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Forma de pertencer
Por votação em assembleia no dia 16 de abril, mediada pela Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), moradores e moradoras da comunidade de Paracatu de Baixo, agora somente Paracatu, decidiram os nomes das ruas e do lugar de reassentamento. Maria Benigna, Alexandre Gonçalves Marcelino, Henrique Batista, Pedro Celestino e José Patrocínio foram as pessoas escolhidas para intitular as ruas 1, 2, 3, 4 e 5, respectivamente. O campo de futebol recebeu o nome de “Izolina das Dores”. A quadra esportiva foi batizada com o nome de “Esterlino”. O salão comunitário agora é “Salão Comunitário Laura Barbosa”. O posto avançado de saúde foi nomeado como “Ana Lúcia da Silva” e o posto de serviços, “José da Silva”. Por fim, a capela velório do cemitério foi designada “Capela das Rosas”, por sugestão de Dona Efigênia Bento, a moradora mais antiga de Paracatu.
Maio de 2023
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“Eu acho importante nomear as ruas, com certeza. Foi muito bonita a nossa escolha com os nomes das pessoas, das pessoas atingidas. Foi bem escolhido. Todos os nomes que foram escolhidos têm meu total apoio, porque é a única maneira de a gente fazer uma homenagem a essas pessoas. E, com isso, a gente conforta, de certa forma, as famílias também. Então a gente tinha mais é que fazer isso mesmo, uma votação para decidir os nomes dos lugares que são nossos e que sempre vão ser.”
José Silva, morador de Paracatu
“A colocação dos nomes foi importante porque, há muito tempo, a gente entendeu que Paracatu ficou muito comprida. Antes, na Paracatu de origem, eram ruas e vias e, lá em cima [reassentamento], a gente entende que virou quase um bairro. A distância é muita, então justificava ter mais passagens, não as tradicionais que foram feitas no projeto.
Essas ruas todas que foram visualizadas foram conquistas, algumas por necessidade e outras por conquista. Foi importante que partisse de nós dar o nome para as ruas, em vez disso vir imposto de algum lugar e a gente ter que aceitar. E aí, como em nossa comunidade tem bastante joias, a gente achou, como forma de homenagem, nomear as ruas com as pessoas que realmente lutaram, que tiveram muito a ver com o bem público ou com a rua em que moravam. E agora a gente fez essa assembleia, fez o processo de aclamação de contagem de votos que foram fotografados para ter certeza que não teve fraude e depois foi a votação principal para decidir onde vai ser o cruzeiro da comunidade e o nome que Paracatu vai ter a partir dessa data de hoje.
Foram três nomes de indicação, Paracatu venceu com 19 votos. Eu, pessoalmente, acho que vai haver um conflito de informações quando se falar e se referenciar somente a palavra Paracatu. Eu entendo que os outros nomes denominavam uma coisa que foi reconstruída, que foi feita de uma forma que a gente não quer perder. Mas como foi por votação, o pessoal ficou muito feliz e aplaudiu bastante, né? Então a gente fez uma coisa bem transparente, entendemos que cumprimos o nosso trabalho, principalmente como comissão, como as pessoas que realmente vão morar. Foi para o desejo próprio delas, então a gente acredita que está todo mundo feliz com as nomeações.”
Luzia Nazaré Mota Queiroz, moradora de Paracatu