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Ano 14, Nº 2 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, abril 2013

Jornal - Laboratório - UCB

Avanço no tempo Para os idosos do DF, não basta chegar aos 60. Agora, conectados, eles buscam uma vida saudável e feliz Pág. 12 e 13

Foto: Anna Cléa Maduro - Edição: Leandro Viana

FRAUDE

AUTISMO

Falsificação de documentos é golpe comum em bancos e empresas de varejo

Inclusão nas escolas públicas do DF é modelo no país

Equipes do Campeonato Brasiliense jogam contra a falta de estrutura

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CANDANGÃO

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EDITORIAL

Sobre Rejuvenescer Quem não gosta de viajar, divertir-se e, principalmente, sentir-se saudável e feliz? Os idosos do Distrito Federal também compartilham desse sentimento. O avanço das tecnologias, bem como a vontade em não só viver uma longa vida, mas viver bem, fez com que os quase 200 mil representantes da terceira idade do DF abandonassem sua cadeira de balanço para viajar pelo

mundo, participar de projetos e até de concursos de beleza! A Mazé, como é conhecida Maria José Dias Alves, nossa personagem principal, é o maior exemplo de que a idade não é obstáculo. Mazé já venceu diversos concursos. Além disso, ela é atriz, poetisa e, principalmente, gosta de viver a vida. Sempre com um sorriso no rosto, seu lema é ser feliz.

Essa nova forma de viver a maturidade faz com que muitos tabus sejam quebrados. Um deles é a entrada de pessoas com mais de 40 anos no ensino superior. Seja pela procura de oportunidades de trabalho, novos conhecimentos, ou, ainda, pela facilidade do ingresso, as pessoas que antes não tinham perspectiva de novos estudos estão agora ocupando as vagas que antes eram prioritárias dos mais jovens.

Mas, e aqueles que não têm mais tanta energia e concentração? Um projeto criado pela UnB propõe, por meio da informatização, exercitar a mente daqueles que já viveram, trabalharam e que, por vários motivos, acabaram perdendo certas capacidades, como a memorização. Definitivamente, a inclusão, tanto digital, quanto pessoal, tem transformado a terceira idade na melhor idade.

OPINIÃO

O dia em que vi Dilma >> Anna Cléa Maduro Véspera do aniversário de Brasília. O mineiro Juscelino, morador de Diamantina, veio passar uns dias comigo para conhecer a capital federal. Há tempos não recebia visitas e muito menos uma ilustre como essa: Juscelino Kubitschek de Oliveira na minha própria casa. Era esse mesmo o nome verdadeiro dele, afinal, ele era conterrâneo do primeiro presidente nascido no século XX. Colocamos as malas no carro e saímos. Ele estava ansioso para ver o Distrito Federal, mas como todo não brasiliense, logo iniciaram as indagações. “Se estamos em Brasília, por que a placa ‘Brasília’ acabou de ficar para trás?” Respondi no ato! Expliquei sem rodeios que morava em Águas Claras e era para lá que estávamos indo naquele momen-

to. “Águas Claras? Então você não mora em Brasília?” Respirei fundo e disse que não. Sei que não é simples entender, as pessoas de fora fazem essa confusão. Para minimizar o sofrimento do neoturista, respondi que ambas fazem parte do Distrito Federal. “E a Dilma? Eu quero ver a Dilma!” “Esquece isso! A chance de vê-la é bem pequena e além do mais teríamos que estar no Palácio do Planalto.” As perguntas persistiram, então eu desisti de levá-lo para casa e resolvi iniciar o tour. Eu estava adorando a função de guia turístico. A ideia de escolher o Centro -Oeste para abrigar a capital federal e afastá-la da região litorânea - de fácil acesso - funcionou perfeitamente: trinta anos de Brasília e só agora recebi a

minha primeira visita. Empenhei-me ao Dilma era inconcebível, já que, na cabeça máximo! Fui esclarecendo o itinerário dele, éramos vizinhos. até que me referi à tesouriSeguimos para a Esplanada dos Minisnha. O mineiro nunca ouvira térios. Próximo ao Congresso Nanada parecido. “Não, não é cional havia muita movimentação. retorno, também não é balão, Eu não sabia o que estava nem rotatória, muito menos acontecendo, mas Jusceviaduto”. Ele não entendia o lino quase pulou para porquê do nome e eu não safora do carro. “É ela! bia explicar o que era. Você tem sorte de moApós alguns minutos, novos rar aqui, prima”. Sorte? questionamentos. Dessa vez é Mal sabia ele que eu essobre a distância ou, segundo ele, tava vendo a Dilma pela sobre a “lonjura”. “Aqui é tudo primeira vez. E para a longe?” Expliquei que é mais minha surpresa, ela ou menos como o “ali de nem era tão baiximineiro”. Para meu primo, nha quanto pensei percorrer quilômetros que fosse. para ver a

EXPEDIENTE Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 2, Abril de 2013 Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto Professores responsáveis: Alberto Marques e Fernanda Vasques Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense Editores-chefe: Altieres Losan e Thiago Baracho Editores de fotografia: Ana Paula Viana e Nayara Viana Editores de web: Carlos Ribeiro e Dayanne Teixeira Editores de arte: Enaile Nunes e Michelle Brito Editores de texto: Anna Cléa Maduro, Flávia Simone, Luana Lopes, Mariana Lima, Simone Sampaio e Victor Araújo

Ilustração: Henrique Carmo Repórteres: Altieres Losan, Ana Carolina Alves, Ana Paula Viana, Anna Cléa Maduro, Bruno Santos, Carlos Ribeiro, Caroline Côelho, Dayane Oliveira, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Enaile Nunes, Flávia Sousa, Felipe Carvalho, Heloise Meneses, Henrique Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara de Andrade, Nayara Viana, Percy Souza, Quéssia Fernanda, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Roberley Antonio, Robson Abreu, Rosilane Barreto, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thiago Baracho, Thyago Santos, Victor Araújo, Walquíria Reis, Vitor Rachid, Yale Duarte Fotógrafos: Adriana Braga, Adriano Lima, Alessandro Alves, Allan Virissimo, Amanda Gonzaga, Ana Karoline Lustosa, Bárbara Cabral, Bianca Lima, Carlos Ribeiro, Carolina Freitas, Carolina Matos, Eduardo Golfetto, Faiara Assis, Filipe Rocha, Francisco Daniarle, Gabrielle Ximenes, Giselle Cintra, Guilherme Pesqueira, Ingrid Rodrigues, Ivana Carolina, Jéssica Lilia, Jhonatan Vieira, Juliana Procópio, Jussara Rodrigues, Lucas Batista, Luma Soares, Marcelo Rosa, Mariana Maciel, Paulo Melo, Priscila Suares, Raíssa Meirelle, Renata de Paula Subeditores de fotografia: Ana Karoline Lustosa, Ivana Carolina Checadores: Caroline Côelho, Heloíse Meneses, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Susana Senna Diagramadores: Bruno Santos, Felipe Carvalho, Herinque Carmo, Júnior Assis, Michelle Brito, Quéssia Maia, Samita Barbosa e Thyago Santos

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Saturno Universidade Católica de Brasília EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237

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SERVIÇOS

POLÍTICA

Ampliando os direitos e deveres Com as novas normas de trabalho estabelecidas pela PEC, empregadores e domésticas buscam fazer acordos que beneficiem ambas as partes >> Michelle Brito

o dia 2 de março entrou em vigor a Emenda Constitucional que garante aos empregados domésticos os direitos já concedidos aos demais trabalhadores. A jornada de trabalho de 44 horas semanais e o pagamento de hora-extra são algumas das novas regras. As demais, como auxílio-família e pagamento do FGTS, estão em processo de regulamentação por uma comissão do Ministério do Trabalho e Emprego. Com os direitos adquiridos, o grande desafio dos trabalhadores é manter-se no emprego e entrar em acordo com os patrões para que ambos sintam-se contemplados. Em 1943, quando a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) entrou em vigor, o artigo 7º excluía os trabalhadores rurais e domésticos, alegando que as atividades exercidas não estão associadas à geração de lucros para a família. A primeira norma que reconheceu a profissão definindo os direitos da categoria entrou em vigor apenas em 1972. A lei 5.859 conferiu direito ao registro em carteira, vinte dias de férias anuais e benefícios previdenciários. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita em 2011, apontam que 70% dos trabalhadores não possuem carteira assinada. A empregada doméstica, Francinete Rosa da Silva, faz parte da minoria que tem carteira assinada. Ela nasceu em Água Branca (PI), e trabalha desde

6,6

os 14 anos em casas de família. As melhores condições de trabalho e o bom salário a trouxeram para Brasília. “Precisava criar o meu filho, que hoje tem cinco anos, então o deixei com a minha mãe e vim morar com a minha tia”, conta. Hoje Francinete recebe R$ 1.250 mil. O salário é fruto de quatro anos dedicados para a mesma família. Sua rotina é de segunda a sexta-feira e inclui lavar, passar, cozinhar, além de cuidar de duas crianças. “Tenho que ter muita responsabilidade para ganhar a confiança dos meus patrões”, completa. A professora Angela Clara Dutra, patroa de Francinete, explica que não é fácil encontrar uma pessoa confiável para inserir em seu meio familiar. “Sei que é uma conta estranha, mas, antes de encontrá-la, passaram nove pessoas por aqui e nenhuma deu certo”, afirma. A professora diz que, hoje, com as novas normas, ter uma empregada doméstica chega a ser um artigo de luxo. No entanto, é fundamental para a sua rotina e de seu marido, pois ambos trabalham em período integral. Angela diz que, a partir do momento que existem exigências para os patrões, deve existir exigências do outro lado, para ficar tudo no mesmo patamar.“O tamanho do compromisso do patrão em seguir as normas deve ser o compromisso do empregado com o trabalho”, frisa.

70%

milhões

Dos domésticos

Número de domésticos no Brasil

Não possuem carteira assinada

Foto: Guilherme Pesqueira

N

Angela (esq.) decidiu permanecer com Francinete e conta que foi difícil conseguir alguém de confiança

Compromisso Manter uma relação transparente e duradoura com o empregado evita confusões e possíveis ações judiciais. Segundo Mario Avelino, consultor em emprego doméstico e idealizador do portal Doméstica Legal, é fundamental manter uma relação saudável com o seu empregado. “O empregador está deixando na mão da empregada doméstica a chave de sua casa, onde estão seus bens, seus filhos ou um ente querido. Se a relação não está dando certo, é melhor dispensar o funcionário e procurar outro”, alerta. A professora aposentada Amélia Barbosa, está colocando na ponta do lápis os novos benefícios de sua empregada Leaide Martins.“A princípio eu pensei em dispensá-la, pois os gastos são grandes, mas, como ela depende muito deste emprego, vou continuar com ela”, pondera. Leaide tem carteira assinada, ganha um salário mínimo e trabalha para a família há três anos. Ela conta que agora sente seu trabalho valorizado. “Esta mudança melhorou muito as nossas condições de trabalho.Agora eu espero que os patrões cumpram as novas regras”, ressalta.

Reconhecimento Elizabeth Alves foi doméstica durante 15 anos, trabalhava de segunda a sábado limpando e cozinhando. Recebia um salário mínino, 13º, férias e INSS, no entanto não tinha carteira assinada. Em julho, ela completa um ano que parou de trabalhar, pois hoje conta com a ajuda dos filhos. Quando saiu do emprego, Elizabeth recebeu apenas o salário do mês. “É triste trabalhar durante 15 anos e sair sem ter direito a nada. Agora esta lei vai ajudar neste sentido, favorecendo as domésticas”, diz. Na cartilha de empregadores e empregados disponível no portal Doméstica Legal, a definição de empregado doméstico iguala a trabalhadores comuns com direitos e deveres. Nela destaca-se, ainda, que a doméstica é uma profissional e, assim como todo trabalhador, merece ter uma carteira assinada, aposentadoria, ao menos um salário mínimo, segurança previdenciária, e principalmente respeito e dignidade. 3

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CIDADANIA

POLÍTICA

De perto é melhor

Acompanhar as decisões políticas e fiscalizar o trabalho de parlamentares é um exercício de cidadania. Contudo, o envolvimento da população ainda é pequeno >> Maria Rita Almeida Susana Senna

Paulo Quermes De acordo com o Departamento de Relações Públicas da Câmara dos Deputados, que trabalha em parceria com o Senado, só no ano passado aproximadamente 37 mil pessoas procuraram conhecer o Congresso com visita marcada. No entanto, isso não significa que a visita é diretamente ligada ao envolvimento com questões políticas. A servidora responsável pelo Serviço de Programas Institucionais e

não pode se limitar ao voto”, esclareceu. Foi assim que Ventura começou a lutar. Desde cedo se envolveu com associações. Hoje ele é presidente do Conselho de Negros do DF e Entorno. Ventura reconhece que não é uma tarefa fácil: “Há muitas pessoas que entram em movimentos acreditando que terá resultado imediato, mas é uma luta que pode durar séculos”, lembrou. A consciência política de Ventura se fortaleceu com os estudos: “na minha época tínhamos matéria política nas escolas”. Quermes também acredita na Ventura reivindica no Congresso os direitos dos quilombolas educação como o caminho certo para a sociedade enten- mesma forma e 15% que as coisas der e acompanhar seus direitos. “As piorariam. Quermes explicou essa questão a formações políticas precisam estar nas escolas, principalmente em uni- partir da proximidade com os escânversidades. Sem formação política nós dalos dos últimos anos no Congresso não vamos conseguir efetivamente Nacional: “Quem está mais próximo um processo de maior motivação no do problema também está próximo da desilusão”, ressaltou. Brasil”, apontou. O carioca Marcus Berg, que mora em Brasília há 15 anos, sempre se envolveu A imagem da casa Em 2010, o Centro de Pesquisa em questões políticas, mas nunca tinha e Opinião Pública da Universida- ido ao congresso, até que decidiu quesde de Brasília (DataUnB) divul- tionar a nova presidência da Comissão gou uma pesquisa de satisfação da de Direitos Humanos e Minorias. Esse política no DF. Segundo ele, 47% envolvimento mudou seu olhar diante dos que foram entrevistados eram das discussões: “a emoção de lutar, de otimistas com o futuro político fazer isso no lugar certo, reflete ainda de Brasília, contra 37% que acre- mais no número de pessoas juntas por ditavam que tudo continuaria da uma causa”, concluiu.

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Foto: Jussara Rodrigues

Quem está mais próximo do problema também está próximo da desilusão

Relacionamento com a Comunidade, Heliomar Rosa Pereira, lembrou que muitos vêm apenas para conhecer as instalações. “Recebemos grupos do DF e Entorno e de outros locais do país, que vêm conhecer o parlamento. Muitos priorizam a arquitetura do lugar”, observou. Atualmente, existem várias formas de interação com as propostas e votações que ocorrem na Câmara dos Deputados e no Senado. Com o surgimento das ouvidorias e da interação pela internet, a sociedade ganhou novas maneiras de opinar e votar em assuntos para serem privilegiados. Os relatórios divulgados ano passado, realizados pelas ouvidorias da Câmara e Senado, apontaram resultados divergentes. O relatório estatístico anual de 2012 da ouvidoria do Senado mostrou que o DF ocupa o terceiro lugar entre as unidades de maior participação pelo 0800 com 10% de cerca de 6 mil ligações, ficando atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já o relatório de participação popular da Câmara mostra que, em 2012, de aproximadamente 5 mil atendimentos pela Central de Comunicação Interativa da Câmara, a capital, com 21%, é a primeira unidade da federação no ranking de participação. Apesar dos relatórios mostrarem uma boa colocação do DF, o doutor em Política Social Paulo Quermes acredita que o envolvimento da população ainda não é o ideal. Para ele, um fator diferencial para a maioria dos brasilienses seria atuação em instituições, representações comunitárias ou atividades voluntárias: “É a partir desse envolvimento que se pode estabelecer um princípio pela busca dos direitos. A participação política

Foto: Faiara Assis

C

aminhando pelos corredores do Congresso Nacional, José Antônio Ventura, 61, procura o plenário onde o assunto que lhe interessa será discutido. Isso já é rotina. Ele reserva pelo menos dois dias da semana e se desloca de Ceilândia até o Congresso para lutar pelos direitos dos quilombolas. Esse cidadão ativo é um exemplo de brasiliense que, para buscar seus direitos, acompanha de perto as discussões que lhe preocupam. A população de Brasília, por estar mais próxima do centro das decisões, acaba sendo privilegiada pela facilidade de acesso às discussões políticas. Para o cientista político da Universidade Católica de Brasília, Mario Sergio Ferrari, a proximidade com a sede do poder legislativo é um fator diferencial: “O contato pessoal é mais eficaz do que recorrer às ouvidorias. Para quem é de Brasília, por estar no centro do poder, deveria participar ainda mais da política”.


LIDERANÇAS

CIDADES POLÍTICA

Representantes do povo em ação Discussão sobre os problemas comunitários é um dos principais obstáculos para que as políticas públicas do setor sejam realizadas

>> Júnior Assis

O

indevida o cargo de representante de uma determinada localidade”, relata Evandro Pereira. As pessoas têm liberdade para opinar e ajudar nos trabalhos desenvolvidos pelas associações de moradores. “A parceria é muito importante. Por meio dos cursos que as associações oferecem, as pessoas têm a oportunidade de ter acesso ao mercado de trabalho”, disse o morador do P Sul, Carlos Alberto Lima. Segundo a Secretaria do governo (Segov), “o GDF apoia totalmente as lideranças comunitárias, pois as entende como um dos importantes canais de diálogo com a população. O apoio é feito de várias formas, a partir das demandas das comunidades, as lideranças procuram o Governo e as resoluções são construídas”. Diz, ainda, que o governo procura construir uma relação entre a sociedade Voluntariado A luta é para que as pessoas se- e as instituições governamentais, fajam ouvidas, mas nem sempre é as- zendo um trabalho voluntário para sim. “Muitas lideranças comunitárias as comunidades do DF. não pensam no bem de sua comunidade e acabam usando de maneira Sinais de mudança A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) realiza um trabalho junto às lideranças comunitárias, chamado 100% Cidadão, que prepara líderes comunitários para atuar de maneira mais concreta diante da comunidade. A primeira fase do projeto teve início em 2012, quando os líderes assistiram palestras e responderam a questionários sobre os problemas do grupo. Na segunda fase, já com as dificuldades identificadas, a DPDF irá visitar as comunidades. A localidade do Areal, bairro de Taguatinga, foi a primeira escolhida para receber a visita da Defensoria, no dia 20 de maio, para ajudar a população A comunidade do P Sul participa de curso de capacitação profissional no Intituto Interagir com orientação jurídica. O Senac e o

Foto: Jussara Rodrigues

s trabalhos voluntários têm um papel importante no Distrito Federal. As atuações são por meio de grupos, entidades e lideranças, com o intuito de que as reivindicações sejam ouvidas e atendidas pelo governo. A sociedade mostra os problemas recorrentes na região aos líderes comunitários que, por sua vez, representam os moradores diante do órgão responsável para sanar o transtorno. “O trabalho não é fácil, mas quando se vê uma reivindicação sendo realizada é gratificante”, diz o líder comunitário do setor P Sul, Lula. Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Setor Sul de Águas Claras e Adjacentes do Areal, Evandro Pereira, o trabalho desenvolvido pelas lideranças não se resume a intermediar conflitos ou resolver problemas junto a entidades. Também ajuda jovens a se profissionalizarem e, com isso, terem condições de conseguir seu primeiro emprego. “A liderança comunitária não é representada somente por um líder, mas também por instituições sem fins lucrativos que

exercem o trabalho dos órgãos governamentais”, conta. As lideranças comunitárias atuam quase sempre de maneira precária, devido à rigorosidade para conseguir alguma verba para investir na capacitação das pessoas da comunidade. Um exemplo de liderança comunitária que deu certo sem o apoio do governo é o Instituto Interagir. Fundado por moradores do Setor P Sul, em Ceilândia, o grupo existe há nove anos e desenvolve trabalho voluntário junto a comunidades de várias cidades do DF. A entidade recebe apoio apenas de empresas privadas e de pessoas que se identificam com a causa. Para o presidente do Instituto, Fernando Freitas, o papel da liderança comunitária é ser a voz das pessoas diante dos governantes.

O trabalho não é fácil, mas quando se vê uma reivindicação sendo realizada é gratificante Lula Procon também estarão junto à comunidade desenvolvendo atividades. A mesma pesquisa que foi realizada na capacitação dos líderes será feita perante a comunidade para saber quais os problemas prioritários da região. Na terceira fase, será realizada a constituição da audiência pública para tratar das principais dificuldades da localidade. Na quarta fase, a DPDF recorrerá aos órgãos responsáveis para implantação das políticas públicas. Será feita uma negociação extrajudicial com esses órgãos para que as questões levantadas na comunidades sejam sanadas. Não havendo solução na atuação extrajudicial, a Defensoria entrará com uma medida judicial. “Nós estamos nos aproximando das lideranças comunitárias, um diálogo é estabelecido com base no respeito, e aí a confiança é estabelecida entre as partes”, afirma o defensor público e diretor da escola da Defensoria Pública do DF, Evenin Ávila. Para a Controladoria-Geral da União (CGU), as transferências para o terceiro setor devem se pautar por alguns princípios, como: legalidade, necessidade de uma prestação de contas que permita verificar a realização adequada do projeto proposto, transparência, e, ainda, que os ministérios fortaleçam seus controles primários efetuando as verificações necessárias para garantir que os objetos pactuados com as ONGs sejam realizados. 5

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TRATAMENTO

SAÚDE

Estou doente. Cadê meu computador? Maioria dos brasileiros são adeptos à automedicação. Contraindicada, prática pode camuflar e desenvolver doenças graves >> Dayanne Teixeira

A

olhei os resultados ela tinha apenas anemia ferropriva, ou seja, uma falta de ferro bem simples, conta.

Foto: Amanda Gonzaga

pesar de não recomendada, a automedicação é um ato muito frequente. A falta de médicos e a dificuldade de acesso a postos de saúde são fatores que podem contribuir para esse hábito. Analgésicos para dor de cabeça e mel para tosse: será que são indicados? A internet apresenta um leque de páginas que podem dar dicas, como comunidades nas redes sociais, fóruns e aplicativos. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o percentual de internações provocadas por reações adversas a medicamentos ultrapassa 10% dos casos, uma vez que 80% da população brasileira toma remédios por conta própria. Para o clínico geral João Silva*, a automedicação é inaceitável. “Se for para o paciente ficar consultando a internet para tomar remédio ou descobrir doenças, não tem necessidade nenhuma ter faculdade de medicina”, desabafa. Ele não acredita que os aplicativos usados em celular possam ser confiáveis. “Tudo isso ainda é novo, não tem muita credibilidade. Confiável mesmo são as pesquisas, convenções e os anos de experiência”, completa. Segundo a OMS, a automedicação pode causar problemas graves como o diagnóstico errado de doenças, escolha de terapias inadequadas e retardo no reconhecimento de problemas com possibilidade de agravamento do quadro. A superdosagem de Paracetamol, por exemplo, pode causar lesões no fígado, como hepatite. Dipirona em excesso causa queda na pressão arterial e antibióticos levam ao vício e à resistência das bactérias em relação ao medicamento. Julianna Oliveira, 23, relata que sempre se automedicou, até o dia em que teve uma intoxicação grave: “Eu

Cerca de vinte mil pessoas morrem todo ano no Brasil, vítimas de automedicação Abifarma

Analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios são os mais usados sem prescrição médica

sempre tomava cuidado e nunca misturava medicamentos, só que um dia minha dor de cabeça e cólica não passaram. Na raiva, tomei três Buscopan, dois Neosaldina e um relaxante muscular, de uma só vez. Lembro de acordar horas depois no hospital, com minha mãe chorando”. Julianna fez uma lavagem estomacal e ficou internada. Ela garante que desde então nunca mais repetiu o feito. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), cerca de vinte mil pessoas morrem todo ano no Brasil vítimas da automedicação. Os maiores problemas relacionados à prática são a intoxicação e as reações alérgicas. Uma das medidas do Ministério da Saúde, que ajuda no combate à automedicação, é o fracionamento. Permitido desde 2005, o paciente leva para casa apenas a quantidade necessária para seu tratamento. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a medida reduz os riscos de intoxicação.

Em parceria com a Federação de Nacional de Médicos e a Federação Nacional de Farmacêuticos, a Anvisa está promovendo discussões sobre a influência da propaganda desses produtos. Os debates servem para o planejamento de ações para difundir a importância do uso racional entre as categorias profissionais e a sociedade. Cursos à distância sobre o assunto também estão sendo estudados. O otorrinolaringologista Caio Neves conta um caso de automedicação que deu errado. “Eu tive uma paciente que olhou que para dor no ouvido é bom colocar álcool, só que ela estava com uma perfuração no tímpano e o álcool atingiu até o labirinto, relata. Ele ainda comenta que ela sentiu dores intensas e sofreu com tonturas por mais de um mês. Reumatologista há mais de oito anos, Regina Andrade compartilha algumas histórias ocorridas em seu consultório: atendi uma mulher uma vez que chegou desesperada dizendo que estava com leucemia. Quando

Aplicativos e comunidades Médico e fundador do portal Aplicativos de Saúde, Raphael Gordilho relata que, desde que orientada, a prática de pesquisar doenças na internet e utilizar aplicativos médicos não é de todo ruim. Seu site tem o papel de organizar e classificar, de acordo com os critérios da medicina, os melhores aplicativos da área. De acordo com Gordilho, a tecnologia dos aplicativos chegou para ficar, porém muitos médicos ainda possuem receio. “Eles estão certos, pois infelizmente não há um órgão regulamentado no Brasil e no mundo. Nos EUA, o Food and Drug Administration (FDA) tenta combater aplicativos que prometem curas milagrosas ou que buscam substituir médicos e outros profissionais da saúde”, comenta. O especialista ainda declara que o Aplicativos de Saúde é a primeira página do Brasil e uma das primeiras do mundo que busca trazer aplicativos selecionados para médicos e pacientes, que ajudam um portador de diabetes, por exemplo, a monitorar sua glicemia, para que haja uma personalização no tratamento. “Trazemos aplicativos elaborados por equipes médicas de Harvard, Yale, Mayo Clinic, John Hopkins, entre outros”, finaliza. *Nome fictício

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BEBIDAS NOCIVAS

SAÚDE

Mistura perigosa para o coração A combinação entre energéticos e bebidas destiladas pode causar taquicardia e até infarto >> Thyago Santos

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consumidor que sair para alguma casa noturna ou bar, por exemplo, provavelmente irá se deparar com opções de bebidas destiladas e drinques energéticos nos cardápios dos estabelecimentos. Apesar de vendidos em abundância e consumidos frequentemente, a mistura pode trazer malefícios ao organismo. O farmacêutico Samuel Bandeira adverte que uma das possíveis consequências do consumo é a arritmia cardíaca, causada por elementos como a taurina e a cafeína, componentes dos energéticos. “O álcool, por si só, é um estimulante. Quando aliado a energéticos, o efeito estimulante dobra, sendo prejudicial para quem os bebe”, explica.

A gente atende muito esse tipo de paciente. É comum a pessoa chegar apresentando sintomas como a taquicardia Ronaldo Beiford A diminuição do sabor forte do álcool é um dos motivos que levam a pessoa a consumir ainda mais a mistura. A estudante Ingrid Martins relata a sua má experiência após consumir energético e bebida alcoólica. “Senti bastante mal-estar após consumir, inclusive ânsias de vômito e aceleração dos batimentos cardíacos”, relembra. Ela acredita que a rápida embriaguez faz com que a pessoa perca o controle do quanto deveria, de fato, beber e isso aumenta a disposição para permanecer no local. “Não percebo que estou bêbada e acabo perdendo a noção da quantidade de bebida ingerida. Isso

acontece porque fico mais agitada, querendo ficar mais tempo nas festas”, conta a estudante. A perda de sono é apenas um dos efeitos da fusão. Além dessa ocorrência, o farmacêutico aponta a desidratação como outro fator de risco. “Quando a pessoa está embriagada e sob efeitos de energéticos, a agitação é maior, fazendo com que o corpo transpire mais e libere água tanto pela pele, como pela urina”, explica. Devido a essa agitação, o consumidor se ilude com o fim dos efeitos do álcool e pode se envolver em acidentes de trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde apurados em 2011, nas capitais e no Distrito Federal cerca de 22,3% dos condutores, 21,4% dos pedestres e 17,7% dos passageiros envolvidos em acidentes de trânsito mostravam relação com o consumo de bebidas alcoólicas. Em comparação a outros motivos para a internação em prontos-socorros, os acidentes de trânsito em que os envolvidos tinham consumido álcool compreendem 21,2% dos atendimentos. Além disso, a mescla das duas substâncias é a razão de muitas internações em prontos-socorros. Quem evidencia a situação é o cardiologista Ronaldo Beiford. “A gente atende muito esse tipo de paciente. É comum a pessoa chegar apresentando sintomas como a taquicardia. Às vezes, uma pequena dose consumida pode causar efeitos inesperados”, alerta o médico. Isso acontece quando pessoas com pré-disposição a sofrer esses tipos de problemas no coração ingerem os estimulantes, como, por exemplo, as que possuem arritmia cardíaca.

Alerta Todavia, o uso de energéticos puros também pode ser prejudicial. O estudante Glauber Vieira consome constantemente somente bebidas energéticas, pois cursa duas faculdades. Ele relata que tem mais disposição após consumir uma lata da substância e que ela o ajuda a permanecer mais tempo acordado para fazer os trabalhos acadêmicos. “Eu tenho o hábito de consumir umas quatro vezes por semana, porque me sinto pronto pra ler vários textos longos e fazer trabalhos complicados”, admite. Entretanto, segundo o médico o consumo de energéticos não produz efeitos benéficos. “Após realizar alguns trabalhos sobre o assunto, foi verificado que o uso de substâncias que contenham cafeína não ajuda em nada o desempenho dos usuários”, explica Beiford. O cardiologista adverte que sintomas como o ganho de ansiedade e inquietação são resultados da ingestão da bebida. Além de trazer consigo os prováveis riscos já citados, o consumo constante das duas bebidas tem efeitos ainda piores. “O álcool, sozinho, já é conhecido por causar problemas

como a depressão pós-consumo e a dependência psicológica, mas quando aliado aos tônicos, a parte do corpo humano que mais sofre sobrecarga é o fígado”, adverte o cardiologista.

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ALIMENTAÇÃO

SAÚDE SAÚDE

Alternativa ou problema?

Suplementos alimentares são utilizados para aperfeiçoar resultados físicos, mas, se utilizados indevidamente podem causar prejuízos >> Carlos Ribeiro

estresse renal, além dos casos de quem pratica musculação, que não obterão resultados satisfatórios”, adverte. Já a endocrinologista Eliziane Brandão não acha que o uso seja essencial.“Não concordo com o uso de suplementos alimentares, porém o nutricionista tem a autorização de receitar suplementos alimentares para as pessoas, de acordo com as suas necessidades, exames e doses específicas que variam de pessoa para pessoa”, explica. Riscos Para Eliziane, o uso de todo e qualPara Leandro, suplementos alimentares são importantes não só para atletas, mas quer suplemento alimentar deve precetambém para quem busca uma melhor der de acompanhamento de um nutriqualidade de vida, mas alerta: “qualquer cionista em conjunto com um médico pessoa pode usar, desde que tenha um especialista. Entretanto, nem sempre as acompanhamento médico, por meio de orientações são seguidas. “Quando se exames bioquímicos a fim de detectar al- ultrapassa a dose necessária, específica guma substância orgânica e/ou inorgânica para cada pessoa, pode haver complicações, como insuficiência renal e lesões no sangue e exames laboratoriais”. O nutricionista explica ainda que a no fígado, principalmente”, adverte. Segundo a endocrinologista, o suplementação é usada para compor uma dieta e não para substituir uma maior problema são os suplemenalimentação. “Quem troca o alimento tos que possuem algum componente sólido pelos suplementos terá com- hormonal (presença de hormônios), plicações no futuro. Trocando um pelo o que é contra indicado para o uso outro, além da perda desnecessária sem orientação e pode gerar váde dinheiro, o corpo pode sofrer com rias complicações. “O usuário pode De acordo com o nutricionista, em sua clínica, é verificado que 90% dos pacientes possuem alguma carência de nutrientes no corpo. Outro suplemento funcional muito utilizado, segundo Leandro, é o que repõe e regula os níveis hormonais: “o estresse desregula e abaixa os níveis de hormônios e por isso em muitos casos se faz necessário o uso de suplementos”, frisa.

Foto: Juliana Procópio

Quando pensamos em vida saudável, é inevitável a associação com bons hábitos alimentares. Entretanto, nem sempre temos na dispensa de casa os alimentos com a quantidade de nutrientes necessários para compor uma dieta adequada. No caso da prática de esportes, devido à alta energia que o atleta gasta, apenas os alimentos naturais raramente são suficientes para repor nutrientes e melhorar o rendimento. A alternativa para esses casos pode ser a suplementação alimentar, que serve como complemento da alimentação. No entanto, muitos desses suplementos são utilizados sem o devido acompanhamento médico. Segundo o nutricionista esportivo Leandro de Brito, a suplementação alimentar é tudo aquilo que não é natural, mas apresenta características idênticas aos alimentos por meio de formatos farmacêuticos como cápsulas, tabletes ou até em forma de pó. Os suplementos são divididos em dois grupos: os funcionais (ou nutricionais) que fazem a reposição de nutrientes como vitaminas, cálcio, minerais, além de regular os hormônios. E os esportivos, que são os que melhoram o desempenho do atleta, contribuindo para a perda de peso, ganho de massa muscular ou energético. Quanto aos suplementos funcionais, Leandro explica que o uso também é aconselhável para gestantes e idosos. “Até gestantes podem usar suplementos. É indicado o uso daqueles que possuem ácido fólico, que auxilia na formação do feto, além do ômega 3 ou até proteína, pela presença do colágeno em sua composição, dependendo da demanda energética e para os idosos, são indicados os suplementos de cálcio”, relata.

O uso sem acompanhamento médico pode causar complicações, segundo especialistas

Quem troca o alimento sólido pelos suplementos terá complicações no futuro Leandro de Brito sofrer com disfunções na tireoide (glândula responsável pela produção de hormônios que estimulam o metabolismo e interferem no desempenho de órgãos como coração e rins, e até do ciclo menstrual) e problemas quanto à fertilidade, pela quantidade de hormônios presentes”, alerta. O estudante Henrique Menezes, 22, praticante de musculação, faz o uso de suplementos alimentares há quase dois anos. “Já tive que parar de tomar por alguns meses, por recomendação de um nutricionista. De tanto tomar suplementos de proteína, muitas vezes com doses extras, eu estava com os rins sobrecarregados”, afirma. Além do acompanhamento médico, é preciso verificar quais suplementos são regularizados no Brasil. Em nota oficial divulgada em julho de 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alerta a população quanto ao uso de suplementos alimentares proibidos para a venda em lojas especializadas. Entre os produtos, estão os que possuem em sua fórmula substâncias com propriedades terapêuticas, que não podem ser consumidas sem acompanhamento médico. “Os agravos à saúde humana podem englobar efeitos tóxicos, em especial no fígado, disfunções metabólicas, danos cardiovasculares, alterações do sistema nervoso e, em alguns casos, levar até a morte”, alerta a Agência. Entretanto, até os suplementos liberados pela Anvisa devem ser utilizados com a orientação de um especialista.

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DOENÇA NO SANGUE

SAÚDE SAÚDE

A luta para combater anemia que pode levar à morte Diagnóstico precoce acompanhado de tratamento adequado reduz o sofrimento de pacientes que, por falta de informação, tratam o problema com negligência >> Robson Abreu Samanta Lima

A

10 primeiros anos de vida tem dimi- de informação da população. “Ainda nuído, principalmente depois da ado- existem pessoas não diagnosticadas ção do teste de triagem neonatal. no Distrito Federal e principalmente no entorno, pois as pessoas descoPerfil da doença nhecem a doença”, alerta o médico. A falciforme é um tipo de anemia hereditária que compromete vários Superação órgãos do paciente. Ela ocorre devido O aposentado Élvis Silva Magalhães, à mutação dos glóbulos vermelhos do 44, conviveu durante 38 anos com a sangue que, na maioria das pessoas, doença falciforme. “Comecei a ter têm o formato arredondado. A pes- acompanhamento médico ainda na désoa acometida pela doença tem os cada de 80 no Hospital Universitário, glóbulos vermelhos em formato de iniciei o uso de medicamentos á base foice (surge daí o nome falciforme), as de hidroxiureia, porém não obtive hemácias se tornam rígidas, o que di- resultado, na verdade o meu caso ficulta a passagem pelos vasos sanguí- era quase sem tratamento”, relata o neos mais finos, causando a obstru- aposentado. Durante décadas tentou ção desses vasos e má circulação do vários tratamentos, mas somente por sangue, o que provoca crises de dor e meio de um transplante de medula risco elevado de acidentes vasculares óssea, doado em 2005 pelo irmão, cerebrais e tromboses. teve sua saúde recuperada. Algo raro, Devido à complexidade, alguns pois segundo estatística do Instituto médicos e pacientes confundem o Nacional de Câncer (Inca), a chance diagnóstico da doença. Foi o caso da de um doador compatível é de um a aposentada Miriam dos Santos que, cada cem mil. durante 20 anos, não soube que as O transplante ainda é um procedidores eram consequência da doença. mento arriscado, cerca de 20% dos “Eu não tinha informações, os médi- transplantados acabam rejeitando a cos diziam que as dores poderiam ser medula. “O transplante só é recomenreumatismo”, relata. dável em crianças que tenham sofrido No Distrito Federal, segundo o he- vários problemas e que não tenha almatologista Alexandre Caio, coorde- ternativa de tratamento, pois o risco nador da Secretaria de Saúde, a cada de rejeição da medula é grande”, alerta ano registra-se o nascimento de 323 Marcelo Veiga. Élvis criou a Associação crianças com o traço falciforme e atu- Brasiliense de Pessoas com Doença almente cerca de 5 mil pacientes nas Falciforme (Abradfal), que trabalha cidades de desenvolvimento do DF e com políticas públicas voltadas para entorno que recebem assistência so- os portadores da doença. “Nosso obcial e tratamento médico especializa- jetivo é mostrar quem são estas pesdo, mas alerta que este número de pa- soas, e como podemos trabalhar para cientes pode ser maior, devido à falta contribuir com qualidade de vida aos

pacientes falciformes, assim podemos cobrar ações públicas”, relata Élvis. A Abradfal está desenvolvendo, em parceria com a UnB, o projeto Doença Falciforme - Quem, onde e quantos, com o objetivo de criar um cadastro inédito no DF.

Anemia falciforme hereditária A hemácia falciforme se torna rígida, o que dificulta a passagem pelos vasos sanguíneos mais finos, causando a obstrução desses vasos e má circulação do sangue.

Ilustração: Henrique Carmo

anemia falciforme é uma enfermidade hereditária que não tem cura, mas um diagnóstico precoce minimiza os problemas causados aos pacientes. Estimativas recentes do Ministério da Saúde revelam que, no país, uma em cada mil pessoas têm a doença, cuja gravidade na evolução pode variar de doente para doente. O médico hematologista do HUB, Marcelo Veiga, explica que o Brasil teve avanços importantes no diagnóstico e tratamento de pessoas com a doença “O nosso país é referência no tratamento da anemia, nos últimos dois anos tivemos grandes avanços, com iniciativas tanto dos profissionais de saúde, como do governo que está consciente da gravidade da falciforme”, ressalta o médico. O diagnóstico no recém-nascido é feito por meio da triagem neonatal (teste do pezinho) na primeira semana de vida, nos postos de saúde. Desde 2009, o teste é obrigatório. Ao identificar o traço da anemia é feita a inclusão do exame eletroforese de hemoglobina, onde se confirma a doença a partir dos seis meses de vida. “A pessoa com o traço falciforme não apresenta os sintomas e não precisam de tratamento especializado, porém caso tenha filhos com outra pessoa que também herdou o traço, poderá ter uma criança com anemia falciforme”, conclui Marcelo. Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, 50% dos pacientes não conseguem chegar aos 18 anos de idade se não receberem o tratamento adequado, no entanto, a mortalidade nos

Hemácia normal arredondada

Hemácia alterada em formato de foice 9

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PROJETO

COMPORTAMENTO

Jogos que desafiam a idade Estudantes criam softwares que estimulam as funções mentais para pessoas com mais de 60 anos >> Heloíse Meneses

onforme a idade chega, as capacidades físicas e mentais se degeneram naturalmente. Isso pode acarretar doenças, principalmente neurológicas crônico-degenerativas e demências que impedem o cérebro de funcionar normalmente, atrapalhando a realização de tarefas simples do cotidiano. Segundo um estudo realizado em 2012 na Universidade de Western, na Austrália, idosos que utilizam frequentemente o computador apresentaram 40% menos chances de sofrerem de doenças neurológicas. A neuropsicóloga da Secretaria do Idoso Elza Maestro explica que o uso do computador ativa as funções do cérebro, que vão se desgastando por falta de uso. “Idosos que apresentam alterações cognitivas merecem uma atenção especial por parte dos profissionais, devido à importância que estas funções têm para que eles possam viver com mais independência e segurança”, destaca. Com a intenção de evitar os impactos da idade no cérebro humano, a aluna de Terapia Ocupacional Lídia Barros elaborou o piloto do projeto Promoção do Desempenho Cognitivo. A ideia nasceu de um trabalho de iniciação científica da Universidade de Brasília (UnB).“Sempre acreditei que a tecnologia empregada como recurso terapêutico, vinculada à saúde, pode trazer benefícios ao paciente”, declara Lídia. O objetivo é desenvolver jogos

A ideia é que seja uma atividade lúdica para que eles possam exercitar a mente de uma forma agradável Kátia Meneses

de computador para adiar o processo de degeneração da capacidade mental. O trabalho é uma parceria entre alunos e professores dos cursos de Terapia Ocupacional e Engenharia. Para a professora responsável, Kátia Meneses, exercitar a mente é importante, pois o corpo vai perdendo as funções cognitivas com o passar do tempo. Essa é uma forma de estimular o cérebro para que ele mantenha o ritmo ou até mesmo melhore essas funções de uma maneira divertida. “A ideia é que seja uma atividade lúdica, para que eles possam estimular as funções cerebrais de uma forma agradável”, afirma. Antes do projeto, uma das voluntárias, Francisquinha Lopes, 63, não sabia o que era internet. Além disso, esquecer coisas como trancar a porta de casa e onde havia deixado os óculos, entre outras coisas, era algo corriqueiro. Após o ano passado, quando começou a participar da iniciativa, ela foi apresentada ao computador e tudo mudou. “Minha memória melhorou muito. Antes eu tinha muita dificuldade para lembrar algumas coisas. Agora me lembro de tudo rapidamente”, conta. Intervenções Os alunos responsáveis pela seleção foram a centros de saúde e asilos em busca de idosos dispostos a participar do estudo-piloto. Foram realizados testes para identificar aqueles que apresentavam déficit cognitivo leve (DCL) ou demência leve. A primeira etapa trabalhou com nove voluntários de ambos os sexos da comunidade e do Lar dos Velhinhos em Taguatinga. Aconteceram dez encontros, sendo dois por semana, com duração de uma hora cada, para a aplicação dos jogos.

Foto: Carlos Ribeiro

C

O uso do computador contribui para que os idosos tenham uma vida mais independente

Aline Midori, 22, é aluna do oitavo semestre de Terapia Ocupacional e é responsável pela aplicação dos jogos. Ela conta que, futuramente, o projeto deve se estender. “Eu gosto muito de trabalhar com o público idoso e o processo todo foi muito gratificante. É um campo novo, principalmente porque os estudos devem avançar para realidade virtual”, relata. Segundo a professora Kátia, os encontros ajudam nas relações sociais dos idosos, pois eles gostam de conversar, querem ter um espaço de socialização e buscam isso das mais diferentes formas. Desta maneira, eles conseguem melhorar as relações familiares, pois têm mais assuntos para discutir. Francisquinha conta que a interação dela com os outros participantes foi muito agradável. “Nós nos divertimos bastante. Quando completávamos um ciclo do jogo era uma festa. Todo mundo comemorava junto”, diz. Foram criados nove jogos que estimulam a percepção, atenção e memória por meio do Neurosoft que é o software desenvolvido pela equipe

para executar os jogos que possuem níveis de dificuldade graduais. Um deles é o “Qual é o Erro?”, que apresenta um retângulo com números ou letras em linhas e colunas no monitor e, com base na primeira linha, o usuário deve encontrar nas outras uma figura diferente das que estão acima. Outro jogo é o “Encontrando a figura perdida”, em que é mostrado um quadro com figuras, números ou letras. No início, há um comando com a imagem que o usuário deve encontrar em meio às outras que estão na tela. Mais um exemplo é o “Roteiro de Passeio”, no qual são exibidas imagens de pontos turísticos de Brasília, do Brasil e do mundo. O monitor mostra uma sequência de fotos dos lugares em uma ordem e o jogador deve memorizar o local onde as imagens aparecem. A próxima etapa do projeto acontece entre abril e maio, e é aberta para a comunidade, desde que preencham os requisitos. Quem se interessar e quiser se inscrever deve entrar em contato com Aline Midori pelos telefones: (61) 9294-6733 ou (61) 8256-6698.

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SEDENTARISMO

COMPORTAMENTO

Xô, preguiça! Estudos apontam que a inatividade física tem contribuído para o surgimento de doenças e pode causar a morte >> Quéssia Maia

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exercitar. Tenho problemas na coluna e dificuldade em me concentrar nas tarefas diárias, além da minha ansiedade e sei que isso são consequências do meu sedentarismo”, lamenta. Mudando a rotina Adotar hábitos saudáveis significa qualidade de vida. É o caso de Reinaldo Alencar, 23, que sempre gostou de treinar, porém teve que dar uma pausa devido um problema no joelho. De volta a rotina de atividades físicas, ele fala dos benefícios que isto causou na sua vida: “O exercício físico me ajudou a diminuir meu nível de ansiedade e me ensinou o valor da autodisciplina. Eu sempre tive problemas de insônia. Quando me exercito sinto melhoras no meu sono. O fato de eu ficar menos ansioso também melhorou a qualidade dos meus estudos”, declara Reinaldo. Esses benefícios também foram percebidos por Isabella Nascimento, 22, estudante de comunicação social.Sedentária

desde os 15 anos, ela começou a ter problemas de saúde, baixa autoestima e ganho de peso, então decidiu procurar soluções para seus problemas através de atividades físicas. “No início, a minha preocupação era mais estética, embora eu também fosse preocupada com a saúde. Sempre tive medo de ter pressão alta e problemas gerais no coração e no fígado. Minha alimentação não era correta e aliada à falta de exercícios piorava a situação”, conta. Os problemas foram solucionados, e ela perdeu 20 kg, recuperou sua autoestima, afastou os riscos das doenças e atualmente tem o hábito de participar de corridas de rua. Espaço saudável Não são apenas as pistas de caminhada que estão cheias de pessoas se exercitando. Existem academias espalhadas por todo Distrito Federal que incentivam a população à prática de atividades físicas, sejam as particulares ou comunitárias.

Atualmente, no DF, existem 191 Pontos de Encontro Comunitários (PECs), comumente chamados de academias comunitárias pela população. Esses dados são da Secretaria de Obras do Distrito Federal (SO-DF), órgão responsável pela instalação e manutenção dos PECs em todo o DF. A assessoria de comunicação da SO informa que não existem restrições quanto à utilização dos Pontos de Encontro. Eles são abertos a toda a população. Henrique Silva, 25, é estudante de educação física e frequentador assíduo de academias. “As academias estão mais acessíveis pra todos, não existe mais a desculpa que academia é caro, fora que os benefícios dos exercícios físicos não têm preço. Fico mais disposto durante o dia e com isso consigo me concentrar melhor nas coisas que faço. Hoje em dia ser sedentário é uma opção”, diz. Foto: Ana Karoline

ansada. Assim a maioria da população que não pratica nenhuma atividade física se sente, mesmo com aquelas mais simples, como uma caminhada na rua, por exemplo. O cansaço sem motivo é um dos sintomas do sedentarismo, um hábito que está se tornando um grande vilão para a população quando o assunto se refere à saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é responsável por mais de dois milhões de mortes por ano. Segundo a OMS, as pessoas sedentárias possuem um nível maior de estresse, devido à rotina acelerada. O sedentarismo é caracterizado pela falta de exercício diário, no qual o indivíduo prefere a facilidade em seu dia a dia, sem a prática de quase nenhum movimento ou esforço. Segundo Grazielly França, formada em educação física, “a ausência de atividades físicas ocasiona em nosso corpo um enfraquecimento dos músculos, articulações e órgãos”. Um estudo publicado na revista médica “Lancet” aponta que um terço dos adultos não tem praticado atividade física. Esse número tem causado a morte de 5,3 milhões de pessoas por ano no mundo todo.Além de apresentar as consequências do sedentarismo, como doenças coronárias, diabetes e câncer de mama, a pesquisa ainda aponta que a população deve se alertar com a gravidade do problema e o compara a uma epidemia. A falta do exercício diário afeta principalmente a saúde e até mesmo a autoestima. “Uma vida sedentária é uma vida preguiçosa”, admite a estudante Jéssica Lima, 22. Ela trabalha durante o dia e estuda à noite, então, o tempo que sobra é pouco, reconhece a estudante. “Não sobra tempo para eu me

Existem 191 PECs disponíveis em todo o DF. Alguns pontos já estão sendo cobertos para que os usuários possam usá-los até em dias de chuva 11

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IDOSOS

COMPORTAMENTO

Ainda mais experientes

Além da preocupação com saúde e bem-estar, agora a melhor idade está cada vez mais conectada >> Anna Cléa Maduro Renata Cardoso

A

ofereceu uma contribuição significativa aos idosos que buscam na internet uma ferramenta para envelhecer com saúde”, acrescenta. O especialista explica que a pesquisa fez com que eles observassem as facilidades dessa ferramenta na busca por informação, as possibilidades de interações sociais e os produtos e serviços disponíveis no ambiente virtual. Além da relação com a internet, a terceira idade acompanha de perto as outras novidades tecnológicas. É o caso de Adalberto Camilo, que, aos 78 anos, dedica seu tempo à fotografia. Há cinco anos ele trabalha em um chaveiro em Águas Claras, onde tira fotos 3x4. O aposentado conta que se apaixonou pela profissão aos 15 anos e a partir daí não parou mais.

Hoje Adalberto continua fazendo imagens com suas câmeras antigas, mas assegura que o avanço tecnológico veio para facilitar. “Agora é diferente, é digital. Cada vez mais, tudo vai se modernizando e isso faz muito bem para todos nós”, lembra. Mãe, avó, poetisa, atriz e rainha da terceira idade. A aposentada Maria José Dias Gonçalves é o exemplo de que os tempos (e os idosos) mudaram. Aos 82 anos, Mazé – como é chamada pela família – cuida da saúde, da alimentação e não deixa de lado nenhum compromisso da sua agenda. Ela possui um grupo de teatro e seu papel como artista não se resume aos palcos: Maria José escreve o roteiro e costura o figurino das apresentações. Nas horas vagas, joga

Ninguém acredita na idade que tenho. O importante é ajudar o próximo e ser feliz! Maria José Dias

“paciência” no notebook e se reúne com as amigas. E ainda sobra tempo para os concursos de miss. Maria José já ganhou dois títulos: Miss Brazlândia Terceira Idade e Miss Simpatia – além do respeito das outras candidatas. “Elas me perguntam: Maria, você vai se candidatar? Porque se você se inscrever eu nem vou”, relembra. A aposentada garante que o segredo para viver bem e com saúde é fazer Foto: Anna Cléa Maduro

cadeira de balanço foi deixada de lado. O crochê foi substituído pelo notebook e a rotina dentro de casa abriu espaço para as viagens pelo mundo. O Censo feito em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que no DF há quase 200 mil pessoas com 60 anos ou mais, o que representa 7,7% da população. Segundo o estudo, o número aumentou 16,5% em relação a 2009 e os especialistas comprovaram que esse aumento não foi por acaso. A era da tecnologia e da medicina avançada fez com que os vovôs e vovós da capital deixassem os “chinelinhos embaixo da cama” em busca de uma vida saudável, feliz e agora modernizada. O diretor do Programa de PósGraduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, Vicente Paulo Alves, explica que os idosos não querem mais simplesmente viver durante muitos anos. A preocupação agora é ser saudável e, sobretudo, feliz. “A mudança dos idosos está relacionada à busca de qualidade de vida e não somente ao aumento da expectativa. Esse processo é decorrente de uma boa alimentação, prática de atividades físicas, consultas periódicas, participação mais ativa na sociedade, novos relacionamentos afetivos e busca por informação”, declara o especialista. Vicente afirma que há estudos que comprovam a existência de um novo perfil de idoso no Brasil. Uma pesquisa desenvolvida no mestrado em Gerontologia, por exemplo, comprovou a existência da relação dos idosos com a internet no mundo moderno e os benefícios desse processo. “A pesquisa Ambiente Virtual de Aprendizagem para Idosos

Espírito, corpo e alma jovens: Mazé é exemplo da melhor idade. Aos 82 anos, ela já ganhou dois concursos de miss

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IDOSOS

COMPORTAMENTO Foto: Anna Cléa Maduro

aquilo de que gosta com prazer. “Ninguém acredita na idade que tenho. O importante é ajudar o próximo e ser feliz!”, comemora.

As aulas do grupo Divas Dance combinam exercícios aeróbicos com passos de dança, melhorando a saúde e principalmente a autoestima

E essa preocupação com a vida após os 60 não está ligada somente aos cuidados com os idosos. Cada vez mais, surgem iniciativas que visam integrá-los e, ao mesmo tempo, tragam benefícios. É o caso de uma academia do Lago Sul que criou o projeto Divas Dance, formado por mulheres de 50 a 85 anos. De duas a três vezes por semana elas se reúnem para as atividades físicas, mas com um diferencial: as divas, como são chamadas, têm aulas de ginástica e dança ao som de músicas escolhidas especialmente para elas. O ambiente é contagiante e, em poucos minutos após o início da aula, as 40 alunas já estão em frente ao espelho realizando os movimentos passados pela professora Roberta Marques. Ela conta que a base do trabalho são os exercícios físicos feitos durante a aula, misturados com passos de dança, e que o principal é criar um momento de entrosamento e descontração. “Todas elas chegam com suas experiências: umas perderam entes queridos, outras superaram doenças de alto risco ou apenas querem compartilhar sua realidade e, por isso, se

solidarizam umas com as outras, unindo-se cada vez mais, para rir da vida, é claro”, ressalta Roberta. A aposentada Mércia Albuquerque frequenta o Divas Dance há duas semanas e já se sentiu incluída no grupo. “Eu não me sentia bem em fazer academia com o pessoal jovem por conta da minha idade, mas quando

cheguei aqui e olhei para as minhas companheiras, eu me senti à vontade na mesma hora”, confessa. A colega, a aposentada Gercina Queiroz, está no grupo há um ano e aconselha:“o Divas é tudo de bom. Ao invés de ir ao médico, fazer tratamentos para doenças, stress e depressão é melhor vir para cá”, destaca a “diva”.

Idosos com 60 anos ou mais

PNAD/IBGE

14 Milhões 1999

Ilustração: Henrique Carmo

Em busca da juventude Em Brasília, os idosos ganharam um órgão que ampara e luta pelos direitos da melhor idade. A Secretaria Especial do Idoso do Distrito Federal (SEI-DF) foi criada em 2011 para promover ações, combater a violência e oferecer atividades esportivas e culturais para a população idosa. O secretário especial, Ricardo Quirino, destaca a importância da SEI e os projetos que vêm sendo desenvolvidos pelo órgão.“Nós estamos aqui para ouvir e atender a todos os idosos, pois a secretaria tem uma temática social e não somente administrativa. O nosso papel é ampliar as ações já desenvolvidas, integrando o idoso à comunidade e proporcionando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo”, assegura Quirino. A Secretaria Especial dá assistência e realiza projetos para os idosos de todas as cidades do DF. O secretário afirma que são realizadas palestras com informações sobre saúde, direitos e cidadania, além de orientações jurídicas, psicológicas e uma ouvidoria para atender a terceira idade. Uma das principais iniciativas da SEI são os Centros de Convivência do Idoso, que foram reestruturados com equipamentos de ginástica para que os idosos possam realizar exercícios físicos sem custos. Assim como a secretaria, há outro grupo na capital que se preocupa com o envelhecimento da população. Em 2010, a Universidade de Brasília criou a Liga Acadêmica de Gerontologia (LAGUnB). A coordenadora, Andréa Faustino, conta que percebeu uma ausência de trabalhos acadêmicos voltados para a área do envelhecimento e propôs a criação da Liga. “Nosso papel é incentivar a formação de profissionais para atuarem a partir das práticas de cuidados, prevenção e promoção da saúde para a comunidade idosa do Distrito Federal”, esclarece Andréa.

23 Milhões 2011

10 Milhões

1990

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CIDADES

FRAUDES

Identidade roubada

>> Ana Carolina Alves Dayane Oliveira

No Brasil, uma tentativa de golpe com documentos falsificados é realizada a cada 14,8 segundos Foto: Guilherme Pesqueira

A

empresa não para de ligar. Você está tão chateado e incomodado que rejeita todas as chamadas com indignação. O motivo do contato? Cobranças financeiras desconhecidas. A descrição ilustra uma das desagradáveis situações que ocorrem com quem já foi vítima da falsificação de documentos. Segundo dados divulgados pela empresa de proteção ao crédito, Serasa Experian, a cada 14,8 segundos uma pessoa é vítima da tentativa desse tipo de fraude. Em 2012, a instituição registrou mais de dois milhões de intenções de golpes envolvendo documentação falsa. Há dois anos, a professora de artes cênicas Ivone Teixeira, 30, começou a receber ligações de um número desconhecido. Na conversa, um estabelecimento de Planaltina (DF) fazia a cobrança de produtos que ela nunca havia comprado. “Achei estranho, pois na época perdi só meus documentos e não tenho ideia de como conseguiram meu número de telefone”, relata. Na época, para não pagar a dívida, ela precisou registrar e autenticar cópias de seus documentos em cartório e as enviar para a Serasa junto a uma declaração atestando que não tinha realizado a compra. O caso da professora foi rápido e simples de resolver, mas nem sempre é assim. Há situações em que mesmo após a pessoa informar para a empresa que foi vítima de fraude, as cobranças das dívidas continuam, causando um transtorno maior. Segundo o Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), quando isso ocorre, a pessoa pode processar diretamente a empresa e pedir indenização. De acordo com a Serasa, os setores mais visados são os de telefonia, prestação de serviços, bancos e financeiras

Estelionato e falsidade ideológica são alguns dos crimes relacionadas às fraudes

e varejo. Entre as principais ações dos criminosos estão a solicitação de cartões de crédito, a abertura de contas em banco, a partir do quais têm acesso a cheques, cartões de crédito e empréstimos, e a compra de produtos eletrônicos, de automóveis e de celulares. A internet também amplia a possibilidade de atuação dos golpistas, que podem conseguir diversas informações pessoais. A orientação da Serasa é que os consumidores, antes de preencherem qualquer tipo de cadastro online, observem a procedência e o certificado de segurança dos sites e sempre protejam seus computadores com antivírus para evitar a instalação de arquivos espiões, que roubam dados. Para o Código Penal Brasileiro, os crimes relacionados a fraudes documentais são o estelionato e a falsidade ideológica. A delegada-chefe da Coordenação de Repressão de Crimes Contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), Cláudia Alcântara, explica que os criminosos agem por meio de quadrilhas especializadas, sendo cada uma responsável por falsificar um documento

específico. “Existem aquelas que confeccionam contracheques, as que fazem balanços de rendimentos de empresas, outras que fazem carteira de identidade, título de eleitor ou carteira de habilitação e até as que só coletam os bancos de dados”, conta. A delegada diz ainda que, após a falsificação, os documentos são vendidos para estelionatários que os utilizam para fazer compras, abrir empresas e realizar várias transações no mercado.“Os falsários se conhecem e se relacionam de acordo com a especialidade e a necessidade do outro”, revela. Segundo ela, os criminosos fazem o possível para conseguir o seu “material de trabalho”, até mesmo vasculhar o lixo doméstico. A Corf orienta que, antes do descarte, se queime ou picote os papéis que contenham informações pessoais e jamais os jogue fora inteiros ou amassados. “A pessoa tem que ter muito cuidado onde e para quem informa seus dados. E, se perder os documentos ou for roubada, precisa registrar imediatamente uma ocorrência, informando a data e o local

do ocorrido, em qualquer delegacia da Polícia Civil ou pelo site da Delegacia Eletrônica”, completa. A Serasa também indica algumas precauções para que o consumidor não se torne vítima de golpes como não fornecer ou confirmar dados pessoais para desconhecidos, principalmente por telefone; evitar colocar informações pessoais em cupons de promoções de lojas ou sorteios e em cadastros de origem duvidosa; e ter cuidado ao divulgar informações em redes sociais, pois podem facilitar que criminosos se passem pelo usuário. Documentos perdidos ou roubados aumentam a chance de fraudes, pois, ao possuí-los, o golpista tem maior credibilidade no ato da compra. Por isso, a recomendação é que, em caso de perda ou roubo, a pessoa faça o boletim de ocorrência e ainda informe a situação para a Serasa, realizando o cadastro no site www.serasaconsumidor.com.br. O consumidor também pode consultar se existem pendências em seu CPF nas agências físicas da empresa. Os serviços são gratuitos.

Serasa Experian Brasília SRTV/Sul Quadra 701 - Bloco H - 7º And. Sala 70 Ed. Record Brasília -DF - Brasil CEP: 70340-000 - Atendimento ao consumidor de segunda a sexta, das 9h às 16h. Site: www.serasaconsumidor.com.br Coordenação de Repressão de Crimes Contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) Telefone: (61) 3362 5906/ 5736/ 5623 Delegacia Eletrônica Site: http://delegaciaeletronica.pcdf.df.gov.br/

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ABANDONO

CIDADES

Lares que acolhem

Instituições criadas para auxiliar crianças desamparadas são exemplos de solidariedade >> Yale Duarte

ecém-nascidos são encontrados em hospitais, carros, casas e até mesmo em lixos. Não existem estatísticas oficiais do número de crianças abandonadas, mas os registros são constantemente noticiados na capital. De acordo com o Ministério da Saúde, 36% das 14,6 mil denúncias representam casos de negligência e abandono, ou seja, mais de 5 mil ações são realizadas por ano. Os dados são do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), divulgado em 2011. Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), existem cerca de 20 lares de crianças no Distrito Federal. O Abrigo Lar de São José, localizado na Ceilândia Norte, é uma organização não governamental que atende crianças de 0 a 18 anos, proporcionando acompanhamento integral por meio de uma equipe composta por uma coordenadora, uma assistente social, uma psicóloga, uma pedagoga, sete mães-sociais (mulheres que se disponibilizam a cuidar com autonomia das tarefas dos lares), um cozinheiro e um motorista. Gerielda Crisóstomo de Souza, coordenadora do lar há seis anos, conta que 37 crianças fazem parte do lar atualmente. Dessas, 20 ainda estão em processo de reintegração. Em Taguatinga Norte, o Lar Padre Cícero abriga hoje 40 crianças em duas casas que ficam localizadas na QNG. A casa possui capacidade para atender até 100. “A melhor parte é cuidar das crianças. Nós temos cerca de 20 bebês de zero a um ano de idade para adoção”, afirma Renata Soares, coordenadora da equipe há seis anos. Ela é responsável por coordenar aproximadamente 50

funcionários, além de acompanhar os atendimentos de saúde, higiene e alimentação dos moradores do abrigo. Problemas Pobreza, rejeição, doenças, vícios, gravidez na adolescência ou falta de planejamento familiar são algumas das explicações que os pais dão ao abandonar seus filhos. A psicóloga Elisângela Lima, que trabalha no Lar Padre Cícero, afirma que o abandono se torna uma ruptura em que a criança fica desamparada emocionalmente. Esse abandono pode causar danos irreparáveis. “O trauma pode ser revertido em longo prazo, mas a confiança e segurança que seria de- Traumas em crianças em situação de abandono podem ser sanados a longo prazo senvolvida no colo materno pode se A Vara da Infância e da Juventude em situação de vulnerabilidade e tornar uma dificuldade a ser enfrentada no decorrer da vida”, comenta. (VIJ) possui uma equipe interprofis- acolher crianças em medida de sional especializada em serviços de proteção”, conta o gestor Nelson acolhimento, disponível para orien- Peixoto. A atuação do grupo no DF A melhor parte é tação sobre a medida de proteção. está vinculada aos laços parentais cuidar das crianças. Nós temos cerca de 20 A lei 12.010/2009 determina que o que são rompidos. “Nosso parabebês de zero a um ano afastamento da criança ou do ado- digma é a justiça e a cidadania com de idade para adoção lescente do convívio familiar é de todos os ‘nãos’ à caridade, por mais competência exclusiva da autoridade oportuna que seja”, afirma Nelson. Renata Soares judiciária. Segundo o TJDFT, o encaminhamento de uma criança ou adoMaria Regina dos Santos, assisten- lescente para um desses serviços é te social no Lar Padre Cícero, expli- um recurso utilizado em último caso, ca que identifica a família da criança diante da ameaça à sua integridade abandonada e depois se empenha física e/ou psíquica. Além do trabalho social realizado na reintegração do menor. A equipe pelos lares, existem também organiLar da criança Padre Cícero em que ela trabalha tem auxílio do zações como as Aldeias Infantis SOS Centro de Referência Especializado ENDEREÇO: QNG AE 37 de Assistente Social (Creas) e do Brasil existentes em 133 países. Elas TAGUATINGA NORTE Conselho Tutelar. “Viabilizamos as promovem ações de defesa dos diFONES: 3354.8290 / 3355.5284 / 3354.4797 políticas públicas para as famílias e reitos das crianças. Em Brasília, a Aldeias Infantis SOS realizamos um acompanhamento de Lar São José Brasil fica localizada na Asa Norte. dois anos. Se após esse período não ENDEREÇO: QNM 32, Módulo B, AE houver resultado, mandamos um re- “O direito à convivência familiar e CEILÂNDIA NORTE latório ao juiz da Vara da Infância e comunitária torna-se razão de ser e FONE: 3491.0265 o menor é levado à adoção”, conclui de agir das Aldeias Infantis SOS Brasil. As ações visam fortalecer a família Maria Regina.

Foto: Allan Viríssimo

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Serviço

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CONCILIAÇÃO

CIDADES

Justiça nas ruas TJ do Distrito Federal e Territórios livra o cidadão da burocracia jurídica >> Samuel Paz Foto: Giselle Cintra

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Núcleo de Atendimento de Trânsito (Nuat), popularmente conhecido como Justiça Volante (JV), presta apoio à população do DF em casos de acidentes, por meio de audiências feitas nos locais das batidas. Dados do núcleo mostram que em 2012 mais de 2.500 acordos foram firmados, o que representa 91% das chamadas. “Essa iniciativa desafoga o Judiciário e agiliza a solução dos problemas”, explica o coordenador do Nuat, Rogério Machado. “Processos abertos no Juizado Especial têm tempo de espera incerto. Podem levar até dois anos, enquanto a JV resolve o problema na hora”, afirma. O atendimento é feito em uma van na qual trabalham um conciliador e um policial militar. O agente de trânsito tenta identificar o responsável pelo acidente, verifica se foi cometida alguma infração e convida os motoristas para a audiência. Dentro do veículo, é registrado o boletim de ocorrência e o conciliador ouve as partes. Começa, então, uma conversa para que elas decidam como os danos serão reparados. “O mediador não interfere na negociação. Ele apenas

Policial militar e conciliador prestam atendimento em uma van buscando sanar danos

sugere uma solução, mas a decisão é tomada pelos envolvidos”,esclarece o coordenador. Por fim, todos assinam um termo com o detalhamento das condições estabelecidas. Caso não haja consenso, é marcada uma audiência no Juizado Especial mais próximo ao local da batida. Para Rogério, a maior contribuição do núcleo é aproximar a justiça das pessoas de baixa renda, que não têm recursos para contratar advogados e mover ações judiciais. O motoboy André Fonseca se envolveu em uma batida com a

médica Flávia Segatto e nenhum dos dois assumiu a responsabilidade. “Eu até queria pagar pelo conserto do carro (orçado em R$ 450), mesmo achando que não tinha culpa”, conta André, “mas eles insistiram em chamar a JV. Acabou sendo bom para mim”. O motociclista tinha pressa para cumprir a meta de entregas do dia, que lhe rendem R$ 1,30 cada. Na negociação, a médica sugeriu dividir o custo igualmente entre eles. “Não tenho intenção de prejudicá-lo, apesar de considerar que ele estava errado”, declara.

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1. Brasília Cruzeiro Sudoeste 2. Lago Norte 3. Lago Sul 4. SAAN e SIA 5. Guará l e ll 6. Núcleo Bandeirante Candangolândia Riacho Fundo l e ll 7. Taguatinga 8. Recanto das Emas 9. Samambaia 10. Ceilândia Bateu, ligou: 0800-644-2020

Ilustração: Henrique Carmo

Regiões atendidas:

O marido de Flávia, Geraldo Segatto, foi quem decidiu acionar o serviço, para evitar que uma experiência ruim do passado se repetisse. “Um cara bateu no meu carro e disse que pagaria. Peguei todos os dados dele: telefone, RG, CPF, endereço. Mas depois descobri que ele tinha mentido, era tudo falso. Fiquei no prejuízo”, relembra. Para o conciliador Daniel Dümpel, a garantia de resolver o problema com amparo judicial é outra vantagem da JV. “Evitam-se golpes”, explica. “Sem contar que, se o caso for para o juiz, cabe recurso, o que prolonga o problema. Já o compromisso firmado aqui é definitivo, porque as condições são propostas pelos envolvidos e ninguém pode recorrer contra si próprio”. Estrutura Oito equipes estão distribuídas entre três bases: duas no Plano Piloto e outra em Ceilândia. A coordenação do núcleo considera o número suficiente para a demanda atual, mas reconhece que é preciso expandir a área de atuação. “Há planos de instalar uma base para atender Sobradinho e Planaltina. Mas não se sabe quando. É preciso abrir concurso público para contratação de pessoal, licitar a construção do prédio, compra de vans e de mobiliário”, completa Rogério. Bom exemplo Outras esferas do poder público se inspiraram no Nuat e foram às ruas para atender à população. “Tem o Juizado Itinewrante, que leva um juiz às comunidades dentro de um ônibus”, cita o coordenador;“o Comando Móvel da Polícia Militar; serviço médico e odontológico da Secretaria de Saúde; entre outros”, conclui.

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CIDADANIA

EDUCAÇÃO

Modelo de inclusão

De acordo com a nova lei, matrícula de aluno autista não pode ser recusada. Mesmo com falhas, o trabalho das escolas públicas do DF é considerado o melhor do país >> Altieres Losan Jéssica Antunes Foto: Guilherme Pesqueira

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esde 1989, as escolas de todo o Brasil enfrentam o desafio e a responsabilidade de incluir alunos com qualquer tipo de deficiência em turmas regulares.Agora, o autista também faz parte desse quadro.A Política de Proteção dos Direitos de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, aprovada em janeiro pelo Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff, considera o autista como “pessoa com deficiência” e prevê os mesmos direitos que os demais com necessidades especiais. A lei 12.764/12 nasceu de uma proposta da sociedade civil e determina, entre outras coisas, que os autistas deverão ser incluídos em classes normais no ensino regular e, caso necessário, deverão ter acompanhamento especial durante as atividades didáticas. Além disso, se o gestor escolar se recusar a matricular um aluno autista, será punido com multa que varia de 3 a 20 salários mínimos, podendo, ainda, perder o cargo em caso de repetição da ação. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), existem, em todo o mundo, 70 milhões de autistas. Mas, afinal, o que é o autismo? De acordo com cartilha produzida pela Associação de Amigos do Autista (AMA), trata-se de um distúrbio incluído no Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) que se caracteriza por alterações na comunicação, interação social, aprendizado e capacidade de adaptação, sendo diagnosticado geralmente antes dos três anos de idade. Fernando Alves, 15, apresentou regressão em seu comportamento quando tinha dois anos. Adriana Alves, sua mãe, conta que ele parou de falar e teve de voltar a usar

Na Escola Classe 416 Sul, aluno autista (de cinza) estuda em uma classe regular

fraldas, destacando que “até então seu desenvolvimento estava completamente dentro do esperado”. Foi aos três anos que a criança começou a apresentar algumas características do autismo. Após observações, uma psicóloga encaminhada por um neuropediatra diagnosticou o transtorno. Em casa, um projeto pedagógico intensivo alfabetizou e tornou Fernando funcional. Porém, para a sua mãe, “a escola é fundamental para o trabalho de convivência social de que os autistas tanto precisam”.Após tentativas de matrícula em escolas particulares, ela acredita que “a escola pública é a melhor opção para o autista no Distrito Federal”, graças ao serviço de equipes de apoio e classes especiais em escolas inclusivas.

Estamos trabalhando para que se oportunize a convivência ao autista

Antônio Leitão

Na prática O Artefato pesquisou e, de oito grandes escolas particulares do Distrito Federal, apenas o Colégio Marista declarou possuir um aluno com o transtorno. Embora atualmente não tenha nenhuma criança autista nas dependências, o Centro Educacional Católica de Brasília (CECB) já trabalhou com essa inclusão. Os colégios Ideal, JK, Alub, Galois, Leonardo da Vinci e La Salle não têm histórico de alunos diagnosticados com autismo. As instituições justificam a ausência de alunos com autismo pela falta de procura. Algumas, inclusive, acreditam que faltam informações a respeito da inclusão nessas escolas. No ensino público da Capital, por outro lado, o trabalho de inclusão com autistas já é feito. Eles são inseridos nas escolas regulares ou especiais a partir da demanda. De acordo com a Secretaria de Educação (SEDF), todo o sistema educacional possui equipe de pedagogos e psicólogos capazes de administrar a inserção não só do autista, como de qualquer pessoa com deficiência. O diretor

da Área de Educação Especial do DF, Antônio Leitão, defende o sistema de formação continuada, mas admite que seja um desafio. “Não é fácil, para os professores, trabalharem com esses alunos, pela forma atípica comportamental que apresentam. Muitos professores não aguentam o ritmo durante muito tempo, mas estamos trabalhando para que se oportunize a convivência ao autista”, observa. A falha é confirmada pela vice-diretora da Escola Classe 416 Sul, Simone Barros. De acordo com ela, a SEDF não dá suporte suficiente. Apesar de existirem cursos para formação especial, há uma preferência para professores com mais tempo de serviço. “Alguns querem fazer a especialização, mas não conseguem”, lamenta. Nas classes especiais, só pode dar aula quem tem o curso completo. No entanto, por causa da alta demanda de alunos, alguns só conseguem fazê-lo ao longo do ano letivo. “Funciona na camaradagem, com um ajudando o outro”, completa. Mesmo assim, para a mestra em autismo Mara Rúbia Martins, “a rede pública do DF é a melhor do Brasil” no que diz respeito à inclusão de crianças e adolescentes com TGD. O processo é feito por etapas, com estímulo de desenvolvimento e socialização. A Escola Classe 416 Sul e o Centro de Ensino Fundamental 8 do Guará II, por exemplo, desenvolvem esse trabalho. Na primeira existem, atualmente, 19 alunos com TGD em classes especiais e seis em classes regulares. Já o CEF 8 possui dois e seis, respectivamente. “É a melhor forma de dar o atendimento de que (o autista) precisa. Não é perfeito, mas a gente vai ao encontro do que a criança necessita. Não é incluir por incluir”, ressalta a mestra. 17

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EDUCAÇÃO

GRADUAÇÃO

Ensino superior mais rápido

As responsabilidades dos estudantes dos cursos tecnólogos é a mesma dos matriculados nos de graduação tradicionais >> Rayanne Alves

om uma duração que pode ser a metade dos cursos superiores tradicionais, os cursos tecnólogos oferecem aprendizagem técnica, prática e mais objetiva. Ao todo no Brasil são 170.635 estudantes matriculados, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Esse modelo de graduação tem como foco a formação de profissionais com um perfil dinâmico e que tenham a capacidade de pensar de forma ampla. O desenvolvimento de habilidades interdisciplinares também é trabalhado para que o aluno não se apresente somente como profissional do mercado de trabalho, mas também um conhecedor. Pesquisar se a instituição que deseja ingressar tem o certificado do Ministério da Educação (MEC) é importante para que não ocorram problemas no decorrer e após o término do curso. Em 2006, o MEC lançou um catálogo com 96 cursos tecnólogos inscritos para facilitar a busca do aluno com relação às modalidades educacionais. De acordo com a Instituição de Educação Superior de Brasília (IESB), os cursos são divididos em dois modos: Os cursos tecnólogos que estão mais voltados para o mercado e para

Cursos tecnólogicos no Brasil Estudantes matriculados 170.635 (INEP)

Cursos oferecidos 96 (MEC 2006)

as empresas, como gestão pública, gestão de recursos humanos, logística e gestão comercial. Os cursos chamados de nicho são ligados à área de gestão tecnológica, como gastronomia, moda, designer de interiores e designer gráfico. Os mais procurados Pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2011, apontam um total de 901 alunos inscritos nesta modalidade de graduação no Distrito Federal. Destes, 897 estudantes estão inscritos na rede particular de ensino superior, entre universidades, faculdades e centros universitários. Na Universidade Católica de Brasília (UCB), o curso de gestão mais procurado é o de gestão comercial. O diretor dos cursos de tecnologia da informação da UCB, Fernando Goulart, destaca os cursos mais procurados da instituição. “Os cursos de gestão e os cursos de tecnologia têm maior procura não só aqui na universidade, mas no país inteiro”, afirma o diretor. Fernando enfatiza que o curso de gastronomia é um dos mais procurados da instituição. “Por ser um curso de formação tecnológica, possui diversas modalidades de ensino que atrai muitos estudantes. O profissional da gastronomia pode ser um chefe de cozinha, um inventor de um novo produto. Ele passa por uma transformação, chegando a ser um padeiro”, finaliza Fernando. Aluno em cena Os estudantes dos cursos tecnólogos enfrentam os mesmos problemas de quem faz graduação tradicional, mas em relação aos concursos

públicos, os alunos dos cursos superiores tecnólogos não podiam se candidatar como quem fazia uma graduação com duração maior, pois, nem todos os órgãos públicos aceitavam. A realidade hoje é outra, eles não só podem fazer concurso público com também podem ingressar nas especializações lato sensu (pós-graduação e MBA) e a stricto sensu (mestrado e doutorado). O estudante de designer de interiores Ítallo Dawson detalha como a instituição de ensino insere o aluno no mercado de trabalho. “Aqui no IESB somos preparados de forma mais realista O curso tecnológico foi um diferencial para Fernanda Pires possível, estão sempre preocupados em nos colocar com o mercado de trabalho, na questão os dilemas do dia a dia da nossa pro- técnica, ou seja, no que foi aprendido com relação à costura, tecidos e fissão”, explica o estudante. Fernanda Pires, formada em Design aviamento, por exemplo. A designer de moda e dona de ateliê, já cultivava preferiu criar sua própria marca de a ideia de abrir seu próprio negócio roupas e conta com a ajuda de oujá na faculdade e a divulgava entre os tras costureiras. A proprietária de loja virtual e forcolegas. Ela conta que existem difemada em Moda, Clarissa de Oliveira renças entre as pessoas que não possuem curso de moda, mas estão em Santiago, declara que aprendeu muialguma área. “Conheço pessoas que to no mercado de trabalho e que não fizeram a graduação, mas estão trabalhar com estilistas de renome inseridas em algum setor.” A estilista fez crescer suas experiências, como afirma os contrastes de quem tem o trabalho de programadora visual ou não o diploma. “A parte técnica da Ellus 2008. Para Clarissa os traé muito diferenciada de quem fez balhos também como vendedora e a faculdade para quem só gosta de gerente de loja a ajudaram no âmbito de logística, empreendedorismo moda”, aponta Fernanda. Para Fernanda, o curso tecnólogo e administração. serviu como porta de entrada para

Foto: Francisco Daniarle

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OPORTUNIDADE

EDUCAÇÃO

Calouros depois dos 40 Levantamento do IBGE mostra que 650 mil pessoas acima dos 40 anos cursam pela primeira vez a faculdade >> Percy Souza Samita Barbosa

Durante muito tempo se pensava em ensino superior voltado para população jovem. Agora as instituições estão tendo que se reformular para receber alunos mais velhos Ivany Câmara Neiva

eu queria novas experiências, me aprofundar em outros assuntos”, revela. Já o que levou Graciliene de Jesus, 41, a ingressar na educação superior foi a busca por qualificação. “Eu não era qualificada para nenhum tipo de função. Não consegui arrumar emprego nem como faxineira”, conta. Após concluir ensino médio, Graciliene ficou 12 anos sem se dedicar aos estudos. Foi nesse momento que ela resolveu cursar enfermagem. Para a estudante, a graduação pode melhorar a condição de vida das pessoas. “Estudando você se sente mais humano, mais cidadão. Não poder estudar e trabalhar são condições sub-humanas”, desabafa. De acordo com a pedagoga Carla Cristie, a faculdade tem a capacidade de despertar novas habilidades no estudante. “A universidade propicia novas experiências, novos olhares. Proporciona também uma formação mais ampla e segura”, avalia. A especialista também destaca que, atualmente, o tipo de seleção adotado pelas Instituições de Ensino Superior (IES) influencia no acesso à graduação. “Antes nós tínhamos critérios que selecionavam. Agora o processo seletivo é classificatório”, explica. Para a cientista social Ivany Câmara Neiva, o acesso à educação superior também tem relação com as mudanças nas características demográficas do país. “A população brasileira está envelhecendo e tendo mais acesso a tecnologias e ao conhecimento. Com isso, as pessoas acabam buscando outras atividades e, o curso superior é uma delas”, explica. A socióloga também acredita

Foto:Ingrid Rodrigues

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u senti uma necessidade de aprofundar meus conhecimentos e enxerguei no ensino superior uma boa oportunidade para isso”. Com esse pensamento, Nazaré Vieira matriculou-se nos cursos de teologia e jornalismo, o que seria comum, se não fosse o fato de a caloura ter 68 anos. Assim como ela, outras 653.745 pessoas com mais de 40 anos cursam pela primeira vez a faculdade. São dados de um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em dezembro de 2012. Para se ter uma ideia, o número de universitários acima dos 40 anos supera o índice de estudantes com 22 anos, que atingiu a marca de 488 mil alunos. Nazaré confidência que fazer faculdade sempre esteve nos seus planos: “Quando eu saí da casa dos meus pais, senti a necessidade de crescer e estudar para não depender de ninguém”. No entanto, durante mais de 30 anos, Nazaré se dedicou apenas às artes plásticas. Até que em 2010, ela resolveu fazer o seu primeiro vestibular. “Sempre fiz cursos e oficinas na minha área, mas chegou um momento em que

Em busca de novas experiências, Nazaré Vieira ingressou nos cursos de Teologia e Jornalismo

que esse novo perfil de aluno causa mudanças no modo de trabalho das IES. “Durante muito tempo se pensava em ensino superior voltado para a população jovem. Agora as instituições estão tendo que se reformular para receber alunos mais velhos”, comenta. Maior flexibilidade Outro dado relevante foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo o órgão, a educação a distância é a que mais recebe alunos acima dos 40 anos, pois geralmente esse público divide as atividades escolares com o trabalho e as tarefas domésticas. Em 2010 foram registradas 232.545 matrículas nessa modalidade de ensino. “A educação a distância oferece uma maior flexibilidade, pois o aluno pode estudar em casa e não precisa estar todos os dias

na instituição. Isso facilita bastante, principalmente para quem não tem tempo livre”, explica a pedagoga Carla Cristie. Foi justamente à procura de uma graduação que oferecesse uma maior liberdade de estudos que o vigilante Josuel Martins, 41, se matriculou no curso de tecnologia em segurança da informação. “Fiquei 15 anos sem estudar porque não tinha tempo, pois trabalho em dois locais. Quando encontrei um curso a distância em uma área que eu gosto, resolvi fazer o vestibular”, conta. Para Martins, a faculdade além de proporcionar mais conhecimento, trará oportunidades no mercado de trabalho.“Nesse momento estou me qualificando, pois a área de tecnologia da informação é bastante criteriosa quando seleciona funcionários. Depois de formado pretendo trabalhar como consultor em sistemas de segurança para internet”, revela. 19

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TECNOLOGIA

MODERNIZAÇÃO

Cidadania digital Campanhas nacionais de troca de identidade e recadastramento biométrico do título de eleitor visam modernizar e aumentar a segurança dos principais documentos no Brasil >> Henrique Carmo

stá em vigor no país desde 2010 a implantação da nova identidade ou Registro Geral (RG). O documento se chamará Registro de Identidade Civil (RIC). O intuito é modernizar e integrar os dados da população, trazendo consequentemente mais segurança e agilidade na utilização do documento. Fisicamente o documento será um cartão. O RIC terá um chip onde conterá dados como nome, sexo, data de nascimento, foto, filiação, naturalidade, assinatura, impressão digital do indicador direito, órgão emissor, local e data de expedição, além de ter data de validade. As informações estarão integradas com a base de dados dos órgãos de identificação dos estados e do Distrito Federal. Em 2011, pessoas de Brasília, Rio de Janeiro e Salvador foram convocadas para a confecção do novo documento. Na ocasião, o cartão era gratuito. Com prazo de implantação de 10 anos, a nova identidade brasileira hoje custa R$ 49 para o cidadão. O senador Ramez Tebet (PMDB/MS) lançou um projeto de lei para que a primeira via do documento seja gratuita. O projeto foi aprovado e agora segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.Só na implantação, em 2010 e 2011, o Governo Federal gastou R$ 90 milhões. Com os mais modernos elementos de segurança, a nova identidade é feita de policarbonato, o que lhe confere resistência e durabilidade. A proposta que visa evitar fraudes e simplificar o uso do cidadão não é tão segura assim. O professor da Universidade de Brasília (UnB) e

especialista em segurança digital, Diego Aranha, afirma que é um risco reunir muitas informações em um só local. Diego conta que muitos dados juntos é bom para a conveniência do cidadão, porém para segurança é um risco. “Qualquer vulnerabilidade pode terminar expondo uma quantidade maior de informações”, explica o professor. Biometria Para tornar as eleições de 2014 mais seguras, minimizando a possibilidade de fraude, a Justiça Eleitoral lançou em todo país o recadastramento biométrico para os eleitores brasileiros. A medida também visa diminuir o tempo de apuração de votos. O Brasil já é conhecido por usar as urnas eletrônicas, o que, segundo o Governo Federal, foi um avanço para o processo democrático do país. Outro objetivo é a atualização de dados dos eleitores, pois a última realizada foi em 1986. O recadastramento biométrico já está em vigor desde o início do ano. Segundo balanço do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), do inicio do processo, em junho de 2012, até o dia 4 de abril deste ano, quase 64 mil pessoas já haviam realizado o cadastro biométrico. O TRE espera que até o dia 31 de março de 2014 os mais de 1 milhão de eleitores da capital já tenham sido recadastrados. O procedimento acontece em cartórios e postos eleitorais mediante agendamento pela internet ou telefone. Já estão agendados para realizar o atendimento, até o final de abril, mais de 41 mil eleitores.

Foto: Alessandro Costa

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O recadastramento biométrico visa diminuir o número de fraudes nas eleições de 2014

O diretor geral do TRE-DF, Arthur Cezar da Silva Junior, anunciou que no mês de abril serão cedidos mais 92 servidores e 192 estagiários para melhorar o atendimento. Além dos servidores, militares do exército ajudarão no processo. “O atendimento hoje dura cerca de 20 minutos”, declara. O estudante Everton Lagares realizou seu agendamento no dia 11 de abril e só conseguiu vaga para o dia 11 de junho. Serão dois meses de espera. Segundo ele, a divulgação está fraca. “As pessoas ainda não entenderam que se não fizer o cadastro, não vão votar”, afirma o estudante. O professor Diego Aranha descobriu, em 2010, vulnerabilidades nas urnas eletrônicas em uma série de testes realizados na UnB. Ele falou sobre os riscos do recadastramento biométrico. “Não estou convencido de que a introdução de biometria aprimora a segurança do sistema atual”, afirma.

Não estou convencido de que a introdução de biometria aprimora a segurança do sistema atual Diego Aranha Segundo ele, a biometria veio para evitar principalmente fraudes, como pessoas que votam no lugar de outras. Para ele, essa possibilidade de fraude ainda é possível. Em 2012, durante apresentação do sistema biométrico pelo Tribunal Superior Eleitoral, o professor solicitou testes repetidas vezes para analisar a qualidade e segurança do dispositivo. O TSE negou, alegando que o ato fugiria do escopo original do evento. A respeito da agilidade na votação e o tempo de apuração dos votos, o especialista diz que a biometria não poderá ajudar, visto que são dois processos diferentes. Segundo ele, na apuração não poderia haver pressa. “Nesse caso, a pressa é inimiga da perfeição”, completa o professor.

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TECNOLOGIA

COPA

Telecomunicações em crise

Mesmo com mais da metade das obras concluídas, setor corre risco de não estar pronto para eventos esportivos >> Victor Araújo

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acontecerá no dia 15 de junho. Para Caio Bonilha, o trabalho da Telebrás nesses estádios já está feito. “Do ponto de vista da Telebrás, tudo o que nós já podíamos fazer, no sentido nas redes urbanas, nós já fizemos”, De acordo com Caio, para a Copa das Confederações, a Telebrás já iniciou os testes nos estádios Mineirão, em Belo Horizonte (MG) e no Castelão, em Fortaleza (CE), restando o estádio Nacional de Brasília (DF), o Maracanã, no Rio de Janeiro, a Fonte Nova, em Salvador (BA) e a Arena Pernambuco, em Recife (PE). Para as outras sedes da Copa do Mundo (São Paulo, Cuiabá, Natal, Manaus, Curitiba e Porto Alegre), a empresa está em fase de licenciamento e projeto executivo, que demora aproximadamente seis meses.

transmissões. “A Telebras está colocando, em cada estádio, uma rede que permite 40 canais de 40 gigas. É muita internet. Com certeza durante o jogo será necessário”, disse. De acordo com o MiniCom, o Brasil hoje está com 680 gigabytes por segundo disponíveis para a transmissão de dados. Além disso, existem oito satélites nacionais que oferecem mais uma opção. Reutilização da rede O ministro das Comunicações afirma que as obras de telecomunicações que estão sendo feitas para a Copa do Mundo serão utilizadas para a ampliação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). De acordo com Bernardo, o sistema construído será usado no Brasil pelos próximos 20 anos. Para o presidente da Telebrás, Caio Bonilha, a “Rede legada” que será utilizada na copa, servirá, assim como diz Bernardo, principalmente para a expansão da banda

larga. “Nós inclusive já estamos trabalhando com o Ministério das Comunicações nesse sentido de utilizar essa rede, ampliá-la inclusive para o atendimento do PNBL em todas essas áreas metropolitanas”, finalizou. De acordo com Caio Bonilha, serão investidos mais de R$ 200 milhões em obras, equipamentos e mão de obra especializada. Os recursos tem a finalidade de garantir banda larga e suporte aos serviços de transmissão de dados para comitês de imprensa e mídia televisiva nos estádios, além dos aeroportos nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirma que foram investidos mais de R$ 52 milhões em projetos relacionados à Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Os investimentos contemplaram soluções para o melhor aproveitamento do sistema de telecomunicações entre outros projetos.

Centros de transmissão A Telebras distribuirá internet para os estádios, centros de treinamentos, hotéis e centrais de vendas de ingressos. A transmissão da rede nesses locais será feita em salas dentro dos campos de futebol. Duas estruturas de fibras ópticas (principal meio de transferência de dados) serão utilizadas para a transmissão via internet, televisão e outros meios de comunicação, sendo que uma delas ficará como reserva. O presidente da Telebras esclarece que esses centros são apenas salas com equipamentos que farão o serviço da transmissão, tanto da Copa das Confederações, quanto da Copa do Mundo no ano que vem. Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a Telebras está entrando com uma grande capacidade de rede nos centros de Pres. da Telebras (esq.) e min. das comunicações (dir.) garantem serviços para a Copa

Foto: Victor Araújo

menos de 450 dias para a Copa do Mundo e de 80 para a Copa das Confederações, o setor de telecomunicações está com 74% das obras executadas. É o que afirma a Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), estatal responsável pela infraestrutura no setor. Segundo o presidente da empresa, Caio Bonilha, o cronograma está rigorosamente em dia e as obras em estágio final, faltando apenas a conclusão de trechos de fibra óptica e Pontos de Presença (POPs) da rede metropolitana. Apesar de a estatal afirmar que está tudo dentro do prazo, o diretor do Departamento de Banda Larga da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações (MiniCom), Artur Coimbra, alerta que o setor enfrenta dificuldades no avanço das obras. “O maior empecilho está nos acordos entre as operadoras de telefonias e os estádios das cidades-sede”, declarou. Outra dificuldade encontrada, segundo o órgão, tem sido na divisão das responsabilidades por cada parte na infraestrutura. Além disso, problemas como fiscalização e monitoramento, bancos de dados e o uso do espectro tem posto em risco a transmissão da copa do mundo. Para o presidente da Telebras, o problema maior não está na infraestrutura e sim na liberação dos estádios. “Nós estamos negociando dia-a-dia com todos os estádios e também com o governo federal, para que todos esses sejam liberados até 15 de abril, que é o prazo então que nós queremos começar os testes”, afirmou. A FIFA exige que os testes aconteçam por 30 dias, antes do início da Copa das Confederações, que

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MEIO AMBIENTE

SUSTENTABILIDADE

Construindo com responsabilidade A bioconstrução substitui materiais poluentes por itens ecologicamente corretos

>> Luana Lopes Mariana Lima

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e acordo com o Conselho Internacional da Construção (CIB), a indústria da construção civil é uma das atividades que mais consome recursos naturais e energia. Pensar em métodos sustentáveis na hora de construir uma casa ou projetar um edifício pode ser mais fácil do que parece e traz grandes benefícios para o meio ambiente. A bioconstrução substitui materiais poluentes por itens que oferecem o mínimo de impacto ambiental, dando preferência a produtos retirados do próprio local onde será feita a construção, como terra, madeira e pedras. A sustentabilidade é tema de grandes discussões mundiais, mas falta o mais importante: conscientizar a população sobre os riscos que o planeta está sofrendo e oferecer estratégias viáveis para diminuir os impactos negativos à natureza.

outras vantagens da bioconstrução, a substituição de métodos tradicionais por materiais como bambu e madeira evita a liberação de carbono na atmosfera. O arquiteto explica que, ao invés de usar telhas convencionais na cobertura de dois blocos do complexo, será construído um telhado verde, criando um “jardim suspenso”. O método consiste na plantação de vegetação sobre uma placa de madeira, que facilita a drenagem e proporciona conforto térmico ao ambiente. Aprendizado Em junho de 2009, a Escola de Extensão da Universidade Católica de Brasília (UCB) implantou o CampoEscola de Tecnologia Social (Celogs) para oferecer cursos gratuitos ou de baixo custo para quem se interessa em aprender métodos da bioconstrução. Neste ano, o Celogs deixou de ser parte da Escola de Extensão e passou a incorporar o Projeto Educação Ambiental (PEA), coordenado pela professora do curso de biologia da instituição, Morgana Maria Arcanjo Bruno. O professor Nilo Edison Mendes é um dos gestores do PEA e está à

frente das atividades do Celogs. As aulas são voltadas para alunos da instituição e também para toda a comunidade. “No último curso, tivemos a participação de dois senhores que eram pais de alunos da UCB. Já houve a participação de pessoas de outros estados e de alunos de outras unidades e mesmo de pessoas da nossa sociedade”, relata o professor. A iniciativa realiza aproximadamente nove cursos anuais com a média de 35 participantes. Em um dos cursos, os alunos aprendem a fazer tijolos ecológicos com a técnica chamada solo-cimento – que utiliza terra, cimento e água. São oferecidas, ainda, aulas de como construir um aquecedor solar e como reduzir a quantidade de resíduos em casa por meio da compostagem doméstica.

Foto: Amanda Gonzaga

A professora aposentada Alda Ilza de Lima já conhecia os conceitos da bioconstrução e é quem conduz o projeto. “Eu nunca tinha acompanhado uma grande construção de perto como estou aqui, mas já conhecia os princípios”, ressalta. Ela acrescenta que o objetivo é transformar o espaço em uma referência socioambiental e, inclusive, dar assistência aos assentamentos que se situam próximos ao local. O bioarquiteto Sérgio Pamplona foi quem idealizou o complexo. Formado em 1989, ele destaca que não teve nenhum aprendizado sobre construção sustentável no período da faculdade. Depois de formado, Sérgio foi atrás de cursos e se especializou em permacultura e bioconstrução. Segundo ele, a técnica é melhor para a natureza e pode ser uma opção mais econômica. “As pessoas acham que podem comprar a sustentabilidade, mas é uma mudança As pessoas acham de valores”, destaca. que podem comprar a As obras do Centro de Referência sustentabilidade, mas é Ambiental já estão bem adiantadas, uma mudança de valores mas ainda faltam outros métodos de sustentabilidade que serão implanSérgio Pamplona tados no local. O complexo contará com um sistema de captação da O Sindicato dos Professores do água da chuva para grande parte do Distrito Federal (Sinpro – DF) pos- consumo, placas de energia solar e sui uma chácara que fica a caminho um banheiro seco, que possui câmade Brazlândia (DF) e que, por vin- ras que transformam as fezes e urite anos, foi usada apenas para la- na em adubo para plantações. zer e eventos. Pensando em utilizar As paredes prontas foram erguio grande espaço da chácara e ao das com barro removido do próprio mesmo tempo preservar a vegeta- local. Na estrutura da construção, ção nativa do local, uma parcela de foram utilizados madeira de eucaprofessores ligados ao Sinpro deci- liptos, que também foram retirados diu transformar a chácara em um da chácara. Sérgio afirma que a reCentro de Referência Ambiental. tirada das árvores não resultou em Serão oferecidas aulas e cursos para nenhuma interferência negativa na professores e alunos da rede pública natureza: “Nós já plantamos mais e privada de ensino. eucaliptos do que tiramos”. Dentre

Sérgio Pamplona é bioarquiteto, com especializações em permacultura e bioconstrução

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LUTAS

ESPORTE

Guerreiros brasilienses

Apesar da falta de apoio, a cidade é um dos grandes centros de Artes Marciais Mistas do país >> Bruno Santos

Foto: Amanda Gonzaga

s Artes Marciais Mistas (MMA) viraram febre em todo o mundo, incluindo o Distrito Federal. Com três atletas no Ultimate Fighting Championship (UFC), a maior organização da modalidade do mundo, Brasília tem conquistado cada vez mais respeito no âmbito nacional, mesmo sem o apoio necessário. O lutador e policial do Bope, Paulo Thiago, tem uma carreira de sucesso internacional no UFC e vai lutar no dia 18 de maio na edição do torneio em Jaraguá do Sul (SC). No início da carreira, Paulo Thiago treinou na equipe Constrictor Team, que hoje conta com dois outros lutadores contratados pelo Ultimate Fighting: Rani Yahya e Francisco Massaranduba. Inspirado por esses três atletas brasilienses, muitos lutadores da capital sonham em fazer parte do seleto grupo. Gilberto Dias é um dos nomes que vem despontando no esporte. Natural de Conceição do Araguaia (PA), veio para Brasília há cinco anos para se dedicar exclusivamente ao esporte. Campeão do Rockstrike, na categoria até 56 Kg, lutou no último dia 15 de março pelo cinturão dos pesos palhas (52 Kg) do Shooto (franquia brasileira do segundo evento mais importante do MMA mundial). A luta acabou em empate e um novo confronto é aguardado para o mês de maio. Assim como a maioria dos lutadores, Gilberto sonha em integrar o quadro de atletas do UFC. Apesar de já se sentir realizado, acredita que um contrato com a organização viria coroar sua carreira. Declarações do presidente do UFC, Dana White, de que a categoria peso palha (até 52 Kg) será adicionada ao evento, deixou Gilberto Dias ainda mais animado.

Falta de apoio O mestre da equipe BSB Jiu Jitsu Team, Lurandir Oliveira, acredita que apesar da falta de apoio das iniciativas públicas e privadas na cidade, Brasília é um dos grandes celeiros da modalidade no Brasil junto com o Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Manaus e os Estados do Nordeste. Apesar das críticas, a Lei de Incentivo ao Esporte, sancionada em 2006 pelo Ministério do Esporte, tem propiciado fundos para a Associação de Lutas Associadas do Distrito Federal (ALA-DF). Com o investimento, a associação criou, no fim de 2011, o B2 MMA. O projeto, que é uma competição única do Distrito Federal, já está na sua segunda edição, tendo esta última uma arrecadação de cerca de R$ 100 mil. Mesmo assim, os patrocínios precários têm levado muitos atletas a migrarem para outros estados. Com a popularização do MMA, as equipes que se dedicavam a um estilo de luta específico passaram a investir também nas artes marciais mistas. Os lutadores dessas modalidades passaram a treinar também outras artes marciais com o intuito de participar de torneios . Segundo Lurandir, um dos motivos para a mudança desses atletas para a modalidade é de ordem financeira. Enquanto as artes marciais específicas, como o judô, o jiu-jtsu e o muay-thai oferecem como prêmio medalhas, o MMA oferece bolsas em dinheiro para os lutadores. As bolsas variam de acordo com a popularidade do atleta e o desempenho na luta. Lurandir aposta na expansão do esporte mundialmente. “A tendência, segundo Dana

Foto: Marecelo Rosa e Lucas Batista

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Nos últimos anos houve aumento de academias que oferecem aulas de MMA no DF

White, é o MMA superar o boxe. Hoje, você não vê mais falar no boxe”, explica. O domínio das artes marciais de combate em pé e no chão é fundamental para um lutador completo. “Nós fazemos uma preparação completa, tanto na luta no chão como na luta em cima. Hoje na minha equipe, dou aula de jiu-jitsu, de submission, que é um jiu-jitsu sem kimono, tenho um professor de boxe, um de muay-thai e outro de judô, para dar aulas só de quedas”, afirma. Estrutura A profissionalização dos eventos em conjunto com a divulgação da mídia fez aumentar o público nos eventos nacionais. Lurandir acredita que a mudança nas regras de combate da modalidade, que antes se chamava Vale Tudo, também contribuiu para a aceitação do público. “Hoje a recepção é muito

boa. Acabou aquela vertente de 15 anos atrás, de que o MMA era selvageria, até por causa da mídia. Você vê grandes atletas como o Rodrigo Minotauro com projetos sociais”, ressalta.

Equipes do DF A Constrictor Team é atualmente a maior equipe de MMA do DF, com participação em torneios nacionais e internacionais. Além da Constrictor, outras equipes brasilienses de destaque no esporte são a Fibra Fight Team (FFT), A Real Kombat Team (RKT) e a BSB Jiu Jitsu Team. No final de 2012, o campeão de boxe, Acelino “Popó” de Freitas, inaugurou um centro de treinamentos de artes marciais no Minas Brasília Tênis Clube visando inserir seus atletas nas competições de MMA. 23

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CANDANGÃO

ESPORTE

Na corrida pelo título

>> Lane Barreto Roberley Antonio

Equipes driblam os problemas para se manterem vivas na competição. Falta de patrocínio atrapalha os clubes com pouco orçamento

emoção fala mais alto quando o time do coração entra em campo. Não importa a classificação dele. Tanto faz se está em último ou primeiro lugar na tabela. Como acontece em todo o Brasil, a paixão pelo futebol também está presente aqui no Distrito Federal. Mas, apesar da empolgação dos torcedores, a situação de alguns times na capital não é uma das mais animadoras. Enquanto alguns conseguem patrocínio com facilidade, outros mal honram a folha de pagamento dos jogadores. A 1ª divisão do Campeonato Brasiliense, apelidado de Candangão, é composta por 14 equipes. Segundo a Federação Brasiliense de Futebol (FBF), os times escolhem seus patrocinadores e os outros que precisarem de apoio financeiro, podem obter recursos no Banco de Brasília (BRB), desde que estejam com as contas e com a documentação em dia. Este é o caso do Capital Esporte Clube do Guará. O técnico Cléber Lima ressalta que a falta de regularidade do pagamento aos jogadores atrapalha o desempenho do time. “O BRB atrasa demais o salário dos jogadores. Eles estão há dois meses sem receber e depois ainda querem que melhorem as condições do futebol de Brasília”, desabafa.

O futebol candango precisa de apoio e de profissionalismo Cléber Lima

A assessoria do BRB contesta a declaração do técnico do Capital e diz que não houve atraso no pagamento. O banco explica que o plano de patrocínio ao campeonato apresenta três datas distintas para o pagamento:

após o primeiro e segundo turnos e após a final. Ainda de acordo com o banco, a equipe do Capital teria prestado contas no dia 25 de fevereiro, apesar de pendências que só foram resolvidas um mês depois. A partir da data da resolução, o banco tem o prazo de 30 dias para efetuar o pagamento. Por último, o BRB informou que o pagamento foi feito em 28 de março, data que foi realizada a entrevista com o técnico do Capital. Após a informação do banco, a equipe do Artefato procurou a assessoria do time que confirmou o pagamento. As dificuldades em ser um jogador profissional na capital federal são tantas que o atleta Walace Gustavo Dias decidiu trocar os campos de futebol pelas quadras de uma faculdade: “Eu queria voltar a estudar e consegui uma bolsa, então preferi investir em meu futuro a jogar futebol aqui, onde há pouco incentivo”. Para o técnico do Capital, falta seriedade no Candangão. “O futebol de Brasília precisa de apoio e de profissionalismo. Muitos jogadores precisam conciliar estudo, trabalho e, ainda, jogar profissionalmente.Tudo isso por causa dos baixos salários e dos atrasos no pagamento”, ressalta Cléber. Na alegria e na tristeza Apesar de não haver incentivo suficiente, quem gosta mesmo de futebol continua ali, fiel ao time do coração. O contador Marcos Aurélio Costa, torcedor do Capital, acompanha o campeonato Brasiliense há 15 anos. Ele destaca que a competição hoje está mais nivelada entre os times, com mais equipes em condições de levar a taça. Ainda assim, ele considera que falta apoio da mídia: “Acho que a própria imprensa esportiva

Foto: Filipe Rocha

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Equipe do Capital em jogo contra o Ceilandense no Bezerrão pelo 2° turno do candangão

do DF e os empresários deveriam investir mais, até mesmo em propagandas, porque aqui nós temos rádios que preferem transmitir jogos de fora a incentivar o campeonato de Brasília”, comenta. Os 76 jogos do campeonato são disputados em oito estádios. De acordo com a FBF, os jogos mais importantes acontecem no Bezerrão, sede do Gama; no Serejão, em Taguatinga, sede do Brasiliense; no Abadião, sede do Ceilandense; no Centro Administrativo Vivencial e Esporte (Cave), no Guará, onde três equipes possuem mando de campo: o Capital, o Botafogo DF e o Brasília. Curiosidades do Candangão Uma situação interessante no Campeonato Brasiliense é a participação de times que não são do DF. As equipes de Luziânia e de Unaí competem porque fazem parte da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride). Eles são os únicos times do entorno que são fixos no Candangão. Desde que o Campeonato foi criado, as duas equipes participam, e, pela tradição,

acabaram permanecendo. Outras equipes da Ride também podem competir, desde que façam parcerias com os times do DF. A estudante Rayana Luciana disse que volta e meia há esse tipo de relação por aqui. Em 2011, o Cristalina de Goiás participou do Candangão depois de fazer uma parceria com o Capital. São equipes do entorno que se associam aos times daqui para poderem competir no campeonato. O time da estudante passou a se chamar Capital/Cristalina, mas o acordo não deu certo. Os times de Luziânia e Unaí tem, ainda, uma característica que os diferencia dos outros da Ride. Ambos são filiados à FBF e não à federação de futebol de seus estados. No caso de Luziânia, a cidade está localizada a quase 200 quilômetros da capital goiana e a 70 quilômetros de Brasília. Fica mais econômico o deslocamento da equipe para o DF. Com o Unaí acontece a mesma coisa, pois o time teria que se deslocar 590 quilômetros para participar do campeonato mineiro e menos de 140 quilômetros para disputar o Candangão.

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