Jornal Astrológico 4 Estações -Verão-13ªedição

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julho a setembro Verão 2015 | N.º 13

jornal astrológico CAUSAS PRIMEIRAS E ASTRO(LÓGICA) DO SOM • Narciso Saramago • MÚSICA E ASTROLOGIA • Fernanda Zanon • ASTROLOGIA E MÚSICA NA TRADIÇÃO . Patrícia Azenha Henriques • “OS PLANETAS” DE GUSTAV HOLST • Vitorino de Sousa • JOHN LENNON E PAUL MCCARTNEY - A ALMA DOS BEATLES • Luiza Azancot • A TÉCNICA DOS GRAUS PLANETÁRIOS CONTIDOS NA VIDA E OBRA DE AMADEUS • Daniela Rossi • ÚRANO E NEPTUNO E O SURGIMENTO DE GOA TRANCE • Ivo Miguel Silva • RUBRICAS HABITUAIS • Pergunte ao Astrólogo • Previsóes Infalíveis • Efemérides •



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APÓS O 1º SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ASTROLOGIA A realização do 1º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia que teve lugar em Lisboa nos dias 20, 21 e 22 de Março de 2015 foi um marco para a comunidade astrológica dos dois países. A iniciativa partiu da Aspas, que celebrou nessa data o seu o terceiro aniversário, e com o apoio dos parceiros e patrocinadores e após longos meses de planeamento o objetivo de juntar saberes – partilhar experiencias, dignificar a astrologia em língua portuguesa foram plenamente conseguidos. Com a ajuda da energia do equinócio da Primavera cumpriu-se o que tinha sido idealizado, e o Centro de Reuniões do Parque das Nações – FIL, durante dois dias tornou-se o palco onde mais de 200 pessoas que participaram neste simpósio contribuíram para o sucesso deste evento pioneiro na história da Astrologia em Portugal. Com um tempo agradável e convidativo o fim de semana foi recheado com uma sequencia de palestras simultaneamente em 4 salas, dos mais de 40 astrólogos que compuseram a Programação Geral, explorando variadíssimos temas, numa aposta para a diversidade e a multidisciplinaridade do campo de conhecimentos abrangido pela Astrologia. Foram lançadas sementes para promover parcerias e mais divulgação no âmbito da Astrologia, pois por esses dias outras palestras foram organizadas e vários workshops temáticos agendados, revitalizando e entusiasmando o interesse pela Astrologia e abrindo os braços a todos os que se aventuram por este saber pela primeira vez. Nesse ambiente de novidade, de expetativa e muita aprendizagem só temos que agradecer de forma sincera e profunda a todos os que nos acompanharam e deram vida e poder a este evento, de forma directa ou indirecta. A todos os participantes pela preferência que nos devotaram e por todas as sugestões, criticas e mensagens de parabéns e incentivo que temos recebido através do nosso inquérito, mensagens que nos enchem de estimulo e alento para prosseguir com a nossa actividade. Um grande obrigado à direção da FIL - Centro de Reuniões e à direção da Sociedade de Geografia por nos terem recebido e proporcionarem um excelente e emblemático cenário para a realização do Simpósio. Um grande agradecimento aos demais conferencistas que ajudaram a realizar este momento ao disponibilizarem as suas presenças e os seus conhecimentos para homenagearem, através do seu trabalho, a Astrologia e a importância do papel do astrólogo na sociedade.


À equipa de jornalistas, em especial a equipa da Clic3TV, que deram uma dinâmica extraordinária e contribuíram decisivamente para a materialização e divulgação das nossas experiências. E, por fim, um agradecimento aos órgãos sociais e toda a equipa de organização que ajudou a construir e a fazer funcionar este evento, pela dedicação e trabalho doado, num esforço por fazer da ASPAS uma entidade de referência quando se pensa na Astrologia em Portugal e no que de bom nela se faz. Como primeiro grande evento muitas foram as aprendizagens para esta ainda jovem associação que vê nelas potencialidades a serem exploradas futuramente. Ela já pode falar, no entanto, em conquistas, conquistas coletivas, pela força que nos dão para avançarmos e arriscarmos fazer algo inovador, diferente, marcante. É todo o nosso interesse e vontade em fazer deste 1º Simpósio bem mais do que algo único e memorável, queremos acima de tudo que ele se transforme no ponto de partida para algo maior e duradouro. A ASPAS não cessará, portanto, nas suas actividades e na persecução dos objetivos para a qual foi criada e que representam um esforço e trabalho contínuos em prol da credibilização e reconhecimento da Astrologia. Com agenda já marcada para um novo evento, o 1º Congresso Internacional de Astrologia e realizar na cidade do Porto, em março de 2017 e contamos com o 2º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia em 2019 na cidade de berço de Portugal, Guimarães. Para todos aqueles que ainda não tiveram possibilidade de ver as fotos, entrevistas e nosso video promocional, convidamos a clicar no link do facebook do 1º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia e recordar momentos memoráveis. Link: https://www.facebook.com/simposioaspas?ref=hl Em breve disponibilizaremos todas as gravações das palestras no nosso site, onde só será possivel devido ao trabalho de várias pessoas que com suas próprias camaras de video e gravadores fizeram ser possivel esta dispoinibilidade. Após redição de todos os videos, sabemos que muitos deles não terão a qualidade que desejariamos, mas adiantamos que o preço de cada acesso terá um valor simbólico de 5€, e iremos disponibilizar gratuitamente a todos os que tiveram no simpósio, desde congressistas ao público que pagou a entrada no simpósio. Muito obrigado e um bem-haja a todos por estarem connosco nesta aventura. Juntos fazemos a diferença. Presidente Isabel Guimarães


EDITORIAL Chegou o Verão e com ele a realização de festivais musicais por todo o País por isso decidimos dedicar este número à Musica em variadíssimas vertentes: a das esferas explorada por Narciso Saramago, a música clássica com artigos da pianista Fernanda Zanon que nos apresenta dois compositores contemporâneos pouco conhecidos do grande público, e de Vitorino de Sousa que se debruça sobre a obra de referencia de Gustav Holst. Patrícia Azenha Henriques analisa esta arte liberal numa perspetiva da Astrologia tradicional e aplica-a no contexto de dois grandes músicos portugueses, Amália Rodrigues e Carlos Paredes. Luiza Azancot dedicou um artigo à parceria criativa de John Lennon com Paul McCartney, provavelmente a mais produtiva da historia da musica ligeira, incluindo uma sinastria entre os dois temas. A seguir Daniela Rossi, fala-nos da obra de Amadeus segundo a técnica dos Graus Sabeus. Ivo Miguel Silva brindou-nos com o fenómeno musical definido pela grande conjunção de Neptuno e Úrano do final da década dos anos 80, levando-nos até Goa na Índia. Fechamos a parte do jornal dedicada à musica com uma aplicação magistral da técnica dos gruas planetários por Dani Rossi ao grande compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Com este jornal edição N.º13, findamos uma jornada. Começamos um caminho novo, com uma nova rediçao deste nosso jornal astrológico 4 estações que se irá manter com triagem trimestral, em formato digital e em formato de papel, mas com uma nova imagem, novas rubricas e nova diretoria editorial. O Jornal 4 Estacões foi idealizado como um veículo de criatividade para os membros, uma janela aberta para que mostrem os seus conhecimentos, exponham as suas ideias, treinem a sua capacidade de comunicação escrita e levram ao público em geral o que me melhor se realiza em Astrologia na lingua portuguesa. Continuará a existir graças ao empenho de uma grande equipa e dos membros. A viabilidade do Jornal e uma relaidade com mais de 12 mil visualizações por cada edição, permitindo graças a si que está desse lado a sua alteração, permitindo a continuaçao da sua fidelidade, com mais dinamismo e rubricas novas. A todos que nele participam, e a todos que participaram, o nosso obrigada por manterem o nosso lema, Juntos Fazemos a Diferença! Diretora do Jornal Isabel Guimarães Nota Editorial | Na edição anterior foi publicado o artigo pelo astrólogo Vitorino de Sousa sobre o código de ética na pratica profissional, exclusivo ao Astrólogo Humanista, este código refere-se apenas e só à pratica da astrologia Humanista conforme o mesmo explica.


9 Causas Primeiras e Astro(lógica) do Som 19 Música e Astrologia 29 Astrologia e Música na Tradição 39 “Os Planetas” de Gustav Holst 47 John Lennon e Paul McCartney - A alma dos Beatles 57 A Técnica dos Graus Planetários contidos na Vida e Obra de Amadeus 67 Úrano e Neptuno e o Surgimento do Goa Trance 83 Pergunte ao Astrólogo 91 Previsões Infalíveis 95 Efemérides

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Nascido em Estremoz, Abril de 1949. Astrologia, Teosoa, Espiritismo, Simbologia dos Números, Geometria Sagrada, Extraterrestres, a Face Oculta da Vida. Estes são alguns dos temas que merecem a minha atenção e estudo, procurando sempre interligá-los através de actividades que venho a desenvolver, com o empenho que a minha capacidade e consciência me permitem. Por: Narciso Saramago Membro N.º83 www.astrovida.com


CAUSAS PRIMEIRAS E ASTRO(LÓGICA) DO SOM Para alcançarmos alguma noção do significado da “lógica do som”, atentemos primeiro para a raiz etimológica da expressão, lógica, da raiz grega, logos, palavra que para o pensamento grego, à época do filósofo Heráclito (535 a 475 AC), tinha um significado que abrangia o Princípio da Ordem Cósmica. Paralelamente, em seu sentido laico, logos, para os gregos, inicialmente significava apenas a palavra escrita ou falada. Mas a expressão, logos, como significador de um “Princípio Original” que possa ter estado na origem da “Primeira Manifestação”, remete-nos para o “Princípio antes do Princípio”, ou um aspecto que encerre o conceito de “Unidade Primordial” ou “Causa Original”. E que Causa possa ter sido Essa? De acordo com uma expressão bastante conhecida… “No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus” (João 1:1-4). A ordem sequencial das palavras pela qual se compõe a construção gramatical desta frase, parece sugerir-nos que a causa que possa ter originado a “Causa Primeira” aparece como sendo a palavra, isto é, o SOM. No entanto, dizem os especialistas em línguas antigas, que em sua forma latina original a expressão Verbum se traduzia simplesmente por palavra, sem género, neutra, não sugerindo que a expressão, Verbum, possa ser interpretada como algo que se antecede à “Força Criadora”. Parece, então, haver na citada frase uma sugestão questionável de ordem sequencial entre Logos e Caos, talvez num lapso (e vamos partir do princípio que seja apenas um lapso) de interpretação da sua língua original, o grego, como também afirmam alguns especialistas. Seja como for e de acordo com a 1ª lei da Geometria Sagrada, a “Lei do Vazio” (ou Lei do Vácuo), esta lei sugere um estado de latência contendo um incomensurável poder de irradiação (LUZ), que ao manifestar-se expressa-se vibrando em altíssimas frequências (SOM), dando lugar à 2ª lei da Geometria Sagrada, a “lei do Campo Unificado”, ondas que se propagam a partir de um centro porém sujeitas a esse mesmo centro, acabando por se definir uma “periferia” ou “raio de acção”.


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Entendendo desta maneira temos que à “Causa Primeiríssima” (LUZ) segue-se a sua consequência (SOM), que ao propagar-se gera campos de experiência dando lugar à 3ª lei da Geometria Sagrada, a “lei da Auto-recorrência”, o Pulsar Cósmico, isto é, a lei que gera a condição que dá lugar à 4ª lei da Geometria Sagrada, a “lei dos Opostos e Complementares” (Yin/Yang), em permanente interacção mútua. Assim sendo e melhor dizendo, então parece que o “Verbo não era Deus”, mas sim “Deus era o Verbo”. Isto é, da “Fonte de Pura Luz Irradiante”, do “Grande Princípio da Mente de Deus”, surgem as “Vibrações Sonoras”, a “Música do Cosmos”, colocando uma Orquestra de Multi-Universos em sincronia harmónica. Do Imanifestado (Zero - 0) surge o Logos Manifestado (Um – 1, ou Ponto em geometria), irradiando Luz Pura que se converte em Som (Dois – 2, ou Círculo em geometria). Em paralelo com a estrutura musical podemos encontrar o mesmo significado na proporção harmónica entre o monocórdio (1:1) e o diapasão (1:2), seguindo-se depois a quinta (2:3), e por aí fora na escala. Ou ainda, ao “Poder da Afirmação” ou “Irradiação Criadora do Ritmo” (1:1) positivo e afirmativo, segue-se a propagação das “Frequências Sonoras gerando a Melodia” (1:2) negativa e reflexiva, completando-se a sequência numa “Combinação Harmónica” pacificadora e conciliadora (2:3) gerando equilíbrio e neutralidade. Desta maneira encontramos o trinómio cuja sequência se encadeia em Ritmo/Melodia/Harmonia, Afirmação/Recepção/ Conciliação, Positivo/Negativo/Neutro. Num significado maior, entendase que neste contexto a expressão “positivo” e “negativo” estão isentos de qualquer avaliação de “bom” ou “mau”, sendo simplesmente expressões da energia em seu estado puro. Seguindo a “Pauta” por estas referências, o Grande Universo segue o seu curso e vai escrevendo a sua música tocando-a orquestrada pela “batuta” do Logos Criador. Galáxias, Sistemas Solares e Planetas, em toda a sua manifestação de vida, todos no Cosmos produzem as suas melodias vibrando de acordo com o mesmo padrão. Para nós, humanos, seres em processo de desenvolvimento da consciência, a nossa referência é o som da “sinfonia das esferas” que nos estão mais próximas, frequências com as quais procuramos afinar os nossos sentidos. Entretanto, e acertando o compasso com uma “escala” mais complexa, no presente ciclo da história do nosso sistema solar e particularmente do planeta Terra, a “realidade” tem vindo a alterar-se, uma vez que os novos alinhamentos do Sistema criaram já condições para que nos cheguem outras “sonoridades”, um som mais refinado, um novo ritmo e uma nova melodia pautada por outras directrizes a terem efeitos futuros.


A palavra música tem sua origem na expressão grega, “mousikê”, que para os gregos significava “a arte das musas”, significado esse que englobava a cultura das artes em todos os seus campos. Também a palavra Astrologia tem a sua origem nos termos da raiz grega, “astron” e “logos”, sendo que esta última significa, palavra, expressão. Associando os dois termos – Música mais Astrologia – surge o conceito significando a “palavra das estrelas”, “som dos astros” ou “música das esferas”, ou ainda “astro(lógica) do som”, acrescento eu. Uma vez que a Astrologia lida com ciclos de tempo, ritmos, cadências e alternâncias aplicadas à condição espacial organizada, quando se trata de progressão da consciência estamos intimamente ligados a todo este processo de afinação com as frequências vibratórias da “música das esferas”. Entendendo assim e de acordo com o anteriormente exposto, é sem sentido formular-se uma vulgar questão que periodicamente assola a mente dos duvidosos – “como é que astros estando tão distantes de nós podem influenciar o percurso das nossas vidas?” Naturalmente que a resposta é óbvia – podem! E fazem-no através da Lei da Ressonância ou, como diria Carl Gustav Jung, pela Lei da Sincronicidade. E o matemático, astrónomo e astrólogo Johannes Kepler (1561 a 1630), bem procurou durante uma grande parte da sua vida deduzir essa Harmonia Celestial pela qual se rege a “Batuta do Universo”. E como não podia deixar de ser, a vida humana está sujeita e sincronizada com essa mesma ordem melódica. Segundo as leis de Kepler, os planetas combinamse em movimentos compassados cujas proporções matemáticas estão vinculadas à trajectória das suas órbitas. Nos dias de hoje e de uma maneira muito simples, qualquer estudante de Astrologia acaba por ter acesso ao conhecimento dessa interligação rítmica dos ciclos planetários. Exemplificando, segue-se uma descrição aproximada dos ritmos e compassos das órbitas planetárias entre si:


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Neptuno/ Plutão (3:2). Em cada duas órbitas de Plutão acontecem três de Neptuno. Urano/ Neptuno (2:1). Em cada órbita de Neptuno acontecem duas de Urano. Saturno/Urano (3:1). Em cada órbita de Urano acontecem três de Saturno. Júpiter/Saturno (5:2). Em cada duas órbitas de Saturno acontecem cinco de Júpiter. Marte/Júpiter (9:1). Em cada órbita de Júpiter acontecem nove de Marte. Vénus/Marte (3:1). Em cada órbita de Marte acontecem três de Vénus. Mercúrio/Vénus (5:2). Em cada duas órbitas de Vénus acontecem cinco de Mercúrio. Terra/Lua (1:13). No caso da relação Terra/Lua, ao mesmo tempo que as duas em conjunto orbitam o Sol uma vez, a Lua orbita a Terra treze vezes. Ainda segundo Kepler e tomando sempre o Sol ao centro como referência, esta orquestra planetária produz frequências sonoras em tom grave quando no período do Afélio, e sonoridades agudas quando no Periélio. São variáveis sonoras como resultado da mútua interacção planetária manifestando-se em ritmos diferentes, cuja cadência reage como um reflexo tendo impacto nos ciclos da vida, na dialéctica entre espírito e matéria, entre mundos subtis e nós mesmos vivendo no plano físico, numa fenomenal partilha de vibrações em altas e baixas frequências.


A respeito de tão bela harmonia celestial, no período entre 1914 e 1916, Gustav Holst, um compositor britânico familiarizado e fascinado com a Astrologia através de um amigo, inspirado por esta Ordem Cósmica dedicou-se à composição de uma fascinante obra musical em forma de suite, com sete andamentos, intitulada “The Planets”. Holst criou cada andamento como uma representação particular de cada planeta do sistema solar, até Neptuno. À época em que a obra foi criada o planeta Plutão não tinha ainda sido descoberto, acontecimento que só viria a ter lugar em 1930. Esta foi uma obra que alcançou grande sucesso e popularidade. Mas paralelamente à sinfonia planetária também a faixa zodiacal está estruturada de modo a oferecerse como um guia cadenciado por tons e meiostons. Não deixa de ser curioso que na sequência dos signos, quando chegamos à fase cinco, em Leão, entre a nota musical MI e FÁ, a nota FÁ não desce para “bemol”. Seguindo pela Escala Maior (a primeira sequência das sete notas principais), o mesmo acontece entre a última nota da escala, SI, alcançada na fase doze, em Peixes, e a nota DÓ seguinte que dá início à oitava subsequente, novamente em Carneiro. O facto de a sequência ser composta por doze fases tem a sua origem com base nas sete notas da escala principal, à qual se adiciona os cinco semitons sustenidos intermédios, que num todo perfaz doze sons, como ilustra a figura seguinte. Contudo, e independentemente dos tons e semitons intermédios, a “Lei das Oitavas” impõe-se.


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Tanto de Leão para Virgem, assim como de Peixes para Carneiro, estas são as únicas passagens na sequência em que não se conta com uma descida do som na escala. As notas FÁ e DÓ não descem para bemol e, por outro lado, as notas SI e MI não sobem para sustenidos. Tomando sempre como referência as primeiras sete notas musicais principais, em que o primeiro grupo de três notas representa o espírito, e o restante grupo de quatro notas representam a matéria, estes dois intervalos entre MI e Fá, e entre SI e DÓ, são como dois “Portais” para outras dimensões da sonoridade, numa réplica perfeita da proporção universal 3:4. Por conseguinte, e de acordo com a “Lei da Harmonia”, das combinações sonoras depende o equilíbrio ou o desequilíbrio do ambiente, cujo resultado irá por sua vez irá influenciar no nível de comunicação entre a parte espiritual e a sua contraparte – a matéria, isto é, nós e o mundo.

As frequências medidas em Hz que são captadas através dos sete chacras principais, estes situados no Duplo Etérico como fazendo parte da constituição humana como um todo, e em conjunto com as suas correspondentes planetárias, ao entrarem em ressonância com certas combinações de sonoridades e vibrações, podem muito bem encetar um “diálogo” em perfeita harmonia ou entrar em estado de caos. Em termos de “tónica de fundo”, o som é uma vibração importantíssima no desenrolar da História do Universo e, por consequência, da vida do ser humano.


Em suma, a música está em tudo na natureza e em todos os aspectos da existência. A afinação da consciência com o “Som das Esferas” liberta-nos das amarras da sequência do tempo passado, presente e futuro, pois coloca-nos os sentidos mais apurados em sintonia com as mais elevadas dimensões, coexistência multidimensional que não se rege pelo “tempo horizontal” da 3ª e 4ª Dimensão, estas como sinónimos da “realidade” imediata, material, finita, limitada, que apenas nos garantem a permanência na prisão da “Roda de Samsara”, a roda das reencarnações. Ou podemos dizer ainda se optarmos por usar a expressão, na prisão da “Matrix”. Mas numa boa tentativa temperada também com uma boa doze de sabedoria e convicção, e para que não se perpetue o sombrio enredo, creio que podemos e devemos exclamar: “VIVA A BOA MÚSICA!”, modelada pela frequência de 432 Hz, como modernamente se diz.


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A autora é pianista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e mestranda em Performance Musical na Universidade de Aveiro (Portugal). Atua como professora de piano e musicalização desde 2006. É estudante de Astrologia desde 2011, com formação no Brasil e atualmente em Portugal.

Por: Fernanda Zanon Membro N.178



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MÚSICA E ASTROLOGIA Alguns compositores fascinaram-se pelos temas da Astrologia e dedicaram obras musicais relacionando os elementos desta. Neste artigo pretendo apresentar-vos duas relevantes obras que relacionam Astrologia e Música: Makrokosmos, de George Crumb; Tierkreis, de Stockhausen. GEORGE CRUMB E A PEÇA MAKROKOSMOS George Crumb nasceu em 24 de outubro de 1929, nos Estados Unidos. Ficou conhecido mundialmente por ser um compositor que explora timbres incomuns em suas composições musicais, além de ter uma notação da partitura não convencional. Segundo Crumb, a música deve ser percebida como “um sistema de proporções a serviço do impulso espiritual”. Suas composições justapõem estilos musicais contrastantes, variando de músicas da tradição ocidental, hinos e música folclórica a músicas não ocidentais1. Muitas obras compostas por Crumb incluem elementos simbólicos, místicos e teatrais, que são geralmente refletidos em uma bela e meticulosa notação da partitura. Em 1972 lançou o primeiro volume de uma de suas composições mais conhecidas, Makrokosmos. O segundo álbum Makrokosmos foi lançado em 1973. Ambos volumes são compostos por um conjunto de 24 peças destinadas para serem tocadas ao piano solo. O compositor explora recursos do instrumento, exigindo que o intérprete toque além das teclas. Esta técnica expandida do instrumento chama-se piano preparado e consiste em colocar materiais como borrachas, pregos, pilhas e outros mais dentro do instrumento, produzindo timbres diferentes. O intérprete deve tocar dentro do piano, explorando os timbres das cordas e suas ressonâncias. Para compor o Makrokosmos, Crumb inspirou-se nos Mikrokosmos de Bartók e nos Prelúdios de Debussy.


Crumb associa cada peça a um signo do zodíaco. No fim de cada peça ele inclui as iniciais de uma pessoa nascida com o signo solar correspondente. Essas iniciais incluem tanto compositores quanto membros da família, além de personalidades do passado que ele admira (Johannes Brahms, Federico García Lorca, etc). Cada um dos volumes de Makrokosmos está organizado em 3 partes de 4 peças, em que as partes devem ser tocadas sem interrupção. A notação gráfica de cada uma das peças tem um formato diferente. Por exemplo, a disposição da partitura da quarta peça de Makrokosmos I, nomeada Crucifixo, forma uma cruz. A oitava é um círculo e a última uma espiral. Além disso, todas as peças também possuem um título complementar ao signo referenciado que evoca uma determinada atmosfera, como “O acorde místico”.


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Makrokosmos I (1972) foi organizada da seguinte forma: ◘ PARTE 1 1 Primeval Sounds (Genesis I) - Câncer 2 Proteus - Peixes 3 Pastorale (from the Kingdom of Atlantis, ca. 10,000 B.C.) - Touro 4 Crucifixus [SYMBOL] - Capricórnio ◘ PARTE 2 1 The Phantom Gondolier - Escorpião 2 Night-Spell I - Sagitário 3 Music of Shadows (for Aeolian Harp) - Libra 4 The Magic Circle of Infinity (Moto Perpetuo) [SYMBOL] - Leão ◘ PARTE 3 1 The Abyss of Time - Virgem 2 Spring-Fire - Áries 3 Dream Images (Love-Death Music) - Gêmeos 4 Spiral Galaxy [SYMBOL] - Aquário


Makrokosmos II (1973): ◘ PARTE 1 1 Morning Music (Genesis II) - Câncer 2 The Mystic Chord - Sagitário 3 Rain-Death Variations - Peixes 4 Twin Suns (Doppelgänger aus der Ewigkeit) [SYMBOL] - Gêmeos ◘ PARTE 2 1 Ghost-Nocturne: for the Druids of Stonehenge (Night-Spell II)- Virgem 2 Gargoyles - Touro 3 Tora! Tora! Tora! (Cadenza Apocalittica) - Escorpião 4 A Prophecy of Nostradamus [SYMBOL] - Áries ◘ PARTE 3 1 Cosmic Wind - Libra 2 Voices from “Corona Borealis” - Aquário 3 Litany of the Galactic Bells - Leão 4 Agnus Dei [SYMBOL] - Capricórnio Como podemos observar, Crumb não preservou a ordem zodiacal na organização de suas peças. Tentei encontrar relações na possível ordenação estabelecida pelo compositor, mas só me foi possível vincular uma lógica aos nomes, como Proteus e Peixes (Proteus é uma entidade marinha da mitologia grega). Capricórnio é associado à figura da cruz e recebe os nomes Crucifixus e Agnus Dei nos primeiro e segundo volumes, respetivamente, estando relacionado com a figura de Jesus Cristo. No entanto, ainda permanece enigmática a relação da obra com a Astrologia, uma vez que o compositor não deixa pistas sobre sua relação com a astrologia. Ao ser questionado sobre sua notação (em 1976), Crumb apenas disse: Robert Shuffett: Um aspecto visualmente impressionante de sua partitura seria suas “notações simbólicas” - aquelas representações de espirais, formas circulares, cruz, e assim por diante. George Crumb: Todo compositor deveria se permitir a rompantes de caprichos ocasionalmente! (referência) Para ouvir a obra Makrokosmos I: https://www.youtube.com/ watch?v=bA34Li-6GPI Para ouvir Makrokosmos II: https://www.youtube.com/ watch?v=9wsJYUrleIc


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KARLHEINZ STOCKHAUSEN E A PEÇA TIERKREIS Stockhausen nasceu em Kerpen na Alemanha, em 22 de agosto de 1928 às 3 da madrugada e faleceu em 5 de dezembro de 2007. Sua fama foi adquirida através de composições musicais consideradas revolucionárias para a época. Stockhausen mostrou novas percepções de ritmo, melodia e harmonia. Para terem uma ideia, o compositor criou uma peça para quarteto de cordas (dois violinos, viola de arco e um violoncelo) e quatro helicópteros! A peça Tierkreis significa Zodíaco em alemão e foi composta entre os anos de 1974 e 1975. Tierkreis tem instrumentação livre, podendo ser tocada por qualquer instrumento, e traz à tona 12 melodias simples, cada uma representando um signo do zodíaco. A obra de Stockhausen ganhou tanta relevância que é tocada nos carrilhões da Torre da cidade de Colônia, em Alemanha. Para explicar a obra Tierkreis, coloco abaixo o mapa natal de Stockhausen:

O compositor tinha o Sol e o Ascendente em Leão e por este motivo optou por associar a primeira nota musical (Lá = A) ao seu signo solar. Virgem vincula-se à nota Lá# (A#) e assim por diante, totalizando as 12 notas cromáticas que são relacionadas aos 12 signos.


Assim como cada pessoa tem um mapa natal singular, estas peças também são interpretadas de forma única. Isto porque elas devem ser interpretadas de acordo com o signo correspondente à data da apresentação. Por outras palavras, se fôssemos tocá-la no dia 30/04/2015, a peça teria que ser tocada a partir de Touro, mas se fosse no dia 03/04/2015, a peça teria que ser tocada iniciando em Áries. Há performances que duram 12 minutos e outras que duram mais de uma hora, pois os intérpretes devem tocar cada melodia 3 vezes, com variações ou improvisações. Isso traz uma liberdade ao intérprete e faz com que a obra seja mutável. Nestes termos, Tierkreis pode ser classificada como uma “obra aberta”, tal qual definida por Eco, em que é concedido ao intérprete uma autonomia executiva peculiar, uma vez que ele “não só dispõe da liberdade de interpretar as indicações do compositor conforme sua sensibilidade pessoal (como se dá no caso da música tradicional), mas também deve intervir na forma da composição, não raro estabelecendo a duração das notas ou a sucessão dos sons, num ato de improvisação criadora” (1991: 37).

Para ouvir a obra Tierkreis: https://www.youtube.com/ watch?v=718J9pmDFZM


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REFERÊNCIAS ◘ 1 Informação retirada de: http://www.georgecrumb.net/about/ ◘ Eco, Umberto. Obra aberta, 1991. São Paulo, Brasil. Editora Perspectiva.



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Nasceu em Coimbra em 1972 e reside no Funchal, ilha da Madeira. Depois de um longo flirt, rendeuse à astrologia em 1998 e mantem com esta uma relação permanente e apaixonada. Fundadora da empresa “Estudante de Astrologia”, exerce a sua actividade nas áreas do ensino, investigação, divulgação e consultoria em astrologia.

Por: Patrícia Azenha Henriques Membro N.º12 www.estudantedeastrologia.com


ASTROLOGIA E MÚSICA NA TRADIÇÃO O conceito de artes liberais foi originado na Antiguidade, mas foi no período Medieval que alcançou o seu expoente máximo fazendo parte integrante do Studium Generale nas Universidades criadas na Europa a partir do século XII. Em Portugal, «Ao assinar o “Scientiae thesaurus mirabilis”, D. Dinis criava a Universidade mais antiga do país e uma das mais antigas do mundo. Datado de 1290, o documento dá origem ao Estudo Geral, que é reconhecido no mesmo ano pelo papa Nicolau IV. Um século depois do nascimento da nação, germinava a Universidade de Coimbra. Começa a funcionar em Lisboa e em 1308 é transferida para Coimbra, alternando entre as duas cidades até 1537, quando se instala definitivamente na cidade do Mondego.»2 As Sete Artes Liberais, figura do Hortus Deliciarum de Herrad de Landsberg (século XII)1

O Estudo Geral continha as sete artes liberais, que faziam parte da formação base universitária, composta por dois grupos de disciplinas, o Trivium e o Quadrivium.


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O Trivium (três vias), dedicado à aquisição e desenvolvimento de competências ao nível do raciocínio, linguagem e literárias, conferia disciplina ao intelecto para o estudo adequado da matéria e do espírito, era composto pelas disciplinas Lógica, Retórica e Gramática. O Quadrivium (quatro vias), dedicado à aquisição e desenvolvimento de conhecimento na área científica ou artes numéricas, era composto pelas disciplinas Aritmética, Música, Geometria, e Astronomia/Astrologia (que na época eram indissociáveis). Com o domínio destes conhecimentos basilares para a produção de ideias e obras devidamente fundamentadas, o homem estaria preparado para continuar os seus estudos superiores. Em astrologia o conhecimento superior está inserido nos atributos da Casa 9, onde o Sol tem o seu Júbilo e embora sendo cadente, é importante por ser uma casa que observa o ascendente através de um trígono. Nessa medida é onde se insere o corpo de conhecimento da Astrologia, uma das disciplinas do Quadrivium, assim como naturalmente também integra o corpo de conhecimento da Música, a educação musical nas suas diversas vertentes. Mas a Música pode estar em qualquer local do mapa, especialmente onde está Vénus e Mercúrio.

Vénus é significador universal de artes e de músicos e como tal também da Música nesse contexto; Mercúrio será significador de Música no contexto do seu corpo de conhecimento, aprendizagem, composição, comunicação e expressão musical. Outros planetas poderão estar associados a estes, em contextos vários relacionados com a Música, nomeadamente a Lua, no que respeita à expressão sensorial, emocional. A Música sempre foi muito importante e presente na Humanidade, como tal há inúmeras referências à mesma nos tratados de Astrologia, seja na aquisição de conhecimento musical ou na sua composição ou expressão, na construção de instrumentos, na vocação/profissão. Apresento de seguida alguns exemplos da tradição astrológica: Ali bin Ahmad al-Imrani, “Livro das Escolhas”3


«Sobre a instrução do canto e de outras áreas do entretenimento – Neste assunto temos que tornar Vénus competente, que ela esteja numa das suas dignidades e o mesmo para Mercúrio. E fazer com que ele esteja junto a ela. Também colocar a Lua numa das suas dignidades, ou em Peixes, separando-se de Mercúrio e aplicandose a uma conjunção com Vénus. E que o ascendente seja o de uma das dignidades de Vénus. Se o grau ascendente for uma das dignidades de Mercúrio e Vénus, será bom, porque isso significará a perfeição do assunto. Vénus, Mercúrio e a Lua não devem estar cadentes. Contudo, se a Lua estiver na 9, que é a casa do conhecimento, afortunada e forte, será bom. Deixa até que os outros fiquem afortunados. Mas se o regente do ascendente estiver na 9, afortunado e forte, será bom. Uma certa pessoa disse que seria necessário para tocar a Lira que a Lua estivesse em Capricórnio, mas para tocar um tamborim e outros semelhantes, posicioná-la no final de Leão. Mas para o trompete, deixa que ela esteja em signos mudos. Contudo, os signos com voz são bons para eleições de canto e para tocar instrumentos, especialmente Gémeos e Virgem.4 E neste assunto devemos colocar a 9 e o seu regente, competentes. E se a eleição tiver como intenção um trabalho, será bom ter a 10 competente, que deverá ter-se sempre em conta no início de um assunto.»2 Firmicus Maternus, Matheseos Libri VIII5 Liber Tertius – XII – 1 «Mercúrio com Vénus no ascendente (…). Serão músicos, bailarinos, compositores de música; (…)» Liber Tertius – XII – 17 «As actividades públicas são indicadas para o nativo que tem Mercúrio e Vénus na décima casa. (…) Numa ascensão matutina, Mercúrio nesta casa com Vénus fará compositores musicais, mas destinados ao palco ou a apresentações públicas. (…)» Liber Quartus – XIII – 1 «Se a Lua cheia ou crescente se afasta de Vénus para Mercúrio, os nativos tornar-se-ão (…) por vezes músicos (…)» Liber Quartus – XIV – 16 «A Lua cheia indo de Mercúrio para Vénus, num mapa nocturno, indica elevada posição, actividades famosas e grande sorte. Alguns tornam-se oradores fluentes, outros poetas, dotados do divino dom da canção. (…)»


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Liber Quartus – XIII – 17 «Mas a Lua nesta situação (…) tocam órgão ou atuam em pantominas. Alguns são instruídos na dança e no canto. (…)» Liber Quartus – XIX – 17 «VÉNUS. Vénus como regente do mapa tornará os homens amáveis, alegres faladores, passando o tempo em constante diversão (…) Serão nobres e mundanos e sempre rodeados de música.» Liber Quartus – XIX – 18 «(…)Vénus como regente do mapa em signos deprimidos produz fabricantes de instrumentos musicais ou pintores que pintam o corpo inteiro (…)» Liber Quartus – XXVI – 7 «Mercúrio com Vénus, de noite ou de dia, nos termos de Vénus ou nos seus próprios termos, farão músicos. O mesmo é indicado por Mercúrio nos termos de Vénus e vice-versa. Mas, se Vénus estiver nos termos de Mercúrio, e Mercúrio num signo estranho, ou em termos estranhos, os nativos terão uma voz musical mas serão, de algum modo humildes ou de classe baixa (…)»

‘Música’, Joos van Wassenhove (século XV)6


Abu Bakr al-Hasan ibn al-Khasib, De Nativitatibus7 «Nativos que são Carpinteiros – Quando Marte é aspetado por Mercúrio a partir da casa da profissão e o signo de sementes e coisas nascidas da terra, o nativo será um carpinteiro ou de uma profissão que trabalhe com madeira e ferro. E se Vénus os aspetar, o nativo será um construtor de trompetes, flautas ou cítaras, e de instrumentos semelhantes (…)» Nestas citações encontramos um conjunto de configurações que envolvem especialmente Vénus, Mercúrio e Lua, que procurarei ilustrar com apontamentos simples em dois exemplos. Amália Rodrigues e Carlos Paredes são dois nomes incontornáveis da música portuguesa, expressaram de forma única a sua musicalidade, e deram um contributo inestimável para fazer do Fado aquilo é hoje.

Foi uma estranha forma de vida porque eu não fiz nada por ela, foi por vontade de Deus, não é? “Que eu vivo nesta ansiedade, que todos os ais são meus que é tudo minha a saudade, foi por vontade de Deus”. Já isto fiz com trinta anos! Quer dizer já eu pressentia que tinha sido Deus que me tinha feito o destino, que me tinha marcado o destino, que me deu uma natureza para a qual eu nasci, ... nasci com esta obrigação de cantar fado! Ou foi o fado que fez isto! O fado é destino, portanto deu-me este destino a mim! Amália Rodrigues8


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Quando eu morrer, morre a guitarra também. O meu pai dizia que, quando morresse, queria que lhe partissem a guitarra e a enterrassem com ele. Eu desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de morrer.” Carlos Paredes9

Cada natividade é única, mas podemos encontrar semelhanças importantes que indicam como a música, a sua composição e expressão, estão intimamente ligadas à pessoa e à sua vocação, tendo ambos vivido na música e para a música. Amália Rodrigues tem uma base Fleumática/Colérica, com qualidades contrárias, que lhe confere uma natureza temperamental, oscilante, variando entre estados mais reservados, pessimistas e de alguma passividade e outros de grande entusiasmo, extroversão e dinamismo. Carlos Paredes tem uma base Melancólica, que lhe confere uma natureza reservada, concentrada e profunda, eficiente e dado ao pessimismo, complementado e suavizado por um toque sanguíneo, mais sociável e extrovertido, mas que não é a sua expressão dominante.


Têm ambos mapas noturnos, o que destaca a importância da Lua, como luminar da hora, uma intensidade emocional e profundidade mais marcadas. Encontramos também em comum a conjunção estreita de Vénus/Mercúrio em signos masculinos e diurnos, demonstrando visibilidade na expressão, e em modo fixo, indicando conservadorismo e enorme tenacidade. Em ambos, esta conjunção recebe um aspeto aplicativo da Lua, aliando emoções, sensibilidade e profundidade ao conjunto. O ‘nosso’ conjunto musical. O que reforça sobremaneira a importância das configurações descritas envolvendo Vénus/Mercúrio/Lua é o facto de incluírem ambas o regente do ascendente, o significador da pessoa e responsável pela realização da sua motivação primária que, em ambos, acontece na casa 5, a casa da criatividade, dos espaços de entretenimento, do palco. É onde está a Lua no caso de Amália Rodrigues, regente de Caranguejo e onde está Mercúrio no caso de Carlos Paredes, regente de Virgem. É também comum aos dois mapas uma ligação entre a casa 9, onde vimos estar inserido o corpo de conhecimento da Música, e a pessoa. Carlos Paredes tem o regente da casa 9, Vénus em conjunção estreita com o regente do ascendente, Mercúrio, e Amália tem o regente da casa 9, Saturno em sextil com o regente do ascendente, Lua, e também em sextil com o ascendente. Em ambos os casos temos Marte e Saturno ligados à configuração Vénus/ Mercúrio/Lua, sendo cada um deles o dispositor do regente do ascendente, e unidos por aspeto, Lua em conjunção com Marte, seu dispositor e em sextil com Saturno, no caso de Amália; e no caso de Carlos Paredes, Mercúrio em quadratura com Marte e Saturno, sendo o último dispositor de Mercúrio. Isto é significativo na expressão de ambos e uma forte razão para ser o Fado e não outra expressão musical mais leve. Saturno adiciona profundidade, tristeza, melancolia, Marte intensidade e rotura, um conjunto que torna a expressão musical ‘pesada’, por vezes angustiante. Carlos Paredes ficou conhecido como o “homem dos mil dedos”, significado por Mercúrio, que rege um ascendente Virgem, é a expressão da concentração, do detalhe e da precisão. Amália Rodrigues ficou conhecida como a “Rainha do Fado”, significada pela Lua (a rainha da noite), que rege um ascendente Caranguejo, é a expressão da emoção profunda, da intensidade e da saudade. Qual movimento perpétuo10, a guitarra de Paredes, a voz da Amália, o Fado, continuam a envolver-nos…mesmo que o Fado não fosse ainda Património Imaterial da Humanidade.


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NOTAS ◘ 1 Imagem daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_liberais#/media/File:Septem-artesliberales_Herrad-von-Landsberg_Hortus-deliciarum_1180.jpg, acedido em 4/4/2015 ◘ 2 http://www.uc.pt/sobrenos/historia, informação do website oficial da Universidade de Coimbra, acedido em 4/4/2015 ◘ 3 Tradução do inglês “The Book of Choices” pág. 223-224 “Choices & Inceptions: Traditional Electional Astrology”, Benjamin Dykes, 2012. Encontram-se instruções semelhantes sobre o mesmo assunto na pág. 353 deste livro, desta vez de acordo com os escritos de outro autor, Ali bin Abi al-Rijal, Livro VII: Sobre Eleições. ◘ 4 Classificação dos signos quanto à voz: - Voz Forte: Carneiro, Touro, Gémeos, Leão, Balança e Sagitário; Voz Média: Virgem, Capricórnio e Aquário; Mudos: Caranguejo, Escorpião e Peixes ◘ 5 Edição da Biblioteca Sadalsuud, Tradução CMM, QHP ◘ 6 Imagem daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_liberais#/media/File:Musica_ wassenhove.jpg, acedido em 4/4/2015 ◘ 7 Tradução do inglês pág. 305-306 do livro “Persian Nativities Volume II: Umar Al-Tabari & Abu Bakr”, Benjamin Dykes, 2010. ◘ 8 website oficial de Amália Rodrigues, http://www.amalia.com/main.htm, acedido em 7/4/2015 Imagem de Amália Rodrigues http://www.bordado-madeira.com/oliveirasbordados. com.pt/images/stories/amalia-rodrigues-foto.jpg, acedido em 7/4/2014 Fonte de dados de Nascimento de Amália Rodrigues: Certidão de Nascimento ◘ 9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Paredes, acedido em 7/4/2014 Imagem daqui: http://i.ytimg.com/vi/s2TLCGcj6y8/maxresdefault.jpg, acedido em 7/4/2015 Fonte de dados de Nascimento de Carlos Paredes: Certidão de Nascimento ◘ 10 Segundo álbum (disco) de Carlos Paredes. “Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia” em http://pt.wikipedia. org/wiki/Carlos_Paredes, acedido em 7/4/2015 ◘ 11 Imagem daqui: http://www.museudofado.pt/fotos/img_ambiente/banner_fado_ site_destaque_0521602001322654587.jpg, acedido em 7/4/2015



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Nascido em maio de 1948, em Lisboa, ensinou e praticou Astrologia entre 1978 e 2001, tendo voltado à atividade em 2014. Tem 27 livros publicados, quatro dos quais na área da astrologia: CRÓNICA DA INCRÍVEL HISTÓRIA DO PATINHO (original de 1994, publicado em 2015), DICIONÁRIO DE ASTROLOGIA (3ª reedição em 2014), OS 12 ESTADOS DO SER (Prosa/poesia astrológica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993), A ASTROLOGIA NOS DOZE POEMAS DE “MAR PORTUGUÊS” DO LIVRO “MENSAGEM” DE FERNANDO PESSOA (1989, não publicado). Por: Vitorino de Sousa Membro N.º168 www.sistemaanura.com


“OS PLANETAS” DE GUSTAV HOLST E OUTRAS SUGESTÕES PARA ILUSTRAR, MUSICALMENTE, AS AULAS DE ASTROLOGIA

Gustav Holst é um compositor inglês (de origem sueca por parte do pai), nascido a 21 de setembro de 1874, às 16:24, em Cheltenham, pequena cidade a noroeste de Londres, numa família que cultivava os ambientes musicais, já que o seu pai era pianista e professor de música. Segundo os seus biógrafos, tinha uma personalidade forte e denotava uma notável originalidade, características bem evidentes no seu Saturno angular ao ascendente Aquário, que recebe também a Lua, igualmente angular mas na Casa 12. Tocou, como primeiro trombone, em algumas orquestras e na Ópera Escocesa, tendo sido, posteriormente, organista da Ópera Real de Londres. Contudo, dedicou-se principalmente ao ensino e à composição. Era um homem tímido que não se sentia bem com a fama nem nos ambientes de convívio social, preferindo compor e ensinar (Sol em Virgem na ponta da Casa 8, reforçado pelo stellium Lua/Asc/Saturno). Não admira que se tenha interessado pela filosofia oriental e composto diversas partituras com textos hindus, que ele próprio traduziu (tendência saturnina) e feito arrojadas experiências no campo da harmonia (tendência aquariana), tenho acabado por estabilizar, segundo os especialistas, num estilo austero (novamente Saturno). Outro dos seus interesses - a Astrologia -, originou a obra que haveria de o imortalizar: “Os Planetas” Op. 32, escrita entre 1914 e 1916. Nesta suite (composição com diversas partes independentes) Holst, baseando-se na mitologia romana e usando “ambientes sonoros”, ritmos, melodias e instrumentação contrastante, descreve a natureza das vibrações planetárias. O resultado, do ponto de vista da minha sensibilidade, é notável. Nela não constam, porém, a descrição do Sol, da Lua e de Plutão. No caso do Sol e da Lua trata-se, evidentemente, de uma opção do compositor; no caso de Plutão, a situação é diferente, pois só foi descoberto em 1930. A suite “Os Planetas”, Op. 32 - um marco da música expressionista - é, assim, constituída por 7 secções, respeitando a seguinte ordem:


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1 ◘ Marte – O Mensageiro da Guerra Nesta secção, usando um evidente tom marcial e ameaçador, o compositor apresenta uma forte variação dinâmica, caracterizada pela repetição da mesma ideia rítmica, refletindo o ímpeto insistente de Marte. Os últimos compassos são especialmente reveladores desta beligerância, através da repetição obstinada de um mesmo acorde: a sugestão das investidas de Carneiro (marrando no mesmo sítio!) é inequívoca. Outra peça que evoca os ambientes guerreiros de Marte é trecho final da suite “Os Pinheiros de Roma”, composta em 1924, na qual o compositor Ottorino Respighi (9 de julho de 1879, 1:45, Bolonha, Itália), descreve os pinheiros em 4 cenários diferentes: 1) Os da vila Borghese; 2) Os das catacumbas; 3) Os de Janiculum; 4) Os da Via Ápia. Neste último trecho, perante um poderoso crescendo que transmite a sensação de aproximação, somos levados a visualizar as temíveis legiões romanas, triunfantes, acercando-se de Roma. O final fortíssimo, épico, glorioso, empolgante, é bem ao gosto do Portador da Espada! Veja no final deste artigo, as ligações para as composições referidas neste trabalho.

2 ◘ Vénus – O Mensageiro da Paz Depois da suada turbulência marciana, esta secção logo nos transmite serenidade e placidez, lirismo e paz. É o reino do amor posto em música de uma forma inspirada, através de um ritmo embalador, belíssimo e tranquilizante. Ampliando um pouco o conceito, é um hino à Mãe Terra (ANURA). Seria arriscado dizer que esta “Vénus” é a secção mais bem conseguida, já que todas são magníficas; mas é, sem dúvida, a mais bela. Não admira, se repararmos, no mapa do compositor, na sua Vénus/Escorpião, culminando no Meio do Céu! Voltando a Respighi, também ele nos traz, nos seus “Pinheiros de Janiculum” um ambiente embalador, bucólico e sereníssimo, homenageando ANURA – a Grande Mãe. O trecho culmina com o canto de um rouxinol, suportado por um pianíssimo da orquestra. Imperdível!


3 ◘ Mercúrio – O Mensageiro Alado A terceira parte desta composição aborda Mercúrio, o regente do terceiro signo, Gémeos. Mercúrio, segundo a mitologia, usava um capacete com asas, e, nos tornozelos, aplicações igualmente com asas do mesmo estilo. Assim, se Mercúrio voava (não se percebe como, dada a natureza dos artefactos, mas a mitologia tem desta coisas), claro que era irrequieto como a aragem que, uma vezes amena, outras refrescante, sopra durante a primavera, tempo de vigência de Gémeos. E a saltitante música de Holst reflete isso mesmo, sugerindo um rodopio leve e brincalhão, por vezes patusco. É quase uma dança de adolescentes cheios de energia.

4 ◘ Júpiter – O Mensageiro da Alegria Este é, talvez, o trecho mais conhecido desta suite, uma vez que tem vindo a ser utilizado em diversas situações (inclusive em publicidade) já que nos transmite uma sensação inequívoca de “coisas do espaço”. Além disto, e fazendo jus ao facto de ser aqui considerado o “Mensageiro da Alegria”, a ambiência é, realmente, optimista, épica, poderosa e empolgante. Não admira, pois estamos a falar de Zeus, o Maior. Se, algum dia, um líder uma civilização extraterrestre conseguir ser recebido no anfiteatro da ONU, decerto o mestre de cerimónias fará questão de sublinhar a ocasião com este trecho musical! 5 ◘ Saturno – O Mensageiro da velhice A seguir a Júpiter vem Saturno; depois da alegria e da extroversão, a moderação e a parcimónia. E a música assim o denota através de um ritmo vagaroso, que remete para as dificuldades dos que se encontram entre o segundo e o terceiro retorno de Saturno. Os primeiros compassos fazem lembrar o tique-taque de um metrónomo, regulado para um ritmo lento1. Esta sugestão é muito oportuna, porque, para os Gregos, este planeta era Cronos, o Senhor do Tempo. Portanto, regente dos rimos e dos ciclos. A composição tem passagens inequivocamente sombrias e pesadas. O final, no entanto, transmite-nos a serenidade típica das pessoas que, por terem vivido bem os desafios do “seu” Saturno, chegam ao fim da vida maduras (serenas) e não velhas (azedas). O Saturno angular no ascendente do mapa natal de Holst, em quadratura a Vénus em Escorpião angular no Meio do Céu, decerto lhe colocou bastante desafios. Se Holst tivesse chegado aos nossos dias (infelizmente faleceu em 1934 com 59 anos), decerto lhe recomendaríamos o Elixir de Saturno nº 2 – “Serenidade” para ajudar a equilibrar a situação!2


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6 ◘ Urano – O Mágico Respeitando a alternância de polaridades, chega o regente do surpreendente e imprevisível Aquário. O compositor, que tinha este signo no ascendente, não sente dificuldade em usar pausas inesperadas e expulsões orquestrais impactantes. De vez em quando surge a representação dos torvelinhos típicos do Elemento Ar, como se súbitos remoinhos viessem cruzar o cenário. O naipe de metais e os timbales fazem vibrar os tímpanos do ouvinte, como se quisessem despertá-lo do marasmo, libertá-lo dos condicionamentos da mesmice rotineira, dos trilhos (hábitos, crenças) já sobejamente percorridos. Estamos, portanto, no reino do “comigo não se brinca”. E isso é afirmado de uma forma musical muito perentória. É, sem dúvida, a representação musical de uma vibração que ultrapassa a nossa condição humana. As sensações desencadeadas pela audição podem ser bastante perturbadoras, por nos apercebermos de que, afinal, não controlamos nada. De facto, a surpresa pode acontecer de um momento para o outro!

7 ◘ Neptuno – O Místico Finalmente, chegamos à energia que rege o último signo do zodíaco. Neste trecho, Holst explora o pianíssimo com enorme habilidade. Parece “uma música de outro mundo”, do espaço profundo onde, às tantas, surge um coro de vozes femininas articulando um único som. Ou seja, o canto não tem palavras, como se o compositor nos quisesse dizer que o insondável e a eternidade são indescritíveis. Grande parte da música desenrola-se numa série modulações, liberta das fronteiras impostas pela necessidade de dar princípio e fim às frases musicais, Os sons fluem, imprecisos, flutuantes, etéricos. Umas das excepções melódicas é uma passagem tocada pelos registo graves do naipe das cordas, que nos transmite uma sensação de profundidade que tanto pode remeter para a escuridão dos confins do sistema solar (Neptuno astronómico), como para a profundeza dos oceanos (Neptuno mitológico). A peça caminha para o final através de um decrescendo místico, até se apagar no silêncio longínquo do caos do Ovo Cósmico. Aqui, Holst decerto foi inspirado pela sua quadratura de Neptuno à Lua na Casa 12.


A suite ”Os Planetas” é, portanto, um trabalho que os professores de astrologia bem podiam usar nas suas aulas, para ilustrarem, de uma forma aquariana, os ensinamentos sobre as energias destes planetas. SUGESTÕES DE AUDIÇÃO Qualquer das composições citadas tem inúmeras versões, disponíveis no YouTube. Sugiro aquelas que me parecem de excelente qualidade. G. HOLST: OS PLANETAS Marte: https://www.youtube.com/watch?v=TQwGTe_MueM Vénus: https://www.youtube.com/watch?v=fc5cimL-wL8 Mercúrio: https://www.youtube.com/watch?v=CilfBWvCSXI Júpiter: https://www.youtube.com/watch?v=L6NopU9K_8M Saturno: https://www.youtube.com/watch?v=R23xW7xpm-Y Urano: https://www.youtube.com/watch?v=lGfwxpuY2jY Neptuno: https://www.youtube.com/watch?v=ZQQGi4gN6gI Suite completa: https://www.youtube.com/watch?v=83J68Y7Z1nk O. RESPIGHI: OS PINHEIROS DE ROMA ◘Os Pinheiros de Janiculum: https://www.youtube.com/ watch?v=L4k45YTpnx4 ◘Os Pinheiros da Via Ápia: https://www.youtube.com/watch?v=OC_ FqirhYaQ ◘Suite completa: https://www.youtube.com/watch?v=d7FIWIVeGqI Já se disse que a suite “Os Planetas” não contempla a descrição musical do Sol, da Lua e de Plutão. Pessoalmente, costumo sugerir: ◘ Para o Sol, “No Paraíso” (G. Foure): https://www.youtube.com/ watch?v=lPca88LPARI ◘ Para a Lua, “Clair de Lune” (C. Debussy); https://www.youtube. com/watch?v=tNoSB1E7tYE ◘ Para Plutão, “Adágio” (S. Barber): https://www.youtube.com/ watch?v=BV37qZki31U


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REFERÊNCIAS ◘ 1 Segundo a Wikipédia: “O metrónomo é um relógio que mede o tempo andamento musical. O metrónomo mecânico consiste num pêndulo oscilante cujas oscilações, reguladas pela distância de um peso na haste do pêndulo, podem ser mais lentas ou mais rápidas, sendo que a cada oscilação corresponde um tempo do compasso. Há também metrónomos eletrónicos, em que cada tempo do compasso é indicado pelo piscar de um LED e por um som eletrónico.” ◘ 2 Se houver oportunidade, no número de Outono apresentaremos um artigo sobre os “Elixires de Saturno”, do Sistema Anura (www. sistemaanura.com).



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Luiza Azancot dedica-se ao estudo e prática da Astrologia a tempo inteiro desde 2001. Tendo vivido nos EUA, foi aí que obteve o título de Consulting Astrologer NCGR IV. Tem uma abordagem psicológica e arquetípica bem patente no seu livro “Diário de uma Astróloga”. É também especialista em Astrocartografia. Por: Luiza Azancot Membro N.º15 www.luizaazancot.com


JOHN LENNON E PAUL MCCARTNEY A ALMA DOS BEATLES Um ex-editor do Rollingstone Magazine compara os Beatles a Picasso como sendo artistas que romperam as limitações da sua época para atingirem algo que é único e original. Da mesma maneira que continuamos a apreciar a pintura de Picasso, quarenta e cinco anos depois de os Beatles terem estado em público pela última vez continuam no top da popularidade. Este artigo tem por objetivo analisar astrologicamente a parceria criativa de John Lennon com Paul McCartney, a essência da popularidade dos Beatles. UM POUCO DE HISTÓRIA O encontro de John Lennon e Paul McCartney deu-se em Julho de 1957, mudou a vida de ambos, foi a génese de uma cumplicidade artística entre eles e a génese do conjunto mais célebre do mundo. John e Paul foram os vocalistas principais e compositores da maioria das suas produções. John Lennon foi abandonado pela Mãe em casa de uma tia, e só mais tarde é que percebeu com grande choque que a senhora chamada Julia que morava ali perto era a sua Mãe. Nunca conviveu com o Pai, foi criado em casa da tia, onde em termos materiais, não lhe faltou nada. Viviam numa casa suburbana, confortável, John ia para a escola bem vestido, tinha uma boa mesada, mas a sua educação incluindo a educação musical foi bastante descurada. Os pais de Paul McCartney eram consideravelmente menos abonados, viviam em bairros piores, em habitações subsidiadas pelo Estado. Em compensação a sua educação musical foi cuidada e quando se conheceram, Paul era capaz de tocar três instrumentos. Depois de se conhecerem Paul comentou abismado que John este tinha recebido £ 100 como presente de anos, quantia inimaginável para Paul.


Ambos nasceram e cresceram em Liverpool e foi no liceu, Quarry Bank School, que se conheceram. John tinha formado com outros colegas um conjunto “The Quarrymen” e tentavam tocar nos bares e nas festas das redondezas. Paul quis juntar-se ao grupo e John, apesar de ser mais velho quase dois anos, o que aos 16 é o enorme diferença, ficou impressionado com os dotes musicais de Paul e aceitou-o. Paul ensinou John a tocar guitarra o que se revelou um processo difícil porque era canhoto e o John não, mas deu-lhe a educação musical que lhe faltava. Em Fevereiro de 1958 George Harrison junta-se ao grupo por insistência da Paul, e com algumas reservas de John, pois George era ainda mais novo do que Paul. Vão tocar numa espelunca em Hamburgo no Verão e continuam a sua atividade na zona de Liverpool, frequentando John agora já a Universidade. O nome “Beatles” surge em 1960. Em 1961 uns miúdos entram numa loja de discos e perguntam ao vendedor se tinham algum disco dos Beatles. O promotor Brian Epstein houve a pergunta e decide ir procurá-los e vai a Liverpool. O encontro com Epstein dá-se em Novembro de 1961, tornase manager dos Beatles em Janeiro de 1962, gravam o primeiro disco de forma profissional em Junho de 1962, mas Epstein não está satisfeito com a qualidade do baterista. O disco não é lançado, procuram um novo baterista e Ringo Starr junta-se aos Beatles em Setembro. Gravam “Love me do” como os 4 Beatles que ficaram famosos, creio que para sempre.

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Em Outubro de 1962 vão tocar à Suécia e quando regressam ao aeroporto de Heathrow, para surpresa deles, foram acolhidos por centenas de fãs aos gritos. Tinha nascido a era da Beatlemania! Seguem-se repetidos sucessos, uma série de concertos nos EUA em 1964 que ficou famosa, e onde se deu o encontro com Bob Dylan que lhes mostrou o poder de cannabis e onde a música de Beatles ficou dylanesca e a de Dylan beatletizada. Os anos de 1965 a 1969 foram os anos mais importantes com álbuns e filmes inesquecíveis. A filmagem da última performance dos Beatles deu-se no telhado da Apple Corp., em Londres a 30 de Janeiro de 1969. A 20 de Agosto estão em estúdio juntos para gravarem Abbey Road e a 20 de Setembro John informa os outros da sua decisão de prosseguir uma carreira a solo mas que não tornará pública a sua decisão imediatamente para não prejudicar o sucesso do disco, mas fá-lo em Abril de 1970. Os Beatles existiram somente durante 10 anos mas afirmaramse como o conjunto mais influente da era rock, e em termos sócio culturais a personificação dos ideais de revolução e inovação desta geração, isto é da geração da conjunção Úrano / Plutão.


Em 1970 os 4 ex-Beatles gravam discos solo com diferentes graus de popularidade, John Lennon é assassinado em 1980, George Harrison morre com um cancro dos pulmões em 2001, Ringo Starr e Paul McCartney tem mantido uma carreiras ligadas à música mas são para sempre conhecidos põe ex- Beatles. JOHN LENNON E PAUL MCCARTNEY EM 1957 Que energias estariam a operar quando se deu este encontro, aparentemente fortuito, no âmbito de um conjunto de jovens do liceu – John com 16 e Paul tinha acabado de fazer 15 – que mudou a música ligeira para sempre? O que é que atraiu estes dois adolescentes?

Sinastria entre John e Paul

Entre estes dois temas estão presentes alguns elementos que demonstram compatibilidade: ◘ Sol trígono ao Sol – por signo ◘ Vénus trígono a Vénus – por signo ◘ Marte sextil a Marte – exato – um diz mata e o outro esfola ◘ Dado os movimentos diretos e retrógrados dos planetas lentos, têm Plutão no mesmo grau e Neptuno a um grau de diferença. ◘ Ambos têm pouquíssima água e predominância de signos yang Mas para dois artistas isto só não chega, vejamos Vénus mais atentamente: ◘ A Vénus de Paul está conjunta ao meio ponto do stellium em Touro de John ◘ A Vénus de John está conjunta à Cabeça do Dragão de Paul


Paul deve-se ter sentido atraído pelo grande carisma de leader do grupo. O tema de Paul apresenta preponderância de mutabilidade enquanto que o de John, com o Sol e Marte Balança, Ascendente em Carneiro e o MC em Capricórnio assume cardinalidade. É fácil ver John como o leader. Além disso tem uma conjunção Neptuno Marte que se revelou mais tarde na sua vida pela capacidade de tomar posições combativas na defesa dos seus ideais, mas aos 16 anos, simplesmente seduzia. Paul foi apanhado na rede de John. E o inverso? Porque é que John se sentiu atraído por um miúdo mais novo, se bem que mais competente musicalmente não era nenhum génio, e cujo meio social era considerado como inferior ao seu (pelo menos pela família de John)? O abandono de John pela sua mãe, encontra-se simbolizado pela oposição da Lua à conjunção Plutão / Quíron em quadratura a Mercúrio. A Lua é de tremenda importância no tema de John pois constitui a pega “do balde” nos padrões comportamentais de Marc Edmund Jones. Uma terrível ferida emocional que o perseguirá toda a vida, pois sem uma Lua funcionante o resto do tema, o resto da sua personalidade tem dificuldade de expressão. Na época em que estes dois se encontraram a Lua de John estava extremamente frágil. Tinha passado e estava a passar por trânsitos difíceis, confusos, destabilizantes: Úrano tinha acabado de fazer a última passagem de uma oposição à Lua e Neptuno estava a ativar por quadratura a oposição Lua a Plutão / Quíron. Neptuno por trânsito na casa 7 estava a pedir um “salvador”. ”. E Paul encarna esse papel ajudando John a tocar decentemente guitarra (até aí John tocava guitarra como quem toca banjo), mostrando-lhe a possibilidade de uma vida mais luminosa e alegre e sobretudo, representado pela Vénus em Touro de Paul conjunta ao meio ponto do stellium dos retrógrados Saturno, Júpiter e Úrano de John, a certeza que este não o abandonará, o que lhe dá uma tremenda segurança emocional. Efectivamente Paul nunca abandonou John, nem durante os seus acessos de raiva em Hamburgo, nem durante os mergulhos nas drogas. Foi John que abandonou a parceria artística com Paul, foi John que abandonou os Beatles numa época em que já tinha começado um relacionamento com Yoko Ono depois de trair a sua primeira mulher Cynthia. O início desta parceira de compositores está marcada pelo trânsito de Júpiter ao Neptuno natal de John e Paul e doze anos depois quando Plutão passa em trânsito pelo mesmo grau, termina. Contudo esta análise fica mais clara com a interpretação da carta composta. A CARTA COMPOSTA DE JOHN E PAUL Sem querer minimizar o papel de George Harrison como guitarrista e o brilhantismo de Ringo Starr como baterista, a alma, a inspiração dos Beatles vem da parceria John e Paul e por isso faz sentido analisar a carta composta só destes dois.

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Existem duas grandes correntes para estabelecer uma carta composta: a clássica que é calculada com os pontos médios de cada planeta num local também entre os dois locais de nascimento e a técnica de Davison, calculada para um ponto no espaço (neste caso irrelevante pois ambos nasceram na mesma cidade) para a data que representa o ponto médio entre as respetivas datas de nascimento. Tenho experimentado utilizar ambas técnicas e consistentemente tenho obtido melhores resultados com a técnica de Davison aqui demonstrada pela história do relacionamento de John e Paul.

John que na sua carta natal tem Vénus e o Sol sem aspetos ptolemaicos (aspetos maiores a outros planetas) na carta composta com Paul tem agora os dois planetas expressão da criatividade e da produção artística bem integrados: o Sol com aspetos a Mercúrio, Marte e Saturno e Vénus com aspetos a Saturno e Neptuno o que se pode resumir como o dar forma à inspiração. John também tem na sua carta natal a nefasta estrela Algol conjunta ao seu Úrano, como muitas pessoas nascidas nesta época da II Guerra Mundial. Na carta composta Algol já não está presente. Todo um artigo poderia ser escrito sobre os efeitos de Algol na vida de John Lennon mas está fora do âmbito deste número dedicado à música. As cartas compostas leem-se como qualquer outra carta só que neste caso estamos a falar da imagem de um relacionamento que começou em Julho de 1957 e acabou em Setembro de 1969. Tem um princípio e um fim. Já sabemos que começou sob os auspícios de Júpiter no Neptuno de ambos, que evidentemente na carta composta está na mesma vizinhança, mas ganhou muito mais importância porque está agora em conjunção à Cabeça do Dragão e a Vénus – os dotes musicais e poéticos desta parceria estão desencadeados.


Em 1960 quando os Quarrymen passam oficialmente a chamar-se “Beatles”, Úrano por trânsito faz uma conjunção ao Sol da carta composta indicando uma total mudança de identidade. Os anos de maior produção artística de 1965 a 1969 estão sob a égide da conjunção Úrano / Plutão, em 65/66 temos que ter em conta a influência adicional de uma oposição de Saturno o que torna a música do Beatles verdadeiramente contra corrente e revolucionária. Os últimos anos desta faixa veem a conjunção Úrano / Plutão a influenciar diretamente os planetas de casa 2 da carta composta: Vénus, Cabeça de Dragão e Neptuno e a dar ao mundo as grandes obras Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, Magical Mystery Tour, Yellow Submarine, Let it be e Abbey Road. Tornam-se também extraordinariamente ricos….

Em Setembro de 1969, Úrano já tinha entrado no signo de Balança acionando o Marte natal de Lennon por conjunção, simbolizando a necessidade de afirmar a sua individualidade, talvez de uma forma irrefletida e precipitada e larga o grupo e a parceria. Plutão está agora a ativar a Cabeça do Dragão e Neptuno da carta composta indicando que a o relacionamento entre John e Paul, assim como a sua produção artística conjunta terminou.

Durante o período em que trabalharam 53 juntos compuseram 180 canções na sua maioria gravadas pelos Beatles. Ambos compunham a letra e a música indiscriminadamente ao contrário da maioria dos compositores que privilegiam ou um ou outro lado da composição. John declarou numa entrevista em 1980 sobre o funcionamento da parceria “Paul trazia leveza, um otimismo, enquanto eu ia sempre para a tristeza, para as discórdias, para as notas dos blues”. PÓS BEATLES John ainda nos deixou um memorável Imagine gravado em 1971 com Úrano por trânsito na Cabeça de Dragão mas o seu trabalho musical nos anos até à sua morte foi de pouca importância apesar das suas posições politicas, a vida conjugal com Yoko e o nascimento do seu filho terem enchido as páginas dos jornais. Paul McCartney, agora com 73 anos, continuou a compor, a atuar ao vivo com sucesso em tem tido uma longuíssima carreira. Ocasionalmente fez parcerias com outros artistas, por exemplo Stevie Wonder que deram clássicos como “Ebony and Ivory”. Apesar de na parceria com John ter assumido que a liderança pertencia a este último, na sua vida soube adaptar-se e viver o destino brilhante de um Sol conjunto ao MC e a Júpiter. Com certeza que a criatividade e o génio artístico de John tiveram uma influência determinante na sua carreira como simbolizado pela Vénus de John estar conjunta à Cabeça do Dragão de Paul. John precisava muito mais de Paul do que este precisava de John, mas Paul, sem o encontro com John não teria sido o Sir Paul McCartney que conhecemos hoje.


CONCLUSÃO Numa carta escrita em Novembro de 1958 a R. Kroon Carl Jung disse “A astrologia é uma ferramenta útil somente quando é usada inteligentemente. Não é de todo à prova de falhas e, quando utilizada por uma mente racionalista e estreita, é mesmo um estorvo”. A utilização das cartas compostas e das técnicas de sinastria na análise de um relacionamento, quer seja amoroso ou de parceria importante, devem ser sempre vistas à luz das indicações dos temas natais dos participantes.


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BIBLIOGRAFIA ◘ http://edition.cnn.com/2009/ SHOWBIZ/Music/09/04/beatles.999/ index.html ◘ http://en.wikipedia.org/wiki/The_ Beatles ◘ http://en.wikipedia.org/wiki/ Lennon%E2%80%93McCartney ◘ The Beatles Anthology, Apple Corps, London, Casell & Co, 2000 ◘ Temas obtidos na Clifford file do programa Solar Fire



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Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo – USP, pós-graduanda em Psicologia Transpessoal e terapeuta integrativa especializada em Craniossacral e cura de trauma (Somatic Experiencing®). Dedica-se ao estudo da Astrologia desde 1986. Iniciou seus trabalhos em parceria com psicólogas, conciliando a abordagem astrológica como excelente auxiliadora de diagnósticos precisos e sensíveis. A partir daí desenvolveu uma linha de trabalho humanista e integrativa. Por: Daniela Rossi Membro N.º137 www.casadosoloripa.com.br


ATÉCNICA DOS GRAUS PLANETARIOS CONTIDOS NA VIDA E OBRA DE AMADEUS

Não há como não se lembrar de Mozart quando o tema a ser pesquisado é a Musica. Claro, numerosos são os artistas que, ao longo da história, contribuíram para o desenvolvimento da indústria fonográfica e trouxeram inovações para sua época dentro deste tema. Mas, genialidade neste terreno é coisa para poucos... E, em se tratando de genialidade e inovação dentro de um terreno conservador e tradicional como a musica Clássica, certamente não haveríamos de esquecer a prodigialidade deste menino! Pensando sobre essa originalidade lembrei-me de uma técnica pouco difundida nos livros astrológicos, e que continua me espantando, pois a cada leitura em que a utilizo, sua precisão e simplicidade sempre se confirmam. Ora, inúmeras são as técnicas preditivas que um astrólogo pode dispor ao decidir discorrer sobre um mapa astral. Na verdade, cada uma delas - Revolução Solar, Revolução Lunar, Trânsitos, Progressões, Firdaria, Profecção, entre outras - têm seu mérito e eficácia e nenhuma deve ser descartada. Além do mais, a comparação entre as mesmas torna uma predição muito mais certeira e acurada.


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No entanto, a técnica a seguir exemplificada continua me surpreendendo, pois sendo o Mapa Natal a semente primordial e base fundamental para todas, sempre poderemos encontrar na própria carta de nascimento, sem muitas complicações ou cálculos complexos, os indícios e as datas dos principais eventos que se desenvolverão ao longo de uma existência. Brincar com os graus planetários dentro de uma carta natal é uma das formas mais impressionantes de se observar a precisão astronômica do simbolismo contido no mapa e com a qual aprecio sobremaneira trabalhar. Sendo assim, nas linhas abaixo decifraremos a vida Mozart c. 1780, detalhe do retrato de Johann Nepomuk della Croce

de Wolfgang Amadeus Mozart a partir dos graus planetários de sua própria carta natal para exemplifica-la. Vale lembrar que a análise abaixo está focada muito mais na comparação de acontecimentos já descritos em varias de suas biografias com as idades contidas no seu mapa natal, do que no desenvolvimento de uma interpretação psicológica da mesma. Portanto, irei me ater principalmente aos fatos. Muito bem, este Aquariano aqui mencionado já cumpriu sua promessa SOLAR desde muito cedo, ao iniciar seus estudos musicais tão precocemente. Dizem que seu pai reconheceu seu talento já aos 4 anos de idade, qualidade típica de um filho de Hermes já que Gêmeos ocupa a cúspide de seu Meio do Céu (imagem pública) e Mercúrio, seu regente, encontra-se na 5, da auto expressão conjunto ao Sol. Mercúrio, a 8 graus de Aquário, significador de habilidades manuais e aprendizado, regente da 10 – casa da imagem pública, carreira e\ou Pai; posicionado na casa 5 – da expressão criativa e dos estudos. Reforçado pela conjunção ao Sol e Saturno, outro significador do Pai; na 5 = reconhecimento, brilho artístico, recebe sua primeira ativação aos 4 anos. Logo abaixo demonstraremos como encontrar este número.


Wolfgang Amadeus Mozart, 27.01.1756, 20h00 Salzburg, Áustria

Em sua biografia vemos que o prodígio compôs sua primeira peça para Cravo aos 5 anos de idade (Sol 7º23’ de Aquário na casa 5 conj. Saturno 01º59’ - regente da 6. Subtraindo uma longitude pela outra descobrimos que o encontro dos dois astros acontece caminhando na longitude zodiacal 5 graus, ou seja, aos 5 anos). Mas, vamos ao seu mapa natal acompanhar grau por grau a escalada de sua vida, retratada impecavelmente dentro deste gráfico planetário. Utilizaremos como base de calculo as progressões simbólicas, na proporção de grau=ano, ou seja, um grau planetário equivale a um ano de vida e assim sucessivamente com todos os demais graus dentro do mapa. Estes graus encontrados serão duplicados para a frente (futuro) ou divididos por 2 (passado) ao se desejar retroceder os anos para a infância, contando os graus para trás quando o grau inicial for superior a 7 ou 8. Da mesma forma, quando desejamos encontrar a data onde um evento se manifestará a partir de um aspecto, ou seja, envolvendo os dois planetas aspectados e suas casas correspondentes, diminuímos o grau de um pelo do outro e obtemos a diferença em graus que se equivalerá aos anos correspondentes. Por exemplo: Sol a 7º23’ de Aquário conjunto a Saturno a 01º59’ de Aquário.


Subtraindo um pelo outro encontramos 7º 23’ – 01º59’ = 05º24’. Ou seja, aos 5 anos e meio Mozart experimentará pela primeira vez sua conjunção Sol\ Saturno na casa 5, justamente a idade em que ele criou e estruturou sua primeira peça para Cravo com apoio do Pai, assim como também foi a idade em que o menino se vê obrigado a dedicar-se a música para suprimir o fracasso do pai e realizar tudo o que o mesmo não alcançou por si próprio. A partir dessa idade, de 5 1\2 anos em 5 1\2 anos ele reproduzirá experiências similares. Conta sua biografia que o pequeno Mozart nasceu dentro de uma família numerosa (Sagitário na cúspide da 4), mas que de 7 irmãos apenas ele e sua irmã mais velha vingaram. Desde criança parece que a morte o acompanha, o que lhe trouxe talvez muito cedo o claro aprendizado sobre a efemeridade e desapego que lhe infligiu o dom e a maldição de temer vincular-se, ao mesmo tempo em que colocava alma e intensidade em tudo o que criava, sendo consumido pela própria dor e emoção a cada obra gestada (Lua\Plutão em Sagitário na 4). Veja que tanto a Lua como Plutão se encontram a 17º de Sagitário na casa 4. Desta forma, aos 17 1\2 anos Mozart experimentará essa conjunção de forma marcante, o que se repetirá aos 35 anos, data de seu falecimento. E já que Lua e Plutão se encontram ambos no mesmo grau, separados apenas 02 minutos de distancia um do outro, o que em termos de tempo corresponderá a 12 dias, podemos concluir que este aspecto irá se repetir constantemente ao longo de sua vida, tornando-se um tema predominante dentro de sua carta natal.

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“Louis Carrogis dito Carmontelle – Retrato de Wolfgang Amadeus Mozart a tocar em Paris com seu pai. “

Perceberemos essa influência e dor visceral que o acompanhará pelas perdas familiares: irmãos, morte de sua mãe, posteriormente seu pai e, finalmente, a sua própria aos 35 anos de idade, o segundo momento de ativação de sua Lua\Plutão (17 1\2 ; 35 ...). Mas, apesar de todas as perdas e extravagancias, sua alegria e entusiasmo contagiavam com a mesma intensidade qualquer ambiente que frequentasse. Sua risada e jeito debochado, muitas vezes quase escatológico jamais passaram despercebidos seja em que corte se apresentasse. Típico de quem tem um Sol em Stellium no excêntrico signo de Aquário e ainda por cima acidentalmente domiciliado, na casa 5. Um perfeito hedonista que nasceu para brilhar e que adorava aparecer: quanto mais excêntrico e autêntico, melhor!


Mas, tendo este sol essencialmente exilado e oposto a Netuno em Leão na 11, passou a vida dividindo os aplausos do público com as injurias e difamações de seu próprio grupo (especialmente o dos músicos da Corte), muitas vezes amado e outras tantas ignorado. Netuno a 09 graus de Leão faz oposição a seu Sol a 7 graus de Aquário. Subtraindo um pelo outro encontramos a diferença de 2 graus para seu encontro (oposição partil). Desta forma, concluímos que de dois em dois anos Mozart sofreria os abalos deste posicionamento, afetando sua reputação, autoestima, vitalidade, energia e, especialmente, sua alegria, pois não deve ter sido fácil para um Sol aquariano passar a vida sem encontrar sua “tribo” ou sem a certeza do quanto seria realmente aceito dentro da Corte e sociedade daquele tempo, dividido entre o amor e o desprezo de seus fãs... Observando o grau de seu Sol Natal a 7º de Aquário na casa 5 (expressão criativa) encontramos estas idades em que o planeta é ativado: 7 ; 14 ; 21 ; 28 ; 35 ... Apesar das insistentes saídas proporcionadas por seu pai para exibi-lo desde os 6 anos quando percebeu a lucratividade do menino (o que me faz questionar os graus do MC, que deveriam estar a 6 de Gêmeos ao invés de 8), foi a partir dos 7, que passou a assumir plenamente seus dons e habilidades ao sair em turnê com seu pai, que aproveitou seu prodigioso talento para apresenta-lo entre as cortes europeias sendo reconhecido por todas as classes sociais (Sol na 5 = reconhecimento de sua criação; em Aquário = indiscriminação e igualdade a 7 graus = 7 anos;). Aos 14, tem sua primeira opera encenada e exibida, sendo aclamado em toda a Itália. Aos 21 muda-se para Paris, em busca de maior admiração. Aos 25 visitando a família Weber, conhece Constanze e aos 26, contrariando seu pai e todas as expectativas familiares, casa-se impulsivamente com ela, talvez por não ser correspondido pela irmã por quem, segundo algumas biografias, estaria apaixonado; ou por acreditar, ilusoriamente, que desta forma permaneceria de alguma maneira perto de seu verdadeiro amor. (Urano a 13 graus de Peixes na casa 7). Utilizando a regra básica, Urano se ativa aos 13 e de 13 em 13 anos, consequentemente sua segunda ativação será aos 26). Observando que seu Kiron encontra-se no grau 13 de capricórnio, na cúspide da quinta casa – dos amores e filhos- torna-se ainda mais provável essa hipótese: Mozart sofreu pela frustração de perder um amor, assim como de perder 4 de seus 6 filhos. Valorizava tudo do bom e do melhor: requinte, luxo, beleza, sofisticação (Libra na casa 2) e com a presença de Júpiter em sua casa dos valores, aspectado por Plutão na 4, gastava toda sua “fortuna” com a mesma facilidade que ganhava. Na verdade, se teve alguém que se beneficiou de seu talento foi o pai, que abusava escancaradamente do prodígio e angariou uma pequena fortuna às custas da genialidade e trabalho fatigante de Mozart. (Júpiter\exagero é regente da 4 e faz um sextil com Plutão\abuso na casa da família).


Vênus, regente da 2, encontra-se a 29 graus de Aquário na casa 6. Dividindo este grau por dois, encontramos as idades retroativas em que o planeta se manifesta: 29 ; 14 1\2 ; 7 1\4 . Comparando estas idades com as demais ativações do mapa, percebemos que o Sol na 5 também esteve ativo aos 7 e aos 14 anos, idades onde Mozart encontraria sua independência financeira se não fosse pelo controle do pai (Sol\Saturno), que enquanto esteve vivo, administrou todos os seus recursos, ou por sua própria extravagancia durante os anos seguintes. No entanto, também foram os anos em que Mozart mais se destacou e teve seu trabalho e arte brilhantemente valorizados e bem remunerados. A mesma extravagancia era percebida em sua rotina e hábitos alimentares. Vênus, no anarético grau 29 de aquário, torna-se predominante no tema, junto com Plutão\Lua em conjunção partil no aventureiro signo de sagitário, o que gerou uma vida desregrada desde cedo (chegou a mudar 9 vezes no mesmo ano) . Muitas e muitas viagens arrancavam-no de seu lar e de sua família, especialmente de sua mãe, permanecendo longe de casa a maior parte do tempo, se apresentando de cidade em cidade, sem tempo de parada ou descanso e alimentando-se mal, o que contribuiu para uma saúde delicada e constantemente debilitada. Soma-se a isso o fato do maléfico Saturno, co-regente da casa 6 da saúde, estar em conjunção com o Sol, regente da casa 12 (das doenças crônicas ou enfermidades que nos colocam acamados e imobilizados), a 5 graus de distância um do outro.

Consequentemente, se ativarão aos 5 anos, 10, 15, 20, e sucessivamente até alcançar seus 35 anos de idade dos quais não se restabeleceu, chegando à falência definitiva dos rins e culminando em sua morte. (Lembrando que Saturno é um dos dispositores de Vênus\rins na 6). Logicamente que apenas um fato isolado não levaria a tanto, mas, neste caso, os dois planetas predominantes do tema e que tomariam conta do início ao fim de sua trajetória são Vênus e Plutão. Vênus, por sua condição anarética; Plutão por sua conjunção partil com a Lua, tornando o aspecto constantemente ativo. Se Vênus fez sua parte, a conjunção Lua\Plutão completará o cenário: Lua é regente da casa 11, da origem da morte (por derivação, a 4 da 8). Em 1773, aos 17 anos e meio, Mozart, insatisfeito com o trabalho em Salzburg, especialmente com a antipatia de seu contratador, o Arcebispo de Salzburg e desejando alcançar maior admiração de seu público decide partir para Viena (Lua\Plutão aos 17 graus e meio, em sagitário na casa 4), na esperança de encontrar um cargo na Corte austríaca. Ao retornar a Salzburg ,3 anos depois, é definitivamente demitido de seu cargo de Konzertmeister pelo então Arcebispo de Salzburg que o escorraça da Corte a ponta pés (conjunção Sol/ Saturno oposto a Netuno ativada aos 20 anos). Diante de tamanho insulto Mozart muda para Paris e arrasta consigo sua mãe. As circunstancias incertas, falta de recursos e mudança brusca de vida abalaram a mãe que caiu doente e veio a falecer no ano seguinte. Evento do qual Mozart jamais iria se recuperar ...

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Mas, felizmente, a sorte (Júpiter e Ceres na casa 2) sempre o acompanha e surge mais uma oportunidade para o gênio: uma nova opera para o eleitorado de Munich. Em 1780 nasce Idomeneo, uma de suas grandes e maravilhosas obras. No entanto, mesmo com todo este lucro, a nova boa onda financeira não será suficiente para manter-lhe a estabilidade, especialmente a emocional pois, de 1786 a 1791 sua fama desaparece e as dívidas aumentam assustadoramente. Mozart está quebrado. Neste momento surge a ilusória salvação revestida de trabalho: em julho de 1791 o Conde Franz von Walsegg lhe encomenda um Réquiem, para ser executada no primeiro aniversário de morte da sua esposa. Comentase, ainda, que Mozart estava convencido da proximidade de sua morte enquanto trabalhava no Réquiem, e que tal composição se tornaria sua própria música fúnebre, posteriormente considerada um “esplendor artístico absoluto”, como afirma o professor Christoph Wolff, da Universidade de Harvard em sua pesquisa sobre a vida e obra deste exclusivo e surpreendente compositor.

“Ultima página da partitura do Requiem K626 “ Wolfgang Amadeus Mozart (17561791) - Österreichische Nationalbibliothek, Vienna, Austria. Scan from http://www. nla.gov.au/worldtreasures/html/theme-music-4-mozart.html. Licensed under Public Domain via Wikimedia Commons -

Oficialmente, Mozart teria trabalhado no Lacrimosa no dia em que morreu, e as figuras das cordas foram descritas como clamor em lágrimas. É perfeitamente possível, e natural, que Mozart tenha resgatado e utilizado melodias que marcaram sua vida naquela circunstância de angústia, sofrimento e doença. Mozart, a respeito de sua criação musical, sempre se viu como um grande compositor de óperas. Suas criações operísticas como Don Giovanni, Flauta Mágica e Idomeneo eram suas obras favoritas.


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Mozart, a respeito de sua criação musical, sempre se viu como um grande compositor de óperas. Suas criações operísticas como Don Giovanni, Flauta Mágica e Idomeneo eram suas obras favoritas. Entre as obras de Mozart estão 41 sinfonias; 27 concertos para piano; cinco concertos para violino; quatro concertos para trompas; um concerto para flauta; um para oboé; um para clarineta; um para fagote; uma sinfonia concertante para violino, viola e orquestra; sinfonia concertante para quatro instrumentos de sopro e orquestra; um concerto para dois pianos; um concerto para três pianos; um concerto para flauta e harpa; concertone para dois violinos; 17 divertimentos, treze serenatas, mais de cem minuetos, gavotas, marchas e outras peças para dança, frequentemente agrupadas em conjuntos de seis. A maior parte das sinfonias escritas por Mozart foi composta como música de entretenimento, um contraponto alegre aos divertimentos e serenatas, talvez por conhecer tão bem sua sensibilidade artística e obsessão pelo que fazia tenha inteligentemente se afastado dos temas tristes e fúnebres, praticamente antevendo seu destino. Dizem que saiu de cena sem finalizar por completo sua encomenda, mas, aos que compreendem a linguagem das estrelas, não poderia ter realizado obra mais grandiosa...



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Nasceu em 1990, em Vila Nova de Gaia. Fruto de um interesse crescente pela área da Astrologia ingressou, em Março de 2013, na Escola FACES Isabel Guimarães, concluindo os 3 níveis do Curso Profissional de Astrologia em 2015, iniciandose assim nova etapa ligada à atividade como consultor e investigador.

Por: Ivo Miguel Silva Membro Estudante N.º70


ÚRANO E NEPTUNO E O SURGIMENTO DO GOA TRANCE


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Úrano e Neptuno encontram-se nos céus a cada 172 anos. São dois planetas lentos, com ciclos prolongados e quando estes se encontram proporcionam importantes mudanças culturais, que ocorrem igualmente na área musical. Depois da conjunção de 1821 (em Capricórnio) coincidindo com o surgimento da corrente do Romantismo, estes dois planetas voltaram a reunir-se no 18º de Capricórnio, em 1993, contribuindo para a emergência de um novo fenómeno musical, o Goa Trance, que é o tema que exponho com este presente artigo.

A REDEFINIÇÃO DO ANTIGO RITUAL TRIBAL Como planetas que provocam mudanças estruturais importantes a nível global, os seus efeitos são sempre sentidos em anos anteriores e posteriores ao momento convergente. Assim, espreitando o inicio da década de 90, a influência mútua de Úrano e Neptuno fez com que o mundo testemunhasse um novo estilo de música electrónica que surgiu para revolucionar as consciências, teletransportando-as com as suas hipnóticas batidas e melodias frenéticas a reinos de transcendência, recriando um estilo de música de vanguarda e simultaneamente embebido numa linguagem espiritual. O estilo chamava-se Goa Trance, por relação com a região indiana de Goa, de onde o movimento é originário, mas também é comummente denominado por Psy Trance ou Trance Psicadélico.

Foi nos finais da década de 80 que o movimento começou a emergir nas praias de Goa, antiga colónia portuguesa e ponto de encontro para o desenvolvimento de uma comunidade que era um misto do ocidente e do oriente. Do mundo ocidental, grupos de pessoas, procurando uma via alternativa à sociedade económica vigente, dirigiram-se a este local. “Este grupo era, claro está, maioritariamente composto por hippies e viajantes nómadas, que não tinha uma grande familiaridade entre si fora da Índia. Eles gravitavam entre si enquanto viajavam e partilhavam interesse e identidades culturais.” (McAteer, 2002)


Ingresso de Úrano em Capricórnio (02/12/1988)

Com eles, no entanto, levaram um espírito de tolerância e abertura, muito no seguimento das importantes mudanças sociais dos anos 60, com que ajudaram a estabelecer uma comunidade baseada nos valores da paz, do amor, da união, respeito e diversidade, para além de terem levado, claro está, os conhecimentos tecnológicos para a produção de um novo tipo de som que surgiu da forma mais natural possível, pelo desejo e prazer da experimentação, pelo vivenciar das festas como um ritual e um encontro de almas que surgiam mais uma vez para festejar a vida. Como se conseguissem escutar e constelar as notas musicais que Úrano e Neptuno entreteciam na conjunção a que se aplicavam e esta se tornasse ainda mais audível pela passagem de Saturno por Capricórnio, planeta que rege a audição, começaram a utilizar e desenvolver aparelhos electrónicos mais sofisticados de modo a corporificar todo esse potencial que sentiam ter à disposição para recriarem uma experiência única aos sentidos.

Goa, em 1995. Quando o movimento já estava fortemente instalado e a cultura enraizada e servia como íman para outras pessoas de todo o mundo.


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As festas desenrolavam-se ao ar livre, nas praias e nas florestas, pois o movimento tinham uma forte conotação naturalista. Havia também um forte sentido de identidade tribal universal e um reforço da independência, no sentido em que esta se colocava num tipo de vida alternativo dentro de uma sociedade diferente daquela que essencialmente os ocidentais estavam habituados. A música era apenas mais um, mas importante elemento, dentro desse “espírito”. O seu carácter revolucionário levou a que a sua influência ultrapassa-se rapidamente o seu berço de origem e se espalhasse pelo mundo, bem como os ideais que representava, impressos no carácter místico das capas dos discos (beneficiando do desenvolvimento da arte digital) bem como da aura transcendental que envolvia as festas e que serviam de cartão de visita e importante tónico imaginativo para todos os “buscadores de experiências”. Já em plena conjunção Úrano/Neptuno, no ano de 1993, o Goa Trance atinge o seu auge e gradualmente se manteve ao longo da década de 90 como um movimento muito forte dentro da música electrónica, vivendo numa espécie de Idade de Ouro, incentivado por um desenvolvimento do movimento New Age e de uma espiritualidade universalista que igualmente despontava na consciência das massas. Na década seguinte o movimento, já distante dos princípios mais puros que o representavam, transmutou-se em novas formas de música electrónica ou começou a esmorecer, entrando novamente ao nível “underground”, retrocedendo às suas bases para se fortalecer no núcleo identitário das comunidades da qual saiu. OS ARQUÉTIPOS PRINCIPAIS Para entendermos melhor o surgimento deste tipo de música é necessário, em primeiro lugar, identificar os arquétipos envolvidos e a relação que estes fazem entre si. Obviamente a conjunção Úrano/Neptuno que se ia formando em Capricórnio desde os finais da década de 80, tem uma relevância absoluta. Tanto Úrano como Neptuno pertencem ao grupo dos planetas transpessoais e “invisíveis”, descrevendo importantes características geracionais e universalistas fortemente arreigadas num principio de transcendência ou de libertação das amarras materiais. O signo de Capricórnio, no entanto, mais o seu regente, Saturno, que também teve um importante contributo nesse período, simbolizam pelo contrário o peso das coisas concretas e os limites e condicionamentos da materialidade da nossa existência. Todos estes arquétipos estão representados no último quadrante do Zodíaco Natural, um quadrante associado a factores de vivência colectiva e de integração ou desintegração do individuo num contexto social e grupal mais amplo, como se este fosse uma extensão da sua individualidade.


No quadro seguinte temos um esquema que sintetiza algumas das características destes arquétipos:

Em termos genéricos, quando falamos deste período identificamos como grandes acontecimentos o crescente uso dos computadores, com a complexificação e difusão da Internet e dos telemóveis em particular e da tecnologia de uma forma geral. Nascia o protótipo da Realidade Virtual. - Isto indica-nos a facilidade em levar e fazer desenvolver a tecnologia para a produção de um novo tipo de música. O mundo cobria-se de redes de comunicação e informação, dissolvendo as barreiras do tempo e do espaço, contribuindo para a vulgarização da palavra “Globalização”. Nesse aumento das trocas, diferentes e distantes regiões do mundo se aproximaram, o Norte do Sul, o Este do Oeste, assimilando-se conhecimentos exteriores que se intercambiavam. - Sendo a região de Goa uma antiga colónia portuguesa torna-se particularmente pertinente que esta se tenha tornando num ponto de origem de um cruzamento dos conhecimentos tecnológicos ocidentais e do “espírito” e profundos conhecimentos espirituais da rica vida interior indiana. Os centros urbanos cresciam enormemente e com eles as grandes corporações e o desenvolvimento das multi-nacionais, mas também aumentou a alienação e solidão dos indivíduos no meio das massas populacionais e do crescimento desorganizado, fazendo crescer uma sensação de desenraizamento, mas também de verticalidade, com os enormes arranha-céus, símbolos do poder económico. - O ponto de partida de viajantes e buscadores espirituais, a necessidade de descobrirem um outro sentido para a vida para além da crescente materialização e solidificação das cidades.


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Emergem novos conceitos como transpessoalidade e holismo que são incorporados a várias áreas, nomeadamente na psicoterapia. Assiste-se a um forte desenvolvimento da espiritualidade, com o surgimento de uma cultura New Age, resultante de muitas fusões e reactualizações de saberes e tradições ancestrais de cunho espiritual. - Denota-se um período mais intenso na vida espiritual global. Há uma tentativa de reunir tudo num Todo, de conceber um novo modelo social e económico para a humanidade baseado em conceitos plurais e mais humanitários. Emparedados nas muralhas saturninas, os transpessoais apelam para a transcendência das limitações, pelo desejo de nos vermos ligados a uma realidade maior da qual possamos fazer parte, por enquadrar a existência terrena dentro de um contexto mais amplo ou universal. É dentro deste contexto que surge o movimento do Goa Trance e o qual procura responder pelo intermédio da música.

A Arte Digital teve um reflexo de relevo no crescimento do Goa Trance. Cores Vivas, num forte intuito psicadélico, aliadas ao desenvolvimento da arte fractal e da impressionabilidade visual das figuras geométricas, tornaram os álbuns de música deste estilo facilmente identificáveis. Quase todos vinculados fortemente a temas espirituais.


Aos festivais de música Trance sempre se fizeram comparações com as cerimónias rituais, tal era o poder embriagador das batidas rítmicas e dos efeitos de muitas das drogas modernas que evocavam e reactualizavam o conceito ancestral de Ritual. Na sacralização de um espaço exterior, na natureza, através de decoração com motivos indianos, de cores vivas, e através de um dia mais especial, como por exemplo uma Lua Cheia (astrologicamente uma fase associada à maré cheia das emoções, ao carácter público, festivo e culminador de um evento), davamse inicio a esses encontros, em que as gentes mais estranhas entre si partilhavam um estado de ser, atravessando a noite e testemunhando o nascer do dia. O DJ, como verdadeiro xamã, presidia ao ritual ao trabalhar os espíritos dançantes durante 10 a 20 horas seguidas, com música que proporcionava a estimulação da mente e a abertura a uma qualidade de transcendência. Nisto “foram incorporados à tradicional música electrónica elementos da sonoridade oriental (...) Informações rítmicas tribais e étnicas foram também incorporadas, resultando assim numa música mais orgânica, mais facilmente assimilável, que estimulava não só estados próximos ao transe místico (associados aos mantras indianos, por exemplo), mas também uma maior harmonia com os ambientes naturais e ao ar livre.” (Artigo Goa Trance, Wikipédia) Segundo as palavra de Goa Gil, visto como um dos pioneiros do movimento, “quando nós dançamos, nós vamos para além do pensamento, para além da mente, para além da nossa própria individualidade para nos tornarmo-nos unos com o êxtase divino da união com o Espírito Cósmico. Isto é a essência da experiência da dança trance”. (McAteer, 2002) Enquadramento da conjunção na sua relação com os posicionamentos de Plutão, Quíron e Júpiter Mas procuremos enquadrar o surgimento do Goa Trance numa visão ainda mais ampla, ao focarmo-nos na função de outras importantes posições planetárias de carácter social e geracional durante este período. A dar pano de fundo temos Plutão em Escorpião, apontando para importantes transformações ao nível da consciência colectiva nomeadamente em áreas como o envolvimento emocional profundo com causas de grande potencial regenerador; o desejo de um grande grupo de pessoas participar de uma cerimónia iniciática conjunta, permitindo-se transmutar pelo poder dessas experiências colectivas. Noutra perspectiva temos o trânsito de Quíron predominando essencialmente sob o signo de Caranguejo. O sentimento da ferida profunda nas dificuldades de ligação com aquilo que se sente como família, comunidade, etnia, pátria, terra natal que faz com que, nas oscilações destes conceitos, se procurem novas referências. A oposição com Úrano em Capricórnio parece implicar esse corte com as origens e a cultura tradicional, impelindo para se iniciar uma viagem errante em direcção a um outro lugar, uma outra comunidade que ofereça, nem que inconscientemente, esta sensação de enraizamento e sentido de pertença que podem nunca ter existido, e que na continua dificuldade de o encontrar, se transformem muitos deles em verdadeiros nómadas. A oposição com Neptuno implica uma tendência de escapismo e a perseguição de sonhos, muitos deles utópicos, no sentido de fugir da realidade.


Faz despertar o desejo subjectivo e pessoal da busca espiritual, mas podendo fazer com que o individuo nunca consiga achar a totalidade dentro de si, continuando a perseguir algo, acreditando que o que precisa, como projecção, está fora de si. Um sentimento de exclusão ou marginalização que o faz colocar-se a si, forçado ou voluntariamente, como alguém separado do seu meio familiar e social. No crescente sentimento de incompreensão surge então a vontade de procurar enraizarse naquilo que entende como a grande família humana, através da união dos diferentes povos, da abertura e tolerância a pessoas provenientes de todos os lugares, com diferentes credos, em que todos são aceites, em que aliás reforça-se a diferença no contexto da totalidade, valorizase os “anormais”, os “desadaptados” socialmente e todo e qualquer ser que tenha encarnado neste mundo com todas as suas especificidades. Precisamente, com Quiron em Leão, a identidade deve ser aceite.

Dentro deste quadro dos movimentos efectuados pelos planetas mais lentos ainda podemos somar a passagem de Júpiter por Gémeos (ainda que precocemente), Caranguejo (onde forma oposições a Úrano e Neptuno) e depois Leão, incentivando a fazer longas viagens e à procura de uma referência filosófica com que pautar a vida. Por um lado reforça o desenvolvimento de uma crença que vem de dentro dos próprios indivíduos. Uma filosofia de vida que encontra eco no âmago dos seus seres. A idealização de uma base familiar, a generosidade e abertura da capacidade de dar e sentir e a perseguição de um ideal colectivo mas que também reforce a identidade.

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As oposições que este planeta forma vem reforçar a incompatibilidade com as regras sociais e a procura por um estilo de vida assente num modelo alternativo. Propiciam-se diferentes crenças e desenvolve-se um alto grau de tolerância em que aumenta as filosofias mais revolucionarias e ainda assim bastante utópicas, fortemente baseadas no misticismo e no contacto com as correntes místicas orientais, reforçadas pelo “exoticismo” que a imagem do guru/mestre espiritual indiano se impregna na mente do ocidental. Nessa alta idealização por uma sociedade de sonho, o discernimento não é forte, nessa Busca por uma Verdade Distante, que Júpiter também contribuiu como gatilho, para se encontrarem a eles mesmos. Goa Gil Como um dos fundadores do Goa Trance, Goa Gil procurou redefinir o Antigo Ritual Tribal para o Século XXI. Nascido em São Francisco, a 11 de Outubro de 1951, ele viveu de perto os transformadores e iconoclastas anos 60. Levando essa experiência consigo quando se dirigiu para a Índia em 1969, tendo-se tornado um Sadhu, um devoto hindu, usualmente designado como místico e praticante de Ioga. Uma das suas missões era redefinir esse conceito de ritual tribal para moldes modernos. Desconhecendo-se a hora de nascimento podemos, no entanto, identificar a conjunção Sol/Neptuno, muito encontrada em músicos, artistas, e pessoas devotadas à vida espiritual. Encontramos uma Lua que pode, previsivelmente, encontrar-se no signo de Peixes, portanto, um reforço do lado inspiracional e contemplativo e uma ligação muito profunda com as correntes emocionais coletivas. Outro ponto de destaque é a quadratura em T, com Úrano em Caranguejo como ponto focal, recebendo quadraturas de Júpiter em Carneiro e Saturno em Balança que se opõem entre si. Um modelo que me parece comprovar a mudança e constante renovação da base, do sentido de lar ou comunidade, pela pressão ou pela procura de um sistema social e de crenças que se ajustassem com as suas necessidade interiores de segurança. Apesar da tendência amenizadora do signo Balança, Úrano desempenha um papel importante forjando uma personalidade mais rebelde pelas tensões sociais que recebe e que condiciona sua segurança interna.


O facto de já no próprio mapa natal se encontrar uma ligação Úrano/ Neptuno em aspecto de quadratura contribuiu para que o seu papel fosse marcante nos eventos despoletados na conjunção que se deu em 1993, em Capricórnio. Nessa altura a conjunção estava ligada aos dois planetas natais, pela quadratura a Neptuno e pela oposição a Úrano.

Na concepção de Goa Gil, o DJ representa o papel do antigo xamã, aquele que dá ritmo e efeito para que se promova a dança cerimonial. No decurso da dança existe sempre uma força de contracção que vai incentivando o individuo à prazerosa auto-rendição que se dá pela transcendência. Acerca do seu papel, Goa Gil afirma que demora um certo tempo para que as pessoas ultrapassem as pequenas trips (viagens) dos seus egos e se coloquem juntas numa única vibração para que possam abrir-se e sentir o Espírito. Goa Gil vê o processo como se o individuo tivesse de exorcizar muitos demónios pelo caminho até que se dê essa união, esse movimento pela pauta de uma única vibração.

. É preciso tempo para entrarem 77 dentro de si e o acto da rendição é um conceito difícil para muitas mentes ocidentais. Assim, o festival, adquire as características do antigo rito de passagem na medida em que a noite de dança surge como um período de luta para que aconteça a entrega do eu, a união com o espírito cósmico. Neste contexto a escolha das músicas é feita no momento, conforme a disposição dos participantes, as circunstâncias do momento, a forma como as pessoas vão corporalmente respondendo à música que se entrelaça numa estrutura cadenciada, num ritmo em crescendum, ao longo da noite, em que as colunas disparam 140 a 150 batidas por minuto ou mais, suportadas pelas melodias frenéticas e efeitos poderosos, impulsionando o dançante a galgar a montanha da consciência enquanto o DJ, qual xamã, sincroniza e manipula a mente coletiva dos participantes a passar por essa experiência de ascensão. Neptuno e Shiva - uma análise mitológica comparativa A qualidade da Ascensão está presente nos dois arquétipos da conjunção, mas neste aspecto do carácter transcendente dado pela dança e pela música, importa-me referir as qualidades arquetípicas/mitológicas de Neptuno em associação com o seu homónimo indiano Shiva, com o qual partilha atributos que merecem ser considerados.


Shiva Nataraja

Shiva, no seu aspecto Nataraja, é uma divindade indiana muito recorrida no simbolismo do Goa Trance. Neste seu aspecto, Shiva é o dançarino cósmico que executa a sua dança divina num processo de criação e destruição constantes. Ele é a imagem dessa dança rítmica que é a fonte de todo o movimento dentro do universo, representado pela moldura eliptica que circunda a divindade. Representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo do tambor (marcador do ritmo cósmico e do fluxo do tempo) e da dança. As chamas circundantes representam o universo manifesto e o propósito da dança, pela qual o universo é criado, mantido e dissolvido, é a libertação das almas de todos os homens dos laços da ilusão. É a vitória sobre a ignorância. Reparemos que a dança, a música e o continuum dos processos de ilusão e desilusão e de um esforço por libertação versus fusão por algo e de algo maior que o próprio individuo, e que não é, muitas das vezes, compreensível ao próprio, são funções do Neptuno astrológico. Neptuno mitológico também era conhecido pelo seu temperamento agressivo e Shiva, como referido, também é visto como um deus destruidor, tudo isso encontra particularmente relevância se considerarmos igualmente os estados de êxtase ou loucura a que se chega por intermédio da dança e da música, poderosos momentos que incorporam um enorme carga instintiva.


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Outro factor interessante é notar que Shiva, à semelhança de Neptuno, possui um tridente, o trishula. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos. Suas três pontas representam as três qualidades dos fenómenos: tamas (a inércia ou a existência), rajas (o movimento ou o firmamento) e sattva (o equilíbrio ou as trevas). Simbolicamente, nas duas divindades, o Tridente relaciona-se com o tempo: ◘ Passado, Presente, Futuro. ◘ Vir a Ser; Ser; Deixar de Ser. ◘ Nascimento; Vida; Morte. Porém, também pode ser interpretado como sendo o semicírculo da alma, penetrado pela cruz da matéria, resultando os três dentes que representariam então: ◘ O corpo físico e os cinco sentidos; ◘ O corpo astral ou emocional e os seus desejos ◘ O corpo mental inferior e seus pensamento egocêntricos. Em todo o caso, o semicírculo, ao ser perfurado pelo bastão de vida, pede que a personalidade fique liberta de motivações egocêntricas e possa funcionar em cooperação com o Espírito. Já o Tridente do Diabo parece, por outro lado, revelar as piores características do simbolismo Neptuniano, no sentido em que este serve para castigar a alma dos pecadores, aqui poderão entrar outras características neptunianas de forte relação cristã com o qual, aliás, as funções do planeta têm um vinculo estreito. E a batida continua... A semente da conjunção Úrano/Neptuno deu, certamente, os seus frutos. Temos, por exemplo, em Portugal, o Boom Festival, que se materializou em 1997 numa 1ª edição e a que se seguiram outras, bianualmente, em Idanhaa-Nova. Conforme se apresentam no seu site o “Boom existe para refletir e intervir sobre as mudanças que ocorrem no universo, através da criação de uma realidade alternativa que alimente o Ser e a Grande Transição. Fomentar o contacto entre humanos na natureza, experienciando o neotribalismo, ouvindo alguma da melhor música contemporânea, participando em conferencias de activistas alternativos (...) pensar fora do standard para descobrir novas formas de nos expressarmos e descobrirmos a nós próprios, unindo as culturas alternativa e psicadélica, sob a égide de um despertar global.”


Evento multifacetado, congregando diversas correntes artísticas, as metodologias de uma ciência alternativa e visionária, a conjugação das culturas ancestrais com o apelo da inteligência emocional; este foi considerado o melhor festival da Europa na área do ambiente e o único em Portugal com prémios internacionais nessa área. Trata-se pois que muito mais do que um festival de música, mas sim de uma multiplicidade de temas originados e constelados aquando da conjunção Úrano/ Neptuno e que se focam naquilo que era a mensagem principal: a criação de uma Sociedade (Capricórnio) Ideal (Úrano/Neptuno).


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FONTES ◘ Documentos: Curso de Astrologia Nível 1 - Gabinete Isastros por FacesIsabelGuimarães; “Redefining the Ancient Tribal Ritual for the 21th Century”: Goa Gil and the Trance Dance Experience, a Thesis of Michael Belden McAteer; 2002 SITES CONSULTADOS ◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Goa_ trance ◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Goa_Gil ◘ http://en.wikipedia.org/wiki/ Nataraja ◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Shiva ◘ http://www.goagil.com/ ◘ http://www.boomfestival.org ◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Boom_ Festival ◘ http://rateyourmusic.com/artist/ goa_gil



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Isabel Guimarães, começou estudar astrologia em 2003, tira a sua primeira formação nesta área na U.P.N (Universidade Profissional do Norte) na cidade do Porto. Pela Astroletiva tira várias especialidades em Astrologia; Formadora Homologada pelo IEFP e formação em; Reiki- nivel mestrado; PNL – Programação Neurolinguística; Hipnoterapia Clínica; Psicologia Multifocal: Medicina Psicossomática; Presidente e Fundadora da 1ª Associação Portuguesa de Astrologia em Portugal, autora de 2 livros de astrologia, sendo o último direcionado a crianças. Fundadora e diretora das Faces Isabel Guimarães (entidade certificada pela DGERT).

Por: Isabel Guimarães Membro N.º1 www.facesisabelguimaraes.com


ao

PERGUNTE

ASTRÓLOGO


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A Astrologia Infantil é uma das várias especialidades dentro do vasto campo de conhecimento que a Astrologia engloba. De forma mais concreta, a Astrologia Infantil estuda especificamente o mapa astrológico das crianças no contexto do seu desenvolvimento individual. Como consultora astrológica um dos meus grandes objectivos dentro desta área é ajudar os pais a compreender mais profundamente os seus filhos. A riqueza deste estudo é por demais evidente quando se compreende através da análise do mapa natal de uma criança que se pode aceder a informações preciosas acerca dos potenciais e fraquezas naturais, permitindo uma acção educacional direccionada a estimular os seus talentos e para o estabelecimento de estratégias que ajudem a criança a ultrapassar os desafios decorrentes do seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que permite que os pais possam acompanhá-los, ao conhecerem formas de melhorar a qualidade da relação com os seus filhos. Neste caso de consulta, a mãe que me procurou estava preocupada com a sua filha mais velha que fará cinco anos este ano e que apresenta problemas com a fala. Denotando a dificuldade, a mãe, há cerca de dois anos, começou a levar a filha com regularidade a terapias com uma terapeuta da fala. Como astróloga sei da grande variedade de informações disponíveis no mapa, pelo que a necessidade de foco e síntese se tornam atributos importantes para se chegar a uma resposta satisfatória face à questão colocada. Dentro deste contexto, era igualmente importante obter um enquadramento familiar que me ajudasse a indicar um processo de orientação a trabalhar, fazendo com que a resposta fosse prática e executável. Assim, soube que a cliente e o marido vieram trabalhar para Portugal há 5 anos, sendo naturais da Venezuela. Para além desta filha, têm um outro filho, ambos nascidos em Portugal, este último com 2 anos. Foqueime assim na menina de 5 anos, que por questões éticas não mencionarei nomes. Para além da posição dos planetas nos elementos e signos, seus aspectos planetários, foquei-me na idade e nos planetas pessoais, principalmente Mercúrio porque me vai direccionar para a comunicação (fala) e aprendizagem da criança e a forma como esta interage com seu ambiente próximo, contando com os posicionamentos dos signos que rege, Virgem e Gémeos, assim como a Lua, grande significadora da Mãe, mas também dos padrões de pensamento, o nível de instinto da criança, a demonstração das suas emoções, bem como o que ela necessita para obter bem-estar de forma inconsciente. E nunca excluindo o Sol, pois vemos nele o perfil psicológico como individualidade ou, até mesmo, o ego da criança, na capacidade de esta ter uma identidade estruturada que permita emanar confiantemente a natureza do seu ser, mas também o verdadeiro poder e a primeira relação, para além do Pai.


Assim temos uma menina de Sol em Caranguejo na casa IV. A Mãe confirma que é sensível, carinhosa e meiga. Regida pela Lua, torna-se extremamente permeável ao ambiente que a rodeia, absorvendo com muita facilidade sentimentos e emoções alheias, interiorizando, levando para o seu mundo interno o que a pode ajudar ou não a construir um sentido básico de segurança. Estando a Lua (regente de Caranguejo) em Balança, na casa VI, direcciona a uma nutrição emocional diária com uma ligação muito carinhosa e forte com a mãe, achando a mãe a mais linda do mundo! À medida que ia explicando à mãe, ela interrompia-me (natural e deve acontecer), dizendo: “Ela está sempre a dizer-me que sou linda, e que gosta muito de mim...”, o que é uma indicação característica deste aspecto. O posicionamento do Sol indica que a criança necessita de estar muito ligada à família, sendo que o ambiente, conforme indico em cima, precisa de ser harmonioso, algo que nos últimos dois anos não tem acontecido. Os pais são emigrantes oriundos da Venezuela, como refiro em cima, e tentaram a sua sorte em Portugal na área da restauração, começando a ter sérios problemas nesta área levando naturalmente para casa a instabilidade sentida e, portanto, fazendo oscilar o mundo da criança, pois sendo a lua um receptáculo para as emoções em redor, esta reage na presença das preocupações diárias verificadas pela casa VI, sentindo internamente as dificuldades.


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Para poder estimular os aspectos fortes no tema, direccionei-me então para a conjunção Saturno/ Lua na casa VI. Quando falamos da Lua em astrologia, falamos também da nutrição da criança, e como se encontra em Balança na casa VI, a beleza, o amor, a calma e o detalhe nas suas tarefas do dia-a-dia são importantes, assim como a responsabilidade que são referências para a base da minha sugestão. Ao continuar na conversa, escutando a história relatada pela mãe, verifico que o Mercúrio encontra-se em Leão na casa V, começando por entender que faz parte da sua forma de comunicar uma certeza, a teimosia. Como Mercúrio não tem aspectos ptolomaicos pouco podia dizer, mas questionei a mãe em que língua fala com a filha. Esta me respondeu que em espanhol e em português, o que pode com esta acção baralhar um pouco a criança nesta fase, sendo que a capacidade de comunicação está em relação directa com a auto-confiança e segurança interior da criança. A mãe foi-me dizendo que não vê grandes desenvolvimentos com a filha com as terapias, assim a minha sugestão passou por indicar à mãe escolher um gatinho com a menina, para que ela se sinta que faz parte do processo, e com isso sentir-se responsável por algo, criando autonomia e doando do amor que tanto tem para dar. A conjunção Lua/ Saturno estimula ao desejo de cuidar e fazer amadurecer dotando dessa autonomia, ao mesmo tempo que ajuda a dar solidez à expressão emocional que poderia se tornar demasiadamente dependente de aprovação materna/familiar. Indiquei, noutra perspectiva, ter actividades ao ar livre, principalmente com a natureza, podendo até começar em casa a construir seu vasinho com a terra elemento de Virgem e colocar a sementinha, raízes sólidas, (Saturno em Virgem, casa VI) assim no dia-a-dia pode ir cuidado do seu crescimento. Como Vénus se encontra neste posicionamento ainda orientei a mãe a poder levar sua criança para actividades em grupo ao ar livre.


Em V.N Gaia, onde reside a família, existem várias quintas com actividades para crianças e assim a manifestação do amor que ela possuí começa a ser colmatado, tornando-a mais auto-suficiente, motivando igualmente a manter a criança na terapeuta, com perspectivas de evolução mais favorável. Outra questão se direcciona para o Pai, arquétipo bem presente neste mapa com ligação forte à criança, como este se encontra ausente do país há 2 semanas, por questões profissionais, verifiquei os respectivos trânsitos astrológicos, verificando o Sol em conjunção a Urano na sua casa XII, indicando uma tendência à carência emocional da menina. Aqui reforcei o contacto com o Pai via skype, que fosse feito regularmente para assim poder minimizar a sua ausência. Com um direccionamento para a criação de autonomia e responsabilidade de forma divertida e criativa, quem sabe podemos ter uma criança que em breve a sua fala se manifesta de forma solta e fluida, com aspectos mercurianos a influenciar a sua casa I e incentivando o seu Mercúrio em Leão na casa V a expressar uma forma de comunicar calorosa, alegre e criativa que possuí como qualidades latentes a serem potenciadas. A mãe sentiu-se mais segura e com soluções práticas e simples para poder aplicar no desenvolvimento da sua educação para com a sua filha, e deixamos para outra sessão a leitura do mapa astrológico do outro filho.


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Na apresentação das Previsões Infalíveis para o primeiro trimestre deste ano, eu confessei que estudava astrologia há dois meses. Como já passaram mais 3 meses, agora estudo astrologia há 5 meses. Mas há coisas imutáveis: o meu Mercúrio continua em Vénus e os meus guias de Sírios mantêm-se firmes no seu posto. Seja o que Deus quiser. Um beijinho no coração e boa leitura. Por: Raphaela Balday Membro Ex-officio


PREVISÕES INFALÍVEIS

(CRÓNICA DE COMÉDIA)

Caranguejo | 21 de junho a 23 de julho Fazer previsões para Caranguejo é sempre muito complicado porque a Lua não para quieta. Estamos a olhar para as tabelas e ela está aqui e, no dia seguinte, já está sabe-se lá onde. Até os meus guias se veem aflitos, porque, desde Sírios, a Lua quase não se vê. Seja como for, ela há de estar em algum lado. Só espero que passe por Caranguejo durante este período, porque aí toda a gente vai sentir ganas de ter filhos. Se isso acontecer, será muito bom porque estamos a precisar. O que eu não sei é se vai haver testosterona que chegue, porque, segundo a minha amiga Ricardina, que tem grande experiência nessa área, há imensos homens que... Bom, vocês, minhas queridas, infelizmente sabem a que me refiro. Em termos de previsões propiamente ditas, dou-vos um conselho: tratem bem dos vossos filhos e filhas. Principalmente se nos mapas deles e delas Saturno, o Malvado estiver a olhar de viés para a Lua. Diz-me aqui o meu guia Maróska que isso quer dizer que vocês são umas energúmenas e umas megeras. Talvez até discípulas de Hécate. Portanto, meus amores, evitem futuras hecatombes cuidando da descendência. Não percebo o que ele acabou de me canalizar (é sempre muito difícil porque o silvo é agudíssimo), mas faço questão de ser um canal fiel, que, como todos os canais decentes, não questionam o que lhes é transmitido. Afinal, eu estou ao serviço!


Leão | 24 de julho a 24 de agosto De uma coisa podem as minhas amigas estar certas: a partir de 24 de Julho o Sol vai estar em Leão. E sabem por quanto tempo? Por 30 dias! Não sabiam? Pois é. E não falha. Logo nesse dia, ainda por cima, o Sol vai estar em cima de Mercúrio, esturricando-o. Portanto, cuidado. As asas do dito vão ficar ainda mais quentes do que é costume, de forma que o bocadinho dele que vive nas vossas cabeças vai precisar de atenção. É um excelente momento porque as minhas queridas vão sentir-se fascinadas pela ideia de que ninguém é mais esperto que vocês. É certo que a Bruxa Má, cheia de inveja da Branca de Neve, perguntou isso ao espelho e saiu-se mal. Mas aqui não há espelho! Portanto, acreditem que não há ninguém mais esperto. Mas, atenção, não digam a ninguém. Nem escrevam. Principalmente no Facebook. Se cederem a essa tentação, logo surgirá alguém a contrariá-las, postando o vídeo do um macaco a descascar amendoins só com uma mão, porque sabe que vocês precisam das duas. Não queiram passar por esse vexame. Leão necessita de ser reconhecido, não de ser achincalhado. Mas não se preocupem. Três ou quatro dias depois o Sol afastase de Mercúrio, e todas podem continuar a ser como sempre foram. Não sei como vocês são, só sei que são. E o que interessa é SER. Olhem, até me arrepio quando assino EU SOU Raphaela. É tão bonito...

Virgem | 24 de agosto a 23 de setembro Ah! minhas amigas, a coisa está preta! Ou melhor, cinzenta, o que às vezes ainda é pior, porque a gente não sabe se é assim ou assado. Digo isto porque o meu guia Madrióska (um desdobramento, na 5D, do Maróska que está na 6D) acaba de projetar, na minha tela mental, o mapa da entrada do Sol em Virgem. E que vejo eu? Vejo o Sol a ser atazanado por Saturno, o Diabrete Acinzentado. Não está certo! Entra a pobre estrela na área dos amantes da arrumação e da assepsia e é logo afligido por Aquele Para Quem Nunca Nada Está Bem. Portanto, minhas amigas, verifiquem se têm limpa-vidros, tira-gorduras, lixívia e descalcificador em quantidade suficiente. Mas, atenção! Do outro lado da Roda, Neptuno, o Húmido, também está a apontar para o Sol. Dada a minha dificuldade em entender a situação, Madrióska garante que vocês, de esfregona na mão e espanador debaixo do braço, vão ficar com olhar perdido, meio zonzas, a imaginar como seria se um batalhão de duendes aspirasse e desinfetasse a casa. De tão despassaradas até se esquecerão da telenovela! A situação, portanto, é grave. Para finalizar, uma palavra para as minhas amigas grávidas: se tiverem o parto marcado para estes dias, não queiram! Fujam! Desertem! Se a criancinha nascer antes de entrar Setembro, vocês vão ficar profundamente arrependidas por terem feito o que fizeram naquela noite, há nove meses atrás! Bem, adeus, flores do meu coração. Maróska e Madrióska, bem longe deste vale de lágrimas, enviam solidariedade para todas vocês: grávidas, virgens, etc., mesmo que estejam despenteadas. Voltarei em Setembro, para orientar as minhas leitoras de Balança, deitar a língua de fora às de Escorpião e sugerir rebaldarias às de Sagitário.

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Nascida a 26 de Junho de 1982, licenciada em Educação de Infância. De Setembro de 2011 a Setembro de 2014 realizou com mérito o curso de Formação em Astrologia nas Faces de Isabel Guimarães. A convite de Isabel Guimarães, acabou por integrar o projeto embrionário da ASPAS estando presente na sua fundação em 2012, fazendo atualmente parte dos orgãos sociais da Associação Portuguesa de Astrologia como Secretária da Direção. Por: Inês Miranda Membro N.º6


EFEMÉRIDES JULHO Dia 1 às 00:00 Hora Legal

08° 50’ Caranguejo

08° 59’ Caranguejo

24° 11’ Sagitário

26° 27’ Sagitário

17° 44’ Gémeos

17° 57’ Gémeos

21° 22’ Leão

21° 29’ Leão

04° 17’ Caranguejo

04° 24’ Caranguejo

21° 33’ Leão

21° 35’ Leão

29° 05’ Escorpião Rx

29° 04’ Escorpião Rx

20° 14’ Carneiro

20° 14’ Carneiro

08° 43’ Peixes Rx

08° 43’ Peixes Rx

14° 24’ Capricórnio Rx

14° 24’ Capricórnio Rx


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Principais Aspetos – Julho, Agosto e Setembro Tendências Facilitadoras

01/07 ◘ Vénus Conjunção Júpiter – Bom momento para partilhar aventuras com amigos. ◘ Sol Trígono Neptuno – A expressão criativa encontra-se favorecida. 02/07 ◘ Mercúrio Sextil Úrano – Aproveite este trânsito para sair da rotina e “dar asas” à sua originalidade. 04/07 ◘ Mercúrio Sextil Júpiter – Dia favorável para expandir os seus conhecimentos. 05/07 ◘ Mercúrio Sextil Vénus – A comunicação e troca de ideias com os outros encontram-se facilitadas. 08/07 ◘ Marte Trígono Neptuno – Esteja atento a palpites intuitivos repentinos! 13/07 ◘ Mercúrio Trígono Neptuno – A sua comunicação poderá estar mais subtil e as suas decisões alicerçadas mais na intuição do que na lógica. 16/07 ◘ Mercúrio Conjunção Marte – As suas respostas poderão estar rápidas e impulsivas. 21/07 ◘ Sol Trígono Saturno – Responsabilidade, estabilidade e bom senso poderão definir a sua forma de estar e agir. 22/07 ◘ Mercúrio Trígono Saturno – Dia favorável para resolver questões com clareza e objetividade. 23/07 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – Tendência a pensar e agir de imediato. 02/08 ◘ Mercúrio Trígono Úrano – Poderá ter insights e ideias originais e criativas. 04/08 ◘ Vénus Conjunção Júpiter – O começo de um novo relacionamento encontra-se favorecido. 06/08 ◘ Marte Trígono Saturno – Agir com sensatez e maturidade estará na ordem do dia. ◘ Mercúrio Conjunção Vénus – Bom humor e sociabilidade caracterizam este período. 07/08 ◘ Mercúrio Conjunção Júpiter – Poder sentir uma grande vontade de verbalizar os seus desejos e esperanças. 13/08 ◘ Sol Trígono Úrano – Altura propícia a abordagens originais e irreverentes.


15/08 ◘ Sol Conjunção Vénus – A sua natureza amorosa encontra-se exaltada. ◘ Mercúrio Trígono Plutão – Poderão ocorrer conversar reveladoras e transformadoras. 19/08 ◘ Vénus Trígono Úrano – Poderá receber uma visita surpresa. 26/08 ◘ Mercúrio Sextil Saturno – Aproveite este trânsito para se organizar e planear. ◘ Sol Conjunção Júpiter – Dia de grande vitalidade e otimismo. 01/09 ◘ Vénus Conjunção Marte – Momento favorável para a atividades de cooperação com o sexo oposto. 06/09 ◘ Sol Trígono Plutão – Altura propícia para aprofundar e descobrir informação escondida. Poderá reaver objetos perdidos. 08/09 ◘ Marte Trígono Úrano – Por se sentir mais audaz e corajoso poderá sentir-se capaz de arriscar em algo diferente do habitual. 23/09 ◘ Vénus Trígono Úrano – Período favorável para iniciar envolvimentos românticos e inesperados. ◘ Sol Sextil Saturno – A sua expressão poderá estar mais prudente e séria. 30/09 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – A resolução de problemas e o processo comunicativo encontram-se facilitados.


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Tendências desafiadoras 06/07 ◘ Sol Oposição Plutão – Questões de poder e competição poderão estar na ordem do dia. 13/07 ◘ Sol Quadratura Úrano – Situações inesperadas poderão perturbar o seu planeamento diário. Permita-se a flexibilizar! 14/07 ◘ Vénus Quadratura Saturno – Poderá sentir alguma frieza e falta de envolvimento nos seus relacionamentos. 15/07 ◘ Marte Oposição Plutão – Alguns sentimentos de descontrolo poderão surgir. Tente adaptar-se às circunstâncias e descobrir novos recursos internos. 16/07 ◘ Mercúrio Oposição Plutão – Esteja atento às sua palavras escritas ou faladas pois tenderão a provocar reações violentas. 19/07 ◘ Mercúrio Quadratura Úrano – Dia marcado por alguma irritabilidade e inquietude. 25/07 ◘ Marte Quadratura Úrano – Cuidado com atitudes de rebeldia que desencadeadas por sentimentos de restrição e limitação da sua liberdade pessoal. 03/08 ◘ Júpiter Quadratura Saturno – A sua vontade de expansão poderá ser bloqueada por responsabilidades e obrigações. 05/08 ◘ Vénus Quadratura Saturno – Poderá sentir alguma desilusão amorosa. 06/08 ◘ Mercúrio Quadratura Saturno – É possível que sinta bloqueios na sua comunicação. 13/08 ◘ Mercúrio Oposição Neptuno – Tendência à distração e à dispersão de pensamentos. 01/09 ◘ Sol Oposição Neptuno – Situações pouco claras e enganadoras poderão ocorrer. Evite tomar decisões importantes! 09/09 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão – Poderá sentir desconfianças infundadas pois tenderá a interpretar incorretamente o que lhe é transmitido. 24/09 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão. 26/09 ◘ Marte Quadratura Saturno – Obstáculos poderão impedir a prossecução dos seus objetivos.


Movimentos Retrógrados e Diretos Hora Legal Data

Movimento

25/07 26/07 02/08 06/09 17/09 25/09

Estação Retrógrada de Vénus 00°46’ Virgem Estação Retrógrada de Úrano 20°30’ Carneiro Estação Direta de Saturno 28°16’ Escorpião Estação Direta de Vénus 14°23’ Leão Estação Retrógrada de Mercúrio 15°55’ Balança Estação Direta de Plutão 12°58’ Capricórnio

10:28 11:37 06:52 09:29 19:09 07:57

06:28 07:37 02:52 06:29 15:09 03:57

Ingressos Hora Legal Data

Ingresso

08/07 18/07 23/07 23/07 31/07 07/08 09/08 11/08 23/08 27/08 18/09 23/09 24/09

Mercúrio em Caranguejo Vénus em Virgem Sol em Leão Mercúrio em Leão Vénus em Leão Mercúrio em Virgem Marte em Leão Júpiter em Virgem Sol em Virgem Mercúrio em Balança Saturno em Sagitário Sol em Balança Marte em Virgem

15:51 19:38 00:30 09:14 12:27 16:14 20:32 08:11 07:37 12:44 23:49 (17/09) 09:20 23:17 (23/09)

19:51 23:38 04:30 13:14 16:27 20:14 00:32 12:11 11:37 16:44 03:49 05:20 03:17


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Luas Hora Legal Data

Face da Lua

02/07 Lua Cheia 09º55’ Capricórnio 16/07 Lua Nova 23º14’ Caranguejo Lua Cheia 07º55’ Aquário 31/07 Lua Nova 21º30´ Leão 14/08 Lua Cheia 06º06’ Peixes 29/08 13/09 Lua Nova 20º10´Virgem | Eclipse Solar Parcial 28/09 Lua Cheia 04º40’ Carneiro | Eclipse Lunar Total

23:19 (01/07) 22:24 (15/07) 00:42 11:53 15:35 03:41 23:50 (27/09)

02:19 01:24 10:42 14:53 18:35 06:41 02:50


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