Artefato DE BRAÇOS ABERTOS, DE PORTAS ABERTAS
Crédito: Isabela Vargas
Sem creches públicas, mães da Estrutural contam com cuidado solidário para crianças p.4 e 5
• Ficha limpa: Aplicação da lei promete varrer políticos corruptos nas próximas eleições p. 9 • Quem dá mais? Aeroporto de Brasília se torna palco de primeiro leilão de malas abandonadas do DF p. 8 • Gastronomia: Com a chegada da Copa do Mundo, restaurantes investem em pratos inusitados p. 24
Bafafá
O valor da sucata
Catador de Samambaia transforma ferro em arte Paulo Melo Crédito: Leonardo Rezende
Walter Sucata, professor bugiganga ou homem de ferro. Esses são os apelidos dados pelos amigos e familiares de Walter de Souza, 55 anos, que transforma o ferro descartado em artigo de arte. ‘’O meu trabalho é transformar lixo em luxo’’, conta. Preocupado com o meio ambiente e a fim de aumentar a renda familiar, o morador de Samambaia que trabalha com reciclagem há 18 anos montou em casa uma oficina onde guarda diversas peças velhas de ferro. Vigilante em uma escola técnica de enfermagem do DF e com o dom para marcenaria, Walter procura nas ruas materiais que sirvam para serem reutilizados. Ele já encontrou de tudo, de panelas a portões. Para completar as obras de arte, utiliza outros objetos, como plásticos, rodas de carros e até partes de motocicletas. “Só preciso olhar para a peça e sei onde posso usá-la e o que pode se tornar”, garante. Um toque aqui, uma solda ali e pronto, as
peças estão prontas para serem reutilizadas. “Algumas delas são úteis para enfeites de casa”, afirma. As especialidades do bugiganga são relógios para sala e abajures para os quartos. Segundo Walter, tudo depende do que a imaginação permite. “É só falar o que deseja e eu tento fazer.” O Homem de Ferro já sofreu discriminação e humilhação por trabalhar com lixo, mas não se envergonha, afinal é desse trabalho que sai parte da renda familiar. “Eu ajudo minha mulher com as sucatas que, para outras pessoas, são lixos inúteis”, desabafa. Além de ajudar o meio ambiente, Walter também oferece ajuda para dependentes químicos. Oficinas de reciclagem são dadas gratuitamente em seu próprio ateliê para que pessoas com dificuldade em encontrar trabalho façam as peças e revendam em qualquer local. Érica Fernanda dos Santos, auxiliar de serviços gerais, conheceu Walter em uma oficina
de reciclagem ministrada no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Samambaia. A mulher, de 35 anos, recebeu ajuda do “sucateiro” quando era dependente química. “Walter conseguiu reestruturar minha vida e ocupar o meu tempo, sem sobrar espaço para pensar em outras coisas”, afirma. Érica aprendeu a reutilizar a sucata e agora comercializa os trabalhos feitos por ela na Torre de TV. “Os objetos que eu utilizava para me drogar, hoje reutilizo e vendo para ajudar nas despesas da minha casa.” As encomendas das sucatas são feitas em casa. Lá ele planeja com o cliente o que deve ser feito. “Tudo depende do gosto da pessoa”, afirma Walter. O “sucateiro” recebe dois pedidos por semana, e chega a ganhar R$900 por mês. Walter conta os dias para viver só da reciclagem, pois se aposenta neste ano. Seu sonho é passar o talento adiante. “O que adianta saber fazer as coisas e não passar para frente?” E pergunta: “Tem sucata aí?”
Carta do editor
A conquista do passado Guilherme Pesqueira
Somos debutantes: já faz 15 anos que a todo semestre novos alunos vêm para o Artefato não somente cursar mais uma disciplina ao longo do curso de jornalismo da UCB, mas buscar histórias. E são essas histórias que movem o jornal e vão nos mover novamente ao relembrá-las nas edições do semestre que se inicia. Vamos em busca do passado, vamos vagar, vasculhar e conquistar até encontrar antigos personagens de histórias que merecem serem recontadas, a ponto de encontrar antigos repórteres que há 15 anos iniciaram os trabalhos do jornal e que hoje são nossas
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referências profissionais. Não é somente do passado que iremos viver, muito pelo contrário, viveremos o presente. Oferecendo atenção desde ao pequeno beco de produção de artigos culturais, passando pela inclusão social, não deixando de explorar a varredura que irá ocorrer no Congresso Nacional devido à Ficha Limpa e finalizando pelo não inevitável turistas que estão presentes na cidade
para a Copa do Mundo. Assim como o então professor Marcus Alves no primeiro editorial do Artefato, lá em 1998, descrevia o nome do jornal como ambíguo, nós, atuais repórteres, fazemos jus ao nome. Vamos da arte ao cotidiano. Vamos da política à opinião. Mas sem deixar o factual, sem deixar o fato, sem deixar de ser o bom e já velho Artefato.
Artefato Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Ano 15, n. 1, março de 2014 Reitor: Dr. Afonso Tanus Galvão Diretor da Escola de Negócios: Dr. Alexandre Kieling Coordenador do Curso de Comunicação Social: Dr. Luiz Carlos Assis Iasbeck Professoras responsáveis: Me. Karina Gomes Barbosa e Me. Fernanda Vasques Orientação de fotografia: Me. Bernadete Brasiliense Monitor: Shizuo Alves Editor-chefe: Guilherme Pesqueira Editora de arte: Jéssica Paulino Editora de fotografia: Jéssica Lilia Subeditores de fotografia: Susanne Melo, Pedro Grigori, Aline Tavares, Filipe Cardoso Editores de texto: Marcelo Rosa e Amanda Gonzaga Editora web: Ramíla Moura Projeto gráfico: Jéssica Paulino, Joyce Oliveira e Vinícius Remer Diagramadores: Joyce Oliveira, Narayane Loreno e Vinícius Remer Repórteres: Ana Karolina Lustosa, Rayssa Oliveira, Paulo Melo, Guilherme Azevedo, Narayane Loreno, Priscila Suares, Adriana Braga, Gabrielle Ximenes Checadores: Paulo Melo e Priscila Suares Fotógrafos: Marcela Luiza, Susanne Mello, Luis Martins, Faiara Assis, Thiago Baracho, Anna Lourenço, Isabela Vargas, Kamila Braga, Natalia Roncador, Gabriela Alves, Aline Tavares, Renata Albuquerque, Leonardo Rezende, Sabrina Pessoa Filipe Cardoso Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Universidade Católica de Brasília EPCT QS 7 Lote 1, Bloco K, sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Fone: 3356-9098/9237 Email: artefato@ucb.br Site: www.pulsatil.com.br Facebook: facebook.com/artefatoucb Acervo: issuu.com/jornalartefato
Cidades Trânsito
Águas Claras, cidade dos caminhões Por falta de espaço ou organização da obra, motoristas param seus veículos interditando faixas e causando transtorno nas avenidas Castanheiras e Araucárias Guilherme Azevedo
Águas Claras é hoje o maior canteiro de obras do Brasil, totalizando 590 edifícios já construídos, 201 em andamento e 289 lotes livres, segundo dados da administração regional. Por
Castanheiras e Araucárias, e nas vias arteriais é a quantidade de caminhões de obras que por falta de espaço ou organização interditam parte de uma das faixas das vias, causando transtorno aos
sequentemente cometem infração. “Toda obra precisa de planejamento. Então, quando ela vai utilizar a via, precisa ir ao Detran solicitar a interdição do local. Nesse caso o caminhão
ao flagrar veículos irregulares, a empresa é notificada e a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) é enviada ao local. A Assessoria de Comunicação do Detran-DF esclarece Crédito: Luís Augusto
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isso, a falta de espaço para a realização de tantas obras ao mesmo tempo se tornou um problema para os moradores. O que chama a atenção de quem anda especialmente nas principais avenidas,
motoristas e pedestres. De acordo com a Diretoria de Obras da Administração de Águas Claras, há grande quantidade de caminhões que não estão autorizados a obstruir as ruas. Estando irregulares, con-
está autorizado, mas geralmente o pessoal aqui faz do jeito que quer”, esclarece Pedro Cardoso, assessor do diretor de obras. A diretoria também informou receber várias denúncias por dia. Como não há poder de multar,
que ao não possuir autorização e estacionar em desacordo com as normas do Código de Trânsito Brasileiro, a infração é média e a multa é de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira do infrator. Caso esses veículos estejam pa-
rados sem respeitar as posições estabelecidas no CTB, a infração é leve, penalidade de R$ 53,20 e 3 pontos na CNH. Entre os moradores da região, as opiniões sobre o assunto estão divididas. A professora Adenizia Maria de Medeiros diz estar incomodada, mas entende que o desconforto às vezes é preciso. “Estava passando pela Avenida Araucárias e vi um caminhão parado e até pensei que realmente atrapalha, mas se não for dessa forma como eles irão fazer a obra? Poderia haver um horário que não fosse a hora do rush”, esclarece. Já David Araújo, servidor público, 32 anos, não está feliz com o que vê. “As construtoras acham que podem chegar e colocar os caminhões onde bem devem, atrapalhando o trânsito e, às vezes, causam acidentes. Não tem um dia que eu não veja um caminhão atrapalhando o trânsito. Deviam ter regras estipuladas pela administração para a utilização das vias, até mesmo pra melhor circulação”, afirma. Para conseguir a autorização de interdição da via, o responsável pela obra deve fazer requerimento ao Núcleo de Segurança e Prevenção de Acidentes do Detran-DF e pagar uma taxa de R$ 51,47 por dia de interdição. Caso algum morador queira checar se há ou não a autorização, basta solicitá-la ao diretor da obra. Nenhum representante das empresas flagradas pela reportagem do Artefato aceitou falar sobre o assunto até o fechamento desta edição. As denúncias podem ser feitas no link “ouvidoria” no site www.detran.df.gov. br. A ouvidoria atende ainda no telefone 162. 3
Cidades Crédito: Anna Lourenço
Associação Alecrim acolhe 120 crianças; local sobrevive de doações e está em situações precárias
Iniciativa
Trabalho voluntário a favor da empregabilidade
Na Estrutural, Maria de Jesus mantém creche gratuita; taxa de desemprego entre mulheres pode diminuir com a construção de instituições públicas
Vinícius Remer
Desde 2005, Maria de Jesus mantém uma espécie de creche pública voluntária na Cidade Estrutural ou como ela mesma diz "maternagem solidária". A Associação Alecrim recebe 120 crianças 4
de 0 a 17 anos, e outras 100 estão na lista de espera. Maria afirma que o local surgiu da carência que a cidade tem de espaços voltados para esse tipo de acolhimento. "Se tivéssemos a possibilida-
de de termos creches públicas, seria muito bom. Como não temos, tomamos a iniciativa”, conta. Não é cobrado nada das mães que querem deixar seus filhos na associação, apenas que
comprovem estarem trabalhando e que as crianças estejam vacinadas. O local conta com o acompanhamento de pediatras e psicólogos, que atuam de forma voluntária, e sobrevive basicamente de doa-
ções e do apoio de ONGs. "Pessoas se sensibilizam com a situação, ajudam e colaboram o mês inteiro", revela Maria. O espaço tem o apoio de 17 voluntárias que trabalham no que for preci-
so e principalmente no cuidado com as crianças. Uma delas é Rosana Santos Ferreira. Ela trabalha meio período na creche e acredita que o lugar é ideal para quem não tem condições de pagar por uma creche particular. "Para mim foi ótimo, pois tenho dois filhos na associação e não tinha como arcar com as despesas deles em outro lugar. Enquanto estão aqui, posso procurar emprego fora", esclarece. Paula Galdino, 25 anos, viu na creche a oportunidade para sair do desemprego. "O pai do meu filho está preso, então ultimamente não tenho tido tempo para procurar trabalho, pois não tenho com quem deixar o meu filho. Enquanto ele está na creche, posso buscar emprego", conta. Maria de Jesus diz que existe outro tipo de estrutura familiar na cidade. "A grande realidade da nossa comunidade é que as famílias são chefiadas pelas mulheres. A ausência paterna acaba implicando no desemprego", afirma. DESEMPREGO Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), realizada entre 2012 e 2013, nos meses de janeiro a setembro, enquanto a taxa de desemprego dos homens do Distrito Federal no ano passado foi de 10,2%, a
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das mulheres foi de 14,8 pontos percentuais. A pesquisa revela ainda que o desemprego entre as mulheres diminuiu 1,2% de 2012 para 2013. Mas elas continuam sendo a maioria sem emprego: 57,4% estão desempregadas. O estudo Mulheres do Distrito Federal e o Mercado de Trabalho, de março de 2013, feito pela
Dos 112 Centros de Educação da Primeira Infância (Cepi) previstos para serem construídas durante o governo Agnelo Queiroz, apenas um foi concluída em quatro anos de mandato, a de Sobradinho II. Na Estrutural está prevista a construção de duas Cepis, onde existe demanda de dez creches públicas para
importância das creches públicas para as famílias do DF. "As 112 creches terão atendimento de 10 horas, o que possibilita que as mães trabalhem. Além disso, a Secretaria de Educação firmou parceria com 64 entidades filantrópicas para atendimento dessa demanda, inclusive na Estrutural", afirma.
Maria de Jesus fundou a creche voluntária; enquanto ela cuida das crianças, mães trabalham
Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), sugere que algumas mulheres desistem de procurar trabalho para se dedicarem ao lar, evitar despesas com empregadas domésticas ou por falta de creches públicas para os filhos. CRECHES NO DF
atender crianças de 0 a 3 anos, segundo pesquisa socioecônomica sobre educação básica realizada pela Codeplan. O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Fábio Pereira, diz que o governo está ciente da
O Censo Escolar de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro e Estatística (IBGE), mesmo ano em que Agnelo Queiroz se tornou governador do DF, afirma que de 149.876 crianças de 0 a 3 anos na capital, apenas 5.530 (3,6%), estão matriculadas em instituições públicas, menor índice do
país. Quatro anos depois, o cenário é de apenas um Cepi construído e 6 mil crianças que no início do ano letivo de 2014 não conseguiram vagas para creches públicas, segundo dados da Secretaria de Educação. Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), até 2020, é preciso oferecer creches para 50% das crianças de até 3 anos. Das 31 Regiões Administrativas do DF, mais da metade, 17, não tem nenhum tipo de creche pública, ou seja, existe lacuna para preencher. O subsecretário acredita que a construção de todos os Cepis até o fim deste ano supre a necessidade atual. “A construção dessas creches atende a demanda hoje existente de crianças de 0 a 5 anos até dezembro de 2014, e já firmamos parcerias com o governo federal para construção de novas creches”, diz o subsecretário. Mesmo todas as construções previstas forem realizadas até o fim do ano, a carência ainda é grande. O total de crianças em cada creche é de 120. Multiplicando esse valor pelo número de Cepis previstos (112), obtemos 13.440 crianças atendidas. Número que não chega nem a 10% da população total de crianças de 0 a 3 anos do DF.
Se tivéssemos a possibilidade de termos creches públicas, seria muito bom. Como não temos, tomamos a iniciativa”, Maria de Jesus 5
Cidades Copa do Mundo
Aumenta o número de turistas estrangeiros no Brasil Aeroportos do país esperam receber mais de 600 mil pessoas em 2014 Marcelo Rosa Crédito: Filipe Cardoso
O número de turistas que chegam ao Brasil vem aumentando. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (WTO, em inglês) em 2012 o turismo no país cresceu 5%, enquanto o incremento no mundo foi de 3%, ou seja, a média brasileira foi maior. Eventos importantes e de destaque internacional vêm trazendo novo olhar ao país. De um ano para cá, o número de turistas estrangeiros aumentou com a realização de mega eventos no país. Só no ano passado, o Brasil recebeu a Jornada Mundial da Juventude e a Copa das Confederações. Agora em 2014 sediaremos a Copa do Mundo Fifa e, em 2016, a Olimpíada no Rio de Janeiro. O maior evento de futebol do mundo será realizado em julho de 2014. Segundo a Embratur, cerca de 600 mil estrangeiros estarão visitando o país durante a Copa. Não só nas cidades que receberão os jogos esse aumento é esperado, mas em todo o país. Além dos turistas muitas vezes quererem conhecer cidades próximas às capitais, muitas delegações de seleções ficarão em locais que não receberão jogos e só irão se deslocar no dia da partida para as cidades-sede. Mesmo no caso de seleções que ficarão concentradas em alguma sede, os locais das partidas devem in6
centivar o turismo. É o caso da Itália, que ficará no Rio de Janeiro e seus três primeiros jogos serão no norte e no nordeste do país. ESTATÍSTICAS O fato de recepcionar um evento do porte da Copa é, sem dúvida, fator importante no aumento, porém, segundo estatísticas divulgadas pelo Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitscheck, houve aumento também no número de passageiros vindos de vôos internacionais em meses em que nenhum evento importante estava ocorrendo. Comparando dados de dezembro de 2012 e 2013, por exemplo, o número de passageiros vindos de voos internacionais aumentou em quase 9 mil no espaço de um ano. Em entrevista ao Artefato, a turista francesa Delphine Gar, que viaja pelo país com a família, conta por que resolveu visitar o país antes dos eventos. “Primeiramente não somos exatamente fãs de futebol. Preferimos vir antes para também economizar com as passagens aéreas e com a hospedagem fora de época”, afirma. Além da família francesa, um grupo de australianos conversou com o fotógrafo do Artefato Filipe Cardoso. Eles estão de passagem pelo país para uma missão de caridade. O grupo de tu-
Delphine, o marido e as duas filhas: viajar pelo país antes da Copa para economizar
Crédito: Sabrina Pessoa
Turista mostra o passaporte após pedir informações no balcão do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek
ristas composto por Aaron Sloper, Scott Bevis, Julia Johns e Geoffrey Cake foi super solícito com o fotógrafo e decidiu, após um convite, passear com ele pela cidade e conhecer um pouco dos pontos turísticos e culturais da capital. Filipe narra que o grupo era muito entusiasmado e extremamente cordial. “Eles eram bem animados, perguntaram muito sobre minha vida e sobre Brasília, chegaram a oferecer dinheiro por termos passado o dia juntos”, conta. Segundo o presidente da Embratur, Flávio Dino, a previsão é de que em 2014 o Brasil receba sete milhões de turistas, um milhão a mais que em 2013. Flávio disse
ainda que a previsão é que em 2017 10 milhões de turistas estrangeiros venham visitar o país e desfrutar dos encantos brasileiros. ESTRUTURA Estaria então o Brasil preparado para recepcionar os turistas? Alguns problemas de infraestrutura e acomodação são visíveis. Os aeroportos ainda estão em reforma e o transporte público não parece ter melhorado. Segundo o portal UOL 93% das obras prometidas para a Copa do Mundo ainda não foram concluídas. Entretanto, algum dinheiro foi investido em outros setores para recepcionar o evento. Em Brasília um novo
estádio com orçamento astronômico foi levantado, substituindo o antigo Mané Garrincha. Estima-se que o valor do investimento tenha sido em torno de R$ 1,406 bilhão. Além disso, algumas obras de infraestrutura local, como asfaltamento de quase todas as principais vias da cidade, e a construção de novos viadutos, foram feitas para melhorar o trânsito. Os hotéis se dizem preparados para receberem os turistas e o aeroporto receberá no
total um investimento de quase R$ 3 bilhões, Sendo R$ 750 milhões destinados a obras consideradas urgentes e que serão feitas até o início da Copa. O restante será investido após o evento. O aeroporto de Brasília espera aumentar o estacionamento para 3 mil lugares. Atualmente a capacidade é de 16 milhões de passageiros e na fase final das reformas suportará 41 milhões. Diariamente 30 mil passageiros passam pelo local. Entretenimento, lazer, gas-
R$ 3 bilhões
É o valor do investimento que o Aeroporto de Brasília vai receber
tronomia e hotelaria estão sendo aprimorados nas redondezas, garante a concessionária Inframérica. Os estádios em todo o país foram modernizados para se adequar ao famoso e rigoroso padrão de qualidade da entidade promotora da Copa, conhecido como padrão Fifa. Esse tal padrão é criticado por impor determinadas diretrizes que as cidades simplesmente têm de acatar. Na Bahia, por exemplo, algumas festas típicas serão proibidas durante o evento. Todas as áreas próximas aos estádios só poderão receber restaurantes credenciados. O órgão se justifica dizendo que o país sabia das exigências ao aceitar sediar o evento. 7
Cidades Viagem
Batalha das malas
Aeroporto JK tem sido lar de bagagens abandonadas sem identificação que irão a leilão popular inédito no DF
Rayssa Oliveira
O Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek recebe, diariamente, cerca de 30 mil passageiros, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Juntamente com eles, milhares de malas que circulam nas esteiras, carrinhos e bancos do terminal. No ano passado, em todo o Brasil, a Infraero registrou quase dois milhões de malas perdidas, danificadas ou abandonadas. Cerca de 10 mil dessas ocorrências foram no aeroporto da capital. Os itens encontrados são encaminhados para os achados e perdidos e após 30 dias são relocados para um depósito onde aguardam para serem leiloados. Os leilões acontecem nos aeroportos por todo o país, com os mais diversos itens e milhares de reais em jogo. Os lotes passam por inspeções via raio-X para detectar produtos perecíveis ou perigosos, como materiais químicos, por exemplo. Depois são catalogados e armazenados. Os licitantes não podem abrir as malas que estão sendo leiloadas: precisam confiar nos instintos e apostar no que há dentro de cada uma, que vai desde jóias caras a roupa suja. Apenas ao final do leilão os ganhadores podem abrir a bagagem e descobrir se tiraram a sorte grande.
O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, arrecadou R$100 mil em um único leilão realizado em dezembro de 2013. O empresário Cláudio Bientercourt que participou da audição pela primeira vez teve saldo positivo: arrematou quatro malas e lucrou quase R$3 mil. “Na maioria eram roupas mas em uma delas tinha produtos importados e em outra um saco com moedas antigas que deram um bom lucro. Tive sorte”, comemora. Além das bagagens, serão colocadas a venda também itens singulares como jóias e eletrônicos que são deixados geralmente nos pontos de check-in e nas esteiras de raio-X.
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Crédito: Aline Tavares
As malas têm trinta dias para serem reclamadas antes de ir a leilão
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A perda de alguém é o ganho de outra pessoa” João Carlos Pinhares João Carlos Pinhares, diretor de logística do Aeroporto de Brasília, responsável pelo recolhimento e manutenção de itens abandonados, afirma que o motivo de tanto esquecimento é, na maioria das vezes, o descuido das pessoas que saem para comprar alguma coisa ou comer em algum lugar e deixam sua bagagem desacompanhada. “Eu ando pelo terminal o tempo todo e uma ou duas vezes por dia encontro uma mala sozinha,”, diz. Mas não é só pelo esquecimento que as malas lotam os quase 100 m² do depósito aeroportuário. Funcionários contam que, em alguns casos, os pertences são abandonados de propósito. “Uma moça deixou duas malas de carrinho pra trás dizendo que terminou com o namorado na viagem e não queria nada que o lembrasse, portanto,
toda a bagagem”, conta Luiz Cândido, segurança do aeroporto. Não há dados oficiais de itens reavidos, já que para recuperar algum objeto perdido é necessário apresentar apenas o documento de identidade do dono, mas segundo a funcionária dos achados e perdidos Luiza Moura, a procura é mínima: apenas 10% das bagagens, no máximo, são resgatadas. “As pessoas abandonam, esquecem ou deliberadamente descartam todo tipo de coisa, e esse é o motivo pelo qual se vê toda essa bagagem. Nós temos muita coisa, e precisamos esvaziar, a perda de alguém é o ganho de outra pessoa” conta Pinheiros. O primeiro leilão de bens do aeroporto JK estava previsto para abril desse ano, mas a administração informou que por decisão judicial a audição será adiada para após a Copa do Mundo. Com fluxo normal, o Aeroporto Juscelino Kubitschek recebe cerca de mil malas perdidas por mês, mas em eventos como a Copa, por exemplo, esse número deve triplicar. Com isso, a administração vai esperar para fazer um só leilão e esvaziar o depósito. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) vai publicar edital informando sobre o leilão à população dando prazo de até 60 dias para a retirada de objetos pelos donos. Após esse prazo, haverá perda total da propriedade dos bens remanescentes, que passarão a ser propriedade do Estado e serão vendidos no leilão público. Segundo o TJDFT, para participar do leilão é preciso se cadastrar no site da Inframérica. Os formulários serão disponibilizados um mês antes. A verba arrecadada vai ser direcionada para melhorias gerais do aeroporto e os bens não arrematados serão doados para instituições de caridade de Brasília ainda a serem definidas. Segundo a Inframérica, a audição deverá acontecer em agosto. Até lá as malas aguardam o chamado de embarque para o destino de sua próxima viagem.
Política Transparência
Lei da Ficha Limpa promete varrer eleições No primeiro ano em vigor, candidatos devem estar atentos a irregularidades em seu histórico político Joyce Oliveira
A Lei da Ficha Limpa será aplicada nacionalmente em 2014. Por isso, pré-candidatos em todo o país deverão estar atentos. Sancionada em 2010, atendendo pedido da população diante de tantas irregularidades entre os políticos brasileiros, a lei pretende punir e afastar de cargos públicos não só políticos, como também servidores que tenham cometido atos contra a lei. Além disso, também faz parte do projeto a conscientização da sociedade sobre o voto. A Justiça Eleitoral brasileira está em alerta nas eleições deste ano. A Lei Complementar n° 135/2012, conhecida como Ficha Limpa, esteve vigente nas eleições municipais de 2012 e representou 43% de todos os processos recebidos contra candidatos segundo o Superior Tribunal Federal (STF). Em 2014 a lei fiscalizará todo território nacional. São 14 pontos (alíneas) que descrevem as situações em que os candidatos poderão ser barrados. As alíneas esclarecem detalhadamente como podem se tornar inelegíveis candidatos a cargos políticos e como podem ser punidos. Além disso, também especificam a inelegibilidade para cargos como presidente da
República. Servidores públicos também podem ser punidos pela Lei da Ficha Limpa. Em entrevista no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o assessor especial da Presidência do tribunal, Murilo Salmito, afirmou que a lei foi pensada para o mau administrador de dinheiro público e para aqueles que abusam do poder econômico e político, tentando influenciar no resultado da eleição. Para o servidor aposentado Luiz Alber dos Reis, 64 anos, a lei é uma ideia relevante, mas que precisa ser mais firme. “Enquanto existir recurso na Justiça, e juízes que não tomem decisão final condenando esses políticos corruptos, a lei será fraca. O Brasil ainda não tem estrutura para isso”, afirma. Seu filho Bruno Luiz dos Reis, 17 anos, acredita que a lei possui critérios suficientes para apresentar resultados positivos. “Sou menor de idade e já tenho título de eleitor por acreditar na lei. A Ficha Limpa tem tudo para acabar com a sujeira no Brasil, por mais que existam tantas tentativas de burlar a punição”, conta. O Movimento Contra Corrupção Eleitoral (MCCE), que contribuiu no processo de elaboração do projeto, acredita que a lei é imprescindível para o futuro da política
Crédito: Anderson Miranda
brasileira. O comitê do Movimento, a Organização não Governamental Adote um Distrital, pretende usar a lei como ferramenta de cobrança aos parlamentares. “A Ficha Limpa tem contribuído bastante para os parlamentares sentirem que houve uma mudança na sociedade. É um marco na sociedade brasileira e na vida dos brasileiros”, afirma Jovita Rosa, presidente do MCCE e da Adote um Distrital.
Ficha Limpa pode fechar o tempo nas eleições de 2014 NA PRÁTICA Nas eleições municipais de 2012, o Partido Social Democracia Brasileira (PSDB) foi o que obteve o maior número de candidatos barrados, somando ao todo 56, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido Progressista (PP) seguiram em segundo e terceiro lugar, com 49 e 30 candidatos barrados respectivamente. Ainda em 2012 um levantamento com os nomes dos candidatos barrados foi realizado, mas o Tribunal Regional Bruno Luiz, 17 anos, eleitor Eleitoral do Estado de Goiás não forneceu esses dados. Por isso, não há como saber quem foi bar- Federal Beto Albuquerque (PSB-RS), ele se rado no Entorno do DF. declarou a favor da lei e comentou sobre a Uma lista divulgada pela Organização Ava- participação da sociedade no projeto da elaaz apresenta o nome de 41 parlamentares que boração: “É assim que construímos a polítise posicionaram contra a formulação da lei. O ca vista pelos olhos do povo com grandeza Deputado Beto Mansur (PP-SP) que estava nes- e com respeito. Quando nos damos ao ressa lista, informou por meio da assessoria de im- peito de entender a vontade da sociedade”. prensa que não é favorável à Ficha Limpa como No Distrito Federal já se pode contar está atualmente. O deputado ainda levantou a com dois nomes que estão fora das eleições questão que 25% dos casos condenados em pri- pelos critérios de avaliação da Ficha Limpa: meira e segunda instância são inocentados em o ex-governador Joaquim Roriz, que renunterceira e que, de acordo com ele, não deveriam ciou ao mandato de senador em 2007, sendo ser considerados culpados até a decisão final. inelegível até 2023, e o ex-vice-governador Em matéria publicada no site do Deputado Paulo Octávio, inelegível até 2018.
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A Ficha Limpa tem tudo para acabar com a sujeira no Brasil, por mais que existam tantas tentativas de burlar a punição”
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Política ANÁLISE
O fim do reinado de Marco Feliciano Deputado deixa a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias após críticas
Guilherme Pesqueira e Priscila Suares
Após um ano à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) termina sua gestão. Durante esse tempo, propôs projetos sobre segurança, levantou polêmica sobre projetos de saúde e causou indignação referente a projetos relacionados ao público homoafetivo. Diante disso, a questão é: qual é o legado do parlamentar em três anos de Câmara dos Deputados? Durante seu mandato como deputado foi autor de 33 projetos de lei (PLs) e à frente da CDHM foi autor de três propostas. Uma delas, a 6188/2013, propõe benefício de prestação continuada ao indivíduo que comprove que ajuda por tempo integral algum familiar com deficiência. O deputado alega que quem tem deficiência por lei já é amparado pela assistência social, porém o familiar que o auxilia não recebe nenhum tipo de beneficio. “Não é justo que esse cuidador da família viva sem ter como prover o próprio sustento, ou tenha que fazê-lo com os limitados recursos da assistência social”, justificou o deputado no projeto. Anterior à presidência da CDHM, o parlamentar propôs o PL 309/2011, que fala sobre a obrigatoriedade de haver no currículo escolar do ensino fundamen-
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Crédito: Renata Albuquerque
tal das escolas públicas o ensino religioso, sendo de matrícula facultativa. A proposta é que haja respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil. O aluno que não optar pela disciplina poderá cursar no lugar formação de ética e cidadania. “Precisamos redimir as distorções históricas do Ensino Religioso no Brasil, e este processo só será possível com a mudança de paradigma e relação à metodologia e epistemologia utilizada nas aulas de Ensino Religioso”, alegou Feliciano em justificativa do projeto. Durante os três anos de mandato na Câmara, o deputado apresentou 54 pedidos de requerimento (REC), 11 requerimento de informação (RIC), 4 projetos de decreto legislativo de sustação de atos normativos do Poder Executivo (PDC), fez oito indicações e um requerimento de instituição de CPI (RCP) – a do Ecad. Dentre os 33 projetos que têm o nome de Feliciano, apenas dois deles não são de própria autoria – e nenhum deles é de grande impacto para o país. Nenhuma das propostas foi aprovada ainda; 11 PLs foram arquivados e nove estão em andamento. De acordo com levantamento da Revista Congresso em Foco, Marco Feliciano até que não foi um parlamentar dos mais ausentes, mas passa longe da assidui-
Para o cientista político Rócio Barreto, Feliciano conseguiu um dos objetivos: se popularizar
dade de nomes como Reguffe (PDT-DF), que não faltou nenhum dia de trabalho. Das 113 seções da Câmara, esteve presente a 88. Das 25 faltas, 24 foram justificadas. POLÊMICAS O cientista político e sociólogo Rócio Barreto denomina o trabalho de Marco Feliciano à frente da CDHM como desigual e intolerante, devido à falta de imparcialidade do parlamentar e segregação de classes. “O que se viu foi ocupação apenas por uma determinada base e o aparelhamento dela com a ideologia ativa dessa base”, esclarece. O advogado e especialis-
ta em causas LGBT Dimitri Sales é enfático ao dizer que o pastor envergonhou o país nos fóruns internacionais de direitos humanos.Para ele, Feliciano legitimou condutas de violência contra populações vulneráveis. “O trabalho realizado pelo parlamentar representou um desserviço ao país. O deputado buscou institucionalizar discursos que ferem a dignidade humana, dando-lhes áurea de legitimidade e oficialidade”, afirma. De acordo com Dimitri, além da vergonha e desconforto, os projetos propostos pelo pastor deputado tornaram-se prejudiciais para o movimento LGBT. Pautas que já estavam programa-
das para serem debatidas pela comissão deixaram de avançar com a chegada de Feliciano. Segundo Dimitri, um dos projetos que mais prejudicou o público foi o PDC 234/2011, Projeto de Decreto Legislativo apelidado de “cura gay”. “Por ter sido objeto de análise da comissão um projeto que reconhecia a homossexualidade como doença, devolvemos fôlego a superados estigmas. Retrocedemos num momento que requer avanços na conquista de direitos”, sentencia Dimitri. Para o vigilante da Câmara dos Deputados Thiago Gomes, 28 anos, que é freqüentador da igreja evangélica, a atuação do deputado
Feliciano foi exemplar. Segundo Thiago, o deputado mostrou a ética do povo evangélico. Para ele, a presença da bancada evangélica no Congresso Nacional é importante para confrontar alguns projetos ou leis que possam prejudicar a sociedade, como o “kit gay” nas escolas e leis sobre o aborto, por exemplo. “Quando se trabalha limpo ninguém derruba, ninguém tira”, afirma Thiago, em defesa do parlamentar. RELIGIÃO Pastor da igreja Ministério Tempo de Avivamento, Feliciano foi alvo de críticas direcionadas à sua postura diante de questões contrárias à religião. Com o crescimento constante da bancada evangélica, que hoje conta com 73 deputados federais, existe preocupação de separar os dogmas religiosos do que é melhor para os direitos humanos sociais. De acordo com Dimitri Sales, a atuação das bancadas fundamentalistas religiosas se volta contra a construção de um Estado laico e tenta de todos os modos subjugar a razão pública pelos valores religiosos. Dimitri acredita ainda que esse posicionamento causa influência negativa à socie-
dade, uma vez que o Estado nunca deve se pautar por questões morais, religiosas ou de qualquer ordem de cunho íntimo. Apesar das duras críticas que Feliciano sofreu, Rócio Barreto é enfático ao dizer que o legado deixado por ele foi o aumento de sua popularidade. “Foi polêmico, deu o seu recado, convenceu e ampliou seus admiradores”, afirma. De acordo com Rócio, quanto mais havia oposição e mais as pessoas não apreciavam seu trabalho, declarações e ações, ele crescia, mais era visto, odiado e admirado. No último dia 25 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores (PT) indicou o deputado Assis do Couto, do Paraná, para assumir a comissão e retomar o controle das discussões após a saída de Feliciano. Antes dele, a deputada Manuela D’avila (PCdoB-RS) presidiu a CDMH em 2011. Já em 2012 foi substituída pelo petista Domingos Dutra (PT-MA). Até o fechamento dessa edição, o parlamentar Marco Feliciano são retornou a reportagem do Artefato.
Crédito: Shizuo Alves
2011
211 mil
25
11 PLs
foi quando o parlamentar sugeriu ensino religioso nas escolas
votos elegeram o pautlista em 2010
foi o número de sessões a que o deputado faltou em 2013
apresentados por Feliciano foram arquivados 11
Fotorreportagem
Quem disse que Brasília não tem Carnaval? Joyce Oliveira
Diversidade é a palavra para sintetizar a comemoração na capital. Foliões puderam desfrutar de blocos de ruas, shows e desfiles de escolas de samba. Em 2014, eventos gratuitos fizeram referência aos carnavais famosos como de Olinda e Rio de Janeiro. A popularidade do evento foi confirmada na cidade, trazendo diversão para todas as idades e diferentes estilos.
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15 Anos Solidariedade
De artesãs a personagens de livro Projeto de extensão da UCB dá vida à narrativa contada por moradoras do Areal. Iniciativas como essa se tornaram pauta do Artefato em 1999 Ana Karoline Lustosa
Assim como há 15 anos, as comunidades próximas à Universidade Católica de Brasília (UCB) ainda recebem projetos de extensão realizados pelos alunos e professores da instituição. Em uma das primeiras edições do Artefato, em maio de 1999, a então estudante
de jornalismo Patrícia Mesquita já levava ao leitor uma perspectiva de como seria o novo projeto a ser realizado no Areal, bairro localizado próximo à UCB. O então coordenador geral do movimento Desenvolvimento Integral Participativo (Dipar) e morador do
Areal, Manoel Fonseca de Souza, que juntamente com a docência levou à comunidade capacitação e inserção no mercado de trabalho, afirmou durante entrevista, na época, esperar que a UCB continuasse contribuindo para o desenvolvimento da comunidade. E o desejo de
seu Manoel se concretizou. Entre os projetos que já passaram pelo Areal está o “Deixa que minha história eu conto”, iniciado em 2013. Mulheres artesãs que participaram de oficinas de artesanato no projeto “Comunidade Educativa do Areal”, também realizado pela
UCB, foram ouvidas e suas histórias se tornarão um livro, com fotos feitas pelos alunos do grupo Captura da UCB. A expectativa é que seja lançado ainda este ano. A coordenadora do projeto, professora Maria do Amparo, explica que o envolvimento com as artesãs Crédito: Marcela Luiza
Dona Pedrelina aprendeu a fazer artesanato em um projeto da UCB. Hoje em dia a artesã produz e presenteia parentes e amigos.
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e suas histórias revela o quanto essas personagens têm clareza da injustiça material e simbólica que vivem. “Isso reforça a compreensão do papel da universidade na promoção da justiça, direitos humanos e inclusão”, afirma. Foram ouvidas ao longo do ano passado 17 mulheres.
Uma das artesãs é Pedrelina Alves da Costa, 73 anos. Com cabelos grisalhos e um belo sorriso, a artesã diz que já conhecia outros projetos de extensão. “Frequentava a universidade há algum tempo porque fazia musculação e participei de um projeto de alfabetização, onde aprendi
a ler e escrever também”, conta. Quem a vê assim, sorridente e brincalhona, não imagina sua história. Nascida em Januária (MG), dona Pedrelina chegou ao Distrito Federal em 1970. Foi nos primeiros anos na capital, quando morou no Paranoá,
que perdeu a filha de um mês e meio. O barraco construído com tábuas pegou fogo; até hoje não se sabe o que causou o incêndio. Nos braços, a artesã ainda carrega marcas daquele trágico dia. Moradora do Areal há 12 anos, dona Pedrelina é viúva, tem 10 filhos e confessa que não esperava que sua história ganhasse divulgação. Além disso, ela conta que o receio de conversar com pessoas “mais estudadas” passou após frequentar mais a universidade. “Hoje eu consigo conversar com qualquer um sem medo que eles façam graça com minha cara”, desabafa. Mas não são somente os moradores da região que
saem com novas experiências. Voluntários dos projetos de extensão afirmam que a sensibilidade ao diferente se torna mais aguçada. Inês Campos, 32 anos e aluna de Letras, está no projeto “Deixa que minha história eu conto” desde o segundo semestre do ano passado. “Cada pedacinho da história delas é, de certa forma, um pedacinho da história da gente”, comenta. Atualmente, a UCB oferece 13 projetos de extensão nas regiões do Areal, Riacho Fundo II, Recanto das Emas e Samambaia. Entre eles estão o Alfabetização Cidadã, Centro de Convivência do Idoso, Projeto Ser+ e o Projeto Rondon.
Extensão para a Universidade O diretor dos programas na UCB e professor de Pedagogia Adriano José Hertzog explica que essas ações contribuem diretamente para o desenvolvimento econômico e social das regiões. O conhecimento ensinado na sala de aula chega até eles e, segundo o professor, provavelmente a comunidade não teria acesso a esse tipo de informação de outra forma. “Contribuem com a organização da comunidade em vários aspectos, particularmente com tecnologia educacional para educadores, artesanato, valorização da cultura, melhoria da auto-estima das mulheres e inserção das mesmas na vida social da comunidade”, ressalta. Para mais informações a respeito de cada projeto, acesse www.ucb.br.
Memória
A artesã mineira mora no Areal há 21 anos. Dona Pedrelina terá sua história contada em um livro.
A matéria intitulada “Novo projeto no Areal” (foto) foi publicada no Artefato em maio de 1999 e escrita pela estudante Patrícia Mesquita. Tratava-se de um novo projeto, ainda não intitulado na época, que levaria aos moradores do Areal cursos de informática, confecção de bijuterias, produção de doces e outros. A expectativa era de preparar ao menos 1600 pessoas só por meio da informática. Na reportagem ainda é ressaltado que em 1998 a UCB recebeu o prêmio Top Educacional, por conta do projeto de Desenvolvimento Integral Participativo. 15
Inclusão Projeto piloto
Integração social pelo controle remoto
Brasil 4D possibilita acesso a serviços públicos por meio da interatividade da TV Digital
Adriana Braga e Ramíla Moura
A televisão é o aparelho eletrônico mais popular do país. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2012, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está presente em 97,2% dos lares brasileiros. Sua principal função ainda é a de transmitir conteúdos aos telespectadores que assistem a programações de entretenimento, informação e outros. Mas, e se a televisão pudesse ultrapassar os limites da transmissão e possibilitasse interatividade a quem a assiste? De acordo com Cristiana Freitas, coordenadora de interatividade do Projeto Brasil 4D, criado e desenvolvido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o telespectador participante do projeto pode com o controle remoto ter acesso a informações e programações interativas de utilidade pública e entretenimento por meio da TV digital. SERVIÇOS Marcação de consultas, endereços de delegacias mais próximas, novelas educativas, oferta de empregos e jogos interativos. Esses são alguns dos serviços ofertados aos participantes do projeto, que 16
começou a ser implantado em fevereiro deste ano em Samambaia. Segundo Cosette Castro, pesquisadora em TV digital e consultora do projeto, um dos objetivos do projeto-piloto é promover a inclusão social das pessoas de baixa renda, já que, segundo ela, a seleção dos contemplados se deu por categoria de renda e pela participação dos moradores em programas como o Bolsa Família e o Brasil sem Miséria. O controle remoto é a ferramenta de interatividade do telespectador com a televisão. Ou seja, é por meio dele que o usuário dá os comandos para determinada atividade de que queira participar na TV. Ana Moreira, moradora contemplada pelo projeto, conta que ainda não acessou tudo que é oferecido na programação. Ela costuma utilizar o quadro das vagas de emprego. Mas afirma que serviços de saúde, como marcação de consultas ainda não estão disponíveis. “De saúde ainda não, só fala o dia que a carreta da mulher vai vir para cá”, afirma. Ela lembra que o aparelho responsável por transmitir o sinal digital, chamado set-top box, precisa estar sempre em funcionamento.
Crédito: Gabriela Alves
Ana Moreira, contemplada pelo projeto Brasil 4D, acessando uma das programações.
“Não pode desligar! Se não perco as vagas de serviço! Tenho que deixar ligado o tempo todo”, afirma Ana, referindo-se ao conversor digital. A moradora fala que a televisão é melhor que o computador, pois sente mais segurança em relação a oferta de vagas e tem mais intimidade com o aparelho. O projeto conta com parcerias do governo federal, Banco do Brasil, Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Caixa Econômica Federal, banco de dados do Sistema Úni-
co de Saúde (Data SUS) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). IMPLANTAÇÃO Desde 2006 a televisão brasileira vem passando por processo de transformação tecnológica. A versão digital foi introduzida no país pelo Decreto 5.820, e permite a multiprogramação nos canais públicos e o uso da interatividade em todos os canais. O processo de implantação de cobertura do sinal digital não foi totalmente efetivado. Po-
rém, o pesquisador da TV digital Alexandre Kieling, da Universidade Católica de Brasília (UCB), explica que mais de 80% da população brasileira já têm cobertura de sinal digital, lembrando que esse percentual está concentrado nos grandes centros. “A gente ainda tem áreas de sombra em algumas regiões,” enfatiza o pesquisador. Aqui no Distrito Federal as emissoras com sinal digital funcionam bem, mas nas regiões administrativas como Águas
Como funciona: Claras, Taguatinga e Ceilândia, dependendo da situação, o sinal pode funcionar ou não, pontua. Segundo ele, há dificuldade de implantação no interior do Brasil. “Para fazer com que o sinal chegue ao interior do país seria preciso instalar repetidoras digitais, que servem para ampliar o sinal da rede, e isso significaria custos que nem todas emissoras têm dinheiro para pagar,” explica Alexandre Kieling. NOVELA Uma das programações diversificadas do projeto é uma novela educativa que traz em seus capítulos temas de interesse social da comunidade, como saúde, bem estar, leis, entre outros. Raphael Irerê, roteirista do projeto, explica por que se trabalhar com o gênero. “A ideia de fazer um arco dramático no estilo de mini-novela tem tudo a ver com o hábito brasileiro de assistir a novelas. O projeto Brasil 4D por ser uma inovação precisa ser aceito e reconhecido pelo público como uma tecnologia comum, a ponto de que cada telespectador possa se apropriar de maneira natural”, esclarece. O roteirista completa que devido aos testes realizados em João Pessoa (PA) e à natureza dos serviços oferecidos, os elaboradores do projeto entendem que seriam necessários dois formatos de conteúdo audiovisual: dramaturgia e tutoriais. “A dramaturgia busca chamar atenção
para os serviços. Já o tutorial procura ensinar a usar o serviço, buscar informações e realizar em muitos casos uma das primeiras aproximações das pessoas com a linguagem de navegação em telas, de pesquisa e busca de conteúdos em meios digitais,” explica o roteirista. Um tema apresentado na “novela social” é a Lei Maria da Penha, que trata das punições para agressões contra as mulheres. No enredo, o tema é tratado em um núcleo familiar, mas tendo o cuidado para não ser exposto de forma brusca. Raphael explica, por exemplo, que eles tiveram o cuidado de colocar no papel de agressor nunca o pai ou o irmão, mas um vizinho ou alguém não tão próximo da família. A novela é uma aposta importante do projeto, já que o gênero faz parte da cultura brasileira, e nos últimos anos tem se tornado objeto de um fenômeno conhecido como TV social, uma espécie de junção da transmissão da televisão com a interatividade da internet. Um exemplo disso foi recentemente a popularização nas redes sociais de frases de Félix, personagem da última novela global das nove, Amor à Vida. De acordo com Alexandre Kieling, a junção do conteúdo da televisão utilizado nas redes sociais causa o efeito da TV social, onde as pessoas assistem as programações dos conteúdos e começam a falar deles nas redes sociais.
Existe uma oportunidade de emprego em um local próximo a Samambaia. O telespectador se interessa pela vaga, aperta a opção referente a seu interesse. Observa se está de acordo com o perfil ofertado no programa. Evita perder tempo e dinheiro indo até o local da vaga, para só então saber se encaixa no perfil procurado. Liga para o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Candidata-se. Aguarda ser chamado.
Roteirista do projeto, Rafael Irerê, explica que a dramaturgia presente nas programações busca chamar atenção para os serviços.
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Política Ação afirmativa
Ipea ratifica cotas para negros em concursos públicos Instituto apresenta estudo que aprova a reserva de 20% das vagas para negros em concursos públicos Thiago Baracho
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou em fevereiro de 2014 uma análise a partir do Projeto de Lei 6.738/2013. O PL que tramita no Congresso Nacional foi aprovado na Câmara dos Deputados e prevê a reserva de 20% das vagas no serviço público para a população negra. A proposta segue no Senado. A Nota Técnica (uma publicação que apresenta resultados de projetos de pesquisa que ainda estão em andamento) é de autoria de Tatiana Dias Silva, bolsista do Ipea, e Josenilton Marques da Silva, gerente de pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado (Diest). O Ipea mostra no estudo que, de fato, a apresentação do PL oferece avanço na concepção e atuação do governo federal para a questão racial. Em seus artigos o projeto de lei estabelece reserva de 20% das vagas sempre que o número de vagas oferecidas for igual ou maior que três; trata dos critérios de arredondamento; estipula que a reserva de vagas constará nos editais; define como beneficiários os candidatos que se declararem negros ou pardos no ato da inscrição. Determina que os candidatos negros concorrerão em duas listas, as “reservadas” e as de “ampla concorrência”. Para justificar o projeto alega-se que mesmo com todos os esforços e políticas de inclusão promovidas pelo Brasil em diversos campos sociais, ainda persistem desigualdades entre negros e
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Crédito: Thiago Baracho
brancos. E essas diferenças raciais se mantêm na composição dos cargos públicos. Entre os ocupados no Estado, a condição de servidor público e militar é mais frequente para a população branca – acima de 60%. Já a população negra ocupa 47% dos cargos, todavia em cargos de menor expressão e baixos salários. Marcelo Neri, presidente do Ipea, acredita que questões históricas contribuem para a segregação da população negra ate hoje. “O Brasil foi o ultimo país do mundo ocidental a abolir a escravatura e isso traz reflexos até hoje. A lei de cotas no serviço público é fundamental para nivelar o campo e promover a igualdade de oportunidades”, defende. Segundo a pesquisa, os negros não estão distribuídos de forma equânime nem entre as diferentes esferas de poder e, muito menos, entre as diferentes carreiras, posições ou níveis salariais. Tanto o Supremo Tribunal Federal (STF) como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmaram posição favorável à adoção de ações afirmativas com critério racial. O entendimento unânime dos ministros é que as ações afirmativas deveriam ter período determinado e ser desenvolvidas de forma proporcional e razoável. ENTRE OS LADOS A E B Mesmo existindo avaliação positiva de ações afirmativas com critérios raciais, são recorrentes os questiona-
Os concurseiros Henrique Moreno e Henrique Moura divergem sobre o PL
mentos referentes à meritocracia ou que os beneficiados fossem indivíduos de baixa renda. “Com a meritocracia, surge à necessidade de colocar na máquina pública as pessoas mais bem preparadas. Agora colocar na máquina pública pessoas que – em tese – não seriam mais bem qualificadas que as outras, por critério de cor. Isso, em minha opinião, é uma esquizofrenia institucional em nosso país”, contesta Max Kolbe, advogado especialista em concursos públicos. Os estudantes Henrique Moura, 31 anos, e Henrique Moreno, 25 anos, divergem sobre o projeto de lei. Ambos
estudam em escola preparatória para concursos de Brasília. Eles disputam uma vaga para entrar na Polícia Legislativa. A média de estudo dos dois é de oito horas diárias. “Não tem como estimular que cotas raciais constituam complemento daquilo que quinhentos anos de manifestação contínua de desagrados a todas as raças sejam feitas por concursos públicos”, afirma Henrique Moura. A opinião de Moreno é diferente: “Por outro lado, é muito mais fácil para a maioria da população branca ter acesso a escolas preparatórias e melhores formações no ensino médio”. Para Luiza Bairros, soció-
loga e ministra da Secretaria de Igualdade Racial, o projeto não deixa margens para que pessoas sem a qualificação mínima ingressem na carreira pública. “Todo concurso público trabalha na base de uma nota de corte e o PL não prevê que pessoas negras com notas abaixo da mínima sejam contempladas com acesso a cargos federais”, explica. Este também é o posicionamento do Ipea. O estudo considera que os questionamentos sobre meritocracia serão resolvidos pelo fato de que os concursos públicos estabelecem pontos de cortes e percentuais de aproveitamento mínimo para habilitação em seus certames.
Inclusão Educação
Capacitação inclusiva
Estudantes da Universidade de Brasília criam programa de computador para estimular a aprendizagem de pessoas com síndrome de down
Amanda Gonzaga e Gabrielle Ximenes Crédito: Natália Roncador
Em 21 de março foi comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data relembra a importância de estimular a inclusão das pessoas com síndrome de down. A síndrome se caracteriza por ser um dos tipos de deficiência intelectual. Todo deficiente tem direito ao estudo, ao trabalho e à participação política, de acordo com o artigo 8º da Lei 7.853/89. Todas as instituições de ensino estão proibidas de recusar qualquer estudante por motivo de deficiência. Caso aconteça, as escolas precisarão pagar multas e os diretores poderão ser punidos com reclusão de até quatro anos. Há 23 anos, a professora Maraísa Helena Borges atua como educadora e desde o início da carreira identificou que a educação inclusiva não era trabalhada corretamente. “Pude perceber que os métodos tradicionais de alfabetização não motivavam ou despertavam interesse para esse público, visto que eram muito infantilizados, ou ao contrário, muito avançados”, explica. A docente garante que o fundamental para uma educação inclusiva é o uso de metodologia específica que seja voltada para a aprendizagem. Para melhorar o processo de ensino, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) criaram o software gratuito chamado Participar para a alfabetização de pessoas com síndrome de down.
O trabalho é o resultado da conclusão de curso de Ciência da Computação dos estudantes Renato Domingues Silva e Tiago Galvão Mascarenhas. O programa educacional utiliza imagens e vídeos didáticos para estimular a comunicação. O trabalho iniciou em 2012 com gravações de vídeos na UnB. A professora Maraísa é consultora pedagógica do Participar e ressalta que desde o início o trabalho foi dedicado para as pessoas com deficiência intelectual. “Decidimos que o software deveria ser construído com eles, por eles e para eles”, explica. Aos 34 anos, Antônio Araújo da Silva Filho, o Tonico, é um dos atores com síndrome de down que aparecem durante os exercícios de simulação do programa. Com orgulho, comentou sobre sua participação. “Eu adoro o projeto. O que mais gosto é da sala de bate papo”, conta. A mãe de Tonico, Maria Margarida Romero Araújo, acompanha o filho em todas as atividades e percebeu que a participação no projeto estimulou a comunicação de Tonico. “A inclusão é um processo social. A família precisa participar de todas as fases”, esclarece. Para o professor coordenador do projeto, Wilson Henrique Veneziano, os estudantes precisam ter a sensação de reconhecimento ao assistir a um vídeo que é protagonizado por alguém que tenha
A inscrição no projeto Participar ajudou Tonico a se comunicar nas redes sociais
as mesmas necessidades. “Priorizamos a participação de Tonico para que a integração de cada participante no projeto fosse mais proveitosa”, afirma. Atualmente, a segunda versão do software conta com 700 vídeos e está disponível gratuitamente para download no site. O projeto foi testado em cinco escolas públicas do Distrito Federal e em uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Segundo a consultora Maraísa, o projeto foi distribuído para todas as 654 unidades de ensino da Secretaria de Educação do DF. O resultado foi satisfatório e
o Ministério da Educação implantará o programa em 93 mil escolas públicas do país em abril deste ano. Em maio, o grupo lançará o Somar, novo programa para auxiliar as pessoas com deficiência intelectual que possuem dificuldade em Ma-
temática. Serão oferecidas lições que envolvam contas em situações cotidianas, como pagar uma passagem de ônibus e calcular o troco do dinheiro, aprender a olhar as horas, controlar a medicação e uso de calculadora, por exemplo.
Balanço No Distrito Federal estão matriculados mais de 6.500 estudantes com deficiência intelectual em escolas públicas. Segundo os dados da Secretária de Educação do Distrito Federal, a região administrativa de Ceilândia se destaca com o maior número de estudantes inscritos. Ao todo, são mais de 1.200 jovens na educação regular com deficiência intelectual. Conheça o programa Participar em: http://www.projetoparticipar.unb.br/
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Esporte Lazer
Exercícios no zoológico
Servidores e comunidade praticam artes marciais em meio à natureza e aos animais
Nikelly Moura Crédito: Nikelly Moura
A ideia surgiu após estudo realizado pela Superintendência de Educação e Lazer (Suel), do Zoológico de Brasília. O objetivo da avaliação comportamental foi observar aqueles que não tinham vivência com o esporte. A pesquisa foi realizada entre os servidores do Zoo DF e a comunidade. Depois dela, criou-se o Projeto “Ginástica do Zoo”, em 02 de agosto de 2011. Inicialmente, o projeto era realizado apenas entre servidores, mas devido ao fato de as aulas serem realizadas no meio do zoológico, a comunidade se interessou e a procura aumentou. A maioria das pessoas soube das aulas no próprio site do Zoológico DF, por meio de jornais impressos ou até mesmo visitando o local, então a Suel resolveu abrir as aulas esportivas também ao público. Hoje o projeto é voltado para crianças a partir de 7 anos, adolescentes entre 13 e 17 anos e adultos. As inscrições são realizadas anualmente no mês de fevereiro. As aulas são realizadas de segunda a sexta, das 17h às 18h. Os próprios alunos adquirem os uniformes, que são short e camisa para o karatê e para o muay thai e bandagem para o segundo. O custo é apenas a entrada para o Zoológico, R$ 2 por dia. As aulas são realizadas na área verde do Zoo, en20
tre os bichos e a natureza. Alunos podem levar seus familiares e amigos para participarem das atividades esportivas. José Vieira, 44 anos, é o professor voluntário, mas além desse hobby também é biólogo, professor do Instituto Federal de Brasília (IFB), chefe do Núcleo de Projetos em Educação Ambiental, da Superintendência de Educação e Lazer da Fundação Jardim Zoológico de Brasília. O professor diz o quanto é importante e faz bem aos alunos praticar as aulas. “Reduzir o estresse do dia a dia e melhorar o condicionamento físico é um bem que ocorrerá automaticamente”, alerta. Em poucos dias de aula, muitos alunos já notaram a redução do estresse e melhora no condicionamento físico. A aluna Andreane Silva, 34 anos, auxiliar de serviços, se inscreveu na modalidade de karatê com o objetivo de emagrecer e cumpriu sua finalidade com êxito. “Emagreci 2kg em um mês”, disse a nova atleta. Rosimeire Oliveira, 31 anos, é uma das alunas mais experientes nas aulas de karatê. Praticante desde 2011, diz que mudou de sensei e está muito satisfeita com as aulas do professor Vieira. “A turma está crescendo aos poucos e as aulas são bem ministradas pelo professor ”, diz aluna que também leva seu filho para
as aulas. Israel Oliveira, 10 anos, não aproveita muito do zoológico e fica insatisfeito, pois diz que a mãe tem o tempo corrido. “Gosto das aulas, mas minha mãe ainda não deu uma voltinha comigo pra olhar os bichos”, reclama. A educadora ambiental do Zoológico Maria Torres, 28 anos, também pratica as aulas esportivas. Está no primeiro mês de aula em busca de boa forma. “Estava muito sedentária, precisava fazer alguma atividade física e aproveitei essa oportunidade aqui no Zoo”, conta. Diz a funcionária que incentivou as colegas de trabalho Natalina Rodrigues, 36 anos, e Girlene Costa, 30 anos. “Estamos na nossa primeira semana e começamos as aulas em busca de boa forma”, assumem as meninas. O QUE MAIS O ZOO OFERECE? Além de muai thai e karatê, o Zoológico DF disponibiliza o parque para corridas. A atividade é feita a partir de acordo entre empresas ou academias com a Administração do Zoológico DF. Não há data fixa e nem inscrições para as corridas, já que são marcadas com grupos fechados, porém a administração exige que as práticas ocorram das 7h às 9h, horário em que o parque está fechado e não há risco de atropelamento nas pistas.
Em dias de chuva, os esportes são realizados no Espaço Água, localizado no Zoológico de Brasília.
Benefícios do esporte MUAY TYHAI • Faz o aluno perder até 1.500Kcal por aula; • Os chutes e socos dilatam os vasos sanguíneos e fazem com que as câmaras cardíacas fiquem fortes; • Há aumento de tônus e da resistência muscular; • Melhora a postura; • A coordenação motora e a flexibilidade são primoradas até mesmo nas tarefas do dia a dia. KARATÊ • É bom para o coração, fortalece os ossos e musculação, cria resistência, desenvolve a coordenação motora e visual; • Torna o organismo menos suscetível a ferimentos e doenças; • Desenvolve a paciência, concentração e foco; • Constrói confiança, desenvolve e aumenta o autocontrole, a serenidade e a paz.
Cultura Perambular
A orquestra está “fora de casa” Devido às reformas do Teatro Nacional Cláudio Santoro, a itinerância da Orquestra Sinfônica entrou em ação
Jéssica Paulino Crédito: Hermínio Oliveira/EBC
E quem diria que a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro um dia precisaria sair da Sala Villa-Lobos? O local onde a orquestra de Brasília realizava suas apresentações passará por diversas reformas, mas que ainda não têm previsão de início nem fim. O motivo é que quando o projeto da sala foi feito, não houve preocupação com a manutenção, que logo passou a ser executada de forma inadequada. Essa obra é um dos componentes para melhoria do trabalho desenvolvido por cada um dos integrantes da Orquestra Sinfônica. Nessa nova temporada, as apresentações são realizadas no Teatro Pedro Calmon, no Setor Militar Urbano. A escolha veio pela facilidade e disponibilidade do Quartel General do Exército. O teatro possui quase a mesma capacidade da Sala Villa-Lobos (1.407) - o Pedro Calmon tem 207 lugares a menos, mas o conforto, a segurança e principalmente a acústica são características que relevam a capacidade. É o que afirma o atual maestro regente da orquestra, Cláudio Cohen. A itinerância da orquestra é um projeto antigo, mas que não deu certo até agora, por não conseguirem locais apropriados para realizar as apresentações. Sob regência do maestro Cláudio Cohen, a sinfônica começou a mudar o estilo de se apresentar, deixando um pouco os clássicos tradicionais para também tocar ritmos diferentes. Passando de valsas, blues e jazz para ritmos incomuns como o frevo, pop rock e até temas de produções cinematográficas. Para o maestro, a diversidade
de conteúdo que é apresentado no programa* alveja manter o interesse do público voltado para as apresentações. “Eu sigo o modelo tradicional, mas há necessidade de interação com o público. Isso não é constante, mas alguns repertórios nos dão essa possibilidade”, conta. APRESENTAÇÕES De acordo com Cláudio Cohen, essa é uma proposta que objetiva criar novas experiências para sua plateia e também para pensar no público de amanhã, que não será o mesmo de hoje. As apresentações não são realizadas apenas no teatro. O projeto da itinerância propõe realizar apresentações ao ar livre nos principais parques da capital. A orquestra também tem parceria com os principais auditórios de universidades, como por exemplo, Universidade Católica de Brasília (UCB), Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). “Música você tem que levar a todo mundo! A gente faz boa música sem preconceitos”, exclama PÚBLICO A primeira apresentação da temporada, realizada em 25 de fevereiro, teve como tema os principais hits da história do cinema, como por exemplo, as músicas de Cantando na Chuva, Guerra nas Estrelas, Super-Homem, 007, entre outros. “O teatro lotou, o público recebeu tão bem que é provável que até o fim dessa temporada repitamos essa apresentação”, conta Cláudio Cohen. Na segunda apresentação o público foi muito variado, mas
Última apresentação da Orquestra Sinfônica na sala Villa-Lobos
a quantidade de jovens era perceptível. Junior Ikeda, 24 anos, estudante de economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), compareceu ao espetáculo pela primeira vez e disse que queria se surpreender com a apresentação. “Não tenho o costume de assistir à orquestra. Estava visitando meus pais, fiquei sabendo e vim escutar algo diferente”, afirma. E quem é de outro país também prestigiou o espetáculo da Orquestra. Ilya Khorkov, 25 anos, estudante russo, vive em Moscou e está visitando alguns amigos do Brasil. Quando soube que estava perto de uma apresentação gratuita de uma orquestra, não pensou duas vezes e foi ao teatro. “Em Moscou não tem apresentações de orquestras, e eu gosto muito desse estilo de música. Então decidi vir porque seria uma oportunidade única. Além disso, eles vão tocar uma das obras que eu mais gosto, de Ígor Stravinski e Chopin,” pontua. Suyane Vasconcelos, 24 anos, já teve contato com a música clássica porque fazia balé, mas
“
Música você tem que levar a todo mundo! A gente faz boa música sem preconceitos” Claudio Cohen, maestro
confessa que nunca assistiu a uma apresentação de orquestra. Compareceu ao teatro para prestigiar um amigo que estaria tocando. “Eu gosto desse tipo de música, mas vim esperando ser surpreendida”, relata. Segundo informações da Assessoria da Orquestra, em abril algumas apresentações devem ser realizadas no Cine Brasília. Possivelmente o IV Festival de Ópera Nacional ocorrerá no Cine Brasília.
Serviço Apresentações todas as terças-feiras às 20h no Teatro Pedro Calmon (Setor Militar Urbano). Entrada franca. Informações: 3325-6232. Não recomendado para menores de 8 anos. Para a programaçao completa, acesse o site: http:/www.pulsatil. com.br/ 21
Cultura Crédito: Susanne Melo
O Espaço Tempo Eco Arte tem arte e decoração feitas pelos próprios funcionários e amigos da casa
Sustentabilidade
Arte singela com traços de papelão Espaço Tempo Eco Arte mostra maneira de transformar materiais recicláveis em objetos de arte e decoração Jéssica Lilia
Há quem diga que nunca viu o lugar ou não prestou atenção. Madeireiras, borracharias e oficinas ocupam boa parte do espaço chamado de Mercado Sul. Junto ao trânsito da Samdu Sul, a avenida possui ruas estreitas e paisagem urbana não muito atrativa. Contudo, o espaço Tempo Eco Arte consegue se tornar um lugar para se prestar 22
atenção por sua sutileza e a capacidade de transformação. Situado no Espaço Cultural Mercado Sul, entre as QSB 12 e 13 de Taguatinga Sul, o local é quase uma espécie de “caixa de surpresas”. Lá são feitas peças artesanais com o uso de apenas dois materiais recicláveis: sacos de cimento e papelão. Móveis, artigos
utilitários, decorativos e até instrumentos musicais são confeccionados na oficina. Os materiais são recolhidos em obras, doados por moradores e outros comprados. Chegam a receber também no próprio local, que possui área de coleta. O espaço oferece também oficinas de instrumentos musicais e objetos utilitários e decorativos, abertas para todo e qualquer público. O Espaço Tempo Eco Arte existe há 15 anos, e Virgílio Mota, 62, idealizou o projeto. Conhecido pela comunidade como “mestre”, passou a dedicar-se ao artesanato
O local também é a casa do mestre Virgílio
integralmente em 2004, quando largou a construção civil para se jogar na aventura que denominou como “sonho”. O local possui como característica a troca de conhecimento e interação entre as pessoas. Por meio da educação com abordagem cultural, a ideia é “atravessar fronteiras entre a arte e o conhecimento livre para uma boa formação de valores”, como ele explica, e tem objetivo de preservar o meio ambiente e criar objetos com material reciclável. Nove pessoas trabalham no ambiente, todas de vários lugares e com histórias diferentes.
O serviço colaborativo faz com que a confecção das peças flua de forma precisa. “Todos aqui tem shoppings, instituições e matêm um modo de pensar, um modo de vida distinto, então, todos aqui fazem a mesma coisa, mas de acordo com seu ponto de vista”, conta. O seu “trabalho”, como diz Virgílio, não é definido como profissão, mas sim, como a maneira livre de fazer o que gosta. “O Tempo Eco Arte é um espaço livre de artes e ofícios, não nos profissionalizamos. A partir do momento que a gente se profissionalizar, deixaremos de ser livres, perderemos nossa liberdade”, afirma. O ponto não possui o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), mas existe de fato. “Nós não somos ONG, auxílio cultura nem nada disso. Aqui nós resistimos a esse protocolo da existência institucional. Muitos acreditam que existe uma empresa chamada “Tempo Eco Arte”, mas não existe. Aqui é só a gente mesmo”, relata Virgílio. Segundo ele, o local precisaria ser mais bem cuidado pela cidade. “Já recebemos visitas da Administração de Taguatinga e eles olham e dizem que está tudo bem, tudo lindo. Nós queremos mais cuidado aqui, precisamos de gente para tomar conta da gente, se não tudo pode acabar”, relata ao contar que, à noite, o beco se torna ponto de boca de fumo de usuários de crack. Ele alega que a catástrofe se dá por conta da falta de interesse em cuidar da situação. Procurada pelo Artefato, a Administração Regional de Taguatinga não tem informações de quando foi a última visita ao local e não tem conhecimento sobre as situações descritas. De acordo com a Assessoria de Comunicação da administração, eles irão agendar uma visita ao local para averiguar as denúncias. Caso seja constatada a insegurança e indícios da presença de usuários de drogas, o fato será comunicado
aos órgãos responsáveis. A Polícia Civil e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) serão contatadas para que normalizem o caso. Por outro lado, todos da vizinhança do beco são amigos e se conhecem há bastante tempo, tornando o relacionamento e cuidado com o outro um aspecto importante para a convivência harmoniosa. Com aproximadamente 300 exposições feitas no DF, algumas delas no Sistema Social da Indústria (Sesi) de Taguatinga Norte, o Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), shoppings, instituições e ministérios, Virgílio considera o currículo até “razoável”, já que toda a produção foi feita a ferro e fogo. Em sua programação, há diversas exposições na qual eles colocam à vista todos os seus trabalhos. ECO FEIRA A chamada Eco Feira é realizada com a presença de oficineiros e artistas locais, onde há troca de objetos artesanais e conhecimento em workshops. Este ano, a 3ª edição da Eco Feira foi realizada em 15 de março. Além de exposição e venda de produtos artesanais, a feira trouxe como novidade três oficinas: a Oficina de Construção de Baús, ministrada por Virgílio Mota, Oficina de Grafite com Felipe Rdoze e Raíssa Miah e a Oficina de Coco, com o Mestre Ulisses Cangaia, de Olinda (PE). Mais que sustentabilidade e preservação do meio ambiente, no Tempo Eco Arte não há pretensão de crescer e se tornar uma “Super Tempo Eco Arte”, pois esse não é ideal do movimento. Sem fins lucrativos, a “não-empresa” de Virgílio faz com que este espaço seja muito além de um local de produção de peças com visão na sustentabilidade; trabalha-se com produção de cidadãos. 23
Gastronomia Inovação
Investimentos à lá Neymar
Mudanças em cardápios são algumas das novidades trazidas por empresários para a Copa do Mundo
Nara Loreno
A menos de 100 dias para a Copa do Mundo, muitos empreendedores estão se preparando com novidades para seus estabelecimentos. Os investimentos vão de mudanças em cardápios, homenagens gastronômicas ao evento e a jogadores de futebol. De acordo com o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Luiz Barretto, em entrevista para o Portal da Copa, as empresas estão se preparando para o legado que vão deixar para a competitividade dos pequenos negócios. “Quem mais vai faturar com a Copa são as empresas que se prepararam antes e que estão pensando no pós-evento”, afirma. O Restaurante Oliver, localizado no Clube de Golfe, homenageia um dos principais jogadores da seleção brasileira com o prato “Polenta à Neymar”, novidade integrada ao prato da “Boa Lembrança” que o cliente adquire no ato da compra. Feito com polenta, mousseline de mandioca, carne de sol desfiada com cebola roxa e crispy de alho poró, o prato sai por R$69. Junto com o pedido, o cliente ganha um prato exclusivo pintado à mão no ateliê Cerâmica Van Erven, em Petrópolis (RJ), comandado pela artista Olga Maria Sales. O Prato da Boa
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Foto: Kamila Braga
Lembrança é feito em louça especialmente para ser usado como peça decorativa. Cada prato possui desenho distinto e exclusivo. A associação da Boa Lembrança surgiu em 4 de março de 1994, na cidade de Petrópolis (RJ), com a ideia de representar restaurantes que focam na excelência e qualidade nos serviços. “Este ano, optamos por fazer uma pegada de Copa do Mundo já que estaremos nesse clima. O nome, claro, é uma homenagem a um dos nossos principais jogadores e o prato leva ingredientes tipicamente brasileiros, além da carne de sol ser um dos pratos mais queridos da nossa cidade”, explica Rodrigo Freire, dono do restaurante. Acompanhando a novidade, o restaurante também oferece espumante exclusivo com o rótulo da Boa Lembrança, fabricado na vinícola Casa Valduga, situada em Bento Gonçalves (RS), que possui a maior adega de espumantes da América Latina. A garrafa sai por R$ 79, mas quem escolher degustar uma taça paga R$ 16. TÍPICO Outro estabelecimento que também está no clima da Copa é o Bar do Alemão, que apresenta pratos com receitas alemãs, adaptadas
Chef de cozinha do restaurante Oliver, Rosenilson Favacho, apresenta o prato “Polenta à Neymar”
ao estilo brasileiro. O restaurante situado no Projeto Orla da Asa Norte aguça o paladar dos clientes com a patenteada receita alemã, o Kassler, destaque da casa para esta temporada. A iguaria típica da culinária alemã é composta por costeletas de porco assadas, servidas com purê de ervilha, batatas cozidas, chucrute, linguiça branca e cebola tirolesa. Também serve duas pessoas e sai por R$ 102. O bar também prepara seu ambiente para a chegada do evento com várias novidades como a cobertura da
área externa e a instalação de televisões de 51 polegadas nessa área para que os clientes possam assistir aos jogos. “O grande diferencial será a exibição dos jogos em telão na arena do estabelecimento. O espaço também contará com vários shows para animar a torcida na copa”, comenta Fábio Crescenti, gerente geral do local. De acordo com o Sebrae, o evento esportivo já rendeu cerca de R$ 280 milhões em negócios para micro e pequenas empresas. A estimativa de faturamento com o evento é de R$ 500 milhões.
Serviço Restaurante Oliver Telefone: 61 3323-5961 Website: www.restauranteoliver.com.br Endereço: Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 02, Lote 02, Brasília Golf Center Bar do Alemão Telefone: 61 2109-8700 E-mail: contato@bardoalemaobrasilia.com.br Endereço: SHTN Polo 03 , Trecho 01, Lote 09, Projeto Orla - Asa Norte