Revista Asdap Ed. 03 Mar_Abri 2013

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EXPEDIENTE André Kotoman

14 l Especial - Capa

Alíquota interestadual de 4% ainda não foi absorvida pelo mercado 12 l Comércio Imposto sobre transferência de produtos divide opiniões do setor

18 l Certificação Processos de fabricação e aplicação diferenciam produtos certificados

20 l Tecnologia Integração de sistemas traz ótimos resultados à estratégia de negócios

24 l Entidade Aserv valoriza a qualificação através da criação de oficina-modelo

28 l Entidade

Grupo de trabalho atualiza 17 normas para serviços automotivos

Banco de Imagens



INDÚSTRIA

Fotografia André Kotoman

Asdap e empresários buscam um mercado de concorrência sadia Conforme o presidente da Asdap, Henrique Steffen, algumas distribuidoras no Estado apresentam uma política de preços muito baixos, que chegam a ser inferiores aos custos de fábrica. Diante dessas ações que prejudicam o segmento de distribuição de autopeças, a associação encabeça uma iniciativa no sentido de cons-cientizar os fabricantes sobre o que está acontecendo no mercado e cobrar das indústrias que impeçam essas ações. “Não entendemos essa forma de comercialização, mas consideramos que é uma prática que prejudica o mercado e a competitividade entre as empresas”, especifica Steffen. Segundo ele, o prejuízo vai mais além: atinge a idoneidade do fabricante. “Essas promoções de itens realizadas por algumas distribuidoras acabam desmerecendo a qualidade dos produtos, banalizandoos e colocando em risco a credibilidade da marca que os fornece”, reforça.

“Não entendemos essa forma de comercialização, mas consideramos que é uma prática que prejudica o mercado e a competitividade entre as empresas”

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Para Daniel Ferrari, proprietário da BG Ferramentas e Autopeças, de Bento Gonçalves (RS), que está há mais de 30 anos no Estado e em Santa Catarina, é muito difícil concorrer com esses “preços negativamente abusivos”. Segundo ele, essas “ofertas” de algumas distribuidoras podem ser uma política comercial para atrair as vendas com alguma sonegação de impostos. “Não acredito que o distribuidor pague para vender o seu produto. Algum tributo tem que ficar para trás para viabilizar essa negociação”, cita. Embora não saiba identificar a razão pela qual estas empresas estão “agredindo” o mercado, o empresário tem certeza que este procedimento derruba a concorrência de forma desleal. Ele afirma que a fiscalização pelos órgãos do governo deve ser mais atenta e acredita também que a posição da Asdap pode ser determinante na cobrança da solução destes



INDÚSTRIA Divulgação GM

"Alguns fabricantes têm se posicionado contra isso, porém, com poucas ações junto aos distribuidores. Outros se importam apenas com a meta de vendas, sem querer saber o que acontece no mercado depois da distribuição”

problemas junto aos fabricantes. “Nós, empresários, temos que estar alertas e nos mobilizarmos para 'brigar' pelo que é correto para o nosso setor, assim como a associação, não sei com quais bandeiras, viabilizar meios de conscientizar as fábricas sobre a necessidade de extinguir essas ações que desnivelam o mercado”, ressalta Ferrari. “Realmente, essa é uma prática predatória e é bem importante que a Asdap, através de meios de relacionamento com o setor, como a revista, que é um excelente canal do segmento, fique à frente dessa batalha”, enfatiza Flávio Ramos, diretor-geral e proprietário da Ramos e Copini Autopeças, empresa fundada em 1990 e que atende as regiões norte, central e noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo Ramos, os preços oferecidos por essas distribuidoras afetam também o interior do Estado. “É uma concorrência muito desleal. Não conseguimos chegar a esses valores que não cobrem nem os custos dos produtos”, ressalta. “Esses distribuidores fazem ações pontuais que prejudicam toda a cadeia comercial. Algum segredo deve ter para que consigam trabalhar assim. Não há lógica nessa história”, desabafa Ramos. “Nossos clientes são as pequenas autopeças e oficinas que mantêm estoque e essas 'promoções' afetam diretamente a comercialização com eles”, indica Ramos. O empresário acredita também que os produtos com preços muito baixos podem ser provenientes de marcas do mercado pa-

ralelo. “Peças de qualidade duvidosa podem ser a justificativa para essas vendas promocionais”, comenta. Antélio Marafon, diretor da Total Distribuidora de Motopeças, de Porto Alegre, também aponta a política de preços inferiores como altamente prejudicial para as distribuidoras. “Essa prática causa uma reação em cadeia no mercado. Todo mundo perde quando uma empresa baixa demais os preços e outras empresas venham a fazer a mesma coisa”, contesta. Marafon acredita que isso ocorre bastante no ramo de distribuidores nacionais que têm política diferenciada de compensação, trazendo prejuízo à concorrência em geral. “Alguns fabricantes têm se posicionado contra isso, porém, com poucas ações junto aos distribuidores. Outros se importam apenas com a meta de vendas, sem querer saber o que acontece no mercado depois da distribuição”, frisa o empresário. Ele teme que as indústrias não queiram “bater de frente” com o distribuidor ao questionar a sua política de preços e o resultado dessas ações na disputa de consumo. “Parece um problema quase sem solução. E é muito sério o que tem acontecido frequentemente com linhas originais, o que torna impossível a competitividade”, ressalta Marafon. Para ele, é louvável a iniciativa da Asdap em defender seus associados nesta questão que envolve empresas de grande porte com representação em todo o país. “Parabéns à Associação, que está fazendo o seu trabalho, defendendo os distribuidores regionais”, completa.

Divulgação/BG Ferramentas

Divulgação/Total Distribuidora

BG Ferramentas enfrenta 'preços negativamente abusivos'

Total Distribuidora teme que indústrias não colaborem

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EMPRESA

A

gestão de pessoas do ponto de vista de uma organização é uma área fundamental e, ao mesmo tempo, comple xa pela importância que exerce nas questões ligadas à sensibilidade da mentalidade dos indivíduos destas organizações. No que diz respeito à complexidade, ela depende de vários aspectos, como cultura, estrutura, tipo de negócio, tecnologia, características ambientais e processos internos. As pessoas passam uma boa parte de suas vidas trabalhando dentro das organizações, e estas organizações dependem das pessoas para poderem funcionar e atingir resultados. É neste contexto que irão se evidenciar outras questões com as relações interpessoais (entre superiores, subordinados ou pares). De acordo com o administrador e professor Renaldo Souza, a abrangência deste tema é muito ampla e, em diversas vezes, os empresários não se sentem preparados para gerir a equipe. "Vivemos um tempo do passado em que bastava o co-

Conhecimento e habilidade determinam a eficácia na gestão de pessoas nhecimento técnico para liderar pessoas. No entanto, o conhecimento técnico, mesmo sendo essencial, é pouco expressivo quando a habilidade para lidar e gerir pessoas é muito mais complexa", explica Souza. Segundo ele, o conceito de gestão de pessoas é mais recente, pois, antes disso, e muitas organizações ainda assim o definem, era a área de Recursos Humanos. O professor especifica, usando como referência o autor Idalberto Chiavenato, que a gestão de pessoas tem como base três aspectos fundamentais: pessoas como seres humanos, pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais e pessoas como parceiras de organizações. Souza considera algumas questões téc-

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nicas nas relações entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais. "As metas das empresas (organizações) são sobrevivência no mercado, crescimento sustentado, lucratividade, produtividade, qualidade nos produtos e serviços, redução de custos e imagem de mercado, entre outros fatores", enumera. Já os objetivos individuais, segundo ele, são melhores salários e benefícios, estabilidade no emprego, segurança no trabalho, oportunidades de crescimento e consideração e respeito, entre outros. "E como combinar e transformar estes objetivos em um ambiente hegemônico, alinhando os objetivos de ambos e buscando o equilíbrio? Sua organização está mais voltada para resultados, independen-


te das pessoas, ou você já percebeu o grau de importância das pessoas na organização?", indaga o administrador, referindo-se a Peter Drucker, que na década de 70 afirmava: "Sem pessoas não há gestão administrativa, sem pessoas não há empresa". "Não podemos entender que seja suficiente ter as melhores tecnologias, os melhores processos, os mais modernos equipamentos, sem que as pessoas saibam disso e estejam comprometidas e engajadas. Por outro lado, precisamos ter pessoas preparadas para atender tudo isso", enfatiza. Neste sentido, vale refletir um pouco mais sobre o tema e identificar como a organização está lidando com a gestão de pessoas, conforme Souza. Um diagnóstico também é determinante para estabelecer os parâmetros que envolvem essa questão. De acordo com o especialista, as pessoas devem ser entendidas como recursos e como atores parceiros. Empregados isolados nos cargos, horário rigidamente estabelecido, preocupação com normas, dependência da chefia e ênfase nas destrezas manuais são itens na caracterização de pessoas como recursos. Já os parceiros são enquadrados por serem colaboradores em equipes, preocupados com resultados, atendimento e satisfação do cliente, com ênfase em ética, responsabilidade e conhecimento, entre diversas identificações.

"No comentário feito anteriormente, em que evoluímos da área de recursos humanos para gestão de pessoas, não podemos esquecer as questões originais do RH, que, baseadas no seu princípio, definem-se como o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação de desempenho. Neste sentido, destacam-se os processos fundamentais de gestão de pessoas, como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas", cita Souza. "Em vista de tudo isso, o tema gestão de pessoas é tão amplo que poderíamos discorrer páginas e páginas para chegar a um bom entendimento. Fica a dica para que o gestor organizacional verifique o modo como está gerenciando sua equipe, se ela sabe quais os propósitos da organização, se há sintonia entre os níveis organizacionais e se todos estão alinhados a um mesmo objetivo, que é o princípio básico da organização", reitera o professor. Souza reforça a ideia da importância na forma de pensar e agir quando o assunto é gestão de pessoas e deixa um pensamento de Peter Drucker, considerado, segundo ele, o pai da gestão moderna: "O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas".

"Não podemos entender que seja suficiente ter as melhores tecnologias, os melhores processos, os mais modernos equipamentos, sem que as pessoas saibam disso e estejam comprometidas e engajadas"

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COMÉRCIO

Imposto sobre transferência de produtos divide opiniões do setor André Kotoman

No dia 28 de fevereiro, entrou em vigor a instrução normativa RE nº19, que alterou a DRP nº 45/1998, estabelecendo, entre outras diretrizes, que o estabelecimento atacadista que, a partir de 01/03/2013, receber mercadorias de estabelecimento de empresa interdependente ou por transferência inventariará o estoque das mercadorias já submetidas à substituição tributária existente no momento do recebimento. As mercadorias recebidas de estabelecimento de empresa interdependente ou por transferências já submetidas à substituição tributária deverão ser inventariadas na data da publicação da norma. A medida, segundo o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, foi uma adequação discutida em reunião com algumas entidades, como a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e a Associação Gaúcha de Atacadistas e Distribuidores (Agad), que solicitaram uma equidade tributária dos distribuidores entre os estados que compravam da indústria, criando uma competitividade menos desleal. "Essa construção foi realizada com o pessoal do setor que realizava operações interestaduais e destinava produtos para o Rio Grande do Sul, no caso de empresas coligadas, interdependentes, e se sentia prejudicado pela mecânica de aplicação do imposto", explica Pereira. A diretora executiva da (Agad), Ana Paula Vargas, informa que não houve

Henrique diz que regra deverá inflar burocracia que envolve tributos

manifestações dos associados em relação à medida, o que pode representar a aceitação das novas regras. "Até agora, a Agad não foi procurada por nenhum empresário para discutir esse assunto", indica Ana Paula. O consultor tributário da entidade, Luis Antonio dos Santos, da CCA Bernardon Contadores e Advogados, considera que a nova regra é positiva para os negócios do segmento. "A medida beneficia o atacadista que tem condição de competir com outra unidade. Agora, só serão neces-

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sários alguns ajustes pontuais", aponta. No entanto, na visão do presidente da Asdap, Henrique Steffen, a instrução normativa deverá inflar ainda mais a burocracia que envolve os impostos estaduais, além de causar uma série de transtornos ao distribuidor para refazer todo o sistema de recolhimento das taxas e "perder" para tantas exigências da Receita. "É mais outra readaptação a tributos que deverá ser absorvida por um setor que já pena no recolhimento de tantos valores", contesta Steffen.


Divulgação/Divulgação BBB Consultores

Medida pode ser caracterizada como confisco

Bodanese: "Estamos rompendo com parâmetros jurídico e tributário"

De acordo com o subsecretário, havia uma diferença tributária pelo recebimento de produtos. Ele também destaca que a regra também visa ao combate da fraude na transferência de mercadoria, mas, principalmente, buscar o equilíbrio de mercado. "A proposta principal com essa instrução normativa é fortalecer o Rio Grande do Sul, movimentar os negócios, gerar mais renda e mais oferta para o Estado", ressalta. Pereira esclarece que a Receita Estadual está aberta para receber os setores que de alguma maneira se sentem prejudicados em relação à aplicação e aos valores das taxas. "É possível estudar a flexibilização dessa medida e estamos abertos a negociações com os distribuidores ou outros segmentos que queiram discutir a questão. Analisaremos cada situação para tentar encontrar uma solução, pois a competitividade das empresas é a meta principal das ações da Fazenda", completa o subsecretário.

Marcos Francisco Bodanese, sócio da BBB Consultores, empresa de Curitiba (PR) especializada em gestão tributária que trabalha há mais de dez anos para fabricantes e distribuidores de autopeças e pneumáticos, é contundente em relação à norma: "O Rio Grande do Sul alça a um tratamento desigual entre as empresas, gerando uma carga tributária mais elevada ainda e exigindo alterações de sistemas e de operacionalidade que são praticamente impossíveis de atender". Bodanese vai mais além: "Estamos rompendo com todo e qualquer parâmetro jurídico e tributário". Para ele, a medida, além de criar um trauma em cima das operações comerciais entre os estados, resultando na penalização das empresas que já pagam altos tributos, pode ser caracterizada como confisco. O especialista destaca que o entrave das exigências da Fazenda não está nas relações comerciais interde-

pendentes, mas na transferência de produtos, na qual o empresário tem que "antecipar" o imposto com o pagamento da substituição tributária sobre a peça. "A transferência entre filiais é uma operação lícita prevista na legislação e a própria lei define que a valorização desta transferência seja realizada pelo custo. E o Estado não aceita que seja feita pelo custo", enfatiza. Para o consultor tributário, que atende diversos clientes com filiais no Estado, o resultado da aplicação da instrução normativa pode ser altamente prejudicial ao mercado. "Com essas condições de operação tão ruins e tão caras, vai ser mais barato comprar de um distribuidor de Santa Catarina ou do Paraná, por exemplo, do que adquirir mercadorias do Rio Grande do Sul", prevê Bodanese. Ele ainda reforça: "Empresas com filiais no RS já se manifestaram no sentido de retirar essas unidades do Estado". Divulgação/Receita Estadual

Pereira afirma que há diálogo com setores que se sentem prejudicados Revista Asdap l Março/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3 - 13


ESPECIAL

Alíquota interestadual de 4% ainda não foi absorvida pelo mercado



ESPECIAL

D

esde o dia 1º de janeiro, a alíquota interestadual de ICMS é de 4% nas operações com mercadorias importadas do exterior ou submetidas a processo de industrialização com conteúdo de importação superior a 40%. A medida, porém, inclui novos códigos que ainda não estão totalmente absorvidos pelas empresas e, no segmento de autopeças, a situação não é diferente. O processo de insegurança no mercado deve se diluir nos próximos meses e nesse período será possível ter uma ideia dos resultados dessas mudanças. Para o subsecretário adjunto de tributação da Receita Estadual, Geovanni Padilha da Silva, a nova alíquota é uma medida conservadora e de segurança para suspender a disputa fiscal entre os estados e promover a competitividade para os produtos gaúchos. “O Rio Grande do Sul é a favor do fim da guerra fiscal, na briga dos portos, onde estávamos perdendo posições importantes”, frisa Silva. “Muitas vezes, era difícil saber quais os produtos que estavam entrando no mercado”, completa. “Agora, todo o importado vai pagar a diferença para entrar no Estado, com um índice que dependerá da alíquota interna”, explica. De acordo com ele, o novo imposto cria uma série de exigências burocráticas que estão causando dificuldades operacionais para indústrias e comerciantes. “Já recebemos manifestações de entidades como a CNI e a Fiergs solicitando a prorrogação de prazo para implantação da norma. Entretanto, todo esse comportamento resultante da implantação da regra, pelo menos no primeiro semestre, não servirá para medir as variações do impacto econômico da medida, pois são manifestações”, considera. “Estamos monitorando a implantação da medida e vamos passar por oscilações até que tenhamos maior domínio dos novos códigos”, enfatiza Silva. “Em janeiro, tivemos uma movimentação baixa. Em fevereiro, dobrou. Mas são indicadores naturais para um momento no qual os próprios agentes do sistema não sabem como se posicio-

nar”, evidencia. O subsecretário orienta os empresários para que evitem problemas com a Receita e busquem orientações sobre o novo imposto, ressaltando que é uma regra demasiadamente excepcional. Na análise de Wellington Ely dos Anjos, sócio e consultor tributário da Petra-con Contadores e Associados, de Curitiba (PR), especialistas no setor de autopeças, os

“Os empresários devem se atentar a alguns detalhes, à lista dos produtos da CAMEX e depois sobre o conteúdo da importação"

empresários ainda não conseguiram compreender a formação de preços e os detalhes abrangidos por essa nova alíquota. “Eles precisam se atentar a alguns detalhes, à lista dos produtos da CAMEX e, depois, sobre o conteúdo da importação”, alerta. “Agora, com a nova regra, as operações acabam deixando a mercadoria mais cara”, aponta o contador. “Quando os produtos são submetidos ao regime de substituição tributária, a diminuição da alíquota interestadual para 4% aumenta a Margem de Valor Agregado (MVA) ajustada, resultando também no acréscimo da carga tributária do ICMS-ST”, estabelece. Para o consultor tributário, o reflexo acaba sendo negativo, desvantajoso, para negócios com conteúdo de importação e interestaduais. E esse processo ainda está “nebuloso” no entendimento do empresariado, segundo Ely dos Anjos. “Para as empresas, ainda não são claros os impactos de mercado. O aumento expressivo dos valores e os reflexos destas transações não foram absorvidos pela cadeia produtiva. É necessário observar a questão custo-benefício em relação aos tributos”, indica. Segundo ele, o segmento deverá precisar de cerca de seis meses para se ajustar à medida e dominar a “mecânica” de atuação e os resultados da nova alíquota. Divulgação/Krambeck

Para a Krambeck, não há reflexo no ICMS em relação ao crédito na compra ou débito na venda

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Divulgação/Cunhados

ESPECIAL

Novos códigos

Para a Cunhados é necessário buscar esclarecimentos sobre aplicação do tributo

Distribuição é afetada pelos custos, mas varejo não sofre alterações Um dos sócios-diretores da Cunhados Peças, distribuidora com sede em Santa Catarina e filiais no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Mato Grosso, Alci Tadeu de Liz, destaca que o governo criou essa regra para defender as indústrias nacionais, mas, em contrapartida, os fabricantes têm custo elevado para produzir a mercadoria. “Ainda compensa comprar os importados”, considera. Para ele, há um desencontro de informações e os distribuidores acabam perdendo muito tempo em busca de informações com os fornecedores. “As grandes indústrias, multinacionais, estão bem, mas as pequenas e até médias empresas que não possuem uma assistência jurídica enfrentam problemas em relação à medida”, enfatiza Liz. “Essa confusão se reflete no dia a dia. Já fiz cotações em que um fabricante indica os 4% e outro, 12% sobre o mesmo produto. Vai haver marcas que não conseguirão ser vendidas e perderão o mercado, dependendo do estado”, sinaliza o

empresário, considerando que será necessário buscar maiores esclarecimentos para que a aplicação do novo índice se faça da maneira correta. Por outro lado, opiniões do varejo demonstram que o novo imposto não afetou o faturamento das empresas. De acordo com Ditmar Krambeck, sócio proprietário da Krambeck, situada no Vale do Itajaí (SC), o tributo para o seu ramo não gerou mais custos. “Para os componentes automotivos, não tem reflexo no ICMS em relação ao crédito na compra ou débito na venda”, explica. “Os produtos de autopeças já têm imposto retido na fonte na aquisição”, reitera. “A nossa empresa apura o resultado pelo presumido real, mas quem está no Simples certamente terá aumento de custos, já que trabalha com itens tributáveis”, comenta. Krambeck trabalha com mais de 53 mil itens nas linhas leve, utilitária e diesel, nas cidades de Timbó e Indaial. A empresa é considerada um dos melhores varejos do Brasil.

A alteração do imposto, que era 7% ou 12%, dependendo do estado de destino das mercadorias, foi regulamentada pela Resolução do Senado Federal nº 13/12. No Estado do RS, é devida a antecipação do ICMS de fronteira, denominação dada à exigência do ICMS nas operações de compras interestaduais de mercadorias não submetidas ao regime de substituição tributária. Neste caso, o imposto devido é correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual. Os novos códigos ficaram assim: 0 - Nacional, exceto as indicadas nos códigos 3 a 5; 1 - Estrangeira - Importação direta, exceto a indicada no código 6; 2 - Estrangeira - Adquirida no mercado interno, exceto a indicada no código 7; 3 - Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação superior a 40%; 4 - Nacional, cuja produção tenha sido feita em conformidade com os processos produtivos básicos de que tratam o Decreto-Lei nº 288/67 e as Leis nº 8.248/91, 8.387/91, 10.176/01 e 11.484/07; 5 - Nacional, mercadoria ou bem com Conteúdo de Importação inferior ou igual a 40% (quarenta por cento); 6 - Estrangeira - Importação direta, sem similar nacional, constante em lista de Resolução CAMEX; 7 - Estrangeira - Adquirida no mercado interno, sem similar nacional, constante em lista de Resolução CAMEX..

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CERTIFICAÇÃO

Processos de fabricação e aplicação diferenciam produtos certificados

C

om a nova exigência de certificação do Inmetro em determinados itens do segmento de autopeças, fabricantes passaram a ter um nivelamento competitivo em relação à qualidade dos produtos. “O Brasil foi alvo, nos últimos anos, de uma invasão de produtos importados de qualidade muito questionável”, aponta o gerente comercial da Gauss, Douglas Manguino. Segundo ele, esses produtos traziam consigo referências de preços extremamente baixos e criavam no mercado patamares dificilmente alcançados por produtos de qualidade significativamente superiores. “Obviamente, tais produtos importados não têm uma vida longa no mercado, mas deixam um rastro danoso em relação a referências de preços baixos”, complementa. Manguino considera que a certificação do Inmetro obriga os fabricantes a oferecerem produtos com qualidade e garantia tanto nos materiais com os quais são produzidos quanto no processo de fabricação, em especial, em relação às especificações técnicas de aplicação do produto. O gerente comercial cita como exemplo da certificação as bombas de combustível elétricas da Gauss. Segundo ele, existia no mercado uma grande distorção em relação à qualidade e à aplicação das bombas flex importadas. “A Gauss tem um grande diferencial em relação à bomba de combustível flex e à bomba de combustível que se intitula flex. Em função do contato direto do álcool com as escovas e o rotor da bomba, temos que fazer uma modificação no material do rotor, dando a ele uma superfície de carbono (carvão) na região de contato das escovas. Já na bomba a gasolina isso não é necessário e a superfície pode ser de cobre”, descreve. Manguino explica ainda que essa modificação eleva o custo do produto, mas

garante um desempenho adequado à aplicação do produto. “Como o aplicador não tinha como verificar essa modificação, tínhamos no mercado um derrame de bombas flex falsas, que só tinham a aparência externa (banho no corpo) de uma bomba flex, mas internamente eram, na verdade, bombas a gasolina. Essas bombas eram comercializadas por preços muito menores, pois não traziam o custo da modificação necessária”, indica. Para o executivo, com a certificação

18 - Revista Asdap l Março/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3

Inmetro essa situação irá desaparecer e os fabricantes e importadores terão produtos em nível de competição. “Esse é somente um exemplo, mas tenho a certeza de que em outras linhas de produtos (lâmpadas, buzinas, amortecedores, etc.) temos casos semelhantes de diferenciais de qualidade e aplicação que corrigirão grandes distorções de mercado. Com a introdução da certificação Inmetro, resolveremos esses problemas”, conclui Manguino.



TECNOLOGIA Acelerar as decisões de negócio com nível maior de acerto e medição mais ágil foi o resultado da implantação pela Unifort da ferramenta de inteligência BI QlikView junto ao sistema de gestão integrada (ERP) da empresa. Através de um rápido processo de realinhamento de informações estratégicas, projetado e executado em parceria com a MD2 Consultoria, a distribuidora de peças e acessórios automotivos consegue, hoje, extrair e publicar dados sensíveis de negócios que antes ficavam inertes e que precisavam de muito trabalho e dispêndio de várias horas para serem garimpados no sistema. Sediada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Unifort tem um portfólio de 24 mil produtos que atendem a nove filiais, com cerca de 400 funcionários. Nessas unidades, 200 executivos da empresa necessitam de informações ágeis e precisas para embasar as negociações com clientes e a gestão dos resultados. Diante dessa demanda complexa e extensa, a empresa implantou o software para business interno e já colhe os resultados. De acordo com o gestor de Tecnologia da Informação do grupo, Ricardo Durães, a prioridade do projeto foi criar um painel de controle simples e de rápida visualização dos principais indicadores de desempenho das negociações realizadas. "Com um conjunto sucinto e objetivo de gráficos, nossos profissionais conseguem ver a posição de tópicos como vendas, consultas por cidade, produtos de maior movimento, tempo médio de atendimento a clientes e

Integração de sistemas traz ótimos resultados à estratégia de negócios taxa de sucesso dos contatos", explica Durães. Segundo ele, por sua arquitetura mais voltada às funções transacionais, o SAP impõe dificuldades para a criação desse tipo de painel, o que torna a solução QlikView um aliado perfeito para usuários deste e de outros cinturões de gerenciamento. "Os relatórios e gráficos do QlikView nos permitem conhecer as margens

obtidas pela transação e avaliar, de forma ágil, as mudanças nessa variável a partir da atuação das equipes de vendas, por exemplo", ressalta. Para Laurier Soares, consultor de Negócios da MD2, empresa de Minas Gerais com escritório em São Paulo, a performance com o uso do QlikView na Unifort é a prova de que o casamento do ERP com o BI pode ser uma ope-

Produtos da Unifort têm visualização rápida e identificação do desempenho das negociações

20 - Revista Asdap l Marlo/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3

ração muito mais simples e econômica do que se possa acreditar. "O resultado para uma distribuidora de autopeças é eficaz, pois acaba com a 'ginástica' para produzir os relatórios, com ganho de tempo e eficiência na determinação de indicadores de macrorregiões, como comercialização, despesas, pedidos aguardando produtos, etc.", enfatiza Soares. "A visualização ágil de dados como estoque, faturamento e uma série de outros cálculos atualizados todo o dia faz a diferença no trabalho e na eficiência dos escritórios de vendas", comenta Soares. "É a efetividade de uma visão gerencial, considerando um volume alto de informações e a necessidade de obtê-las de forma objetiva e rápida", aponta. De acordo com o consultor da MD2, o produto pode ser plugado em qualquer sistema e gerar margens de diversos indicadores. O sistema pode ser acessado em plataformas web, tablet e smartphone. Conforme Soares, o investimento para utilizar o software não é alto, já que o produto possui uma política de licenciamento direcionada a pequenas empresas.



COMÉRCIO

AutoZone: varejo com autosserviço e peças de mecânica 22 - Revista Asdap l Março/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3

O forte mercado de veículos local, a estabilidade econômica e política, a redução da informalidade e a paixão dos brasileiros por carros foram alguns dos motivos que colaboraram para que a AutoZone, empresa varejista de autopeças, se instalasse no Brasil. Para a rede, o mercado brasileiro de componentes é bastante interessante pelo seu grande potencial. Antes de decidir pela entrada na concorrência nacional, a marca estudou vários mercados ao redor do mundo para dar continuidade à expansão do grupo. Direcionadas ao consumidor final, proprietário do veículo ou profissional mecânico, as filiais da empresa deverão favorecer o autoatendimento com área organizada para propiciar a experiência de compra. Além do autosserviço, haverá também um setor de itens de mecânica. “Por


serem peças de aplicação específica, os AutoZoners (como chamamos nossos colaboradores) estão preparados para prestar o atendimento e contam com catálogos eletrônicos especialmente desenvolvidos para o país”, explica Mauricio Braz, gerente-geral das operações no Brasil. A AutoZone apresenta um plano inicial de implantar de 12 a 15 lojas no país para teste e ajuste do modelo. “Depois avaliaremos os próximos passos. Ainda não estamos divulgando os novos locais onde abriremos as lojas. O que podemos dizer por hora, é que estamos concentrando nossos esforços no estado de São Paulo, com maior proximidade da capital paulista. Já temos outras duas lojas em fase de construção, que serão divulgadas em breve”, adianta Braz. “Os Estados Unidos possuem mais de 4.700 lojas. O México é um país bem menor que o Brasil e já possui mais de 300 lojas da AutoZone. Por aí, já se pode ter uma boa perspectiva do potencial que o Brasil possui. Contudo, ainda temos muito trabalho a realizar apenas nesta fase inicial e muito o que aprender com o mercado, instaladores e consumidor brasileiro antes de pensarmos nos próximos passos”, indica o general manager da rede, que também está instalada em Porto Rico. “Assim como outras empresas que já atuam no segmento, nosso objetivo principal é o bom atendimento do nosso cliente. Entendemos que as relações de confiança são construídas em longo prazo”, conceitua o executivo. De acordo com ele, dentro desse padrão, a rede utiliza o Conselho Confiável. “Caso não haja a necessidade da substituição de determinada peça e que isto seja identificado por um AutoZoner, preferimos não executar a venda e ter um cliente satisfeito”, sintetiza. “Para proporcionar este atendimento, dispomos de sistemas e processos que nos ajudam. Estes sistemas também conseguem avaliar a demanda no ponto de vendas e suas variações de loja a loja, informação que compartilhamos com nossos fornecedores em busca de uma melhor adequação da oferta e produção de

produtos. No médio prazo e à medida que aumentarmos nosso volume de negócios, acredito que estas serão informações importantes para nossos parceiros de negócios”, explica o gerente-geral. Conforme Braz, as lojas do grupo se especializaram no Serviço de Atendimento ao Cliente, não só o consumidor final, mas também os profissionais instaladores. “Nossa equipe e sistemas estão preparados para oferecer o Conselho Confiável e temos programas que ajudam a todos os públicos, como recarga e teste gratuitos de bateria, teste de alternadores e escaneamento da injeção eletrônica gratuitos”, esclarece. A rede também está desenvolvendo o programa de empréstimos de ferramentas, já disponível nos Estados Unidos e no México, para implementação no Brasil.

Rede varejista tem plano inicial de implantar de 12 a 15 lojas no país para teste e ajuste do modelo Fotografia: Divulgação/AutoZone

Segundo Braz, rede está desenvolvendo programa de empréstimos de ferramentas

Revista Asdap l Março/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3 - 23


ENTIDADE

Aserv valoriza a qualificação através da criação de oficina-modelo Fotografias/Divulgação Aserv

"Precisamos evoluir, não estamos preparados para essa velocidade de mercado, precisamos ter escola que oriente os iniciantes, que dê o primeiro contato com a mecânica"

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Associação Serrana das Empresas da Reparação Veicular (Aserv), sediada em Caxias do Sul (RS), adianta-se em relação ao mercado e promove várias ações de atualização na área mecânica para enfrentar a demanda de trabalho e as novas tecnologias que equipam os veículos. Uma novidade que está sendo implantada para os associados da região serrana, que atinge outras cidades, como Farroupilha, Bento Gonçalves e Antonio Prado, é a oficina-modelo, uma ideia que vai colocar na prática todo o treinamento e especializações disponíveis para as mais de 220 empresas vinculadas à entidade. "Este ano estamos disponibilizando um centro de treinamento onde os profissionais podem realmente ficar em cima do veículo. Essa oficina tem a parceria da Bosch, que coloca equipamentos de última geração, desde os que são utilizados para suspensão até as máquinas para a afinação de motores, medição de gases e diagnóstico eletrônico", afirma o presidente da Aserv, Franco Paolo Dani. "Hoje, é preciso conhecimento técnico para operar equipamentos com tecnologia computadorizada", reforça. "Assim, os participantes dos treinamentos terão acesso a essas informações e as disseminarão entre os colegas", explica. O próximo passo, segundo o presidente da entidade, é transformar a oficina em uma escola técnica básica para treinar profissionais e torná-los especializados. "Precisamos evoluir, não estamos preparados para essa velocidade de mercado, precisamos ter escola que oriente os iniciantes, que dê a ele o primeiro contato com a mecânica, as coisas básicas de chão de oficina", frisa. "Agora é hora de semear e preparar o segmento para enfrentar todos os desafios. Quem não estiver preparado acabará perdendo o mercado", enfatiza.

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Segundo Dani, só em Caxias do Sul existem de 800 a 1.000 oficinas, de todos os tipos e atendimentos.

Cursos A associação já disponibiliza salas de aula onde ocorrem diversos treinamentos durante o ano. Segundo o presidente da Aserv, antes, a prática não acontecia, debilitando o conhecimento adquirido. "Esse era um projeto antigo, desde que começamos as primeiras obras da sede. Agora é realidade e veio suprir as necessidades das oficinas, onde o mecânico deve saber mexer nos sistemas e motores e não acabar criando problemas ao veículo por não estar apto a efetuar a reparação", complementa Dani. Outro projeto da Aserv é o "Bate-papo de Oficina", que teve início em 2012. "Fazemos um encontro com profissionais e falamos sobre diversos temas, como valor da mão de obra, inadimplência, entrega de veículos, atendimento, como se portar quando não é autorizada, orçamento, etc. Através dessas discussões, constatamos, por exemplo, que existem muitos profissionais que estão com os seus preços defasados em relação ao mercado", relaciona. Seminários durante um dia inteiro são outra atividade que a associação realiza. A Aserv realiza reuniões mensais, na primeira terça-feira de cada mês, com associados e com os executivos da associação, das diversas áreas, como conselho fiscal, tesouraria, secretaria, de cursos, eventos e divulgação. "Discutimos todos os assuntos que chegam à mesa através da própria associação, da mídia e de outras fontes. Cada diretoria se envolve com a questão para resolver ou mesmo apoiar alguma ação. Quando é o caso, realizamos reuniões emergenciais fora do calendário já estabelecido", destaca o dirigente.


Mobilização trouxe um novo perfil profissional e social De acordo com o presidente da Aserv, que está à frente da associação na gestão 2012/ 2013 e já trabalha há seis anos na diretoria, a entidade tem um trabalho permanente de mobilização no sentido de conquistar o associado e trazêlo para dar sua contribuição à categoria. “Queremos trabalhar de igual para igual, criar um entrosamento entre os empresários, para que eles conversem entre si, coloquem suas propostas e evidenciem suas necessidades”, declara Dani. Para ele, quando isso não acontecia, a concorrência era mais acirrada. “Com as reuniões, vemos colegas mais parceiros, com mais ética e senso de coletividade. Foi uma mudança no perfil profissional e social do nosso associado”, descreve. Em relação aos treinamentos que ocorrem na associação, Dani indica que acontecem, anualmente, cerca de oito encontros de atualizações para profissionais que já são especializados. “Orientamos nossos associados focando o que o mercado exige. A associação contrata técnicos de outras cidades, como São Paulo, para fazer os treinamentos na sede com a parceria do Sebrae, que ajuda em 30% dos custos. Tentamos buscar horários diferenciadas das aulas, para que o mecânico não perca o seu tempo de trabalho na oficina”, informa o dirigente. Os cursos

passam por tópicos com câmbio automatizado, injeção eletrônica, assim como abordam eletricidade básica para iniciantes, que ocorrem três vezes ao ano. Também acontecem na Aserv palestras feitas por empresas convidadas, em torno de 15 por ano. Além dos eventos focados na parte técnica da oficina, a Aserv também promove debates sobre gestão, com orientações do Sebrae, que focam temas como setor financeiro, administração e outros pontos para consolidar o negócio. “Temos também um projeto em parceria com o Sebrae, o 'Boas Práticas de Oficina', no qual os associados desenvolvem um upgrade em sua empresa, visando à qualidade automotiva, uma espécie de parâmetro ISO. Não recebemos o selo por questões de exigência de investimentos muitas vezes inviáveis, mas nos preparamos para essa certificação, dentro de todos os padrões”, especifica Dani. “Assim, nosso associado vai ter um diferencial em relação ao mercado. Se prepara e se atualiza”, frisa. O programa foi lançado no ano passado com cinco empresas e deverá ser estendido em 2013 para 25 empresas. A Aserv atua em mobilizações e posicionamentos em relação à inspeção veicular, considerada um “divisor de águas” pelo presidente da entidade. Conforme ele, os as-

Treinamentos durante o ano são oferecidos aos associados sociados já estão preparados com equipamentos e qualificação. A associação também participa de feiras nacionais e internacionais, procurando agregar visitas técnicas às fábricas da região onde ocorrem os eventos. “Estivemos no ano passado na Feirauto, que se realiza na Argentina, e já iremos para a Automec, em São Paulo, com ônibus lotado”, comenta Dani. Segundo ele, essas excursões também têm apoio do Sebrae para a hospedagem dos participantes e, às vezes, o transporte pago pelas indústrias. Considerando os dez anos de existência da Aserv, a passos pequenos inicialmente, com 30 associados, hoje é uma entidade fortalecida e atuante, sempre focada na orientação da categoria, de acordo com Dani. “Ano passado tivemos mudanças estruturais com obras que melhoraram muito a sede. Temos áreas comuns, como recepção, secretaria, foyer, e espaços de qualificação e entrosamento como a oficina-modelo, o auditório, com capacidade para 130 pessoas, além da biblioteca, com rede de internet. Queremos trazer para a biblioteca o maior número de materiais para que seja um centro de informação, um ambiente completo”, ressalta. Revista Asdap l Março/Abril 2013 l Ano 1 l Número 3 - 25


PANORAMA

SKF inaugura centro de distribuição A SKF do Brasil inaugurou um moderno centro de distribuição em Jordanésia, no interior de São Paulo. O novo endereço, localizado próximo ao complexo industrial da companhia, recebeu R$ 7 milhões de investimentos. O espaço conta com 15,8 mil m2 de área útil, capacidade para armazenar 12 mil itens e 30 docas para embarque e desembarque de mercadorias. O novo CD pode abrigar 18 mil pallets e 7 mil caixas de papelão. "Com a inauguração deste CD, aperfeiçoaremos nossa eficiência logística. Esse espaço é estratégico para a companhia expandir suas operações no Brasil. Por meio dele, podemos ampliar a oferta de componentes e produtos, além de reduzir o tempo de entrega e as emissões de CO2", explica Mattias Gremlin, diretor de Logística da SKF do Brasil. ○

Lubrificantes Total estão em 20% dos automóveis brasileiros Grandes montadoras como Renault, Kia Motors, Peugeot, Citroën, Honda, Nissan, Scania, Kawasaki e Kasinski são empresas que escolheram os lubrificantes Total como óleo oficial de todos os carros que saem de suas fábricas, além da recomendação de seu uso para a manutenção preventiva destes veículos. Os contratos de primeiro enchimento, como são conhecidos estes acordos, representam 20% do mercado de lubrificantes. Os postos de serviço respondem por 30% e o varejo em geral (oficinas, concessionárias e lojas especializadas) abocanham 50% do comércio de lubrificantes. ○

Elring Klinger do Brasil quer fortalecer exportações Com forte atuação no mercado brasileiro em duas frentes - produtos OEM (para indústrias automotivas) e AM (mercado de reposição) - a fabricante de autopeças Elring Klinger do Brasil espera alcançar um crescimento total de 13% neste ano apoiado pelos aumentos de produção, vendas e exportação. Em 2013 há planos da empresa de lançar no país em torno de 225 novos produtos voltados para veículos de montadoras sediadas no Brasil. Na linha OEM, a empresa deve elevar seus volumes de

produção e vendas em 12%. Em 2012 o crescimento da linha de produtos foi de 26%. A empresa também tem me-

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tas de elevar neste ano em 5% o seu volume de exportação junto aos atuais clientes. Hoje 8% da produção

OEM da empresa seguem para 11 países (México, Estados Unidos, Colômbia, Argentina, Alemanha, França, Tailândia, Indonésia, Uzbequistão, Polônia e China). No mercado de autopeças para reposição, a empresa - com a marca Elring espera registrar crescimento de 26%. No ano passado o volume foi ainda maior, de 28%. O crescimento das exportações em 2012 foi de 12,5% e a meta fixada para 2013 é de 18,5%. Países como Argentina, Uruguai e Paraguai são abastecidos pela unidade brasileira.


Museu móvel da Audi é uma prévia do futuro O museu móvel da Audi em Ingolstadt faz uma prévia do futuro da mobilidade. A exposição especial "Audi lab future: mobility" mostra as iniciativas da marca nas áreas dos futuros motores, energias e urbanização. As exposições mostram os sistemas de acionamento e combustíveis do futuro e também soluções de mobilidade para as metrópoles mundiais. A área de exibição dos futuros motores da Audi apresenta as tecnologias em desenvolvimento, juntamente com os motores TDI e TFSI, que continuarão a ser os pilares de sustenta-

ção da marca. Esta área temática centra-se na eletrificação do powertrain dentro do conceito Audi e-tron. Esta tecnologia plug-in híbrida é um campo em que a montadora alemã está especialmente focada. A Audi está centrada no desenvolvimento de novas fontes de energia para o futuro da mobilidade sustentável. Este é o assunto da área de exposição das futuras energias onde abriga três veículos futuristas: a plata-forma tecnoló-gica do Audi R8, o Audi R18 e-tron quattro - o carro da corrida de Le Mans, e o novo Audi A3 Sportback TCNG, que funciona com o Audi e-gas.

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Wix amplia portfólio de produtos A Wix, marca da Affinia Automotiva que produz filtro de ar e combustível e óleo, ampliou o portfólio de produtos para o mercado de reposição. A empresa acaba de lançar o filtro de ar indicado para aplicação no sedã Chevrolet Cobalt 1.4 MPFI Flex (2011 a 2012). O código da peça é W48555BR. Com quase 70 anos de experiência, a Wix conta com ampla gama de produtos para diversos segmentos de veículos nacionais e importados, atendendo automóveis, picapes, veículos pesados, agrícolas e off-road. A Wix tem uma linha completa de filtros de combustível, ar e óleo. Além da Wix, a Affinia também detém as marcas Nakata e Spicer, com linha completa de componentes para suspensão, transmissão, motor e freios .

Livro da moto tem as melhores máquinas Verdadeiro tesouro para amantes do motociclismo, O livro da moto é uma completa enciclopédia visual do tema, abrangendo toda a história das motocicletas, desde a adaptação das bicicletas com motores, no final do século XIX, até as inovadoras máquinas repletas de configurações personalizadas do novo milênio. História, engenharia e curiosidades de todas as marcas são comentadas e exemplificadas com imagens de mais de mil modelos, como a Norton Modelo 18, de 1927, a famosa Lambretta LD150, de 1957, a supermoto Honda CB750, de 1969, o modelo XR750 da Harley-Davidson, grande campeã das corridas de terra por mais de 40 anos, ou as atualíssimas BMWs K1600, de seis cilindros, lançadas em 2011.

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QUALIDADE

Grupo de trabalho atualiza 17 normas para serviços automotivos Banco de Imagens

O Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo (Sindirepa-SP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Instituto de Qualidade Automotiva (IQA), que fazem parte do Grupo de Trabalho do Subcomitê Brasileiro Automotivo CB-05 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), iniciaram estudo no início de fevereiro para a atualização de normas técnicas relacionadas aos serviços automotivos. Das 27 normas existentes, 17 serão revistas. A equipe, que se reúne mensalmente, deverá finalizar o trabalho dentro de até 120 dias. “É importante o envolvimento e a participação de fabricantes dos sistemas que serão atualizados e também dos reparadores que fazem a aplicação dessas peças. Trata-se de um fórum de estudos que resulta na criação de metodologias que facilitam os serviços no dia a dia das oficinas”, explica Salvador Parisi, vice-presidente do Sindirepa-SP e responsável pelo Subcomitê. As normas que serão atualizadas foram criadas entre 1999 e 2002. Desse período em diante, as tecnologias embarcadas passaram por uma evolução, o que exige ajustes nas normas existentes. "Em alguns casos, serão alterados e ou complementados alguns detalhes e, em outros, vamos ter de estudar mais a fundo para fazer as mudanças", revela Parisi. Segundo o coordenador de certificação dos serviços automotivos do IQA, José Palacio, o Inmetro exige a atualização de normas com mais de cinco anos. "Antes que o Instituto cobre, vamos atualizar es-

Fórum definirá metodologias para facilitar os serviços nas oficinas

sas exigências, já que o mercado traz novas tecnologias e a necessidade de treinamentos para que os reparadores estejam atualizados com esses equipamentos e procedimentos", explica. Conforme Palacio, a criação de normas exige um trabalho mais prolongado de conceito, roteiro e confecção. Mas, no caso da revisão, o tempo é menor em cima de um trabalho que já foi estabelecido com base nos requisitos da ABNT. Após os 17 itens serem revisados, o próximo passo do grupo será a atualização das dez normas restantes. O IQA é um organismo privado, creditado pelo Inmetro e pelo governo fe-

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deral para certificação. Criando em 1995, a entidade dá suporte para as atividades de oficinas e retíficas de motores. "Antes só havia as normas do fabricante e não para os serviços automotivos. Com a diversidade de marcas e modelos de veículos, o reparador necessita cada vez mais de informações técnicas e as normas foram criadas para suprir essa necessidade", completa Palacio. Conforme Parisi, a falta de acesso aos procedimentos contidos nos manuais de serviços dos fabricantes de veículos gerou a necessidade da criação de normas técnicas com o objetivo de padro-


Conheça as normas que serão atualizadas NBR 14284 (1999) - Carroçaria - Reparação e pintura dos componentes NBR 14481 (2008) - Diagnóstico e manutenção em motores ciclo Otto NBR 14482 (2000) - Substituição de bateria de partida nizar a manutenção automotiva, oferecendo segurança e qualidade dos serviços prestados. A primeira norma de serviços automotivos surgiu em 1993 e, hoje, o setor de reparação conta com 27. Segundo o coordenador do trabalho de revisão, as regras facilitam o trabalho dos reparadores, agilizam a produtividade, reduzem custos e também garantem que os serviços sejam realizados com qualidade, conforme exige o Código de Defesa do Consumidor. "É o respaldo legal que o reparador precisa para executar o seu serviço de forma segura", acrescenta. Segundo Parisi, a abrangência da norma fornece diretrizes para a execução dos serviços com qualidade. Parisi também alerta para a importância da utilização das normas de serviços como respaldo e proteção do reparador sobre o trabalho executado que pode ser contestado pelo cliente futuramente. "A oficina deveria colocar na ordem de serviço o número e o título da norma que está utilizando para realizar o serviço, deixando explícito ao cliente que ele segue um padrão de qualidade e conformidade, o que proporciona um entendimento comum nas relações comerciais. Com isso, o reparador ganha a confiança do proprietário do veículo", aconselha. Além disso, é possível estabelecer uma linguagem única entre reparador e consumidor, com requisitos determinados pela norma que servem de parâmetros para a avaliação. Também é importante quando o reparador pretende participar de licitações de órgãos públicos na área de reparação.

NBR 14752 (2001) - Bomba elétrica de combustível - Ensaios de manutenção NBR 14753 (2001) - Válvula injetora - Ensaios de manutenção NBR 14754 (2001) - Sensor de oxigênio - Ensaios de manutenção NBR 14755 (2001) - Sensor de massa de ar - Ensaios de manutenção NBR 14777 (2001) - Remoção e instalação de vidros NBR 14778 (2001) - Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de freios NBR 14779 (2001) - Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de direção NBR 14780 (2001) - Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de suspensão NBR 14781 (2001) - Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de exaustão NBR 14828 (2002) - Procedimento de segurança para manutenção em veículos equipados com bolsa inflável (airbag) NBR 14843 (2002) - Regulador de pressão de combustível - Ensaio NBR 14845 (2002) - Motor de partida - Ensaio NBR 14846 (2002) - Alternador e regulador de tensão - Ensaio NBR 14889 (2002 / versão corrigida em 2003) - Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em regulagem de motores ciclo Diesel

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Colloquium SAE Brasil de Eletro-Eletrônica Embarcada e Mostra de Engenharia Evento discutirá os rumos e as tendências tecnológicas aplicadas à mobilidade, visando a troca de informações, experiências e a busca de um consenso para a indústria de veículos automotores. Terá apresentações de papers técnicos com conteúdo e autores de altíssimo nível. Outro diferencial são as mesas redondas que ocorrem ao término de cada dia, onde executivos, engenheiros e especialistas do segmento discutem os temas da atualidade eletroeletrônica. Data: 13 e 14 de junho de 2013 Local: City Park Hotel Pça. Toivo Uuskallio, 10 - Penedo - RJ Fórum Marketing Automotivo Data: 27 de junho de 2013 Local: Centro de Convenções do Hotel Sheraton WTC Av. das Nações Unidas, 12559 - São Paulo - SP

As matérias assinadas da edição são de inteira responsabilidade de seus autores. Proibida a reprodução total ou parcial dos textos sem autorização do veículo ou autor. O conteúdo dos anúncios é de inteira responsabilidade das empresas ou criadores que os publicam.

Encontro Estadual das Retíficas Datas: 18 de agosto e 29 de setembro Locais: Fortaleza - CE e Crato - CE Surtec - Workshop de Pintura, Proteção e Tratamento de Superfícies Data: 3 e 4 de outubro de 2013 Local: Cetec/Senai do centro industrial de Belo Horizonte Av. José Cândido da Silveira, 2000 - Horto - Belo Horizonte (MG)

Editor: Claudio Fontoura Reportagem: Rosangela Groff Planejamento Gráfico: Carlos Rema Revisão: Gustavo Cruz Capa: Felipe Onzi Foto Capa/Especial: André Kotoman Tiragem: 10 mil exemplares Circulação e Distribuição: Gratuita e circula nos Estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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A Revista ASDAP é editada pela empresa Esporte Motor.

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Fórum RH Automotivo O encontro tratará de estratégias na área de pessoal, desenvolvimento profissional, treinamento, remuneração, retenção de talentos, ambiente de trabalho e relações trabalhistas. Entre os palestrantes, Camile Papazian, consultora do Hay Group, avaliará a evolução da remuneração no setor de autopeças, cabendo a José Pastore, professor da FEAUSP, explicar os cenários atuais nas relações trabalhistas. André Portela Souza, professor da GV, vai apresentar um estudo sobre o custo do trabalho no setor de autopeças. Data: 13 de maio de 2013 Local: Mercure Grand Hotel Parque do Ibirapuera, Rua Sena Madureira 1355 Bloco 1 - Ibirapuera - São Paulo -SP

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Conselho Editorial Celso Zimmermann, Henrique Steffen, José Alquati e Thiago Alves

Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Auto Peças (ASDAP) Endereço: Rua Domingos Martins nº 360, sala 403, Centro - Canoas/RS Site: www.asdap.org E-mails: atendimento@asdap.org executivo@asdap.org Telefone: (51) 3059-8034

Conselheiros Celso Zimmermann (zimmermann@asdap.org) Fernando Bohrer (recove@asdap.org)

Marcelo Zambonin - Diretor Financeiro (financeiro@asdap.org)

Agenda

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Flávio Telmo - Diretor Administrativo (administrativo@asdap.org)

Rogério Mendes Colla - Vice-Presidente (vicepresidencia@asdap.org)

Henrique Steffen - Presidente (presidencia@asdap.org)

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Diretoria Executiva

Expediente

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