Artefato NA INFORMALIDADE INFORMALIDADE NA
vendedores ambulantes ambulantes chegam chegam aa faturar faturar R$150 R$150 por por dia dia vendedores com vendas vendas de de produtos produtos que que n達o n達o passam passam de de R$ R$ 22 com Quebra-molas: lombadas ilegais podem causar transtornos Abergue: promessa de hospedagem barata em Bsb n達o passou de promessa
Bafafá
Ilustração: Shizuo Alves
A dor e a delícia do transporte público
Vinícius Remer
Nada em Brasília é perto, uma cidade de distâncias. Todos que dependem do transporte público na capital sabem como é sofrido. Moro em Águas Lindas (GO) ou, se preferir, na região metropolitana do Distrito Federal. Preciso utilizar pelo menos três ônibus todos os dias no percurso trabalhofaculdade-casa e vice-versa. Gasto três horas neste trajeto e além das críticas – que são muitas – talvez exista algo de proveitoso em se aventurar nos ônibus sucateados do Distrito Federal e do Entorno. Gosto de me perder em pensamentos enquanto faço essas viagens. Explico. Quando existe uma poltrona vaga já é motivo de felicidade. Viajar sentado ainda é a melhor forma de viajar. Olhar pela janela enquanto tudo passa por mim é esvaziar a cabeça de ideias .
Tudo passa e nada é registrado. Apenas existo. É uma pausa na rotina. Outro dia, por exemplo, o pai levava o filho para escola e eles brincavam, eu olhava extasiado a felicidade do menino. Eles riam, pareciam felizes. Outra vez observei três atos de generosidade em uma simples viagem de ônibus. No primeiro, uma moça entra carregando uma enorme mochila nas costas e logo consegue um lugar (em pé). Em seguida, outra mulher (sentada) lhe pede para levar a bagagem. Depois, no momentoseguinte, um homem levanta e pergunta se a moça não quer se sentar no lugar dele. Além das rosas é preciso dizer sobre os espinhos. A viagem vai além da contemplação de atos de solidariedade e esvaziamento de pensamentos. São necessárias as críticas. Por exemplo, as iniciativas que o Governo do Distrito Federal vem tomando para deixar o transporte público menos doloroso, são válidas, mas as soluções apresentadas não fecham o ciclo. Há algo de inacabado nas iniciativas.. Quem utiliza, sabe que novos veículos foram comprados,
mas que isso não é o bastante. Com a construção da faixa exclusiva para ônibus na Estrada Parque Taguatinga-Guará (EPTG), nenhum veículo pôde parar no ponto, devido a porta de saída do ônibus abrir do lado contrário à parada. A solução seria a compra de carros mais funcionais, com saídas nas duas laterais, o que permitiria que o veículo transitasse em qualquer faixa e pudesse parar em qualquer lugar. Algo que existe em São Paulo, mas aqui não. Eu me pergunto, por que não? Mesmo com toda a precariedade do transporte público na capital, ainda são prazerosos os momentos, as histórias e as pessoas que conheço. Como no dia em que após esperar algumas horas na Rodoviária do Plano Piloto, optei pelo táxi. Acabei conversando muito com o motorista, algo que sempre acontece, e o assunto não poderia ser diferente. Compartilhei as dificuldades de se locomover na cidade e escutei dele: “Em Brasília ter carro não é luxo, é necessidade”. Talvez eu não opte pelo necessário, mas pelo prazer dos bons encontros e o bom papo como esse que estamos tendo aqui, pensei.
Carta do editor
Definitivamente não vivemos do ócio Guilherme Pesqueira
É entrevista aqui, reunião ali, produção acolá, e por aí vai. É assim que se constrói um jornal, mas não é um pedaço qualquer de papel. É o Artefato, jornal que completa 15 anos, e por isso já pode se gabar. E pode se gabar ainda por ser, pela maioria, bastante querido. Mas não basta somente isso. O tal jornal é feito por estudantes que buscam muito mais que uma boa pauta, uma boa história. Eles buscam a história, aquela que lhe faça (é você mesmo caro leitor) se espantar com algo inusitado, rir com algo engraçado e se revoltar com algo inaceitável. O tal jornal é feito não só por estudantes, 2
mas por ambiciosos que vêm a oportunidade de falar com as pessoas por meio de assuntos que possam afetá-las diretamente ou não. São esses estudantes que da ambição passam ao orgulho ao ver o conteúdo sendo veiculado e comentado de boca em boca, sendo criticado ou elogiado por você, caro leitor. Esses estudantes não são presunçosos e egoístas a ponto de pensarem somente neles, chegando a interditarem vias em protesto, ou pelo simples
pedido de verem seus nomes impressos num jornal em um pedaço tão descartável de papel. Mas são em sua maioria, apenas jovens repórteres que querem ter sua voz ouvida por você, caro leitor. Intenso? Sim, essa palavra pode descrever a produção de um jornal que, embora seja laboratório, tem sua grandeza – e como tem. E o ócio, onde ele entra? Bem, na verdade não há. Já que o jornal assim, como o fato, não para. Por isso e não à toa nos chamamos Artefato.
Artefato Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 15, n. 2, abril de 2014 Reitor: Dr. Afonso Tanus Galvão Diretor da Escola de Negócios: Dr. Alexandre Kieling Coordenador do Curso de Comunicação Social: Dr. Luiz Carlos Assis Iasbeck Professoras responsáveis: Me. Karina Gomes Barbosa e Me. Fernanda Vasques Orientação de fotografia: Me. Bernadete Brasiliense Monitor: Shizuo Alves Editor-chefe: Jéssica Paulino Editor de arte: Guilherme Pesqueira Editora de fotografia: Nara Loreno Subeditores de fotografia: Anna Karla, Marcela Luiza Editores de texto: Rayssa Oliveira e Vinícius Remer Editora web:Joyce Oliveira Diagramadores: Amanda Gonzaga e Guilherme Azevedo Repórteres: Adriana Braga, Ana Karolina Lustosa, Faiara Assis, Gabrielle Ximenes, Jéssica Lilia, Marcelo Rosa, Paulo Melo, Priscila Suares, Silvia Guerreiro, Thiago Baracho Checadores: Adriana Braga e Ramíla Moura Fotógrafos: Susanne Melo, Gabriela Alves, Filipe Cardoso, Isabella Coelho, Kamila Braga, Isabela Vargas Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Universidade Católica de Brasília EPCT QS 7 Lote 1, Bloco K, sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Fone: 3356-9098/9237 Email: artefato@ucb.br Site: pulsatil.com.br Facebook: facebook.com/artefatoucb Acervo: issuu.com/jornalartefato
Cidades Capital
Papo de Brasília
Luz, câmera e ação a bordo de um carro anos 70
Paulo Melo
Um carro cor bege, modelo Volkswagen, de 1978. Rodas, volante, bancos e motor originais de fábrica. Na direção do veículo, um jornalista, Daniel Zukko, de 34 anos. No banco do carona, famosos que contam histórias que envolvem a capital do país. Em 2010, assistindo a campanha política eleitoral, Zukko, sentiu falta de candidatos brasilienses nas eleições para cargos políticos federais que falassem sobre Brasília. Por isso, resolveu criar um programa que abordasse a cidade, para mostrar como ela realmente é. Na época, Zukko tinha a ideia na cabeça, mas ainda não sabia como iria ser ou se chamar. Já em 2011, Zukko, achou uma foto de quando era criança em cima de uma Brasília que o pai tinha e se questionou: “Existe um carro que tem o nome da minha cidade. Esse vai ser o estilo do meu programa. Vou fazer entrevistas dentro de uma Brasília, falando de Brasília e andando por Brasília”. Com isso foi a procura do automóvel, e achou o veículo um ano depois. Encontrou o carro, uma a Brasília de cor bege, - que virou amarela pelo tempo gasto. O jornalista não precisou de muita estrutura para tornar o carro em um estúdio de gravação. Com câmeras específicas, sistema de áudio e uma luz interna, Zukko, formou um estúdio móvel para as filmagens. Em 2013 o projeto saiu do papel e lá estava o carro antigo para ser usado como símbolo do programa. Entre os famosos que foram entrevistados estão os brasilienses Leila Barros, atleta; Carlos Braga, jornalista. Além da cantora Ellen Oléria, vencedora do primeiro programa The Voice Brasil. Ellen Oléria contou histórias da vida na capital do Brasil, onde nasceu e viveu desde pequena. Já Dr. Ray, o famoso médico da TV, e Rafael Cortez, apresentador, por exemplo, não moraram e nem nasceram em Brasília, mas deixaram suas opiniões sobre a cidade. Segundo o idealizador do programa, geralmente, a primeira pergunta para o entrevistado é: “Já andou em uma Brasília”? E acrescenta: “Muitos ainda não andaram”. Daniel conta que por ser um programa em
Fotos: Susanne Melo
Jornalista e apresentador do programa, Daniel Zukko comprou a Brasília fabricada em 1978 em 2012
um carro a atenção, em todos os aspectos, têm que ser redobrada. “Quando estamos entrevistando eu tenho que ficar atento a muitas coisas. Ao trânsito, ao que o entrevistado fala, e prestar atenção no carro, que é difícil de guiar.” Quando gravava o programa com o apresentador Rafael Cortez, ele bateu o veículo. “É normal, batemos carros. Se não for por distração, será pela dinâmica do trânsito”, e completa: “Depois desse dia, fiquei atento e parei de olhar para o entrevistado. Tenho mais preocupação no trânsito, afinal tive que pagar o conserto do meu carro e da outra pessoa”. Daniel conta que antiga-
mente o assédio de quem via o programa era por quem estava sentado no banco do carona sendo entrevistado: “No começo as pessoas olhavam e ficavam falando, será que é aquela famosa?”. Diferente de hoje em dia, quando elas param o motorista para elogiar o programa. “Adoro o seu programa, você é bom”. Zukko diz que “os entrevistados ficam surpresos. Alguns até questionam”, e acrescenta: “Acho que o famoso aqui é você e o seu carro, hein!”. O jornalista gastou R$ 40 mil com o carro. Ele garante que a paixão não desperta ciúmes na mulher. “Afinal, ela foi à única que dirigiu a minha clássica Brasília”, finaliza. 3
Cidades Trânsito
Quebra-molas causam transtornos Detran conta com a denúncia da população para remover as lombadas fora dos padrões
Foto: Jèssica Pereira
Dione Cruz aponta para o quebra-mola que foi construído ilegalmente e diz que o intuito é evitar acidentes
Faiara Assis
Quebra-molas, quebra-carros, lombada, redutores de velocidade, ou tecnicamente chamados de ondulações transversais, as barreiras instaladas nas ruas com a intenção de reduzir
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a velocidade dos veículos promovendo segurança no local, muitas vezes provocam transtornos para passageiros e motoristas se construídos fora dos parâmetros estipuladoss. Quando irre-
gulares, instalados por pessoas que visam tranquilidade no local, a boa intenção pode se reverter em graves acidentes, além de comprometer o controle realizado pelo Departamento de
Trânsito do Distrito Federal (Detran). Por regra, os quebra-molas são construídos somente em vias públicas e por meio de solicitações. Para a construção é necessário
que os moradores da região encaminhem um abaixo-assinado para administração regional e, por meio de ofício chegará ao Detran, que seguirá a resolução 39 do Conselho Nacional de
Dois tipos de quebra-molas previstos na legislação de trânsito brasileira
Infográfico: Shizuo Alves
Transito (Contran). Segundo o órgão, a instalação de quebra-molas no local passa por uma série de observações como, a análise de via e de tráfego, o risco ou potencial de acidentes, a ausência de rampas com declividade superior a 4,5% ao longo do trecho, curvas ou interferência visuais e volume do tráfego inferior a 600 veículos/h. Mesmo com essas exigências o Detran, perdeu o controle das construções nas vias públicas e residenciais do DF. De acordo com técnico de trânsito da engenharia do Detran, Jaime Tavares, os residentes do DF, constroem quebra-molas com cimento por conta própria, comprometendo as molas dos carros, além de gerar diversos transtornos para os motoristas e passageiros. “Sabemos da existência exagerada de
quebra-molas fora dos padrões, mas devido ao déficit de servidores no setor fica inviável realizar vistoria e levantamento das instalações ilegais, contamos com as denúncias dos moradores para que sejam identificadas e removidas essas ondulações fora dos padrões da legislação”, afirma o técnico. Quando moradores perceberem que existem instalações irregulares é necessário fazer a denúncia em contato com a administração regional da cidade. Francisca, moradora de Taguatinga há nove anos, solicitou em 2012 a remoção de um quebra-molas irregular, encaminhou para a administração um abaixo-assinado explicando a localização e os motivos da remoção. “O quebra-molas não tinha nivelamento, era muito alto e foi construído, por meu vizinho, sem apro-
vação de todos os moradores. Fui à Administração de Taguatinga que informou os procedimentos necessários para remoção”, conta Francisca. Em menos de um mês o quebra-molas foi retirado do local. Enquanto um quebra-molas irregular é removido outros continuam a serem construídos de maneira imprudente. Dione Cruz, morador da Ceilândia, construiu cinco quebra-molas irregulares na rua onde mora. Ele não fez os procedimentos legais e teve ajuda dos moradores para construção com mão-de-obra e material. “Tive a iniciativa de fazer os quebra-molas, pois, no local o movimento é intenso principalmente de crianças, e os motoristas passavam em alta velocidade colocando em perigo a vida de quem passa na rua”, justificou o morador.
Para o Núcleo de Segurança e Prevenção de Acidentes (Nuspa), a construção de quebra-molas fora dos padrões não garante proteção, pois, pode gerar sérios problemas não apenas aos motoristas, mas também atrasos nas ações de bombeiros e ambulâncias em situações de emergência para os moradores da localidade, rachaduras em casas próximas as instalações, congestionamento em vias movimentadas em horário de pico, desconforto a passageiros principalmente gestantes e pessoas com fraturas, além de risco de acidentes. PADRÃO A legislação brasileira determina os padrões para que os redutores de velocidade sejam instalados definindo as formas como comprimento e condições. Caso
o local esteja dentro dos padrões a administração regional instala o quebra-molas que, após o tempo de “cura”, período necessário para secagem do asfalto, o Núcleo de Segurança e Prevenção de Acidentes do Detran, avalia os parâmetros da construção, para regularização com sinalização e emplacamento do local. Segundo o Detran, o objetivo do redutor de velocidade é proporcionar segurança na travessia e a redução do número de acidentes e são geralmente instalados em locais com fluxo intenso. A renovação de sinalização e pintura dos quebra-molas legais devem ser feitos pela central do Detran 154. Já a solicitação de remoção deve ser feita por meio das administrações regionais informando a localização exata e o abaixo assinado dos moradores. 5
Comportamento Crédito: Amanda Gonzaga
Foto: Amanda Gonzaga
Durante as reuniões de grupo, os jovens do movimento Emaús conversam sobre assuntos relacionados a fé e ao papa
Religião
Papa Francisco: a nova fase da Igreja Católica Movimento católico de Brasília se reúne semanalmente para debater sobre documentos publicados pelos papas Amanda Gonzaga
Brasília possui 79 movimentos jovens e pastorais católicas registrados na Arquidiocese da capital. De acordo com a Cúria Metropolitana (parte administrativa da igreja), o número de jovens que participam de 6
algum movimento e atuam nas respectivas paróquias do Distrito Federal está aumentando desde o ano passado. O padre Lucas Gonçalves, responsável pelos jovens da Arquidiocese de Brasília, informa que a quantidade
de fiéis cresceu por causa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um dos maiores eventos da Igreja Católica que reuniu três milhões de participantes no Rio de Janeiro, em julho de 2013. O sarcedote participou da
JMJ e destacou que o evento teve maior repercussão na mídia, e nos jovens, por causa do papa Francisco. “A diferença está na personalidade deste papa, que é marcante por sua ternura e gestos”, ressalta. Quem co-
nheceu o papa de perto afirma que o argentino é “gente como a gente”. O brasiliense Vinícius de Andrade foi um dos 12 jovens escolhidos pela Comissão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
para almoçar com Francisco durante a JMJ. Durante o encontro, Vinícius destacou que o papa estava interessado em conhecer os jovens. “Ele queria que nós falássemos sobre a nossa experiência na Igreja e a nossa visão sobre o assunto”, comentou. O brasiliense participa do movimento católico Regnum Christi e viajou com o grupo para o evento no Rio de Janeiro. “São nítidos os frutos da JMJ, até para quem não participou. Os jovens estão muito mais comprometidos, empolgados e também pude ver com meus próprios olhos vocações sacerdotais que brotaram na jornada”, afirma. Em Brasília, os jovens que frequentam o movimento arquidiocesano Emaús também participaram da JMJ e realizam encontros para estudarem os documentos publicados pelos papas e livros sobre a igreja. Na segunda-feira, os jovens têm um encontro marcado no Lago Norte e no Guará (I e II) e na quinta-feira na Octogonal para discutirem sobre o evangelho e o Youcat (livro que explica o catecismo da Igreja Católica). Priscila Sousa está há um ano no movimento e reconhece a importância dos estudos em comunidade. “Os textos não são um documento de reforma, são leituras que tratam sobre valores e a necessidade de mudança dos cristãos que refletirá na Igreja”, comentou.
PRIMEIRO ANO Em março, Francisco comemorou um ano de pontificado e pediu, em rede social, que os fieis rezassem por ele. No primeiro ano de trabalho, o representante da Igreja Católica quis se aproximar das pessoas, espiritualmente e fisicamente. O sucessor de Ratzinger aproveitou os passeios a carro aberto no Vaticano para conversar e abençoar os cristãos. Durante um encontro com 500 jovens na Basílica de São Pedro, em agosto de 2013, os adolescentes aproveitaram o contato para registrar o momento fazendo uma selfie com o pontífice. Francisco é o primeiro jesuíta papa da América Do Sul. Durante uma audiência para os jornalistas em março de 2013, o papa
“
comentou que a escolha do nome foi feita após o comentário do dom Cláudio Hummes de que era preciso se lembrar dos pobres. O desejo de Francisco é de ”uma igreja pobre, para os pobres”. O padre Lucas Gonçalves destaca que o papa argentino tem “traços marcados por povos de países de terceiro mundo e, por isso, chamou atenção para seus primeiros passos”, comenta. Joseph Alois Ratzinger, Bento XVI, estava à frente da Igreja Católica há sete anos e surpreendeu os fiéis, em 11 de fevereiro de 2013, com a mensagem de que não possuía mais forças para comandar a Igreja. Nas redes sociais, a anúncio ressuscitou os debates sobre “necessidade da igreja se modernizar” com um novo representante. Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, foi indicado ao cargo dois dias após o início do conclave. O Papa iniciou o pontificado quebrando protocolos: rezou pelo papa emé-
rito, Bento XVI, pediu aos fiéis que rezassem por ele e depois deu a benção. ESCÂNDALOS Francisco recebeu a Igreja Católica em meio a escândalos de pedofilia e corrupção. O papa emérito Bento XVI ficou conhecido pelo conservadorismo e enfrentou casos de escândalo após as divulgações de documentos secretos que sugeriam uma série de episódios de corrupção. Algumas declarações de Bento XVI também provocaram tumultos e repercutiram negativamente. Durante uma viagem ao Brasil, em 2007, Ratzinger justificou a excomunhão de bispos que apoiavam políticos na legalização do aborto. O então presidente Lula questionou o comentário do papa emérito e pediu que ele tratasse um problema de saúde pública como “chefe de Estado”. Bento XVI também enfrentou escândalos de pedofilia
nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. O papa não se pronunciou sobre os casos e seu silêncio foi questionado pela imprensa internacional. Especialista em assuntos sobre o Vaticano, Giancarlo Nardi divide a história da Igreja Católica em duas partes “a renúncia do papa Bento XVI separa a história em antes e depois. O sinal disso é que Francisco, junto aos bispos, cardeais, padres e fieis estão retornando a igreja”, afirma. Para Nardi, o fato do papa pertencer à ordem jesuíta e ser da América latina, ajudou a aumentar a repercussão positiva sobre o pontificado. “Francisco quer uma igreja aberta aos pobres, humildes e excluídos”, defende.
A diferença está na personalidade deste papa, que é marcante por sua ternura e gestos” Padre Lucas Gonçalves
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Comportamento Serviços
Elogio é bom e todo mundo gosta Apesar de incomum, há pessoas que elogiam o atendimento recebido em estabelecimentos comerciais Foto: Kamila Braga
A estudante de Publicidade e Propaganda Brenda Amorim que é dona de um estabelecimento acredita que um bom atendimento se baseia em atenção ao cliente
Guilherme Pesqueira e Priscila Suares
O elogio é característica pouco utilizada no cotidiano do consumidor. Via de regra a reclamação tem 8
ocupado maior espaço que a avaliação positiva. É mais comum reclamar, apontar formalmente o atendimento que deixou a desejar, do que elogiar e valorizar a satisfação por ter sido bem atendido. Mas afinal, quais
fatores levam o atendimento a atender ou quem sabe até a exceder as expectativas do cliente? De acordo com a team coach, nome que se dá ao profissional que treina equipes, Milena Lins que
trabalha com capacitação de funcionários há 14 anos, para que o cliente realmente se manifeste a ponto de efetuar algum elogio, é necessário que o atendimento seja superior ao mínimo esperado ou que isso aconteça
em comparação com outras empresas. Segundo Milena, a cultura do elogio ainda não existe, pois o bom atendimento é algo básico e o mínimo que se espera de uma empresa. “Definitivamente o elogio é consequ-
“
Um elogio pode sinalizar que se está no caminho certo” Marcos França
Foto: Isabella Vargas
A team coach Milena Lins acredita que o elogio é consequência de um bom atendimento
Existe forma ideal de elogiar? Milena Lins acredita que não tem uma maneira correta de elogiar um bom atendimento. No entanto, ela ressalta a forma como o elogio é realizado, acarreta efeitos diferentes. Por exemplo: quando o elogio é feito diretamente para o funcionário, soa como algo mais informal, apenas um diálogo de agradecimento. Mas quando o elogio é feito para a gerência, se torna algo mais amplo, atinge a empresa. ência de um bom atendimento, porém nem sempre o cliente dá a devida atenção em ressaltar isso elogiando”, conta. Milena acredita que o acesso à tecnologia, o aumento da oferta e a possibilidades de comparações entre empresas, fazem com que as companhias façam um esforço maior para prestarem bom atendimento e assim evitarem reclamações e más recomendações através da web. “A insatisfação que antes só ficava entre poucos amigos, agora cai nas redes e em questão de minutos pode arruinar uma marca”, ressalta.
ta que um bom funcionário é aquele que entende e valoriza seu papel na empresa, deseja continuamente melhorar, tem atenção aos indicadores chave para o sucesso da empresa e reconhece a importância do cliente. Mas a empresa também tem um papel importante na formação desse profissional. Milena diz que é preciso conhecer os valores do funcionário, construir junto com ele um significado para seu trabalho, criar um vínculo emocional entre ele, seu trabalho e a empresa. As avaliações do atendimento podem ser feitas de várias maneiras, o assessor FUNCIONÁRIO IDEAL de comunicação, Marcos França, 24 anos, Antes do elogio ou do atendimento há diz que prefere se dirigir diretamente ao o funcionário. A pergunta que fica é: há funcionário que lhe prestou um bom atenum profissional ideal? Milena Lins acredi- dimento, e sempre que possível transmitir
o elogio à gerência do estabelecimento. De acordo com Marcos, ambas as avaliações, a crítica e o elogios têm grande importância. “Acredito que, da mesma maneira que uma crítica pode orientar o aperfeiçoamento do atendimento, um elogio pode sinalizar que se está no caminho certo”, afirma. Marcos conta que costuma frequentar os mesmos estabelecimentos onde é bem atendido não somente pelo local ou pelos produtos e serviços que oferece, mas pelos atendentes, que fazem com que ele se sinta bem à vontade, “em casa”. “Meus amigos e eu costumávamos esperar para sermos atendidos pelo mesmo funcionário de um cinema, que era sempre muito atencioso e compartilhava com a gente suas impressões sobre os filmes em cartaz”, relembra. O assessor de comunicação classifica o elogio como algo poderoso e viciante. Ele acredita que o funcionário se sente mais motivado quando recebe um retorno positivo ao invés de ser criticado. Com isso, o trabalho é desenvolvido de forma a continuar recebendo esse tipo de retorno. “Acredito que o cliente é o maior chefe, e tem, portanto, a missão de contribuir com o crescimento daqueles que trabalham para servi-lo”, diz. Ao contrário de Marcos França que prefere o contato pessoal com o funcionário ao elogiá-lo, há consumidores que preferem utilizar a web. A estudante de Publicidade e Propaganda, Brenda Amorim, 21 anos, conta que participa de um grupo no Facebook chamado “Mães Amigas de Águas Claras e Região”, que tem o intuito de criticar e elogiar algum atendimento ou serviço que utilizaram disponibilizando o contato da empresa para os demais usuários. “Eu já fiz muita compra através dessas indicações”, diz. O estudante de direito da Universidade Católica de Brasília (UCB), Pedro Gonçalves, que trabalhou na loja de departamento Renner por mais de dois anos, diz que um bom atendimento é caracterizado pela disposição do atendente para lidar com as adversidades e da forma mais graciosa solucionar os problemas, obviamente respeitando as diretrizes da empresa. Ele conta que a companhia costumava trabalhar com o incentivo aos colaboradores. “A empresa promovia encontros mensais onde, por meio de atividades lúdicas, buscava-se incentivar o colaborador a prestar um bom atendimento”, diz. Pedro conta ainda que o funcionário de destaque do mês é premiado com uma quantia de R$ 545. Além do incentivo financeiro, a empresa conta com treinamentos para que os colaboradores possam atender melhor os seus clientes. Pedro acredita que o treinamento é o fator principal para que seja realizado um atendimento de excelência. “É um fator motivacional, pois um colaborador bem treinado e que é constantemente surpreendido por fatores positivos no auxílio a seu trabalho tende a atender o cliente de forma atenciosa e eficiente”, afirma.
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Política Descriminalização
Regularização da maconha em debate Depois de países como Uruguai terem legalizado a cannabis sativa, o Brasil caminha a favor da descriminalização Foto: Kamila Braga
Cristovam Buarque (PDT-DF), Jean Wyllys (Psol-RJ) e o Partido Verde (PV) se manifestaram a favor da descriminalização da maconha
Nara Loreno e Vinícius Remer
A descriminalização da maconha vem sendo alvo de repercussão em todo país com os novos projetos de leis quem chegaram à bancada do Senado. Proibida na maioria dos países, entre eles o Brasil, no Uruguai, a erva está permitida, e nos Estados Unidos, algumas cidades como Washington e Colorado autorizaram seu uso recreativo no início do ano. O Brasil terá de enfrentar o debate sobre a legalização da maconha. Em nota, o Partido Verde (PV) apresentou uma proposta na Câmara dos Deputados que legaliza o plantio, a comercialização e a distribuição do produto. De acordo com o 10
projeto de lei assinado pelo deputado Eurico Júnior (PV-RJ), o poder público será responsável pela implantação da política de uso da maconha, dando prioridade às medidas voltadas ao controle e à regulação das substâncias psicoativas e de seus derivados. Esta não é a única proposta em discussão no Congresso sobre o assunto. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu estudos à Consultoria Legislativa para embasar seu parecer a uma sugestão feita ao Senado, com o apoio de 20 mil internautas, para legalizar o plantio, o consumo e o comércio da substância. O deputado Jean
Wyllys (Psol-RJ) anunciou um projeto com o mesmo objetivo na Câmara, em contraponto a uma proposta do deputado Osmar Terra (PMDB-RS) que endurece a legislação antidrogas, já aprovada pelos deputados. “A descriminalização cria a base para a legalização, a maneira de inibir a circulação da droga e a quantidade que circula é haver algum constrangimento para quem usa. Eu
sou contra prender o usuário, mas sou a favor de que deve existir algum tipo de constrangimento para que ele pense duas vezes antes de usar”,firma o deputado Osmar Terra sobre seu projeto de lei. A Lei Antidrogas (11.343/2006) proíbe o uso de substâncias entorpecentes, “bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam
“
Eu sou contra prender o usuário, mas sou a favor de que deve existir algum tipo de constrangimento para que ele pense duas vezes antes de usar” deputado federal Osmar Terra
Foto: Lucio Bernardo Jr./Ag. Câmara
O deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) apresentou proposta que endurece a legislação antidrogas
ser extraídas ou produzidas drogas”. A legislação estabelece punições diferentes para usuários e traficantes. Quem for pego em flagrante comprando, guardando ou transportando droga para consumo pessoal está sujeito àadvertência, à prestação de serviço à comunidade e à medida educativa de comparecimento a programas ou cursos. No caso de tráfico, o condenado pode pegar de cinco a 15 anos de prisão, além do pagamento de multa.
em julho de 2012 planos de venda de cannabis controlada pelo Estado, como alternativa de combater os crimes do tráfico de droga e por questões de saúde. A proposta de Mujica aplica-se em permitir o cultivo privado, não comercial, da planta e garantir licenças para profissionais produzirem em larga escala. O plano incluía um sistema de registro do usuário, com o pagamento de uma taxa, e um controle de qualidade, tudo coordenado por um departamento NO URUGUAI do governo que monitora O governo do presiden- os setores de álcool, tabate José Mujica anunciou co e medicamentos. Com
um mercado consumidor mensal de cerca de 70 mil pessoas no país, o governo acreditava que o país deveria produzir mais de 2 mil quilos da planta/mês. No dia 31 de julho de 2013, a Câmara de Representantes da Assembleia Geral do Uruguai, aprovou um projeto de lei para legalizar e regular a produção e venda de cannabis e enviou o texto ao Senado. Em 10 de dezembro de 2013, o cultivo, produção e venda da cannabis foi aprovada tornando o país precursor mundial na legalização da droga. Os únicos que podem
consumir a droga são uruguaios registrados desde que não excedam o limite de porte. “As pessoas com que tenho conversado, mesmo os mais velhos, veem bem a nova lei que, de início, não aparentava ter um grande impacto. Os usuários têm o costume de plantar suas próprias mudas para consumo, a lei não tem como objetivo permitir o trafico nem fomentar o uso, mas sim descriminalizar o cultivo. Muita gente chega no país querendo fumar abertamente na praia e acaba na delegacia” comenta o uruguaio Julián Martinez. 11
Economia NA RUA
Grandes engarrafamentos
Vendedores informais aproveitam o conges Foto: Joyce Oliveira
Vendedores correm no meio do congestionamento para vender seus produtos. Lucro e o perigo andam juntos
Ana Karoline Lustosa e Joyce Oliveira
Final da tarde, 17h30, EPIA. Buzinas começam a atormentar aqueles que já estão dentro de seus veículos há alguns minutos. Parados, motoristas se deparam com a venda de cocada, água, refrigerante e salgadinhos no acostamento. Custando em média R$2 cada item, tanto quem vende como quem compra sai ganhando nessa relação. Os trabalhadores de rua aproveitam a oportunidade para faturar um extra e, alguns, garantem o sustento da família apenas com essa atividade. Até parcerias entre os vendedores são formadas 12
para confirmar o sucesso nas vendas e a felicidade dos clientes. Desde que iniciaram as obras para melhoria no trânsito em Brasília, os congestionamentos ficaram cada vez mais comuns. O Distrito Federal possui atualmente uma frota com 1.491.539 veículos registrados, segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran). Com as vias reduzidas devido as obras do Veículo Leve sobre Pneus (VLP) os motoristas e usuários do transporte público já não conseguem fugir do trânsito pesado. O jovem Israel Melk, de 18 anos, começou a vender pipoca, água e refrigerante por influência do pai após um desentendimento no seu antigo empre-
os, grandes negócios
stionamento para garantir a renda mensal Foto: Jéssica Pereira
go. “Ele falou assim: ‘meu filho vamos ali que você nunca mais vai querer trabalhar para os outros’ E eu vim.” Apesar de não ir todos os dias, ele garante que já tem alguns clientes fixos. Com um lucro de R$ 150 por dia, Israel afirma que é a melhor opção que encontra no momento para sustentar a esposa e uma filha. “Pago aluguel, as contas e ainda estou guardando para ir a São Paulo fazer um teste em um time de futebol”, planeja. Daniel Rezende, que é vendedor informal na EPIA há mais de dois meses, investe por volta de R$ 2 mil em produtos a cada 15 dias e afirma que o lucro é garantido. Por dia, ele também consegue faturar em média de R$ 150. Atualmente ele permanece no seu ponto de venda de 15h às 20h30. Antes de vender em acostamento, Rezende já havia tido experiências de venda nos ônibus. “As pessoas têm muito preconceito ainda e alguns até reclamam, principalmente os motoristas. Acham que todo vendedor de balinha já foi usuário de crack”, explica. Com o dinheiro arrecadado nas ruas junto com um sócio – vendedor na EPIA também- Rezende vai formalizar o trabalho com um empreendimento no Recanto das Emas. “Apesar de o lucro ser maior no engarrafamento, eu tenho duas filhas e preciso deixar alguma coisa pra elas. Algo que eu não tive quando era criança: estabilidade”, explica. Mesmo formalizando o negócio, ele e o sócio não pretendem deixar o comércio nas ruas. Para a maioria dos motoristas que precisam encarar o trânsito, a venda pode representar um alívio na hora da fome ou até mesmo uma distração. “Acho uma importante alternativa de emprego pra sociedade, o pessoal precisa ganhar dinheiro. Todo dia eu compro minha pipoquinha”, afirma o motorista Junior Silva,28 anos. Até o fechamento dessa edição, a Agência Fiscalizadora do Distrito Federal (Agefis) não se pronunciou a respeito da fiscalização das vendas realizadas na rua. PARA FORMALIZAR Para que um empreendedor individual se legalize é necessário ter um empregado que
ganhe um salário mínimo ou o piso da categoria. O faturamento máximo para essa modalidade de empreendedorismo é de R$ 60 mil. Com a legalização, o trabalhador ficará isento de tributos federais como Imposto de Renda e IPI. No entanto, deverá pagar um valor de R$32,10 para comércio ou indústria ou R$36,10 à Previdência Social, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) ou Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS). Segundo o secretário do Trabalho, Renato Andrade, o maior receio destes que não querem sair da informalidade é o pagamento de impostos: “Dizem que são altos, tem muita burocracia, o que não deixa de ser verdade.” Outro problema também citado é a falta de escolaridade necessária para uma determinada vaga. Para a Secretaria do Trabalho, os vendedores informais ainda são vistos como desempregados. Para que essa situação mude, são disponibilizados cursos e o programa de microcrédito Prospera. “Nosso caso é dar aos informais uma profissão ou qualificá-lo para a entrada no mercado de trabalho”, explica o secretário. Os interessados em formalizar o negócio devem procurar uma das 17 Agências do Trabalhador espalhadas no Distrito Federal. A lista completa e mais informações sobre o programa de microcrédito Prospera podem ser conferidas no site www.trabalho.df.gov.br.
Custo alto Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)mostrou que, em média, o custo para se montar uma empresa considerando todas as etapas e taxas nos 27 estados, todos os portes e os setores de comércio, serviço e indústria é de R$ 2.038. No Distrito Federal especificamente esse valor fica em torno de R$ 1.098.
Vendedores informais lucram oferecendo pipocas e bebidas para motoristas que estão presos no trânsito
Serviço Para quem pretende montar seu próprio negócio, o Serviço Brasileiro de Apoios às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) oferece consultoria. As principais dicas são: •Desenvolver habilidades empreendedoras •Coletar informações e organizá-las, para uma criação consistente da empresa •Organizar a gestão financeira do projeto •Registrar legalmente o negócio Para informações acesse o site www.sebrae.com.br/uf/distrito-federal Postos de Atendimento Sebrae SIA Trecho 3, Lote 1.580 Tel.: 0800 570 0800 604 SUL L2 Sul 604/605, Módulos 30/31 Tel.: (61) 3348 7128 / (61) 3348 7131 515 NORTE Bloco C, Lote 32 NA HORA EMPRESARIAL - RIACHO FUNDO QN 07, 2º andar - Shopping Riacho Mall Tel.: (61) 2104-4703 13
15 Anos Hotelaria
À espera de Woodstock Albergue deveria ser alternativa de hospedagem barata e ponto de encontro brasiliense, mas 15 anos depois, promessas não foram cumpridas Crédito: Jéssica Pereira
Criado como alternativa de hospedagem, o albergue da juventude enfrenta dificuldades para continuar recebendo turistas Silvia Guerreiro
Um local para hospedagem com preços baixos, boas acomodações e shows nos moldes do festival de Woodstock, era o que prometia o então presidente da Associação de Albergues da Juventude de Brasília, Júlio Frazão, no surgimento do hostel, em 1998. Desde então, se passaram 15 anos e as 14
promessas não foram cumpridas. Naquela época, o local surgia para mudar a ideia de que a capital não tinha opções de entretenimento. O espaço teria estrutura diferente para respeitar e fortalecer as peculiaridades turísticas da cidade. “Sem dúvida alguma, Brasília contará com o melhor albergue da juven-
tude do País”, declarou Júlio na ocasião. Após ganhar do Governo do Distrito Federal (GDF) a concessão de uso do terreno de 25 mil metros quadrados no Setor Recreativo Parque Norte (SRPN), a Associação de Albergues da Juventude de Brasília fez parceria com uma empresa privada
que se responsabilizou pela construção do prédio e, em contrapartida, teria o direito de usar o espaço do camping para a realização de shows e ficar com a bilheteria arrecadada. Este jornal que você lê foi lançado no mesmo ano do albergue. O tema, como era de esperar, chamou a
atenção da turma de jovens e se tornou assunto da matéria da então estudante Noemia Collona. A edição do, na época, Art&Fato, era a número um, escrita pela primeira turma do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília (UCB), sob orientação do professor Marcus Alves.
“
Vi uma luz no fim do túnel porque ninguém escolhia a cidade como roteiro turístico. Quem escolhia sofria, porque não tinha onde ficar” Noemia Collona, jornalista
Naquela época, Noemia divulgava a inauguração do albergue da juventude e discutia a vocação da cidade para acomodar visitantes. Ainda não existiam placas em inglês no aeroporto, nas ruas e nos pontos turísticos, e muito menos um espaço que reunisse informações úteis aos visitantes. Hoje é possível encontrar informações nos Centros de Atendimento ao Turista (CAT) em 3 postos que oferecem atendimento em oito idiomas, em portais de turismo e blogs de moradores que compartilham experiências pessoais sobre a cidade. A construção do albergue prometia aquecer o turismo local e oferecer uma alternativa de hospedagem com preços mais em conta. “Vi uma luz no fim do túnel porque ninguém escolhia a cidade como roteiro turístico. Quem escolhia sofria, porque não tinha onde ficar”, explica Noemia. Passados 15 anos, o jornal-laboratório mudou o nome para Artefato e a capital federal se prepara para receber 600 mil turistas nos sete jogos da Copa do Mundo que serão disputados no Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo estimativas do Ministério do Turismo. Diferente da projeção confiante apresentada no Artefato em 1998, o albergue da
juventude não se consolidou como um espaço de entretenimento e alternativa de boa hospedagem no DF. O espaço, que oferece 98 leitos com diárias a partir de R$ 120, ainda é procurado por caravanas de estudantes de escolas públicas e grupos de movimentos sociais que participam de atividades na cidade ou realizam eventos no local. Segundo a atual presidente da Associação de Albergues da Juventude do DF, Beatriz Borges, o hostel recebe em média 800 hóspedes entre os meses de março e junho. O local está passando por reformas e 80% das vagas estão reservadas para o período da Copa. O turista que se hospeda no albergue tem que enfrentar a falta de transporte no local. Só a linha 143, que faz o percurso Setor Militar Norte e Rodoviária, circula na região. Segundo informações do DFTRANS, os ônibus dessa linha rodam com intervalos de cinco minutos, mas a demora e o baixo número de carros são apontados pela administração do espaço como o principal desafio dos hóspedes. Em 2013, o albergue foi descredenciado da Hostelling International, maior rede de hospedagem do mundo. A presidenta da Federa-
800
Quantidade de hóspedes entre março e junho no hostel
ção Brasileira de Albergues da Juventude (FBAJ), Maria José Giaretta, explica que o albergue não estava oferecendo serviços de qualidade aos hóspedes e tem pendências financeiras junto à entidade. Outro desafio que a instituição enfrenta é a insegurança em relação à concessão de uso do terreno, que tem sido questionada pelo GDF. A matéria publicada no Artefato em 1998 anunciava o prenúncio de uma iniciativa positiva para a cidade. A nossa investigação, em 2014, constata que o turismo cresceu e as opções para os visitantes estão mais diversificadas. Hoje é possível conhecer a cidade de bicicleta em passeios promovidos pelo projeto “Brasília Bike Tour”, vivenciar a rotina de moradores nas residências particulares cadastradas no projeto “Cama e Café” ou se hospedar no descolado Hostel 7, única hospedagem da cidade credenciada pela rede Hostelling International. As novas possibilidades mostram os investimentos feitos na área, mas não mu-
Memória A matéria intitulada “Brasília ganha Albergue da Juventude” foi publicada na primeira edição da história do Artefato, em novembro de 1998, e foi escrita pela estudante Noemia Collona. A pauta nasceu das experiências pessoais da repórter em hospedagens em albergues e da comemoração com a chegada do novo espaço em Brasília. Para conhecer as histórias da criação do jornal e os depoimentos dos estudantes da 1ª turma do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, confira o especial “15 anos de Artefato”: www.pulsatil.com.br Visite a nossa galeria e conheça a edição número um do Artefato: http:// bit.ly/1e5gy3T
Serviço Confira as novas alternativas de hospedagem e turismo em Brasília: bit. ly/1njkFu2 Albergue da Juventude: http://www.brasiliahostel.com.br Experimente Brasília: http://www.experimentebrasilia.com.br Sou Brasília: http://www.soubrasilia.com/brasilia/ Quadrado Brasília: http://quadradobrasilia.wordpress.com/ Brasília para iniciantes: http://bit.ly/1ssnwE5 15
Turismo Bomba de Insulina
Hospedagem caseira durante a Copa do Mundo Programa da Secretaria de Turismo do DF, Cama e Café se inspira em modelos europeus Guilherme Azevedo Fotos: Divulgação/Cama e Café
Por volta de 1980, nasceu em alguns países da Europa e Estados Unidos um sistema de hospedagem que fez muito sucesso entre turistas e principalmente intercambistas. O ‘Bed and Breakfast’ é de origem Irlandesa. Nele, um morador local oferece sua casa para hospedagem e serve todos os dias café da manhã. Com a chegada da Copa do Mundo 2014, os turistas que virão a Brasília terão mais uma alternativa de hospedagem: o Cama e Café, pensado e planejado se inspirando no modelo europeu. O programa foi criado pela Secretaria de Turismo do Distrito Federal em parceria com Ministério do Turismo, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Distrito Federal (Sebrae/ DF), a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-DF) e com as instituições financeiras e lideranças comunitárias. Desse modo, os turistas terão a opção de trocar os hotéis pelas casas, proporcionando um intercâmbio cultural com os proprietários. Entre as opções de hospedagewm do programa brasiliense estão prédios com os tradicionais pilotis na Asa Norte
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Por enquanto são expectativas e depois que acontecer vamos poder dizer se deu certo ou não, mas tem tudo para dar” Clarice Bucar
De acordo com a assessoria do Cama e Café, a proposta é simples. “O visitante pode consultar as opções, reservar a residência em que deseja se hospedar, efetuar o pagamento e receber a confirmação.” Quem tem interesse em participar do programa deve preencher um formulário de pré-inscrição, que consiste num “Pré-cadastramento” e num “Questionário de autoavaliação e atendimento aos requisitos”. Se as casas possuírem os requisitos mínimos exigidos, será agendada uma visitação para validar o questionário de autoavaliação preenchido, verificando, assim, se a residência e os serviços que serão prestados estão de acordo com os requisitos mínimos exigidos pelo regulamento. As diárias são estipuladas pelos moradores com base no que cada residência oferece. No entanto, existe uma orientação da Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB-DF), gestora do Cama e Café, de que o preço das diárias varie de R$ 80 a 250. Para o coordenador do programa e presidente do conselho da ADVB-DF, Newton Garcia, a questão da segurança parece bem resolvida. “Os moradores recebem capacitação, por meio de uma parceria com o Sebrae-DF, e têm noções sobre o conceitos de Excelência no Atendimento
ao Hóspede, ética, postura profissional, planejamento e monitoramento sistemático, tudo isso para potencializar a experiência do morador ao receber um hóspede. O fato de o programa exigir que o morador seja proprietário do imóvel também concede mais segurança ao hóspede.” EXPECTATIVA Clarice Bucar, aposentada de 68 anos e proprietária de uma casa cadastrada na W3 Sul, diz estar tranquila ao receber pessoas desconhecidas e demonstra otimismo com A Vila Planalto, bairro tradicional da capital, também oferece Cama e Café o programa. “Nós temos que ser otimistas, acreditar e enfrentar porque é o desconhecido, mas se ficarmos com medo não iremos adiante e não iremos conhecer. Eu sou daquelas pessoas que vai adiante e vê o que acontece. Eu acho uma boa ideia o programa e que alguma coisa vai mudar. Por enquanto são expectativas e depois que acontecer vamos poder dizer se deu certo ou não, mas tem tudo para dar.” Há hoje inscritas no programa 479 residências sendo que delas 93 estão ativas no portal. Outras 53 ainda estavam previstas para entrar no portal em abril de 2014 e 84 estão recebendo visitas. Para mais informações sobre a inscrição basta acessar o site http://www.camaecaHá diárias desde R$ 100 até de mais de R$ 1000. Depende do gosto do hóspede febrasilia.com.br.
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Saúde Bomba de Insulina
Atendimento exclusivo para diabéticos Hospital Regional de Taguatinga oferece sistema que possibilita ao paciente obtenção de aparelho para monitorar glicose 24 horas Adriana Braga e Ramíla Moura
Liberdade. Essa é a sensação que Keila Ribeiro sente ao descrever a experiência de utilizar a “bomba de insulina”. “Não comia fora de casa, era complicado fazer a contagem de carboidratos”, afirma. O pequeno aparelho do tamanho de um celular foi ligado em seu corpo por um catéter que hoje a auxilia nessa tarefa. Ela ia dormir e não acordava, entrou em coma três vezes. A insegurança foi outra sensação deixada para trás. Com a utilização do aparelho, ela não sente mais medo de tomar a dosagem errada da medicação e já não passa mal como antes. Paciente do Hospital Regional de Taguatinga (HRT), duas vezes por semana Keila sai de Arinus (MG), faz uma viagem de horas para mais um acompanhamento no HRT. Quando recebeu a “bomba de insulina” estava grávida de sua segunda filha, e a gravidez era de risco, os médicos decidiram fazer o parto com a mãe utilizando a “bomba”, pois sua glicemia oscilava muito e corria o risco de sua filha morrer dentro da barriga e a mãe 18
não sentir nada. DIABETES
O último dado de 2013 da Federação Internacional de Diabetes coloca o Brasil como o quarto país onde há maior prevalência de diabetes. Considerada uma doença silenciosa, 382 milhões de pessoas no mundo têm diabetes e pesquisas apontam um crescimento ainda maior desse número para os próximos anos. Novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas na tentativa de proporcionar mais qualidade de vida aos pacientes com diabetes e o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), pioneiro na alternativa, por meio do programa Pé Diabéticos realizado no Ambulatório de Sistema de Infusão Contínua oferece o tratamento com a bomba de insulina, NOVO SISTEMA
Depois de uma longa maratona burocrática para a implantação do Sistema Contínuo de Insulina (SCI) no HRT. Hoje ele é o único hospital público do país a implantar o SCI, tornando-se referência nacional e internacional. De acordo com o atual coordenador do
sistema, o endocrinologista Leonardo Garcia, o paciente antes de receber a “bomba de insulina” passa por uma avaliação protocolada e a partir disso a Secretaria de Saúde (SES-DF) diz quem receberá o aparelho. “Como é um tratamento de alto custo não seria para todo mundo. É para aqueles casos que não conseguem se beneficiar das outras formas de tratamento que existem na rede pública”, explica. O médico aponta que a implantação do sistema foi uma decisão racional que diminui os custos para a oferta do tratamento: “No início existia um grande número de medidas judiciais contra o GDF, para o fornecimento desses materiais de alto custo, e sabemos que quando juízes expedem mandato de compra para determinado material, esse custo de aquisição vai ser muito maior do que se houvesse uma licitação a preço mais baixo”. Aos 15 anos, Alessandra Moreno, descobriu que tinha diabetes. Desde 1998 ela faz o acompanhamento no HRT e por indicação médica começou a utilizar
Crédito: Gabriela Pereira
Paciente Keila Ribeiro verifica o nível de glicose no sangue
Em 2008, a endocrinologista Hermelinda Pedrosa, era coordenadora do sistema e acompanhou de perto todo o processo de implantação. “O HRT foi a primeira unidade pública do país a oferecer esse tipo de atendimento, atualmente mais de 130 pacientes são beneficiados, esse número inclui crianças e adultos que recebem acompanhamento no Ambulatório de Sistema de Infusão Contínua de Insulina.” QUEM PODE ADERIR
A “bomba de insulina” é fornecida aos pacientes sem custo, além do aparelho todo material é fornecido gratuitamente pela rede pública do DF. Para o pa-
ciente ser beneficiado com o tratamento ele passa por uma série de avaliações e deve ter algumas habilidades, pois o aparelho precisa ser programado para funcionar. “O paciente tem que fazer o que a gente chama de teste drive, o uso de pelo menos um mês para ver se ele vai aceitar.” Explica Hermelinda. Antes de o paciente passar pela fase de teste, ele precisa ser indicado ao tratamento pelo médico que o acompanha. Depois disso ele preenche o protocolo fornecido pela Secretaria de Saúde que possui os requisitos necessários para um candidato ao tratamento. Leonardo Garcia esclarece alguns fatores que
podem ser características de um provável paciente: “Uma pessoa que apesar de estar fazendo outro tipo de tratamento que a rede pública oferece, mesmo assim não consegue obter o controle da glicemia e costuma ter eventos de hipoglicemia constantes, que é uma glicemia muito baixa, ou uma glicemia alta é um candidato a aderir o tratamento”. Na fase de teste é oferecida a bomba e os insumos suficientes para 2 ou 3 meses. Depois desse período o paciente é avaliado para os médicos apontarem se ele se adequou a terapêutica e se houve melhora ou piora. Se o resultado for positivo o paciente recebe o material definitivo.
Infográfico: Shizuo Alves
a “bomba de insulina”, que foi adquirida por meio de medida judicial, já que na época esse tratamento ainda não tinha sido implantado. Hoje aos 41 anos Alessandra Moreno, utiliza a bomba por meio do novo sistema. Segundo Alessandra a bomba trouxe disciplina quanto à alimentação, que deve ser feita nos horários corretos. A paciente destaca a falta de informação do serviço fora do HRT. “Às vezes a ‘bomba de insulina’ fica a amostra e as pessoas perguntam o que é? Para que serve? Somente as pessoas que fazem acompanhamento no hospital é que sabem da existência da bomba”, pondera.
Serviço: O Ambulatório de Sistema de Infusão Contínua de Insulina funciona sempre as quartas-feiras à tarde, e em geral a média de atendimento é de 12 a 15 pessoas. 19
Saúde Vilão
infecção urinária: cuidado redobrado para elas Indicadores mostram que a inflamação atinge, em média, 25% da população feminina de todas as idades tadas. Por isso, a recomendação de tomar bastante água deveria ser redobrada no clima seco de Brasília. O organismo necessita em média de quatro litros/dia, e tomar pouca água é uma das atitudes que aumentam os riscos infecção urinária, que é uma das inflamações que mais atingem as mulheres na cidade.
Foto: Guilherme Pesqueira
O consumo d’água recomendável é de em média 2 litros/dia
Jéssica Lília e Gabrielle Ximenes
Dor, ardência, dificuldade de urinar. Esses são alguns dos efeitos provocados pela infecção urinária. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 25% das mulheres podem contrair a 20
infecção durante a vida, sem distinção de idade. Conforme urologistas, as causas comuns são urinações não periódicas e incompletas, falta de higiene da região íntima e, até mesmo, o uso de roupas aper-
ENTENDA As infecções urinárias são qualquer quadro inflamatório que ataquem o sistema urinário (bexiga, rins, uretra e ureteres), podendo ser esclarecidas em três tipos: pielonefrite, cistite e vulvovaginite. A pielonefrite é a infecção dos rins. Este é um caso potencialmente grave por seu contágio afetar o rim, que é um órgão vital. Em média, 5% do casos na população feminina são atingidas por esse tipo de inflamação. A cistite mal curada e não tratada corretamente pode levar à falência múltipla dos órgãos. Já a cistite, ou comumente conhecida como infecção urinária, é a inflamação da mucosa da bexiga e que atinge, em média, 25 e 30% das mulheres. A contaminação se dá a partir e bactérias que colonizam a extremidade interior da vagina (intróito vaginal). Esses germes entram pela uretra atingindo a bexiga e em casos mais graves, a
doença pode chegar aos rins, ocorrendo a chamada pielonefrite. Ardência ao urinar, dores embaixo do ventre, vontade frequente de ir ao banheiro e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga são alguns dos sintomas da infecção. Em graus mais elevados, os sintomas podem levar à febre, dor nas costas e náuseas. A secretária Maria Rodrigues, 39 anos, conta que percebeu que estava com cistite quando reparou sangue na urina. “Nunca fui de beber muita água e sempre fui desleixada nesta situação. Não tinha o conhecimento da infecção urinária e na minha cabeça, jamais aconteceria comigo. Um dia, acordei com uma sensação frequente de urinar. Passei o dia inteiro tomando água e a sensação não passava. Quando me dei conta, estava saindo sangue junto da urina, então resolvi procurar um médico”, relata. Segundo a urologista Rosana Rufino da Costa, “a infecção acomete mais a mulheres pelo simples fato da uretra feminina ser mais curta. A entrada da bactéria é facilitada, inclusive durante a relação sexual”. A recomendação, de acordo com a médica, é de que as mulheres urinem após o ato, para que a urina limpe o canal, já que possui elevado nível de acidez. A vulvovaginite, que é a
inflamação da vulva e vagina, também é uma infecção causada por bactérias, fungos e outros parasitas. Neste caso, as infecções sexualmente transmissíveis (IST´s) também podem causar a contaminação. A estudante de direito, Raíssa Prates, 24 anos, contraiu a vulvovaginite em o caso se agravou transformando-se uma cistite. “Descobri que estava com vulvovaginite pois sentia muitas dores nas relações sexuais, mas achava que era normal. Com o tempo, a infecção se agravou e eu não conseguia mais urinar sem sentir ardência e dor. Após diagnóstico, fiz tratamentos com antibióticos”, relatou. Em crianças, Rosana explica que a infecção é um assunto preocupante, pois podem se apresentar a partir de febre sem uma causa aparente. “Os casos de infecção urinária em crianças são frequentes. O agente mais comum da infecção é a Escrerichia coli, que ataca tanto meninos quanto meninas”, explica. A médica ainda ressalta que a inflamação continua sendo mais incidente nas meninas. “Como a uretra masculina é mais comprida, dificulta a contaminação das fezes na bexiga. A situação preocupante mesmo é com as meninas”, explica. O tratamento mais indicado para os casos é o uso de antibióticos.
Inclusão Superação
De cobradora de ônibus a advogada Após concluir graduação em Direito, ex-rodoviária se classifica em quatro concursos públicos
Foto: Faiara Assis
Faiara Assis
Cursar o ensino superior sempre foi o sonho de Eliane da Silva, 29 anos, filha de pais nordestinos, moradora do Distrito Federal desde os 10 anos. Passou no vestibular para Direito na Universidade Católica de Brasília (UCB) em 2009 e, no final de 2013, se formou. Agora, ela quer ser servidora pública. A ex-cobradora de ônibus já se classificou em quatro concursos públicos – analista judiciário no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) e por três cargos de nível médio e superior da área administrativa do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Enquanto aguarda a convocação, continua estudando. Eliane trabalhava como cobradora de ônibus nas linhas 306.2 – Rodoviária de Taguatinga - Arniqueiras e 355.2 – Taguatinga Sul-Vicente Pires, na Viação Cidade Brasília. Durante seis anos, passou todos os dias em frente à Universidade Católica de Brasília (UCB) e dizia para si mesma: “Ainda vou estudar nesse lugar”. Por muitas vezes, ela precisou levar a filha para o trabalho, que ficava ao seu lado e dormia no seu colo enquanto dava troco aos passageiros do ônibus. Cada vez que passava em frente à UCB, o sonho de cursar o ensino superior ficava mais forte. Passou no vestibular para Direito em 2009. Os horários “apertados” e a dedicação aos estudos se tornaram uma nova rotina, mas os resultados não demoraram a chegar. No penúltimo semestre do curso, passou na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para Eliane, as dificuldades começaram cedo. Aos 15 anos, o pai morreu subitamente, vítima de uma parada cardíaca. Com isso, foi morar com a mãe, dona
Eliane da Silva, recém-graduada em Direito, exibe orgulhosa o diploma conquistado a base de muito trabalho
Ziziane, 41 anos, e os irmãos, Wiliam, Edglês e Elaine. Como apenas a mãe trabalhava para sustentar a casa, as despesas eram muito controladas. Aos 16 anos, em 2000, quando cursava o ensino médio, engravidou do primeiro namorado, Allan Henrique. E o que já era difícil virou um pesadelo. A mãe não aceitava o relacionamento. Com o nascimento da filha Gyovanna no ano seguinte, os desentendimentos provocaram a separação do casal. Alan conviveu com a criança até ela completar um ano. Depois, desapareceu por cerca de seis anos e Eliane descobriu que ele estava preso por envolvimen-
to com tráfico de drogas. Em 2009, ele foi assassinado dez dias antes do aniversário da filha. Preocupada em ser mãe e pai para a menina, Eliane criou Gyovanna com a ajuda, inclusive financeira, da mãe desde que a filha tinha um ano. Nesse período, conseguiu o emprego na empresa de ônibus. Formada em Direito no final de 2013, Eliane é o orgulho da família, por ser a única que tem nível superior. “Ela é muito determinada e conseguiu se formar em uma das melhores universidades do país”, avalia William, o irmão mais velho. “Não me considero uma pessoa de sorte e, sim, esforçada”, afirma Eliane. Para ela, “sonhar e não fazer nada é um sonho vazio, é preciso correr atrás todos os dias dos seus objetivos sem esperar que as oportunidades apareçam na sua porta”, conta.
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Cultura Música
Festivais de rock voltam ao cenário nacional Rock in Rio, Circuito Banco do Brasil e Lollapalooza; variedade de eventos realizados no país agrada aos fãs
Marcelo Rosa
Consagrado internacionalmente, com várias edições nos Estados Unidos e no Chile, o Lollapalooza é um dos festivais de música de maior sucesso entre os jovens brasileiros. O Artefato foi à ultima edição e vai contar um pouco sobre o evento criado pelo músico Perry Ferrel, vocalista da banda Jane’s Addiction. “Muito longe”, “nNão acredito que andaremos isso tudo”, “nNão vou conseguir comer e voltar para assistir ao show”. Essas foram as principais reclamações feitas pelo público do novo Lollapalooza. Alguns jovens chegaram a comentar que preferiam que o festival voltasse ao Jockey. Em entrevista concedida à revista RollingStone, Perry Ferrrel, criador do evento, se enervou com algumas delas e disparou: “Vocês são jovens, usem suas pernas”. A irritação se deu peloas constantes reclamações protestos de distância dos palcos. Apesar da raiva do produtor, as distâncias de um palco a outro, de fato, poderiam chegar a 2,5 km. Para um festival com tantos shows que ocorrem simultaneamente fica distante. Com dores nas pernas ou não, o público presente no primeiro dia fez questão de esgotar todos os ingressos e 22
Fotos: Filipe Cardoso
O festival de música Lollapalooza que também é realizado no Chile e Estados Unidos foi criado pelo músico Perry Ferrel
lotar os shows. Oitenta mil pessoas estiveram presentes no primeiro dia em que a banda Muse e a neozelandesa Lorde eram as atrações mais esperadas. Enquanto a imprensa paulista dava bastante destaque à vencedora do grammy Grammy Lorde, fãs marcavam presença com camisetas da banda britâni-
ca. Formada por Matthew Bellamy (guitarra e vocal), Cristopher Wolstenholme (baixo e segunda voz) e Dominic Howard (bateria), era a principal atração da noite. A apresentação no festival levou o público ao delírio apesar de ter sido um pouco comprometida por Matt estar com uma larin-
gite. Ludiana Pozzobon, que não conhecia a banda, elogiou: “O show deles é muito bom, fiquei impressionada”. O Muse, por sua vez, preferiu não liberar a transmissão devido aos problemas na voz do vocalista. Eles já tinham cancelado um show particular que fariam na quinta-feira anterior em São Paulo pelo mesmo
problema. Em conversa informal com o baterista, Dominic Howard, ele deixou claro que ainda não sabiaberia se o show seria realizadoia acontecer no Lolla. Indagado por mim sobre as condições de Matt Bellamy para sábado e se o show aconteceria, ele disse em tom pessimistatom de torcida: “esperamos Esperamos
que sim”, cruzando os dedos. Outro Outra atração bastante aplaudida no mesmo dia foi o grupo americano Imagine Dragons. O público lotou o palco na segunda apresentação da banda no Brasil. A primeira havia sido feita dois dias antes no Rio de Janeiro. Durante o show, o vocalista Dan Reynolds contou ao público que tinha uma forte ligação com o país e que seu pai havia morado por aqui. O seu ápice foi quando a banda tocou seu hit de maior sucesso, Radioactive. Impressionado pela apresentação, Adriano Araújo comentou: “Não esperava muito do show, porém, reconheço que mudei completamente minha opinião sobre a banda, muito bom”. Além das longas distâncias, outros pequenos problemas foram vistos. Durante caminhada pelo autódromo local era possível avistar pessoas pulando grades de bloqueio que supostamente desenhariam o percurso a ser feito de palco a palco. Além disso, muitos espectadores reclamaram da falta de segurança no local, assunto frequente quando falamos de shows no Brasil. Algumas pessoas relataram, inclusive, que momentos antes de abrirem os portões, houve um arrastão em torno do autódromo.. Mas a impressão geral foi de que esse primeiro evento no autódromo foi um teste.A primeira edição do festival no Brasil foi realizada no Jockey Club da cidade de São Paulo em 2012. HISTÓRICO As bandas escolhidas para encabeçar os dois shows da primeira edição do Lollapalooza no Brasil foram o Foo Figthers e o Arctic Monkeys. Segundo o site G1, o primeiro dia da edição de 2012 contou com 75 mil pessoas. No segundo dia aproximadamente 60 mil espectadores estiveram presentes. Os números confirmam a importância que os festivais têm hoje no país. O show da banda brasileira O Rappa fez a alegria do produtor e músico do festival Perry Ferrel. Os brasileiros contagiaram tanto a plateia que foram convidados por ele a levarem toda a animação para a versão norte-americana do evento, realizando uma apresentação por lá. Na segunda ediçãovez do festival em solo brasileiro, a logística foi um dos poucos problemas relatados. Para a revista especializada RollingStone, além das filas, o aumento de espaço para o público foi o principal motivo de mudança do local, que migrou do Jockey Club para o Autódromo internacional de Interlagos na terceira edição em 2014.
PÓLO DE SHOWS Brasília era uma cidade distante dos festivais e a realização do Porão do Rock foi uma tentativa de 15 bandas brasilienses e alguns produtores para tentar mudar esse cenário e inclusive já contou com a participação da banda Muse, citada anteriormente. Além dele, o Circuito Banco do Brasil é outra atração empenhada em trazer grandes nomes da música à cidade. A realização oOcorreu pela primeira vez em 2013 e uniu música, cultura e esporte em mais de seis cidades brasileiras. Brasília foi uma das escolhidas e o público candango pôde curtir shows de Jason Mraz e Stevie Wonder, além de Capital Inicial, Ivete Sangalo, Criolo e Dona Cislene. Para o site Rock Noize (www.rocknoize.com.br), o Circuito foi um dos maiores eventos de música já realizados por aqui e levou 20 mil pessoas ao estacionamento do Estádio Nacional de Brasília. Ainda segundo o site, Stevie Wonder era o mais esperado pelo público que assistiu ao primeiro show realizado pelo músico na capital federal. Em entrevista ao G1, o músico João Filho contou que viu o cantor saindo de uma padaria e foi tocar saxofone próximo a ele com o intuito de chamar atenção. Acabou que se surpreendeu com a reação do compositor, que adorou o que ouvia e inclusive participou da brincadeira. Além de Brasília, outros lugares como Salvador, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo receberam o festival organizado pelo banco. Para Murilo Carrascoza, estudante paulista que mora em Brasília há oito anos, as realizações de festivais na capital do país são extremamente pertinentes tendo em vista a importância da cidade na música brasileira: “Acho que isso torna possível também que a população do DF que muitas vezes não tem a oportunidade de viajar a outros estados aprecie música de qualidade”. Muitos músicos que tocam no Brasil
elogiam o público e adoram se apresentar por aqui. O guitarrista da banda Avenged Sevenfold, Brian Haner Jr, que tocou no país em março deste ano, fez elogios ao público em entrevista concedida ao site UOL: “Não há público como o brasileiro, esperamos sempre muita energia”. O GRANDE FESTIVAL Festivais de prestígio trazem atrações internacionais ano a ano. O Rock in Rio é um dos maiores e melhores festivais de música realizados no país segundo Nelson Motta. Outro endereço eletrônico que concorda com a afirmação é o Cifraclub, um dos sites com maior acervo de cifras de música do país. Em uma de suas aparições naNa TV, Nelson Motta citou a importância que o palco Sunset tem para a música brasileira. Ele falou que muitas vezes as pessoas vão para o festival de olho nas grandes apresentações do palco principal. Enquanto isso, lá, várias misturas são feitas e levam a um público, denominado por ele mesmo como ‘mais exigente’, ecléticas participações de cantores nacionais e internacionais. Na última edição, os fãs puderam ouvir a banda Sepultura cantando junto do paraibano Zé Ramalho. Outra que chamou bastante atenção foi o “replay” da MPB de Ivan Lins e o jazz de George Benson, que já haviam feito parceria na primeira edição do festival, há 29 anos. Eduardo Oliveira Ferraz, fã de rock, foi às últimas duas edições do Lollapalooza e do Rock in Rio e sintetizou: “o O Lolla tenta manter uma linha constante trazendo artistas do mesmo estilo todo ano, acredito que o Rock in Rio tenha mudado sua essência se comparado com a primeira versão de festival, entretanto, é perceptível a mudança no cenário musical brasileiro após esses anos de realização desses eventos”.
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Cultura Cinema
Com quantos curtas se faz um Festival? Com mais de 400 curtas inscritos, Taguatinga receberá cineastas de outras regiões para o evento que promete movimentar a cidade Fotos: Filipe Cardoso
Thiago Baracho
Diversidade é o que caracteriza a 11ª edição do Festival Taguatinga de Cinema. Na mostra competitiva estão filmes com duração de, no máximo 20 minutos, e de diferentes localidades do País, abordando temas que propõem variadas reflexões sobre a vida, amor e as diferentes realidades brasileiras. A heterogeneidade da produção cinematográfica no Brasil pode ser vista na diversidade de gêneros como documentário, ficção e animação. Essa foi a primeira vez que o festival teve presença na internet com abertura de votação de 10 filmes.. Foram 440 filmes inscritos e em 40 dias de votação e 55 mil “views”. Além disso, serão homenageados três nomes da cultura do DF, os cineastas Vladimir Carvalho, Adirley Queiroz e o artista plástico Omar Franco. Para Flávio Carnielli, diretor do filme “Roberto no país dos justos” que concorre na mostra competitiva, o festival é uma ótima oportunidade de intercâmbio. “Espero que corra tudo bem. Que eu possa encontrar os colegas de outros estados e passar um tempo bem legal em Taguatinga. Nunca fui para a região e fiquei muito feliz com a possibilidade de viajar pelo meu trabalho”, comemora. Foram aceitos filmes, em 24
qualquer formato, concluídos a partir de 2011 e que não tenham participado de edições anteriores. “Tivemos uma quantidade muito expressiva de filmes inscritos de diferentes estados. DF, SP, RJ, PA, AM, SC e PE foram os que tiveram maior representatividade nessa edição do festival”, avalia Wiliam Alves, responsável pela organização do evento. A mostra competitiva contará com 24 curtas-metragens, sendo dez indicados por voto popular online, quatro filmes convidados e mais dez selecionados pelos organizadores do festival. Essa será a oportunidade de Taguatinga conhecer atores do audiovisual nacional como Fernanda Ferreira, diretora do filme, “Um amor, duas vidas”. “Me sinto privilegiada, sei que vou aprender bastante! Estou muito feliz com a viagem”, conta. Como alguns filmes são de cineastas de fora do DF, além dos prêmios em dinheiro aos três primeiros colocados, os autores dos 24 filmes selecionados serão convidados a participar da mostra com todas as despesas pagas. Dos dez curtas escolhidos na votação online o mais bem votado pelo júri receberá o prêmio de R$5 mil, o segundo de R$ 2 mil e o terceiro de R$ 1 mil
O EVENTO O festival também procura proporcionar uma maior reflexão sobre gênero. “Livre Leve e solto considero uma animação inteligente, na ficção temos Azul de Alice e no documentário gosto muito de um filme chamado No Olho do Furacão que trata das manifestações que ocorreram em SP em 2013. Todos estão disponíveis em nosso site e podem ser acessados a qualquer momento”, indica Wiliam Alves. O Festival Taguatinga de Cinema se consagrou como um evento para a prática e apreciação de curtas-metragens, e tornou-se um espaço para o encontro de realizadores estreantes e veteranos. O objetivo da mostra é promover e discutir as diversas cadeias produtivas ligadas ao audiovisual, buscando a troca entre as produções brasileiras. Além dos filmes da competição, a programação terá uma mostra paralela e uma infantil. Completam o calendário do evento as oficinas de cinema, um seminário sobre televisão digital, encontros de cineclubes e de pontos de cultura. Wiliam Alves conta que os debates com os realizadores dos filmes que estarão presentes no festival serão em formato de roda de conversa. Todos os presentes Paciente Keila Ribeiro verifica o nível de glicose no sangue poderão participar.