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) ou do Detran-DF. Depende de qual órgão é responsável pela área da construção. O superintendente de trânsito do DER, Murilo de Melo dos Santos, explica que os departamentos têm poder para aprovar ou não o relatório: “Isso antes de construir. Depois de pronto, cabe às administrações regionais fiscalizar a execução das obras de adequação”. “Há casos em que o construtor não cumpre as exigências, e é penalizado”, ressalta Murilo. O condomínio Península Residencial, na saída de Águas Claras para Taguatinga, foi embargado em outubro de 2012. Um dos motivos foi o RIT, que não tinha sido aprovado pelo DER e pelo Detran/DF. A construção só foi retomada depois de cumpridas as exigências. “Nesse caso, um retorno no Pistão Sul foi alargado e instalaram um semáforo”, conta Murilo. Não há registro no DF de obras que tenham sido impedidas de existir devido à interferência no tráfego. “Toda construção grande exige medidas compensatórias”, explica Murilo. “Mas, como são feitas somente em áreas regularizadas, onde já se fez um estudo prévio, pressupõe-se que está tudo certo”, conclui. A própria Terracap analisa a capacidade de fluidez antes de por à venda novos terrenos.

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MOBILIDADE URBANA Foto: Giselle Cintra

CIDADES

No início da manhã e no fim da tarde, Pistão Sul de Taguatinga registra trânsito intenso. Ao fundo Península Residencial

Gigantes Na QI 24 de Taguatinga está em construção o Top Life, com 2.736 apartamentos distribuídos entre 12 torres de 18 andares. Quase três mil vagas de garagem estarão à disposição dos moradores. Patrícia Morgado é vizinha do condomínio e aguarda a entrega de dois apartamentos que comprou nele. Ela e o marido avaliaram os prós e contras antes de comprá-los. Consideraram inclusive o problema de mobilidade, mas decidiram investir. “Acredito que vão valorizar, tanto a casa onde moro, quanto os próprios apartamentos, que futuramente serão dos meus filhos”, afirma. Ela reconhece que será difícil: “Não resta dúvida de que vai ser caótico. Já está ficando. Preciso parar e esperar por um tempo antes sair de casa com o carro, o que não acontecia antes”. A auxiliar administrativo Natália Mendes comprou um apartamento no Alegro – Show de Morar, em

“Não resta dúvida de que vai ser caótico. Já está ficando. Preciso parar e esperar por um tempo antes sair de casa com o carro, o que não acontecia antes”. Patrícia Morgado construção na Ceilândia. “À época, só vi o lado bom, porque é alto, tem duas vagas de garagem, mas só parei para pensar no trânsito agora, enquanto dou esta entrevista”, conta. O condomínio terá 12 torres e quase 1.400 apartamentos com garagens. Para ir da QNN 27, local das obras, para o Plano Piloto só existem duas alternativas, “por dentro de Taguatinga, que hoje já está complicado, ou pela BR-070, que ainda está tranquilo, mas deve piorar com o crescimento da cidade”, prevê Natália.

Na justiça A Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), cuida da ocupação do solo urbano no DF. O foco da atuação da Prourb não é a fiscalização das obras, mas sim do poder público. “Fica complicado agir diretamente em cada empreendimento, devido ao número, então cobramos fiscalização por parte do governo, Detran e DER”, explica o promotor Dênio Augusto Moura. São apenas seis promotores para todo o Distrito Federal. De acordo com Dênio, é importante identificar as irregularidades ainda na fase inicial de construção, quando a obra ainda pode ser embargada e danos maiores são evitados. “Quando o condomínio já está construído precisamos pesar as ações para evitar que os compradores sejam penalizados”, esclarece. “Depois que o fato está consumado, a cidade fica

prejudicada, porque muitas vezes se busca regularizar sem resolver todos os problemas”, completa. Há casos em que todas as formalidades legais são cumpridas e os apartamentos entregues aos proprietários, mas as consequências mostram que o processo não foi executado como deveria. Nessas situações “a população local pode entrar com ação pública no MPDFT, ou reclamar na nossa ouvidoria”, aconselha Dênio.

Serviço

Disque-ouvidoria do MPDFT Horário de funcionamento: Em dias úteis, de 2ª a 6ª feira, das 9h às 19h - 0800-6449500 (ligação gratuita); 127; ou(61) 3343-9666 / 3343-9928 / 3343-9839. Formulário eletrônico para contato: http://migre.me/dPbeb 13

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COMPORTAMENTO

PRECONCEITO

Esse corpo não é meu Apesar da assistência do SUS, transexuais ainda passam por dificuldades para conseguir tratamento adequado >> Magdalena Bertola Caroline Coêlho

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Foto: Bárbara Cabral

transexualidade foi considerada até recentemente pela medicina e pela sociedade como uma doença mental, mas é um transtorno de identidade de gênero, uma disfunção clínica e genética chamada disforia de gênero. O indivíduo se sente e quer ser aceito como se fosse do sexo oposto. Muitos transexuais dizem se sentir presos em um corpo que não lhes serve. Por isso, geralmente desejam fazer a transgenitalização, ou cirurgia de mudança de sexo. “Ao procurarem ajuda, muitos ainda não têm certeza se querem realmente fazer a transição, porque o processo não acaba com a cirurgia, é preciso fazer com que a pessoa se identifique com sua condição”,

conta Sandra Studart, coordenadora do Programa para Transexuais do Hospital Universitário de Brasília (HUB), grupo que já acolheu cerca de 60 pacientes para tratamento psicológico, orientação familiar, acompanhamento ginecológico e nutricional. Desde 2008 o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência aos pacientes com distrofia de gênero que querem ser operados. Não foram realizadas, ainda, cirurgias transgenitalizadoras de mulher para homem, porque ainda estão em caráter experimental. “O acesso à saúde ainda é complexo e burocrático. O que nos resta é viver e lidar com as coisas da maneira que for possível, mas para alguns não dá. Por isso temos inúmeros casos de suicídio entre transexuais”, afirma o vice-presidente da Associação

Marcelo Caetano acrefita que o nome no Cartão do SUS não garante respeito para os transexuais

Brasileira de Homens Trans (ABHT) Marcelo Caetano. Quem deseja fazer a cirurgia precisa ser maior de 21 anos e ser diagnosticado com distúrbio de identidade de gênero. A partir disso, o paciente fará acompanhamento por no mínimo dois anos, incluindo avaliação psicológica e psiquiátrica, terapia hormonal e avaliação genética. Só então será verificado se está apto para a cirurgia. Após o processo, o paciente ainda é acompanhado por tempo indefinido. No caso da paulistana Erica*, 24, existe apreensão quanto à conclusão do tratamento. “Senti medo quanto ao que minha família pensaria, de não conseguir trabalhar, de ser ridicularizada ou agredida física ou moralmente. É difícil fingir ser quem não é, mas se torna uma zona de conforto e o medo de sair é tão grande quanto a vontade de deixar”, disse. De acordo com o Ministério da Saúde, foram realizados 2.451 procedimentos cirúrgicos para readequação sexual. O ministério acompanha a questão de perto, já que a procura pela cirurgia cresceu em países com menos burocracia para o processo, como Tailândia, Cingapura e Sérvia. Cada cirurgia custa aos cofres públicos cerca de R$1,3 mil. Apesar dos avanços, somente quatro hospitais universitários fazem o procedimentono país: em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.

“No DF não temos acesso ao processo transexualizador. Há dificuldades até para conseguir acompanhamento psicológico. Os profissionais de saúde não parecem prontos para lidar com as pessoas trans. Também pegamos gripe e temos dor de garganta e, mesmo nesses momentos, o atendimento médico pode se tornar um tormento”, relata Marcelo Caetano. Nome social Em janeiro deste ano, os transexuais conquistaram o direito de serem tratados pelo nome social, que consta no cartão do SUS. Apesar disso, o presidente da ABHT, Marcelo Caetano, diz que essa medida não diminui o constrangimento e humilhação durante o atendimento.“O nome de registro aparece em letras maiores que o social, com o sexo biológico estampado na frente, e isso não garante respeito”. Em fevereiro, os deputados federais Jean Willys (PSOL-RJ) e Erika Kokay (PT-DF) protocolaram o Projeto de Lei João W. Nery, em homenagem ao primeiro homem transexual operado. No projeto está o reconhecimento da identidade de gênero sem necessidade de autorização judicial, laudos médicos e psicológicos, cirurgias e hormonioterapias, além de assegurar o acesso à saúde no processo de transexualização. *Nome fictício

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TRANSTORNO DE PERSONALIDADE

COMPORTAMENTO

Eles são criminosos e psicopatas Para esses casos, a ciência criminal alerta para a necessidade de intervenções da Justiça >> Nayara Viana

Sociopatia A busca pelo que dá prazer, uma total ausência de compaixão, facilidade de lidar com palavras, frieza, crueldade e a falta de aprendizado com a punição são características percebidas no caso de Sérgio. Hoje, o exame criminológico não é mais exigido por lei e Sérgio não foi encaminhado a nenhum teste para avaliar o grau de periculosidade que apresenta, mas as características citadas são particularidades de uma deficiência que a Organização Mundial da Saúde

(OMS) descreve como Transtorno de Personalidade Antissocial, também conhecida pelo termo americano sociopatia. A especialista em Psicopatia Hilda Morana, doutora pela Universidade de São Paulo, é psiquiatra forense e uma das maiores autoridades em estudos de psicopatas no Brasil. Hilda deixa claro incialmente que a psicopatia se trata de uma deficiência e não doença. Ela esclarece que a pessoa nasce com certo fator herdado. A interação com o ambiente pode possibilitar que as ações dos psicopatas sejam impedidas, mas não é um fator determinante. “Genética e funções cerebrais são essenciais para determinar a condição”, afirma. Criminoso psicopata Robert Hare, um psiquiatra canadense com referência mundial em psicopatia criminal e que inclusive influenciou os estudos da especialista Hilda Morana, afirma que os psicopatas têm plena consciência de que seus atos não são corretos. Mas, conforme a lei, se não há privação total de sentidos que interfira em sua consciência, trata-se de um semi-imputável por possuir parcela de responsabilidade. E sendo semi-imputável, o Estado aplica redução de pena prevista no Código Penal. Assim, o juiz pode reduzir de um a dois terços a pena ou enviá-lo para Medida de Segurança se considerar que tenha algum tipo de tratamento. Mas as prisões brasileiras não possuem procedimento de diagnóstico específico de psicopatia para os presos que cumprem pena ou pedem redução. E psicopatia não possui ainda tratamento comprovado “, é um

Foto: Nayara Viana

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érgio*, 26, tem passagens por roubos em Goiânia e Rondônia e é apontado por ter abusado sexualmente de várias mulheres. Depois de cumprir seis anos de pena por estupro, obteve liberdade em agosto do ano passado. Três meses depois de sair da prisão, voltou a cometer o mesmo crime. Estuprou uma mulher grávida de nove meses na frente dos outros três filhos da vítima. É suspeito também de outro estupro, cometido em fevereiro deste ano. Ele mesmo ligou para a polícia e pediu para ser preso. “Eu não consigo viver em sociedade”, afirma. O delegado da 8ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Flávio Messina, foi quem o prendeu e o interrogou. Ele disse que Sérgio preferia ficar preso, pois afirmava não conseguir parar de cometer os crimes. “É um rapaz estudado, fala bem, mas parece que apresenta momentos de seriedade e outros não”, diz Messina. Sérgio não foi diagnosticado com psicopatia, mas também não foi feito nenhum teste. Ele é um exemplo de criminoso que foi preso e voltou às ruas, sem que avaliassem o risco que oferecia.

Entre a população carcerária, cerca de 20% possui psicopatia.

problema cerebral, então não tem cura. Mas tem como atenuar a manifestação desse comportamento, e quanto mais cedo, melhor”, explica Hilda. Desta forma, o problema é que quando um psicopata consegue semiliberdade ou tem pena reduzida, “as chances desse indivíduo que apresenta psicopatia reincidir, é três vezes maiores das de um criminoso comum”, complementa. Psicopatas geralmente são associados a maníacos criminosos com doenças mentais. Entretanto, somente 5% aproximadamente possuem alguma enfermidade mental. Outro dado importante, é que os psicopatas não são necessariamente violentos ou criminosos, mas o que ocorre, é que crimes violentos têm maiores índices de cometimento por psicopatas, em relação aos criminosos comuns. O portador desta deficiência possui um comprometimento grave de caráter, afirma Hilda. Mas os psicopatas acabam, ou por cumprir Medida de Segurança, misturando-se aos doentes mentais,

ou quando não estão em Medida de Segurança, e nem em liberdade, são presos junto aos demais criminosos comuns. “O problema é que os psicopatas dificilmente apresentam propensão à reinserção social após serem presos e também uma vez em contato com presos que não manifestem personalidade psicopática, eles podem até mesmo influenciá-los a continuar na vida do crime ou mesmo liderar e organizar rebeliões e fugas”, alerta Hilda. Prisão especial A psiquiatra Hilda também explica que o Brasil possui um dos maiores números de reincidência, pois não tem cadeias próprias para psicopatas. Ela aponta também para a falta de uniformização de avaliação criminológica e de psiquiatras experientes na avaliação de psicopatia. “Outros países não deixam um maníaco do parque ou um atirador do shopping solto, só a gente”, critica. *Nome fictício

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CULTURA

ESPAÇOS CULTURAIS

Busca por incentivo à cultura Apoio financeiro ainda é um dos grandes desafios dos espaços culturais para manter a programação ativa

>> Michelle Brito

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mamulengos e também sócio do local, Miguel Mariano, conta que o lugar tem como missão democratizar o acesso aos bens culturais oferecendo oficinas a preços acessíveis para a comunidade. “Uma das coisas que priorizamos é oferecer arte de qualidade para os moradores, precisamos abrir espaço e valorizar os nossos artistas que são muito bons”, afirma. Segundo o professor, todo empenho é pouco tendo em vista que a população é desprovida de ambientes semelhantes ao Imaginário Cultural. “Queremos acabar com este paradigma que a arte na periferia é pior, ou feia”, ressalta. Recurso financeiro Com cerca de cem alunos e sete professores, o espaço não recebe apoio financeiro do governo.Os sócios dependem da mensalidade dos alunos e da venda dos ingressos para cobrir as despesas do local que é alugado. Marília explica que a equipe está

Foto: Ingrid Rodrigues

carência por espaços culturais nas regiões administrativas do Distrito Federal ainda é muito grande. Manter a programação ativa, pagar as contas, os funcionários e ainda oferecer a comunidade cursos e oficinas a preços acessíveis é o grande desafio dos gestores culturais. No mês de março, o Espaço Imaginário Cultural, localizado em Samambaia, completou um ano que abriu as portas com a missão de oferecer aos moradores de Samambaia acesso à cultura e a arte de qualidade. A professora Marília de Abreu, sócia do local, conta que o espaço nasceu do sonho de disseminar cultura e fomentar arte na cidade. Hoje o Espaço Imaginário oferece à população atividades como dança de salão, balé, oficinas de música e teatro. No ambiente, também acontecem debates, lançamento de livros, exibição de filmes e apresentação de peças teatrais. O professor de teatro de

O Bagagem e Cia. conta com o apoio financeiro do FAC para realizar shows, oficinas e espetáculos gratuitos 16 3013_01_ARTEFATO.indd 16

buscando despertar na comunidade o gosto pela cultura local. “A arte e a cultura também são alimentos para a alma e até para o corpo. Quando você assiste a um espetáculo de qualidade, você sai gratificado, relaxado”, diz. Os coordenadores do espaço ainda estão buscando auxílio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).“Vamos procurar apoio para auxiliar nas nossas despesas, pois um subsídio é importante para não fechar as portas”, afirma. A busca por apoio financeiro também faz parte da história do espaço cultural Bagagem Cia. de Bonecos, localizado no Gama. Conforme Leda Carneiro, gestora do Bagagem e Cia., a principal forma de manutenção do espaço é através de editais para fomento de projetos culturais lançados pelo governo do Distrito Federal e do Governo Federal. “Toda a nossa programação é subsidiada por leis e programas de incentivo à cultura, sendo oferecida gratuitamente à comunidade” explica. A gestora conta que, entre 2005 e 2006, não houve editais públicos de financiamento para produção artística, “o aluguel e outras despesas foram mantidas com recursos próprios” lembra. O grupo faz apresentações teatrais para o público infantil todos os sábados e até o meio do ano haverá oficinas de teatro, música e fotografia, além de circulação de espetáculos por vários setores do Gama. “Estamos completando 30 anos de existência e, a cada ano, é uma nova

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Estamos trabalhando para o aluguel ficar mais leve e ainda não terminamos a reforma do espaço, mas dificuldades estão aí para serem vencidas Nara Oliveira

busca para aprovarmos projetos em editais e darmos continuidade às nossas ações”, diz. Nara Oliveira, uma das coordenadoras do espaço cultural Casa Moringa, localizado no Mercado Sul – Taguatinga, conta que o local não recebe subsídio do governo. Segundo ela, o sustento do espaço vem da produção de eventos e das oficinas e aulas realizadas.“Estamos trabalhando para o aluguel ficar mais leve e ainda não terminamos a reforma do espaço, mas dificuldades estão aí para serem vencidas”, afirma. Subsídio do FAC Criado em 1991, o FAC é o principal instrumento de apoio financeiro às atividades artísticas e culturais do DF. Projetos de manifestação artística como filmes, peças de teatro e oficinas são selecionados através de editais públicos e financiados pela Secretaria de Cultura. Segundo a proposta divulgada no site oficial do FAC, em 2013, o fundo prevê um investimento de R$ 60 milhões de reais, que, de acordo com a Secretaria de Estado de Cultura, será o maior investimento da história do FAC. O orçamento para 2013 prevê o repasse de 0,3% do orçamento líquido do GDF somado ao superávit de 2012. Os editais serão lançados em dois grupos, sendo o primeiro até o final de março e o segundo até julho.

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ARTE EM BRASÍLIA

CULTURA

Espetáculo a céu aberto ameaçado Artistas ainda enfrentam dificuldades para se apresentar em espaços públicos. Teatro de rua é uma forma artística democrática

>> Walquria Reis

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ma das modalidades mais populares de representação, o teatro de rua, conquista as pessoas pela simplicidade e interação. Alguns objetos e atores caracterizados, às vezes, são o suficiente para atrair pessoas que passam pelas calçadas, parques e praças da cidade. Alguns se envolvem pela espontaneidade da apresentação, como é o caso da dona de casa Elza Simão, que assistiu a uma apresentação do grupo Mamulengo Presepada e ficou admirada: “Nunca tinha visto teatro de rua. Achei bem natural e gostei muito”, afirmou.

Foto: Allan Virissimo

É possível observar durante as censura: “Já era uma afronta você apresentações das peças que o falar que era do ‘Esquadrão da teatro de rua é fortalecido não só Vida´”. A atriz também comenta pelo empenho dos articuladores que, “ escolha do esquadrão para como também pela forte presença fazer teatro de rua é política para e manifestação dos espectadores. as pessoas terem mais acesso”. O professor de teatro, Abaetê A brincante também conta que Queiroz, acha genial a improvisação o elenco já foi abordado por poque o espaço público oferece ao liciais durante preparativos para artista e é necessário o ator estar os espetáculos e acha que deve sempre conectado ao espectador. haver mais tolerância. Ela relemNo Distrito Federal, uma das bra que grupos de São Paulo, que equipes que também representa eram constantemente abordados, nas cidades é o Esquadrão da Vida atualmente já tem o trabalho mais que surgiu com o diretor Ary Pára- respeitado. A atriz também ressalRaios em um contexto de ditadura ta que este tipo de arte aproxima Aqui no DF às vezes é complicado autorização. militar. O nome foi sugerido as pessoas de diferentes idades e pelo jornalista Tetê Catalão que classes sociais além de ser um esNão é simples a gente chegar e utilizar espaços interpretava o grupo como o paço totalmente democrático. públicos de maneira livre como deveria ser. avesso dos esquadrões da morte, Thiago de Francisco muito atuantes na época. Maíra Oliveira, integrante e A equipe Mamulengo Presepada, espaços comuns, criação de lei para herdeira do conjunto, explica o nas ruas há 27 anos, é uma das instituir o Programa de Fomento impacto do nome na época da pioneiras em Brasília. Durante as ao Teatro de Grupo e o investiapresentações, a plateia assiste a mento direto do Estado na política uma história com bonecos e se pública cultural. No encontro sediverte com as situações cômicas diado na capital federal houve uma e músicas que acompanham o tentativa de conversar diretamente enredo. O ator Chico Simões, com a ministra da Cultura, Marta integrante do conjunto, começou Suplicy. Na leitura da carta, a atriz a trabalhar com mamulengos Natália Siufi ressaltou que “para a quando observou pela primeira não nossa surpresa” não houve divez uma apresentação do Carroça álogo direto. de Mamulengo em Vitória. “Eu vi O mamulengueiro Thiago de a brincadeira e imediatamente Francisco reafirma o preconceito me identifiquei. Disse para mim existente e expõe as dificuldades mesmo: quero fazer isso”, lembrou. para se apresentar: “Aqui no DF Mas Chico afirma que ainda existe às vezes é complicado autorização. muito preconceito com esse tipo Não é simples a gente chegar e utide manifestação artística e gente lizar espaços públicos de maneira que nem a considera como teatro. livre como deveria ser”. O ator Os artistas de todo Brasil que ressalta também a necessidade de promovem peças ao ar livre, conhe- uma política de reconhecimento O artista Chico Simões se prepara para mais uma apresentação cidos também por articuladores, para manter o trabalho. no Taguaparque

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criaram em 2007 na Bahia, a Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR) com a finalidade de discutir políticas públicas para o meio. Durante o ano, a Rede promove encontros entre os elencos que envolvem debates e apresentações. Em março, Brasília sediou o 12º de encontro da RBTR onde equipes, entre apresentações e risadas, elaboraram a Carta de Brasília com reivindicações discutidas durante os quatro dias de reunião. Entre as propostas almejadas pelo RBTR está a luta pelo livre uso dos

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SAÚDE

VIOLÊNCIA

Álcool e violência caminham juntos Em Brasília, 47% dos casos de violência estão associados ao consumo de bebida alcoólica >> Percy Souza

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vezes a bebida serve como um fator de estímulo a atitudes e comportamentos já presentes na pessoa”, explica Cláudio.

ABP. Estudo realizado em 2003 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) revela que 32% dos jovens brasilienses já sofreram algum tipo Pequenas doses de agressão quando estavam sob o E não é apenas em grande efeito de álcool. quantidade que a bebida alcoólica O ajudante de pedreiro causa problemas. “O álcool só Antônio*, 25 anos, conhece bem torna as pessoas agressivas se esse problema. No início de feveingerido em altas doses. Quando reiro, o jovem foi vítima de assalto e agredido quando estava bêbado. “Quando saía de um bar, um rapaz pediu a minha carteira, eu me recusei a entregar, então ele aproveitou que eu estava meio tonto e me jogou no chão, em seguida me deu uma garrafada na cabeça. Quando acordei, estava sem a carteira, o celular e o tênis”, relata. Para Antônio, o fato de ter bebido influenciou no ocorrido. “Com certeza a bebida me deixou desatento. Sempre frequentei esses Estudo indica que 37% dos casos envolvem pessoas entre 14 e lugares e nunca 39 anos de idade fui roubado. Nesse a ingestão da substância é baixa, dia eu exagerei”, desabafa. ela causa prostração e sonolência, o que gera a possibilidade do Saúde pública Em 2007, o então presidente indivíduo se tornar vítima de uma agressão e não mais um agressor”, da República Luiz Inácio Lula da diz o psiquiatra Carlos Salgado da Silva criou a Política Nacional Foto: Amanda Gonzaga

evantamento divulgado em fevereiro deste ano pelo Ministério da Saúde revela que 47% dos casos de violência que chegam ao Hospital de Base (HBDF) e ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) estão relacionados ao consumo de álcool. Os dados apresentados fazem parte do Programa de Vigilância de Violência e Acidentes (Viva), que no Distrito Federal pesquisou 2.027 fichas de pacientes atendidos nas emergências das duas unidades de saúde no ano de 2011. O psiquiatra Carlos Salgado, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), explica que o consumo de bebida alcoólica em excesso causa diversas alterações no comportamento das pessoas. “O álcool em grande quantidade no organismo torna os indivíduos mais agressivos. Além disso, ele afeta a capacidade das pessoas de tomarem decisões coerentes”, comenta. A pesquisa também revelou que 37% dos casos envolviam pessoas entre 14 e 29 anos de idade. “O cérebro do jovem ainda está em processo de formação. Com a ingestão de álcool em excesso, essas pessoas se tornam impulsivas e eufóricas”, diz o médico. Já a coordenadora do Serviço de Estudos e Atenção a Usuário de Álcool e outras Drogas (Sead) do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Cláudia Regina Marçon, ressalta que também é necessário analisar outros fatores. “É preciso considerar o contexto social no qual o indivíduo está inserido, afinal de contas, o álcool é a droga da socialização. Além disso, muitas

O álcool em grande quantidade no organismo torna os indivíduos mais agressivos. Além disso, ele afeta a capacidade das pessoas de tomarem decisões coerentes. Carlos Salgado Sobre o Álcool. A medida tem como objetivo principal reduzir o uso indevido da substância e sua associação com a violência e a criminalidade. Dentre os principais pontos, o projeto prevê ações nas áreas de comunicação e educação que divulguem os efeitos nocivos do consumo de bebidas alcoólicas e enfatiza a necessidade de uma ampliação do acesso aos usuários ao atendimento médico no Sistema Único de Saúde (SUS). Para a coordenadora do Sead, a política é uma das mais modernas do mundo e traz avanços em suas diretrizes, porém falha no aspecto prático. “As medidas presentes no projeto são extremamente importantes, mas no quesito operacionalização ela deixa a desejar. Faltam leitos na rede pública de saúde para atender os usuários de álcool, por exemplo,” critica a especialista. *Nome fictício

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MEDICAMENTOS

SAÚDE

Riscos de fazer a mente “render mais” A ritalina usada por concurseiros para melhorar o foco nos estudos pode ter efeitos colaterais >> Thyago Santos

O metilfenidato está formalmente contraindicado nos quadros de ansiedade, tensão, agitação, hipertireoidismo, arritmia cardíaca Daniele Oliveira

não aceita esse tipo de estimulante”, conta a estudante. Contudo, há quem aprove e consuma a Ritalina. O servidor público Ricardo* aprovado em quatro concursos públicos, consome o medicamento há dois meses por desatenção. “Comecei a usar quando percebi que estava tendo dificuldade de me concentrar e isso estava me prejudicando em diversas áreas, principalmente nas que se referem aos estudos”, afirma. Apesar do receio inicial em consumir o medicamento, Ricardo relata que os efeitos do remédio foram excelentes. “No início, dá uma palpitação no coração e uma enorme concentração como se naquela hora só existisse um objetivo”, descreve. Questionado sobre a possibilidade de se tornar dependente da medicação, Ricardo pondera: “Acho que não criaria dependência, pois tomo com pouca frequência e creio que não ficaria viciado com facilidade”. Porém, a médica psiquiatra Daniele Oliveira afirma que quem consome a Ritalina pode criar dependência, “como todo estimulante do sistema nervoso central, há a possibilidade de habituação e dependência da substância. Os dados de segurança e eficácia sobre o uso do metilfenidato em longo prazo não são completos”, relata. De acordo com a psiquiatra, ritalina é o nome comercial do metilfenidato, estimulante do sistema nervoso central, indicado para tratamento de pacientes com Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção (THDA). O diagnóstico é feito através do relato dos sintomas apresentados pelo paciente, mas existe a possibilidade de simulação por parte do examinado para conseguir a receita. A respeito disso, Daniele ressalta que “considerando a popularidade do diagnóstico nos dias

Foto:Carolina Freitas

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maginar Brasília e não pensar em concursos públicos é uma hipótese pouco provável, afinal, no Brasil, a capital federal concentra o maior número de opções para se trabalhar no serviço público. Para conquistar a posição de servidor público, é preciso dedicar muitas horas aos estudos, e a atenção aos conteúdos não pode ficar de fora. Entretanto, a falta de foco e atenção é um problema comum para algumas pessoas. Angustiados e sem tempo, os estudantes acabam recorrendo a medicamentos para permanecerem atentos. Nesse cenário, o cloridrato de metilfenidato, mais conhecido como ritalina, passa a ser procurado sem prescrição médica por quem almeja um melhor rendimento nos estudos. Raquel Brito, estudante de concursos públicos, afirma que é loucura usar a Ritalina sem prescrição médica. Raquel utilizou o medicamento há dois anos, pois sempre foi agitada e possuía pouco foco nos estudos. Ao procurar um psiquiatra, a estudante recebeu a prescrição do medicamento, mas o consumo dele trouxe efeitos colaterais. “Eu senti os batimentos cardíacos ficarem acelerados, muita inquietação e desconcentração. Ocorreu totalmente oposto ao prometido”, relembra. Raquel afirma que a medicação não lhe trouxe nenhum benefício, então precisou encontrar uma forma alternativa para tratar a distração. “O médico me passou exercícios de concentração livres de medicamentos, porque o meu corpo

O uso excessivo de ritalina e sem prescrição pode causar crises de pânico e taquicardia

atuais, é possível que algumas pessoas acreditem que simulando os sintomas irão se beneficiar do tratamento com metilfenidato. Saliento que um profissional experiente saberá fazer o diagnóstico diferencial”. Quanto aos seus benefícios, o metilfenidato pode melhorar os níveis de atenção e concentração em pacientes com o diagnóstico de hiperatividade. Por outro lado, a psiquiatra afirma que “o metilfenidato está formalmente contraindicado nos quadros de ansiedade, tensão, agitação, hipertireoidismo, arritmia cardíaca, angina do peito grave e glaucoma, pacientes com tiques motores e pode oferecer risco a estas populações, se usado sem prescrição médica”. Obtenção ilícita Diversas são as formas para conseguir os comprimidos superpoderosos da ritalina: pedir para o colega que possui a receita, simular sintomas para conseguir a indicação médica e até tentar subornar psiquiatras e farmacêuticos. Todavia, essas tentativas

poderão se tornar meras expectativas. Segundo a farmacêutica Flaviane Aguiar, atualmente obter o metilfenidato sem receita médica é tarefa quase impossível. “As medidas mais rigorosas que a Anvisa tem tomado quanto à retenção da receita de medicamentos de tarja vermelha ou preta, como a ritalina, têm reduzido a venda indevida desses remédios”, afirma Flaviane. Questionada sobre pacientes que insistem em obter o remédio mesmo sem a prescrição clínica, a farmacêutica relata: “Tem gente que insiste até a gente perder a paciência, ou até mesmo oferecem dinheiro. Esse caso nunca ocorreu comigo, mas alguns colegas de profissão já sofreram tentativa de suborno”. A respeito das pessoas que consomem o metilfenidato sem indicação clínica, Flaviane se opõe a essa atitude. “É um remédio de tarja preta, logo é um medicamento que ativa o sistema nervoso central. Eu não recomendaria de forma alguma o consumo desse tipo de medicamento sem a devida necessidade”, reitera a profissional. * Nome fictício 19

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SAÚDE

DOENÇA

Alimento que se torna problema

Intolerância à lactose atinge 70% dos brasileiros e transforma a rotina de quem a possui, limitando a alimentação e causando desconforto físico >> Dayanne Teixeira

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pode se manifestar a partir de doenças gástricas e intestinais. Normalmente não é grave quando aparece na fase adulta”, explica. A pediatra, Roanda Souza, afirma que a alergia e a intolerância são constantemente confundidas. “A intolerância afeta o sistema digestivo, já que é resultado da deficiência ou falta da enzima capaz de digerir o açúcar produzido pelo leite e seus derivados. Já a alergia, consiste na reação às proteínas do leite, resultando em problemas na pele, dores de cabeça, inchaço e falta de ar”, esclarece. Na maioria das vezes, ambas as doenças são detectadas com testes, que consistem na retirada de laticínios da alimentação por um determinado tempo, embora existam testes específicos, como tolerância à lactose, hidrogênio exalado e decomposição de ácidos. Os testes são pagos. Ana Cristina Teixeira, 30, mãe de Douglas Felipe Teixeira, 15, relata que descobriu a doença do filho aos oito

Foto: Adriana Braga

ocê pode não saber, mas será que é intolerante à lactose? Ela é mais comum em asiáticos, africanos, nativos norte americanos, sul americanos e nas populações do mediterrâneo. A menos que você seja do norte ou oeste europeu, infelizmente você pode tê-la, independente da sua idade. Seus principais sintomas são diarreia, excesso de gases, cólicas abdominais, enjoos, sangue nas fezes e perda de peso. Estamos falando da intolerância à lactose que é uma doença, e produz efeito indesejável causado pelo consumo do leite e seus derivados. Ela atinge cerca de 70% dos adultos brasileiros, de acordo com o site Bem-Estar e traz como o principal vilão da história, o leite. De acordo com a nutricionista do Instituto Lauro de Souza Lima, hospital público de Bauru, Luciana Catine, essa é uma doença bastante comum. “Ela costuma atingir bebês nos primeiros anos de vida, principalmente os prematuros. Já em adultos, a doença

Não só o leite, basta um biscoito ou brigadeiro para aparecerem os sintomas

meses. “Ele apresentava otite aguda (inflamação nos ouvidos). Nenhum médico descobriu a causa, até que um pediatra me pediu para retirar o leite da alimentação por uma semana”. Após a retirada ficou comprovada a doença. Douglas, que tomou leite de soja até os quatro anos, não apresenta mais os sintomas.

Existem dois tipos de intolerância: a primária é quando a pessoa nasce com ela e a secundária, é decorrente de algum problema. .

Com um ano, Lucas Valente, possui um quadro mais grave. De acordo com a mãe, além de ser intolerante à lactose, apresenta um quadro bem alérgico. “Se alguém beber leite e beija-lo, por exemplo, ele fica todo empolado, e se ele beber o leite tem crise asmática”, comenta Gracie Valente. Segundo o gastroenterologista, Edson Cordeiro, existem dois tipos de intolerância: a primária é quando a pessoa nasce com ela e a secundária, é decorrente de algum problema. De acordo com o médico: “32% dos casos secundários estão ligados à síndrome do intestino irritável, cuja cura é mais demorada devido aos medicamentos que atuam de maneira mais lenta no organismo do paciente. Diferentemente dos casos citados acima, Lorraynne Rabello, 19, possui intolerância leve ou moderada. Seus sintomas são os mais comuns como

cólicas e enjoos: “Aos oito anos descobri meu problema através do alergista. Sempre que ingeria leite, me sentia muito mal”. Ela relata que começou a melhorar após ter começado a tomar leite de soja e a ingerir cápsulas de lactase quando ia consumir algo com lactose. “Descobri que era intolerante, através do gastro e pediatra, quando tinha nove anos. Toda vez que tomava leite ou comia algo que era apenas feito com ele, eu vomitava e tinha muita diarréia”, conta Lídia Alves, 20, que apresenta um caso mais grave que o de Lorraynne. Hoje em dia, ela possui esofagite e refluxo, devido às contantes crises de vômito. Seu problema continua evoluindo. Um dos principais problemas decorrentes da intolerância é que o tratamento consiste na retirada da lactose da alimentação, removendo assim uma das principais fontes de cálcio. De acordo com a nutricionista Luciana Catine, são necessários na dieta 1.200 a 1.500 mg de cálcio/dia.“É importante o consumo de alimentos ricos em cálcio como folhas verdes, ostras, sardinhas, salmão, camarão e brócolis”, explica. Segundo ela, quando a alimentação por si só não atinge a recomendação é necessário que o paciente tome suplementos. Um caso que se aplica à disfunção de cálcio é o de Carolina Briet Velloso, 25, que por ter retirado a lactose de sua alimentação, possui insuficiência de cálcio. Ela explica que já emagreceu muito por retirar todo o leite da dieta. Devido à perda de peso, ela toma suplemento de ferro e nutrientes.

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SAÚDE

TRATAMENTO

ISM está longe do ideal

Apesar de problemas estruturais, antiga residência oficial transformada em Instituto de Saúde Mental, trata por mês cerca de 2500 pacientes >> Henrique Carmo

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sigilo nas informações prestadas, livre acesso aos meios de comunicação disponíveis e o maior número de informações a respeito da própria doença e do tratamento, entre outros. O diretor Ulysses lembra que o bom tratamento psiquiátrico precisa ser assistido de princípios básicos. Deve haver uma desinstitucionalização do ambiente de tratamento, ou seja, o local não pode ter uma cara de hospital. Por isso, nenhum dos 130 servidores do Instituto trabalham usando jaleco. “É importante desempenhar algum tipo de ocupação, de preferência com algum objetivo prático, como a geração de renda”, afirma o diretor. Os pacientes da unidade desenvolvem projetos de fabricação de artesanatos. Os produtos são vendidos numa banca da feira da Torre de TV, no Centro de Brasília

Casas de Passagem Outras estruturas que poderiam complementar a atuação do ISM seriam as casas de passagem. “Se você procurar em qualquer cidade do interior do nordeste, lá vai ter uma casa de passagem para o tratamento psiquiátrico que fica dentro da cidade. Em Brasília, não tem. Isso é uma vergonha”, afirma o médico. As casas de passagem dentro de cidades funcionam como uma unidade onde o paciente recebe um tratamento menos isolado. Estar dentro de uma comunidade ajuda na reinserção na sociedade, afirma o psiquiatra forense. No Instituto, existe uma casa de passagem dividida em uma ala masculina e outra feminina que abriga cerca de 40 internos. “Essa casa ainda não é a ideal, pois fica distante da cidade e o ideal é que esses pacientes tenham vida social” diz o diretor do Instituto. Atualmente a casa só abriga pacientes em conflito com a lei.

Tratamento ideal Os padrões para um bom tratamento psiquiátrico são definidos pela lei 10.216, de Saúde Mental, aprovada em 2001. A norma cita pontos importantes, como o acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde conforme as neces- Antigo salão de festas, hoje, necessita de reforma para atender com qualidade sidades do paciente, garantia de os pacientes do Instituto.

Foto: Alessandro alves

o Riacho Fundo I, a 20 quilômetros do centro de Brasília, está localizado o Instituto de Saúde Mental (ISM) ligado à Secretaria de Saúde do DF. Construído em meados dos anos 60, o local serviu de residência oficial para presidentes na época da ditadura. Em 1987, a propriedade de 52 hectares foi repassada para o GDF, pelo então presidente José Sarney. A partir daí, foi criado o Instituto, que hoje, apesar de problemas estruturais, recebe aproximadamente 2500 pacientes por mês para tratamentos psiquiátricos. O psiquiatra forense, Ulysses Rodrigues, é diretor geral da unidade há dois anos, mas já atua na instituição há duas décadas. Segundo ele, antes de assumir, o instituto quase fechou as portas por má administração.“Hoje trabalho com o que tenho nas mãos”, diz em referência à falta de estrutura. O diretor relata a necessidade de uma reforma no prédio, que é histórico. Segundo ele, melhorias na infraestrutura poderiam auxiliar nos tratamentos, mas nos últimos anos só foram feitos pequenos reparos. No complexo, há uma piscina desativada, antigamente usada pelos presidentes, que poderia servir para terapias. A quadra de esportes também precisa de cobertura e o salão de eventos, que é de madeira, está apodrecendo.

Hoje trabalho com o que tenho nas mãos Carlos Salgado Segundo a Secretaria de Saúde, além do Instituto localizado no Riacho Fundo, existem mais dois locais onde os tratamentos psiquiátricos são desenvolvidos: o Hospital São Vicente de Paulo e o Centro de Orientação Psicopedagógica. Ainda de acordo com a Secretaria, o Distrito Federal tem dez ambulatórios de psiquiatria nos hospitais regionais, além de ambulatórios em São Sebastião e na Vila Planalto. Há um Centro de Atenção Psicossocial de Infância, sete Centros de atenção Psicossocial para álcool e drogas (um dos postos funciona na Rodoviária do Plano Piloto) e cinco Centros de Transtornos Mentais Variados para Adultos. Quanto às reformas, a assessoria da Secretaria de Saúde respondeu que já foi dado início ao processo. No dia 21 de janeiro, em uma visita à unidade, o secretário de saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa, falou da ampliação do ISM. A respeito das casas de passagem, a Secretaria informou que a primeira casa foi criada em 1998 e que, depois de 12 anos, a proposta não teve a continuidade que deveria ter. Em 2011, o projeto foi retomado. Hoje, a secretaria já está no terceiro edital de convocação e, até agora, não houve nenhum interessado.

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ECONOMIA

CUSTO/BENEFÍCIO

Sonhar custa caro

Planejamento é essencial para que a realização do casamento não abale a vida financeira do casal >> Flávia Sousa Simone Sampaio

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o fornecedor não ser de confiança”. A jornalista Susanna Scarlet, ao contrário de Meire, gastou bem mais para realizar o projeto de vida. Para ela, cada centavo valeu a pena: “Planejávamos gastar R$ 20 mil. Como sonhos não têm preço, fomos nos empolgando e querendo tudo mais bonito e melhor. Passamos dos R$ 100 mil”. Apesar disso, Susanna aconselha que as noivas atentem para a questão financeira: “Faça tudo que tenha vontade, de acordo com sua disponibilidade financeira. Não adianta fazer a festa dos sonhos e ficar devendo. Por isso, planejamento e antecedência são essenciais para realização de um casamento”. Venda casada Vários consumidores esbarrarão na dificuldade de encontrar fornecedores que prestem serviços individuais. A maior parte dos prestadores de serviços do ramo só trabalha com venda casada, o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor. O advogado Alberto Perez,

Código de Defesa do Consumidor: SEÇÃO IV Das Práticas Abusivas Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos.

especialista em direito do consumidor, explica que venda casada consiste em vender determinado produto ou serviço somente se o comprador estiver disposto a adquirir outro da mesma empresa. Empresas como o Espaço da Corte, Espaço Renascença, Mansão Mabel, entre outras só fazem a locação do espaço mediante a contratação da deMeire Cristina gastou R$ 5 mil em sua festa coração e buffet próprios. As emA proprietária da Mansão Mabel, presas também determinam com Leandra Oliveira, alegou que o estaquais fornecedores o cliente pode belecimento é dela e ela trabalha com fechar os serviços. quem e como quiser. Ela disse que mais O Artefato entrou em containformações só seriam fornecidas por to com o Espaço da Corte. Ao ser meio do advogado da empresa. questionada sobre a ilegalidade da Os clubes que possuem salões de exigência, a produtora de eventos, festas também fazem esse tipo de exiCaroliny Sousa, explicou que eles gência. No Clube dos Associados da são um buffet e que construíram o Aeronáutica (Cassab) quem é sócio local para prestar esse tipo de serpaga R$ 500 a mais para trazer o buviço. Ela também disse que os conffet de fora, se o interessado não for sumidores são avisados do detalhe sócio, terá que desembolsar R$ 1.500. antes de fecharem o contrato. O gerente administrativo do Cassab, O Espaço Renascença alegou que Adilson Gomes, diz não fazer venda não trabalha com venda casada e casada. Segundo ele, “só houve terceisim com serviços exclusivos. O rização do serviço de cozinha, do salão proprietário, Carlos Augusto, afirpara um buffet por meio de contrato.” mou que já teve muitos problemas Consumidores que se deparacom buffets. A decoração também é rem com a prática da venda casaexclusiva. “Temos responsabilidade da podem denunciar a situação aos solidária. Se algum evento sair erórgãos de defesa do consumidor rado também seremos culpados. O como Delegacia do Consumidor, nome do Renascença está atrelado Procon, Ministério Público para que a todos os serviços que compõem coíbam a prática. o evento”, justifica Carlos.

Foto: Bianca Lima

uando o assunto é casamento, as opiniões se dividem. De um lado os que banalizam a importância de uma festa, de outro os que apostam na realização de um sonho. A união somente com teor civil é mais simples e barata. Já para quem vai fazer uma recepção aos convidados, terá que desembolsar um valor considerável. A cerimonialista Priscila Rosa diz que o custo médio de uma celebração em Brasília é de R$ 30 mil: “É preciso pesquisar muito para encontrar empresas com melhor custo/beneficio”. O economista Walter Lima acha importante dimensionar os gastos da festa para não se endividar após o casamento. O principal é não gastar além das possibilidades. Os noivos devem ter em mente que quanto melhor se programarem poderão parcelar os contratos em mais vezes. Walter justifica os altos preços praticados em Brasília devido à pouca oferta e muita demanda: “Quando isso acontece os preços inevitavelmente aumentam. Se houver diminuição na procura, os empresários terão que reduzir os seus valores, sob pena de falência”. O número de convidados é outro fator determinante. Por isso, vários casais optam pelo mini wedding, que é uma comemoração mais intimista. A lista de convidados é composta somente pelos familiares e amigos do casal e não pode ultrapassar cem pessoas. Essa foi a opção da esteticista Meire Cristina Araújo. Sua festa custou R$ 5 mil. Os convites foram confeccionados pela própria noiva. Ela buscou indicações de fornecedores junto a amigos e conhecidos e barateou os valores: “O importante é confiar em cada contrato. Não adianta pagar pouco e 22

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LAZER

ESPORTE

Quem não tem mar, surfa no Lago Prática de esportes no Lago Paranoá se populariza e fica mais acessível

Foto:Carlos Ribeiro

o maior número de pessoas para os eventos”, afirma Protta. Para Priscila Fernandes, 24, praticante de SUP há um ano, o esporte une o útil ao agradável. “Além de ser uma ótima opção para sair com os amigos, ainda malhamos o corpo, principalmente pernas e bumbum”, conta Priscila.

Jovens aderem ao SUP como diversão e também para manter a forma >> Carlos Ribeiro Heloise Meneses

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rasília fica a pouco mais de mil quilômetros do mar.Mas a distância não foi empecilho para os integrantes do Movimento dos Sem Praia (MSP) - nome surgido após brincadeira em alusão ao Movimento dos Sem Terra (MST). Nascido em 1992, com o slogan Surf Para Todos, o grupo foi formado por brasilienses apaixonados pelo esporte. Como alternativa para a falta do mar e das ondas, os surfistas da Capital decidiram mudar o foco para outros boardsports (esportes praticados com prancha que lembram o surfe) que pudessem ser praticados no Lago Paranoá. Hoje, o MSP é o principal incentivador de esportes ligados ao surf em Brasília e possui mais de 7 mil adeptos. O grupo organiza campeonatos regionais e nacionais de esportes náuticos com prancha no DF, e até em outros Estados, como o campeonato brasiliense de surfe, que teve sua 12ª edição realizada em 2013 na Praia do Silveiro, Garopaba/SC. Com sede no Pontão do Lago Sul,

o grupo também oferece aulas e aluguéis de equipamentos para a prática dos boardsports. Alternativas O wakeboard e o wakesurf são modalidades em que o atleta “pega” as ondas produzidas por lanchas. A diferença entre os dois é o uso da corda presa ao barco a motor – ao contrário do primeiro, o wakesurf é praticado com o auxílio de uma lancha específica que produz ondas maiores e ideais para o atleta surfar sem segurar em uma corda. Compõem também a lista, dois esportes dependentes das condições do vento. Um deles é o windsurf, praticado em uma prancha de surfe com uma vela de 2m e 5m, fundamental para o deslocamento na água. O outro é o kitesurf, realizado em cima de uma pequena prancha com suporte para os pés e com uma espécie de pipa – presa por uma linha na cintura do praticante – que é impulsionada pelo vento. Outro esporte que remete ao surf é o stand up paddle (SUP). Nele, os praticantes ficam de pé sobre uma prancha – maior que as de surfe - e

utilizam os remos para se deslocar na água. Nos últimos dois anos, o esporte tem se popularizado no Planalto Central. Segundo a Associação Brasileira de Stand Up Padlle (Absup), o SUP é o esporte de prancha que mais cresce no mundo. Para o proprietário do Clube do Vento, James Radde, o esporte oferece maior facilidade aos praticantes. “Quem não está em boa forma, ou acima do peso, curte igual a todo mundo. Se a pessoa conhece o esporte e quer praticar, em 30 minutos ela sai remando”, explica. Segundo o instrutor e integrante do MSP, Marcos Protta, o stand up, carro-chefe do grupo, pode ser praticado por pessoas de todas as idades. “Já houve casos de bebês de um ano e meio passeando na prancha com o pai, até uma senhora de 89 anos remando sozinha”, conta Protta. O Movimento não tem fins lucrativos, e que o maior objetivo do grupo é a divulgação e popularização dos esportes. “Estamos tentando tornar a prática do SUP, do kitesurf e outros esportes mais acessíveis para a população. Queremos também trazer

Segurança na água Com cerca de 40km², o Lago Paranoá tem suas práticas e uso regulamentadas por uma minuta do Decreto de Segurança do Uso e da Ocupação do Lago Paranoá, elaborado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em 2012, mas que ainda está sujeita à mudanças. De acordo com o decreto, cabe ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal “orientar praticantes de esportes náuticos assim como banhistas a realizarem as atividades com segurança, usando coletes salva-vidas, boias ou outros equipamentos de salvamento”. Ainda segundo a minuta, é obrigatório o uso de coletes salva-vidas e também do leash – corda que prende o usuário à prancha para a prática desses esportes.

Onde praticar? Movimento dos Sem Praia Local: Pontão do Lago Sul Tel: (61) 9249-8733 Clube do Vento Local: Clube Naval de Brasília Tel: (61) 8124-8596 Clube Katanka Local: Clube das Nações Tel: (61) 8172-5233 23

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VOLUNTARIADO

ESPORTE

Atividade para uma vida melhor

Criado há quatro anos, projeto social revela talentos para o atletismo e forma cidadãos >> Victor Araújo

E

esportivas para os filhos no contra turno escolar. As iniciativas são uma forma de evitar que crianças fiquem na rua e que se envolvam com drogas ou bebidas alcoólicas, enquanto não estão na escola, além de melhorar o rendimento escolar dos jovens.

Não tem dinheiro no mundo que pague. Trabalhando o cidadão, estamos ganhando um atleta. Nildamar Vieira

Um exemplo é o projeto Escolinha de Atletismo Talento nas Ruas (Escot), realizado no Condomínio Privê, em Ceilândia Norte. Criado pelos ex-atletas Anízio da Costa, dez vezes campeão do Troféu Brasil de Atletismo e recordista sul-americano por 15 anos, e Valdenor dos Santos, dono de várias medalhas de ouro conquistadas ao longo da carreira, a escolinha atende 75 crianças com idade entre sete e 18 anos e acompanha ainda ex-alunos do projeto que já ultrapassaram a idade limite. Segundo os criadores, o projeto contribui com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, preenchendo as lacunas do Estado no que diz respeito à inclusão social

Foto: Filipe Rocha

m tempos de Copa do Mundo e Olimpíadas, os projetos sociais de iniciação esportiva ganham cada vez mais destaque em cada canto do país. Conhecidos por descobrirem talentos como a ginasta, Daiane dos Santos, o ex-pugilista norte-americano, Mike Tyson, e a judoca Sarah Menezes, hoje, muitos não sobrevivem, devido à falta de patrocínio, e acabam com o sonho de muitas crianças que veem no esporte uma oportunidade para uma nova vida. De acordo com a assessora de imprensa da Secretaria de Estado de Esporte do Distrito Federal, Flávia Rezende, além dos quatro projetos oficiais como: Vila Olímpica, Compete Brasília, Bolsa Atleta e os Boleiros, cerca de 20 programas na área do esporte são apoiados pelo órgão. No Brasil, o número é bem maior. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte, além do Programa Segundo Tempo, e dos outros 14 projetos oficiais da pasta, há milhares de ações que disseminam disciplina e valores éticos entre os jovens espalhados pelo país. No DF, moradores e projetos não patrocinados pelo governo oferecem alternativas para adolescentes cujas famílias não podem bancar práticas

Projeto atende jovens de sete a dezoito anos e promove cidadania em comunidade carente 24 3013_01_ARTEFATO.indd 24

e acesso à cultura, esporte e lazer e influenciando na formação de cidadãos, usando como ferramenta a prática do Atletismo. Para Anísio, o projeto é uma forma de retribuir as ajudas que recebeu durante sua trajetória campeã. “Devido ao meu trabalho como atleta, me senti na obrigação de realizar e manter esse projeto”, afirma o esportista. Para o outro ex-atleta e idealizador do projeto Valdenor dos Santos, a ação além de criar futuros atletas, é uma forma de integrar as famílias. “A gente quer zelar, tirar as crianças e adolescentes, das ruas, das drogas, fazer uma coisa para melhorar a qualidade de vida deles”, conta Valdenor. Os treinos são às segundas, quartas e sábados, no período matutino para os atletas que estudam à tarde, e também no vespertino para os alunos que estudam pela manhã.

é muito legal. Você vê o que está semeando, o que está plantando, é maravilhoso. Não tem dinheiro no mundo que pague. Trabalhando o cidadão, estamos ganhando um atleta”, completa.

Futuros atletas Paulo Ricardo, 14, é um dos promissores alunos dessa escolinha. Morador da comunidade, ele venceu a Corrida de Reis Mirin, trajeto de 300 metros realizado anualmente em Brasília e os jogos escolares, realizado no DF, ganhando inclusive medalhas e prêmios como bicicletas. Com apoio da mãe, o atleta vê o trabalho dos professores com bons olhos, e destaca que o projeto é de grande relevância.“O projeto tem me ajudado em casa, pois eles me dão alimentos, na escola e nas corridas, o que melhorou o meu rendimento”, relata o jovem. Os idealizadores da Escot plaParceiros nejam conquistar mais recursos Para participar do projeto, os or- e melhorar o espaço em que as ganizadores exigem dos alunos boas crianças treinam. “Necessitamos notas e disciplina. Para isso, a esco- de equipamentos adequados e telinha conta com parceiros que dão mos um sonho de conquistar um continuidade a essa prática social. espaço maior e de melhor qualidaFora dos treinos, as crianças têm de, em que a criança possa passar cursos de inglês, acompanhamento o contra turno escolar no local, alpsicológico, nutricional e médico, moçar e ir para a escola” destaca o além de ajuda de custo para com- colaborador Nildamar. prar uniforme, pagar o transporte e as taxas de inscrição em corridas. Quer ser voluntário? Tudo com o apoio de colaboradoA Escot precisa de apoio para res e, claro, dos treinadores. atender mais crianças e oferecer Um dos parceiros da Escot, o pro- uma variedade maior de atividades. fessor Nildamar Vieira, considera a A escolinha aceita colaboração ideia dos dois ex-atletas um impor- financeira ou de qualquer natureza, tante passo para o crescimento so- como o voluntariado. cial das crianças e adolescentes da Para ser voluntário, os idealizadores comunidade. “O projeto é de extre- afirmam que é necessário disponibilima importância, pois além de tirar dade às segundas e quartas-feiras. O a meninada da rua, a ação realizada voluntário poderá auxiliar nas aulas aqui busca fazer uma mudança so- práticas e teóricas, reforço escolar, cial e, também, melhorar o rendi- participação em eventos esportivos e mento deles”, disse o colaborador. transporte das crianças. .prestação de Para ele, é muito gratificante parti- serviços administrativos. cipar do projeto: “Ver o resultado ali

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