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Distribuição gratuita Brasília, 19 a 25 de março de 2016
Ano VI - 251
A semana começou ruim e terminou ainda pior para o governo. Após as gigantescas manifestações em defesa do impeachement, ocorridas em todo o país, no domingo (13), a presidente reagiu nomeando Lula para a Casa Civil. Mas, gravações feitas com autorização do juiz Sérgio Moro comprometeram o expresidente. A oposição não tem dúvidas de que Lula sucumbirá a Moro. PÁGINAS 4 a 11
Pelaí
O kujuba
Rollemberg aborta CPI da Saúde
Em 13 anos o petismo desagregou o Brasil
Henrique matthiesen
sebastião nery
PÁGINAS 2 e 3
As novas formas de autoritarismo PÁGINA 3
PÁGINA 4
O “Jarareco” desastrado PÁGINA 6
Zilta Marinho
Os Reis não são expulsos, eles partem... Será? PÁGINA 10
Gustavo Goes
O Brasil passado a limpo PÁGINA 11
Wasny de Roure
Organizações Sociais da Saúde, Hospitais e PPP PÁGINA 12
Mario pontes
Quem sai a queimar... PÁGINA 13
E
x p e d i e n t e
Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor de Arte Gabriel Pontes redacao.bsbcapital@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com Cel: 61-9139-3991 Impressão Gráfica Jornal Brasília Agora Tiragem 20.000 exemplares e
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CARTAS
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Briga de rua Pode até ser golpe. Mas o que a presidenta está fazendo para sair da crise que ela criou? Diga-me! O país tá acabado. Comércio e indústria... tudo fechando. Desemprego e o pior poder de compra. Tudo que Lula e Dilma fizeram nos seus primeiros mandatos foi para o beleléu. nCristiano Ribeiro, via Facebook
2 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Pelai
Política
O
Rollemberg aborta CPI da Saúde Será em vão o esforço do deputado Lira (PHS) para abrir na Câmara Legislativa uma CPI para investigar o sistema de Saúde pública do DF. Enquanto discursava em favor da criação da comissão, Lira ouvia sussurros do secretário de Relações Institucionais, Igor Tokarski, pedindo para que desistisse da ideia. Em seguida, alguns deputados receberam telefonemas do governador, Rodrigo Rollemberg pedindo que adiassem a criação da CPI, cujo objeto seria investigar o desaparecimento de remédios das farmácias públicas, suspeitas de irregularidades na compra de equipamentos e máestão na área.
Luzia de Paula e Juarezão no PSB O PSB começou a legislatura sem nenhum deputado distrital. No final de 2015, com a ida de Joe Valle (PDT) para a Secretaria do Trabalho, a legenda de Rodrigo Rollemberg ganhou seu representante na Câmara Legislativa: o suplente Roosevelt Vilela. Com a janela para troca de partido, os socialistas reforçaram sua bancada. Luzia de Paula (ex-PEN) e Juarezão (ex-PRTB) assinaram a ficha de filiação na quintafeira (18). A articulação foi feita pelo próprio governador.
Troca-troca
ex-presidente da Terracap, Alexandre Navarro, está em paz com o governador Rodrigo Rollemberg e já assumiu a Bsb Ativos, do conglomerado do Banco de Brasília, que administra o Contact Center do BRB. Júlio César de Azevedo Reis é o novo presidente da Terracap e Carlos Antônio Leal o diretor técnico.
Não foi só no PSB que se reforçou. O PPS agora tem os distritais Raimundo Ribeiro (ex-PSDB) e a presidente da Casa, Celina Leão (ex-PDT). Cristiano Araújo, conforme antecipou o Brasília Capital, deixou o PTB e filiou-se ao PSD. Robério Negreiros (ex-PMDB) e Telma Rufino, que estão sem partidos, podem definir o futuro após o prazo para as mudanças partidárias, que terminou na sextafeira (18).
É uma vergonha ver tanta gente sendo manipulada por esses partidos de oposição. Se estivessem bem informados e tivessem bom senso, jamais estariam apoiando esse golpe. nRoberto Medina, via Facebook
com firmeza para o crescimento, através da retomada de políticas sociais vigorosas, reabertura do crédito popular, a abertura de novos postos de trabalho, estas serão tarefas para o grande líder do povo brasileiro. Lula é a solução para o nosso governo. nAntônio Sabino, via Whatsapp
Rearticular a base de apoio ao governo Dilma e atuar
Desburocratizando Rollemberg sancionou a lei que visa desburocratizar a liberação do habite-se. A norma muda as regras para empreendimentos que provoquem aumento do fluxo de pedestres e de veículos. Agora, será cobrada uma Contrapartida de Mobilidade Urbana em vez do RIT.
Alunos da Estrutural visitam a CLDF Isso não se faz com crianças! Vão aprender o quê? Como chantagear e achacar? Como ganhar muito dinheiro sem trabalhar? Levar crianças a um antro mal afamado como a Câmara Legislativa é maldade com elas e altamente deseducativo. nHélio Doyle, via Twitter
Política
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Celina acelera a TV Legislativa A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDTfoto), trabalha para colocar no ar, nos próximos meses, a nova TV Legislativa, com canal aberto e sinal digital. Celina tem tratado da aquisição dos equipamentos e da programação, que será produzida em parceria com a Câmara dos Deputados.
Multiprogramação para todo o DF “Hoje, a TV Legislativa está restrita a um canal por assinatura, via cabo. Pretendemos que, por meio dos recursos de multiprogramação, a CLDF possa levar a sua programação a todo o DF, com informações do poder Legislativo e a prestação de serviços e campanhas informativas”, adianta Celina. Atualmente, a CLDF produz uma programação transmitida via TV Web, de suas atividades legislativas (sessões no Plenário e comissões e audiências públicas).
Rádio FM Segundo a presidente, a Casa tem recursos próprios destinados à publicidade, os quais poderão ser utilizados. A execução da programação ficará a cargo da UnB. Paralelamente ao processo, corre o pedido da CLDF de ter uma rádio FM a partir de outubro, quando haverá em todo o País a migração dos sinais das rádios de AM para FM, com o fim da transmissão analógica da tevê, que passará a ser digital.
Rosso preside o impeachment O deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) é o presidente da comissão que dará o parecer sobre o impeachment de Dilma Rousseff. A primeira das dez sessões até que a presidente apresente sua defesa foi realizada na sexta-feira (18). Rosso acredita que o processo na Casa estará concluída em 45. Jovair Arantes (PTB-GO) é o relator. Ele e Rosso são aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), maior adversário da presidente.
Errata A 250ª edição (12 a 18 de março) do Brasília Capital circulou com a manchete “A cobra vai fumar”, destacando as manifestações contra e a favor do governo Dilma marcadas para o domingo (13). Entretanto, o Ato em Defesa da Democracia, organizado pelos segmentos favoráveis à presidente da República, foi cancelado na sexta-feira (11) à noite, após o fechamento do jornal. Pela divulgação da notícia equivocada, pedimos desculpas aos nossos leitores.
Henrique Matthiesen (*)
As novas formas de autoritarismo
E
xiste uma grande e inconfundível simetria entre os grandes déspotas do século XX Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, dentre outros. Todos tinham a percepção e o discurso de higienização da política. Eram os verdadeiros bastiões da moral e ferrenhos inimigos da corrupção. Essa era a face da tirania e do fascismo do século XX, onde o autoritarismo era facilmente perceptível. Hoje, o fascismo age de forma mais fracionada, diversa, e sua percepção se torna mais difícil, uma vez que os déspotas contemporâneos usam togas, crachás e outras identidades funcionais, e contam também com amplo apoio popular. Dentre as características destas gerações de fascistas encontramos a hipocrisia e a seletividade de seus objetivos. Eles são ideológicos em suas ações. Agridem o Estado Democrático de Direito, de forma dissimulada insular, e de forma insidiosa é praticado sob a aparência da legalidade, ou seja, a pretexto da aplicação da lei e da realização completa das “regras”. Muitos destes são elevados à condições de heróis pela manipulação odiosa e cínica do monopólio da desinformação e da seletividade a que buscam. O arbítrio ideológico encontra eco e cumplicidade nos setores depreciativos de democracias e de direitos individuais, em alguns casos no monopólio midiático. O Brasil teve uma ditadura militar que durou 20 anos. Tivemos a experiência trágica de um Estado Ditatorial, onde os argumentos para o rompimento da ordem democrática seguiram o protótipo de todos os déspotas, ou seja, o combate à corrupção, que a Historia provou ser um embuste. Outra característica do golpe no Brasil foi o apoio incisivo do monopólio midiático – Rede Globo, Folha de S. Paulo, o Estadão, entre outros. Uma das marcas mais sombrias do
arbítrio dos generais foi a decretação do AI-5, visto como uma das maiores arbitrariedades da época. O decreto permitia ao presidente estabelecer o recesso indeterminado do Congresso Nacional e de qualquer outro órgão legislativo, em esfera estadual e municipal, cassar mandatos e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão por dez anos. Além disso, poderia ser realizado o confisco dos bens daqueles que fossem incriminados por corrupção. O AI-5 suspendia as garantias individuais ao permitir que o habeas corpus perdesse a sua aplicação legal. A partir de então, autoridades militares poderiam prender e coagir os cidadãos de forma arbitrária e violenta. Logo após a publicação do AI-5, vários jornalistas e políticos foram lançados na cadeia. Tempos mais tarde, o presidente Costa e Silva se dirigiu à nação dizendo que tal ato fora necessário para que a corrupção e a subversão fossem combatidas, e a democracia resguardada. Hoje, atos como a prisão de suspeitos antes de culpa formada, a prática odiosa da tortura psicológica, em detrimento do encarceramento para forçar a delatar os outros ou a quem interessa a autoridade, e o vazamento seletivo para formação e conquista da opinião pública para continuar cruzadas ideológicas, é a nova face do autoritarismo em que vivemos.Simultaneamente, desenvolve a cultura do ódio e da segregação social, que é outra característica de tempos autoritários. A falta de percepção de que direitos fundamentais estão sendo violados e que edificamos déspotas à condição de heróis e higienistas da nação é um retrocesso incalculável que pode nos levar às rupturas e à situações gravíssimas. Por isso, é importante a vigilância e a resistência contra a nova forma de autoritarismo que se apresenta no século XXI, uma vez que as experiências pretéritas são de triste memória para humanidade.
o kujuba
Política
U
m amigo visitou Luiz Estevão e saiu preocupado com o ex-senador, preso há duas semanas na Papuda. A imagem de homem altivo e pronto a enfrentar todas as adversidades está destruída. Estevão chora quando calcula que sairá do cárcere com mais de 70 anos e teme pela segurança da família.
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Em 13 anos o petismo desagregou o Brasil divulgação
Lamentável o grau de desagregação política a que chegou o Brasil. Investigada pela Procuradoria Geral da República, que abriu inquérito contra ela, a decadente Dilma Rousseff leva para dentro do Palácio do Planalto, para chefia a Casa Civil, um ex-presidente também investigado. O vice-presidente é igualmente citado em vários momentos na Operação Lava-Jato. O presidente da Câmara dos Deputados é investigado, ao que se noticia, em vários inquéritos relacionados à mesma Lava-Jato. O presidente do Senado está na mesma situação, além de inúmeros deputados, senadores, governadores e ministros que são objeto de investigação, seja na República do Paraná ou no STF. Isto para ficar dentro da esfera política. Em inédito e, espera-se, improvável caso de nenhum dos citados acima poder vir a assumir o governo em eventual necessidade, pois seria a maior prova de que o fundo do poço realmente chegou! Em tese, estaríamos nas mãos do presidente do Supremo Tribunal Federal. Sem qualquer demérito ao hoje ocupante do cargo, mas talvez isso seja ainda mais preocupante, pois ao Judiciário deveria caber o papel único de fiscalizar a ação dos demais poderes, julgar e punir eventuais condutas ilícitas, sempre dentro dos limites legais, atento aos princípios
constitucionais, penais e processuais, fora do mercado negro de delações premiadas seletivas que se multiplicam. Mas o maior poder desagregador partiu do pseudo-líder Luiz Inácio Lula da Silva. A Nação ouve, estarrecida, as gravações de suas conversas com diversos atores e sente um frio na espinha. Como pôde o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva enganar a todos, o tempo todo? Quanta falta de respeito às autoridades constituídas e aos órgãos de controle! Quanta falta de caráter desse cidadão ao usar termos chulos para qualificar seus antigos parceiros políticos, com palavras que se diz em cabaré de quinta categoria! O Sr. Luiz Inácio Lula da Silva atacou a todos nós como so-
ciedade, e àqueles que lhes confiaram seus votos. A que ponto esse cidadão chegou em sua falta de caráter e de urbanidade! Tudo que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva construiu no ambiente político institucional foi depositado em uma latrina, de onde foi gestado. Tudo nesse cidadão fede! E o que mais nos deixou estarrecidos foi o fato da decadente presidenta da República cometer tantos desatinos. Como pode uma chefe de Estado levar para gerir o Brasil aquele que ajudou a desconstrui-lo? O Supremo Tribunal Federal tem que dar respostas duras aos ataques chulos palrados por esse cidadão irresponsável, que tenta posar de
estadista, que não passa de um corrupto e chefe de quadrilha. A nós, brasileiros, fica a missão de não deixar que essa farsa e esse desrespeito se concretizem. A Sra. Dilma Rousseff deveria ter um lampejo de grandeza, deixar o cargo que ocupa, e ir cuidar dos seus netinhos. Eles com certeza lhe ensinarão a ter um pouco de bom-senso. Ainda é tempo, Sra. Dilma! Este final de semana será longo, e poderá ser o tempo suficiente para a tomada da decisão que, em tese, resgataria alguma coisa boa que eventualmente tenha apreendido em seus longos dias de presa política da ditadura militar. A esperança da Nação é de que ela não queira voltar para lá!
Desde 2009 o fumo deixou de fazer mal para a minha saúde. E para a de muita gente aqui no DF. Nesse ano, ele foi proibido, definitivamente, em todos os locais de uso coletivo. Eu, que era fumante passiva, comemorei bastante. Hoje, tenho a mesma idade da Câmara. E fico feliz em saber que, durante todos esses anos, ela tem criado leis que me beneficiaram de alguma forma. 25 ANOS APROVANDO O MELHOR PARA VOCÊ.
Glícia de Paula Garçonete, 25 anos
Lei Antifumo nº 4.307/2009
0800 941 8787 www.cl.df.gov.br
Política
6 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Sebastião Nery O “Jarareco” desastrado RIO – O Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, estava agitado naquela noite, em 1984. O governador Franco Motoro tinha convocado os governadores do PMDB e Leonel Brizola, do PDT, para jantar. Com a derrota das eleições diretas na Câmara, ia ser lançada a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, pelo Colégio Eleitoral. Montoro tinha dado ordens expressas à portaria: só entravam os convidados: governadores, senadores, deputados federais e estaduais e os jornalistas credenciados. De repente surgiu uma confusão lá fora. Um homem baixinho chegou sem convite e foi barrado. O major-chefe da guarda não o deixou entrar. Ele disse que era governador, o major não acreditou. O baixinho reclamou aos gritos. Lá da varanda, vi, reconheci o visitante e avisei ao governador Franco Montoro, que saiu rápido. O major grandalhão estava barrando com o braço o pequenino governador do Acre, depois senador, Nabor Júnior, um metro e meio de altura. Montoro chegou aflito e irado: - Major, pode ir embora! Está afastado do Palácio! Não tem condições de exercer essa função. Não conhece o governador Nabor Júnior, do Acre? O major, coitado, quase chorou, abaixou a cabeça e foi saindo: “Ai meu Deus! Desde a escola primária que esse Acre me persegue. Eu nunca acertava a capital. Como é que eu ia acertar agora o governador?”. Nabor já estava lá dentro. E nós, alguns deputados e jornalistas, às gargalhadas, pedimos a Montoro para perdoar o pobre major. Foi perdoado. Lula - Lula é o major do Palácio dos Bandeirantes. Um desastrado. Só se mete na hora errada. E diz besteiras sem parar. Preocupado em manter-se como líder maior do PT, quando abre a boca é para escancarar o baixo nível po-
lítico de sua esperteza. E o pais lhe dando novos, criativos e perfeitos apelidos, como agora o de “Jarareco”: mistura de “jararaca com pixuleco”.
Milton Reis - Conheci Milton Reis (foto) na década de 1950.Vizinhos de andar no Hotel Financial, em plena Avenida Afonso Pena, no coração de Belo Horizonte. Educadíssimo, de simpatia cativante e boas posições políticas, ele trabalhava para o banqueiro Antônio Luciano, dono do hotel e do Banco Financial, e dava seus primeiros passos na vida pública, onde exerceria sucessivos mandatos de deputado estadual e federal pelo PTB mineiro. Milton era homem de confiança de João Goulart em Minas, amigo próximo de Juscelino Kubitschek e aliado fiel de Tancredo Neves. Foi fidelíssimo à candidatura do marechal Lott à presidência em 1960, mesmo sabendo do naufrágio que se anunciava diante do furacão janista. Dispensou a presença do pesado candidato da coligação PSD-PTB e percorreu sua região de influência, o rico e histórico sul de Minas, levando a suave e carismática Edna Lott, a filha, que encantava com sua palavra fá-
cil e seu charme, e que iria ter morte trágica, anos depois, na estância climática de Lambari, assassinada por um ex-namorado. Em 1964, Milton Reis escapou do Ato Institucional nº 1 por conta da má informação dos milicos. Passou por puro descuido, após ter sido um escudeiro fiel do governo de Jango. Reelegeu-se deputado federal pelo MDB mineiro em 1966, ao lado de outros grandes nomes, como Tancredo Neves, Simão da Cunha, José Maria Magalhães, Renato Azeredo, João Herculino, Celso Passos e Nísia Carone. Fez dura oposição ao regime militar e, como vice-líder do líder Mário Covas, encaminhou a votação em que a Câmara dos Deputados negou licença para processar Márcio Moreira Alves. No AI-5, em dezembro de 1968, apenas o discreto Renato Azeredo e Tancredo Neves (irmão de general...) escaparam da fúria que dizimou a admirável bancada do MDB de Minas. Cassado, Milton Reis foi cuidar da vida. Publicou livros de poesia (um deles, “Vozes da Minha Fonte”, prefaciado pelo mestre Agripino Grieco, foi saudado pela crítica como de altíssimo nível), abriu uma financeira e ficou rico. Mas não transigiu, não se acumpliciou, não aderiu aos golpistas de 64. Manteve-se retilíneo e fiel às suas profundas convicções democráticas. Até que, em 1982, fazendo a campanha de Tancredo ao governo mineiro, recuperou o mandato que a ditadura lhe havia roubado. Foi meu colega na Câmara, dos melhores e mais atuantes. Milton era um animal político. Amigo de Tancredo, apoiou Aécio para a Presidência e fez um concorrido jantar em sua casa para o ex-deputado Pimenta da Veiga, candidato tucano ao Palácio da Liberdade. Perguntado pelas possibilidades de Pimenta, foi mineiramente sibilino: “venha, te espero. Não é um jantar de homenagem, é de solidariedade. O Pimenta é boa gente e vai ganhar muita experiência”. Morreu em Minas meu querido colega, dileto amigo Milton Reis.
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Quando um aluno da rede pública passa na UnB, ele não é aprovado sozinho.
Lizeth Santos, porteira de uma das escolas de ensino público do DF.
Lizeth é porteira de uma das escolas da rede pública de ensino de Brasília que tiveram alunos aprovados na UnB pelo PAS. Ao todo, 882 futuros calouros vieram da rede pública. O Governo de Brasília reconhece o empenho dos estudantes, familiares, professores e trabalhadores da educação que, juntos, acreditam que fazer mais por nossos alunos é uma conquista de todos.
Política
8 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Orlando Pontes uando, seu moço, nasceram meus dois rebentos, eu não tinha nem nome pra lhes dar. O primeiro chegou ao mundo em Garanhuns, em meio a uma seca terrível no sertão de Pernambuco. Tinha cara de fome e o fato de ele ter sobrevivido a tanta dificuldade foi um milagre. Batizei-o de Luiz Inácio. Ao segundo, branquinho e bem nutrido, com jeito de ariano, dei à luz em Maringá. Eram dias de fartura no Paraná. Merecia nome mais chique do que o outro. Registrei-o como Sérgio. Luiz Inácio, mesmo mirradinho e buchudo, cheio de verme, sempre foi determinado. Mal aprendeu a falar, um dia ele me disse que chegava lá. Como eu não sabia aonde ele queria chegar, só pude rezar pra tudo dar certo quando ele resolveu se mudar pra São Paulo. Fiquei sabendo, tempos depois, que fizera um curso de torneiro mecânico e militava em sindicato. Tornou-se um líder. Que orgulho! Ele honrava o sobrenome Silva, de gente do povo. Sérgio, ao contrário, sempre foi compenetrado, estudioso. Ainda criança também me prometeu que seria alguém na vida. Sonhava ser advogado. Jamais quis sair de sua cidade natal. Formou-se em Direito em Maringá, e virou juiz federal. Muito religioso, frequenta a Opus Dei, segmento católico ortodoxo que reza missa em latim. O sobrenome Moro confere-lhe glamour e adequa-se ao seu perfil de homem da lei. Embora irmãos, os caminhos dos meus dois filhos só se cruzaram depois de adultos. Luiz Inácio, mesmo com pouco estudo, tornou-se presidente da República. Toda vez que me visitava trazia carregamento, pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador. Eu tinha até medo e rezava pra ele chegar cá no alto do morro. Afinal, essa onda de assaltos está um horror! Sérgio constituiu família e até abriu um lava-jato, atividade paralela à sua função de juiz. Ali ele passa a limpo todas as sujeiras do país. Comete seus excessos, é verdade. Afinal é humano e fanático pelo que faz. Atribuo seus equívocos à determinação de seguir, a qualquer custo, suas convicções legalistas. Luiz Inácio casou-se com Marisa Letícia, moça humilde e trabalhadora, a quem ele procura, de todas as formas, dar uma vida confortável. Não só a ela como aos filhos, em nome dos quais abriu várias empresas com sócios poderosos. Comprou um pequeno sítio em Atibaia e até um triplex no Guarujá. Tudo em nome dos amigos. Luiz Inácio não tem essas vaidades patrimonialistas. Numa conversa no lava-jato, Sérgio descobriu algumas estripulias de Luiz Inácio, de quem não sabia ser irmão. Foi investigar. Era muita maracutaia, como dizia o próprio Luiz Inácio, dado a botar nome nas coisas. Dinheiro para ele é Pixuleco. Propina é acarajé. Pra não complicar, Luiz Inácio me trouxe uma bolsa já com tudo dentro: chave, caderneta, terço e patuá. Tinha até lenço e uma penca de documentos, pra finalmente eu me identificar.
Olha aí! Os meus guris chegaram lá. Sérgio, com sua Bíblia, crucifixo e Constituição na mão, é o juiz da limpeza do Brasil. Luiz Inácio, embora me pareça um pouco cansado e abatido, também chega estampado, manchete, retrato. Só acho estranha aquela venda nos olhos, com legenda e as iniciais. Não entendo essa gente, seu moço, fazendo
Política fotos: divulgação
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Cronologia da crise •13.3 – Domingo 4 milhões de brasileiros vão às ruas em mais de 350 cidades pedir a saída da presidente Dilma, a prisão de Lula. Os manifestantes apóiam a operação Lava-Jato e defendem a prisão de corruptos •14. 3 – Segunda-feira Circula a informação de que Lula aceitou o convite para ser ministro. Dilma se pronuncia considerando as manifestações “vigorosas e parte do processo democrático” •15. 3 – Terça-feira A delação premiada do senador Delcídio Amaral é homologada pelo ministro Teori Zavascki, do STF. A revista Veja publica áudio de conversa do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, com assessor de Delcídio do Amaral sobre suposta ajuda para impedir a delação completa por parte do senador. •16. 3 – Quarta-Feira Lula é confirmado como novo ministro da Casa Civil ganhando foro privilegiado.
Lula toma posse como ministro-chefe da Casa Civil Advogado entra com ação e Juiz Itagiba Catta Preta Neto suspende ato de posse de Lula. Juristas se dividem quanto à legalidade do ato do juiz federal Sérgio Moro de liberar os áudios de conversas de Lula gravadas pela PF. Sérgio Moro divulga documento completo com exposição de motivos para quebra do sigilo das gravações. Dilma se mostra indignada com vazamento de sua conversa com Lula. STF conclui julgamento referente ao procedimento sobre o impeachment. Eduardo Cunha convoca deputados e comissão especial para o impeachment é formada. Dilma é notificada sobre a abertura do processo de impeachment. •18. 3 – Sexta-feira Em São Paulo, manifestantes contra Dilma entram em confronto com manifestação contra o impeachment convocada pelo PT e CUT.
Juiz Sérgio Moro retira sigilo do processo da Operação Lava-Jato. Revista Época divulga gravação de conversa telefônica em que Dilma informa a Lula que está encaminhando um papel para ele assinar antes de embarcar. Destaca que deve ser usado em caso de necessidade. Era o termo de posse de Lula como ministro. Governo publica edição extra do Diário Oficial com a nomeação de Lula. Redes sociais convocam e população revoltada volta às ruas. Em Brasília 5 mil pessoas se concentram em frente ao Palácio do Planalto. Em São Paulo, a Avenida Paulista é tomada por manifestantes que pedem a renúncia da presidente.
alvoroço demais. Acho que ele tá rindo e lindo de papo pro ar. Desde o começo, seu moço, ele sempre me disse que chegava lá. Com o coração partido de uma mãe adorada, assina:
Pátria Amada, Brasil
Polícia acompanha. •17. 3 – Quinta-feira Imprensa divulga várias gravações de Lula conversando com autoridades e advogados. Ele se refere a autoridades de todos os poderes usando termos chulos.
É realizada a primeira sessão da comissão especial do impeachment. Divulgado áudio de Rui Falcão, presidente do PT, pedindo ao ministro Jacques Wagner para interferir contra o pedido de prisão de Lula feito pelo promotor de Justiça Cássio Conserino. OAB decide apoiar o impeachment da Presidente Dilma. Assessor parlamentar de Delcídio Amaral que gravou conversa com Mercadante é exonerado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Ministros Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, do STF, afirmam que Lula ofendeu o Judiciário. Em carta aberta, Lula diz que respeita o STF e pede justiça. Grupo anti-Dilma é retirado da Avenida Paulista com jatos d´água e bomba, após 39 horas de protesto.
Política Zilta Marinho
N
o domingo (13), ocorreram as maiores manifestações populares já registradas na história do Brasil. Convocadas pelas redes sociais, 4 milhões de pessoas foram às ruas protestar contra o governo Dilma Rousseff. Lideranças oposicionistas e situacionistas foram hostilizadas. “Fora corruptos”, “fora Dilma” e “apoio à operação Lava-Jato” eram as bandeiras. A figura em destaque foi o juiz federal Sérgio Moro. Dilma não caiu e não pediu pra sair e ainda reforçou sua equipe com a indicação do ex-presidente Lula para a chefia do Gabinete Civil da Presidência. E agora? Há muitos exemplos de rupturas. Conta a História que em 17 de novembro de 1889 a família real embarcou para Portugal de madrugada para evitar a reação da população depois de proclamada a República no dia 15, fazendo valer assim o dito popular: “Os reis não são expulsos, mas partem”. Rapidamente eram alterados os nomes e símbolos do Brasil para mostrar que a República tinha vindo para ficar. No início do século passado, na chamada República Velha, houve o agravamento da crise econômica, revoltas, acirramento de conflitos políticos, o Tenentismo, a Coluna Prestes e outros movimentos que culminaram com a Revolução de 1930, quando assumiu Getúlio Vargas pelo então Partido Democrático. Considerado um grande líder, mais tarde fundaria o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1954, acuado por denúncias, Getúlio sai “ da vida para entrar na história”, cometendo suicídio. O Rei está morto. 1964 e a Democracia - Mudanças também ocorreram quando, em 1964, João Goulart se exilava no Uruguai. O Rei foi deposto. O governo militar que se seguiu ,mudou o nome do país de Estados Unidos do Brasil para República Federativa do Brasil, alterando também o brasão e outros símbolos. O primeiro presidente militar pretendia, depois de reorganizado o pais, entregar a presidência a
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Os Reis não são expulsos, eles partem...
muito.Em 1992 foi tirado do poder por meio de um impeachment após denúncias de seu irmão Pedro e da confirmação de que fora beneficiado em transações ilícitas. O Rei era deposto. Itamar Franco (PMDB), seu vice, assumiu. A inflação era alta e a corrupção persistia. Mudanças eram necessárias. O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, pôs em prática o Plano Real, e foi eleito e reeleito presidente implementando as etapas previstas para estabilização da moeda e controle da inflação.
Dito popular da época do Império pode retratar a atual situação política do Brasil
A Era PT - Lula (PT) que tanto havia tentado se eleger finalmente se torna presidente sucedendo FHC e mantendo as propostas do Plano Real. Estabelece políticas sociais atendendo às necessidades dos menos favorecidos. Reelege-se com expressiva votação, apesar do envolvimento de seus partidários num grande processo de corrupção conhecido como Mensalão. Faz Dilma Rousseff (PT) sua sucessora. Mesmo sem o carisma de seu padrinho político, ela consegue se reeleger numa disputada eleição. A Rainha permanece na sombra do Rei que não partiu. Crises externas, crise do petróleo, agravamento de problemas na economia interna associados à falta de liderança política balançam novamente as bases da democracia. Com a Operação Lava Jato avançando sobre membros do governo, o povo vai as ruas repetidas vezes. Com o mote “Ou você vai ou ela fica”, milhões de pessoas pediram a saída da presidente, a prisão de Lula e a cassação do PT. Na quarta-feira (16), Lula é anunciado chefe da Casa Civil. O Rei reassume com o consentimento da Rainha. Em momentos de exaustão, como os que estão sendo vividos agora pelos brasileiros, muitos são os oportunistas que se apresentam como salvadores da pátria. E a frágil República balança. Vive o Brasil uma nova ruptura? A Rainha e o Rei serão expulsos? Vão partir? Reinarão? Quem serão os exilados? Só o tempo dirá.
Será?
Wilson Dias/Agência Brasil
Dilma anuncia Lula na Casa Civil: a Rainha permanece na sombra do Rei
um eleito pelo povo. Acabou passando o poder a um outro militar. Ao todo, foram vinte anos de militarismo, com cinco generais presidentes. Aos chamados anos de chumbo sucedeu-se uma eleição indireta. Tancredo Neves (PMDB) foi eleito presidente e José Sarney (PMDB) seu vice. Era a Nova República. Mas Tancredo, a esperança do povo, morreu antes da posse e Sarney subiu, sozinho, a rampa do Planalto, assumindo um país que engatinhava numa frágil democracia. Mais uma vez, o Rei está morto. Em 1 de fevereiro de
1987 instalou-se a Assembleia Constituinte e a atual Constituição foi promulgada em 5 de outubro do ano seguinte. Ela encerrava a ditadura e fortalecia as bases democráticas. Na primeira eleição direta depois de anos sem liderança política, uma geração que nunca tinha votado escolheu Fernando Collor, cujo discurso de campanha era o de varrer a corrupção e a “caça aos marajás”. Tal mote também fora usado por Jânio Quadros que renunciou, dando vez a João Goulart. O discurso de Collor não durou
Política
11 n Brasília, 19 a 25 de março de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
O Brasil passado a limpo Em dois anos, Operação Lava Jato revela um gigantesco esquema de corrupção no País. Políticos, empresários e executivos estão presos e R$ 2,9 bi desviados já retornaram aos cofres públicos GERALDO Bubniak/Agência Brasil
Gustavo Goes
vembro de 2015, a PF deflagrou a 21ª fase, denominada “Passe Livre”, que prendeu preventivamente o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. Um dia depois, o senador Delcídio do Amaral (MS), então líder do governo na Casa, foi dedurado pelo filho de Nestor Cerveró, que gravou um áudio no qual o parlamentar tentava convencer seu pai a não fazer a delação premiada. A obstrução à Justiça também levou à prisão André Esteves, então presidente do banco BTG Pactual. Na 23ª fase da Lava Jato foi a vez do publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de 2006, 2010 e 2014 de Lula e Dilma. Em sua última fase deflagrada, a 24ª – ainda são esperadas outras 16 novas – o ex-presidente da República foi conduzido coercitivamente para depor à PF no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
A
Operação Lava Jato completou dois anos na quinta-feira. No dia 17 de março de 2014, a Polícia Federal prendeu 24 pessoas suspeitas de usar uma rede de postos de combustíveis e lava-jato de automóveis em Brasília para movimentar recursos ilícitos de uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Atirou no que viu e acertou no que não viu. Entre os detidos estava o doleiro Alberto Youssef, velho conhecido da PF por suas operações com moeda estrangeira. E ele acabou revelando suas relações com um esquema gigantesco de desvio de recursos e cobrança de propinas na maior empresa estatal do País, a Petrobras. Desde então, o escândalo que ficou conhecido como Petrolão, já conta com 179 acusados, dos quais 67 já foram condenados. Foram celebrados 50 acordos de delação premiada com a Justiça Federal de Curitiba (PR), sob a coordenação do juiz Sérgio Moro. Nada menos de R$ 2,9 bilhões já foram restituídos aos cofres públicos. Foram cumpridos 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condução coercitiva, 133 de prisões cumpridos, 64 prisões preventivas, 70 de prisões temporárias, além de 5 prisões em flagrante. As investigações apontam para um montante de R$ 10 bilhões desviados da Petrobras, embora exista uma projeção de que este número pode chegar a R$ 40 bilhões. Estão atrás das grades o doleiro Alberto Youssef; o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa; o ex-diretor de Servi-
O ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso durante a 12ª fase da operação
ços, Renato Duque; os ex-diretores da área Internacional, Nestor Cerveró e Jorge Zelada; e o ex-gerente de Serviços, Pedro Barusco. Também estão presos executivos de grandes empreiteiras, como o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht; Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, Léo Pinheiro, da OAS; Dario de Queiroz Galvão, da Queiroz Galvão; e Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC. No núcleo político dos envolvidos no esquema foram levados à carce-
ragem da capital paranaense o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os ex-deputados André Vargas, Luiz Argôlo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE). Eles foram presos na 11ª fase, batizada de “A Origem”. Dois meses depois, com a Operação Pixuleco, o Partido dos Trabalhadores sofreu outro revés: o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi preso quando ainda cumpria a sentença do Mensalão. Risco ao Planalto - o dia 24 de no-
Oposição - Apesar da maioria dos envolvidos integrarem a cúpula do governo, a oposição não está isenta de participação no esquema. O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, foi citado cinco vezes em delações premiadas. Porém ainda não é considerado investigado pela Justiça. Delcídio afirmou em sua delação que o tucano recebeu propina de Furnas e também estaria envolvido na CPI dos Correios. Seu correligionário Antonio Anastasia é investigado pelo STF. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), também são investigados. Os peemedebistas Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Anibal Gomes (CE), Valdir Raupp (RO) e o petebista Fernando Collor (AL) também estão na mira da PF.
Cidades
12 n Brasília, 12 a 18 de março de 2016 redacao.bsbcapital@gmail.com
Wasny de Roure (*)
Organizações Sociais da Saúde, Hospitais e PPP
O
s Governos Estaduais, desesperados com a crise auto-infligida de má-gestão na saúde, estão apelando, sem conhecimento de causa, para a cessão da responsabilidade sobre unidades públicas de saúde para Organizações Sociais sem tradição no ramo. É a marcha da insensatez para o fundo do poço na saúde pública. Tais contratações, por meio de convênios firmados entre as OSs e as Secretarias de Saúde, não passam pelo critério da concorrência pública, não cursam por licitações abertas e não observam diversos princípios legais brasileiros que regulam as relações público-privadas. As OSs nunca foram devidamente regulamentadas em diversos estados do país, inclusive no Distrito Federal, não estão subordinadas a um sistema de controle administrativo minimamente crível e, embora, tenham o selo de “sem fins lucrativos”, na realidade
são arapucas para o desvio de dinheiro do contribuinte e enriquecimento sem causa dos diretores e operadores privados. Não há, também, quanto aos convênios já firmados no País, estudos que confirmem alguma sistematização das obrigações, mensuração de resultados, análise de custo e benefício, ou qualquer tipo semelhante de controle. Ao contrário, há inúmeras citações de fraudes e desvios, dado que são instituições privadas que operam com recursos públicos, mas que não se reportam aos controles estabelecidos para o setor público. As Organizações Sociais da Saúde, disseminadas pelo país após 2003, em sua maior parte são organizações criminosas, cujo objetivo mais evidente é criar um mecanismo de desvio de recursos públicos da saúde, sem qualquer base histórica na benemerência. Não custa lembrar a origem da Lei das OSs - foi criada em São Paulo - para
Fernando Pinto (*)
O diplomata que ampliou as fronteiras do Brasil
N
ão fosse o talento de um jovem que se apaixonou pela noite do Rio de Janeiro na época do Império, as fronteiras do Brasil seriam hoje bastante reduzidas, mesmo sem perder a condição de “gigante pela própria natureza”. Nascido em berço de ouro, alto, louro e bonito, o carioca José Maria da Silva Paranhos Júnior, mais conhecido por Juca Paranhos, era disputado pelas bailarinas francesas do sofisticado cabaré Alcazar Lyrique de Père
Arnaud, localizado no centro da cidade. Ele namorou e acabou casando com a linda belga Philomène Stevens, 22, com quem teve cinco filhos. Trocando a noite pelo dia, constituía verdadeiro mistério como Juca Paranhos conseguira tempo para consolidar a cultura versátil, exibida nas rodas dos intelectuais da capital brasileira. Bacharel em Direito e poliglota, circulou temporariamente em várias profissões tidas como de elite, entre as quais atuou como pro-
permitir o repasse de fundos públicos para entidades do terceiro setor que, de fato, vinham prestando serviços de saúde, por longo período, tais como a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (quatrocentona) ou os Hospitais das Irmãs Marcelina, realmente benemerentes e de grande impacto na cidade de São Paulo há muito tempo. Em paralelo às OSs, na mesma época, surgiu, no período de governo de Jacques Wagner, na Bahia, o contrato de PPP em hospitais, cujo exemplo mais evidente é o Hospital do Subúrbio, em Salvador, ganhador de cinco prêmios internacionais como ‘modelo de sucesso em PPP Hospitalar no Hemisfério Sul’, entre eles os concedidos pelo Banco Mundial e a ONU. O Hospital do Subúrbio há cinco anos vem demonstrando alta eficiência na utilização dos recursos públicos que recebe, com altíssima resolubilidade, altíssima eficiência cirúrgica e ambulatorial e é, aí sim, um modelo a ser seguido na gestão pública da saúde, pois o operador privado venceu uma licitação, tem fins lucrativos, pois investiu seu capital no hospital, possui grande experiência na gestão hospitalar privada e administra o hospital público sem nenhuma cobrança aos usuários, como se particular fosse, pois está submetido a um contrato de PPP mui-
to detalhado sobre o padrão de serviços que deve seguir, além dos controles setoriais típicos (Secretaria da Saúde, Anvisa, CRM, Verificador Independente, Auditoria Independente, Fiscos Federal/Estadual/Municipal). Com as notícias diárias da Operação Lava-Jato, fomos informados de que a “cegueira deliberada do contratante público” – a contratação de entidades notoriamente sem experiência no ramo, criadas apenas para realizar o “convênio”’, sem nenhum capital próprio, sem precisar demonstrar histórico no setor, sem equipes técnicas treinadas, sem sistemas informatizados, sem responsáveis técnicos minimamente qualificados, constitui crime passível de punição severa. Esse alerta deveria servir de referência para governos estaduais, como o GDF, assoberbados com a falência de seus sistemas de saúde, em regiões sem tradição de benemerência, podendo tais convênios assinados sem o devido processo licitatório, de modo absolutamente improvisado, originar graves problemas ao contratante e ao público, dando causa inclusive a pedidos de impeachment por improbidade administrativa e cassações de direitos políticos.
motor de Justiça, parlamentar federal e jornalista, escrevendo para a revista francesa L´Illustration sensacionais reportagens sobre a Guerra do Paraguai. Mas a sua preferência vocacional era mesmo a Diplomacia, muito embora o ingresso fosse dificultado porque era malvisto pela maioria dos membros da Corte, inclusive pelo próprio Imperador, devido à sua explícita assiduidade à boemia, agravada por ser Maçom. Esse sonho só foi concretizado em 1875, com a viagem de D. Pedro II aos Estados Unidos, quando o grande amigo de Paranhos, o herói nacional Duque de Caxias, conseguiu a sua nomeação como Cônsul Geral do Brasil em Liverpool, Inglaterra. Daí em diante, a carreira do jovem representante do Itamaraty subiu aos píncaros, sendo apontado como gênio da Diploma-
cia ao resolver questões relacionadas às divisas do Amapá e Guiana Francesa; Santa Catarina e Paraná, contra a Argentina; e entre o Acre e a Bolívia, conseguindo ampliar as fronteiras do Brasil em cerca de 900 mil quilômetros quadrados, área superior a da França e Alemanha, juntas. Por todos esses méritos, José Maria da Silva Paranhos Júnior foi contemplado com o título de Barão do Rio Branco, em 1900. PS – Casada com Marcus Paranhos, tataraneto do Barão do Rio Branco, minha filha Fernanda herdou o ilustre sobrenome. Mas não costuma usá-lo publicamente, por uma questão de modéstia, optando pelo Sampaio de descendência materna.
(*) Deputado distrital pelo PT-DF
(*) Fernando Pinto é jornalista e escritor
Geral
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Mario Pontes (*)
Quem sai a queimar...
A
os sábados, alguns lavradores amigos, ou simplesmente conhecidos de meu pai, costumavam parar lá em casa, para um papo antes de se dirigirem à feira da cidadezinha, que se prolongava até o meio da tarde. Seu Tomás era um deles. Um dia, no final do verão, respondeu orgulhoso ao meu velho: – Mas é claro! Terminei, bem antes dos vizinhos. Há quinze dias acabei de derrubar a caatinga que cobria o terreno do meu novo roçado. Esperei por uns dias de sol
e ontem, finalmente, botei fogo na galharia. Uma beleza! Viu meu olhar inquisitivo e logo me perguntou, sem esconder o desprezo pela minha condição de menino: -- O que foi? -- Posso lhe fazer uma pergunta, seu Tomás? -- O que um menino do seu tamanho tem pra perguntar? -- O senhor não acaba com sua terra tocando fogo nela todos os anos? -- Ora! Queimar só faz bem. Mas quem é você pra entender coisas de gente grande?
De fato, eu só tinha dez anos, mas... Dei meia-volta, deixei Seu Tomás a rir do meu atrevimento. Fechei a porta atrás de mim e não demorei lá muito a sair ao mundo para viver. E houve algo que depois de alguns anos iria aprender, com a leitura dos discursos que outro Tomás, o lúcido e corajoso Tomás Pompeu, representante do Ceará no Senado do Império, pronunciava na tribuna daquela casa em meados do século XIX. A destruição da cobertura florestal do país, para permitir uma atrasada e predatória agricultura – ele dizia e repetia -- era uma história tão velha quanto a do país. História iniciada no dia em que o primeiro capitão-mor de capitania invadiu a terra da tribo mais próxima, cortou e queimou sua mata, usou-a apenas por um ano e saiu à procura de outra para derrubar, plantar e em seguida abandonar. Sem jamais
pensar nas destruições conexas que levava a cabo. Sem pensar que, com sua ação irracional comprometia o futuro da terra, das águas, da variedade de vida, da qual, aliás, não era dono. Um dia, quando já criara barbas e necessitava de óculos, também me apercebi de que, apesar de suas pretensões civilizatórias, os séculos recentes têm sido tão ou mais ricos de incendiários do que, por exemplo, a sempre invocada Roma de Nero. E que, apesar da sua habitual gritaria de ganhadores do páreo, o sucesso deles não costuma durar mais do que o fugaz período de fertilidade que Seu Tomaz criava cada ano naquela terrinha de Sitio Belo, até acabar com ela e ter de mudar-se para a cidade a fim de disputar o pão com seus mendigos. (*) Escritor, tradutor e ex-editor do Caderno Ideias do Jornal do Brasil
Tancredo Maia Filho (*)
J
untamente com os amigos passarinheiros do Observaves (Fernanda Fernandes, Henrique Moreira e Paulo Lahr), visitei esta semana a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra Linda dos Topázios, no município de Cristalina (GO), de propriedade do jornalista e amigo Jaime Sautchuk. Segundo o WWF-Brasil, “RPPN é uma categoria de unidade de conservação criada pela vontade do proprietário rural, ou seja, sem desapropriação de terra. Além de preservar belezas cênicas e ambientes históricos, as RPPNs assumem, cada vez
Paulo Lahr/Observaves
mais, “objetivos de proteção de recursos hídricos, manejo de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas cientificas, entre vários outros serviços ambientais”. Para Sautchuk “criar uma RPPN é uma forma importante do cidadão que tem a possibilidade de acesso a uma terra, ter também uma participação ativa na preservação da natureza”. A Serra Linda dos Topázios, com 470 ha, foi criada em abri de 1994, sendo a primeira do estado de Goiás. Preserva rica vegetação de Cerrado no meio de uma área vizinha bastante degradada, com a derrubada das espécies
Já foi publicado o livro Flores e frutos do Cerrado, resultado de pesquisa realizada na RPPN e coordenada pela professora Carol Proença, da UnB. Sautchuk ficou animado com a possibilidade de o grupo Observaves ajudar na elaboração de um guia das aves da Serra Linda dos Topázios. Nos arredores da RPPN Serra Linda dos Topázios nativas para plantação de soja, milho e eucalipto. Na passarinhada desta semana, avistamos e ouvimos 25 espécies, entre elas a seriema, o pica-pau-branco e o caminheiro-zumbidor.
SERIEMA Cariama cristata (Linnaeus, 1766) A seriema é uma ave típica do Cerrado. Seu nome vem das palavras em tupi çaria (= crista) + am (= levantada). A crista é formada por um tufo de penas longas, com cerca
de 12 centímetros. É uma das poucas aves que possuem pestanas. Atinge a altura de 70 cm. A maneira mais fácil de diferenciar o jovem do adulto é a cor dos olhos. Nos adultos, os olhos são cinzas; nos jovens, amarelados. O canto da seriema é marcante, alto e longo, parecendo longas risadas. Pode permanecer cantando por vários minutos e ser ouvida a mais de um quilômetro. Alimenta-se de insetos e pequenos vertebrados.
(*) Seja um observador de aves. Junte-se a nós! Informações em: www. observaves.blogspot.com.br
Lazer
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Desapegar para recomeçar Fernanda Sampaio (*)
A
vida é um grande processo evolutivo e de crescimento pessoal. Nada como fazermos profundas reflexões da nossa caminhada e percebermos os bons frutos que já colhemos da jornada da vida. Aí estarão os pontos de acerto, naqueles em que o aprendizado já foi possível e devemos nos orgulhar. Afinal, houve luta e esforço para que a vida nos devolvesse o que era de nosso merecimento. No entanto, muitas vezes ficamos chateados ao rever aqueles aspectos que sempre aparecem na nossa listinha de frustrações/dificuldades. Aqueles que mesmo nos propondo a resolver, nunca conseguimos solucionar e nos sentimos incapazes diante deles. Amiúde, devemos
refletir sobre a nossa dificuldade de desapegar e a importância do esquecimento e do perdão. Ambos são imprescindíveis nos processos de mudança profunda. Achamos, o que seria óbvio, que nos apegamos apenas às coisas boas da vida. Ledo engano. Temos uma enorme facilidade e, por que não dizer, necessidade de nos apegar a coisas e fatos que não nos servem mais.
Acreditamos que temos que guardar tudo isso porque esquecer é ser tolo e acreditar é se frustrar novamente. Esquecemos que o mesmo perdão que devemos a tantos que nos machucaram remete ao primeiro perdão: necessário perdoar a nós mesmos, por todo mal que nos fizemos ou que deixamos que nos fizessem. Infelizmente, é com todos esses ressentimentos, rancores e frustrações que vamos para a vida, e é com toda essa carga de energia negativa que pedimos tantas coisas boas, acreditando que o Universo pode nos propiciar. E aí uma pergunta básica: se você já está cheio (a), como algo a mais pode entrar? Com todo esse lixo, é impossível recomeçar. Continuar igual é fácil. Mudar, crescer e
evoluir é difícil. Contudo, toda essa carga de sofrimento pode ser o adubo para esse processo de construção do novo ser. Para renovar, é necessário aprender a desapegar. Devemos fazer uma reflexão de tudo aquilo que nos faz mal, para entregarmos à fogueira da vida sem olhar para trás. Deixar queimar, sumir e se expandir no Universo. Assim pararemos de atrair o que não queremos e atrairemos prosperidade, saúde, amor e tudo de melhor que merecemos. E então passaremos a ser a própria lei da atração.
(¨*) Psicóloga, psicodramatista, terapeuta sexual, palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR.
Obstáculos e troféus Pedro Costa
“C
ada obstáculo depois de superado vira um troféu, e o tamanho do troféu é proporcional ao tamanho do obstáculo”. Aprendi esta reflexão, que considero muito interessante, com um grande amigo e a repito bastante em meus atendimentos. Estamos sempre enfrentando desafios em nossas vidas, e quando nos lembramos que fomos capazes de superar desafios talvez ainda maiores do que este que estamos a enfrentar, acessamos uma força
interior que nos faz ir além! Lembre-se de quando tudo parecia perdido e você foi capaz de dar a volta por cima! Lembre-se que, para ter chegado onde chegou, foi necessária muita superação!
Assim como os atletas guardam seus troféus e ao se lembrarem de conquistas passadas se fortalecem para os próximos desafios, podemos fazer o mesmo e assim tomarmos consciência de que somos muito mais fortes e capazes do que imaginamos em um momento de insegurança, medo ou crise. Como diria Henry Ford, “quando tudo parece estar contra você, lembre-se que o avião não voa a favor do vento, mas contra ele!”. É nesse momento em que estamos enfrentando grandes desafios que podemos alçar os nossos maiores vôos, se soubermos
usar as resistências encarando-as de frente, com toda nossa força e intenção positivas. Desta forma, teremos conquistado mais um belo troféu, que servirá, por sua vez, para elevar nossa confiança diante do próximo obstáculo, que provavelmente não tardará a aparecer. Portanto, não devemos esperar uma vida sem obstáculos, mas cheia de troféus, vitórias e conquistas (*) Psicólogo e Coach na Clínica Diálogo – www.clinicadialogo.com.br
Cultura
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José Matos
A profecia de Dom Hélder Câmara
D
om Helder Câmara voltou, agora pela via mediúnica, por meio do médium Carlos, de Pernambuco, no livro Em Razão de Viver, para trazer notícias do além. Apresenta ideias um pouco mais aperfeiçoadas das que ele tinha aqui, enquanto encarnado, mas mantendo o foco na justiça social, na dignidade para todos, na fé e na esperança. Desta vez, o enfoque é a transição, o conjunto de acontecimentos dolorosos, que farão a terra e a humanidade passar, para que entremos numa no-
va era. Eis algumas pérolas: 1 - “O mundo não acabará tão cedo, mas do jeito que está não fica. O homem precisa processar mudanças que provoquem bem-estar na coletividade humana na terra, porque o modelo que aí está já se mostrou na exaustão. Tudo há de renovar-se. 2 - As mudanças que chegarão em breve abalarão o perfil do planeta. Preparem-se, portanto! Vamos modificar o planeta! 3 - As mudanças corrigirão o destino da terra. Teremos fatos alarmantes
dos quais vocês não devem ter medo, mas fé. As mudanças climáticas redundarão em alguns desastres ecológicos e as variações de temperatura atingirão a agricultura e provocarão escassez de água. 4 - Os grandes países terão que compartilhar seus espaços de atuação com os países emergentes. As crises econômicas serão mais frequentes, e serão um sinal claro de que este modelo de exclusão e de exploração deve dar lugar a outro mais humano, mais igual, mais justo.
5 - Modificações políticas acometerão todo o planeta e as ditaduras darão lugar a democracias. 6 - Não teremos mais espaços para as corrupções, para o medo, para a ganância desenfreada, para a apartação de povos, com seus bolsões de miseráveis, para a iniquidade. O componente da sustentabilidade estará em todos os aspectos. O Reino de Deus prometido por Cristo se instalará na terra, e a maior revolução será no coração do homem, que se comportará como ser humano.
O Brasil está de parabéns! O Brasil recebeu destaque em duas publicações recentes da revista The Lancet, um dos periódicos mais conceituados na área da saúde em todo o mundo. Essas publicações mostraram os avanços do Brasilemrelaçãoàamamentação.Foium estudo muito robusto, que comparou 153 países. E quando comparado com países como Estados Unidos, Inglaterra e China, o Brasil se destacou em relação ao tempo deamamentaçãoexclusiva,porexemplo. De acordo com a série, as crianças brasileiras eram amamentadas por 2,5 meses, em média, em 1974. Em 2006, esse número subiu para 14 meses. Em 1986,
MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO
Programa O Povo e o Poder de segunda a sábado das 8h às 10h
Rádio Bandeirantes - AM 1.410 Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610 www.opovoeopoder.com.br
apenas 2% das crianças de até 6 meses recebiam exclusivamente leite materno, e vinte anos depois esse número saltou para 39%. Toda essa evolução em relação ao aleitamento no Brasil se deve, sem dúvida, a suas políticas públicas voltadas para essa prática. No ano passado tivemos a regulamentação da lei NBCAL de 2006, que limita a comercialização de substitutos doleitematerno,chupetasemamadeiras. Temos que destacar a licença maternidade de até 6 meses nas empresas cidadãs, a certificação dos Hospitais Amigos da Criança – o que assegura padrões de
Caroline Romeiro
Saúde e Nutrição
qualidade e treinamento constante de profissionais de saúde voltados ao aleitamento – e uma inovadora rede de bancos de leite humano. Tudo isso não seria possível se a sociedade civil não tivesse se organizado para pedir por todas essas práticas de proteção, promoção e apoio à amamentação. Esse é o caminho, e as notícias foram muito animadoras, visto que essa é uma prática que garante saúde a nossas crianças e à população em geral, se pensarmos a longo prazo. Sem dúvida, uma excelente notícia para nos orgulharmos!