Artefato - 05/2013

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Ano 14, Nº 3 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, maio 2013

Jornal - Laboratório - UCB

Igrejas inclusivas Há oito anos em Brasília, comunidade LGBT tem espaço para manifestar a fé em templos religiosos Pág. 12 e 13

Foto: Samita Barbosa

TRANSPARÊNCIA

TRABALHO

RISCOS

Políticos e cidadãos lutam pelo voto aberto nas decisões parlamentares

Comércio emprega 20% dos trabalhadores da cidade diz pesquisa da Codeplan

Eclâmpsia é a principal causa de morte entre gestantes no país

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EDITORIAL

Aprender com os próprios erros O fazer jornalístico vai além do diploma. A preocupação em apurar a notícia, escrevê-la de forma ética e acessível aos leitores é justamente o que aprendemos em um curso de quatro anos que nos torna bacharéis em Comunicação e habilitados em Jornalismo. Durante oito semestres, convivemos com professores e profissionais que nos incentivam a interpretar e traduzir a informação. Um

processo construído coletivamente, que é fruto de percepções sobre assuntos que devem se tornar públicos, discutidos na reunião de pauta e finalizados com a matéria publicada no jornal. Criamos, recriamos, escrevemos e reescrevemos. Contudo, nem sempre acertamos. A intenção de trazer ao Artefato um tema como o acesso de crianças com transtorno do espectro autista às classes

regulares do ensino fundamental é justificada pela relevância da chamada inclusão. Apesar do zelo na construção do texto, ferimos o Estatuto da Criança e do Adolescente na matéria Modelo de inclusão ao não preservar e zelar pela privacidade de nossos pequenos personagens. Reconhecemos o equívoco e nos desculpamos publicamente, reforçando a proposta do jornal de agendar nossos

houve falhas na pré-cotação de preços, fase que determina o valor médio do produto e norteia as negociações. Uma das empresas procuradas cobrou muito mais do que as concorrentes (R$ 480 cada, contra R$ 150 em compra feita pelos bombeiros de Pernambuco) e elevou o valor de referência. Contudo, não houve irregularidades. Pode até ser que tudo tenha sido feito de acordo com a lei, mas um dedinho de imoralidade, aí tem. Tentaram enfiar as capas no pacote de investimentos para as copas das Confederações e do Mundo de futebol – que acontecerão no auge da

seca. Quiseram se aproveitar do regime especial de compras para os torneios, pular etapas, agilizar as coisas. O bom e velho jeitinho. O governador aquaplanou um pouco quando defendeu a compra, mas logo recuperou o controle. Quem mais sofreu com a tempestade política foi o coronel Suamy Santana, afastado do cargo de comandante da Polícia Militar. Enquanto isso, homens e mulheres da PM seguem engasgados com o ar seco de Brasília e as trapalhadas dos patrões.

leitores para temas importantes, mas dentro de uma perspectiva coerente com os preceitos éticos. O Artefato, enquanto exercício laboratorial, pensa e repensa cotidianamente suas práticas e nosso papel como futuros jornalistas.Talvez esse seja o maior diferencial de um jornal que quer evitar erros, mas que, quando eles acontecem, reconhece e se retrata. É essa a importância da formação universitária.

OPINIÃO

Leve derrapada >> Samuel Paz

Proteger os policiais militares do Distrito Federal em dias de chuva é algo justo e necessário. Não só para evitar que se molhem, mas também para torná-los visíveis e evitar acidentes. Mas precisava planejar a compra das benditas capas justo para os meses de seca? Ou ainda: precisava comprar 17 mil unidades para um efetivo de 15 mil policiais? O governador Agnelo Queiroz disse que a licitação se justifica porque os equipamentos têm grande durabilidade. No fim das contas, o argumento foi reforçado por uma auditoria da Secretaria de Transparência e Controle do DF. Concluiu-se que,

A minha é melhor que a sua!

Ilustração: Henrique Carmo

EXPEDIENTE Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 3, maio de 2013 Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado Miletto Professores responsáveis: Karina Gomes Barbosa e Fernanda Vasques Orientação Gráfica: Prof. Moacir Macedo Orientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense Editores-chefe: Anna Cléa Maduro e Michelle Brito Editores de fotografia: Mariana Lima e Samita Barbosa Editores de web: Renata Cardoso e Victor Araújo Editores de arte: Felipe Carvalho e Percy Souza Editores de texto: Lane Barreto, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Raiane Samara, Rayanne Alves e Samuel Paz

Repórteres: Altieres Losan, Ana Carolina Alves, Ana Paula Viana, Anna Cléa Maduro, Carlos Ribeiro, Dayane Oliveira, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Flávia Sousa, Heloise Meneses, Henrique Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara Viana, Percy Souza, Quéssia Maia, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Robson Abreu, Lane Barreto, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thyago Santos, Walquíria Reise e Yale Duarte

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Saturno Universidade Católica de Brasília EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237

Fotógrafos: Adriana Braga, Alessandro Alves, Allan Viríssimo, Carlos Ribeiro, Jéssica Lilia, Jussara Rodrigues, Lucas Batista, Luma Soares, Priscila Suares, Raíssa Merielle, Renata de Paula e Sued Viera Subeditores de fotografia: Adriano Lima, Juliana Procópio Checadores: Carlos Ribeiro, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Quéssia Maia, Robson Abreu e Thyago Santos Diagramadores: Altieres Losan, Enaile Nunes, Felipe Carvalho, Herinque Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis e Samanta Lima ERRAMOS: Na ultima edição, no 2, a foto da página 9 não é da fotógrafa Juliana Procópio e sim da Jéssica Lília.

Jornal - Laboratório - UCB

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DEMOCRACIA

POLÍTICA

A onda agora é anunciar o voto

Campanha nacional mobiliza parlamentares e cidadãos na luta pela transparência em todo o país >> Anna Cléa Maduro Renata Cardoso

o mês de abril, deputados distritais lançaram uma campanha para garantir a votação aberta em todos os estados brasileiros e na capital federal. A mobilização pretende assegurar que a Câmara dos Deputados, Senado Federal e demais instâncias públicas do país sejam transparentes na prestação de contas à população. Ou seja, todas as pessoas terão acesso às decisões dos parlamentares sobre qualquer emenda, lei ou determinação política. A ideia de acabar com o voto secreto não é nova. A iniciativa surgiu em 2006 com a Emenda à Lei Orgânica do DF 47/2006 do deputado distrital Chico Leite (PT). O projeto garantiu que todas as determinações da Câmara Legislativa do Distrito Federal passassem a ser abertas. “Aqui conseguimos um avanço que precisamos levar a todo o Poder Legislativo brasileiro. É preciso que haja o fim desse tipo de voto, pois o sigilo no processo de votações é uma das características mais prejudiciais à democracia”, explica o distrital. Agora a intenção é ampliar o processo de votação transparente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 20/2013, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). Caso seja aprovada, todos os votos realizados no Congresso, assembleias legislativas e câmaras de vereadores do país deverão ser declarados. “O voto secreto é um incentivo à corrupção”, enfatizou o senador durante a campanha pela aprovação da PEC. Para Paim, “é um absurdo o voto secreto do homem público em um Estado democrático de Direito. Assim, a sociedade não sabe como cada deputado vota num afastamento de parlamentar, no impeachment de um

presidente ou até mesmo num veto. com maior clareza, atenção e resNão dá para aceitar”, acrescentou. peito. O voto secreto impede de sabermos quais foram os políticos que Além dos parlamentares votaram contra ou a favor de alguma Paralelamente à mobilização dos lei ou emenda”, lembra o estudante. senadores e deputados, a população O professor da UnB Leonardo também tem se manifestado a favor Barreto confirma a importância da da transparência nas votações. Uma participação popular e reconhece a petição feita no site Avaaz.org, no dia necessidade de movimentos a partir 10 de abril, já alcançou mais de 300 de forças exteriores ao Congresso. mil assinaturas. Intitulado “Voto Aberto “O voto secreto é um instrumento Já!”, o documento informa: É hora de de camuflagem do parlamentar, pois acabar com a votação secreta que é serve para esconder seu posicionaum verdadeiro cheque em branco para mento, seja do eleitor ou do goveros políticos. Assine essa petição agora no. Dificilmente ele abrirá mão dese compartilhe com todos. Quando al- se instrumento de forma voluntária, cançarmos 500 mil assinaturas, entre- então se não for por meio de presgaremos a petição diretamente ao pre- são popular, não acontecerá”, esclasidente da Comissão de Constituição e rece o especialista. Justiça. O estudante da Universidade Mas nem todos os cidadãos de Brasília (UnB) Ciro Rockert dos são a favor de os parlamentares Santos foi um dos primeiros a regis- compartilharem todas as decisões trar a opinião no documento on-line. com a sociedade. Na opinião do Para ele, ações como essas são es- estudante de Direito da Universidade senciais para garantir mudanças no Católica de Brasília (UCB) Victor cenário político brasileiro. “O povo é Rodrigues, deve ser mantido o voto soberano. Quando ele se organiza e secreto na apreciação dos vetos forma movimentos sociais, tem mais presidenciais, já que se trata da força, voz e assim poderá ser ouvido fiscalização que o Poder Legislativo Foto: Jéssica Lília

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Ilustração: Henrique Carmo

tem sobre o Poder Executivo. Para ele, “o voto secreto nesse caso é importante para manter o equilíbrio entre as instituições e a liberdade de consciência dos legisladores sobre determinadas leis, além de evitar pressões e chantagens do governo sobre os parlamentares”, destaca.

Todos contra um A busca pelo fim do voto secreto não se limita à PEC 20/2013. Em 2011, deputados de diversos partidos criaram a Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto com o mesmo objetivo: pressionar o Legislativo e garantir a aprovação das votações abertas em diversos contextos. Existem PECs, por exemplo, que pregam o fim do sigilo de voto em caso de cassação, decretação de perda de mandato de parlamentar, aprovação ou exoneração de autoridades. A Proposta de Emenda à Constituição mais antiga sobre o tema é de 2001, apresentada pelo ex-deputado e ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury (PTB). Em 2006, ela foi aprovada em primeiro turno pela Câmara e até hoje não voltou à pauta. Além disso, outras duas PECs aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) em 2010 seguem sem decisão Ciro e a colega Amanda participam de todas as manifestações políticas na capital federal final até hoje. 3

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ECONOMIA

TRABALHO

Quem são os trabalhadores da capital?

Homens e mulheres que trabalham no comércio, na construção civil e na agricultura contam suas experiências nas áreas que mais empregam no Distrito Federal >> Percy Souza

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Ilustração: Henrique Carmo

ditado popular diz que “o trabalho enobrece e dignifica o homem”, mas não é apenas isso: ele movimenta a economia e gera renda para milhares de famílias. No Distrito Federal, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), existem atualmente 1,25 milhões de trabalhadores. Para conhecer um pouco mais sobre essas pessoas, o Artefato foi às ruas e conversou com gente que trabalha na lavoura, na correria de um shopping ou em meio à papelada de um órgão público. Catarino Luiz de Lima, 52, ou apenas Luizinho - como ele prefere ser chamado, nasceu na cidade mineira de Araxá. Aos 12 anos mudou-se com os pais e dois irmãos para uma chácara na área rural de Brazlândia. Nesse pedaço de terra medindo cerca de 800 metros quadrados, Luizinho aprendeu a plantar feijão, mandioca e milho. É dessa forma que o agricultor mineiro ganha a vida. De acordo com o IBGE, assim como Luizinho, outras 22 mil pessoas ganham a vida nas lavouras do DF. “Fui ensinado desde menino que a terra

pode ser uma ótima fonte de sustento. Levo isso para toda vida e ensino para o meus filhos”, afirma. Porém, a vida de agricultor também tem seus problemas. Luizinho reclama da grande quantidade de roubos a chácaras, que vem ocorrendo na localidade. “Os bandidos gostam muito de roubar o maquinário usado no plantio .Volta e meia fico sabendo de um vizinho que teve o lote invadido”, relata. Em meio a betoneiras, tijolos e cimento, o servente de pedreiro Cássio Araújo, 25, tira uma pausa para apreciar a marmita do dia. No cardápio: arroz, feijão carioca, carne de porco frita e chuchu refogado. “O almoço é a hora do dia mais esperada por um peão de obra”, brinca. O jovem morador de Ceilândia começou a trabalhar em obras aos 16 anos e, hoje, é uma das 79 mil pessoas que trabalham na construção civil aqui no DF, segundo informações da Codeplan. “Ajudei um vizinho a erguer um muro e gostei do serviço, desde então vi que tinha jeito pra esse tipo de trabalho”, conta. Araújo recebe cerca de R$ 600, além de cesta básica e vale-transporte.

Entretanto o rapaz revela que sonha com salários melhores, mas a falta de estudos atrapalha.“Estudei só até a oitava série e tudo que sei sobre construção eu aprendi na prática. Hoje em dia até para ser mestre de obras é preciso ter o segundo grau”, desabafa. Para o engenheiro civil Celso Bartes a falta de qualificação é uma questão que afeta tanto empregadores como empregados “As construtoras oferecem bons salários e benefícios, porém é preciso que o trabalhador se qualifique. Não basta saber rebocar bem uma parede, é preciso ter uma noção geral da obra”, explica. Memorandos e vitrines Brasília possui atualmente 199 mil servidores públicos distribuídos entre os governos local e federal, segundo dados da Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), realizada em março. Sandra Bueno, 32, funcionária da Secretaria de Cultura do DF há oito anos, conta que buscou o serviço público não apenas pela estabilidade: “Queria um emprego que pagasse o suficiente pra eu bancar a minha faculdade e também que oferecesse uma carga horária de trabalho flexível”. Além disso, a servidora acredita que o trabalho em um órgão público não é sinônimo de monotonia. “Tudo depende da forma como você encara as suas tarefas e as demandas que surgem. Eu trabalho em um setor que lida diretamente com artistas da cidade, então a cada dia é uma nova história, um novo aprendizado”, relata. Quem trabalha no comércio representa 20% do número de trabalhadores do DF, o que corresponde a 246 mil pessoas, de acordo com os dados da PED. Esses comerciários estão distribuídos em

centros comerciais, lojas de rua e feiras . “O grande diferencial do comércio em relação aos demais setores da economia está na diversificação dos locais de trabalho e dos produtos oferecidos, o que resulta também em um profissional mais versátil e antenado com as tendências”, explica o economista Jorge Macedo. A vendedora Débora Martins, 22, trabalha numa loja de roupas masculinas em um shopping na Asa Norte há oito meses. A jovem conta que trabalhar no comércio é cansativo, apesar disso, ela elogia o trabalho. “Tem muito cliente mal educado, às vezes dá vontade de largar tudo e sair correndo, mas em compensação o comércio faz com que conheçamos pessoas diferentes a cada dia, além de oferecer uma variedade de atividades”, comenta. Novo cenário Para o economista Leon Nascimento, a economia do Distrito Federal se diversificou nos últimos anos e o setor privado ganhou espaço. “Nos últimos 20 anos o número de estabelecimentos comerciais triplicou. Até mesmo a indústria, mesmo que em pequenos índices, vem aumentando a participação no mercado, e isso ajuda dar equilíbrio na economia, pois não ocorre uma grande dependência de apenas um setor”, explica. O especialista completa e afirma que o crescimento da iniciativa privada tem outro forte papel no setor econômico: “O comércio,a construção civil e o setor de serviços têm como função absorver boa parte da mão de obra de uma cidade. Não podemos ter uma economia dependente apenas de um única atividade, como o serviço público, por exemplo”, comenta.

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LAZER

CIDADES CIDADES

Infográfico: Henrique Carmo

Procuram-se parques de verdade No DF, a maior parte deles está apenas no papel e aguarda construção de estrutura física >> Lane Barreto

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uem procura uma área de lazer com árvores, pista para caminhadas e ciclismo, recreação para crianças e aparelhos de ginástica, deveria encontrar esta estrutura nos 72 parques administrados pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) distribuídos na cidade. Mas, a realidade é outra: apenas 14 deles, sob gestão do órgão, estão em condições básicas de funcionamento. Em igual situação estão o Parque da Cidade, no Plano Piloto, e o taguaparque, em Taguatinga. Porém, são administrados por suas cidades. Frequentador do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o servidor público Fernando Salgueiro considera ruim a estrutura básica do local para os frequentadores. “Ele é um dos principais do DF e deveria ser a vitrine da cidade, mas acabou se tornando numa vitrine trincada e esquecida”, comenta. O Parque da Cidade é um dos principais locais de lazer da capital. Além das pistas para caminhadas e corrida, o lugar dispõe de restaurantes, bosques com churrasqueiras, parques infantis e um centro hípico. Salgueiro reclama da falta de manutenção e conta que não se arrisca a usar os banheiros de lá. “A situação é precária, falta investimento e o poder público faz muita propaganda e toma poucas ações”, afirma.

rh) iniciou em junho de 2011, nas comemorações da Semana do Meio Ambiente, o programa Brasília, Cidade Parque. De acordo com a Secretaria, o projeto tem o objetivo de revitalizar 72 parques e 20 unidades de conservação que existem no DF. O secretário da Semarh, Eduardo Brandão, esclarece que a maior parte desses locais foram instituídos como parques, mas só existe no papel: “Cria-se um decreto estabelecendo uma poligonal e nada mais é feito. Muitas pessoas acreditam que esses locais são terrenos baldios”, explica. O programa utiliza o método da compensação ambiental para arrecadar recursos financeiros para as reformas e manutenção dos parques e áreas de conservação. “Quando é feita uma obra que gera impacto ambiental, é cobrado em torno de 1,5 % do valor do empreendimento da construtora”, explica Brandão. Segundo ele, a forma de pagamento pelas empreiteiras é definido com a própria Semarh, e a construtora pode utilizar os próprios funcionários para a execução da compensação ambiental. Ainda segundo o secretário, com a compensação ambiental, o recurso disponível para manuVerde esperança tenção e revitalização dos parA Secretaria de Estado do ques passou de R$ 1,5 milhão Meio Ambiente e Recursos Hí- por ano para R$ 100 milhões. dricos do Distrito Federal (Sema-

Além disso, existe a vantagem de não precisar de licitação para a contratação de empresas para a reforma, o que torna o processo mais rápido.

tempo, existe diferença de dia para visitação do público e dos associados. O local fica aberto à visitações em geral de terça a sexta, das 07h às 21h. Sábados, domingos e feriados, o horário de funcionamento é Parque e clube das 08h30 às 17h; porém, não é O Ibram disponibiliza, atualmente, permitida a entrada da comunidade, apenas um parque para a população apenas dos sócios do clube. O parque tem uma grande área do Núcleo Bandeirante, cidade que fica a 13 km de Brasília. O Parque verde, com duas quadras de esporRecreativo do Núcleo Bandeirante te, campo de futebol gramado e de está localizado no cruzamento da areia e playground. Para Mendonça, Estrada Parque Núcleo Bandeirante os finais de semana seriam os dias (EPNB) com a Estrada Parque Indús- em que as pessoas mais usariam o tria e Abastecimento (EPIA). O local local. “Nesses dias, eles cobram uma já foi um clube administrado pelo taxa para entrar e é fechado ao público. Não sei se isto está certo ou Serviço Social da Indústria (Sesi). Apesar de o local aparecer na errado”, critica. Ele ainda ressalta lista de parques em funcionamento que encontra o lugar aberto apenas fornecida pelo Ibram, alguns mora- no meio de semana. Por meio de nota o Ibram infordores da cidade não sabem que o acesso ao local é gratuito. “Eu não mou ao Artefato que, apesar de tinha conhecimento que era um ser o gestor do parque, o terreno parque aberto ao público, sabia da é do GDF e que a Administração existência do local, mas fiz a cartei- da cidade autorizou uma ONG adrinha e achava que tinha que pagar ministrar o local. Eles disseram ainpara frequentar”, diz o militar Pedro da que já existe uma ação na justiça Henrique Mendonça que mora no para resolver o problema. Mas que por enquanto, o local perNúcleo há um ano. Como é um local onde funciona manece aberto apenas aos asum parque e um clube ao mesmo sociados nos fins de semana. 5

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CIDADES

OPORTUNIDADE

Jovens da classe média trabalham menos Pesquisa da Codeplan aponta diferenças entre pessoas da mesma faixa etária em diferentes cidades

>> Yale Duarte

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Foto: Renata de Paula

esquisa sobre o perfil dos para ajudar a mãe com jovens brasilienses aponta as despesas de casa e diferentes índices na empregapagar a própria faculdabilidade entre a classe média de. “Eu trabalhava aos e a periferia. O Levantamento finais de semana porque realizado pela Companhia ainda fazia o terceiro de Planejamento do DF ano. Como eu precisa(Codeplan), divulgado em va, procurei o meio mais 2012, revela que pessoas enfácil, que era a empresa tre 18 e 24 anos que moram da minha prima”, comem bairros nobres da capital pleta. Depois desse petrabalham menos. Lago Sul, ríodo, Rayanne trabalhou Cruzeiro e Plano Piloto apreem quatro empresas de sentam o menor número de grande porte em Brasília. empregados nessa faixa etária. Ela conta que, após muiEm 2009, dados da Pesquisa to esforço, iniciou um Domiciliar Socioeconômica curso de graduação em (PEDS), realizada pela CodeCiências Contábeis, mas plan em 15 cidades do DF, ennão o concluiu. “Ajudava tre elas Gama, Brazlândia, Ceia pagar contas e comlândia e Samambaia, apontaprava comida, isso era ram que a população de baixa bom, mas trabalhar o dia renda correspondia a 250 mil todo e estudar à noite fihabitantes, sendo 25 mil jo- Aos 16 anos, Maria Isabel da Silva (à direita) é auxiliar de escritório no período da tarde cou muito cansativo. Tive vens entre 20 e 24 anos. Desse que desistir, já que não tinha outotal, 38% não trabalham e não es- Universidade de Brasília (UnB), a trabalhar por incentivo da tra opção de emprego”, afirma ela. tudam. Idade considerada adequada Marcello Barra afirma que a pesquisa escola onde estudo, mas uso o A pedagoga Abadia Guimarães para ingressar no mercado de tra- realizada pela Codeplan é muito meu salário para ajudar em casa”, balho, estudar para concursos públi- importante e o que se viu no DF não afirma a estudante. O que se viu no Distrito cos ou disputar uma boa colocação é exclusivo da região nem do país: é Alguns jovens se interessam em Federal não é exclusivo da dentro de uma empresa são algumas uma realidade mundial. “O trabalho começar a vida profissional mais cidade nem do país: é uma questões que incomodam quem está é central não só para entender, mas cedo por serem de famílias de bairealidade mundial iniciando uma carreira profissional. para construir outro modelo, outro xa renda, outros apenas pela liberRecém-formada em Direito, tipo de sociedade”, comenta. Em dade de ter o próprio dinheiro. A Marcello Barra Dayane Rodrigues, 23, moradora de relação às classes de baixa renda, empresa Serasa Experian, especialiVicente Pires, conta que apenas fez o sociólogo diz que há uma maior zada em divulgar dados a clientes trabalha em uma instituição de estágio obrigatório para concluir o exploração da força de trabalho. “A empresários, disponibilizou no site ensino superior em Taguatinga. curso de graduação. “O trabalho é classe burguesa retira mão de obra uma pesquisa a respeito da classe Ela conta que o ideal seria que os enobrecedor, mas tenho uma con- do trabalhador e o futuro desses média brasileira, que atinge 100 mi- jovens da periferia pudessem esdição confortável em que posso es- jovens acaba condenando-se à lhões de pessoas, sendo 32 milhões tudar primeiro. “O certo seria se colher entre estudar ou trabalhar. escassez”, conclui Marcello. jovens que moram no subúrbio. preparar para o mercado de traOpto por estudar”. Dayane tenta Desse total, nove milhões são tra- balho, mas sabemos o quanto é diingressar no serviço público desde fícil. Os estudantes acabam tendo Trabalhar ou estudar balhadores de baixa renda. que terminou a faculdade e deseja Auxiliar de escritório na Rayanne Oliveira Fernandes, 23, opções como a marginalidade e o entrar no mercado de trabalho ape- Universidade Católica de Brasília, vive essa realidade. Ela começou trabalho. E que venha o trabalho”, nas quando for aprovada. Maria Isabel da Silva, 16, trabalha há a trabalhar aos 17 anos em uma alerta a pedagoga. Sociólogo e professor da 11 meses na instituição. “Comecei empresa de decoração de festas 6

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CIDADES

Mais alguns quilômetros e força no pedal Uso da bicicleta no DF cresce entre quem tem mais informação: apesar do investimento em ciclovias, para especialistas, governo não tem interesse em campanhas de educação >> Elza Milhomem Heloíse Meneses

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agrela. Assim muita gente chama a bicicleta.Veículo leve que, comparado ao carro ou moto, não pesa no bolso de quem adere a um estilo de vida mais saudável e barato, sem enfrentar trânsito intenso. Engarrafamentos fizeram com que os brasilienses aderissem ao uso da bicicleta. O teórico e especialista em trânsito alemão HassKlau foi o criador do termo Verkehrsberuhigung, que traduzido para o português significa Acalmia de Trânsito - mais conhecido em inglês como Traffic Calming. Em 1990, ele desenvolveu estudos para uma política de moderação

no trânsito. A ideia é sugerir a redução da velocidade média dos automóveis nas áreas edificadas e o estímulo ao tráfego de pedestres, ao ciclismo, ao transporte público e à renovação urbana. Com isso, o sistema cicloviário fica mais acessível para uma parte da população que se interessa por esse novo conceito. O assessor de imprensa Nelson Araújo é ciclista há três anos e acredita que o Estado precisa ter mais intenção em promover políticas públicas de conscientização no trânsito para motoristas e ciclistas. “Assim como foi em Brasília na época da implantação da faixa de pedestres, tem de haver campanhas de conscientização e fiscalização sempre ativas”, declara. Há dois anos, Nelson trocou o ônibus pela bicicleta. Para ele, a decisão de pedalar se tornou um estilo de vida. “É divertido, prazeroso e econômico. Ganho tempo de locomoção no meu dia-a-dia e acho que todos deveriam pensar sobre isso para que aumente a consciência social e ambiental”, destaca. Segundo o GDF, o Distrito Federal possui mais de 227 mil bicicletas e 229 km de ciclovias Até 2014, todas as ciclovias serão ampliadas para 600km concluídas. Só em Foto: Sued Vieira

o da ma

CONSCIENTIZAÇÃO

2012, 150 km de ciclofaixas – sistema criado para ciclistas utilizarem em domingos e feriados – receberam investimentos de R$ 16 milhões nas regiões do Sudoeste, Recanto das Emas, Santa Maria e Ceilândia. A previsão do governo é ampliar de 229 para 600 km de ciclovias até o fim de 2014. O presidente da União de Ciclistas do Brasil (UCB) Arturo Alcorta explica que acontece atualmente no Brasil um rápido crescimento do uso da bicicleta como meio de transporte por pessoas que têm mais acesso à informação. Segundo os especialistas Horton, Cox e Rosen, em artigo científico divulgado pela Mobilize, o uso da bicicleta na Dinamarca e Holanda como meio de transporte é maior por aqueles que possuem carro. Para Arturo, não há interesse do governo em realizar campanhas educativas. “Nós acreditamos que apenas com insistência por parte dos ciclistas em cima do poder público é que conseguiremos resultados a curto e médio prazo”, destaca. A estudante Flávia Marra vai todos os dias de carro de casa até a universidade e acredita que muitos ciclistas não respeitam as regras de trânsito. “A maioria anda no meio da pista junto com os carros, atravessa a faixa de pedestres sem descer da bicicleta e muitas vezes não dá o sinal de vida”, reclama. Já Uirá Lourenço, ciclista há 10 anos, acredita que para melhorar o trânsito é necessário fugir da lógica rodoviarista (sistema apenas para automóveis) de transporte: “concedem cada vez mais espaço para o automóvel ampliando vias e

estacionamentos, mas é necessário lembrar-se da lógica humana da mobilidade saudável, que investe fortemente nos modos alternativos e não motorizados de transporte”. Uirá pedala desde a época da universidade. Hoje, a família usa a bicicleta para se locomover. “Foi natural passar a cultura da bicicleta para a minha mulher e aos meus filhos. Eles sabem da importância da pedalada, da praticidade e dos benefícios à saúde para nós e para os outros”, diz. Pedalando fora De acordo com a UCB, capitais europeias têm investido com sucesso no transporte por bicicleta. Amsterdã e Copenhague ostentam índices de mais de 30% dos deslocamentos para o trabalho feitos pela magrela. Segundo Uirá, no Brasil são necessários trajetos contínuos integrados ao transporte coletivo e vagas seguras e confortáveis para o estacionamento de bicicletas. “Isso inclui sinalização, educação, fiscalização entre outras medidas, como moderação de tráfego”, afirma. “Infelizmente, os governos na esfera local e federal não têm investido na necessária mudança de pensamento. Além de construir infraestrutura (ciclovia, por exemplo), é preciso mudar progressivamente os costumes, passar a valorizar os modos coletivos e saudáveis de locomoção”, pondera Uirá. Procurado pelo Artefato, o Comitê Gestor da Política de Mobilidade Urbana por Bicicletas, órgão do governo responsável por assuntos estratégicos relacionados a acessibilidade, não quis se posicionar. 7

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CIDADES

APAGÃO

Acabou a luz

Implantação de novas linhas energéticas é uma solução para quedas de energia frequentes em Brasília, porém apenas 10% das obras estão concluídas >> Henrique Carmo

Apagões A CEB afirma que o último grande apagão aconteceu em outubro do ano passado, porém pequenas quedas de energia vêm trazendo alguns transtornos. Na última tempestade ocorrida em abril deste ano, um dos prejudicados foi a equipe da rádio Ativa-FM, em Samambaia. Segundo Rener Lopez, um dos locutores da emissora, foram perdidos quase todos os equipamentos. Rener

Foto: Alessandro Alves

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a capital do Brasil, em plena preparação para os grandes eventos de 2014 e 2016, problemas com energia elétrica estão cada vez mais frequentes. Para tentar minimizar o problema, a Companhia Energética de Brasília (CEB), junto com o Governo do Distrito Federal colocou em andamento a implantação de linhas de distribuição de energia. Três linhas de alta tensão já foram entregues em Santa Maria, Riacho Fundo, (atenderá a Hípica e o Setor de Embaixadas Sul) e Sudoeste que levará energia ao Estádio Nacional. A CEB fará 11 investimentos, entre linhas de distribuição e novas subestações, que fazem parte de um pacote de obras estabelecido em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a realização dos jogos de 2014. Segundo a companhia, nem todas as obras são necessariamente para o Estádio. A maior parte vai reforçar a energia do DF. Segundo um relatório emitido pela Aneel em fevereiro deste ano, a CEB tem apenas 10% das obras concluídas. Das 11 obras prioritárias, uma está concluída e cinco estão atrasadas. Para oito obras, a CEB propôs novo prazo de conclusão.

Propaganda no Núcleo Bandeirante garante que a CEB está nos eixos. Empresa pediu mais prazo para oito obras

diz que o prejuízo não ficou só nos equipamentos. A rádio está fora do ar desde então, perdendo anunciantes e patrocinadores. A equipe da rádio já entrou com o pedido de ressarcimento de danos junto à companhia. O locutor não soube informar o valor do prejuízo. Para fazer o pedido é preciso entrar no site da CEB ou retirar o formulário em umas das agências da empresa. No documento devem ser informadas inclusive a data e a hora em que ocorreu a queima do aparelho. Devem também estar anexados ao pedido pelo menos três orçamentos, que servirão de base para a companhia ressarcir o prejuízo. O prazo para receber a indenização pode chegar a até 45 dias. Os prejuízos com a falta de energia também afetam os sinais de trânsito da cidade, causando transtornos nas pistas da capital. No começo

do mês de abril, um apagão na Asa Norte mobilizou o Detran para monitorar os cruzamentos da W3 Norte, porque semáforos ficaram desligados por toda a manhã e no início da tarde. A CEB informou que o fato foi causado por alagamento em uma subestação próxima, que fornece a energia local. Os problemas Por meio de nota ao Artefato, a CEB aponta como um dos problemas a arborização da cidade. Segundo a companhia, galhos frequentemente se encostam às redes, o que causa o desligamento. A empresa tem um programa de podas, porém não consegue atender a demanda. Um transbordamento na rede esgoto causou a inundação do transformador no Núcleo Bandeirante, o que causou uma queda de energia na região. A companhia

afirma que a maioria dos casos de falta de energia foge de seu alcance por se tratar de fatores externos. A empresa afirma que passou cerca dez anos sem investimentos necessários para acompanhar a demanda crescente do DF. O sistema ficou sobrecarregado, informa. Somente em 2011 projetos de melhorias foram retomados. Em 2012 o Governo do Distrito Federal fez um investimento de R$ 160 milhões na empresa. Em 2011, 2012 e 2013 foram gastos pela CEB quase meio bilhão de reais em reformas, ampliações e manutenção do sistema energético da cidade. Apesar desses valores, atualmente a companhia é considerada a terceira pior empresa do ramo do país, segundo ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgado em março. O ranking faz referência ao desempenho da companhia em 2012.

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VIAGEM

COMPORTAMENTO

Mochila nas costas e pés na estrada Em busca de aventuras e cultura, os mochileiros precisam levar coragem nas bagagens

>> Thyago Santos

iajar para descansar? Nada disso. Para quem pretende fazer uma viagem ao estilo “mochilão”, repousar é improvável. De acordo com a Sociedade Brasileira da Aventura (BAS, na sigla em inglês), mochileiro é a tradução do termo backpacker, atribuído ao fato de os viajantes usarem grandes mochilas. Segundo o BAS, o perfil dessa pessoa é o de alguém que busca gastar pouco, ir a lugares inusitados de maneiras incomuns, ter experiências raras e crescimento pessoal. No Brasil, existe um portal destinado especialmente ao mochileiro. A jornalista Claudia Severo de Almeida e o fotógrafo Silnei Andrade são os idealizadores e administradores do site, que existe Fotos: arquivos pessoais

Luzardo Alves conheceu a Patagonia Chilena em um mochilão que realizou sozinho.

Lúcio Domingues pedalou até Machu Picchu, no Peru. Percorria cerca de 170km por dia.

desde 1999. Segundo a jornalista, o site nasceu com a necessidade de um espaço mais dinâmico e interativo para a troca de informações entre usuários, que acontecia na revista eletrônica Mochila Brasil. “Oferecemos informações para viajantes, fornecidas por eles mesmos, além de um espaço de integração entre os interessados, sobretudo brasileiros”, afirma Claudia. Um dos usuários do portal é o bancário Luzardo Alves. O destino escolhido por ele foi a Patagônia Chilena, mais precisamente a cidade de Puerto Natales. A escolha do destino se deu por meio do site. “Eles fornecem toda a base, desde dicas do que levar até sugestões sobre onde ficar”, aponta o bancário. A preparação total da viagem que ele realizou sozinho levou cerca de três semanas, e a partida aconteceu em março de 2012. Para chegar ao destino, Luzardo embarcou em três aviões, um ônibus e um táxi, totalizando 24 horas de trajeto. “O objetivo da viagem era conhecer o parque ecológico Torres Del Paine. Como sou apaixonado por fotografia, não pude deixar de lado a câmera fotográfica”, conta. A objetividade e organização são características de um mochileiro precavido, e Luzardo se encaixa perfeitamente nessas duas. Ele conta que traçou tudo o que faria durante a viagem: os lugares que iria conhecer, o que faria e até os horários. “Decidi a minha rotina, os locais a que queria ir e quanto tempo gastaria neles. Cada dia foi planejado. O mochileiro precisa fazer esse planejamento, e não pode escapar dele. Orçar os gastos também é importante”, ressalta.

E não é só Luzardo que passou a viajar de forma independente. Apesar de não existirem dados concretos sobre o aumento de mochileiros, Claudia Severo acredita que houve um crescimento considerável desse tipo de aventureiro. “Se levarmos em conta os acessos ao site, o número de blogs pipocando sobre o assunto e o interesse das pessoas nas comunidades relacionadas, podese afirmar que sim, aumentou. Mas não podemos falar em números”, comenta a jornalista. Sobre duas rodas Há quem prefira dispensar os modos tradicionais de viajar. É o caso do segurança Lúcio Domingues. Em junho de 2012, se uniu a três amigos para ir de bicicleta até Machu Picchu, no Peru. O trajeto foi planejado durante três anos. Começou em Brasília e chegou ao fim após 27 dias. Pedalando com mais dois amigos e ajudados por outro em uma caminhonete, eles seguiram por uma

rota que passou por locais como o Pantanal e a Bolívia. Percorriam cerca de 170 km por dia. Rapadura diluída na água e sanduíches eram refeições constantes. As despesas da viagem, incluindo alimentação, estadia para dormir, gasolina e os gastos de todos os integrantes, totalizaram R$ 10 mil, patrocinados pela seguradora na qual trabalham. Durante o trajeto, o único problema de saúde foi um mal estar no fígado causado pela mudança na alimentação. Lúcio levou apenas alguns casacos na bagagem, mesmo indo a uma região com baixas temperaturas. “Às vezes a gente dormia com a roupa de frio que usávamos para pedalar, e mesmo assim ainda sentíamos frio”, lembra. O segurança conta que conheceu muitas pessoas e recomenda esse tipo de experiência. “Acho que quem puder fazer deve tentar sim. Foi uma experiência única. Vi muitas coisas e passei por momentos que vou levar por toda a vida”, constata.

Como se preparar para um mochilão? Conheça minimamente o linguajar do local Pesquise os principais meios de transporte e valor das hospedagens Crie um roteiro dos locais que irá visitar Ilustração: Henrique Carmo

V

Tenha diferentes formas de efetuar pagamento (dinheiro e cartão) Reúna o máximo de informações sobre o lugar Compare preços e economize o máximo possível 9

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COMPORTAMENTO

MODA

Glamour do fast fashion Lojas de departamentos investem em coleções exclusivas de grifes e estilistas famosos para atrair consumidores >> Ana Carolina Alves Dayane Oliveira

omprar uma peça ou acessório daquela grife badalada ou de um estilista conceituado parece fora de questão? Pois essa é a forte aposta do varejo de moda fast fashion, que, com a estratégia, permite que os clientes tenham acesso a produtos de prestígio com preços mais populares. No Brasil, a Riachuelo e a C&A são as principais lojas que investem nessas linhas exclusivas. A primeira já lançou peças produzidas por personalidades da moda, como Cris Barros, Marcelo Sommer, Thaís Gusmão e a grife Daslu. A segunda, já firmou parceria com Reinaldo Lourenço, Glória Coelho, Stella McCartney e as grifes Santa Lolla e Maria Filó. Para o produtor de moda Marcus Barozzi, a intenção dessas criações é trazer a assinatura, as cores, a modelagem e o estilo dessas marcas para um público novo.“É necessário observar o life style das pessoas. Essas coleções aliam o desejo que o consumidor tem de se aproximar das marcas com o da loja de promover as vendas”, afirma. Um estudo realizado pelo Ibope Inteligência prevê que cada brasileiro, neste ano, gastará cerca de R$ 800 no setor de vestuário, 18% a mais que no ano de 2012, quando a estimativa de valor foi de quase R$ 700. A pesquisa também aponta que as classes sociais B e C detêm o maior poder de consumo: 40% cada, o que representa um total de mais de R$ 100 bilhões juntas. Segundo pesquisa feita pela eCGlobalNet, rede na qual

con-sumidores discutem sobre serviços, consumo e produtos na internet, a preferência por comprar em lojas de departamento foi observada em 30% dos 2.180 internautas brasileiros entrevistados. A variedade de roupas encontradas nesses locais foi o principal fator para esse resultado. Essas lojas, geralmente, trabalham com o fast fashion (moda rápida, em tradução literal), ou seja, a produção contínua e em grande escala de coleções de roupas diferenciadas em um curto período de tempo. O estilista Romildo Nascimento diz que o diferencial de se criar uma coleção para lojas fast fashion é que ambas as partes saem ganhando. “O estilista tem seu produto consumido por pessoas que não tinham acesso à marca e as lojas levam peças diferenciadas ao seu cliente”, ressalta. Segundo o profissional, esse público não busca somente produtos baratos, mas também um valor agregado naquilo que compra e a possibilidade de exibir status adquirido. De acordo com a especialista em design de moda Aline Sanromã, a procura por produtos em lojas de departamento realmente tem crescido nos últimos anos. “Quem disse que para se vestir bem é preciso gastar muito? Creio que é essa a questão que motiva estilistas e grifes a criarem para as lojas”, afirma. Ela também diz que é necessário avaliar a conjuntura econômica do país. “Mais emprego, melhor renda e o surgimento da nova classe média são indicadores importantes

porque o público se torna mais consciente sobre a moda, mas ainda não tem total poder aquisitivo para adquirir peças de grife”, completa.

Foto: Priscila Suares

C

A moda é baratear Por que esses produtos têm um preço tão inferior se comparado aos originais? A diferença está na escolha dos tecidos e materiais que são usados para a confecção das peças. Uma camisa, que em determinada grife seria de seda, por exemplo, pode ser vendida com modelo similar, mas feita de poliéster. “O consumidor terá acesso a um produto com referência de moda e que talvez não conseguisse adquirir de outra forma. Entretanto, Mudança rápida de coleções é o diferencial em nem sempre com qualidade, lojas fast fashion justamente pelos tecidos e acabamentos utilizados”, revela Aline Sanromã. A especialista ainda reforça A Santa Lolla, grife que comercializa sapatos, bolsas que para aproveitar as coleções, e acessórios criou, recentemente, uma coleção a dica é não comprar tudo o exclusiva para a C&A. Abaixo, está um comparativo que se vê pela frente e sim de preços entre seus produtos originais e alguns optar por peças-chave como modelos similares confeccionados especialmente casacos e blazers, que têm sido para a loja de fast fashion. destaque em muitas linhas exclusivas. Também lembra que Sapatilha vermelha com tachas dourada é importante provar tudo, pois, Grife – R$ 199,90 Fast Fashion – R$ 79,90 quando exposto, o produto Sapato preto e estampa animal print pode ser lindo, mas não vestir Grife – R$ 309,90 Fast Fashion – R$ 99,90 tão bem. “Não seja só um consumidor da moda. Seja um Bota preta com spikes “antenado”, principalmente, Grife – 389, 90 Fast Fashion – 209,90 com a moda que mais se adapta ao seu corpo, ao seu estilo de Bolsa vermelha com detalhes dourados vida. Assim fica mais fácil fazer Grife – 319,90 Fast Fashion – 159,90 uma boa compra, seja de grife ou em fast fashion”, conclui.

De olho nos preços

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CUIDADOR

COMPORTAMENTO

Profissão: babá de animais >> Nayara Viana Walquíria Reis

Foto: Priscila Suares

onos de bichos que não encontram a possibilidade de levar o animal na viagem ou passeio, podem ter dúvidas sobre onde e com quem deixá-lo. Para solucionar o problema, surgiu uma nova profissão - pet sitter - profissional que oferece serviço domiciliar de cuidado e companhia para o animal de estimação. É possível manobrar as necessidades deixando os bichos com algum amigo ou parente mais próximo, ou levar consigo em viagens, mas cada animal tem seu temperamento e costumes, o que pode gerar frustrações para o próprio pet ou para quem fica com ele. “Isso pode até mesmo estimular agressividade, provocar medo no animal ou afetar sua saúde se ficar com alguém sem conhecimentos necessários”, é o que afirma Renato de Couto, 25, que trabalha com psicologia canina há sete anos e há dois, incluiu os serviços de pet sitter em sua empresa. Entre as vantagens do serviço de pet sitter está a de “manter o animal em sua residência, evitando assim, possíveis frustrações nele como também falta de vagas ou preços mais altos em hotéis para animais”, explica Renato. São executados serviços básicos de alimentação, repouso e higiene, passeios recreativos e alguns oferecem adestramento. A personalização de atendimento reduz também possíveis riscos de saúde ao pet, mantém a rotina criada pelo proprietário, além de oferecer cuidados especiais para filhotes e animais idosos . A solução é interessante, mas é necessário atenção ao contratar um pet sitter: “Infelizmente, o mercado brasiliense não analisa muito o currículo nesses serviços, dando oportunidade para amadores, o que é arriscado”, alerta Renato. Para ele, ficar com o animal ou entrar na casa dos donos, é preciso atender a requisitos. “Essas pessoas

podem se utilizar de má fé para entrar na residência ou na falta de conhecimento, prejudicar a saúde deles”, complementa. Renato desenvolve o trabalho com cães, mas existe pet sitters para diferentes animais de estimação. Lohraine Fagundes, além de cachorros atende aves, tartarugas, peixes, mas afirma que a demanda maior é para cuidar de gatos. Ela começou a oferecer os serviços de cuidadora há um ano e descobriu a atividade por meio da irmã, Sofia Bethlem, que é adestradora. “Eu estava precisando de dinheiro e foi quando a minha irmã deu a ideia” conta. Juntas, elas abriram uma empresa que atende clientes em todo o DF. Mas antes de oferecer os serviços, as profissionais se especializaram na área. Isabela Gusmão e o sócio Saulo Magalhães também trabalham como pet sitters. Eles abriram um serviço especializado para animais há seis meses no Plano Piloto. “Nós fazemos uma primeira visita até a residência com a intenção de conhecer o animal e levantar dados sobre ele em um cadastro que é preenchido pelo cliente”, esclarece Isabela Gusmão. Após o primeiro Para ser um cuidador, Renato aconselha cursos preparatórios e amor por animais contato para identificar a raça, idade e costumes do mascote, os cuidadores voltam à residência e atendem o animal Segundo Renato, em sua empresa esse de acordo com suas necessidades. serviço pode faturar mensalmente até Os interessados em encontrar um R$3 mil, principalmente em meses de O negócio cuidador disponível também podem Existem passeadores, hotéis e creches muitos feriados. recorrer a um serviço na internet. O Renato aconselha quem deseja para animais de estimação,mas o serviço www.pethub.com.br já existe há dois de pet sitter tem sido popularizado e entrar na profissão: “Procure atuar anos e usuários podem se cadastrar se revela como oportunidade para incialmente junto à pessoas que já tanto para contratar um profissional empresários que investem em cursos trabalham na área, recebendo pouco quanto para oferecer trabalho. profissionalizantes. A tendência dessa ou mesmo nada pelo conhecimento”. Para saber mais sobre o trabalho profissão veio dos Estados Unidos e Ele defende a ideia de que livros e oferecido por: Renato, acesse: www. internet ensinam muito, mas que a conquistou o público brasileiro. seuamigao.com.br As diárias cobradas por um “cuidador prática é fundamental. Por enquanto, Lohraine Fagundes: (61) 8205-8010 de animais”, termo mais conhecido no os “babás de animais” não estão Isabela Gusmão e Saulo Magalhães: Distrito Federal, variam de R$20 a 60, enquadrados em uma categoria 9866-0407 conforme a localização, horas e funções. profissional específica perante a lei.

Foto: Luma Soares

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Para quem não tem onde deixar o bicho de estimação na hora de passear ou trabalhar, o serviço de pet sitter é uma opção

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COMPORTAMENTO

DIREITOS HUMANOS

Fé sem preconceito >> Michelle Brito Samita Barbosa

Há mais de oito anos, igrejas inclusivas no DF recebem gays, lésbicas e transgêneros. Os pastores pregam o respeito ao próximo e o valor à estrutura familiar Foto: Samita Barbosa

E

m meio à variedade da vida noturna do Conic, – bares, cinema, casas noturnas – de quarta-feira a domingo templos religiosos denominados igrejas inclusivas recebem gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros. Estabelecida em 2005, pelo professor e pastor Ivaldo Gitirana, a Comunidade Athos é a primeira de Brasília direcionada a acolher as minorias sexuais: “A nossa estrutura não é diferente das demais. Temos cultos, liturgias e pessoas que buscam a Deus”, explica. A Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado mais de 50 fiéis. Quem dirigia o culto era a pastora Márcia Dias. Os que escutavam eram casais como Jociano Barros e Eder Freitas. Há sete anos Eder convidou seu companheiro, Jociano, para conhecer o local, que tem como slogan A igreja que valoriza a sua identidade. Jociano já foi católico e revela: “Eu participava de tudo, mas não era permitido fazer o ato mais esperado ao fim da missa: comungar. Aceitei conhecer a igreja inclusiva, pois aqui sou tratado como qualquer outro membro”, conta. Pastor e teólogo, Alexandre Feitosa é casado com Jean Charles há dois anos. Juntos

O pastor Alexandre Feitosa prega na Comunidade Apascentar localizada no Conic. Os cultos acontecem às quartas 19h30, e aos domingos às18h

eles organizam os cultos, a escola bíblica e o aconselhamento pastoral da Comunidade Cristã Inclusiva Apascentar, também localizada no Conic. “A teologia inclusiva nasceu para, biblicamente, inserir essas pessoas na igreja por meio de um novo entendimento dos textos bíblicos”, explica Alexandre. No culto, realizado aos domingos, os fiéis cantam músicas religiosas e escutam algumas passagens da Bíblia. Além das atividades internas, os

É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora, ora. Precisamos conhecer para aprender a lidar com todas estas diferenças Ivaldo Gitirana

participantes também organizam evangelizações em bares, quiosques do Parque da Cidade e casas noturnas. Distribuem panfletos, convidam para o culto ou oram com as pessoas. Segundo Ivaldo, “muita gente adentra o espírito ‘evangeliquês’ e se esquece de lutar pelos direitos humanos. A nossa liderança tem que sair do quadrado do templo, ir além da parte imaterial. Pois o espiritual acrescenta todos os outros pontos”, destaca. Filha de pastor evangélico, a psicanalista Maria Machado* frequenta a Comunidade Apascentar com a esposa Rose Andrade*. Ela conta que, mesmo

depois de se assumir homossexual aos 18 anos, manteve um casamento heterossexual durante 13 anos. “Meu pai era pastor missionário e, claro, não aceitou. Ele quis me expulsar de casa, mas minha mãe não deixou”, revela. Maria assumiu sua sexualidade e, hoje, mantém união estável com Rose. Elas realizaram a cerimônia religiosa em uma igreja inclusiva de São Paulo. Dimensão familiar Dados do censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em Brasília, 1.241 pessoas declararam que dividem

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a mesma residência com cônjuge ou companheiro do mesmo sexo. Nacionalmente esse número chega a 60 mil. Alexandre e seu companheiro, Jean, já frequentaram igrejas tradicionais. Jean, inclusive, já foi casado com uma mulher, com quem tem um filho. “Dentro das igrejas tradicionais você é pressionado a mudar. Muitos homossexuais vivem um casamento frustrado por causa desta pressão”, revela. No que diz respeito à relação entre a Comunidade Apascentar e os atuais movimentos pelos direitos da comunidade LGBT, Alexandre e Jean enfatizam: “Temos uma ressalva com essa militância. Pessoas seminuas, se beijando em passeatas gays, não estão nos representado. Haverá preconceito enquanto a comunidade agir como promíscua”, destaca. A igreja condena a promiscuidade e o adultério. “Defendemos os valores éticos, a família e a união estável”, afirma Jean. O Pastor Ivaldo Gitirana também se casou com seu companheiro Douglas Santos. Ivaldo foi seminarista em 2001. Lá confessou sobre a sua afetividade quando estava em formação. “Ser padre era meu sonho. Estava apaixonado, confessei a respeito e a decisão foi a minha retirada”, conta. Ivaldo saiu do seminário,

Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos completos. Expressar a religião faz parte disso José Zuchiwschi

COMPORTAMENTO

Foto: Allan Viríssimo

Foto: Samita Barbosa

8h

DIREITOS HUMANOS

Com o slogan A igreja que valoriza a sua identidade, a Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado cerca de 50 fiéis

aprofundou-se nos estudos litúrgicos no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) e trouxe para Brasília o conceito de teologia inclusiva e o método histórico crítico, modo de interpretar a Bíblia. “É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora e ora. Precisamos conhecer para aprender a lidar com todas estas diferenças” adverte. ICM no Brasil As Igrejas inclusivas surgiram no final da década de 1960 a partir da Igreja Comunidade Metropolitana (ICM) nos Estados Unidos. Este

ano, completaram 10 anos de inserção no Brasil. O objetivo é acolher as minorias sexuais e promover a integração saudável da sexualidade e da espiritualidade LGBT à comunidade em geral. “Nós acreditamos que, assim como está escrito na Bíblia, Deus não faz interpretação de pessoas. E isso nos proporciona aprofundar nos estudos bíblicos, de maneira que não encontramos flechas que possam ser atiradas contra nós”, explica Ivaldo. A ICM se espalhou por vários países e foi responsável, a partir de 2000, pela criação de igrejas

inclusivas em vários estados do Brasil. O especialista em gestão e direitos humanos e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Zuchiwschi visitou, nos Estados Unidos, igrejas inclusivas na década de 1990 e acompanha os movimentos sociais em prol dos direitos humanos. “Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos completos. Ter direito de expressar a religião faz parte disso” esclarece o professor. * Nomes fictícios

Desafios da comunidade LGBT Fábio Oliveira administra o site, a página do facebook e o twitter da Comunidade Athos. Além dos pedidos de orações, Fábio já recebeu recados como: “Vocês não têm vergonha de sujar o evangelho?”. As conquistas dos homossexuais são recentes no Brasil. Há três anos o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. E, atualmente, se discute a diminuição da maioridade para realização de cirurgia de mudança de sexo. Segundo Zuchiwschi, “o Brasil tem um grande atraso na legislação que diz respeito à gays, lésbicas e transgêneros em relação a outros países”. Ele afirma que a sociedade brasileira influencia nessas decisões e que deve haver “um diálogo para o conhecimento com caráter pedagógico para conscientizar as pessoas”. 13

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COMPORTAMENTO

DISCRIMINAÇÃO

Barreira para portadores do HIV Preconceito gera isolamento social e inibição na busca por tratamento eficiente >> Robson Abreu Samanta Lima

pesar dos avanços nas políticas de prevenção e assistência aos portadores do HIV, no Brasil o preconceito ainda é um desafio para cerca de 500 mil pessoas diagnosticadas com o vírus, conforme dados divulgados em 2012 pelo Ministério da Saúde. De acordo com o psicólogo Marcelo Trindade, a discriminação está diretamente ligada ao medo e ao desconhecimento das formas de infecção. “Mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus a uma sentença de morte. Acham que a contaminação é algo distante da realidade”, explica. O psicólogo relata que a pessoa que convive com o vírus ou que tem a doença, na maioria das vezes, não sabe lidar com o diagnóstico, o que gera a exclusão da vida social e o isolamento familiar. “Geralmente o preconceito contra os soropositivos ocorre primeiro na família e no mercado de trabalho. Muitos morrem não devido à síndrome, mas sim de doenças psicossomáticas, por se sentirem só, depressivos. Com isso, eles se auto discriminam”, afirma Marcelo. O cabelereiro Alex Viana*, portador do HIV há 13 anos, afirma que precisou aprender a lidar com o preconceito, principalmente na família. Depois de sofrer a primeira pneumonia, a mãe decidiu separar todos os talheres, copos, roupas de cama e até móveis. “Não era por falta de informação, ela era uma pessoa esclarecida. Dizia que era para me proteger de outras doenças, mas com aquela atitude tinha vergonha de mim”, desabafa.

Direitos adquiridos O projeto de lei 6124/2005, em tramitação no Senado, toma crime a discriminação de pessoas que vivem com o vírus. O PL prevê punições que podem chegar a quatro anos de reclusão, além de multa. Para a advogada Fernanda Andrade, a medida é bem vinda, mas só será exercida quando o cidadão aprender a respeitar o soropositivo. “O ideal seria não precisar da lei, porém a sociedade não é madura o suficiente para O carinho doado às crianças ajudam na superação do preconceito contra o vírus da doença entender que a aids é uma doen- empresa dois meses após avisar Nove vivem na casa e cerca de 40 ça crônica e que o paciente pode que sou portador. Haviam pro- famílias recebem assistência em viver bem”, ressalta. posto que eu assumisse a gerên- medicamentos, alimentos e acomA proposta foi apresentada pela cia do local, mas, depois da reve- panhamento médico. O objetivo da ex-senadora Serys Slhessarenko lação, me demitiram”, relata. ONG é proporcionar estabilidade (PT – MT) e, após ser aprovaàs crianças incentivando a superada na Câmara, voltou ao Senado Crianças acolhidas ção do preconceito e inserindo os porque sofreu alterações. A mais Há seis anos, Vick Tavares abriu portadores do vírus na sociedade. polêmica é a possibilidade de en- mão do ateliê de costura para Vick adotou uma das delas, quadrar como crime a demissão criar a instituição Vida Positiva, Cláudia*, 9, que luta contra a disou exoneração de funcionários que acolhe crianças e adolescen- criminação desde pequena, como em razão da sorologia. O defen- tes com aids. O local, na 711 Sul, conta a mãe. “Um dia cheguei à sores do projeto alegam que é é repleto de amor e carinho, vin- escola e ela estava isolada dos essencial manter esse inciso, pois dos de uma mulher que há mais outros meninos. Ela havia concoíbe ações de assédio moral de uma década convive com his- tado que tinha o vírus. Hoje ela cometidas pelas empresas con- tórias marcantes. está em outra escola, que a restra soropositivos, como o caso Atualmente, 17 meninos e meni- peita, mas não comenta sobre o de Alex. “Fui demitido de uma nas são assistidos pela instituição. HIV”, diz Vick. Foto: Raíssa Meirelle

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Hoje, mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus a uma sentença de morte Marcelo Trindade

*Nomes fictícios

Visite o blog para mais informações do instituto Vida Positiva: www.vibraçoespositivashiv.blogspot.com.br

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SAÚDE SAÚDE

RISCOS

Gravidez que se torna um trauma

Na pré-eclâmpsia, a pressão sanguínea é elevada, o feto para de se desenvolver e quando evoluída pode levar à morte da mãe e do bebê >> Dayanne Teixeira

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A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia continuam sendo a primeira causa de morte materna no Brasil Ministério da Saúde Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pré-eclâmpsia é um distúrbio que afeta cerca de 5% das mulheres grávidas. A psicóloga Isabella Mendonça conta que já atendeu à muitas mães vítimas da síndrome: “Elas sempre chegam muito abaladas. A maioria perdeu o filho, então temos que curar uma depressão causada pela perda e o trauma de ter uma possível pré-eclâmpsia em uma futura gestação. Não é um tratamento fácil ou rápido”. A ginecologista e obstetra, Edina de Macedo Fontes, afirma que a doença não é muito conhecida, portanto, as mulheres só ficam sabendo sobre ela quando a desenvolvem, Para informar e auxiliar, o Ministério da Saúde distribui desde 2010 o Manual Técnico da Gestação de Alto Risco. De acordo com a médica, o motivo exato da síndrome ainda é desconhecido. “Não existem certezas nesse

assunto, mas as possíveis causas incluem doenças autoimunes, problemas nos vasos sanguíneos e genes”, explica. Ela também relata que, entre os fatores de risco, estão a primeira gestação ou gestação múltipla, como gêmeos, obesidades, gravidez em idade superior a 35 anos e históricos anteriores de diabetes ou doença renal. Para detectar o distúrbio são realizados testes físicos, laboratoriais e monitoração da saúde do bebê. Segundo a doutora Edina Macedo, as mulheres diagnosticadas com síndrome não se sentem doentes. “Existem variados níveis da doença. Na grave, a gestante pode apresentar dores de cabeça que não cessam facilmente, dor abaixo das costelas, na região da vesícula biliar, ou, ainda, quando o bebê chuta”, explica. Além disso, a redução do fluxo de sangue para a placenta pode restringir o desenvolvimento da criança. “A única forma de curar a pré-eclâmpsia é realizando o parto”, completa. De acordo com o Ministério da Saúde, quando diagnosticada, a mãe passa a tomar medicamentos para controlar a pressão arterial e evitar convulsões e injeções de esteroide após 24 semanas, para ajudar a acelerar no desenvolvimento dos pulmões. Bruna Morais, 27, teve pré-eclâmpsia em duas gestações: “Minha primeira gravidez foi tranquila. Não tive problema algum, mas quatro anos depois, na minha segunda, senti fortes dores e perdi minha filha aos oito meses de gestação”. Ela relata que esperou seis anos para engravidar novamente: “Eu estava esperançosa. Minha pressão estava baixa, só que com 26 semanas comecei a perder líquido e minha pressão subiu novamente. Meu bebê nasceu com 28 semanas. Após cinco dias na UTI ele faleceu”. Ela comenta

que o pior de tudo foi não conseguir ver o filho, pois estava em estado grave, decorrente da síndrome. A tia de Bruna teve pré-eclâmpsia em duas gestações e eclâmpsia em uma.

para realizar o tratamento. “Senti os efeitos da doença durante o resguardo. Teve uma vez que minha pressão ficou 20/18 e fiquei temporariamente cega”, explica. Ela ainda comenta que, mesmo com todo o trauma, sempre quis ter dois filhos. “Pesquisei bastante sobre o que poderia ocorrer numa segunda gravidez. Eu tenho pavor de que aconteça algo”. Hoje, aos 33 anos, Andréa está no oitavo mês de gestação e a gravidez está ocorrendo sem nenhum problema ou sinal de pré-eclâmpsia. Ela toma remédios para prevenir a pressão alta.

Final Feliz Com uma pressão arterial de 9/5, Andréa Cassese engravidou aos 28 anos. Aos cinco meses de gestação ela começou a inchar. Aos seis, foi percebido que o desenvolvimento do bebê estava estagnando. “Fui para a consulta do sétimo mês. Estava completando 30 semanas e me sentia muito bem. Meu bebê não mexia muito, mas achei que fosse normal. Durante minha pré-avaliação, minha pressão estava 13/9. O médico juntou tudo e diagnosticou a pré -eclâmpsia”, relata. A criança estava desnutrindo. A placenta não passava nutrientes. “Primeiramente o parto seria feito para salvar meu filho. O medo é de que ele estivesse em sofrimento fetal”, conta. O quadro mudou quando a pressão da mãe estava 18/16 e o risco era de que ela morresse. “Meus rins pararam. Meu médico falou para meu marido que teriam que escolher entre eu e meu filho”, lembra. Andréa teve hemorragia após o parto, então a pressão começou a igualar. Seu filho Gabriel ficou 45 dias na UTI. Ela teve anemia forte e ficou algumas vezes internada Andréa afirma ter superado o medo de engravidar

Foto: Adriana Braga

anho de peso, inchaço, dores de cabeça, insuficiência urinária, dores abdominais e alterações na visão são sintomas que, se apresentados a partir do quinto mês de gestação, ou seja, 20 semanas, são preocupantes. Podem ser resultado da pré-eclâmpsia, uma doença em que a gestante desenvolve hipertensão e proteína na urina, a proteinúra. De acordo com o Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia estão entre as primeiras causas de morte materna no Brasil e determinam o maior número de óbitos perinatais, além do aumento significativo de recém nascidos com sequelas.

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DESCANSO

SAÚDE

Dormir mal prejudica a saúde >> Rayanne Alves

Distúrbios do sono afetam desde crianças a idosos e podem ir além de uma noite mal dormida

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m sono considerado normal é aquele em que uma pessoa descansa, física e mentalmente, e acorda preparada para as atividades cotidianas. Segundo especialistas, crianças precisam de aproximadamente 14 a 16 horas de sono por dia. Adolescentes precisam de mais ou menos nove horas diárias e adultos, de seis a oito horas. No entanto, nem sempre é assim que acontece. Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012 aponta que cerca de 40% da população mundial e 43% da brasileira sofrem com algum distúrbio ou síndrome relacionada ao sono. Entre os problemas mais comuns estão a insônia e a apneia do sono. Nesta última, o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme, causadas por obstruções na passagem do ar pela garganta. O tratamento depende de cada caso. O mais eficaz e mais utilizado é o Continuous Positive Airway Pressur (CPAP), aparelho que previne o fechamento das vias aéreas.

Descobri que as causas do meu problema eram preocupações e estresse, principalmente na adolescência, em época de provas e trabalhos

mais adequado é à base de remédios que diminuem a sonolência durante o dia e tirar cochilos programados. O neurologista especializado em saúde do sono do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Raimundo Nonato explica as causas desse distúrbio: “A narcolepsia é uma doença genética. Os mecanismos imunológicos ainda não são bem esclarecidos. Ela inclui a perda de neurônios produtores de hipocretina, uma substância responsável por manter um animal em vigília”. A produção de hipocretina pode ser estimulada por alimentos que contenham açúcar e proteína animal. Sonâmbulo O consultor de comércio exterior Luiz Felipe Gonzales teve

sonambulismo em grande parte da infância, adolescência e começo da vida adulta. Soube do problema, caracterizado por movimentos do corpo durante o sono profundo, por meio de relatos dos pais e amigos, que demonstraram preocupação. Por conta disso, resolveu procurar ajuda de um especialista em medicina do sono. “Achava um exagero tudo isso, mas fui convecido de que esse tratamento psicoteraupêutico me faria bem. Descobri que as causas eram preocupações e estresse, principamente na minha adolescência, em época de provas e trabalhos”, explica Luiz Felipe. Segundo especialistas, episódios de sonambulismo ocorrem quando a consciência e a memória dormem e a parte motora desperta – por barulho, ronco ou crise

epilética. Ainda não existem estudos que relacionam problemas psicológicos à doença, mas sabe-se que crianças são as mais atingidas. Na medida em que crescem, o sonambulismo pode desaparecer. Mente afetada As doenças que afetam o sono podem ter causas psicológicas e se diagnosticadas podem ser tratadas adequadamente. Estresse, angústia e depressão podem provocar esses problemas. A neurologista Jane Lúcia Machado, do Instituto do Sono de Brasília (Insono), alerta que a insônia ou qualquer outra dificuldade para dormir pode levar a doenças como ansiedade ou depressão. Um problema pode desencadear outro.

1. Horário regular para dormir e despertar. 2. Ir para a cama somente na hora dormir. 3. Ambiente saudável. 4. Não fazer uso de álcool próximo ao horário de dormir. 5. Não fazer uso de medicamentos para dormir sem orientação médica. 6. Não exagerar em café, chá e refrigerante. 7. Atividade física em horários adequados e nunca próximo à hora de dormir. 8. Jantar moderadamente em horário regular e adequado. 9. Não levar problemas para a cama. 10. Atividades repousantes e relaxantes após o jantar.

Luiz Felipe Gonzales Algumas doenças podem ser hereditárias, como a narcolepsia, condição do sistema nervoso caracterizada por episódios inevitáveis de sono. Um dos sintomas é a sonolência excessiva e a preguiça durante o dia, que pode deixar a pessoa desatenta ao realizar atividades cotidianas. O tratamento

Ilustração: Henrique Carmo

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Além da estética

SAÚDE

Foto: Quéssia Maia

HIGIENE

Infecções de unha podem ser evitadas com cuidados básicos e com a esterilização de instrumentos em salões de beleza >> Ana Paula Viana Quéssia Maia

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nhas de diferentes cores e tamanhos fazem parte da vaidade de muitas mulheres. Mas, a preocupação em mantê-las com o esmalte da moda ou ir frequentemente aos salões de beleza, não as afastam das infecções. Os homens também podem sofrer com problemas causados pela falta de cuidado com as unhas. Por ser um depósito de bactérias, a unha se torna uma ameaça à saúde. O cuidado vai além da estética e deve se tornar um hábito. O dermatologista Cristiano Velasco, explica que a unha funciona como proteção da pele e o descuido pode causar prejuízos. “As doenças são relacionadas a fatores de risco expostos na rotina de cada pessoa, desde a ida à manicure, sapatos apertados e falta de limpeza”, esclarece. É preciso ficar atento à aparência da unha e notar o surgimento de manchas ou sinais de enfraquecimento. Estas observações podem ajudar no diagnóstico de alguma doença. Outra proteção são as cutículas, que geralmente são retiradas. Riscos Pequenas lesões causadas por fungos favorecem a chance de infecção e podem ser ocasionadas pelo uso de instrumentos não higienizados em salões de beleza. “Os riscos variam desde a presença de bactérias em lesões na unha ou até em casos mais graves,

onde a unha machucada pode ser uma porta de entrada para infecções sistêmicas, afetando o organismo”, alerta a infectologista, Luciana Lara. A micose, por exemplo, é uma doença ocasionada por fungos que se manifestam entre a unha e o dedo. Os sintomas são o acúmulo, aumento e deformação das cutículas. “É comum ter fungos na pele, mas isso pode se agravar quando eles crescem desordenadamente em contato com a unha. A micose pode surgir por cima da unha ou na parte inferior e acometem principalmente os pés”, afirma Cristiano Velasco. A funcionária pública, Ana Queiroz, 40, teve micose de unha: “Senti uma forte dor ao redor da unha, fui ao médico e ele disse que era uma inflamação. De acordo com ele era uma celulite”. A celulite é uma infecção que aparece devido à presença de bactérias. Tratamento e prevenção As doenças de unha têm cura e o tratamento pode ocorrer por meio de medicamentos orais ou por laser. O tempo de tratamento para quem utiliza medicamentos é

O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure pode transmitir infecções. Luciana Lara

Nem sempre manter as unhas com o esmalte da moda é sinônimo de saúde e higiene

de seis a dezoito meses para alcançar resultados eficientes. Para quem quer um resultado mais rápido a recomendação é o laser. Para prevenir as infecções de unha é necessário que as pessoas observem as condições de higiene nos salões de beleza, bem como cuidados pessoais. “O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure podem transmitir infecções.Para evitá-las é recomendada a limpeza frequente das unhas, mas sempre utilizando materiais individuais. Outro hábito recomendado é o de manter sempre os pés bem limpos e secos antes do uso de calçados fechados”, recomenda a infectologista, Luciana. A empresária Fátima Lima, 32, que vai ao salão com frequência, leva o próprio material. “Geralmente levo meu alicate, palito, lixa e até esmalte. Não consigo usar os instrumentos da manicure, fico com receio de pegar alguma doença, até porque ela atende várias pessoas

por dia. No começo ficava com vergonha de levar, mas fui me acostumando e indico isso para todas as mulheres”, afirma. Estética x Saúde A variedade no mercado é extensa. Unhas de porcelana, em gel ou postiças fazem sucesso nos salões. A manicure Quênia Cristina, 28, trabalha há um ano e afirma que para fazer as unhas postiças utiliza material descartável. A procura pela unha perfeita é constante, porém o dermatologista Cristiano Velasco ressalta que unhas feitas em gel, postiças ou porcelana podem piorar a quantidade de fungos fazendo com que eles se alastrem. “Quanto mais os fungos se espalham pelas unhas postiças, devido a umidade e pressão que oferecem as unhas verdadeiras, mais a pessoa fica propícia a infecções”, declara.

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CULTURA

MÚSICA

Em busca do rock perdido

Músicos apontam as dificuldades de voltar ao destaque na cena brasiliense >> Raiane Samara

O rock não morreu aqui em Brasília, ele só precisa ganhar forças, e vai ganhar Drica Mendonça

Distintos Filhos, Paulo Veríssimo, alega que o rock não perdeu o lugar para outros ritmos, foram os próprios músicos do estilo que não se organizaram profissionalmente. “Não curto sertanejo, mas vejo que eles são bem mais preparados que nós. São mais profissionais e não tocam apenas por cerveja. É preciso valorizar-se para ser valorizado”, admite. Segundo o produtor cultural, Paulão Silva, para conseguir preferência nos espaços para shows e a disseminação do ritmo na cidade, é preciso ter

apoio e patrocínio o que, para ele, se torna mais fácil sendo um estilo com maior divulgação na mídia, como funk e sertanejo. Drica explica que estar na mídia não significa que o ritmo seja preferência, ou que seja muito bom. Segundo ela, a música atualmente é um mercado mais financeiro do que cultural, por trás do sucesso existe um grande empresário investindo. “Por isso que é tão difícil as bandas de rock independente chegarem a tocar em várias rádios, porque é um investimento muito caro. Tudo que você imaginar quando envolve música é pago”, diz a apresentadora. Já Paulão conta que o público é culpado por essa desvalorização. “En_ quanto o show do seu amigo ali é R$ 10, ninguém vai. Mas depois que ele aparece na televisão e o show passa a ser R$ 50, todo mundo quer ir, quer saber quem é, e de onde veio”, comenta. Quando o assunto é prospecção, o baterista Dan pondera que almejar sucesso fora, antes mesmo de fortalecer a cena local, contribui para a falta de espaço na cidade. O guitarrista Paulo Veríssimo diz que as bandas encontram uma oportunidade maior em outros estados, pois apesar de enfraquecido dentro da cidade, o rock de Brasília ainda é renomado no país. “O fato de a gente ter bandas clássicas como Legião e Plebe, faz com que as pessoas queiram conhecer o que de novo estamos fazendo. E hoje o nosso maior público é fora de Brasília”, declara o músico. Iniciativas O Fundo de Apoio a Cultura (FAC) oferece ajuda financeira aos artistas de Brasília e inclusive é utilizado pelas bandas de rock independente. Segundo Paulão, o apoio funciona e ajuda muito, mas os músicos não

Foto: Raiane Samara

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ntre as décadas de 80 e 90, Brasília se tornou referência nacional pela produção musical no campo do rock. Grandes nomes da música brasileira como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, tornaram a cidade popularmente conhecida como Capital do Rock. “Brasília ganhou esse título porque daqui saíam bandas boas, as pessoas consideravam que a produção do rock nacional era muito legal, e era mesmo”, afirma a locutora da rádio Transamérica Brasília, Drica Mendonça. Com o tempo, outros ritmos tomaram conta do mercado brasiliense e o rock foi perdendo o destaque no gosto popular. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) divulgada em janeiro deste ano diz que, 56% dos ouvintes de rádio em Brasília escutam sertanejo com frequência. “Esse é o som que todos querem ouvir, é o som da moda, vamos dizer assim, o que o rock já foi em Brasília”, aponta o baterista da banda de rock The Neves, Dan Abreu. O guitarrista e vocalista da banda

A banda The Neves nasceu em 2009 e está produzindo o segundo CD com ajuda dos fãs

podem depender apenas disso. “Fora esse apoio do governo, o que ajuda é a independência, fazer um coletivo com vários produtores e conseguir fazer um festival, gravar um disco, com ajuda de um e de outro”, diz. Em parceria, músicos e produtores criaram o movimento Brasília, Capital do Rock. O manifesto oficializado em fevereiro de 2012 busca registrar o rock como símbolo cultural da cidade e trazer ações de incentivo à valorização cultural. O primeiro desses projetos, o Rock Sem Fronteiras, foi aprovado pela Secretaria de Cultura (Secult) em março deste ano. Serão feitos eventos mensais no SESC Garagem, palco de grandes shows nas décadas de 80 e 90, apresentando bandas do cenário local e convidados. Paulão Silva é produtor do festival Porão do Rock (PDR) que traz atrações nacionais e internacionais para Brasília, além de artistas locais escolhidos por meio das seletivas realizadas nas cidades satélites. De acordo com o produtor, um evento como o PDR é muito importante para alcançar projeção nacional. “O destaque é maior, tem imprensa do Brasil inteiro. A banda pode tocar

com equipamento, palco, todo apoio e liberdade para mostrar o seu potencial”, articula. Valorização Na opinião de Dan Abreu, o tempo é fundamental para que as bandas atuais tenham ascensão: “Creio que elas têm muita qualidade e muito potencial, só que é muito difícil fazer um som original e de qualidade”. Veríssimo aponta que ainda é preciso que as bandas façam um bom trabalho e deem o melhor de si para atrair público e atenção da mídia. “É preciso dedicação, profissionalismo e muito trabalho. Acredito que ainda somos bem vistos fora de Brasília, mas pode melhorar”, finaliza. Drica conta que desde julho de 2012, a Transamérica modificou a programação local, e só toca rock. Segundo ela, a audiência da rádio aumentou, provando que o estilo ainda tem força. “A gente aposta que vai dar certo. Acreditamos que o rock não morreu aqui em Brasília, ele só precisa ganhar força. E vai ganhar”, completa.

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JUVENTUDE

CULTURA

Arte sem limites

Atores na vida real, jovens são incentivados a compartilharem o que aprenderam a outras pessoas em suas comunidades >> Júnior Assis

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Foto: Jussara Rodrigues

música, a dança e o grafite encantam e despertam o interesse dos jovens em comunidades carentes do Distrito Federal. A mistura de culturas, crenças e realidades envolve o cotidiano de cada um deles. Na busca para alcançar algo melhor, essas pessoas se dedicam ao mundo da arte e da cultura. Com base em dados do Cadastro Único DF, cerca de cem mil jovens entre 15 e 29 anos estão em situação de extrema pobreza. Para alcançar esse grupo, os movimentos sociais utilizam a dança e a música. Somente depois de uma aproximação concreta começam a tratar do tema política, com todo cuidado. “A pessoa que chega até nós não quer saber de política. Então, no começo, a gente mostra a dança e depois a importância da política para a sua comunidade e para a cultura”, diz Alan Jhone Moreira, conhecido como B. boy papel. Os movimentos de hip hop, grafite,

DJ e break chegam às comunidades e escolas do DF para ajudar na formação cultural. São grupos formados por cidadãos que têm o desejo de mostrar aos moradores de suas localidades a importância dessa arte no aspecto social. As pessoas que fazem parte desse conjunto desenvolvem as atividades em escolas, casas, locais públicos e particulares. Por meio desse trabalho, eles mostram a importância de jovens estarem diretamente ligados ao movimento. Em Ceilândia, grupos como o Força Tarefa e Repensar realizam ações voluntárias junto às comunidades sem cobrar nada. “Nossa proposta é inserir os jovens no mercado cultural’’, afirma o B. boy papel. A arte permitiu ao dançarino conhecer mais de cinco países, onde ele representou o Brasil em campeonatos de breaking. Para ele, as pessoas interessadas por alguma arte precisam de um apoio maior do governo e da cidade.

O crescimento de movimentos sociais com envolvimento de jovens tem despertado o interesse de órgãos governamentais. Os grupos são capazes de movimentar inúmeras pessoas da comunidade onde vivem, em prol de reivindicação e atividades que fazem no intuito de divulgar a cultura e a cidadania. Em janeiro deste ano, o GDF criou o Conselho de Juventude do DF (Conjuve-DF). O objetivo é dar aos jovens a liberdade de escolher pessoas que os representem para discutir assuntos como democracia e políticas públicas voltadas para esse setor. “O conselho da juventude é um espaço de troca, e também de interlocução entre o governo com esse público”, relata o coordenador de Juventude da Secretaria de Governo, Carlos Odas. A inserção dos jovens na cultura e na política é um diferencial nos movimentos sociais. “Para o adolescente é muito importante que ele esteja participando dos projetos”, relata o B. boy papel. A participação desse grupo nas oficinas ministradas pelos profissionais que dedicam suas vidas a um trabalho voluntário é grande. Essas pessoas ensinam aos alunos a importância de estarem envolvidos em ações realizadas no bairro onde moram. As pessoas envolvidas na arte encontram no hip hop a oportunidade de mudar de vida. É o caso de Lucas da Silva, 19. Ele mora em uma comunidade carente no setor Sol Nascente, em Ceilândia, mas não desanima e vê no break a chance de crescer na vida. “A dança é uma forma que eu encontrei para fugir das drogas”, afirma o rapaz.

B. boy papel(esquerda) ajuda jovens por meio da dança no Centro Cultural de Ceilândia

A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e passem para outras pessoas Rivas Cruz Hip hop nas escolas Cada vez mais estudantes da rede pública no DF são alcançados pelas manifestações culturais. O grupo Força Tarefa desenvolve atividades de música e grafite em diversas escolas. “A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e passem para outras pessoas”, conta o diretor da organização, Rivas Cruz. Para o cantor de rap Cleidilson da Silva, o movimento de hip hop tem um valor imenso, os indivíduos alcançados pela dança passam a ter uma nova visão de sua comunidade. Eles começam a entender que os movimentos artísticos culturais fazem parte do seu cotidiano. “As escolas são as principais responsáveis pela disseminação dos movimentos na cidade”, enfatiza. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no DF o grupo de pessoas entre 10 e 29 anos soma quase 953 mil. Os movimentos que usam o hip hop para alcançar esse público, hamam a atenção pelo interesse em formar futuros representantes da arte.“Se a pessoa está envolvida em cenas culturais aprende muito mais”, afirma o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Didonet. As pessoas que trabalham com o hip hop, grafite, DJ e o breaking nas cidades do Distrito Federal lutam pela propagação da cultura. Envolver esses indivíduos em atividades que vão beneficiar sua localidade é um dos objetivos dos grupos. “Nos espaços que são construídos mais coletivamente, você tem uma tolerância maior à diferença e à diversidade”, relata Carlos Odas. 19

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LAZER

ESPORTE

Prazer até debaixo d´água

Com modalidades distintas de mergulho, atividade oferece desafio para uns e benefícios para todos >> Carlos Ribeiro

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Em Brasília, para poder mergulhar no Lago Paranoá ou em outro reservatório de água, é necessário que o praticante tenha credencial obtida após curso fornecido por escola de mergulho. “Para que a pessoa se habilite da forma correta, são oferecidas aulas teóricas com toda a parte fisiológica, psicológica e ambiental, e práticas, feitas inicialmente na piscina e, depois, no lago”, ressalta Luciano. De acordo com ele, os cursos costumam ser criteriosos, em prol da segurança de todos. “A pessoa só sai do curso se estiver realmente apta a mergulhar. Pensamos na qualidade da formação dos mergulhadores. A segurança está acima de tudo”, frisa. Mergulho em apneia Outra forma de mergulhar, desta vez sem o uso de cilindros de oxigênio, é utilizando apenas o ar dos pulmões. Chamado também de mergulho livre, esta modalidade consiste em prender voluntariamente a respiração, o que é chamado fisiologicamente

Foto: Lucas Batista

o se tratar de água, o Brasil tem, além do oceano que banha seu litoral, o maior reservatório de água doce do mundo, equivalente a 12% do volume total, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA). Para usufruir de toda essa imensidão subaquática, nas profundezas de lagos, rios e oceanos, nada melhor do que a prática do mergulho. Usada nos primórdios para a pesca, hoje a atividade vai além de simplesmente submergir na água. Segundo o instrutor e mergulhador profissional Luciano Terra, o estilo de mergulho mais seguro e mais praticado é o autônomo. Nesta modalidade, o praticante respira por meio de tubos ligados a cilindros que reservam oxigênio e garantem maior tempo de permanência debaixo d´água. Parece simples, mas alguns cuidados devem ser tomados. “Apesar de toda a segurança, não deixa de ser um esporte de risco por lidarmos com grandes profundidades e com o aumento da pressão atmosférica. A intenção é minimizar os riscos”, conta Luciano.

O mergulho com auxílio de equipamentos é seguro e não exige preparo físico

de apneia. De acordo com a Associação Internacional para o Desenvolvimento de Apneia (AIDA), este estilo de mergulho, consagrado como esporte em meados de 1990, “é um meio de nos conhecermos melhor e, também, de conhecermos o mundo aquático”.

Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é você e a imensidão Rafael Marajó

Para o mergulhador profissional e instrutor Michel Med, ao contrário do estilo autônomo, considerado por ele como esporte de contemplação, mergulhar sem equipamentos é sinônimo de superação de limites. “O mergulho em apneia é um esporte de competição, no qual o objetivo é chegar ao ponto mais profundo possível ou simplesmente ficar o maior tempo submerso”, explica. De acordo com Michel, que mergulha há pelo menos 15 anos, a prática deste esporte, apesar de ser mais acessível por não necessitar de equipamentos, é mais perigosa e também deve ser feita sob supervisão de algum especialista mesmo em ambientes rasos, como piscinas. “A longa privação de oxigênio, com alteração dos níveis de gás carbônico na corrente sanguínea, podem desligar o cérebro, levando a pessoa ao desmaio e a um possível afogamento se não houver uma rápida intervenção de alguém que esteja no local”, adverte. Acessibilidade nas águas Uma nova iniciativa no CentroOeste, mais especificamente em Brasília, busca a integração e maior

qualidade de vida de pessoas com lesão medular por meio da prática do mergulho com equipamentos. Esse é o Projeto Raia Manta, criado em 2011 e que agora faz parceria com o Projeto Integração, coordenado pela clínica de reabilitação Caminhar. “Já credenciei um garoto com tetraplegia, que teoricamente seria impossibilitado de fazer uma atividade como essa, mas nós conseguimos habilitá-lo para a prática, como seria com qualquer outra pessoa”, conta Luciano Terra, idealizador do Projeto. O instrutor também afirma que o mergulho pode ser benéfico no que diz respeito à parte fisiológica. “Além de ser uma atividade prazerosa, saudável, o mergulho já possui estudos recentes que comprovam que pessoas com lesão medular ao praticar a atividade aumentam a sensibilidade nos membros inferiores”, garante o mergulhador que também é professor de educação física. Quanto aos benefícios da atividade, quem sentiu na pele foi Rafael Marajó, 28, que há dois anos faz o uso da cadeira de rodas devido a uma lesão medular causada por um tiro que perfurou seu pulmão. Participante da edição de 2013 do Projeto, iniciado em abril, Rafael ressaltou a sensação de liberdade embaixo d’água. “Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é você e a imensidão. Na cadeira de rodas é difícil sentir toda essa liberdade”, conta ele após experiência com o mergulho na piscina. Sua expectativa, porém, é mergulhar em lagos, rios e, quem sabe, em alto mar. “Para quem acredita, não existe limitação que o impeça de fazer nada”, frisou.

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JOGO

ESPORTE

Petecas em movimento

Presente nas atividades escolares, o badminton começa a se destacar em Brasília >> Maria Rita Almeida

Susana Senna

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locais onde o educador começou a ensinar o jogo foi no CIEF, instituição do GDF que oferece o badminton para alunos da rede pública. “Naquela época lotávamos as nove quadras de basquete do CIEF com pessoas que participavam dos encontros”, recorda Cícero. Este ano, o badminton também foi implantado no projeto “Mais Educação” do Ministério da Educação (MEC), sendo inserido na grade curricular dos alunos da rede pública.

precisa participar de outras atividades que complementem a aprendizagem”, pontua. A jogadora Michele Karoline, 17, treina três vezes por semana com Jailson. Para a adolescente, a modalidade é apenas um divertimento. Contudo, ela conta que já sentiu os resultados da atividade física. “Tenho mais energia para estudar na escola”, confessa. Já a estudante Vanessa Neves, 15, ficou em segundo lugar nos jogos escolares da rede pública. Ela garante que sua vida mudou Atletas depois que começou a praticar Jailson Lucieno é professor de badminton, pois, além de melhorar educação física no o rendimento escolar, a atividade Centro de Ensino também ajudou com o problema Fundamental 113, do num dos joelhos. “Antes as dores eram fortes, agora não dói tanto”, afirma. Ela reforça que só teve resultados positivos com a modalidade e a indica para outras pessoas. “O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio”, esclarece. Ilustração : Henrique Carmo

ma nova modalidade de esporte cresce entre as atividades de recreação nas escolas de Brasília: o badminton. O jogo de origem asiática necessita apenas de raquete fina e comprida, peteca e local apropriado – o ideal é um ambiente fechado para que o vento não interfira –, para ser executado. As regras também são simples: vence quem marcar 21 pontos primeiro. Esses pontos são contabilizados quando a peteca passa por cima da rede e toca o campo do adversário ou quando o jogador a lança para fora da quadra. A simplicidade e dinâmica do jogo começaram a ganhar espaço entre os jovens de Brasília por volta de 2011, quando o badminton entrou para as olimpíadas escolares, na categoria de 12 e 14 anos. Além disso, o presidente da Federação Brasiliense de Badminton, Cristiano Rodrigo Chew, conta que atualmente a modalidade é divulgada e praticada em algumas escolas do Distrito Federal, entre elas o Colégio Marista de Brasília, a Escola Adventista do Gama e o Centro de Ensino Fundamental 113, do Recanto das Emas. Apesar de só se popularizar agora, o badminton não é novidade no DF. Chegou à capital na década de 80, com o professor de educação física e atual vice-diretor do Centro Interescolar de Educação Física (CIEF), Cícero Neves. Cícero foi o primeiro presidente da Federação Brasiliense de Badminton e o pioneiro a trabalhar com a modalidade em Brasília, depois de se aperfeiçoar em São Paulo. Um dos primeiros

Espaço O local onde se pratica o badminton é fundamental. Por utilizar equipamentos leves, principalmente a peteca, locais fechados sempre foram os mais adequados. Entre 1999 e 2002 o jogo não foi pratiRecanto cado no DF, justamente por conta das Emas. Ele incendos lugares: “Tivemos dificuldade tiva seus alunos a jopara encontrar espaço para pratigarem badminton pelo car”, lamenta Cristiano Chew, da menos duas vezes na seFederação Brasiliense. mana. Para Jailson, por se O presidente da federação tratar de um esporte que exilembra que o esporte só ge velocidade, estimula o desenvoltou em 2002 porque volvimento dos alunos e incenticonseguiu lugar na va os estudos. “Não basta o aluno Universidade de estar na sala de aula, ele também Brasília, onde

O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio Vanessa Neves permaneceu até 2011, quando ficou sem professor responsável. Segundo Cristiano, uma das propostas da nova gestão da Confederação Brasileira de Badminton, que começou o mandato em maio do ano passado, é a construção de três centros de treinamento localizados em Brasília, Piauí e São Paulo. No DF, vai ser instalado no Centro Olímpico da UnB. De acordo com Cícero, “esses polos serão especificamente para atividades de badminton de alto rendimento”. Além de universitários da instituição, o espaço será aberto para alunos da rede pública. ”Quantos mais pessoas praticarem teremos mais atletas com alto nível”, argumenta.

Origem do Badminton De acordo com a Confederação Brasileira de Badminton (CBBD), o esporte nasceu na Índia, com o nome de poona. Com a colonização do país, os ingleses conheceram o jogo e o levaram para a Europa. Na década de 70 o nome poona passou para badminton. Isso porque o esporte foi praticado na fazenda de Badminton, de propriedade do Duque de Beaufort´s.

Preço dos equipamentos: Duas raquetes e três petecas custam aproximadamente R$ 34,90. O valor pode variar de acordo com a marca do produto.

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ESPORTE

PROTEÇÃO

Autodefesa feminina

Mulheres buscam o Krav-Magá para enfrentar os altos índices de violência >> Flávia Sousa

Simone Sampaio reocupadas com o alto índice de violência urbana e doméstica, mulheres se interessam cada vez mais pelas práticas de defesa pessoal. Elas invadem os tatames e veem isso como uma maneira de se defenderem de assaltos, reagir a agressões masculinas e, sobretudo, adquirir maior confiança. Existe o interesse estético também, mas não é o que mais chama a atenção de quem pratica o Krav Maga, luta que é a única reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal e não como arte marcial. De acordo com uma pesquisa do Data Senado, mesmo com a criação da Lei Maria da Penha, estima-se que 700 mil brasileiras ainda sofram agressões, a maior parte cometida pelos próprios companheiros. Outras 13,5 milhões de mulheres – 19% da população feminina acima de 16 anos – já foram vítimas de algum tipo de violência. Ainda segundo o estudo, o Brasil fica em sétimo lugar em um ranking de 84 países em número de assassinatos de mulheres. A delegada titular da Delegacia da Mulher (DEAM), Ana Cristina Santiago, informou que de janeiro a abril de 2013 foram registradas 1.336 ocorrências policiais. No mesmo período de 2012, o número foi de 1.182, aumento de mais de 10%. Dentre as cidades do DF, Ceilândia,Taguatinga e Planaltina (nessa ordem) apresentam o maior número absoluto de registros policiais - devidos, segundo a polícia, ao aumento das denúncias.

de perigo, independente do sexo, idade e condicionamento físico. Para a secretária geral da Federação Sul Americana de Krav-magá, Sandra Lichtenstein, o aumento de agressões contra as mulheres não é um fato novo. “Sempre foi assim, em qualquer época, em qualquer sociedade”. Ela afirma, ainda, que muita coisa já mudou. “O fato de haver procura crescente do público feminino pelas aulas significa que estamos evoluindo nesse assunto também”, destaca. Sandra explica que a participação de mulheres nas turmas regulares gira em torno de 30% e o aumento da procura é gradativo. Ela diz ainda que o motivo da busca pela luta não difere se o público é feminino ou masculino. “As pessoas, de modo geral, estão cansadas de andar com medo, acuadas e inseguras”, acrescenta. Para Sandra, a motivação é a mesma, talvez o que esteja mudando é o posicionamento da mulher em relação a isso, ao entender que a atividade de defesa pessoal é um direito de todos e o rótulo de “sexo frágil” não traduz a verdade. “As mulheres podem ser femininas e delicadas, ter menos força física e comportamento menos agressivo, mas isso não significa que são frágeis e não podem se defender”, argumenta. Segundo a federação, a arte não ensina somente a defesa pessoal. Com a disciplina adotada nos treinos, o aluno adquire coragem, paciência, equilíbrio emocional e respeito, competindo consigo mesmo, superando seus limiKrav Maga tes e se aperfeiçoando cada vez mais. O nome da luta, que tem origem Segundo a organização, o Krav-magá militar, significa “combate próximo”. é adotado como técnica de combate Nasceu nos anos 40 pelas mãos de Imi e defesa pessoal pelo BOPE, Polícia Lichtenfeld em Israel. Busca capacitar Federal, SWAT, FBI, entre outras. a vítima para respondeer de forma A recepcionista Lívia Costa treisimples, rápida e objetiva a situações na há quatro anos. Conheceu a luta

Foto: Carlos Ribeiro

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O instrutor Piero Pedercini ensina golpe de defesa em caso de tentativa de estupro

por uma amiga que já era praticante. “Achei interessante, percebi que poderia me acrescentar em termos de segurança. Hoje utilizo os conceitos do Krav-magá de forma preventiva todos os dias. Comecei a olhar ao meu redor, fiquei mais atenta, observo se existem pessoas suspeitas nas proximidades, não ando com celulares ou fones no meio da rua”, conta. A administradora de empresas Anna Karla Azevedo procurava uma atividade que não fosse monótona nem rotineira e que queimasse calorias. “Vi que era diferente por se tratar de defesa pessoal, aliando o exercício ao conhecimento de defesa”, acrescenta. Segundo o instrutor de Krav-magá Piero Pedercini, a finalidade da luta é que toda pessoa de bem tenha o controle da própria vida e não seja mais simplesmente uma vítima. “Cada um pode escolher reagir ou não diante de uma situação de perigo real e não simplesmente aceitar

a situação”, afirma. Nessa luta não existem regras, competições, ringues ou juízes. A única preocupação do praticante é com a legítima defesa em situações de perigo real. “A luta também não possui categorias por peso como nas artes marciais.” O instrutor afirma que no Krav-magá a pessoa é ensinada a reagir somente quando sua vida está em risco. “No caso de roubo apenas, por exemplo, quando o agressor quer apenas bens materiais, não entendemos como perigo real da vida, portanto ensinamos que não se deve reagir nesses casos”, defende. Já a Delegada, Ana Cristina Santiago, destaca que a melhor forma de proteção é a denúncia, sempre. A estudante Karine Loyane sempre praticou esportes, mas buscava uma maneira de ser sentir mais segura. “Já fui assaltada várias vezes.Agora me sinto mais confiante, sei que depende da situação para eu reagir ou não, minha vida é o mais importante”, reflete.

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ESPORTE

Aventura no cerrado Competições de Jeep Clubes são atrações escondidas no Distrito Federal >> Altieres Losan

Jéssica Antunes

L

ama, obstáculos, adrenalina, trilhas e competições em veículos 4x4 fazem parte de um esporte radical que tem mais de 600 adeptos no Distrito Federal. Isso porque existem associações que realizam encontros frequentes para explorar a técnica do off road. Em todo o Brasil existem mais de 200 clubes, que são mantidos por mensalidades pagas pelos sócios. Eles não têm fins lucrativos e não possuem nenhum tipo de apoio externo. No DF, são três: no Plano Piloto, Taguatinga e Gama. A técnica significa, em tradução literal, “fora da estrada”. E, de acordo com os organizadores, é um esporte praticado por quem busca um contato direto com a natureza. O princípio é a superação de obstáculos naturais, que podem ser erosões, pedras, lamas, subidas e descidas bastante acentuadas. Os competidores utilizam jipes, caminhonetes e motos, por exemplo; todos com tração em todas as rodas. Trajetos que, com carros normais, seriam praticamente impossíveis de percorrer. Tudo começou há 24 anos, quando três amigos se juntaram com um objetivo: transformar o hobby em algo sério. Ivan Batalha, Oswaldo Rodrigues e Guilherme Malheiro criaram um clube de jipeiros para centralizar os interesses. De acordo com este último, a intenção era facilitar a organização de expedições, trilhas e campeonatos, além de ser um grupo de apoio. “Não dá pra sair sozinho. Se quebrar, é preciso ter alguém pra ajudar, pra socorrer. Isso gerou a necessidade de criar o clube”, explica. Aos poucos, mais pessoas foram se associando e outros clubes criados. Hoje, o Jeep Clube Brasília possui 120 sócios, além dos adeptos

que não pagam mensalidades, apenas participam dos eventos. O primeiro sócio ainda comparece às reuniões e trilhas. Rubens Pinheiro, 60, o Rubão, destaca mudanças nas competições, carros e participantes.Segundo ele,o esporte está muito mais profissional em todos os aspectos. “São recursos que a gente não podia imaginar que um dia existiriam”, conta. Já a médica e bióloga Cássia Polcheira, 31, é a mais recente associada ao grupo de Brasília. “Consegui comprar meu próprio jipe em fevereiro Seis equipes participaram da Lagartixa Trophy em abril, realizado pelo Jeep Clube Brasília e decidi que agora era a hora de rotinas dos participantes. Por isso, arrecadações. Eles também recolhem entrar para o clube”, revela. “capotamentos são muito comuns”, lixos de encostas, rios, lagos e conta Cláudia. “Os carros devem ter cachoeiras. Além disso, fazem um As regras Quem faz o trajeto em menos o mínimo de segurança. É preciso trabalho de reflorestamento onde tempo ganha a competição. Porém, as andar de capacete, por exemplo. competem.“Pra gente usar a natureza, cumprir determinadas temos que dar algo em troca”, disputas não são de velocidade, mas Devem de obstáculos. Cláudia Grandi, 42, é re-gras de segurança estipuladas acrescenta Fatinha. as-sociação”, esclarece associada há 11 anos e participante pela de competições desde 2012, inclusive Maria de Fátima Silva, a Fatinha, Recursos Por mais que tenha muitos adeptos, do Rally dos Sertões, competição sócia há 10 anos. Na semana brasileira anual de rali. Ela conta que anterior às competições, acon- o off road não é um esporte acessível. elas possuem, basicamente, o mesmo tecem revisões e vistorias para Todos os equipamentos utilizados princípio: “Tem certo tempo para garantir que todos os carros para as trilhas, competições e passar por cada obstáculo. Se você estejam em igual situação. Ela manutenções são de alto custo.“Você usa algum acessório pra facilitar, como ressalta que médicos e ambulâncias precisa manter o carro, arcar com um guincho, pontos são descontados. acompanham os jipeiros. Caso equipamentos, inclusive de segurança, Existem também fitas que ocorra algum acidente grave, estão e fazer manutenção frequentemente”, esclarece Nésio Nani. delimitam o espaço onde podemos a postos para o socorro. Apesar de ser um esporte que Para comprar um jipe é preciso passar. Se encostar, também perde pontos”. Cada equipe tem dois carros interfere diretamente na natureza, desembolsar pelo menos R$ 15 mil. e, em cada um, há um árbitro. “Temos prejudicando a flora dos locais, existe Mas, além do veículo, existe uma série que usar a técnica, inteligência e os um trabalho de recuperação de danos. de custos. De acordo com o jipeiro recursos da equipe pra passar pelos Segundo o diretor social do clube, Roberto Freitas, 36, o valor gasto obstáculos, perdendo o mínimo Nésio Nani, um grupo de associados depende do fluxo e dificuldade de de pontos e com cuidado com o se junta em prol de instituições de trilhas: “Os veículos que participam caridade. São os Jipeiros Solidários, das mais pesadas têm custo mensal tempo”, completa. Por ser um esporte radical, dos clubes de Taguatinga, Brasília e muito alto. Você pode gastar de R$ os acidentes estão incluídos nas Gama, que eventualmente fazem 1500 a R$ 2 mil”.

Foto: Jéssica Antunes

Foto: Carlos Ribeiro

pro

SEGURANÇA

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MEIO AMBIENTE

NATURAIS

O crescimento dos orgânicos Esse tipo de produto traz benefícios para a saúde e para o planeta

>> Luana Lopes Mariana Lima Foto: Mariana Lima

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ontribuir para o desenvolvimento sustentável e promover qualidade de vida. Esses são os objetivos de quem consome orgânicos no dia-a-dia. É o caso da veterinária Ana Catharina Vale, que toma cuidado com produtos de estética. Ela conta que mudou alguns hábitos ao conhecer melhor as fórmulas dos itens que sempre consumiu. “Você, cuidando de si, estará cuidando do meio ambiente”, enfatiza. Um exemplo desse zelo são os hidratantes convencionais, que ela decidiu não usar mais ao descobrir que possuem uma substância cancerígena. Ana Catharina conta que as amigas não entenderam a decisão e acharam a atitude exagerada. A preocupação de Ana vai além dos produtos de beleza e envolve também a alimentação. As informações são passadas para o filho de quatro anos, criado com hábitos alimentares diferentes dos colegas da escola. “Ele recusa lanches industrializados e fala ‘não, muito obrigado, tem veneno’”, ressalta a veterinária. Ana Catharina é, também, responsável técnica pela certificação animal e lacticínios da Fazenda Malunga. O local investe em tecnologias para produzir hortaliças orgânicas em grande escala. Os alimentos da fazenda são comercializados na loja Empório Malunga, que também vende produtos de outros fabricantes, como cookies, chocolates e fraldas ecológicas. Grande parte de quem procura a loja vai com recomendação mé-

De cosméticos a produtos alimentícios: os orgânicos dependem apenas da forma com que foram produzidos dica. São grávidas, pacientes com câncer, pessoas com intolerância à glúten e outras limitações alimentares, além de quem busca comidas mais saudáveis, com menos conservantes e agrotóxicos.

Biodegradáveis Muitas mães comemoram a criação das fraldas descartáveis, práticas, higiênicas e de uso mais simples do que as de pano. No entanto, algumas delas se incomodam com o impacto ambiental provocado pelo descarte das fraldas usadas pelos pequenos. As descartáveis, convencionais, não são biodegradáveis e possuem Você, cuidando de si, estará derivados do petróleo, utilizados cuidando do meio ambiente Ana Catharina Vale para evitar vazamentos. Também têm cloro e outros elementos

(MAPA), dois conceitos são fundamentais na produção orgânica: a relação de confiança entre produtor e consumidor e o controle de qualidade. Para ser considerado orgânico, o respeito pelo meio ambiente deve ser levado em conta desde o início, com o uso responsável do solo, da água e dos demais recursos naturais. Uma das principais características é a não utilização de adubos químicos, agrotóxicos ou substâncias que prejudicam a natureza. O Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg) é o selo de qualidade que identifica e fiscaliza a produção de produtos orgânicos no Brasil. A comercialização Confiança e controle De acordo com o Ministério da desses itens foi aprovada pela Lei Agricultura, Pecuária e Abastecimento 10.831, em dezembro de 2007. químicos, incluindo materiais tóxicos. Há possibilidade de irritar a pele dos bebês, e, além disso, permanecem por até 450 anos na natureza após irem para o lixo. Uma solução para esse problema são as fraldas ecológicas. Elas são feitas de amido de batata e de milho, de forma totalmente biodegradável, e levam até cinco anos para se decompor na natureza. Além de serem hipoalergênicas, as embalagens também são ecológicas, feitas com 90% de papelão reciclado e com formato idealizado para reutilização.

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