Jornal Brasília Capital 551

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Presidente (foto) não comparece a depoimento marcado por ministro do Supremo

Corrupção aumenta no Brasil É o que aponta levantamento da Anistia Internacional

Ano XII - número 551

Pelaí – Páginas 2 e 3

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Bolsonaro foge da PF

Brasília, 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2022

VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Não vacinados lotam UTIs

Caiado atropela Ibaneis Rocha

Nativas Grill conquista os brasilienses

Saúde mostra que 90% das pessoas internadas na rede pública com covid-19 não tomaram vacina

Goiânia sai na frente do DF na implantação de ônibus não poluentes movidos a eletricidade

Churrasco com buffet de sushi e sashimi é a atração das duas casas, no Setor de Clubes Norte e no SIA

Chico Sant’Anna – Página 10

Dedé Roriz – Página 12

Via Satélites – Página 8

DIVULGAÇÃO

ANTÔNIO SABINO

SÓ SOBROU A RUA Com o desemprego em alta, o salário em queda, a informalidade cresce em todo o País. E não é diferente no DF. Em busca da sobrevivência, muitos

profissionais viraram vendedores ambulantes. Mas os comerciantes formais reclamam da concorrência, que consideram desleal. Páginas 6 e 7


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Ex pedien te

Reconstrução – Felipe Santa Cruz encerrou seu mandato na OAB Nacional. Passou a presidência para o amigo José Alberto Simonetti. E já trabalha no projeto de reconstrução do Rio de Janeiro. Será candidato a governador. Deve se filiar ao PSD, para ter o apoio do prefeito da capital, Eduardo Paes.

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E a corrupção não acabou... Ao contrário do que prometeu Bolsonaro na campanha, a corrupção no Brasil não acabou. Piorou. O País caiu duas posições no ranking mundial da corrupção, segundo levantamento da Transparência Internacional publicado na terça-feira (25). ESTELIONATO – É mais um exemplo do estelionato eleitoral de 2018, quando o atual presidente se uniu a Sergio Moro e prometeu acabar com a corrupção no

país. O Brasil ficou com 38 pontos no Índice de Percepção de Corrupção (IPC 2021), abaixo da média, que é de 43 pontos. ESTAGNADO – Segundo a Transparência Internacional, os dados mostram que o país está estagnado, sem ter feito avanços para enfrentar o problema no período. A ONG projeta que o desmonte institucional e a inação do governo no combate à corrupção

Bolsonaro corre da PF Jair Bolsonaro (PL - foto) não compareceu à Polícia Federal na sexta-feira (28) para prestar o depoimento marcado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, em inquérito que apura a suspeita de vazamento de documentos sigilosos de uma investigação a respeito de ataque hacker ao TSE. Moraes é o relator no Supremo. URNAS – O presidente publicou os documentos em sua rede social e durante uma transmissão ao vivo, em julho, na qual divulgou informações falsas a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas. CRIME – Bolsonaro, então, mostrou documentos de uma investigação da PF sobre ataque ao TSE, mas que não tinha nenhuma relação com as urnas eletrônicas. A divulgação de documentos sigilosos é crime. Por isso o STF abriu inquérito

FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

para apurar a conduta do presidente. AGU – Bolsonaro se sustentou em recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União para que ele não deponha presencialmente na PF. A AGU quer levar a discussão para o plenário do STF, sob o argumento de que o presidente não seria obrigado a comparecer.

podem levar a notas ainda piores nos próximos anos. DEMOCRACIA – No relatório, a Transparência documenta os principais acontecimentos do ano, com destaques positivos e negativos sobre o governo federal, o Congresso Nacional, o Judiciário, a PGR, o Ministério Público e sobre o espaço democrático do país. Use o QR Code e leia matéria completa no www. bsbcapital.com.br

Livre de mais um O processo que rendeu a prisão do ex-presidente Lula foi arquivado definitivamente na Justiça Federal do DF, após o STF entender que não cabia a Sérgio Moro e à 13ª Vara Federal de Curitiba julgarem o caso. O próprio Ministério Público Federal manifestou-se pelo arquivamento, após Moro ter sido considerado suspeito para julgar Lula.

Goleada do bom senso Brasília não será mais palco do Fla-Flu do dia 6 de fevereiro, pela 4ª rodada do Cariocão. O motivo é o avanço da variante Ômicron da covid-19. O GDF decretou a proibição da presença de público no estádio. Com isso, o investidor que negociava a vinda do clássico para a capital desistiu do negócio.


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Secom cria Certificado para mídia comunitária O secretário de Comunicação do GDF, Weligton Moraes (foto), atendeu a uma antiga reivindicação da Associação de Veículos de Comunicação Comunitária do DF e Entorno (Asvecom) ao publicar no Diário Oficial, dia 17 de janeiro, a Instrução Normativa nº 02. Entre outras novidades, cria o Certificado de Conformidade de Documentos (CVA) para os jornais comunitários impressos, sites e blogs. PASSAPORTE – O CVA será o passaporte que habilitará os veículos da imprensa alternativa para integrarem os planos de publicidade e propaganda dos órgãos do GDF, oficializando com transparência os critérios para o cadastro na Secom. EXIGÊNCIAS – A Instrução Normativa vai ao encontro de uma iniciativa do distrital Reginaldo Veras (PDT), que desde 2021 prepara um Projeto de Lei que visa obrigar o GDF a publicar o rol de exigências que a Secom adota para cadastrar veículos de comunicação comunitária. TRANSPARÊNCIA – “A Instrução Normativa é um avanço, mas o PL de Veras visa, também, definir os critérios para classificar jornais comunitários, sites e blogs de maneira mais justa, clara e transparente, tanto para o contribuinte que paga por essa publicidade como para os empresários do setor”, explica o presidente da

LÚCIO BERNARDO JR/AGÊNCIA BRASÍLIA

J. B. Pontes (*) DIVULGAÇÃO

Asvecom, Edvaldo Brito. LEI LUZIA DE PAULA – A iniciativa também visa evitar que empresas exclusivamente de publicidade e propaganda sejam indevidamente protegidas pelo guarda-chuva do artigo 149, parágrafo 9º, da Lei Orgânica do DF (a chamada Lei Luzia de Paula), ao serem contemplados com as verbas da publicidade do GDF como veículos de mídia alternativa. EXCLUSIVIDADE – De acordo a Lei Luzia de Paula, é obrigatória a destinação de, no mínimo, 10% do orçamento com publicidade do Legislativo ou entidades da administração direta e indireta do Executivo especificamente para os veículos de comunicação comunitária impressa, falada, televisada e on-line sediados no DF. Leia a íntegra da Instrução Normativa nº 02 no Diário Oficial do DF: http://www.dodf.df.gov.br/.

Campanha contra o diesel A União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) lançou uma campanha de conscientização para que o Brasil deixe de utilizar o diesel comum nos veículos, por ser considerado excessivamente poluente. Além de banir o consumo do diesel S5500, a Ubrabio propõe o fim da produção e importação desse combustível. Como alternativas, a entidade aponta o uso de biodiesel (S 10), que lança 50 vezes menos enxofre na atmosfera, e usar mais biodiesel na mis-

O vergonhoso orçamento do Centrão para 2022

tura ao diesel de petróleo. ENERGIA LIMPA – “Utilizar mais biodiesel é valorizar as externalidades econômicas, sociais, ambientais e de saúde pública que este combustível oferece, com a utilização adequada das nossas matérias primas vegetais, gorduras animais e óleos residuais. É também criar novas oportunidades de investimento em produção de energia limpa”, disse o superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.

A Lei Orçamentária Anual é o mais importante instrumento de planejamento estratégico do governo. É por meio da LOA que se garantem os recursos (dotações) para o alcance dos objetivos traçados nos planos governamentais (programas e ações), obedecendo as prioridades e metas neles traçadas. É na LOA que se estimam as receitas (dinheiro arrecadado dos contribuintes) e se definem para quais finalidades os recursos serão aplicados as despesas a serem executadas em determinado exercício. A aplicação das receitas do governo, arrecadadas de todos nós, deve ser feita com base em adequado planejamento, a partir de diagnósticos feitos por meio de estudos técnicos que apontem as demandas e necessidades da sociedade na saúde, educação, segurança pública, saneamento, meio ambiente etc. Mas o Brasil cada vez mais se afasta do ideal de um orçamento público tecnicamente elaborado. Hoje, o País está submetido ao domínio de uma classe política – leia-se Centrão e o presidente de plantão – que só pensam nos seus próprios interesses - perpetuação no poder e manutenção dos privilégios -, desconsiderando a miséria de grande parcela da população e as demandas da sociedade. Na LOA 2022, o Centrão fez a festa. Conseguiu alocar R$ 16,5 bilhões nas emendas de relator (RP9), uma aberração sem qualquer previsão ou amparo na Constituição Federal; R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral – para garantir a reeleição dos atuais parlamentares neste ano -; R$ 1,1 bilhão para o Fundo Partidário; R$ 10,93 bilhões em emendas individuais (até R$ 17,6 milhões para cada parlamentar, um verdadeiro absurdo); e

R$ 7,54 bilhões em emendas de bancadas estaduais/distrital. Total: R$ 40,97 bilhões. O Centrão ainda poderá ter acesso a partes dos recursos dos ministérios/órgãos sob o comando de seus indicados, a exemplo do Ministério do Desenvolvimento Regional, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE) e tantos outros. Tudo isso permite afirmar que o orçamento aprovado pela recente LOA (Lei nº 14.303/2022) constitui um dos mais pífios dos últimos anos. É um orçamento do atraso. Vejamos alguns indicativos: Valor total do orçamento: R$ 4,73 trilhões, sendo R$ 1,884 trilhão de refinanciamento da dívida pública - empréstimos que o governo faz para pagar dívidas antigas e seus encargos, também chamado de rolagem da dívida. Pagamento de juros e encargos da dívida: R$ 1,609 trilhão. Despesa obrigatória, destinada aos rentistas (bancos e cidadãos que investem em títulos do Tesouro Nacional). Valor para ciência, tecnologia e inovação: R$ 10,3 bilhões. Valor destinado a Investimento: R$ 44,0 bilhões (o mais baixo dos últimos dez anos). Compare com o montante abocanhado pelo Centrão (R$ 40,97 bilhões); e com o investimento na LOA 2012 (R$ 200 bilhões). Não seria exagero se afirmar que um país com um investimento tão desprezível não tem futuro... Ao sancionar a LOA, o presidente de plantão cortou R$ 3,124 bilhões no projeto aprovado pelo Congresso. Seria fácil retirar das emendas de relator (R$ 16,5 bilhões) e do Fundo Eleitoral (R$ 4,9 bilhões). Mas, acovardado, temeroso de contrariar seus aliados do Centrão, vejam de onde ele tirou recursos: R$ 1 bilhão do Ministério do Trabalho, especificamente do INSS; e R$ 739,9 milhões da Educação, além de cortes na Saúde, na Cidadania, na Ciência e Tecnologia entre tantas áreas socialmente relevantes. (*) Geólogo, advogado e escritor


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Enterrou a mãe e foi à lotérica! Júlio Miragaya (*) AGÊNCIA BRASIL

Há 53 anos, o diretor Júlio Bressane surpreendeu o Brasil com o filme “Matou a família e foi ao cinema”, que teve em 1991 nova versão de Neville de Almeida. O roteiro era de um jovem de classe média que, após matar os pais, vai tranquilamente assistir a uma sessão de cinema. Pois há uma semana Bolsonaro surpreendeu o País ao, na manhã seguinte ao enterro da mãe, entrar impassivelmente numa lotérica em Eldorado (SP) e fazer uma aposta na Megassena, antes de embarcar de volta à Brasília. Que ele não manifeste empatia pelas quase 630 mil famílias em luto por parentes mortos pela covid-19, ninguém mais se espanta, mas tamanha falta de consideração com a própria mãe é estarrecedor. Mas o que esperar de um elemento

que tem como ídolo o torturador Ustra. Outro que não surpreende mais ninguém é o Marreco de Maringá. Moro reclamou de perseguição após o TCU pedir-lhe para declarar quanto recebeu como sócio-diretor da Alvarez & Marsal, consultoria norte-americana que recebeu R$ 65 milhões (78% de todo seu faturamento) de empresas em processos de recuperação judicial e falência atingidas pela operação Lava Jato. Não era Moro que recorria a grampos ilegais e delações forjadas para tornar tudo transparente ao povo brasileiro? E agora se recusa a tornar transparentes seus ganhos às custas de empresas que ajudou a quebrar. Pimenta nos olhos dos outros é mesmo refresco. Após seis anos de Temer, Moro e Bolsonaro, o brasileiro vê a inflação e o desemprego nas alturas, a disseminação da miséria e da fome, enquanto cresce de forma meteórica a riqueza dos super ricos. Para piorar, o endividamento das famílias atingiu patamar recorde. Não vai ser fácil recolocar o Brasil nos trilhos a partir de 2023!

Elza e Elis – Os dias finais de janeiro trouxeram notícias e lembranças díspares. De um lado, a irônica morte por covid do negacionista Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro e da extrema direita tupiniquim. De outro, a morte e a lembrança dos 40 anos de falecimento de duas excepcionais intérpretes da MPB: Elza Soares e Elis Regina. Eleita pela BBC como a cantora brasileira do milênio, Elza, de vida e carreira longas, morreu exatos 40 anos após a morte de seu grande amor, Mané Garrincha. Já Elis, a mais linda, agradável e marcante voz de nossa música, morreu há 40 anos, com apenas 36 anos de vida. Ambas tinham origem popular: Elis, nascida na Vila do IAPI, bairro pobre de Porto Alegre, e Elza, na Vila Vintém, favela do Rio de Janeiro. Ambas foram precoces: Elis, aos 12/13 anos, já exibia sua bela voz em festinhas na capital gaúcha; e Elza cedo se exibia em programas de auditório nas rádios cariocas. Ambas sofreram preconceito: Elza de descarado racismo e Elis pela baixa estatura. Mas ambas eram rebeldes,

sem papas na língua. Ao ser arguida de forma sarcástica pelo apresentador Ari Barroso: “De que planeta você veio, minha filha?”, Elza respondeu na lata: “Do planeta fome!”. Interpretaram o cotidiano do povo brasileiro, suas dores e amores; contestaram a elite econômica e política, não se dobraram à ditadura, e por esta foram perseguidas. Mesmo após 40 anos, a voz de Elis está bem viva em nossas memórias interpretando “O Bêbado e a Equilibrista” (hino da anistia); “Atrás da Porta”; “Como nossos pais”; “Maria, Maria”, “Madalena; “Tiro ao Álvaro”; “Águas de março”; “O mestre sala dos mares”; “Gracias à la vida” etc etc. E como esquecer a voz rouca de Elza cantando “Se acaso você chegasse”; “Mulata assanhada”; “Malandro”; “Volta por cima”; “Salve a Mocidade” etc etc. São verdadeiras guerreiras do povo brasileiro. (*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia

Aqueles R$ 10 de gasolina Mateus Gianni Fonseca (*) “Bom dia, coloque R$ 10 de gasolina, por favor!” Quem nunca ouviu esse pedido, ou melhor, quem nunca o fez? Um pequeno valor de abastecimento para completar uma viagem ou para, apenas, ir ali... Há uma meme comum na internet. E que, neste caso, parece ser consenso que é apenas uma piada sobre a trágica situação que estamos a passar. Algo como: “A gasolina não está cara. Costumava colocar R$ 10 antes e continuo colocando R$ 10 agora”. Há anos, um litro de gasolina custava menos de R$ 2,50. E com alguns aumentos sucessivos, esta-

va para bater R$ 3 – o que já era um absurdo. Afinal, o país da Petrobrás não poderia ter um combustível tão caro assim. Era óbvio que este era um teto que não alcançaríamos. Teórico, apenas. O problema foi que não apenas atingimos esse teto, como parece que ele se encontra no topo de uma árvore plantada com feijões mágicos que não para de crescer. Ou de um teto que antes era de uma casa de simples pavimento, com menos de 3 metros. E que cresceu para uma casa de pé direito duplo. E que, agora, parece ser um prédio com muitos e muitos andares (e crescendo...) - pense num teto alto! Qual seria, hoje, o temido valor de R$ 3 de anos atrás? Isto é, qual seria hoje o valor que seria tomado por absurdo, caso a cotação do litro de gasolina o ultrapassasse? Pergunta difícil. É difícil pensar em níveis de absurdo, haja vista

que o país já se conecta a este adjetivo há algum tempo. A gasolina passou dos temidos R$ 3 de outrora – depois, passou de R$ 4, R$ 5 e R$ 6. O valor já está chegando em R$ 7 (em alguns lugares, já o supera) e parece que logo estaremos pagando a fortuna de R$ 10 pelo litro. Se antes, colocar aqueles R$ 10 poderiam render quase 4 litros, agora já temos um rendimento de menos que 1,5 litro e, pelo jeito, chegaremos a fazer apenas 1 litro. Seria um incentivo ao uso das bicicletas e demais meios de transporte? Uma preocupação ambiental? Uma evolução do pensamento humano sobre o cuidado para com o planeta que habitamos? Antes fosse. Mas, infelizmente, parece que não estamos evoluídos a pensar tanto assim em nossa grande morada. Resta o lucro. E não tem sido só a gasolina que

tem aumentado. Muito desemprego, inflação, aumento da pobreza extrema... Os tempos de glória – onde o acesso a viagens e a restaurantes tornou-se uma realidade para muitos – encontra-se em declínio... E quando a urgência torna imperativo o uso do carro e o dinheiro já se faz escasso em determinada época do mês, há quem diga: “use o transporte público, é uma alternativa”. Mas, resta a reflexão: qual seria a alternativa, o “transporte coletivo”, para a alimentação? Afinal, hoje, um botijão de gás custa, em alguns lugares, o equivalente a duas cestas básicas daquelas que o mercado já vende prontas e embaladas. Seja de carro ou de transporte público, o fato é que o poder de compra tem ido para longe, bem longe... (*) Professor


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Justiça garante teletrabalho a funcionários do BB DIVULGAÇÃO

Leidiane Souza O Dia Nacional de Luta pela saúde e vida dos funcionários do BB, na quinta-feira (27), terminou com saldo positivo. Após ampla mobilização chamada pelo movimento sindical, o Sindicato dos Bancários de Brasília garantiu liminar para proteger os empregados do Banco do Brasil durante pandemia. Agora, após notificação judicial, o Banco tem 48 horas para cumprir a decisão. “Defiro a tutela de urgência antecipada requerida, devendo o réu – Banco do Brasil – alocar imediatamente em trabalho remoto todos os empregados que se encontravam nesse regime de trabalho em 2021, bem como promover o encerramento do expediente nas dependências em que se verifique caso confirmado de covid-19, situação que deverá perdurar por dois meses, podendo ser revista a presente decisão após este prazo” , diz o documento. Para o presidente do Sindicato,

Para o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, liminar é uma vitória da categoria

Kleytton Morais, a liminar é uma vitória para todos os bancários e bancárias do BB. “Acompanharemos e intensificaremos as fiscalizações nos locais de trabalho de maneira que a decisão judicial seja cumprida”, afirmou. Segundo ele, os bancários exercem papel essencial para a sociedade. “Por isso, é fundamental que respeitem esses trabalhadores e cumpram as medidas sanitárias para proteger a saúde dos funcionários e dos clientes em meio ao aumento nos números de casos de

covid-19 e Influenza”, pontuou. Ainda na quinta, o Sindicato realizou live para explicar à categoria ponto a ponto da decisão judicial. SOBRE O #DIADELUTABB – O Dia Nacional de Luta pela saúde e vida dos funcionários do BB contou com ampla participação da categoria. Como ato de protesto e para demonstrar a insatisfação com a postura negligente e negacionista da direção do banco, os funcionários usaram roupas pretas.

Diversos atos foram realizados em agências e centros administrativos em Brasília e País. A mobilização foi intensa e teve início nas primeiras horas do dia nas unidades do BB em que se confirmou casos de covid, e se ampliou a partir das 11h, pelas unidades da Asa Norte. Usando a #DiaDeLutaBB, a categoria realizou tuitaço e exigiu nas redes a proteção à saúde dos funcionários. Entre outros pontos, a entidade defende a retomada do teletrabalho; melhorias do atendimento em telemedicina; compromisso com a não-demissão; volta do controle de acesso às agências; e suspensão de visitas a clientes neste momento de alta nos casos de infecção.

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

I n fo r m e

Não há brecha para dúvidas: é tempo de vacina Rosilene Corrêa (*) DIVULGAÇÃO

A pandemia da covid-19, que já tirou a vida de 622 mil pessoas no Brasil e deixou outros milhares de brasileiros com sequelas, assanhou os ataques dos antivacina. Fakes... O Brasil é alvo dos que, sem qualquer justificativa científica, se opõem a uma das maiores conquistas da humanidade. Em novembro de 2019, pesquisa da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) constatou que 67% dos brasileiros acreditaram em ao menos uma fake news sobre vacinação. O próprio presidente da República é um dos principais figurões do movimento antivacina. Jair Bolsonaro chegou a dizer que a va-

cinação de crianças contra covid não se justifica: “Crianças não estão sendo internadas”. ... e fatos O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, citou que, só em São Paulo, o aumento na ocupação de leitos pediátricos de Unidade de Terapia Intensiva ultrapassou os 70%. Dados do Ministério da Saúde mostram que, desde março de 2020, 1.449 crianças de até 11 anos morreram por complicações da covid, mais outros 2,4 mil casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), associada ao coronavírus. Além do negacionismo arraigado, a única justificativa para Bolsonaro e bolsonaristas se empenharem na campanha antivacina é a tentativa de fidelizar a base extremista que o apoia. Após a derrota do voto impresso e a pouco menos de nove meses das eleições presidenciais, é pre-

ciso ter algo que mobilize seu público. Mesmo que isso custe vidas de crianças. Ainda está viva a emoção do anúncio da criação da vacina contra a covid-19, em meados de 2020. Já vacinamos idosos, adultos e adolescentes. Agora chegou a vez das nossas crianças. Com as mais de 381 milhões de doses aplicadas, vimos a queda nos óbitos e internações gerados pela covid – mesmo agora, quando uma terceira onda aponta recordes dos números de contágio. A pandemia não está perto de acabar, mas a vacina vem garantindo números de óbitos bem mais baixos e salvando milhares de vidas. E é com base em fatos, não em fake news, que temos que agir. Todos os estudos científicos mostram que a vacinação pediátrica é segura, necessária e urgente. É por isso que a campanha de vacinação no DF para crianças de 5 a 11 anos deve ser fortalecida. É dever (e

também ato de amor) de mães, pais e responsáveis levar suas crianças para vacinar. Mas é também dever do Estado realizar uma ação potente de incentivo à imunização e combate às fake news sobre as vacinas. É preciso ir aos lares das pessoas, aos espaços públicos; é preciso orientar sobre a importância da vacina. É preciso também coibir qualquer ato que apoie a iniciativa nefasta de deixar nossas crianças sem o direito à imunização e, consequentemente, à vida. (*) Diretora do Sinpro-DF

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital


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Busca pela sobrevivência transforma profissionais em camelôs que concorrem com o comércio legalizado. Reforma trabalhista foi engodo José Silva Jr.

Em vez de indústrias, escritórios ou repartições, eles estão em terminais rodoviários, em calçadões dos centros das cidades e nas portas de lojas. É ali, a céu aberto, expostos a chuva, sol e outras intempéries que trabalham diariamente os vendedores ambulantes. Eles se tornaram uma parcela significativa da população e compõem o chamado mercado informal – aquele tipo de trabalhador que não tem vínculo empregatício com nenhuma empresa. Não é difícil perceber que essa modalidade de trabalho aumentou bastante. Basta andar nas ruas das cidades que o leitor vai se deparar com vários deles. E não é somente por causa da pandemia. As barbeiragens da política econômica do governo têm contribuído muito para expulsar esses trabalhadores das indústrias e leva-los à informalidade.

IBGE – De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de trabalhadores que atuam por conta própria em 2021 chegou a 25,4 milhões de pessoas, recorde da série histórica, com altas de 4,3% no trimestre e de 18,1% na comparação anual.

Emprego salário des informalidad

A taxa de informalidade foi de 41,1% da população ocupada no último trimestre, o que equivale a 37,1 milhões de trabalhadores informais no País. No trimestre encerrado em maio do ano passado, a taxa ficou em 40% e no mesmo trimestre de 2020 estava em 38%. Em entrevista à Agência Brasil, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, ressalta que um dos motivos que leva as pessoas para o trabalho informal é a baixa remuneração nas empresas. Ela ressalta que o rendimento real habitual caiu 4,3% na comparação trimestral e 10,2% na anual, ficando em R$ 2.489 em agosto, as maiores quedas percentuais da série histórica, reflexo do aumento da informalidade. “Tem indicadores associados ao conjunto da força de trabalho que ainda apresentam um quantitativo que é desfavorável. A gente está operando com rendimento em queda, ou seja, embora haja mais pessoas trabalhando, a remuneração desse contingente maior é, em média, menor”, acrescenta ela.

Curso de radiologia pago com trufas Thays Mel Ribeiro (foto), 20, moradora de São Sebastião, faz o curso de radiologia, mas está desempregada. Para sobreviver e pagar a faculdade, vende trufas numa bandeja. A menina de sorriso fácil e sinais aparentes de juventude chega a vender 150 unidades por dia. Ela começa a trabalhar das 15h e para as 17h. Cada bombom custa R$ 3. “Pago a mensalidade da faculdade de R$ 1 mil e ainda sobra dinheiro. Por enquanto, está bom assim. Moro com meus pais e não pago aluguel. Não é fácil encontrar um emprego que me pague bem assim”, disse ela. O deputado Chico Vigilante (PT) corrobora com a visão de Thays. “O salário mínimo deste ano foi fixado em R$ 1.212, o que equivale a 224 dólares. Esse achatamento representa

o empobrecimento da classe trabalhadora, uma vez que, em 2011, no governo do PT, era equivalente a 326 dólares. O valor, comparado com hoje, mostra que houve perda de 102 dólares no nosso salário mínimo. Precisamos mudar essa realidade votando em pessoas que tenham compromisso com a classe trabalhadora nas próximas eleições”, destaca ele.


Brasília Capital n Cidades n 7 n Brasília, 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2022 - bsbcapital.com.br FOTOS: ANTÔNIO SABINO

o cai, spenca, de dispara Brasil chegou a 25,4 milhões de informais, recorde da série histórica do IBGE

O engodo da Reforma Trabalhista Um levantamento do PnadC/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) revela que, no mercado de trabalho, havia, inclusive, sinais de piora antes do início da pandemia. A partir da implementação das reformas trabalhista, previdenciária e do teto de gastos, medidas defendidas pelo governo e seus apoiadores como solução para a economia brasileira, os problemas se intensificaram.

A reforma trabalhista, que passou a valer em novembro de 2017, prometia a melhora do ambiente de negócios e a geração de milhões de empregos formais, inclusive por meio da criação dos contratos intermitentes. Bem diferente da promessa, o que se assistiu a partir de então foi o aumento do desemprego e da informalidade, queda da renda do trabalho e um movimento de precarização generalizada.

De pedreiro a vendedor de máscara Isso foi comprovado pela reportagem do Brasília Capital que percorreu dois dos principais centros comerciais do Distrito Federal: a Rodoviária do Plano Piloto e o centro de Taguatinga. Os ambulantes já tomaram conta das plataformas inferior e superior do terminal e das calçadas nas imediações da Praça do Relógio, em Taguatinga, onde a “invasão” ocorre até na frente das lojas. Willian Nunes (foto), 38 anos, mora na casa da mulher, em Ceilândia, e tem cinco filhos. Pedreiro de profissão, abandonou o ofício desde quando começou a pandemia de covid-19. Nunca mais arrumou um serviço na área. O jeito foi partir para a informalidade. Por ironia do destino, hoje vende um acessório usado para proteger o mesmo flagelo que congelou as vagas de emprego da sua profissão: as máscaras contra o coronavírus. Além desse item, comercializa também

acessórios de celular. “Tento programas do governo, mas nunca consegui. Fui esta semana no CRAS de Ceilândia, me deram um número para ligar e nunca consegui”, lamenta. Quando era pedreiro, Willian tirava de R$ 3 mil e R$ 5 mil livres. Como camelô não consegue fazer nem R$ 100 ao dia. “Hoje (26/1) não vendi nada até agora. Mas é o único meio de sustentar minha família até que apareça algo melhor", lamenta.

Comércio formal é prejudicado A falta de espaço na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto devido à instalação de mercadorias em frente às lojas fez com que os camelôs invadissem a faixa de pedestre que liga o terminal ao Con-

junto Nacional. Para o dono de uma livraria, que pediu para não se identificar, a presença deles ali afeta o comércio formal. “Eles bloqueiam a passagem dos clientes e os abordam de forma incisiva”, reclama.


Brasília Capital n Cidades n 8 n Brasília, 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2022 - bsbcapital.com.br

VIA

Satélites

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Por Gabriel Pontes

BRASÍLIA

{ FRED CINTRA FOTOGRAFIA

Cerimônia gratuita casa seis casais Seis casais oficializaram a união religiosa no Santuário São João Bosco no sábado (22) com toda a estrutura da cerimônia oferecida gratuitamente. Foi a segunda edição do Casamento Comunitário Noiva e Música. “O sentimento é

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VACINAÇÃO NOTURNA – A partir desta segunda-feira (24), o DF contará com um posto noturno de vacinação drive-thru. Ele vai funcionar das 18h às 22h, na UBS 1, que fica na quadra 612 da Asa Sul. A imunização nesta unidade é destinada apenas ao público adulto.

de uma gratidão imensa por todos que doaram produtos, serviços e tempo para celebrar o amor dos casais e esse rito lindo que é o sacramento do matrimônio católico”, afirma o cerimonialista responsável pelo evento, Pedro Marra.

CEILÂNDIA

Dupla Macedo & Mariano lança DVD gravado na Casa do Cantador Gravado na Casa do Cantador, em Ceilândia, o espetáculo “Macedo & Mariano — Recorte Histórico da Música de Viola Caipira e Amigos” será lançado sábado (29), às 19h, no YouTube (www.youtube. com/macedoemariano). Acesso gratuito. O repertório é composto

por 20 canções e tem a participação de 23 músicos, que se alternam no palco com os anfitriões. “É uma turma muito especial, que há tempos presta uma magnífica colaboração para a cultura do DF, do Entorno e em âmbito nacional”, comenta Macedo. LR FERNANDES/DIVULGAÇÃO

VICENTE PIRES

Nova UPA reforça atendimento Vicente Pires ganhou, terça-feira (25), uma Unidade de Pronto Atendimento, inaugurada pelo governador Ibaneis Rocha. Mais de 100 mil moradores serão beneficiados. A UPA custou R$ 7 milhões e tem capacidade para realizar 4,5 mil procedimentos mensais. A unidade conta com 154 profissionais, entre médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e psicólogos. “Está acontecendo em Vicente Pires o que as pessoas sempre pediram, que é a saúde, que sempre deixou a

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DISTRITO FEDERAL

Não vacinados lotam internações desejar. Este é um dos maiores presentes que a cidade poderia receber”, afirmou Heitor Pereira de Carvalho, de 71 anos, morador da cidade desde 1989.

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Um levantamento da Secretaria de Saúde aponta que 90% dos pacientes internados na rede pública do DF com covid-19 são pessoas não vacinadas ou que estão com o ciclo de imunização incompleto. A maioria dos que ocupam leitos de UTI é composta por pessoas de 60 a

69 anos. São 19 entre os 57 pacientes (33%). Os dados foram confirmados na terça-feira (25), data em que a ocupação de leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) nos hospitais públicos chegou a 100%, durante a manhã. No início da tarde, o índice estava em 90,48%.

TAGUATINGA

Desculpe o transtorno, estamos tapando buracos Quem passou pelo Pistão Sul nos últimos dias percebeu que aumentou o tradicional engarrafamento na via. Mas, desta vez, por uma boa causa. O DER-DF está tapando buracos nos 5,3 km da pista. A previsão

é de que o trabalho dure 15 dias e, quando concluído, beneficie cerca de 60 mil motoristas que trafegam por ali diariamente. Além desta operação tapa-buracos, o DER prevê uma revitalização

completa do asfalto do Pistão Sul ainda em 2022. Segundo o órgão, “a obra é um projeto que será realizado com recursos provenientes de emenda federal e está em fase final de aprovação pela Caixa Econômica Federal “.


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I n fo r m e

O hospital da Cidade do Sol é uma fantasia Reinaugurado esta semana, o Hospital do Sol Nascente é quase uma obra de realismo fantástico ao estilo de Gabriel Garcia Marquez. Começa pela incoerência de ser o Hospital do Sol Nascente, ao lado da UPA de Ceilândia, na QNN 27. O nome Hospital da Cidade do Sol é para fugir ao inconveniente de não ficar no Sol Nascente. Mais ficção para os moradores do Sol Nascente do que para o restante da população do DF, a unidade de saúde não terá atendimento de porta. É um prédio com área de 22.900 m², que vai funcionar, segundo anúncio feito pelo GDF no dia 5, como retaguarda, para receber pacientes de outras unidades públicas. O hospital, que magicamente migrou de Ceilândia para o Sol Nascente, foi inaugurado pela primeira vez em janeiro de 2021 como Hospital de Campanha de Ceilândia. À época, foi dito que seria transformado no Hospital Materno Infantil de Ceilândia depois da pandemia. Promessa que não vingou, talvez porque existe uma carência tremenda de pediatras na rede pública do DF, e nenhum projeto de contratação anunciado. Não faltam na cidade, mas são poucos no SUS-DF. Planejamento e projeto na gestão pública da saúde do DF também são um enredo

ficcional. A realidade se traduz em improviso e conveniência. Com 60 leitos, o Hospital da Cidade do Sol abriu apenas 20 para atendimento a pacientes de covid-19. Isso porque os profissionais da unidade também são personagens de ficção. Não vou nem falar dos equipamentos necessários a um prédio que se pretende chamar hospital. A poucos dias da reinauguração, só 10 profissionais de enfermagem haviam sido lotados na unidade – profissionais que prestaram concurso para trabalhar em UBS e não em hospitais e para atendimento de pacientes acometidos de síndromes respiratórias que podem ser graves. As escalas de plantão estão sendo preenchidas por meio de cessão de carga horária (com remuneração por trabalho por tempo determinado, a TPD, menor do que o valor de horas extras) de profissionais de outras unidades de saúde – as quais já sofrem com insuficiência de médicos e outros profissionais. A quantidade de médicos é outra narrativa que chama a atenção: enquanto o governo divulgou que contratou 8 mil profissionais de saúde, o número de médicos na folha de pagamento da Secretaria de Saúde passou de 5.379, em dezembro de 2020,

para 5.593, em novembro de 2021. A diferença é de apenas 214. Esta semana foi anunciado que haverá contratação temporária – em algum momento no tempo e no espaço – de 62 médicos e 362 técnicos em enfermagem. Só o Hospital do Gama precisa de 30 especialistas em clínica médica para voltar a funcionar normalmente. Mais que isso, é fantasioso, diante da realidade do mercado profissional, que esses médicos venham a assumir e cumprir o contrato de um ano diante das condições de trabalho e remuneração oferecidos pelo GDF. No Gama, chamaram 15 em setembro passado. Só restam dois deles e alguns nem chegaram a assumir. Outra grande falha no roteiro do Hospital da Cidade do Sol é que um hospital tem que ter condição de dar assistência aos pacientes em diversas especialidades. Quem for internado lá, se precisar de atendimento em cardiologia ou nefrologia, por exemplo, vai ter que ser removido para outra unidade, porque não há nem profissionais nem equipamentos para prestar a assistência necessária. Um hospital é uma estrutura bem mais complexa do que o discurso do GDF faz pare-

Dr. Gutemberg Fialho Médico e advogado Presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal

cer. O que há de real em toda essa história é a necessidade de ampliar a oferta de assistência à saúde da população, com profissionais qualificados, dignamente remunerados, com os meios e insumos adequados disponíveis para dar a assistência que os pacientes precisam. Isso sim, precisa sair do campo da fantasia e da esperança para se tornar realidade.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital

2022, o ano dos concursos. Prepare-se! Zélio Maia da Rocha (*) O sonho de entrar no serviço público integra o horizonte das expectativas dos jovens de Brasília. Há mais de 30 anos, como professor de cursos preparatórios para concursos, acompanho os sonhos e angústias de quem se dedica a conquistar um lugar ao sol pelo próprio mérito. São milhares de histórias de sucesso, que me ensinaram quais os caminhos que facilitam ou dificultam o êxito do candidato.

Ninguém passa em concurso sem um projeto de estudos. Deve-se definir o tempo disponível: 1 hora? 2 horas? ... 10 horas? Não interessa. Apenas defina de acordo com suas possibilidades. Feito isso, virá a parte mais difícil: executar o projeto. É fundamental manter a regularidade. Quando me preparei para o concurso de Procurador do DF, estudava exatamente 8 horas/ dia. Jamais, durante toda a minha preparação, eu estudei por dia 7 horas e 59 minutos ou 8 horas e 1 minuto. Parava de estudar quando o relógio cravava as 4 horas de estudos pela manhã e, depois, no período noturno. Esse rigor, longe de apenas ser um reflexo do meu jeito de ser, tinha um objetivo: não con-

fundir minha cabeça no cumprimento do planejamento. O exemplo das horas que estudei não é para ser seguido por todos, mas serve para ilustrar que cada um deve ter o seu projeto. Eu tive o meu, você terá o seu. Com um projeto bem estruturado, em que já devem ser previstos seus compromissos futuros, você vai apenas executá-lo e terá como cobrar, de você mesmo, aquilo que se propôs. Ao executar fielmente seu projeto, você conseguirá passar em qualquer concurso que desejar. Já lecionei para mais de 500 mil alunos e na terceira aula já sabia quem estava realmente envolvido com o concurso e, por consequência, tinha chances maiores de passar.

Neste ano, o Orçamento da União prevê o provimento de mais de 43 mil vagas. No DF, estão previstas mais 15 mil. Basta uma delas para que você se torne um servidor público. 2022 é, portanto, um ano mais promissor para os candidatos mais preparados. Ao ingressar no serviço público, além da remuneração, da estabilidade e outras possibilidades inerentes à sua condição funcional, você compartilhará a honrosa missão de servir à sociedade. Nessa equação, todos ganham. Não perca esta oportunidade!

(*) Subprocurador-geral do DF, advogado (licenciado), professor de Direito Constitucional, atual diretor-geral do Detran


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Brasília

Acompanhe também na Internet o blog Brasília, por Chico Sant’Anna, em https://chicosantanna.wordpress.com Contatos: blogdochicosantanna@gmail.com

Por Chico Sant’Anna

Ônibus de Caiado atropela Ibaneis DIVULGAÇÃO

Goiás adquire 100 veículos articulados movidos a eletricidade, confortáveis e não poluentes. DF adia medida há 10 anos Desde o início de suas gestões, Ronaldo Caiado (DEM) e Ibaneis Rocha (MDB) competem pelo protagonismo na política regional. É como ocorria na disputa Arena x MDB dos tempos da ditadura militar. O mais recente episódio ocorreu na implantação de ônibus articulados (BRT) movidos a eletricidade. Goiânia deu um salto de qualidade, deixando Brasília para trás. O confronto entre os dois governadores começou logo no início de seus respectivos mandatos. Ibaneis foi inspecionar a possibilidade de instalar o trem

Meio-ambiente

Desde 2012, ainda com Agnelo Queiroz (PT), o GDF promete ônibus elétricos na cidade

metropolitano para Luziânia. Caiado ligou aborrecido para o governador do DF e, segundo o portal Metrópoles, foi possível ouvir impropérios de lado a lado. Depois do episódio, representantes da bancada goiana no Congresso apresentaram projeto de lei que abocanharia para Goiás parte do Fundo Constitucional do DF. Caiado ainda decidiu revitalizar o aeroporto Santa Genoveva, tornando Goiânia uma

alternativa de transporte de cargas e portão internacional, em concorrência ao aeroporto JK. Dia 21, ao mesmo tempo em que o brasiliense tomava ciência de mais uma crise na Saúde, com a renúncia do presidente do IGES-DF, general Gislei Morais, Caiado autorizava R$ 87,2 milhões para a conclusão das obras do Hospital de Águas Lindas, com 163 leitos, ambulatório com 22 consultórios e centro cirúrgico com oito salas.

Novidade prometida para a Copa de 2014 A mais nova iniciativa que coloca Goiás à frente do DF foi o anúncio da introdução de ônibus articulado 100% elétrico, que substituirá a frota que circula no Eixo Anhanguera, uma espécie de BRT. Os novos veículos são energizados por baterias de fosfato ferro lítio. Uma carga completa permite viajar 250 Km. Os veículos foram desenvolvidos pela brasileira Marcopolo e a chinesa Build Your Dreams (BYD), com fábrica em Campinas (SP). Têm 22m de extensão, piso rebaixado, capacidade para 170 passageiros, espaços para cadeirantes, ar-condicionado ionizado, carrega-

dores de celular e Wi-Fi interno. E como nasceram na era da covid-19, já vêm com dispositivos de biossegurança, que reduzem o risco de contaminação pelo coronavírus. O modelo possui seis câmeras de alta definição (duas com infravermelho, em substituição aos retrovisores externo e interno). Elas permitem que o motorista veja pontos cegos e tenha facilidade de manobra, aumentando a segurança. Em Brasília, segundo a Secretaria de Mobilidade, existem seis ônibus elétricos na linha Rodoviária-Esplanada. A frota conta ainda com nove veículos movidos a biodiesel,

nenhum articulado. A Semob informa que na futura licitação das linhas de ônibus no DF haverá a previsão de ônibus elétricos, mas não se sabe ainda quando, nem quantos veículos irão operar e se serão articulados. Há dez anos, o GDF promete os ônibus elétricos. Em 2012, Agnelo Queiroz (PT) foi a Xangai e anunciou acertar a introdução, naquele ano mesmo, dos ônibus elétricos. Até “a criação de uma fábrica desses carros no DF, se constituindo em uma plataforma para o Brasil”, foi anunciada. Esses ônibus seriam utilizados na Copa do Mundo de 2014. Nada se materializou.

A substituição da frota por ônibus elétricos reduz a dependência das tarifas à variação do preço do diesel. Além da questão econômica, há a ambiental. Como divulgamos nesta coluna, estudo do Ministério da Ciência e Tecnologia, com dados de 2016, aponta que o trânsito responde por 53,4% da emissão de gás de efeito estufa no DF. Dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) são os mais presentes na nossa atmosfera. Pelo levantamento, em 2016 foram lançadas no DF 7,23 mil toneladas de CO2, 1,5 mil toneladas de metano e 354 toneladas de óxido nitroso.

Goiás é o primeiro no Brasil Em Goiânia, o objetivo é iniciar a modernização na linha ainda neste semestre. Cada veículo elétrico deixa de emitir 110 toneladas de CO2 por ano. Mais de 10 mil toneladas de carbono, se computados os 100 ônibus, deixarão de ser lançadas no meio ambiente. “Seremos os primeiros no Brasil a implantar o transporte com ônibus elétrico. Isso é dar a Goiânia um diferencial e a Goiás um passo inovador. Não adianta querer resolver um assunto fazendo ‘puxadinho’. Ou se muda o conceito do transporte público, ou vamos estar cada vez mais fadados a provocar desencanto junto à população”, disse Caiado.


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QUESTÕES DA ALMA

Anna Ribeiro Acidente de percurso Às vezes, a gente morre antes de morrer. Às vezes a vida te abandona antes da partida final O barulho do freio e o forte estampido do impacto me fizeram saltar da cama para a janela. Um carro bateu numa árvore. O impacto partiu os dois – árvore e carro. Em minutos, sirenes anunciavam que o socorro estava a caminho. Policiais, bombeiros, viaturas, uma ambulância. Alguma esperança de que ainda havia vida. Talvez a tal vida já não habitasse aquele corpo.

Às vezes, a gente morre antes de morrer. Às vezes a vida te abandona antes da partida final. As luzes flamejantes do socorro alertavam que não seria um resgate fácil. Haviam se fundido, se misturado. É assim que as coisas complicam, quando uma parte se mistura tanto à outra parte que para se fazer o resgate é preciso causar um segundo trauma,

ESPÍRITA

José Matos Queda e evolução O processo de evolução é um conjunto de eventos de perdas. O processo de queda, ao contrário, é um processo de ganhos A causa da queda ou da evolução é a mesma: encantamento. Encante-se com o mal e cairá. Encante-se com o bem e evoluirá. O encantamento com o mal, conhecido como “porta larga”, traz um retorno rápido, mas infringe as leis de progresso e de solidariedade e atrai a Lei de Retorno para fazer a correção. O

TV Comunitária lIGADA EM BRASÍLIA

encantamento com o bem, também chamado de “porta estreita”, exige dedicação, disposição e perseverança. E gera paz de consciência e alegria. O processo de evolução, é um conjunto de eventos de perdas. Perde-se orgulho, egoísmo, maldade, má-vontade, vaidade, ambição etc. Quanto mais se

um segundo acidente. Trânsito parado. A vida de alguém parou. Acompanho como posso, da janela, com lágrimas e caneta nas mãos. Minhas ferramentas de sobrevivência. O tempo transcorre. O resgate não se efetiva. Como somos frágeis, quebráveis, quebrantados. Ai de mim, ai de ti! Que não nos saia do corpo a vida. Que não sejamos abandonados antes da hora. As árvores parecem também observar tudo tão atônitas quanto eu. Não há um sinal sequer, nenhuma folha faz qualquer movimento. Observam. Talvez preocupadas com a árvore atingida tão gravemente, tão brutalmente. Quem se machuca sempre arrasta algo consigo. O carro avançou a calçada e bateu na árvore que ali estava. Quebradas. A árvore e ela. Mais ambulâncias. Uma vítima a ser socorrida. A outra se regenerará. Costumo usar esta mesma calçada para caminhar nesse horário. Mas a vida me acompanha. Não

fui antes. Espero não ir antes. Espero que meu corpo não me deixe antes da vida se esvair de mim. O que aconteceu? Assisti da janela. Não há explicação. O resgate não termina. Era fim de tarde. Agora, início da noite. Tons melancólicos do entardecer ao fundo da cena. Uma leve brisa parece tentar amenizar a dureza da tragédia que se apresenta. É preciso frear antes. É preciso acelerar em alguns momentos. É preciso parar antes de ser parado pelo caminho. Nós paramos de respirar. Eu e as árvores. Estamos assustadas. A vida ou a falta dela é assim. Te pega. Te para. Te parte ao meio. Te quebra em pedaços. Será que a gente se junta? E a moça? Como era o segundo anterior ao baque? Como ela estava? Eu, no segundo anterior ao baque, não me sabia tão viva.

perde, mais se ganha em paz de consciência. O processo de queda, ao contrário, é um processo de ganhos: ganho de orgulho, ambição, egoísmo, orgulho, maldade, etc. E tudo isso traz insatisfação íntima. Para iniciar a queda, você precisa justificar os atos errados e culpar os outros. Para manter-se em queda, você precisa orgulhar-se dos seus mal feitos. Quanto mais tempo em queda, mais orgulho. A astúcia e a desonestidade são vistas como inteligência, e o pseudopoder, como poder real. Os senhores do carma podem interferir para estancar a queda ou deixar que ela seja completa para gerar desencantamento, sofrimento e vontade de retornar ao sistema, como ensinou Pietro Ubaldi. A queda só pode ser sustada por um avatar que traga de volta

o encantamento pelo bem, como aconteceu com Saulo de Tarso, quando viu Jesus, ou pela dor, como foi com Jerônimo Mendonça, que converteu-se após ficar cego e tetraplégico. Perguntado no Além se sua mudança tinha sido fácil, Lampião, agora um trabalhador da luz, respondeu: “Não. Foi muito difícil. Só consegui porque tive o apoio de Eurípedes Barsanulfo e Maria Modesto Cravo, dois seres da luz. O encantamento com o mal trará o sofrimento para corrigir: cadeia, paralisia, cegueira, remorso, falência, humilhação. O encantamento com o bem trará alegria e paz. “Sou feliz. Fiz todos os meus deveres de casa”, disse Chico Xavier.

Anna Ribeiro Escritora

José Matos

Professor e palestrante

CANAL 12 NA NET WWW.TVCOMUNITARIADF.COM @TVComDF

TV Comunitária de Brasília DF


Brasília Capital n Gastronomia n 12 n Brasília, 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2022 - bsbcapital.com.br

Gastronomia Dedé Roriz

CLASSIFICAÇÃO $ - BARATO $$ - MÉDIO $$$ - ALTO $$$$ - CARÍSSIMO

Empresário e radialista divulgando a boa gastronomia e eventos de Brasília Instagram: @dederoriz

NATIVAS GRILL ESPLANADA

Churrasco com buffet de sushi e sashimi A churrascaria Nativas Grill Esplanada conquistou o coração dos brasilienses que gostam de um bom churrasco. Adquirida pela Rede Nativas em 2021, a casa passou por uma ampla reforma, tanto física quanto na qualidade das carnes e no atendimento liderado pelo sócio Guilherme. A Nativas Esplanada implementou o buffet premium de sushi e sashimi e, em alguns dias da semana, oferece o festival de camarão e de massas. A brinquedoteca é bem ampla e atende as crianças como cortesia da casa. Além dos tradicionais cortes, como picanha, alcatra e coração, a casa oferece cortes premium, como a maminha recheada com queijo, shouder. A paleta de cordeiro é outra boa opção. A Nativas tem com duas unidades em Brasília: no SIA e no Setor de Clubes Norte. Os preços do jantar com todas as opções são a partir de R$ 49,90. MAIS INFORMAÇÕES Instagram: @nativasgrillesplanada Reservas: 61-3306-1112

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