Artefato 05/2015

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Ano 16 - nº 3 Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita - Maio de 2015

Livros de colorir antiestresse conquistam o gosto dos adultos Entre nesta onda, pinte a capa do jornal e poste uma foto em nossa página no Facebook

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Eis a terceira edição do Artefato. Um caminho de mão dupla: trabalho árduo, extenso e de extrema gratificação. Sem dúvida, uma das emoções mais intensas que vivemos dentro do universo acadêmico. O momento em que o jornal chega da gráfica e passa de documento virtual para o real, concreto em nossas mãos, para divulgação, é um dos ápices de alívio e felicidade que compartilhamos. Nessa altura do campeonato, ânimos estão à flor da pele e estampamos o cansaço em nossos rostos, mas há também sorrisos. Entre reuniões de pauta, entregas de textos, fechamentos aos sábados e durante as madrugadas, continuamos unidos e determinados, nos divertindo e apurando tudo em busca de um trabalho cada vez melhor. Não é nada fácil propor uma pauta e depois construir a matéria em duas semanas. O deadline – prazo de entrega das matérias – é diferente das grandes redações, mas as cobranças acontecem da mesma forma. Assumimos a responsabilidade de buscar fontes, personagens, especialistas e não esquecemos dos fotojornalistas. Os textos chegam, são devolvidos, e voltam até chegar numa versão final, de informações concisas e quase impecáveis. Nesta edição, a nossa capa está mais que especial e você, leitor, pode fazer parte da construção do Artefato. Pinte com as cores que mais gostar, da forma que achar melhor, peça ajuda dos amigos e parentes, use a criatividade, relaxe. Não esqueça de tirar uma foto e postar em nossas redes sociais. Saiba que fizemos isso para você! Independentemente do tema, o Artefato é produzido com dedicação. Qualquer assunto pode virar matéria, a nossa inspiração vem de todos os lados. Seja do poeta cuiabano que fez de Brasília sua casa e musa de seus poemas; ou do restaurante que tem uma lógica diferente e é famoso pelo cuidado e preparo lento dos alimentos; a crise na educação do DF, que também não poderia ficar de fora; a polêmica em torno da aprovação da redução da maioridade penal e as possibilidades reais de resgate de menores em conflito com a lei; um guia com dicas para conseguir um estágio; e outros assuntos que renderam muita discussão. Na segunda edição, a ilustração da capa feita pelo Gustavo Jácome Lopes não recebeu os devidos créditos, apesar de muita revisão textual. Pedimos sinceras desculpas ao nosso artista e colaborador, responsável pela ilustração de algumas das capas do Artefato do primeiro semestre de 2015, e seguimos atentos para que erros como este não se tornem rotina. A intenção continua sendo de reflexão sobre o modo de fazer jornalismo, mostrando para o leitor que não gostamos de errar, mas que, quando isso acontece, o mínimo que devemos fazer é pedir desculpas.

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Católica de Brasília Ano 16, n°. 3, maio de 2015 Reitor: Prof. Dr. Gilberto Gonçalves Garcia Pró-Reitor Acadêmico: Dr. Daniel Rey de Carvalho Pró-Reitor de Administração: Prof. Fernando de Oliveira Sousa Diretor da Escola de Negócios: Dr. Alexandre Kieling Coordenador do Curso de Comunicação Social: Prof. Dr. Joadir Antônio Foresti Professora responsável: Me. Fernanda Vasques Ferreira Revisão final: Me. Roberta Teles Orientação de Fotografia: Me. Rose May Equipe de apoio: Me. Angélica Córdova, Me. Fernando Esteban e Dra. Rafiza Varão Apoio técnico: Samuel Paz Monitores: Amanda Costa e Daniel Mangueira Editora-chefe: Jaqueline Chaves Editoras de texto: Isabella Coelho e Jéssica Paulino Editor de arte: Leonardo Resende Diagramadores: Bárbara Cabral, Raíssa Miah e Sued Vieira Editora de fotografia: Kamila Braga Subeditores de fotografia: Lorena Braga e Mateus Lincoln Editora web: Giovana Gomes Repórteres: Aline Tavares, Bárbara Cabral, Eduarda Szochalewicz, Isabela Vargas, Jaqueline Chaves, Jéssica Paulino, Jhonatan Vieira, Leonardo Resende, Kamila Braga, Mariana Nunes, Nayara Andrade, Paula Carvalho, Renata Albuquerque, Sued Vieira e Wanúbia Lima Checadores: Bárbara Bernardes, Igor Barros e Isabela Vargas Fotógrafos: Adílio Santana, Álef Calado, Amanda Lima, Catarina Barroso, Hariane Bittencourt, Isabela Gadelha, Lucas Rodrigues, Stella Fernanda e Webert da Cruz Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia Universidade Católica de Brasília EPCT QS 7 Lote 1, Bloco K, Sala 212 Laboratório Digital Águas Claras, DF Telefone: (61) 3356-9098/9237 Todas as matérias têm ampliação de conteúdo na web. Acesse nossas redes sociais e site. E-mail: artefato@ucb.br Site: pulsatil.com.br Jornal online: issuu.com/jornalartefato

O resultado, apresentamos agora. Uma ótima leitura! Aline Tavares, Jaqueline Chaves e Jéssica Paulino

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Política Crise

Obras de reparo nas escolas públicas, iniciadas em janeiro, ainda não foram concluídas e Lei de Responsabilidade Fiscal impede contratações de novos professores

Sued VieiraR

Foto: Catarina Barroso

Professora efetiva da Secretaria de Educação há mais de 15 anos, Joana Silva* conta que os problemas enfrentados na educação não são atuais. “Estamos passando por dificuldades como falta de professores, estrutura precária, desvalorização da categoria e descaso com os próprios alunos desde gestões passadas. Cansamos de tanto descaso”, reflete. A falta de educadores, problema identificado no início do mandato do atual governador, Rodrigo Rollemberg, também não teve solução imediata. Novas contratações só podem ser feitas de acordo com a regra estabelecida na Lei de Responsabilidade Fiscal. A legislação define que a porcentagem máxima 46,55% de comprometimento dos cofres públicos com pessoal é, segundo a Secretaria de Educação, o impedimento para novas contratações de docentes efetivos para atuar nas escolas. Com o orçamento limitado, o governo pôde contratar apenas 4.852 professores temporários. A situação

deve permanecer pelo menos até maio, quando serão permitidas, pela lei, contratações de efetivos – um novo orçamento será aprovado. O atual governo ainda entrou com um pedido no Tribunal de Contas da União, requerendo que fossem liberadas as novas contratações. No dia 5 de março o veredito concluiu que a contratação imediata só pode ser de funcionários temporários e isso nos casos de vagas por exoneração, demissão, destituição de cargo em comissão, aposentadoria ou morte, previstos em lei distrital, segundo o relatório do TCU. “Nos 15 anos que trabalho na secretaria, passamos por alguns governos, entretanto o último – referindo-se ao governo de Agnelo Queiroz – conseguiu fragilizar de forma fatal o sistema. Mesmo com grandes esforços de Rollemberg e sua equipe, o sistema educacional público precisará de algum tempo para se reestruturar”, conclui a professora. *Nome fictício

Foto: Catarina Barroso

A educação do Distrito Federal iniciou 2015 com os mesmos problemas dos anos anteriores. Segundo a Secretaria de Educação, em março, o déficit de docentes chegou a 3,5 mil. A falta de professores atinge alunos de todas as idades e a maioria das disciplinas da educação básica. As escolas estão sucateadas e precisam de reformas urgentes para a segurança da comunidade escolar. O novo governo decidiu no dia 7 de janeiro prorrogar o início do ano letivo em duas semanas, começando as aulas no dia 23 de fevereiro. O atraso foi justificado como necessário para reformas em 340 das 657 escolas da rede pública, e priorizava consertos no sistema elétrico, hidráulico, de esgoto e a reposição de telhados. De acordo com a Secretaria de Educação, foram contratadas dez empresas para realizar os serviços de reparo nas escolas. O valor total dos contratos é de R$ 3,7 milhões. Embora as reformas tenham sido iniciadas, não há informações de nenhuma obra concluída.


Política Legislação

Enquanto a redução da maioridade penal coloca o Estatuto da Criança e do Adolescente na berlinda, medidas socioeducativas mostram história de superação Isabela Vargas

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Recentemente o debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados no fim de março. Isso reacendeu o debate que confronta o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com a PEC e com opiniões divergentes sobre o assunto. Se por um lado há toda uma discussão quanto à redução da maioridade penal ter sido aprovada na comissão, por outro, há sinais de que medidas socioeducativas, quando aplicadas corretamente e com assertividade, têm funcionado. O Artefato conheceu a história de um menor em conflito com a lei que obteve sucesso quanto às medidas socioeducativas. A psicóloga do sistema socioeducativo da Unidade de Atendimento Inicial do Distrito Federal (UAI), Juliana Otoni Borges, foi quem acompanhou o caso. O adolescente Pedrinho* iniciou a trajetória infracional aos 14 anos com o uso de drogas e pequenas atividades de tráfico. Envolvido em

Foto: Álef Calado

O contato com a família é um fator importante para a ressocialização

uma gangue, começou a andar armado e foi apreendido algumas vezes com pequenas porções de maconha. Em várias de suas passagens, ouvia o educador falar sobre essa possibilidade de mudança, mas não acreditava nisso. Envolvido nesse mundo, o adolescente largou a escola e acabou se envolvendo em um homicídio de um jovem da gangue rival. Passou pela internação provisória. A separação de seus pais ainda mexia com ele, mas a visita do pai,

que nunca havia ido, mexeu ainda mais. Aos 16 anos Pedrinho resolveu tentar uma mudança. Ao ser sentenciado a cumprir a medida de semiliberdade, o jovem começou a cursar o supletivo. A equipe da UAI fez o acompanhamento escolar, o contato com a família, os atendimentos com psicólogos e assistentes sociais. Ele ficou seis meses em semiliberdade e recebeu progressão de medida. Iniciou o cumprimento


da medida socioeducativa de liberdade assistida e obteve o auxílio da equipe de socioeducadores para traçar novas metas para sua vida. A partir de intervenções em grupo, pôde desenvolver autoconfiança para lidar com situações de preconceito. Mesmo com poucos recursos, o jovem terminou os estudos, fez cursos de pedreiro, eletricista e em um curso técnico saiu empregado como projetista. Como forma de crescimento profissional, começou a cursar engenharia civil e hoje, além de estudante universitário, é professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Pedrinho passou praticamente por todas as medidas socioeducativas durante sua trajetória infracional. É um exemplo de mudança. Casado,

tem um filho e não faz uso de drogas ilícitas. “Acredito que a história dele reflete bem como a idade de 14 a 17 anos precisa de um olhar diferente, pois acreditamos que as probabilidades de mudança sejam maiores durante esse tempo”, afirmou a psicóloga Juliana. Sabe-se que nem todos os menores que são inseridos na prática de medidas socioeducativas são como o jovem Pedrinho. Para a gerente social da Província Marista Brasil CentroNorte Cláudia Faquinote, as medidas não são tão eficazes quanto deveriam, pois não são aplicadas da maneira esperada, e a educação é a chave para solucionar o problema. “Fechamse as portas das cadeias e abremse as portas das escolas”, declarou.

Foto: Álef Calado

Divergências A Constituição de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, traz no Artigo 228: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial – dispositivo que consta também”, a lei consta também no artigo 27 do Código Penal. Um dos principais argumentos utilizados por aqueles que são contra a redução é de que, por esse motivo, a PEC é inconstitucional, pois o artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV da Constituição Federal, versa que não será objeto de emenda à Constituição os direitos e garantias individuais. Segundo o advogado especialista em direito constitucional Rogério Pereira, o argumento cai por terra, pois essa cláusula não é pétrea, sendo assim, suscetível à reforma. “A redução da maioridade pode sim ser realizada, pois a idade, como número, não é cláusula pétrea”, refutou. A legislação especial citada nos artigos é o Estatuto da Criança e do Adolescente, que assegura direito aos menores de 18 anos, – Lei 8.069 de 1990, artigo 112 – e alega que eles não possuem um desenvolvimento neurológico e psicológico, sendo ainda incapazes de calcular as consequências de seus atos. É importante esclarecer que o ECA não é um tipo de “fuga” para os adolescentes autores de ato infracional. O estatuto prevê seis medidas socioeducativas para os menores, advertência, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e, por fim, a internação em estabelecimento educacional. *Nome fictício

Segundo o CNJ, cerca de 70 mil adolescentes cumprem medidas socioeducativas no país

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Cultura Cinema

Além de camisetas com estampas de filmes, lojas recorrem ao acervo de clássicos para manter as portas abertas Jhonatan Vieira e Leonardo Resende R

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A empresa Sony, em 1971, lançou uma das primeiras mídias avulsas de filme: o VHS. Produtores, estúdios e até mesmo amantes de cinema declaravam o fim das grandes telonas. Mas Hollywood conseguiu uma saída: lançamentos espaçados entre os filmes no cinema e em fita cassete. Com o avanço da tecnologia, o que era fita virou DVD e mais recentemente BluRay – a mais nova mídia óptica –, ambas utilizam o disco digital como matriz. Com a evolução da internet, surgiram maneiras mais viáveis de assistir à filmes sem sair de casa. Colocando o futuro das locadoras em risco, em 1997, na cidade de Scotts Valley, Califórnia, nasce o Netflix. Deste então, lucrar com locadoras têm sido um desafio. Atualmente, com os serviços de live streaming – técnica na qual dados são transmitidos via internet – como Netflix, Popcorn Time e Now, entre

outros, já é possível assistir ou alugar um filme sem sair de casa. Com a mudança drástica, a Blockbuster, que já chegou a contar com 9 mil lojas nos Estados Unidos, fechou de 100 a 150 pontos por ano. Em Brasília, apenas um sobreviveu. Além da franquia americana, lojas brasilienses conseguem manter o negócio, como a locadora Loc Vídeo e a Cult Vídeo. Mariana Destro, uma das sócias da Loc Vídeo da 104 Sul, conta que não houve mudanças radicais no funcionamento da locadora, pois ela já era grande quando o tipo de transmissão não era tão difundido. “Ainda tem um bom movimento por causa do público que procura filmes alternativos ou clássicos”, enfatiza. Frequentadores dessas lojas compartilham de opiniões distintas sobre a nova era do entretenimento caseiro. Alex Oliveira, estudante

de informática, 32 anos, não vê necessidade de ir a locadoras aqui no Distrito Federal. “Existem os torrents, os programas e os sites que permitem o acesso quase imediato de filmes, séries e até novelas, por isso nem preciso sair de casa. Baixar é mais econômico e prático”, salienta. “A espera para alugar um lançamento era inevitável. Você se deslocava até a locadora mais próxima, colocava seu nome em uma lista e esperava o retorno. Era quase um ritual, sem contar a multa que você levava caso não rebobinasse a fita, práticas que nos dias de hoje foram extintas”, relembra o saudosista declarado, Sebastião Inácio, que tem uma coleção de quatro mil filmes em casa. Além de investir no acervo de catálogos clássicos, a locadora Cult vende imãs de geladeira, broches e camisetas estampadas de filmes


Foto: Adílio Santana

famosos. “Somos uma locadora diferenciada, temos um café super bacana e inúmeros artigos para cinéfilos. Também possuímos um dos maiores acervos de filmes clássicos, acredito que é isso que ainda atrai os clientes”, completa Perla Gonçalves, balconista da loja. A Cult também organizou nos últimos anos workshops de cinema com a tentativa de atrair mais clientes, cursos sempre bem orquestrados e ministrados por especialistas da sétima arte. Já outras locadoras recorreram a promoções para aumentar o público. Algumas tentaram melhorar o movimento, trazendo um serviço delivery, em que o cliente não precisaria sair de casa. Porém, o avanço tecnológico da última década foi massacrante, levando à falência inúmeras lojas. Quanto aos saudosistas que ainda frequentam esses lugares, aproveitem ao máximo, pois o tempo é curto e o antagonista Netflix não para de crescer, batendo 2,2 milhões de assinantes no Brasil.

- Trilogia Matrix (1 999-2002-2003) - Trilogia Mad Max (1980-1981-1985) - Dogville (2003) - Dançando no Escu ro (2000) - O Iluminado (198 0) - Assassinos por Nat ureza (1994) - Rei Leão (1994) - Volver (2006) - E o Vento Levou (1 939) - Réquiem Para Um Sonho (2000)

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Cidades Segurança

Com instalação de câmeras nos ônibus, motoristas estão proibidos de dar carona para ambulantes. População questiona eficácia e aprova vendas Jaqueline Chaves

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Os passageiros de ônibus ganham companhia além de cobradores e motoristas: os vendedores ambulantes. Com o discurso clichê "eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando...", eles vendem de doces a utensílios domésticos. A prática, no entanto pode deixar de existir. Com a instalação de câmeras nos ônibus do Distrito Federal, o trabalho do vendedor ambulante ficou comprometido. Motoristas não podem dar carona, ambulantes reclamam e a população, como não foi notificada, pode nem saber o que acontece. Elas foram espalhadas por todos os lugares. As câmeras invadiram as ruas, shoppings centers, supermercados, estão nos smartphones e agora também estão dentro dos ônibus. Tudo monitorado e vigiado. Em março do

ano passado, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou a campanha de conscientização contra o assédio sexual no ônibus é crime, desde então câmeras e microfones começaram a ser instaladas dentro dos coletivos. Com a promessa de mais segurança para as milhões de pessoas que usam o transporte público diariamente, as câmeras registram tudo o que acontece em um sistema de vigilância e o material captado pode ser consultado pela população com autorização judicial. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF), a atividade econômica em área pública necessita de autorização prévia do Estado. O comércio ambulante no DF só é autorizado em shows e eventos com data e horários marcados. Quem for flagrado comercializando

mercadorias sem autorização, terá seus produtos apreendidos. Mas não há legislação específica sobre a venda de produtos dentro dos coletivos. Motorista de ônibus há 35 anos, Juarez Tavares, de 55, conta que as câmeras não trazem alguma segurança e, que por outro lado, não se sente incomodado com o trabalho dos ambulantes. “Quem quer fazer mal não vai se intimidar por causa das câmeras, elas só servem para gravar a ação dos bandidos. No caso dos ambulantes, não acho errado que eles vendam as coisas, mas agora não posso dar carona”, afirma. O vendedor ambulante Eder Leal, de 24 anos, reclama que o trabalho nos coletivos está mais difícil. Desde a instalação das câmeras. “Antes a gente podia entrar pela porta de trás, mas


agora os motoristas não deixam. Como eu tenho um cartão vale-transporte não pago passagem, mas quem não tem precisa tirar do próprio bolso”, relata. A Secretaria de Segurança afirmou ainda que a instalação do circuito interno pode inibir a ação de criminosos, bem como contribuir para que eles sejam identificados. No primeiro trimestre deste ano os assaltos aos coletivos tiveram uma redução de 28,3% em comparação

ao mesmo período do ano passado. De 711 caiu para 510 casos. A estudante universitária Andrea Souza, de 28 anos, confessou que as câmeras não transmitem sensação de segurança para ela e que essa ação não deveria inibir o trabalho dos vendedores. “Nenhum bandido se sente ameaçado por causa das câmeras, elas não nos trazem segurança. E já que os ambulantes não estão fazendo nada de errado,

mas sim um trabalho honesto, eles não deveriam ser proibidos”, aponta. Ainda não existe legislação específica para a venda de mercadorias dentro dos coletivos. Algumas empresas contam com regras internas, que se descumpridas pelos funcionários, geram penalidades, mas os ambulantes que pagam a passagem vão poder continuar comercializando suas mercadorias.

Foto: Webert da Cruz

Motoristas reclamam que câmeras não intimidam o crime, mas a utilização delas divide opiniões

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Foto: H a r i a n e Bitten court

Cidades Serviço

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Centros de Atendimento aos Turistas estão desativados desde o início do ano. Os espaços só funcionaram na Copa do Mundo Jéssica Paulino

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Quinze minutos de fama. É assim que a redação do Artefato resolveu chamar o funcionamento dos Centros de Atendimento aos Turistas (CATs). Eles deram um excelente exemplo durante a Copa de 2014, mas tão logo o evento esportivo acabou, foi-se embora também o projeto de prestação de serviço e orientação aos turistas com padrão de qualidade. De acordo com a Secretaria de Turismo (Setur), os centros foram otimizados seguindo o modelo de outras capitais como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo e de outros países como China, Espanha e Estados Unidos. Os CATs existem há mais de 20 anos, mas só receberam maior visibilidade no ano passado. São sete unidades, localizadas na Casa de Chá (Praça dos Três Poderes), Torre de TV, Setores Hoteleiros Sul e Norte, Aeroporto e Rodoviária Interestadual. De acordo com a diretora de Serviços de Atendimento ao Turista

da Setur, Eliane Brasil, as unidades dos setores hoteleiros estão desativadas, pois aguardam instalação de energia. “Os centros estavam funcionando com geradores, posto que não havia cabeamento de rede elétrica. Em breve retomaremos o funcionamento”, explica. Segundo a Setur, no período dos jogos, a capital recebeu 633 mil turistas. As unidades do Eixo Monumental, Casa de Chá e Torre de TV foram as que mais receberam visitantes. O médico argentino Alejandro González, 32 anos, esteve no Brasil para assistir aos jogos da Argentina e voltou agora para conhecer melhor a capital. “A cidade é um museu a céu aberto, tem muitas coisas bonitas e diferentes, só deveriam ser mais cuidadas”, alfineta. A fotógrafa italiana Yveena Herrero, 44 anos, diz que o turismo sempre existirá e por isso esses serviços devem ser mantidos. “Quando estive aqui, me lembro que tinha uma van em frente

à Catedral, onde planejei um roteiro de visita para um fim de semana, mas hoje, se surgir alguma dúvida por ali, vou ter que dar outro jeito”, lamenta. Atendimento Em 2014 foram contratados 32 recepcionistas bilíngues para atender aos visitantes da capital. Elaine Cristina Rosa, 23 anos, recém-formada em turismo, trabalhou nas unidades dos setores hoteleiros. “As condições de trabalho eram ruins, pois não havia luz e às vezes não tinha água para beber, o que atrapalhava o serviço”, conta. Após o encerramento do contrato, a secretaria nomeou funcionários temporários para os CATs. A nova proposta segundo Eliane Brasil é de ter a colaboração de alunos do curso de turismo do Senac. “Estamos articulando para inserir esses alunos como estagiários”, afirma.


Foto: Lucas Rodrigues

Comportamento Insegurança Pau de selfie está entre as 25 invenções mais importantes de 2014, mas o uso foi vetado por lei para evitar confusões

Bárbara Cabral Com 2,7 milhões de retweets, a selfie mais famosa do mundo foi tirada durante a cerimônia de entrega do Oscar de 2014 pela apresentadora Ellen DeGeneres, dando o pontapé inicial para a popularização do autorretrato. Com a repercussão desse tipo de fotografia, o mercado não ia deixar de surpreender, e assim surgiu o famoso “pau de selfie”. Quando foi criada pelo japonês Hiroshi Ueda, na década de 80, a novidade não foi bem aceita e entrou para o livro das 101 invenções japonesas mais inúteis. Só em 2006, quando o inventor canadense Wayne Froom conseguiu sua patente, o pau de selfie, que na verdade tem como nome original bastão de mão monopod, começou a fazer algum sentido e se destacou entre as 25 invenções mais importantes de 2014, de acordo com a revista americana Time. Mas em abril deste ano foi aprovado na cidade de Feira de Santana, Bahia, o Projeto de Lei de nº 20/2015 – criado pelo vereador Edvaldo Lima (PP/ BA) – ,que proíbe o uso do bastão em shows, estádios e museus. O motivo é que o pau de selfie pode ser usado como arma em situações que envolvam

brigas em grandes eventos ou lugares muito cheios, podendo ferir pessoas. A estudante Maria Augusta, 20 anos, vai ao Rock in Rio e conta que ficou chateada ao saber da nova lei. “Eu gostaria de usar o objeto em lugares públicos como em um show ou nos museus, mas por outro lado a lei é justa já que estão usando o pau de selfie como uma arma”, afirma.

É pr oibi do u Bras sar il: E m está do R dios io de de fu J a neir (Ma tebo o. N sp), len oM no M o sa u e do s u e mbó s u eu d Rio de A drom e d A r e te de rte M Jane Os o iro e S bast oder ão P õ n a n e a u a s Pina lo volu de Ib pod cote mes em irap ca em . uera ser colo Ibira Fran cado puer ça: s no a. Está no Cen v g e u t a a t r r d o G dao o Vers eorg uso aille e s d s o Lou Pom que pau vre e pido proí de s u. N o b elfie e m inter tam ais r os bém ígid ior. mus o qual eus: Mus quer ee d Itáli ’Ors a: N foto ay, grafi o Co EUA a em liseu : Pr , em R seu Was oibid oma hing o n . t o o n, A Mus Inst rt I itute eu S nstit mith o f Arts of M ute soni , mu of C oder an, s n e h em u i A c of A s de ago, rt (M rt. N D ova oMa e t roit York )eM Áus , Mu etro tria: s p e u o litan m Mus Rein eu A Mus o Un l e b u ertin m bani i d o: a, em ram Algu o V n s i s tim paus ena. tam bém es d de s e fut no N elfie *Inf ebol ation dos orm ingle está al G açõe dios s ret a ses l G1. l e . r irad É y e no proi as d a se B b i r do itish ssão Mus de T uris e u m mo . eV

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Comportamento Antiestresse

Para reduzir a ansiedade e aliviar o estresse, leitores soltam a criatividade na hora de pintar Aline Tavares e Eduarda Szochalewicz

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Se a sensação de cansaço é constante e o estresse faz parte da sua rotina, basta digitar no Google a palavra antiestresse para encontrar sugestões de como relaxar. A primeira delas, uma publicação chamada Jardim Secreto - Livro de Colorir e Caça ao Tesouro Antiestresse, tem sido adotada por muitos adultos para cumprir a função. E quem pensa que dar cor a desenhos e ilustrações é coisa de criança, está muito enganado. Criatividade, coordenação motora e relaxamento estão entre os motivos que levam os adultos a procurarem estas publicações. Lançado no ano passado, o livro de Johanna Basford, ilustradora britânica, já vendeu mais de 460 mil cópias no Brasil e conquista a primeira posição no ranking geral de livros mais vendidos de 2015, de acordo com o site Publish News. Ainda de acordo com o site, no período de 11 a 17 de maio, entre os dez livros mais

vendidos no Brasil, seis são de colorir, somando mais de 112 mil exemplares. O vendedor Leonardo Alves, 19 anos, afirma que na livraria onde trabalha, o aumento das vendas foi significativo: “Antes do livro estourar a gente tinha pedido apenas 30 exemplares, mas, com o aumento da procura, o livro agora é o mais vendido da loja”. Segundo Wesley Magalhães, da Casa das Artes, após a ”moda” dos livros de colorir, houve aumento de 67% nas vendas de lápis de cor e giz de cera. “Dentro de três meses, tivemos de renovar o estoque de materiais cinco vezes”, afirma Existem outros livros com função terapêutica ocupando as prateleiras de livrarias de todo o país. Com propostas variadas que cativam jovens e adultos, eles se tornaram uma válvula de escape para quem quer aliviar a tensão do dia a dia. Para a socióloga Denise Forini, 28 anos, a atividade

é “definitivamente relaxante e te faz desconectar um pouco. Já que hoje em dia estamos sempre conectados. É bom estar um pouco off-line”, declara. Árvores, flores, animais, mandalas, grafites e até desenhos sexuais, como no livro Suruba para Colorir, são algumas opções de ilustrações disponíveis para quem pretende aderir ao hábito de colorir. Para dar cor aos desenhos, os lápis coloridos e as canetinhas são os mais indicados. Wlissara Benvindo, 23 anos, é jornalista e explica que adora o passatempo. “Perco horas nele e nem as vejo passar. Lembro da infância toda vez que começo a pintar e bons momentos vêm à memória”, conta. Qualidade de vida Além de benefícios no campo comunicativo, atividades que utilizam diferentes utensílios como lápis ou pincéis, ajudam a desenvolver a coordenação motora e favorecem


a concentração, já que trabalham com os hemisférios esquerdo e direito do cérebro, responsáveis pelas tarefas lógicas e pela criatividade. A atividade permite que as pessoas entrem em contato com seu próprio universo imaginário e simbólico. O neuropsicólogo Daniel Portela comenta sobre a função terapêutica e antiestresse dos livros: “Ao colorir, os níveis de dopamina (substância responsável pelo relaxamento da musculatura) são ativados e a noradrenalina (substância responsável pela excitação) diminuem, causando uma sensação de bem-estar e, consequentemente, melhorando as funções cognitivas.” Além do papel Para quem gosta de colorir, livros como o Jardim Secreto são as melhores opções. Mas se você prefere estimular a criatividade e gosta de recortar, colar, escrever e quem sabe até pisar no livro, as editoras também já pensaram nisso. Para ampliar ainda mais a experiência dos adultos que adotaram os títulos como passatempo, sites na internet desenvolveram ferramentas para colorir online. Sites The Color – O site oferece desenhos de diversas categorias, incluindo reproduções de pinturas mundialmente conhecidas.

Hello Kids – Apesar do nome, o site possui uma categoria de desenhos voltada para adultos. A pasta inclui mandalas e tribais que lembram as imagens do livro. Coloring – A plataforma também oferece diversas opções de desenhos para colorir online, desde temáticos como Natal e Dia dos Namorados, até animais e o Planeta Terra. 4 Coloring – Um site com dezenas de opções de desenhos e filmes infantis, como os Smurfs, Super Mario, além de todas as princesas da Disney. Super Coloring – Quem gosta de dinossauros vai gostar deste site. São 68 espécies diferentes, além de dezenas de outras opções de desenhos para colorir.

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Comportamento Alimentação

Movimentos como o slow food estimulam a alimentação saudável e a produção sustentável dos itens que vão à mesa Nayara de Andrade e Wanúbia Lima

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Para contrapor a atual desordem à mesa e chamar a atenção para a importância de valorizar uma alimentação saudável, surgiu na Itália, no final da década de 1980 o slow food, literalmente “comida lenta”, criado pelo italiano Carlo Petrini. Cada vez mais, na correria do dia a dia, pessoas deixam de lado o cuidado com as refeições para economizar tempo. Com isso, recorrem aos chamados restaurantes fast foods – comida rápida, em tradução livre –, dando pouca atenção à conservação dos alimentos, ao modo de preparo e, sobretudo, ao valor nutricional dos pratos que consomem. O slow food se baseia em três conceitos: bom, limpo e justo. “Bom” se refere ao sabor: o alimento deve ser gostoso. A preservação do meio ambiente, livre de agrotóxicos, se

traduz no “limpo” e por fim “justo”: alimento deve visar à justiça social e valorizar os pequenos produtores. Os seguidores priorizam produtos orgânicos e tradicionais e acreditam que a única forma de agricultura que pode oferecer uma perspectiva de desenvolvimento é aquela em harmonia com os ecossistemas. O líder do slow food em Brasília, Carlyle Vilarinho, explica a filosofia do movimento: “É muito mais que comer devagar. Propomos alternativas à defesa da biodiversidade, promoção de uma agricultura sustentável e caminhos para diminuir uma alimentação ruim”. Os adeptos do slow food se reúnem em grupos locais chamados de convívios, também considerados pontos de encontros dos “convivas”, onde articulam relações com produtores e consumidores. “Organizamos feiras

de orgânicos, eventos de degustação e palestras para aproximar o consumidor do produtor de alimentos regionais e viabilizar parcerias e trocas de experiência”, completa Vilarinho. Alguns princípios do slow food não são novos. Para Epicuro, filósofo da Grécia Antiga, entre as várias formas de prazer estava a alimentação. “O sábio não escolhe a maior quantidade de comida, mas sim a mais agradável”, dizia. As companhias e amizades no momento das refeições também são citadas pelo filósofo. “Antes de pensar em que vai comer, pense com quem vai comer”, refletia. Para ele, uma alimentação saudável oferece mais disposição e resistência aos fatores estressantes da vida, algo que atualmente é comprovado pela ciência médica. Em busca de um atrativo, do momento


piscina, sauna, TV, entradas e bebidas, tudo incluído em um combo. “Faço o que o cliente quiser comer, basta me falar antes”, ressalta. Para o chefe, não é necessário pressa para cozinhar, mas é preciso sincronização dentro e fora da cozinha. Assim, a lentidão no fogão propicia mais tempo para os clientes aproveitarem o momento de confraternização e também fugirem da pressão diária. “Por esta razão, nunca uso panela de pressão”, revela. Saúde Para a nutricionista e tecnóloga em gastronomia da Universidade Católica de Brasília Lorenza Gallo, a boa alimentação é um importante passo para se alcançar qualidade de vida. “Grande parte das doenças da atualidade têm relação com a má alimentação, principalmente quando falamos das Doenças Crônicas Não Transmissíveis

(DCNTs), como obesidade, diabetes tipo dois e hipertensão”, destaca. Ainda de acordo com a nutricionista, a importância de hábitos saudáveis, como o consumo de frutas e hortaliças é uma via para colocar em prática alguns dos princípios do slow food. “É crescente o interesse das pessoas em reduzir o consumo de alimentos industrializados, assim como a busca por alimentos orgânicos produzidos por pequenos produtores”, frisa. A nutricionista recomenda alimentos frescos, menos industrializados e que não tenham passado por nenhum tipo de processamento. “Para manter uma vida saudável, escolha frutas, hortaliças e grãos. Evite alimentos que possuem grande quantidade de gordura saturada e trans, sódio e açúcar, como refrigerantes, biscoitos e alimentos congelados e prontos para consumo”, conclui.

Foto: Wanúbia Lima

e não somente do prato, pessoas procuram diferentes espaços. Para suprir a demanda, chefes investem em ambientes intimistas como o próprio lar, para receber clientes como se fossem visitas. A Taberna dos Ferreiras (Candâgolandia) é uma opção para se conhecer de perto as peculiaridades de um trabalho diferenciado. Há quase um ano, o personal chefe Fernando Ferreira transformou o antigo porão de sua casa em um aconchegante restaurante. O serviço é personalizado e os pratos são preparados sem pressa, resgatando receitas caseiras e valorizando alimentos da culinária regional. “Tenho horta em casa e uso ervas daqui mesmo. Também preparo todos os molhos artesanalmente”, conta. Em busca da quebra de rotina e de relaxamento, Fernando promove a “quarta relax” onde a casa oferece serviços de massoterapia,

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Foto: Stella Fernanda

Ciência

Biotecnologia

Com catalogação e estudos de material genético, DF tem o terceiro maior banco de germoplasma do mundo. Utilização da tecnologia divide opinião Paula Carvalho

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A Fundação Jardim Zoológico de Brasília pode não ser umas das maiores do Brasil, mas em questão de tecnologia de ponta e de pesquisa, está à frente do próprio tempo. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o centro mantém um banco de germoplasma – material genético – com aproximadamente 750 mil amostras vegetais, animais e microbianas. Na prática, isso representa estudos avançados sobre células-tronco e outros benefícios como preservação de espécies em risco de extinção. Desde as civilizações mais antigas, a seleção genética de vegetais e animais já acontecia. Antes da agricultura, sem saber, o homem já escolhia os melhores exemplares de vegetais e dispersava suas sementes. Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, é possível catalogar e até armazenar o DNA, unidade que guarda as características

de um espécime, seja ele planta ou animal. Os bancos de germoplasma são compostos por botijões nos quais células do tecido adiposo de vários animais são armazenados em nitrogênio líquido, a 196ºC negativos. A função desses bancos é viabilizar a preservação de espécies em risco de extinção, fertilização in vitro, tratamento de lesões a partir de célulastronco e até mesmo clonagem. Mas por conta da seleção cuidadosa de material armazenado, pode haver perda na variabilidade genética. Em uma publicação especializada da Fundação Getúlio Vargas, o pesquisador de Recursos Genéticos e Biotecnologia Luciano de Bem Bianchetti afirma que essa perda pode ser prejudicial para o futuro das espécies, já que ela reduz a capacidade de adaptação das populações às mudanças ambientais. De acordo com dados da Superintendência de Conservação e

Pesquisa (Sucop) da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, o Distrito Federal ocupa o terceiro lugar no ranking mundial em material coletado, perdendo apenas para Estados Unidos e China. O trabalho conjunto entre a Embrapa e o Zoológico traz vantagens para as duas organizações – enquanto a primeira tem mão de obra e estrutura especializada, a segunda disponibiliza o equipamento e os espécimes sem custos adicionais. Mas, é importante frisar que o projeto não substitui os esforços de conservação e proteção de animais silvestres e seus habitats. Salvando vidas Em 2011, veterinários do Zoológico submeteram uma lobo-guará a um tratamento com células-tronco. O animal, que não era da fundação, foi atropelado por um caminhão e apresentava ferimentos e fratura em uma das patas. O procedimento


Foto: Stella Fernanda

garantiu uma cicatrização óssea mais rápida e só foi possível graças ao banco de germoplasma que, à época, estava na instituição. No mesmo dia da operação, a fêmea já conseguia ficar de pé. Apenas oito dias depois deu um susto nos veterinários ao fugir do Zoológico, mas logo foi encontrada e levada de volta para continuar o tratamento. Depois de quatro meses de tratamento, ela foi devolvida à natureza.

Polêmica O material genético armazenado nos bancos de germoplasma também possibilita o estudo e a prática da clonagem. A técnica, no entanto, gera polêmica. O Grupo Europeu de Especialistas sobre Bioética, formado por professores de direito, teologia, ética e filosofia, aponta diversos problemas em relação à prática. Os fatores que mais preocupam são a finalidade de replicar animais, o

sofrimento dos espécimes e o impacto na biodiversidade. Os especialistas afirmam que a clonagem com intuito de preservar as espécies não funcionaria. Além de não ter variabilidade genética, os animais clonados não teriam aprendido com os pais a sobreviver no habitat. Eles alegam também que não seria ético replicar espécies em nome da alimentação, já que envolveria sofrimento animal. A discussão está longe do fim.

Foto: Stella Fernandes

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Saúde Feminina

Uso frequente de calças jeans pode causar sérios riscos à região íntima da mulher, como infecções urinárias e corrimentos. Médicos recomendam roupas leves Kamila Braga

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Vestir calças todos os dias não é saudável para a região íntima da mulher. Apesar disso, no país mais da metade da população feminina – 60% prefere usar calças jeans. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) realizada ao final de 2012, elas optam por essa peça de roupa por acharem que valoriza o bumbum. Um exemplo é o caso de Daiana Carina Araujo, 21 anos. Ela nunca usava saias ou vestidos, até que aos 15 descobriu a candidíase – infecção provocada por fungos. Ao longo de seis anos teve mais cinco vezes o problema que se agravava. “Comecei a ter coceira e corrimento na região íntima, com muita frequência, principalmente quando estava perto do período menstrual. Em muitas vezes a região

íntima ficava sangrando por causa da infecção”, explica. A jovem só descobriu o motivo quando procurou um ginecologista: “Ele explicou que usar calças com frequência era prejudicial à saúde íntima”. Depois disso, ela começou a usar vestidos, evitou comer doces em excesso, passou a dormir sem calcinha, além de tomar por sete dias antibióticos conforme orientação do especialista. A estudante Lorena Fiungo da Silva, 20 anos, também enfrentou problemas pelo uso contínuo de calça. Ela já teve cinco infecções urinárias, a primeira aos 16 anos. “Depois que optei por usar vestidos ou saias alguns dias na semana, minha saúde íntima melhorou de maneira significativa”, pontua.

Já a designer de álbuns fotográficos, Marília Mara Lafetá, 22 anos, conta que não gosta de usar calças e sabe o bem que faz para o próprio corpo. “Acho que os motivos seriam três: calça me aperta e eu morro de agonia; sou uma pessoa muito calorenta, quanto mais vestido, melhor; e eu tenho um estilo romântico e o vestido traduz bem isso, eu adoro”, conta. A ginecologista e obstetra, Viviane Leite Oliveira, esclarece que a grande maioria das pacientes se queixa das infecções. Além do uso de calças, ela diz que há também outros motivos. “Tem alguns corrimentos que aparecem de acordo com a imunidade. Uma gripe ou má alimentação pode provocar baixa imunidade e propiciar o problema, mas a paciente tem que


pesquisar para ver se não está tendo anemia”, explica. Entenda A chefe de ginecologia e obstetrícia do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), Lucila Nagata, explica que a mucosa vaginal é úmida e quando a região fica abafada ou suada por muito tempo, torna-se mais vulnerável ao desenvolvimento de fungos. “A imunidade baixa ou fatores associados ao calor, como a praia, e a umidade, como a piscina e o uso

prolongado de biquíni molhado, podem fazer com que os fungos ou bactérias se proliferem e surjam sintomas como corrimento e coceira”, afirma a ginecologista. A especialista indica calcinhas de algodão pelo fato da peça ser capaz de favorecer a ventilação da área e permitir a transpiração natural, evitando irritações e alergias. “Não é que não podemos usar calça jeans, até porque ela é um importante item do vestuário feminino, mas temos que ter o cuidado de ter peças

confortáveis e não apertadas, e não usá-las todos os dias, pelo mesmo motivo”, destaca a médica. Já os protetores diários – pequenos absorventes – com forro de plástico devem ser evitados, pois abafam a região íntima, segundo Lucila. Ela também alerta sobre os sabonetes íntimos, que devem ser usados apenas uma vez ao dia e na hora do banho, pois quando usados com frequência, tiram a proteção natural da região íntima da mulher.

Foto: Amanda Lima

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Saúde Atendimento

Rede pública de saúde do Distrito Federal oferece serviços ainda desconhecidos pela população Renata Albuquerque Até o fim da década de 80 apenas pessoas com carteira assinada podiam utilizar a rede de saúde mantida pelo Estado. Foi com a Constituição Federal de 1988 que a realidade começou a mudar, tornando a saúde pública direito de todos. Apesar de tantos anos como direito universal, muitos ainda desconhecem grande parte dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se engana quem acredita que o SUS se limita a transplantes de órgãos, consultas com clínico geral, pediatra e ginecologista. Vai além disso. O sistema é abrangente. Serviços que aparentemente só seriam encontrados em instituições

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privadas, são oferecidos em muitas unidades de saúde pública do Brasil. No Distrito Federal não é diferente. Os postos de saúde são os principais locais onde a população pode encontrar esses serviços. O Posto nº 04 de Taguatinga Norte é um exemplo. O centro oferece oficinas de prática da shantala para mães que recentemente tiveram filhos. O programa foi implantado em março de 2002. A shantala é um tipo de massagem milenar indiana para bebês. As oficinas são sempre às quartas-feiras, a partir das 14h, mediante de agendamento. Ainda no posto, outro serviço chama a atenção de pacientes que sofrem com algum tipo de problema

muscular: hidroginástica. Ouvilho Alves recentemente descobriu o serviço: “Minha mulher precisa fazer hidroginástica. Todos os lugares onde fomos pesquisar eram pagos e bem caro. Para quem ganha pouco, é difícil. Fiquei sabendo por um amigo que este posto oferecia”. O Centro de Saúde nº 02 da Praça do Bicalho, Taguatinga Norte, há 23 anos oferece a autoterapia. O projeto, para pessoas de todas as idades, é realizado todas as terças e quartasfeiras pela manhã. A terapia é um tipo de acupuntura em que no lugar de agulhas, as mãos são usadas. Apesar de muitos anos em andamento, a autoterapia oferecida pela unidade


ainda é pouco conhecida na região. Para quem participa, é um projeto capaz de transformar vidas. Dona Maria da Vitória, 76 anos, é uma prova disso. “Participo há cinco anos. Perdi meu marido em fevereiro de 2001 e cinco meses depois, o meu filho. Fiquei com depressão e o projeto acabou me ajudando a superar tudo isso. Posso dizer que fui curada aqui”, relata. Um sentimento compartilhado também pela agente de saúde que comanda o projeto desde seu início, Ivone Dainêz: “O que me move em tocar este projeto é o amor. Morro de paixão por todos que participam”. Não muito distante dali, no

Centro de Taguatinga, na Policlínica, adolescentes de 10 a 18 anos têm a oportunidade de receber acompanhamento com psicólogo. O serviço é caro nas redes privadas e acaba aliviando quem não pode pagar. “Meu filho tem muita dificuldade em aprendizagem e é hiperativo. A escola, notando o comportamento dele, me indicou a Policlínica. Não sabia que lá eu poderia encontrar acompanhamento”, explica a auxiliar de limpeza Alucimar Cunha São atendidos jovens com qualquer transtorno emocional, dificuldade escolar de aprendizagem e impulsividade. Em 70% dos casos, são as escolas que encaminham,

mas o serviço é disponível a todos dentro da idade exigida que queiram ter acompanhamento. A assistente social da Políclinica Ana Míria explica que as famílias participam de todo o processo. “Não temos uma burocracia. A pessoa que precisar do acompanhamento pode vir direto. A família obrigatoriamente participa de 12 encontros. Após isso é que a gente marca o acolhimento e as próximas consultas com o adolescente”, afirma. Além da Policlínica, o Distrito Federal também conta com outros centros psicossociais do SUS, como o Adolescentro localizado na 605 Sul e o Caps Infantil. Foto: Renata Albuquerque

Prática terapêutica acontece no estacionamento do Posto nº 02 de Taguatinga

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Perfil Nicolas Behr

Poeta cuiabano conta como surgiu sua paixão pela capital federal: das curvas da geografia às curvas da poesia Mariana Nunes

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Nicolas Behr é de longe. Nasceu em Cuiabá, tem origens e traços germânicos. É alto, tem sotaque. Nicolas é daqui também. Capaz de trazer qualquer instante ou problemática ao papel para construir sua poesia, não hesita na continuidade de seu ofício artístico: "Operário da linguagem", como se classifica. Nicolas Behr é de perto. Há mais de quarenta anos em Brasília, não tem problemas em confessar que a cidade é sua obsessão. O homem tímido carrega cabelos louros e parece sorrir também com os olhos ao falar sobre o que o cerca, rói unhas e usa roupas claras. Considerado orgânico por outros poetas da cidade, ao manter-se transparente entre vida e obra, seguindo sua vertente e verdade, traduz em sua imagem serena que é tudo isso mesmo.

A primeira lembrança sobre palavra envolve a permissão concedida com a “licença poética”. "Vi aquela rima e depois o jeito das palavras, a terminação parecia música. Até que a professora explicou que o poeta pode. O poeta pode! Aquilo ficou na minha cabeça", conta. A poesia tornou-se uma velha conhecida, acompanhante, uma válvula de escape no processo de adaptação do menino recémchegado a capital e para o homem que se tornou: casado, pai, empresário. Ainda nos traços do arquiteto para virar poesia, Brasília se mistura às suas asas, eixos, ilhas, quadras, “dabliús”, “éles”. A cidade que Nicolas retrata o encanta e o instiga: vai de Ceilândia ao Paranoá, Taguatinga e Cruzeiro, envolve regiões administrativas, a terra vermelha que pinta as barras das calças, travessias

em passarelas subterrâneas, idas ao parque, pastel e caldo de cana na Rodoviária do Plano Piloto. Como a própria poesia, sua percepção está em todo e qualquer lugar. “Depois que eu escrevo, aquilo ali já não me pertence mais. Vai para o mundo. Escrevo também por isso, não tem como controlar. E qualquer coisa pode virar poesia”, reflete. Os galhos do cerrado e as pernas do Garrincha - que viraram poesia e estampa de camiseta – se assemelham ao processo criativo de Nicolas. Explico: todos os elementos citados demoram para sua constituição. As árvores que compõem o nosso bioma demoram anos para tomarem a forma característica, o jogador passa por diversos estágios até chegar no que pode ser considerado ápice e os livros do poeta levam mais ou menos cinco anos para serem concluídos.


Não sem sentido a analogia da poesia com a natureza Nicolas é sócio - proprietário do Pau-Brasília Viveiro Eco.loja, onde produz e comercializa espécies nativas do cerrado. Ele tem método particular. Escreve à mão, gera um arquivo ao passar para o computador, imprime e vai riscando, construindo e descontruindo suas linhas de palavras; essa nova versão é passada a limpo e impressa novamente e o fluxo continua. “Eu trabalho à mão, gosto de ir rabiscando”, ressalta. Usando mimeógrafo, artifício que se assemelha às impressoras, produziu cerca de oito mil exemplares de seus livros, vendidos de mão a mão. Sobre a distribuição de seu trabalho, é enfático. “O poeta precisa de retorno, de contato. É preciso mudar a imagem do poeta sozinho, dentro de um quarto escuro,

intocável. Eu gosto de ver a reação das pessoas, gosto de estar disponível”. Na conta, tem mais de 30 livros publicados. Enxergando além do concreto que a cidade ostenta, parece que a lição foi aprendida e tem sido vivida. O poeta pode seguir seus planos, parar de roer unha e aprender a tocar violão e publicar, daqui um tempo, seu livro dedicado à Alcina Ramalho, sua mulher, por quem se demonstra eternamente apaixonado. “Sou de Brasília, mas juro que sou inocente”, estampa outra camiseta que quebra o estereótipo da política atrelada à cidade. Os olhos todos se voltam para os moradores da capital com curiosidade e quase culpa pelo cenário atual. Nossa Senhora do Cerrado, olhai por nós e perdoai-me pelo clichê: só a poesia salva.

Foto: Isabela Gadelha

o o d u t m é "Ne o t r to é e qu ja e V . o d a o err d s a n r e e as p a h c n i r o d Gar s e or v r á as " o d a cerr

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Especial Guia

Fundamental para adquirir experiência e habilidades fora da universidade, a vivência prática deve convergir para a formação do estudante Isabela Vargas e Jaqueline Chaves

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Por mais que o aprendizado teórico na universidade seja o ponto mais importante na formação de um profissional, é no estágio que o estudante dá de cara com a realidade do mercado de trabalho e passa a ter outros enfrentamentos. O estágio é fundamental para adquirir experiência e habilidades fora da universidade. Confira algumas dicas que o Artefato reuniu. Em Brasília, seis entidades fazem a ligação dos estudantes com as empresas: Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee); Instituto Euvaldo Lodi (IEL); Instituto Fecomércio (IF); Ensino Social Profissionalizante (Espro); Super Estágios e Brasília Estágios. A maior referência no ramo é o Ciee, com mais de 30 mil empresas

cadastradas e cerca de sete mil vagas disponíveis em todo o Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), no pais, existem mais de sete milhões de universitários, destes 740 mil estão estagiando. As regiões Centro-Oeste e Sul têm o maior número de vagas, cerca de 140 mil oportunidades de estágio. Isso significa que Brasília está no eixo promissor de estágios. Suylla de Oliveira, 21 anos, está cursando o sexto semestre de administração e é estagiária no Ciee Posto Católica. Ela já fez vários estágios e acha essa experiência fundamental. “Acho que todo estudante deveria passar pelo maior número de estágios possíveis”, afirma. Além de vagas, o Ciee também oferece bolsas de

estudos e cursos preparatórios. Então, o primeiro passo é ir a uma dessas empresas ou fazer um cadastro online. Para o cadastro, é preciso ter em mãos documentos de identificação pessoal e declaração da universidade. Depois do cadastro feito é só ficar de olho nas vagas e se candidatar. A dica mais importante é não deixar pra se candidatar depois, pois a vagas são bem disputadas e somem rápido. Caso seja selecionado, a empresa vai entrar em contato e convocar para entrevista ou prova, isso pode variar, pois cada empresa tem seu método de avaliação.

*Confira mais dicas nas nossas redes sociais e site.


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