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Entrevista / Edvaldo Brito
Surgiu uma polêmica em relação ao requerimento apresentado pelo deputado Leandro Grass (PV) quanto aos gastos do GDF com publicidade. Qual a visão da Asvecom a
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respeito? – Até agora eu não consegui entender o motivo da polêmica. Os deputados Grass e Reginaldo Veras (PDT), que subscrevem o requerimento, estão apenas cumprindo dever de oficio, assim como o Tribunal de Contas do DF e o Ministério Público. O problema é que os números apresentados pela Secretaria de Comunicação no Diário Oficial do DF do dia 5 de fevereiro são muito polêmicos.
Que números são es-
ses? – O balanço dos gastos do GDF com publicidade e propaganda no quarto trimestre de 2021.
FOTOS: ANTÔNIO SABINO
Presidente da Asvecom diz que Leandro Grass e Reginaldo Veras cumprem “dever de ofício”
Orlando Pontes
O que diz essa publica-
ção? – É um balanço do que a Secom gastou e empenhou em publicidade no último trimestre do ano.
Há alguma irregula-
ridade? – Após o requerimento dos deputados, analisamos os dados. Dos blogs e jornais impressos comunitários, no item em que nós da Asvecom somos incluídos, a Secom gastou R$ 3.217.163. Este valor equivale a 6,8% do que foi gasto no trimestre (R$ 47,4 milhões).
Qual o problema nis-
so? – O problema é que, de acordo com o parágrafo 9°, artigo 149, da Emenda 74 da Lei Orgânica do DF, o mínimo que o GDF deve investir nesse item é 10%. Então, quer dizer que jorMais de uma dezena de donos de jornais, sites e blogs filiados à Associação de Veículos de Comunicação Comunitária do DF e Entorno (Asvecom) se reuniram, quarta-feira (16), no Parque da Facita, em espaço cedido pela Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), para avaliar a prestação de contas da Secretaria de Comunicação do GDF e os investimentos em mídias alternativas. Falando em nome do grupo e esclarecendo que vários associados avisaram que não compareceriam por temer retaliações como restrições impeditivas para cadastro e não inclusão do veículo no plano de mídia do GDF, o presidente da entidade, jornalista Edvaldo Brito, concedeu entrevista coletiva em que sai em defesa dos deputados Leandro Grass (PV) e Reginaldo Veras (PDT), que cobram explicações sobre os gastos da Secom: “Eles cumpriram dever de ofício”.
nais, blogs e sites deveriam ter recebido, no mínimo, R$ 4,7 milhões no período, e não apenas R$ 3,2 milhões. Mas o disparate maior disso tudo é o seguinte: 75,4% desses R$ 3,2 milhões foram para blogs e sites políticos, e não para veículos virtuais e jornais impressos comunitários, que ficaram com menos de 25%. E tem outro número que chamou a atenção dos deputados, que eu pude perceber no requerimento deles: dos 25%, um único veículo entre os 22 jornais contemplados ficou com 66% da verba. Realmente tem alguma coisa errada nas contas da Secom.
O que você acha que
está errado? – O problema é que se trata de um jornal diário, embora não seja um veículo tradicional, como o Correio Braziliense e o Jornal de Brasília, por exemplo. Portanto, não se enquadraria nos critérios de jornais comunitários. Deveria estar na coluna da mídia tradicional, não junto com a gente. Tirando o valor que foi gasto com esse jornal, o que sobra para os jornais comunitários são apenas R$ 268 mil.
Mas, tão logo o Brasília Capital publicou a notícia sobre o requerimento dos deputados, alguns blogs publicaram matérias dizendo que eles estavam tentando tutelar a im-
prensa alternativa... – Eu não sei por que esses blogs estão fazendo isso. Estão errados. Neste caso, os deputados estão ajudando, provocando transparência e mais isonomia de tratamento a todos os veículos. A gente até entende que esses donos de blogs e sites políticos assumam a defesa da Secom. Afinal, eles são claramente mais beneficiados em relação aos veículos comunitários.
A prestação de contas da Secom inclui todos os
órgãos do GDF? – O que eu achei mais interessante no requerimento dos deputados Grass e Veras é que, nesse balanço, não tem descrito se existe verba das autarquias e empresas estatais, como o BRB, por exemplo, que deveriam ter uma prestação de contas em separado. Se não estiverem nessa conta, o buraco fica ainda maior.