Artefato Filtro Filtro dos dos sonhos sonhos
Artefato Artefato de de origem origem indígena indígena se se torna torna comum comum em em tatuagens tatuagens ee acessórios acessórios
Águas Claras: moradores reclamam da ausência de serviços públicos na cidade Internet: programas de humor na web crescem devido à falta de censura Trânsito: Aplicativos de mobilidade urbana deixam a vida de ciclistas mais fácil
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Bafafá
Um brinde em copo de requeijão Joyce Oliveira
Em 2012 fiz algumas entrevistas com pessoas que estavam vivendo o jornal laboratório naquele momento. Repórter, editor, professor, todos classificaram como uma experiência válida e eu queria entender como era viver uma “simulação” do mercado de trabalho ainda no convívio acadêmico. Lembro-me de uma professora falando em seu depoimento que o jornalismo era muito diversificado, mas que sua alma estava presente na redação do jornal impresso. Há 15 anos vive uma pequena redação dentro de uma universidade gigante. Massacrado pelo tempo, o Artefato passou por um período de amnésia e esquecimento. Não sabemos se na década de 90 alguém escreveu sobre os hits do momento, ou se em 2001 a capa foi sobre o mundo não ter acabado. Nossa história tem um tom de descaso, contamos com o acaso para reinventá-la. Voltando ao pequeno coração que bate no curso de Comunicação Social, nosso querido (e temido) jornal laboratório Artefato. Em 15 anos ele mudou de nome, de professor, editor-chefe, de tamanho e de objetivos. A cada
semestre sua diagramação é alterada, uma tentativa importante de um grupo de alunos se encontrarem em um meio termo e juntos saírem do lugar comum. Seus nomes serão mais que números, estarão na segunda página formando um expediente. Motivo de orgulho. O meu, por exemplo, é grifado com marca-texto em casa e é assunto para qualquer conversa. Nesses 15 anos, o sentimento de criar algo concreto, físico, que possa ser criticado e debatido, vem sendo constantemente motivado por quem “toca o barco”. Por mais que a alma do jornalismo se torne penada em algumas madrugadas de apuração e diagramação, sem contar nos sábados de fechamento e os domingos esquecidos, nós sobrevivemos. Em 2014 dançamos varias valsas e, como uma debutante que se sacrifica com um vestido fora de sua realidade e um sapato de salto, nossos calos também foram apertados em alguns momentos. Impressão atrasada, verba contingenciada. Resistimos. Debutamos na labuta. Para um jornal com poucas memórias, ainda haverão muitas histórias para se contar e muitas outras a serem descobertas. Nesse momento retiro meu vestido e meu sapato, a festa de 15 anos possui ainda a madrugada de um semestre. Participarei de longe, com a maravilhosa sensação de ter dançado a primeira música.
Carta do editor
Jornalista não pratica o desapego
Guilherme Pesqueira
“Jornalista é bicho da pior raça”, essa é uma frase que continuamente ouvimos. Aliás, somos tachados de várias outros codinomes um tanto quanto curiosos. Pela grande maioria, somos vistos como uma espécie de “gladiadores”. Muitas vezes, somos nós que fazemos denúncias e investigamos casos que devem ser punidos pela lei. Somos nós também que damos voz a quem merece e/ou tem algo a dizer. Pelo menos essa é a ideia. Temos, portanto, uma posição de glória. O apego não deveria se iniciar aí, na ostentação de mediador de informação, mas no recebimento das críticas de você, caro leitor. Mas o apego começa num momento bem diferente: ele se inicia na produção deste texto, por exemplo. Pois são a esses amontoados de letras que nos apegamos. E nos irritamos quando a essência é retirada pelos editores - segundo, claro, nossa visão egoísta de repórter. Engana quem pensa que nos apegamos somente a textos e mais textos.Vai muito além. A identificação, o apego também acontece com o mediador de conhecimento, o professor. Aquele que para
alguns é o guia no vale das sombras e para outros, um “complicador” de vidas. O aconselhável é que nós, pretensiosos futuros jornalistas,nos espelhássemos e nos apegássemos a essa imagem, do professor que nos abre diversos caminhos e possibilidades. Mas no momento de haver o desapego, numa despedida, por exemplo, não o praticamos. A rotina do jornalismo, que é a produção contínua da notícia, nem sempre vive uma relação de amor com as pessoas que a faz ou seja, nós os jornalistas. E essa relação já se antecipa na academia, onde somos treinados a ter o olhar aguçado e fazer o que nem sempre fazemos melhor: criticar. A relação de aluno – professor tem suas vantagens, e claro, desvantagens. Contos de fadas de fato não são, mas claramente não é algo como a relação de Batman e Coringa, regada a ódio e dependência doentia um do outro. Me atrevo a dizer que seria algo em torno de admiração do aluno pelo professor. É essa admiração que estudantes que produzem semestralmente o Artefato têm pela jovem próspera professora Karina Gomes Barbosa, que também é doutora do amor. Ela vai guiar novos estudantes, não os do jornal que você está lendo, caro leitor, mas de outro jornal, que por nós não será feito. A partida é certa, seja hoje ou daqui a seis meses. É certo que ela irá, e neste momento gostaria de ter começado há muito tempo a praticar a arte do desapego.
Artefato Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 15, n. 3, maio de 2014 Reitor: Dr. Afonso Tanus Galvão Diretor da Escola de Negócios: Dr. Alexandre Kieling Coordenador do Curso de Comunicação Social: Dr. Luiz Carlos Assis Iasbeck Professoras responsáveis: Dra. Karina Gomes Barbosa e Me. Fernanda Vasques Orientação de fotografia: Me. Bernadete Brasiliense Monitor: Shizuo Alves Editor-chefe: Guilherme Pesqueira Editora de arte: Rayssa Oliveira Editora de fotografia: Faiara Assis Subeditores de fotografia: Isabela Vargas, Renata Albuquerque e Susanne Melo Editores de texto: Adriana Braga e Priscila Suares Editora web: Joyce Oliveira Diagramadores: Ramíla Moura e Nara Loreno Repórteres: Amanda Gonzaga, Gabrielle Ximenes, Jéssica Lília, Marcelo Rosa, Paulo Melo, Silvia Guerreiro, Thiago Baracho e Vinícius Remer Checadores: Ana Karoline Lustosa e Priscila Suares Fotógrafos: Anderson Miranda, Felipe Cardoso, Natália Roncador, Kamila Braga, Jaqueline Batista, Ramíla Moura, Marina Santos, Guilherme Pesqueira, Thiago Baracho, Leonardo Resende e Pedro Grigori. Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia Universidade Católica de Brasília EPCT QS 7 Lote 1, Bloco K, sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Fone: 3356-9098/9237 Email: artefato@ucb.br Site: pulsatil.com.br Facebook: facebook.com/artefatoucb Acervo: issuu.com/jornalartefato
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Perfil
Superação
Um novo olhar pelas mãos Escultor Flávio Luiz, após perder a visão, se torna artista plástico e expõe seu trabalho no Brasil e no exterior Faiara Assis
De pele morena com cabelos curtos e grisalhos, de altura mediana, primogênito entre seis irmãos, o brasiliense Flávio Luiz, aos 45 anos, já realizou diversas exposições como escultor no Distrito Federal e em outros estados do país, onde recebeu certificados que reconhecem o mérito de suas obras. A vida de Flávio como escultor teve início após a perda de sua visão que ocorreu no final de 1998, retornando do trabalho para casa ele foi atingindo nos olhos por um vidro de bebida arremessado por um grupo de homens que brigavam na rua. Cinco anos após o acidente ele foi conduzido por seu médico para o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), onde praticou atividades com oficina de barro que tinha como finalidade, a apuração do tato para aprendizagem do Braille. Durante a oficina os alunos limpam o barro tirando as pedras, foi durante este processo que Flávio resolveu fazer algo diferente, após alguns dias trabalhando nas oficinas surgiu então a idéia de fazer peças e esculturas. O sucesso surgiu logo nas primeiras obras onde colegas e professores elogiaram e incentivaram o trabalho do então escultor, que mesmo sem nunca ter ido a uma galeria de arte, fazia obras com excelência. As peças feitas não apenas com argila, mas também com cerâmica, é um trabalho que tem como resultado estátuas, vasos, quadrose telas táteis. O processo de criação do Flávio não é algo previsto, as idéias surgem entre brincadeiras e pensamentos. “Começo a modelar pensando em uma coisa e daí surge o resultado totalmente diferente do que pensei, mas na forma que eu queria”, conta. O escultor já realizou mais de 90 peças, a preferida é a escultura cujo nome carinhosamente dado foi: Alma Gêmea. Nesta obra, Flávio utilizou técnicas diferentes, criando novos métodos, misturando os produtos e arriscando nas combinações. “Alma Gêmea sintetiza o resultado dos testes que fiz que ficou muito bom”. Feita com erros e acertos, o artista tem um carinho diferente pela peça que
Crédito: Faiara Assis
Exposição Artes Tatéis com as peças do escultor na UCB
mantém guardada em casa, e que para ele não tem preço. Mesmo sendo simples e fácil de lidar, a argila utilizada para modelagem requer potencial artístico do escultor. Habilidade nítida nas peças do Flávio Luiz, que casado há oito anos, tem outro amor, a esposa Roseane Silva. Ela,além de apoiá-lo em seu trabalho também o acompanha nas exposições e eventos de certificações. Entre as premiações estão o certificado internacional do Instituto AlNoor, no Oriente Médio que fica no estado de Qatar, onde Flávio visitou e ministrou aulas para os alunos da região. Em Brasília recebeu certificado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em que participou com exposições de esculturas em cerâmicas, foi certificado também na 3º edição do Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), uma parceria com o Governo Federal e do DF, junto com o Programa das Nações Unidas (PNUD), e com Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade (MNCS). Também participa de exposições e eventos no Tribunal de justiça do Distrito Federal (TJDFT) e no Banco do Brasil. O trabalho desenvolvido por Flávio é o resultado da insistência de amigos e fami-
liares. O gosto pela arte veio aos poucos, logo no primeiro contato com a argila em 2003, trabalhando com barro, ele achou que não iria prosseguir, pois não gostou muito da experiência, aos poucos durante as oficinas desenvolvidas no Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV),ele foi descobrindo seu talento e aperfeiçoando as habilidades. Além de escultor, Flávio também é professor e responsável por ministrar palestras e oficinas de escultura em argila para alunos com deficiência visual de fundações em Samambaia, Riacho Fundo I, Ceilândia e São Sebastião. Ele também atua como membro e diretor financeiro da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV). Os títulos, as obras e exposições são apenas algumas das conquistas do escultor que superou a perda da visão e que lançou um novo olhar pelas mãos.
Flávio Luiz e seu cão guia Platão, que o acompanha em seu trabalho
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Cidades Falta Gestão
Cadê os serviços públicos que deveriam estar aqui? Moradores de Águas Claras reclamam que na cidade falta educação e saúde pública. No papel, há espaço; na prática projeto é um ensaio Amanda Gonzaga e Ana Karoline Lustosa
Entulhos e muito mato. Isso foi o que a equipe do Artefato encontrou nos espaços públicos que poderiam ser utilizados pela população de Águas Claras e outras cidades próximas como Taguatinga e Vicente Pires. Águas Claras Vertical – como é chamada a parte da cidade constituída por prédios - possui 73.586 habitantes e, pela planta do setor, a região tem 25 áreas públicas destinadas à construção de serviços públicos relacionados à educação. Águas Claras é uma no papel e outra na realidade. Desses espaços, apenas dois estão ocupados, sendo um pela Biblioteca Pública de Águas Claras e outra pela Escola Técnica de Brasília (ETB) – localizada no Areal (região que pertence a Águas Claras). A falta de serviços atinge não só a área de educação. Saúde também é uma das principais queixas dos moradores da região. Dos cinco lotes destinados, nenhum possui utilização prática, não há nenhuma construção finalizada para atender à saúde. Quem mora na região já está acostumado a buscar serviços em outras cidades como Taguatinga e Plano Piloto. A auditora fiscal Maria Célia Rodrigues mora há 13 anos em Águas Claras e precisa ir até Taguatinga Norte para ser atendida. “Quando a gente precisa ir ao médico público tem que ir no posto de
Na avenida parque Águas Claras, os dois lotes que seriam usados para saúde e educação só tem mato
lá, que é o mais próximo. Isso acaba sobrecarregando o atendimento. Mês passado tive que ir a um hospital particular em Taguatinga Norte porque não aguentava mais de dor”, desabafa. Já a economista Raquel Lima explica que já desistiu de procurar atendimento em Taguatinga. “Eu vou direto para o Plano Piloto porque lá – em Taguatinga - sempre está cheio. Deveriam colocar mais serviços públicos não só pelos moradores, mas
também para as pessoas que trabalham em Águas Claras”, conta. Atualmente, Taguatinga possui oito postos de saúde, uma Clínica da Família, uma policlínica e um Hospital Regional (HRT). De acordo com a Secretaria de Saúde, foram realizados mais de 450 mil atendimentos em 2013, sendo cerca de 265 mil na emergência e 184 ambulatoriais. Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) explica que Águas Claras não possui um hospital ou
posto de saúde porque “a grande maioria dos moradores de Águas Claras utiliza a rede privada”. A SES também informou que a cidade não é a que mais demanda de prontos socorros. O órgão prioriza as regiões de maior carência financeira e que os Centros de Saúde estão localizados nas cidades onde a população só pode utilizar a rede pública. Na rua 4 Norte, próxima à
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Fotos Leonardo Resende
Em Águas Claras vertical, na quadra 16 norte, o espaço que poderia ser destinado a educação acumula entulhos
Avenida Parque Águas Claras, há cinco lotes um ao lado do outro destinados à educação. Neles, apenas mato e entulho. Nenhum sinal de construção. Com uma filha de cinco anos, a corretora de seguros, Raquel Batista precisa sair cedo de casa para levá-la à escola, no Plano Piloto. “Com certeza se tivesse uma escolinha aqui, eu colocaria minha filha sem problema nenhum”, afirma. O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional da Secretaria de Educação do DF Fábio Pereira de Sousa justifica que as áreas não foram construídas por causa da falta de planejamento e investimentos das gestões anteriores. Ele defende que o que não foi feito, se explica porque Águas Claras possui centros de ensino próximos. “Em média, 80% dos jovens que moram em Águas Claras estudam em escolas públicas do Guará ou Taguatinga”, ressalta.
De acordo com Fábio, quatro creches já estão em construção em Águas Claras na Avenida Jequitibá, Praça Andorinha, quadras 7 e 8 do Areal. Além delas, a Secretaria de Educação pretende construir uma escola de ensino fundamental em 2015 e, posteriormente, uma escola de ensino médio, na zona central da cidade. Já o administrador de Águas Claras, Denilson Bento adianta que uma delegacia será construída na cidade. “O espaço já está definido para a 36° DP e tem até uma placa. O que falta é a contratação de novos policiais civis para montar o pessoal”, conclui. A localização da DP será na quadra 107, lote 03, atrás do Shopping Quê. RENDA NÃO É DESCULPA De acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de Domícilio (Pdad), feita pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgada este ano,
Águas Claras possui 121.839 habitantes. A renda média do setor Vertical chega a R$12 mil, contabilizando R$7 mil a mais que o registrado no Areal, setor da cidade que tem serviços públicos. Outro dado relevante constatado pela pesquisa é a dependência que Águas Claras tem de outras regiões, principalmente Taguatinga e Plano Piloto. Essas duas cidades atendem 56% dos estudantes e 87% da população de Águas Claras que precisa de hospital público. A falta de serviços públicos na cidade é dúvida entre os próprios residentes. Morador há dez anos de Águas Claras, o policial civil Sérgio Franciel explica que esse problema não pode ser interpretado pela renda dos moradores. “O Plano Piloto tem gente com renda considerada alta, então por que lá tem tudo isso e aqui não?”, desabafa. Em entrevista ao Artefato, o
administrador Denilson Bento reconhece que falta esse tipo de serviço na região: “A cidade foi pensada de uma forma, mas não houve planejamento nas gestões anteriores. Mas espaço é o que não falta”. HORA DE FAZER O especialista em Estudos Urbanos e Regionais da Universidade de Brasília (UnB), Sérgio Ulysses, explica que cada projeto de cidade há uma previsão de lotes “institucionais”, de acordo com a população estimada. Entretanto, as mudanças devem ocorrer para acompanhar o crescimento da cidade. Essa falta de equipamentos públicos atinge não só Águas Claras. “Isso sobrecarrega o atendimento em outras cidades, já que os moradores vão procurar serviço em outros locais. Vai chegar uma hora que eles não vão conseguir atender a todos”, afirma.
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Cidadania Sustentabilidade
Redenção pela madeira Cooperativa “Sonho de Liberdade” reutiliza material dos canteiros de obras do DF em projeto ecológica e socialmente sustentável
Crédito: Rayssa Oliveira
Rayssa Oliveira
Em Brasília, a cada duas casas construídas, o equivalente a uma é descartada, segundo a Secretaria de Meio Ambiente. Isso significa que toneladas de cimento, tijolos, telhas e madeiras são inutilizados todos os dias. Mas a madeira já tem destinação certa. Após o descarte elas são recolhidas, processadas e pré-moldadas para se tornarem peça de mobiliário. Esse é o trabalho da cooperativa Sonho de Liberdade criada em 2009 por
Ex-detentos diminuem suas penas realizando trabalho manuais
um ex-detento. O projeto tem sido o lar de ex e atuais presidiários que trabalham com a madeira para transformá-las em mesas, cadeiras, sofás e diversos outros móveis. O idealizador é Fernando de Figueredo, condenado a 20 anos de prisão. Ele cumpriu sua pena no presídio da Papuda onde aprendeu o ofício de carpinteiro. Segundo ele, tudo começou pelo desejo de ajudar outros detentos. “Vi muitos amigos saindo da cadeia sem perspectivas de
trabalho ou um lugar pra ficar longe de problemas. Então resolvi criar a cooperativa”, conta. Com um galpão cedido pela ONG Nova Esperança, ele começou a depositar a madeira recolhida dos canteiros de obra da futura cidade administrativa do Gama. Com a ajuda de mais dois amigos, começaram a moldar e construir os móveis e vendê-los na Feira da Torre. Um ano depois a ideia foi registrada como Cooperativa de
Reciclagem e Produção Sonho de Liberdade. “É o meu legado, esse lugar é tudo que eu tenho e o que eu quero deixar para os meus filhos”, diz Fernando. E o que começou com timidez, desenvolveu-se em uma empresa organizada, mas principalmente solidária, já que a maioria trabalha como voluntário e cerca de 60% dos lucros arrecadados com a venda dos móveis, são doados à casas de reabilitação e a programas de ressociali-
zação de menores infratores. Com o aumento da procura pelos móveis, Fernando decidiu buscar ajuda, e encontrou em Thiago Guimarães, aluno de arquitetura, na época com apenas 20 anos. O estudante decidiu fazer dessa ideia seu tema de trabalho de conclusão de curso. “No começo fiquei receoso, não sabia como seria recebido, vinha de uma realidade completamente diferente daquelas pessoas, mas sabia que tinha muito potencial naque-
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É o meu legado, esse lugar é tudo que eu tenho e o que eu quero deixar para os meus filhos”, Fernando Figueiredo, condenado a 20 anos de prisão
Crédito: Rayssa Oliveira
Alunos de arquitetura da UnB desenham móveis em parceria com a Cooperativa Sonho de Liberdade
le projeto e queria fazer parte”, esclarece Thiago. Em 2011 começou uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB), em que os alunos de arquitetura, cursando a partir do 4º semestre, poderiam se voluntariar. Eles são os responsáveis pelo desenho e design das peças, e segundo os carpinteiros, trouxeram um novo estilo para a cooperativa. “Antigamente os desenhos eram bem básicos, a gente criava móveis simples, agora eles são bem diferentes e estilosos, parecem até de revista”, afirma o detento Sebastião Barro. Os doze alunos que participam atualmente do projeto destacam a possibilidade de criação oferecida. “Em lugar nenhum teríamos tanta liberdade para criar, nossos desenhos são sempre bem aceitos”, comemora a aluna Aline Carneiro. Os estudantes também participam no processo de montagem e escolha dos materiais que serão utilizados em cada peça. “Ao contrário de qualquer empresa de arquitetura, aqui a gente larga o lápis e vai encher a mão de farpa de madeira”, comenta o estudante André Leão, atual coordenador de criação.
Após um ano de inspeções e credenciamentos, em 2012 o Ministério da Justiça tornou a cooperativa apta a receber os presos do regime semiaberto autorizados a trabalhar. Atualmente 23 pessoas entre homens e mulheres, reduzem o tempo de suas penas por meio da produção de móveis. Segundo o Ministério da Justiça, todos os locais de trabalho são avaliados pelo Índice de Ressocialização, que mede o número de detentos que serviram nessas empresas e voltaram a cometer crimes. Para o secretário de Direito Penitenciário, Milton Cunha, o programa é um sucesso. “Eles possuem um Índice de Ressocialização de cem por cento, ou seja, todos os que trabalharam lá durante o cumprimento da pena não voltaram a cometer crimes após serem soltos”, conta. A pesquisa foi finalizada em fevereiro de 2014 envolvendo quase dois mil presos revelando o êxito da cooperativa. RECICLAGEM DE MENSALEIROS Em outubro do ano passado, os diretores da Sonho de Liberdade, Carlos Mattos e Gisele Pernambuco, entraram com a oferta
Entre os móveis produzidos, estão sofás, cadeiras e mesas de madeira
formal de emprego, encaminhando a proposta da Cooperativa à Coordenadoria de Correções da Papuda (CCP) para José Dirceu e Delúbio Soares, presos no caso do mensalão em 2013 e chegaram a ser aceitos pelo CCP para abrigar os mensaleiros durante o cumprimento da pena. Mas no final do ano passado, uma decisão judicial do Supremo Tribunal Federal transferiu Dirceu ao regime fechado, ficando impedido de trabalhar. Quanto a Delúbio, até o fechamento da matéria não obtivemos resposta do advogado do mensaleiro sobre a recusa da proposta. Ele atualmente trabalha no setor de contabilidade da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A cooperativa pretende estender o convite a todos os condenados do caso que ficarem presos em Brasília. No galpão de trabalho, livres e encarcerados se juntam para produzir mais que móveis, transformando madeira em esperança. E aqueles que ainda pagam por seus crimes, se tornam prova viva da eficácia do projeto. “Parece pouco, mas sinto que se posso fazer uma cadeira, por exemplo, posso fazer qualquer coisa, minha vida ainda não acabou”, finaliza Jenuino Gomes.
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Cidades Afeto
Aproprie-se de Brasília Nova geração cria projetos para estimular olhar diferente sobre uma capital em processo de descobrimento Silvia Guerreiro Fotos Renata Albuquerque
Jovens brasilienses, nascidos e criados na capital, abandonam velhas ideias, registram e compartilham novos olhares e formas de viver em Brasília, em vez de perpetuar o clichê da cidade fria e povoada por pessoas distantes. A agência de viagem “Experimente Brasília” oferece passeios para conhecer a capital a partir da ótica do morador. As atividades incluem passeios a pé ou de bicicleta e prometem um tour por lugares como a Esplanada dos Ministérios, as superquadras da 308/108 Sul e espaços criativos da cidade como brechós, lojas e cafés. A fotógrafa do Artefato Isabel Vargas embarcou no passeio “Rota Superquadra” e conta como foi a viagem (veja o relato completo no box ao lado).Foi uma experiência maravilhosa sentir o quão aconchegante seria morar ali, tendo contato direto com a natureza mesclada à moradia”, relata. A diretora do Experimente Brasília”, Patrícia Herzog, conta que a missão da agência é encurtar a distância entre os visitantes e os moradores locais: “A gente acredita que conhecer as pessoas do lugar, ouvir dicas, histórias e curiosidades e sentir a cidade como morador é a melhor
Torre de TV vira novo ponto de encontro para joevns brasilienses na cidade
parte das viagens”, afirma. Inicialmente os projetos tinham sido criados com foco nos turistas, mas são os brasilienses que têm abraçado as ações: “Muitos moradores fazem nossos passeios. São brasilienses ou pessoas que adotaram a cidade como sua que querem uma opção de lazer diferenciada, saber mais sobre Brasília, conhecer outras pessoas, fazer amigos”, analisa Herzog.
Para a pesquisadora e professora universitária Ivany Câmara Neiva, este é um momento de apropriação da cidade: “É um movimento com novas características e linguagens, formado por uma geração que está tomando posse dos espaços. São pessoas que já nasceram em Brasília e estão começando a questionar, a descobrir a cidade delas, onde elas nasceram e que, no fundo, esco-
lheram”, pondera. Brasília também têm sido palco e laboratório de coletivos artísticos. Para o grupo Teatro do concreto a cidade é como um campo de composição. “A cada rua, cada espaço, tudo tem um texto, tudo está dizendo alguma coisa, explica a diretora e fundadora do grupo Ivone Ferreira, que desenvolve espetáculos a partir da identificação e ligação com a cidade.
Temas como amor e abandono são discutidos e transformados em intervenções urbanas realizadas nas faixas de pedestres da Rodoviária do Plano Piloto no espetáculo Ruas Abertas. O próprio nome do grupo é inspirado em Brasília. Entrepartidas, outro trabalho do grupo, tem como cenário vários pontos da cidade. “Quando a gente escolhe fazer Entrepartidas partindo da rodoviária indo
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Daqui alguns anos, algumas verdades relatadas deixarão de ser, e o novo será velho. A intenção é que um dia ele se torne um diário do que foi viver nas primeiras décadas de Brasília” Gabriela Bilá, autora do “O Novo Guia de Brasília”
poderá ser mais do que a apresentação da cidade. “Daqui a alguns anos, algumas verdades relatadas no Novo Guia deixarão de ser, e o novo será velho. Mas essa é exatamente a intenção, que um dia ele se torne um diário do que foi viver nas primeiras décadas de Brasília”, afirma. UM PASSEIO PELA SUPERQUADRA QUE INSPIROU TODAS AS OUTRAS Por Isabela Vargas
Moradores se reencantam com a cidade
para uma praça na Asa Sul, depois para uma casa, está investigando as possibilidades do espaço público e do espaço privado, e como isso pode reforçar ou contrastar com a ficção, com a história que está sendo contada. Ao mesmo tempo é uma oportunidade de quem mora na cidade praticá-la de outra maneira, lançando novos olhares”, completa Ivone. O “Coletivo Transverso” também contribui com essa nova geração que tem se apropriado da cidade. O projeto utiliza muros e túneis para divulgar mensagens poéticas que brincam com referências do cotidiano brasiliense. São trabalhos que utilizam técnicas como o grafite, stencil e sticker com frases que surpreendem, como: “O que as tesourinhas cortam?” ou Brasília é um deserto de rostos conhecidos”. DIÁRIO DE BRASÍLIA Brasília, 54 anos, mais de 2,5 milhões de habitantes, quase a mesma quantidade de árvores frutíferas e um clima na maior parte do ano seco - o que implica em reclamações constantes dos moradores e pneumologistas. Nessa cidade também há muitos, muitos jovens moradores dispostos a descobrir o que a cidade tem para oferecer... Imagine caminhar pela capital e se guiar por um mapa que apresenta a diversidade de árvores frutíferas da cidade. Essa é uma das possibilidades do Novo Guia de Brasí-
lia, construído pela estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Gabriela Bilá. A inspiração para o material nasceu do período em que trabalhou em escritórios de arquitetura fora do país e da curiosidade que as pessoas tinham em saber como se vivia em uma cidade diferente, fora dos padrões. Além de tomar gosto em apresentar a cidade e os segredos brasilienses, o encontro com guias e materiais turísticos produzidos em outros países a estimularam a criar algo parecido sobre a capital. O guia apresenta informações sobre arquitetura e urbanismo, mas fala também sobre ações cotidianas, “pequenos nadas” da cidade. “O Novo Guia de Brasília quer mostrar isso: como as pessoas que moram aqui estão se apropriando e coexistindo com uma cidade tão incomum”, conta Gabriela. Definir o que seria interessante e inédito para o brasiliense ler e relevante para o turista saber foi uma tarefa difícil. O que ajudou Gabriela a selecionar as dicas e informações foi pensar em como ela apresentaria a cidade para um amigo. “Esse recorte parcial do conteúdo, baseado na minha visão da cidade, é o que faz dele bastante sincero e diferente da oferta de guias que já existem”. Para Gabriela, o Novo Guia de Brasília
A capital atrai turistas de várias partes do mundo. É engraçado perceber que geralmente queremos viajar para conhecer o mundo e não conhecemos nossa própria terra natal. Mesmo não nascendo e morando na específica cidade de Brasília, ela sempre esteve próxima e disponível para conhecê-la e é, aos poucos, que toma forma em minha mente. Nesse passeio é possível conhecer os cantinhos e histórias que marcam a superquadra que inspirou todas as outras, 308/108 Sul, quadra modelo, projetada por Lúcio Costa A superquadra que foi planejada para ser um lar completo. O guia e morador da 308 Ylian Miranda cresceu e experimentou cada canto da quadra modelo e, aos 28 anos, ainda se recorda com carinho das fases: Jardim de Infância, Escola Classe e Escola Parque, por onde passou. Lugar tranquilo onde se pode morar, trabalhar e se divertir, a superquadra tem de tudo e mais um pouco, parque, igreja, escola, clube, biblioteca... São apenas alguns dos lugares que estão à disposição dos moradores. O sonho era mesclar as construções e a natureza e não deixar que o concreto escondesse a beleza que havia ali. E foi caminhando por lá que conseguimos constatar que realmente, até hoje, o que se vê é que a natureza está sempre à frente da construção. Com toques de Oscar Niemeyer e Athos Bulcão, a superquadra torna-se ainda mais valorosa, tornando a quadra modelo: uma ilustre quadra. A fotógrafa Isabela Vargas experimentou e fotografou o passeio pela Superquadra 308/108 Sul. Confira as fotos: : http://bit.ly/guiabrasilia SERVIÇO: O Novo Guia de Brasília: http://bit.ly/guiabrasilia Experimente Brasília: http://bit.ly/experimentebsb Coletivo Transverso: http://bit.ly/transverso Teatro do Concreto: http://bit.ly/teatrodoconcreto
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Cidades Desperdício
Copa do Mundo à luz de velas na capital federal
Apesar de constantes quedas de energia em Brasília, Estádio Nacional costuma continuar aceso durante os apagões, sem necessidade Marcelo Rosa e Paulo Melo
Ilustração: Shizuo Alves
Não é de hoje que os moradores reclamam de falta de luz. No entanto, pouca coisa foi feita para melhorar o problema de energia elétrica em Brasília. As quedas ainda são frequentes e atrapalham a vida da população. É o caso de Marilene Silva Costa, trabalhadora de Sobradinho II. Ela conta que já se prejudicou
devido às constantes quedas de energia que ocorrem na cidade. “Tenho uma loja de sorvete aqui, e como qualquer comerciante necessito de energia, pois preciso de refrigeração para os meus geladinhos, mas constantemente estou sem luz”, conta. Marilene diz que a resposta da companhia
energética é sempre a mesma e que o problema nunca é solucionado. Ela ainda conta que sempre entra em contato, que um relatório de serviço é aberto e um funcionário faz uma visita, mas no fim das contas, nada se resolve. Em fevereiro deste ano, o professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), Luiz
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Pelo menos isso não quero perder por falta de energia, se não já vou pedir meu kit apagão, com rádio, pilha, vela e fósforo” Carolina Freittas, moradora de Samambaia Sul
Vicente Gentil, disse em entrevista para a TV Record, que o sistema elétrico brasileiro, de forma geral, encontra-se sucateado e totalmente burocratizado, e consequentemente, que isso contribui bastante para os problemas enfrentados pelos cidadãos da capital. Sérgio Gomes, estudante e morador do Guará II, brinca que sua rua é conhecida como rua do Noel, pois parece uma árvore de natal que fica acendendo e apagando o tempo todo. “Essa rua vive as escuras, algumas vezes evitamos deixar algumas coisas na geladeira e colocamos dentro de um isopor com gelo por precaução, se não tudo apodrece”, conta. Sérgio informou ainda que entrou em contato com a Administração do Guará e que a única informação que obteve foi a do suposto investimento da Companhia Energética de Brasília (CEB) de R$ 500 milhões de reais. Com a aproximação da Copa do Mundo e a preparação da cidade para a competição, os moradores ficam revoltados e acabam culpando o evento pela falta de qualidade na distribuição elétrica de Brasília. Sérgio mesmo foi duro e criticou: “O governo diz que investiu R$ 500 milhões em melhorias, mas certamente o dinheiro foi todo voltado para os estádios”. Apesar das reclamações, a CEB diz que investiu R$ 500 milhões em expansão, melhorias e reforços de sua rede nesses três últimos anos. Disse ainda, que ligações clandestinas feitas por moradores afetam a distribuição de energia em todo DF. Até o momento o investimento no sistema não foi percebido pelos moradores, tendo em vista que os apagões ainda são frequentes. Na última falha elétrica ocorrida em abril deste ano, um fato curioso chamou a atenção. A Asa Norte inteira ficou às escuras enquanto o Estádio Nacional de Brasília estava aceso. Segundo a CEB, isso se deu porque o estádio possui gerador próprio e o sistema de iluminação atingido pelo raio que causou o apagão não era ligado ao equi-
pamento da nova arena. OUTRAS RECLAMAÇÕES Com ou sem luz no estádio, a população não aguenta mais sofrer com as quedas de energia. Segundo alguns moradores, os próprios funcionários da CEB já não sabem mais o que dizer com tantas reclamações sobre o mesmo problema, relatado em diferentes regiões administrativas do DF. É o caso de Sônia Rodrigues, enfermeira de São Sebastião. Ela explica que como muitos acidentes ocorrem na via principal de sua cidade e algumas vezes os postes são atingidos, a CEB acaba usando essa justificativa toda vez. Carolina Freittas, moradora de Samambaia Sul, ri para não chorar com a situação e afirma que o mínimo que ela espera, é que consiga assistir aos jogos da Seleção Brasileira durante a Copa: “Pelo menos isso não quero perder por falta de energia, se não já vou pedir meu kit apagão, com rádio, pilha, vela e fósforo”. Algo precisa mudar para tentar solucionar esse antigo problema. Se a companhia energética diz que já fez investimento ao longo desses últimos anos e os problemas seguem acontecendo, de quem então seria a responsabilidade? Para o engenheiro elétrico Lucas Volfegan, pequenas soluções podem melhorar a qualidade de distribuição e economia de energia na capital. Segundo Lucas, muitas vezes é possível encontrar em Brasília, postes acesos desde as seis, sete horas da tarde, quando ainda há luz natural sem necessidade. Outro destaque dado pelo engenheiro é que o governo poderia aproveitar a estrutura do novo estádio para colocar um grande receptor
de energia solar no local, assim o máximo de energia natural pode ser captada. QUEM FAZ O QUÊ As principais organizações que cuidam da energia elétrica no país foram procuradas pela produção do Artefato. Para que o leitor possa entender melhor, vamos mostrar brevemente o papel de cada uma no sistema e o que disseram sobre as quedas de energia na capital. A Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A) tem função de coordenar todas as empresas do setor elétrico. A empresa garantiu que o fornecimento de energia da capital é exclusivo da Companhia Energética de Brasília (CEB), e que não faz parte do sistema Eletrobrás. A CEB, por sua vez, é a concessionária que distribui energia na capital. É uma empresa de economia mista, ou seja, uma sociedade na qual há colaboração entre o Estado e outras empresas particulares. Questionada sobre as constantes falhas, discordou da afirmação. “Não há constantes faltas de energia no DF, nesse momento, por exemplo, não há registro de falta de energia em nenhum local do DF, portanto, essa afirmação é uma falácia”. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem como finalidade, regular e fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica no Brasil. Em relação às constantes interrupções no fornecimento, exige que as concessionárias (CEB) mantenham padrão de continuidade do serviço prestado. Informou ainda, que alguns indicadores são apurados pelas distribuidoras e são enviados periodicamente para Aneel, assim, a agência avalia a continuidade da energia oferecida à população. Sobre possíveis penalidades que as distribuidoras de energia possam vir a receber, disseram: “Se for constatada falha de planejamento, operação ou manutenção, as penalidades podem ir de advertências até multa de 2% do faturamento anual da empresa, conforme estabelecido na Resolução nº63/2004 da ANEEL”. 11
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Fotorreportagem
É São Jõao Joyve Oliveira
Em tempos de Copa do Mundo, as tradicionais festas juninas ficaram em segundo plano. Canjica, milho, amendoim e paçoca, em parceria com bandeirinhas coloridas e chapéu de palha, disputam lugar com o verde, o amarelo, a pipoca de sempre e o grito de gol. Seja em igrejas pequenas ou com grandes shows, as comemorações de Santo Antônio, São João e São Pedro seguem tímidas, tentando trazer o colorido para quem está visitando o país. 12 Ramíla Diagramação.indd 12
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15 anos Sensualidade
Boates de strip-tease, tudo revelado Assim como em 2011, o Artefato mata a curiosidade do leitor e visita uma boate de strip-tease. A constatação? O espetáculo não é a principal atração Guilherme Pesqueira e Nara Loreno
Notas de dinheiro são colocadas nas calcinhas das dançarinas para que o show continue, mulheres andam nuas no meio do salão sem pudor algum. Parece cena de Closer – Perto demais, em que a atriz Natalie Portman interpreta uma striper, mas o que de fato há em uma casa de strip-tease é totalmente diferente do clichê exibido pelos filmes. As apresentações sensuais não têm cédulas atiradas aos pés das moças, mas o olhar fixo e sedento dos clientes. É noite de sexta-feira, os jovens repórteres que lhes relatam a experiência chegaram ao American Night Club, no Pistão Sul de Taguatinga por volta de 22h e logo arrancam olhares de espanto, pois um dos que lhe escreve, caro leitor, é uma mulher. Aliás, curiosamente apenas para ela foi solicitado o documento de identificação. Um dos seguranças da casa, Deivid Eraclito, explica que o espaço recebe pessoas de diversas idades. “Às vezes aparecem mulheres também, algumas curiosas para saber como funciona. A maioria está em grupo ou acompanhada.” Foram cobrados R$20 pelos dois seguranças que,
Fotos Kamila Braga
alinhados, de terno preto, blusa branca e gravatas bem endireitadas, nos receberam com máxima educação. Logo na entrada uma parede tampa a visão de quem está de fora e chama nossa atenção pelos cartazes com fotos de mulheres nuas com frases para lá de sugestivas. Nos acomodamos e, ao abrir o cardápio sobre a mesa, os valores exorbitantes das bebidas logo nos assustam: R$22 por um copo de chope - em bares e casas noturnas um igual custa em média R$8. A decoração inspirada na Copa do Mundo, simples, com bolas verdes e amarelas, mostra que o lugar também se preparou para os jogos. O vermelho predomina na decoração, a cor do amor, da paixão. E porque não dizer do sexo? Cadeiras surradas, o pano vermelho e branco que cobre a mesa é preenchido por buracos de cinzas de cigarro. O mais esperado da noite é o show, que ainda iria demorar para começar: a partir das 23h. A fumaça invade o palco, a música é interrompida por uma canção de introdução, a voz do DJ incompreensível anunciara a primeira da noite. Fantasiada de enfer-
As apresentações sensuais contam com pole dance e fantasias específicas
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Ela me disse que veio de Goiânia, não dançava, fazia apenas programa.” Cliente, não quis se indentificar
meira, a mulher caminha em direção à barra com um micro vestido branco, que logo é desabotoado e despido. A dança de Fernanda, nome provavelmente fictício, é baseada no rebolado. Depois de muito se exibir, o sutiã e a calcinha são tirados. Ela coloca na boca a calcinha e fica nua. Foram menos de 10 minutos de apresentação, sem alarde entrou e da mesma forma saiu. A próxima é Renata Domingues, sem fantasia especifica, mas bastante sensual. Ela tem uma performance melhor no pole dance. Em outras mesas homens se distraem, chamam mulheres, bebem. O lugar parece ganhar mais movimento no decorrer da noite. A todo momento que uma das garotas começam dançar, um dos seguranças surge próximo ao palco para preservar a segurança dela. É a vez de Stephane Martinez, e o DJ anuncia: “Essa morena vai levar você ao delírio”. Vestida de pirata, botas brancas, o show começa, com muitas poses e toques no próprio corpo para seduzir quem a assiste. Em 10 minutos o show acaba. PROSTITUIÇÃO Promover o comércio sexual é ilegal, se-
gundo o Código Penal Brasileiro. Por isso, os espaços destinados somente ao strip-tease são legalizados e não correm risco de sofrer nenhuma intervenção do Estado. O segurança da boate Devid Eraclito explica que a casa não se responsabiliza pelos programas que as dançarinas eventualmente façam com os clientes. No tempo que esperamos os shows, presenciamos várias garotas tentando tirar a sorte grande e levar um possível cliente para fora do local, já que ali não é permitida a prática de sexo. Uma em particular chamou nossa atenção. Mulata alta com peruca chanel, tatuada e de curvas bem avantajadas. Estava acompanhada de dois rapazes. A mesa deles tinha cervejas e whisky, o que, claro, chama a atenção das mulheres e faz com que elas partam para o ataque. Uma rebolada ali, uma conversinha no pé do ouvido aqui, uma apalpada proposital no peitoral acolá e pronto. Ela conseguiu levar os rapazes para fora do local, e de mãos dadas os três saem com a certeza: a noite é uma criança. Conversamos com um dos clientes que
não que quis se identificar. Rapaz magro e alto acabara de falar com uma das moças, Mel, 19 anos. “Ela me disse que veio de Goiânia, não dançava, fazia apenas programa. Aqui não tem quarto para sair com ela, tem que ir ao hotel que tem aqui perto”, relata. STRIP-TEASE MEXICANO Não foi no México que as cédulas de pesos mexicanos se enroscaram nas calcinhas e sutiãs como nos filmes, mas os parâmetros e distinções nos serviços chamam a atenção por serem um tanto quanto mais ousadas, comparadas ao Brasil. O ambiente surpreende: paredes com imagens eróticas de mulheres. Nas paredes feitas de concreto há figuras compostas por mulheres juntas, nuas. Algumas fazem sexo oral, parecem representar o kama sutra. Um dos clientes, Erick Alejandro Sepúlveda, conta que na boate há um rapaz que leva as garotas aos clientes quando são solicitadas. Preservando a identidade, elas atendem por números ou nomes fictícios. O que conta é o tempo: só de conversar com a dançarina você já está sendo cobrado,
além do que ela consome. “Em local privado, com cortinas, pode haver sexo, lap dance, em que a dançarina dança no colo do cliente nua ou de topless, ou pode ter apenas conversa e bebida”, conta. Ao contrário do Brasil, no México a prostituição não é considerada crime, por isso, nas casas de strip ou até mesmo em outros locais, a prática do sexo é liberada.
MEMÓRIA Em 2011 a equipe do Artefato, composta pelos repórteres Guilherme Carvalho, Matheus Martins, Orlando Rodrigues e Patrick Martins, visitou uma das principais casas noturnas de Taguatinga, a “American Show”, localizada no Pistão Sul. Um dos repórteres da época, o jornalista Orlando Rodrigues conta que a pauta surgiu a partir de uma brincadeira seguida de um desafio que a professora e coordenadora do jornal-laboratório, Karina Gomes Barbosa, apresentou aos alunos. Ele diz que o conceito era mostrar o funcionamento detalhado de uma casa de strip. “Fomos em três casas, e em uma nós tentamos entrar como jornalistas, mas o dono não deixou”, relata.
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Comportamento Crença
Para filtrar os sonhos
Artefato de origem indígena, popular em acessórios e tatuagens, serve também como amuleto para atrair boas energias
Adriana Braga e Ramíla Moura
Decidida a fazer a primeira tatuagem, Poliana Dourado, 21, moradora de Formosa (GO) escolheu o filtro dos sonhos como desenho. Com estilo de vida alternativo ela quis tatuá-lo por querer algo que combinasse com a sua personalidade e por acreditar que o objeto atrai boas energias. Poliana não conhecia a história do filtro, mas depois de realizar uma pesquisa e conhecer os seus significados, o apreço pelo Artefato só aumentou e definiu que a escolha para tatuá-lo era mais que certa. “Depois de descobrir que ele traz energias positivas, afasta as negativas e que também auxilia para que os nossos sonhos cheguem de maneira mais rápida, passei a admirá-lo ainda mais”, conta. Além de fazer a tatuagem nas costas, Poliana aprendeu fazer o dreamcatcher (nome do filtro em inglês, que significa apanhador de sonhos) para ser usado como objeto de decoração, por tutoriais do You Tube. Na casa de Poliana é possível encontrar vários filtros distribuídos pelos cômodos, desde a janela da sala até a parede da cozinha que representa para ela “vibrações positivas”. Originário de uma tribo indígena americana chamada Ojibwa, o filtro dos sonhos tem virado moda entre os amantes da natureza e
Crédito: Ramíla Moura
Poliana é astrônoma amadora. Apaixonada pela natureza, ela acredita que o filtro atrai boas energias e traz bons sonhos
entre aqueles que acreditam nas energias que os objetos podem trazer para suas vidas. Segundo o site Natureza Divina, o Artefato surgiu de uma lenda em que uma aranha apareceu a um índio que estava no topo de uma montanha e falou com ele em linguagem sagrada. A aranha teria dito ao índio que a teia era para ser usada
para o bem do povo e que se ocupava com os sonhos bons e ruins da noite. O tatuador Frederick Nascimento – o Lico - diz que o filtro dos sonhos está em evidência nas tatuagens e isso torna o Artefato mais conhecido. Ele afirma também que “as pessoas que tatuam a figura do objeto, acreditam fielmente na boa
energia que ele traz”. O professor de antropologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Itacir Piasson, entende que cada cultura produz seu símbolo de proteção associado ao afastamento do mal conforme seus mitos: “A cultura cristã, importada de outro contexto cultural trouxe consigo alguns amuletos com senti-
do sagrado. A cruz, além de representar o sofrimento de Cristo, o Salvador, ela pode ser usada numa gargantilha como amuleto e representar proteção de todo o mal. O escapulário também pode ser um amuleto com imagem de Maria, Cristo e outros santos protetores, cada cultura dentro do seu contexto mitológico”, afirma.
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INTOLERÂNCIA Por mais que o Brasil seja um país laico, aberto a todas as religiões, algumas crenças não são respeitadas e são motivo de preconceito na sociedade. Prova disso é a quantidade de denúncias de intolerância religiosa cometidas na internet e recebidas pela associação SaferNet Brasil por meio da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, que computou no ano passado 9.807 denúncias. O professor Itacir explica que: “A grande maioria dos afrodescendentes negou sua cultura e sua religiosidade, pois representava a crença do escravo, dos rituais demoníacos, uma seita que não conduzia à salvação. O cristianismo pregava seu Deus como o único e verdadeiro, negando a divindade da cultura afro. O mesmo acontece com a religiosidade indígena, reunida em reduções para aprender a língua portuguesa e a fé cristã”. Roque Laraia, antropólogo e membro do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) acredita que em todas as culturas existem crenças em objetos mágicos ou religiosos. Para ele, “a humanidade, desde o seu início, acredita em muitas coisas que nada têm a ver com a realidade e essas crenças fazem parte da grande diversidade
O filtro dos sonhos é usado em casas, automóveis, tatuagens e acessórios para atrair boas energias Crédito: Mariana Nunes
SONHOS E SIGNIFICADOS Os sonhos costumam ter diversos significados e aqueles ruins são chamados de pesadelos. O professor Itacir considera fundamental a psicologia analítica fundada por Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço que, segundo o professor, possibilita melhor entendimento sobre as culturas que cultuam os sonhos. “Segundo Jung o sonho é pessoal e somente o sonhador entende o significado das imagens e sensações vividas no sonho. O sonho, para ele, é um misto de imagens provenientes do inconsciente coletivo representadas por símbolos arquetípicos universais tanto do bem como do mal como deuses e demônios”, assinala. Juliana Cardoso, estudante, ganhou o apanhador de sonhos – outra nomenclatura utilizada para o objeto, de uma amiga. A estudante, sabia pouca coisa sobre o Artefato, mas a amiga explicou que se tratava de uma teia que impedia sonhos e energias ruins. “Durante muito tempo, ele ficou na porta do meu quarto, filtrando as energias de quem entrava por lá”, disse.
Crédito: Anderson Miranda
O estudioso reflete que para a cultura indígena, na qual é costume ter a realidade orientada pelos sonhos, o apego ao filtro representa “a segurança do sonhador de mergulhar nos sonhos e voltar com o que ele tem de melhor para a vida sem se perder nas armadilhas do mal”.
O Artefato pode ser encontrado para compra em feiras e lojas de produtos artesanais
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Comportamento Vício
Use com moderação Uso excessivo de smartphones e redes sociais no trabalho podem gerar problemas às empresas e causar constrangimentos aos clientes Jéssica Lília e Gabrielle Ximenes
Fotos Susanne Melo
Conduta irresponsável dos funcionários pode prejudicar atendimento, além de ser desrespeito ao cliente.
Smartphones e tablets são quase indispensáveis. Para quem trabalha fora e precisa manter contato com pessoas de fora do ambiente do trabalho, eles são essenciais. Até os anos 90, por exemplo, era comum as pessoas terem telefone fixo e a prática de deixar recado “resolvia” as urgências. Com o surgimento da telefonia celular, ter uma linha de celular se tornou imperativo e isso impactou nas noções de tempo das pessoas. A “urgência de hoje” já não pode esperar como antes. Esse
fenômeno reconfigura comportamentos e traz novos paradigmas para a sociedade. Segundo informações do site da empresa Whatsapp, há cerca de 465 milhões de usuários do aplicativo em todo o mundo. Deste número, 38 milhões são do Brasil, o equivalente a 8% da base total. Já a plataforma Facebook, que atualmente possui um total de 1,23 bilhões de usuários, aproximadamente 61 milhões são perfis brasileiros.
Com o número elevado e a popularização das redes sociais e dos smartphones, está cada vez mais difícil uma empresa não estar vinculada a qualquer tipo de rede social. Companhias até incentivam o uso do celular e da rede social quando for beneficiar o próprio trabalho. Mas, e quando o uso excessivo destes smartphones passam a atrapalhar o rendimento do funcionário no ambiente de trabalho? A dona de casa Rejane Brito, 43, moradora
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de Águas Claras, já presenciou uma caixa de supermercado respondendo mensagens durante seu atendimento. “Ela estava com o celular ao lado, e toda a vez que tocava, dava uma olhada. Teve um momento que não resistiu e teve de parar meu atendimento para responder à mensagem, na minha frente. Achei falta de educação, mas também, não fui reclamar porque não estava em posição de chefe dela”, afirma. Quando se trata de qualidade de serviço, a aposentada Suely Batista, 39, não gostou do atendimento que recebeu em uma farmácia, em Taguatinga Sul. “Fui a uma farmácia e só tinham dois caixas funcionando. A fila estava enorme e havia grande demora no atendimento. Quando pude perceber, uma das caixas fazia o uso do celular constantemente, ao invés de dedicar sua total atenção ao atendimento, que já estava precário. Fugiu do bom senso”, alega. A equipe do Artefato procurou quatro dos principais supermercados de Águas Claras: Pão de Açúcar, Super Maia, Big Box e Comper. A gerência de todos os supermercados alega que seus funcionários são proibidos de usarem o aparelho móvel no momento de trabalho. “Nós fazemos o controle e fiscalização dos funcionários neste quesito. Eles estão autorizados a usar o celular somente nos intervalos”, explica o gerente de um dos supermercados. Com base nos artigos segundo e terceiro da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), uma das características do vínculo empregatício é a subordinação do empregado ao empregador, ou seja, o patrão possui poder diretivo sobre o empregado. O empregador pode proibir o uso de aparelhos celulares. Se afetar a produtividade do contratado no local de trabalho, a demissão será por justa causa. CUIDADOS COM O VÍCIO A psicóloga Liliane Prado explica esta necessidade que está inserida, a cada dia, no ambiente social e de trabalho. “A utilização de quaisquer tecnologias dentro do ambiente de trabalho requer bom senso do profissional. Tanto em ambientes corporativos, como em qualquer outro local. O uso excessivo do celular pode atra-
palhar o rendimento e interferir na produtividade do profissional”, alerta. Ainda sobre o vício, Liliane destaca que a distração pode ser perigosa e, dependendo do local que a pessoa esteja usando o aparelho, como em trânsito ou locais movimentados, podem causar acidentes. Para a psicóloga, o que está sendo gerado é uma espécie de “vício virtual”, onde as pessoas utilizam o celular como forma de extensão de sua vida. “O uso excessivo do aparelho pode desviar as pessoas da vida real. O perigo é a gente se desviar daquilo que importa, utilizando o celular como uma extensão da própria vida. A pessoa que tem grande dependência virtual deixa o vício atrapalhar no convício social e profissional, se recusando a ter uma vida além daquilo», explica. Para ela, o fato do uso excessivo pode gerar um comportamento doentio sob o aparelho celular, deixando a pessoa desgastada, com cansaço mental e, prejudicando sua saúde. Os especialistas alertam que, neste caso, estas pessoas precisam ser tratadas como viciadas. CONDUTA Na questão do trabalho, a gerente em Recursos Humanos, Danielle Pinho, reprova a conduta dos funcionários que alimentam esse hábito na hora do expediente. “O funcionário tem de ter consciência de usar somente quando não está ocupado, seja com cliente ou qualquer outra coisa, pois o trabalho tem prioridade. Caso não haja essa noção, ele levará advertência e possivelmente, uma demissão por justa causa”, afirma. RECORDE NO DF De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Brasil já ultrapassou a marca de 273,6 milhões de linhas ativas na telefonia móvel. O Distrito Federal é a unidade da federação com maior teledensidade. O número de acessos por 100 habitantes no Distrito Federal chegou a 217,97.
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Economia Na intimidade
Não caia na rotina Bazar similar ao filme “De pernas pro ar” conquista mulheres e promove o consumo de produtos eróticos, mas sex shop ainda é visto com preconceito
No começo pensei que seria difícil encontrar personagens para a matéria. Mas estava enganada. Hoje as pessoas parecem estar mais abertas para tratar de assuntos referentes a sua intimidade, como por exemplo, o costume de visitar sex shops e comprar produtos eróticos. Delma Eusébio, 36 anos, é casada há 12 e tem dois filhos. Formada em administração de empresas, a personal sex decidiu em meados de 2008, deixar a carreira como servidora pública para ajudar uma amiga com palestras, cursos e venda de produtos íntimos. A dupla promove um evento “caliente” que acontece todo ano em Brasília e que já chegou a sua 6ª edição. É o Bazar Sexy & Fashion, onde são vendidos produtos de diversos segmentos como lingeries, géis e canetas comestíveis, vibradores, próteses entre outros. Nesses encontros rola de tudo um pouco, desde sorteios, minicursos, palestras e até brincadeiras com os “tietados”, gogo-boys e streapers. Para Delma, esse é o momento que a mulherada extravasa. “Como é um evento somente para ‘elas’ conseguimos abordar diversos assuntos sem pudor, e elas se soltam mais”, relata a personal sex. Delma Eusébio afirma que o público mais assíduo são as mulheres, porque buscam inovar e não querem deixar o relacionamento cair na rotina. Dada a grande procura o evento ficou marcado pelo lema Mulheres Decididas e agora acontecerá duas vezes ao ano. Mesmo trabalhando na área há mais de três anos, Delma conta que ainda existe preconceito quando se fala no assunto. “Apesar de sermos o país do carnaval, onde as mulheres estão quase nuas e os biquínis são minúsculos, quando falamos em sexo muitos reagem como se ninguém fizesse ou como se fosse pecado”, pondera. MERCADO De acordo com estatísticas da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), nos últimos anos as vendas de produtos eróticos cresceram muito. Paula Aguiar, presidente da Abeme, ex-
Arquivo pessoal
Jéssica Paulino
plica que a internet tem papel fundamental: “As pessoas buscam informações sobre os produtos desconhecidos por meio da internet”. Segundo dados divulgados pela associação, 90% das vendas são feitas em domicílio e atendem pedidos de mulheres. Nas lojas físicas, o registro é de 68% para mulheres e 32% para homens. Já nas lojas virtuais os pedidos dos homens ocupam a marca de 45% enquanto as mulheres ainda pedem 10% a mais que eles. Segundo Paula Aguiar, a influência também vem de outros meios como os livros, filmes e propagandas de alguns produtos, e também das datas comemorativas, como o dia dos namorados. CENSURADO Em janeiro um sex shop em Águas Claras que funcionava em condomínio residencial fechou por ordem judicial. Os moradores reclamavam que o estabelecimento causava constrangimento por estar ao lado da entrada do prédio. Anderson Fernandes, dono do empreendimento foi procurado pelo Artefato, mas não respondeu aos nossos contatos. Em entrevista ao portal G1, o proprietário da loja, disse que os produtos da loja não estavam expostos na vitrine, mas na parte interna da loja, onde só pessoas que realmente quisessem poderiam ter acesso ao produto. Juliana Cristina, 22 anos, trabalha como atendente em um sex shop que funciona há seis anos em um comércio de área residencial no Gama. Ela conta que “em datas comemorativas as vendas sempre sobem, existem as promoções, mas principalmente as cestas com uma variedade dos produtos mais procurados”. A atendente acredita que ainda há resistência das pessoas, mas que o local de venda deveria ser tratado sem preconceito. Kamilla Carvalho, 23 anos, mora na mesma quadra onde está localizado o sex shop do Gama há mais de dez anos e não concorda com a hipótese de fechar o estabelecimento. “Eu penso que isso é uma bobagem. Acho que as pessoas deveriam ver como um comércio normal, e essas lojas sempre buscam ser mais discretas, só entra quem quer alguma coisa”,
Delma Eusébio, co-organizadora do Bazar Sexy & Fashion
ressalta. Vanessa Silva*, 25 anos, é autônoma visita frequentemente sex shops. Para ela, esses produtos são essenciais para apimentar a relação do casal. “Ter uma vida sexualmente ativa é saudável. As pessoas não compram roupas e acessórios para melhorar o visual? No meu caso, vou ao sex shop para aprimorar minha sexualidade”, finaliza. *Nome fictício
Lista dos produtos mais vendidos Gel lubrificante comestível, caneta comestível, pomada chinesa, estimuladores clitorianos, anel peniano, próteses, algemas, fantasias e lingeries.
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Tecnologia Trânsito
Mobilidade urbana conectada Aplicativos facilitam a vida de ciclistas e usuários do transporte público no DF
Vinícius Remer
Com o trânsito no Distrito Federal, principalmente em horários de pico, cada dia mais caótico, o governo do DF (GDF) tenta alternativas, como a instalação da faixa exclusiva na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e o recente Expresso DF Sul, que liga as regiões administrativas Gama, Santa Maria e o Plano Piloto. Há também a compra de novos ônibus e a construção de ciclovias. A tecnologia é outra forte aliada quando o assunto é mobilidade urbana. Aplicativos como Moovit e Ciclovia DF são opções práticas para facilitar a vida de quem deixou o carro na garagem, apostando no crescimento do acesso à internet no celular. Segundo o portal de notícias do Governo do Distrito Federal, a malha cicloviária da cidade é a maior do país, com 433 km concluídos ou em conclusão. No mês passado foi lançado juntamente com o projeto Bike Brasília, iniciativa que tem como objetivo promover o compartilhamento de bicicletas, o aplicativo Ciclovia DF. O app foi criado para o ciclista obter informações sobre rotas e dicas para pedalar na cidade, cuidados necessários no trânsito, manutenção das bikes e links para site dedicados a esse tipo de transporte. Também é possível visualizar calendário com eventos destinados aos ciclistas. O servidor público Felipe Teixeira, 34 anos, utiliza a bike como o principal meio de transporte. Para ele, que
Crédito: Joyce Oliveira
é usuário do aplicativo Ciclovia DF, o ponto positivo da ferramenta está na forma como o usuário encontra informações sobre rotas urbanas e rurais. A parte negativa está na maneira como o serviço não acata rapidamente as sugestões dos usuários. “O aplicativo poderia encontrar uma forma mais fácil de relatar os problemas das ciclovias e agilidade na resolução dos problemas”, afirma. O servidor diz ainda que quantidade não é garantia de qualidade, por isso ter a maior malha cicloviária do país não significa muita coisa. “O GDF insiste em usar a quilometragem como forma de calcular se uma cidade é referência ou não como ciclável. As ciclovias Aplicativo auxilia ciclistas com mapa de ciclovias no DF no DF são mal planejadas e mal executadas, ocasionando desperdício de dinheiro pú- vit no país”, acredita Felipe. das vias e modais”, acresblico”, ressalta. A principal característica centa o gerente geral do do Moovit é operar a partir Moovit no Brasil. COLABORAÇÃO do crowdsourcing, ou seja, Em algumas cidades braOutro aplicativo que pode utiliza dados e a interação sileiras, como Rio de Janeiser útil para quem depen- dos usuários para desenvol- ro, São Paulo e Goiânia, o de de transporte público no ver soluções ou apresentar aplicativo mostra em tempo DF é o Moovit. O app foi resultados. Graças ao app é real a localização dos ônidesenvolvido em 2011 em possível saber a hora que o bus, o que Felipe chama de Israel e hoje conta com cin- ônibus vai passar, o trajeto, real time. Em Brasília esse co milhões de usuários pelo se vai estar cheio ou não, recurso ainda não existe. mundo. Está presente em quanto tempo leva até o pon- O gerente afirma que ainda 130 cidades de 30 países. to e ainda planejar a viagem está conversando com o DFSegundo Felipe Palhares, antes de sair de casa. Tudo Trans e operadores locais. gerente geral da ferramenta isso é possível com a ajuda Mesmo que não seja possível no país, atualmente existem de quem utiliza a ferramen- precisar a localização exata 1,28 milhão de usuários em ta, pois são os usuários que dos ônibus, Felipe acredita 17 cidades brasileiras[GP1] . compartilham essas infor- que isso não impede ter da“Nosso objetivo até o final do mações com os demais. “Os dos em tempo real. “Quanano é chegar a todas as ca- dados gerados pelos apps, a do o usuário do Moovit está pitais do Brasil. Projetamos tendência mundial, são va- num ônibus com o aplicativo para dezembro alcançar três liosíssimos, pois permitem aberto, nós acompanhamos milhões de usuários do Moo- gerar um mapa da utilização essa movimentação, que é
compartilhada de forma anônima com outros usuários para estimar o tempo de chegada do veiculo ao ponto de parada”, conta. O Moovit não funciona nas regiões administrativas do Distrito Federal, somente em Plano Piloto. Felipe afirma que como o aplicativo é novo no país, a intenção é abarcar inicialmente as principais cidades e depois expandir. “Crescer para as regiões metropolitanas dessas cidades ‘âncoras’ não é uma tarefa fácil, pois requer da nossa parte o contato com as municipalidades, operadores e agências, e por vezes temos dificuldades em conseguir o contato da pessoa certa”, finaliza. 21
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Cultura Audiovisual
Humor na web: irreverência sem censura Porta dos fundos, Parafernalha, Põe na roda, entre outros tomam espaço na internet utilizando o humor em situações do cotidiano
Guilherme Pesqueira e Priscila Suares Crédito: Guilherme Pesqueira
Existem incontáveis programas de humor, desde o tradicional Zorra Total, passando pelo irreverente e sarcástico Pânico na TV, voltando aos pioneiros Trapalhões. Mas assim como o humor têm sofrido transformações, as plataformas que os veiculam, também. A web é a bola da vez. Por meio da internet, vários outros programas têm surgido devido à imensa facilidade de inclusão de conteúdo, já que não é necessário a veiculação mediante contrato com emissoras ou empresas privadas. O mais claro exemplo é o “Porta dos Fundos”, que surgiu da parceria entre a produtora Fondo Filmes e o site de humor Kibe Loco em 2012. O elenco conta com os atores Gregório Duvivier, Fábio Porchat, Clarice Falcão, entre outros, e lançam semanalmente no YouTube vídeos de comédia com os mais diversos assuntos, sem deixar de lado as críticas dos mais variados temas, que envolvem política, religião, comportamento. O 4Cartolas, por exemplo, surgiu, em meados de 2012, da ideia de quatro estudan-
tes que na época eram aspirantes à jornalistas. Segundo um dos integrantes, o jornalista Guilherme Carvalho, nem eles sabem direito como a empresa foi criada. “O que dá pra dizer é que a ideia foi ficando mais séria no final de 2012, quando um de nossos atuais sócios, o Patrick, fez o “Por Ai” - Programa de turismo para TV que foi o trabalho de conclusão dele. Como nós já tínhamos um programa de rádio (Viela) e mais um projeto televiso em vista (o Sem Investimento), resolvemos abrir uma empresa para que pudéssemos trabalhar todas essas idéias juntas”, conta Guilherme. Os quatro sócios proprietários que fundaram a empresa, os jornalistas Guilherme Carvalho, Orlando Rodrigues, Douglas Furtado, Patrick Saint Martin e mais uma colaboradora, Maria Clara são os responsáveis pelas filmagens, edição e produção de roteiro. O jornalista Guilherme Carvalho diz que os temas dos vídeos são escolhidos com a participação de todos, mas sua preferência é relacionar o humor com situações do cotidiano para que
Integrantes do 4Cartola acreditam que a piada nasce de acontecimentos do dia a dia
o público se identifique com o que está assistindo. Para o grupo 4Cartolas, o humor é muito mais que fazer as pessoas rirem. “Humor para nós, tem muito a ver com identificação. Quanto mais for parecido o vídeo com a realidade das pessoas, mais elas se sentem próximas da situação e acabam gostando”, opina. A popularidade dos programas humorísticos na web é evidente, um dos vídeos mais vistos do programa Porta dos Fundos, se
chama “Spoleto” e possui quase 10 milhões de visualizações no YouTube. Os vídeos publicados são curtos, alguns não passam de 2 minutos o que atrai ainda mais o público para assisti-los. Para o professor de audiovisual na Universidade Católica de Brasilia (UCB) e cineasta, Alex Vidigal, a produção dos programas é muito sofisticada atualmente. Apesar de grupos como Parafernalha e Porta dos fundos terem começado de forma
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Quando você cria para tv, tem que pensar em agradar toda a família brasileira para ter ibobe. Tudo fica superficial.” Pedro Henrique Mendes, roteirista e criador do Põe na Roda.
amadora, eles evoluíram na construção dos vídeos. “Quando eles começam a ter visibilidade, a gente começa a ver uma sofisticação de luz, de áudio, uma pré-produção, edições mais finas. Eles já se tornam mais profissionais,” informa. Com a proposta de produzir vídeos humorísticos com temática diferenciada, o grupo Põe na Roda estreou no YouTube em abril deste ano. O segundo vídeo feito por eles é intitulado de: Não é por ser gay que eu..., já possui mais de 600 mil acessos. Sua proposta é criar humor gay no canal. Pedro Henrique Mendes, roteirista e criador do programa conta ao Artefato que a ideia surgiu inicialmente com sua frustação profissional e depois pela falta de conteúdo voltado para esse público, juntando esses ingredientes e a vontade de se expressar criativamente, Pedro criou o Põe na Roda. Para Pedro, a facilidade e a liberdade de se produzir para a internet é um dos grandes atrativos para atingir diversos públicos, diferente do que se encontra em programas humorísticos produzidos para a televisão. “Quando você cria pra TV tem que pensar em agradar a toda família brasileira pra ter ibope. Tudo fica superficial. Na internet você sabe exatamente com quem fala e pode pirar muito mais e ir a fundo dentro de um universo específico”, esclarece. O professor Alex Vidigal relata que antes da presença desses canais no You-
Tube, já existia um grupo semelhante chamado Pepa Filmes que produzia vídeos caseiros e os divulgava por e-mail em meados dos anos 2000. Alex Vidigal conta que dependendo da quantidade de views, termo usado referente à quantidade de pessoas que visualizaram os vídeos, o grupo pode ter um grande retorno financeiro. A exemplo disso, temos os pioneiros de vídeos de humor, a dupla conhecida como Hermes e Renato, que com o sucesso que faziam foram convidados a ter um programa próprio na MTV Brasil. Para o pessoal do Põe na roda, mudar para a TV seria algo a se pensar, já que eles acreditam que exista um público que não é alcançado. “A TV tem quase nada de conteúdo gay. Recebemos muitas mensagens de heterossexuais que dizem assistir os vídeos e que se divertem além de aprender e se informar sobre o universo gay, que é tão pouco exposto”, ressalta. Diante de tantos exemplos de empreitadas que deram certo, fica a pergunta: qual é o segredo do sucesso? Alex Vidigal pontua que o atrativo são os roteiros rápidos. Os vídeos de três ou quatro minutos são chamativos, pois não tira o tempo do telespectador por muito tempo. A web proporciona que o telespectador faça seu próprio tempo, fazendo com ele assista a determinado vídeo a qualquer momento. Procurados por nossa equipe, o Porta dos Fundos não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Crédito: Sabrina Pessoa
Alex Vidigal diz que a produção dos vídeos não é algo amador
Povo Fala
Pedro Maia, Auxiliar Administrativo, 26 anos
“O Porta dos Fundos realmente foi algo que inovou na internet. Foi um humor completamente diferente na TV.”
Crédito: Pedro Grigori
“Ao mesmo tempo que o Põe na Roda fale a verdade sobre a comunidade gay, é engraçado, não chega a ser apelativo, que é isso que chama a atenção”
Walter Hugo, Estudante de Publicidade e Propaganda, 21 anos
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Cultura Revitalização
É hora de abrir as portas
Um dos principais pontos de lazer do Gama esteve fechado, mas a previsão de início das obras é até o segundo semestre de 2014
Jéssica Paulino Crédito: Jaqueline Batista
Inaugurado em 28 de março de 1963, o Cine Itapuã sempre foi referência para as atividades culturais do Gama. Nos primeiros anos recebia saraus, filmes mudos, inclusive apresentações de diversos cantores. Mas com o passar do tempo, por falta de investimento da administração e regularização do terreno, o espaço ficou abandonado e a população gamense, com poucas opções de lazer. Em audiência pública realizada em dezembro de 2013,
foi decidido que o espaço deveria ser revitalizado para cumprir o objetivo para o qual foi construído: proporcionar lazer e cultura para a comunidade do Gama. Renata Batt, gerente de cultura da Administração do Gama disse ao Artefato, que o espaço esteve desativado, pois não era regularizado. “Em 2011 a administração regularizou a situação do espaço que havia sido cedido por comerciantes das proximidades”, esclarece.
Em 2013, a administração da cidade juntamente com a Casa Civil iniciou a fase de levantamento de orçamentos que segue até o momento. Luana Rodrigues, 17, estuda próximo ao Centro Cultural e afirma que assim que o espaço for reaberto ela irá a todas as programações. “Nunca fui ao Cine Itapuã, e conheço muita gente que fala que os eventos eram legais”, conta. Benedito Pereira, 54, é músico e acredita que a
reabertura do espaço será um incentivo para a cultura e para os cantores populares. “Eu cantei por mais de 30 anos, e acredito que deva ser reaberto porque não temos opções de lazer. Até o cinema do shopping fecharam. Se a gente quer ver um filme tem que ir para o Plano Piloto”, enfatiza. No comércio próximo ao Centro Cultural Itapuã existe: ótica, botequins, floricultura e um restaurante. Nelson Amaral, 43, proprietário do estabelecimento reclama
que não pode abrir o restaurante à noite por causa da violência. “É um lugar bom que deve funcionar, se isso acontecer eu volto a abrir o restaurante à noite”, pontua. De acordo com Renata Batt, gerente de cultura da administração do Gama, o novo projeto para o Centro Cultural Itapuã já está pronto e deve ser executado no segundo semestre desse ano. Para conferir a planta do novo projeto para o Cine Itapuã acesse o site www.pulsátil.com.br
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