Antônio Santos: 38 anos na CNC
Dirigentes do Sistema S tornam-se vitalícios
Elias Costa lança seu quarto livro em agosto Página 15
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Ano VII - 321
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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Major poeta usa conflito como forma de inspiração
Brasília, 22 a 28 de julho de 2017
GUSTAVO GOES
Taguatinga briga pelo Taguaparque Comunidade reage à proposta da Secretaria de Gestão e Território de Habitação do GDF de usar a unidade como compensação ambiental no processo de regularização de Vicente Pires Páginas 8 e 9
Para Lula, Dória ainda não é nada
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Ex-presidente desafia prefeito a deixar de fazer discurso e governar São Paulo
Presidente aumenta PIS/ Cofins para cobrir déficit. Emendas parlamentares aumentaram o rombo no caixa do governo
Pelaí - Página 3
Moradores são contra empresa em residências
Páginas 4 e 5
Arruda passa dever de casa para Izalci
População dos Lagos Sul e Norte e do Park Way querem qualidade de vida Páginas 2 e 11
Gasolina cara paga conta de Temer
Brasiliense amanheceu pagando em média R$ 3 pelo litro da gasolina e foi dormir tendo que desembolsar até R$ 3,94
Odir Ribeiro - Página 10
Brasília Capital n Opinião n 2 n Brasília, 22 a 28 de julho de 2017 - bsbcapital.com.br
E
A R T I G O
x p e d i e n t e
E o Lago Norte invadiu Ceilândia. Que maravilha! Diretor de Redação Orlando Pontes ojpontes@gmail.com Diretor Comercial Júlio Pontes comercial.bsbcapital@gmail.com Pedro Fernandes (61) 98406-7869 Diretor-Executivo Daniel Olival danielolival7@gmail.com (61) 99139-3991 Diretor de Arte Gabriel Pontes redação.bsbcapital@gmail.com Impressão Gráfica Jornal Brasília Agora Tiragem 10.000 exemplares Distribuição Plano Piloto (sede dos poderes Legislativo e Executivo, empresas estatais e privadas), Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Riacho Fundo, Vicente Pires, Águas Claras, Sobradinho, SIA, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Lago Oeste, Colorado/Taquari, Gama, Santa Maria, Alexânia / Olhos D’Água (GO), Abadiânia (GO), Águas lindas (GO), Valparaíso (GO), Jardim Ingá (GO), Luziânia (GO), Itajubá (MG), Piranguinho (MG), Piranguçu (MG), Wenceslau Braz (MG), Delfim Moreira (MG), Marmelópolis (MG), Pedralva (MG), São José do Alegre, Brazópolis (MG), Maria da Fé (MG) e Pouso Alegre (MG). SRTVS Quadra 701, Ed. Centro Multiempresarial, Sala 251 - Brasília - DF - CEP: 70340-000 Tel: (61) 3961-7550 - bsbcapital50@gmail.com www.bsbcapital.com.br - www.brasiliacapital.net.br
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Wílon Wander Lopes (*) Como todos deveriam saber, já que a todos interessa, o Governo do Distrito Federal está fazendo a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), a qual organiza as atividades urbanas no território, visando sua melhor distribuição, funcionamento, eficácia e a qualidade de vida do cidadão. Para fazer a LUOS, há um ritual: o governo tem que promover uma série de audiências públicas para ouvir a cidadania e, no final, submeter o projeto básico, com as modificações pretendidas pela comunidade, à Câmara Legislativa, que transforma tudo isso em lei. E aí começa o inconveniente radicalismo. Procurando deturpar o foco da LUOS, que é todo o território do DF, alguns ativos participantes das audiências insistem em defender a desviada e apequenada tese de que a LUOS vai descaracterizar o plano de Lucio Costa e que Brasília precisa ser defendida da LUOS. Nesse contexto em que o diálogo vai “pras cucuias”, aparece, muito forte, um velho preconceito: a divisão entre o Plano Piloto, que alguns chamam de Brasília, e as cidades-satélites. Tem gente que nunca vai às cidades-satélites porque imagina que poderá ser assaltada, no mínimo emporcalhada pela presença incômoda do povão... Na última audiência, ficou patente a presença maciça de moradores do Lago Norte. Eles tiveram que se deslocar (ai,
C
nTragédia Que vergonha deste país! Tem bandido em todos os lugares, até nas delegacias. Que caso mais triste e ao mesmo tempo revoltante! Que seja solucionado. Mais triste ainda que nada o trará de volta. Cleonice Costa, via Facebook Olha aí, José Carlos Silva! Eu te falei que o seu amigo foi assassinado na delegacia. Essa história de enforcamento era só conversa. Fabiana Pacheco,
via Facebook Sobre imagens do assassinato, segundo familiares, do motorista Luís Cláudio Rodrigues, que na versão da polícia, suicidou-se numa delegacia de Sobradinho, sexta-feira (14). nSaúde Não fazem mais que a obrigação. Fazer festas porque a saúde pública fez a obrigação dela? Ah, me poupem! Leila Silva, via Facebook
Se tivessem aproveitado para almoçar na Praça do DI, em Taguatinga, ou na Feira de Ceilândia, os moradores do Lago Norte vivenciariam, gostosamente, a vibrante e saudável realidade das cidades-satélites que chato!) até Ceilândia, sede da audiência. A maioria em um ônibus fretado, para contrapor sua presença à idéia de se permitir comércio nas residências. Imaginaram que Ceilândia e vizinhanças estariam em peso na audiência. Que nada: sábado de manhã, a turma das cidades-satélites trabalha duro. Na viagem, a caravana se deparou com coisas surpreendentes: à esquerda, na EPTG, um monte de prédios muito juntos e enormes, bem maiores do que os do Plano Piloto, alguns com mais de trinta andares: Águas Claras. À direita, oitenta mil pessoas vivendo nas antigas colônias agrícolas: Vicente Pires. O que é isso? Como pode? Logo depois, engarrafamentos e mais engarrafamentos de carros e pessoas revelavam uma metrópole pujan-
te – Taguatinga. Em seguida, aparece a crescente Samambaia. Mais à frente, uma incrível construção linda, enorme - e abandonada: o Centro Administrativo do Distrito Federal. Vindo à audiência da LUOS em Ceilândia, portentosa maior cidade-satélite, muita gente deve ter entendido que o Distrito Federal é, como todas as suas partes, inclusive Brasília, um organismo vivo, que muda. E que as mudanças não podem ser simplesmente repelidas, mas organizadas, regulamentadas – pela LUOS. E que a participação comunitária é para reconhecer o que, na falta de políticas públicas do governo, o povo fez – porque precisou fazer. Antes de terminar a audiência, a caravana saiu apressada rumo à sua segurança. Se tivessem aproveitado a oportunidade para almoçar na Praça do DI, em Taguatinga, ou na Feira Central de Ceilândia, os preocupados moradores do Lago Norte vivenciariam, gostosamente, a vibrante e saudável realidade das cidades-satélites, tão brasileiras, tão boas de se ver e de se viver, que compõem o desconhecido Distrito Federal. Abaixo o preconceito! Que venham mais e mais vezes descobrir maravilhas! Vão viver melhor!
(*) Presidente da Confraria dos Cidadãos Honorários de Brasília, advogado, jornalista e escritor
a r t a s
Sobre a notícia de que a Secretaria de Saúde zerou a fila de espera para fazer mamografia no DF. Em outubro 11 mil mulheres aguardavam pelo exame. nGasolina barata Ainda está caro. O pior de tudo é que a gasolina é de má qualidade. Eu tenho comparado a média do consumo de gasolina de alguns postos e tem muita gasolina adulterada aqui no DF. Ely Batista, via Facebook
Parabéns à polícia e aos envolvidos na operação que conseguiu acabar com o cartel de combustíveis no DF. Hébert Afonso Soares, via Facebook Moro em Sobradinho, e por aqui continuam cobrando preço alto. Por isso estou abastecendo só no Plano! Cláudia Freitas Morgado, via Facebook Sobre as promoções vistas em postos de combustíveis do Plano Piloto durante a semana em que a gasolina chegou a custar R$ 2,97.
nBar de Gelo Nem precisa de gelo não. Nesse frio que tá fazendo, só colocar as bebidas ao ar livre e ficar de olho pra cerveja não congelar. Hudsson Vilascorti, via Facebook É uma boa opção quando estiver aquele calor de rachar. Robson Lopes, via Facebook O primeiro bar feito com toneladas de gelo na cidade chega a Brasília em agosto.
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O
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, Ricardo Vale (PT), requereu, quinta-feira (20), a convocação do titular da 13ª DP, Robert Araújo Menezes, e militares do 13º BPM, para
Gravar ou não gravar...
prestar esclarecimentos sobre a morte do motorista da CEF, Luís Cláudio Rodrigues, numa cela da DP. Oficialmente, ele teria cometido suicídio. Mas a família não acredita nessa versão. A perícia apontará a causa.
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... Eis a questão. À época das denúncias do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que pediu demissão em novembro, o presidente Michel Temer afirmou: “Estou pensando até, com toda franqueza, em pedir ao Gabinete de Segurança Institucional que grave, publicamente, todas as audiências do presidente da República”. MISTURADOR – Sete meses e muitas crises depois, no entanto, o Planalto trocou a estratégia: instalou um “misturador de voz” para dificultar gravações no gabinete presidencial. Grava, Temer, grava!
Cultura Na luta para barrar a denúncia por corrupção passiva no plenário da Câmara, Temer consultou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para nomear o novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. IMPEACHMENT – Apesar da aparente melhora na relação entre o Planalto e Maia - que articula para tornar-se presidente, caso Temer caia - não está descartada a aceitação do impeachment do presidente, caso ele escape da denúncia de Rodrigo Janot. Mais de 15 pedidos de impeachment aguardam por Maia na Mesa Diretora da Câmara. Entre eles, um da OAB.
PSol Com seis deputados federais, o PSol pode desaparecer se for aprovada a cláusula de barreira em 2018, pela qual partidos com menos de 5% dos votos nacionais não poderão ter representatividade no Congresso. Para tentar escapar, a direção da legenda estabeleceu como prioridade eleger um representante no DF. O nome escolhido é o da ex-deputada Maninha. BRIGA INTERNA – Na contramão do medo de extinção, a militância sonha alto. Há, inclusive, uma disputa interna pela vaga para concorrer ao Buriti. São cinco pré-candidatos: Clayton Avelar, presidente do Sindicato dos Servidores de Assistência Social; Beatriz Vargas, professora da UnB; Anjuli Tostes, auditora da CGU; Talita Victor, servidora da Câmara dos Deputados; e a servidora pública Márcia Teixeira.
Dória não é nada Em sua saga de entrevistas, o ex-presidente Lula (foto) foi ao programa de José Trajano, no Youtube. E detonou o prefeito de São Paulo: “Doria, por enquanto, não é nada. É só um João trabalhador que não trabalha. Ele vai ter que provar. Governe São Paulo. Não é fazer discurso, porque aí todo mundo faz”. BOLSONARO SEM CHANCE – Lula comentou também a situação do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). “Acho que Bolsonaro não disputa. Se disputar, não tem chance. As pessoas vão ter vergonha de dizer que votam numa pessoa tão reacionária”. MORO BONZINHO – Sobre o bloqueio imposto pelo juiz Sérgio Moro a seus bens, Lula ironizou: “O Moro foi condescendente comigo porque ele me deixou a perua de 1982. Inclusive ela até foi roubada. Espero que eles achem ela”.
O “gente boa” O subprocurador Luciano Mariz Maia (foto) é o favorito para a viceprocuradoria-geral da República na gestão Raquel Dodge. É tradição no órgão contrapor um estilo mais rígido com outro mais leve - no caso da dupla Raquel-Mariz, o vice seria o “gente boa” da história.
Rodízio de padrastos O delegado Miguel Lucena assinou a ficha de filiação ao PTB e é pré-candidato a deputado federal. Ele esteve no centro de uma polêmica quando comandava a comunicação da Polícia Civil. Em maio, atribuiu a culpa pelo estupro de crianças e adolescentes às mães das vítimas, que “fazem rodízio de padrastos em casa”. A afirmação lhe rendeu a demissão do cargo. No PTB, Lucena conta com o apoio do ex-distrital Alírio Neto. DANÇA – Ao contrário de Lucena, muitos pré-candidatos ainda não sabem a qual cargo concorrerão e tampouco por qual partido. O distrital Wasny de Roure (PT) sonha com o Senado, mas seus correligionários apostam que ele tem tudo para se eleger deputado federal. PULA-PULA – O petista Rodrigo Couto quer pular da presidência local da CUT para a Câmara Legislativa. Já a secretária de Esportes Leila Barros, que está no PRB, deve passar para o PSB de Rollemberg. Só não decidiu se pleiteará a Câmara Legislativa ou a Câmara dos Deputados. SONHO MEU – O ex-distrital Washington Mesquita continua no PTB. Sonha em retornar para onde jamais quis sair. Terá o apoio do correligionário Lucas Kotoyanes e do padre Moacir Anastácio, da Paróquia São Pedro, de Taguatinga.
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Orlando Pontes
A
primeira fatura da empreitada de Michel Temer (PMDB) para garantir sua permanência na Presidência da República até o final de 2018 foi apresentada na quinta-feira (20), e provocou o aumento no preço dos combustíveis. No dia seguinte, sexta-feira, foi constatado reajuste em mais de dez estados e no Distrito Federal. Na capital do País, houve aumento de mais de R$ 1 no litro. Como mostrou o Brasília Capital na semana passada, quem pagará a conta é o contribuinte. Numa edição extra do Diário Oficial da União, o governo anunciou um aumento de impostos sobre combustíveis e o bloqueio de quase R$ 6 bilhões do Orçamento. O objetivo é evitar que o rombo das contas públicas passe do limite de R$ 139 bilhões.
Gasolina já subiu de preço E também o diesel e o álcool, que puxarão custos das passagens, alimentos, vestuário, eletrodomésticos. Enfim, toda a economia será afetada
O cruzamento de apenas dois dados confirma a dedução de que Temer compra apoios com dinheiro do cidadão comum: a previsão de aumento de arrecadação com o reajuste do diesel é de R$ 3,9 bilhões. Muito próximo do que o governo vai gastar neste ano com o reajuste salarial de 120 mil servidores públicos federais: R$ 3,8 bilhões. Para assegurar os votos dos deputados, liberou R$ 1,5 bilhão em emendas parlamentares. Já o aumento da alíquota do etanol assegurará um acréscimo de R$ 1,1 bilhão na arrecadação. Horas antes do anúncio dos aumentos, num discurso no Palácio do Planalto, Temer disse que o governo é eficiente e respeita o dinheiro dos impostos: “Desde o primeiro dia nós temos promovido exatamente eficiência no governo. Demos também transparência à situação das
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Ministro tenta explicar decisão O ministro do planejamento, Dyogo Oliveira (foto), afirmou, sexta-feira (21), que a redução das despesas vai atingir todos os órgãos do governo. Cada um terá que apresentar, até o fim do mês, um detalhamento de onde pode economizar. Com o programa de repatriação, por exemplo, que é o pagamento de multa com dinheiro não declarado no exterior, a expectativa antes era arrecadar R$ 13 bilhões. Agora
contas públicas, e estamos tratando com seriedade o dinheiro do pagador de impostos”. E no fim da tarde de quinta-feira, a confirmação do ataque ao bolso do contribuinte: aumento do PIS/Cofins cobrado sobre gasolina, diesel e etanol. Com o reajuste, o governo espera arrecadar R$ 10,42 bilhões. O imposto sobre a gasolina vai subir R$ 0,41 por litro. Do diesel sobe R$ 0,21 por litro. A do produtor de etanol aumentou, e o distribuidor que não pagava, vai passar a pagar. A decisão do governo tem um motivo simples: o impacto é imediato. E não precisa da autorização do Congresso. O aumento de impostos terá impacto no bolso do consumidor e na inflação. Mas ela está abaixo da meta perseguida pelo Banco Central. Além do aumento, veio também um novo congelamento de gastos no or-
é de apenas R$ 3 bilhões. Com o refinanciamento de dívidas com a receita, a estimativa de arrecadação caiu mais que a metade. Baseado nos números atuais, o déficit do governo é de R$ 144 bilhões, acima da meta fiscal. O ministro disse que o déficit é explicado pelos gastos com a Previdência, que hoje gera um rombo de R$ 185 bilhões por ano. E que, devido a esse buraco nas contas públicas, o governo não
Temer compra apoios com dinheiro do cidadão. Para assegurar os votos dos deputados, liberou R$ 1,5 bilhão em emendas, muito próximo do R$ 1,1 bilhão que arrecadará com o reajuste do imposto sobre o etanol
teve como escapar do aumento de impostos dos combustíveis. O valor a ser cobrado do motorista vai depender de quanto desse aumento da tributação os postos de combustíveis repassarão para o preço final. Se o repasse dos quarenta e um centavos a mais no imposto da gasolina for integral para abastecer, por exemplo, um tanque com 50 litros, o motorista vai gastar R$ 20 a mais. O imposto do diesel aumentou vinte e um centavos por litro.
çamento de quase R$ 6 bilhões. Foi uma conta de chegada. O governo viu que só com o aumento do PIS/ Cofins não conseguiria cobrir o buraco nas contas. Não cumpriria a meta fiscal de 2017, que prevê um déficit (rombo) de R$ 139 bilhões. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou as medidas: “Pela queda da arrecadação em função da recessão que herdamos dos últimos anos”. Estão congelados R$ 39 bilhões, o que prejudica vários serviços públicos. A emissão de passaportes foi suspensa no fim de junho. Por falta de dinheiro, no início de julho, a Polícia Rodoviária Federal suspendeu o patrulhamento de rotina nas estradas para economizar combustível. Ao anunciar o novo congelamento, em nota, o governo disse que ele será compensado com receitas extraordinárias. Só não disse quais. E é
bom lembrar que o governo contava muito com o novo Refis, programa de parcelamento de dívidas que foi alterado na Câmara e não deve mais arrecadar o que era esperado. A reforma da Previdência, que os economistas consideram fundamental para a melhora das contas públicas, parou na Câmara logo depois da divulgação da gravação do empresário Joesley Batista com o presidente, a qual transformou Michel Temer em suspeito de prática de corrupção passiva. E é justamente para evitar que a Câmara autorize o STF a investigá-lo, que ele tanto se esforça em agradar os deputados com a liberação de emendas. De janeiro a maio, o rombo nos cofres da União chegou a R$ 70 bilhões. Em junho, a arrecadação de impostos até subiu: 3%. Mas o total no acumulado do ano não chega a 1%.
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Reforma trabalhista não atinge Sistema S
Instituições ligadas aos empresários do comércio e da indústria, como Sesc, Senai, Sesi e Senac, que têm arrecadação sem controle do governo, escapam do fim do imposto sindical
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Da Redação
O
fim da obrigatoriedade do pagamento do imposto sindical – um dia de salário por ano dos trabalhadores – pode representar a desarticulação de várias entidades representantes dos trabalhadores. “Vai atingir em cheio os sindicatos de luta”, diz o deputado distrital Chico Vigilante (PT), que já foi presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Distrito Federal. Essa medida, porém, coloca novamente o Sistema S na ordem o dia. São 11 instituições ligadas aos empresários do comércio e indústria, como Sesc, Senai, Sesi, Senac, que têm um sistema de arrecadação direta, sem nenhuma forma de controle por órgãos governamentais. No domingo passado (16), o jornal Folha de S. Paulo fez extensa reportagem sobre o que o presidente da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado Federal, Ataídes Oliveira (PSDB-TO), chama de “um buraco negro de R$ 30 bilhões”. A forma de arrecadação do Sistema S, que impede também a transparência gera enorme controvérsia jurídica. O colunista Celso Ming, do jornal O Estado de S. Paulo, dedicou um de seus textos “à Caixa-Preta do Sistema S”. Ele acentuou, na abertura do artigo, que “a reforma trabalhista deixou intacta a dinheirama que os sindicatos empresarias usam como bem entendem”. Ming usou afirmação do senador Ataídes Oliveira para apontar o que pode estar acontecendo: “O Sistema S é um caso de desvio de recursos públicos maior do que o da Petrobrás”.
Adelmir Santana: 16 anos na Fecomércio e no Sesc-DF
Antônio Oliveira Santos: 38 anos na CNC
Paulo Skaf: 17 anos à frente da Fiesp
Muito dinheiro e poder político A gerência de grande volume de dinheiro provoca outras distorções, como a perpetuação de dirigentes no comando e a ingerência política que eles passam a ter. “Alguns deles são mais poderosos do que muitos políticos. Há um silêncio que protege o sistema”, resume o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ). Ele relata que, na Constituinte de 1988, começou a tentar mexer no modelo e que, já naquela época, o poderoso lobby empresarial no Congresso impediu. Crítico da contribuição compulsória e da arrecadação direta, que define como “crime”, Ataídes Oliveira reclama também que o dinheiro do Sistema S, mesmo sendo um tributo e tendo destinação social, não entre no Orçamento da União. Ele apresentou duas emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2018 propondo incluir as receitas do Sistema S na Lei Orçamentária Anual e aprimorar as regras de transparência das entidades, mas ambas foram rejeitadas. Oliveira também apresentou emenda ao projeto da reforma trabalhista para acabar com a obrigatoriedade da contribuição. Como de costume, a proposta não prosperou. E verifica-se, nos últimos anos, o inverso. Para atender a interesses de outras indústrias
e setores que pleiteavam recursos do sistema, o escopo da contribuição cresceu. Hoje o Sistema S contempla transportes (Sest e Senat), micro e pequenas empresas (Sebrae), setor rural (Senar), cooperativismo (Sescoop), exportação (Apex) e desenvolvimento (ABDI). A Folha de S. Paulo utiliza o termo “semipúblico” ao se referir à quantidade de dinheiro livre de fiscalização e controle, conhecido por contribuição compulsória ou contribuição social, que tem amparo em legislação dos anos 1940 (Governo Vargas), e corresponde a um percentual da folha de pagamento das empresas. Conforme o setor, o percentual varia de 0,2% a 2,5% sobre a remuneração dos empregados. O colunista Celso Ming bate também nessa tecla: “O Tribunal de Contas da União verificou que 83% das entidades do setor não possuem auditoria interna e 78% não são dotadas de conselho fiscal”. Para o economista e presidente do Insper – instituição de pesquisa em São Paulo –, Marcos Lisboa, a forma de seguir critérios de transparência é garantir a fiscalização dos balanços por auditores independentes. “A população paga um imposto a entidades privadas que usam os recursos sem prestar contas a ninguém”.
Dirigentes perpétuos A contribuição compulsória é defendida com fervor pelos dirigentes do setor, que em geral se perpetuam nesses cargos, noticia a Folha. Em São Paulo, Abram Szajman está há mais de 30 anos no comando da Fecomércio, e Paulo Skaf, que deverá ser reeleito para mais um mandato como presidente da Fiesp (até 2021) – é candidato único na eleição marcada para agosto – poderá ficar no cargo por pelo menos 17 anos. Em nível nacional, Antônio Oliveira Santos preside a Confederação Nacional do Comércio (CNC), há 38 anos. Sem controle do Estado sobre a inadimplência de Sesi e Senai, nada impede que um dirigente perdoe dívidas de filiados, por exemplo, com a contribuição, em troca de apoio político em eleições. Em Brasília, Adelmir Santana, presidente da Fecomércio-DF, completará, em 2018, 16 anos no cargo e também no comando do Sesc. Para ele, está tudo dentro da legalidade, porque o estatuto interno da entidade permite reeleições sucessivas. E, provalmente, Adelmir ganhará mais um mandato no próximo ano, já que é bem articulado com os sindicatos patronais e a maioria dos presidentes das entidades que compõem o colégio eleitoral tem compromisso com ele.
Você significa tudo.
Maura Aguiar Servidora Pública
RealizAção É economia. O corte na verba destinada aos deputados para utilização de serviços dos Correios gerou, só no último ano, uma economia de mais de R$ 2 milhões. Também resultaram em ganho financeiro a diminuição dos gastos com a verba indenizatória e a consequente mudança na forma do seu pagamento. A CLDF está cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, mantendo seus custos abaixo dos limites preestabelecidos, ou seja, Ressignificação também é uma nova forma de a Câmara lidar com o dinheiro público.
Saiba mais: www.cl.df.gov.br
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Taguatinga não abre m GDF propõe transferir a área para ajudar na regularização de Vicente Pires. A comunidade é contra Gustavo Goes
E
mpresários, representantes de entidades de classe e lideranças comunitárias de Taguatinga estão unidos contra a perda de áreas da cidade para outras regiões administrativas. A discussão ganhou corpo durante os debates para regularização de Vicente Pires, que poderia incorporar o Taguaparque, enquanto parte do Pistão Sul passaria para Águas Claras. As mudanças fazem parte das propostas das novas poligonais (limites geográficos entre as regiões administrativas) em discussão na Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth). No caso de Taguatinga, estão as divisas com Ceilândia, Samambaia, Águas Claras e Vicente Pires. Com a mudança na legislação, o limite para as Colônias Agrícolas seria o Pistão Norte. Assim, Taguatinga ficaria sem o seu principal espaço público urbano – o Taguaparque. Em compensação, a nova poligonal ajudaria no processo de regularização da Vicente Pires, pois a compensação ambiental seria o próprio Taguaparque. “Como não sobrou nada em Vicente Pires, eles querem tirar o Taguaparque, que é nosso. Não aceitaremos isso. Se o processo de regularização depende de compensação, que se faça
isso em qualquer outro lugar do Distrito Federal, como, por exemplo, o Assentamento 26 de Setembro, na Estrutural”, aponta o presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), Justo Magalhães. Em uma das atas de reuniões sobre o tema, disponibilizada no site da Segeth, a justificativa para a mudança de endereço do Taguaparque: “é ponto passivo no entendimento dos moradores” de que o limite de Taguatinga é o Pistão Norte. “Parte da lógica natural do entendimento gestor que as divisões entre uma área e outra são: rodovias, DFs, córregos e rios”, diz o texto. ÁGUAS CLARAS – A outra vizinha, Águas Claras, também briga por uma área que histórica e popularmente é de Taguatinga. O limite seria o canteiro central do Pistão Sul. Com isso, seriam anexadas as áreas do Taguatinga Shopping, UniCeub e Universidade Católica, por exemplo. A Secretaria de Cidades do GDF justificou que trabalha com uma solução que atenda os anseios da população. “A definição é importante para melhorar o planejamento das ações e a abrangência das responsabilidades das administrações regionais. Assim que estiver pronta, a proposta será apresentada à comunidade em audiências públicas”.
“Como não sobrou nada em Vicente Pires, eles querem tirar o Taguaparque, que é nosso. Não aceitaremos isso. Se o processo de regularização depende de compensação, que se faça isso em qualquer outro lugar do Distrito Federal” Justo Magalhães, presidente da ACIT
GUSTAVO GOES
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mão do Taguaparque GABRIEL JABUR / AGÊNCIA BRASÍLIA
LUOS combate os “puxadinhos” Além da poligonal, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), que deve ser votada no segundo semestre na Câmara Legislativa, também prevê mudanças em Taguatinga. A LUOS define, por exemplo, as áreas para uso industrial; define onde podem funcionar negócios e uso misto de interesse social; revisa as normas de gabarito e até a possível criação de uma Vila Olímpica no antigo Clube Primavera, em Taguatinga Sul. É possível encontrar na cidade comércios atuando em áreas destinadas ao uso residencial, o que configuraria uso irregular do solo. Também existem “puxadinhos” em comércios que abrigam residências. Eles são edificados a partir aumentando-se o tamanho das construções para abrigar mais moradias.
Cinturão Verde
Taguaparque pode ser incorporado à Colônia Agrícola, em Vicente Pires. Mudança facilita a regularização de invasões e enfrenta resistência de moradores de Taguatinga
Águas Claras era um setor de chácara de Taguatinga. Para desapropriá-las, o ex-governador Joaquim Roriz deu lotes para seus ocupantes saírem. Ao contrário de Vicente Pires, que surgiu de invasões de áreas públicas e do parcelamento de glebas que eram concessões de uso das feitas pela extinta Fundação Zoobotânica. Em Vicente Pires, foram cedidas pela União chácaras, em tese, indivisíveis, com o objetivo de se criar um “cinturão verde” – área para se desenvolver a agricultura. No entanto, em vez disso, os lotes beneficiários passaram a fracionar a terra, transferindo a posse para grileiros, que as venderam e a transformaram em área urbana. Originalmente, os lotes tinham 20 mil metros quadrados. Os parcelamentos foram feitos aleatoriamente, variando de 300 a 2.000 metros quadrados.
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Por Odir Ribeiro
Arruda passa “dever de casa” para Izalci O caminho até o Palácio do Buriti é uma corrida de obstáculos. E um dos principais desafios para quem quer chegar lá é ser reconhecido como pré-candidato a governador. Por isso, não é simples a missão do político que tenta uma campanha majoritária. Assim, tornar-se conhecido é o maior desafio do deputado federal Izalci Lucas, presidente do PSDB-DF. A tarefa lhe foi passada por seu “professor” José Roberto Arruda, ex-governador, impossibilitado de participar do jogo eleitoral devido ao envolvimento em escândalos de corrupção. Para Izalci, na visão de seu guru, espantar as desconfianças e chacotas não será uma missão fácil. Mas, se fizer o “dever de casa”, suas chances tendem a crescer muito. Afinal, o parlamentar comanda um partido considerado grande e nacional.
Izalci: para tornar-se conhecido aceita convite até para batizado de boneca
Vira e mexe, o fantasma da boataria o persegue nas redes sociais. Entre outras coisas, dizem que ele será vice de Rollemberg ou algo do tipo. AÉCIO – Já o senador Aécio Neves, que é presidente afastado do PSDB nacional, está com o filme queimado. E Izalci não teme colar sua imagem na dele.
Fora isso, o deputado tem percorrido os quatro cantos do DF em busca de reconhecimento. Virou “arroz de festa”. Comparece até em batizado de boneca e não dispensa reuniões nas cidades com lideranças comunitárias ou com empresários. Izalci tem desafio gigantesco pela frente. Nas últimas eleições, o desempenho do PSDB-DF foi de partido nanico. Sequer chegou a coadjuvante com a candidatura aventureira de Pitiman. Agora, o deputado quer levar o tucanato local para o protagonismo. O desafio é enorme. O nome do deputado figura nas pesquisas com números que variam de 4% a 8%. Agora ele precisa mostrar aos seus pares que é o nome ideal para desbancar Rollemberg. Será Izalci capaz de levar o tucanato ao estrelato? 2018 é logo ali.
UM PASSARINHO ME CONTOU
....que nos primeiros anos de governo Rodrigo Rollemberg os deputados distritais foram levados no banho-maria. Mas o jogo virou... ...que o governador dava as costas aos distritais e isso causou o afastamento entre a Câmara Legislativa e o Palácio do Buriti.. ...que aos poucos o governador foi distribuindo cargos e espaços no governo, e assim a base governista foi acalmada. Por enquanto... ...que, mesmo assim, a distribuição no atual governo foi tímida. Os distritais ficaram com as “sobras” e a cúpula do PSB-DF com o “filé”... ...que nunca na história política do DF um governador esculachou tanto os distritais. Será que em 2018 terá volta?... ...que, nesse período, deputados distritais antes governistas, tornaram-se ferrenhos oposicionistas. A política é
Editor do blog Rádio Corredor, que acompanha os bastidores da Câmara Legislativa e do Palácio do Buriti
Ceilina: distância do Buriti
Filippelli: candidato a deputado uma roda que gira... ...que o diga Raimundo Ribeiro, que chegou a ser líder do governo e hoje não quer nem ouvir falar o nome Rollemberg... ...que Celina Leão (PPS) é outro caso. Foi presidente da Câmara com as bênçãos de Rollemberg e nos dias de hoje nem sonha em passar na porta do Palácio do Buriti... ...que o ex-vice-governador Tadeu Filippelli não perdeu a majestade no PMDB-DF. Podem anotar: Filippelli será candidato a deputado federal. No máximo... Eita Passarinho que sabe de coisas, gente!
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DIVULGAÇÃO
Por Chico Sant’Anna
Moradores rejeitam atividade comercial nas residências
P
or essa o GDF não esperava. Pesquisa realizada pela Codeplan com moradores de diversas regiões administrativas revelou o que vinha sendo verbalizado nas audiências públicas da LUOS. Moradores dos Lagos Sul e Norte e do Park Way não querem que seus bairros se transformem em áreas onde as atividades econômicas desenvolvidas nas residências. Dentre esses moradores, 90% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o local onde vivem, contra 71% nas demais RAs. Nessas três localidades, em 94% dos lares não há qualquer tipo de atividade econômica (comércio, serviço ou indústria). E esse vem sendo um ponto de discórdia entre o governo e a sociedade. Na proposta de LUOS, o GDF insiste em poder autorizar que residências abriguem
atividades enquadradas na condição de Micro Empreendedor Individual – MEI. A Secretaria de Gestão Territorial e Habitação entende que as portas devem ser abertas para atividades home-office. Por lei federal, as funções enquadradas no MEI englobam cerca de 600 atividades, de costureira e doceira a abatedores de frangos e suínos, passando por serralheiros e carpinteiros. A parcela de 6% que hoje abriga atividades econômicas nesses bairros é formada majoritariamente (76%) por advogadas, consultores, professores e afins, profissões não abrigadas pela legislação do MEI. A pesquisa feita por telefone partiu de um universo de 37 mil residências. Foram realizadas 14.726 ligações, mas só 5.089 aceitaram responder o questionário. Desse total, 1.298 eram moradores dos três bairros.
Nem disfar$$ado Dia desses, numa loja de material de construção, o distrital Rodrigo Delmasso (Podemos), vice-campeão em 2016 em gastos de verbas de representação (R$ 245,7 mil), circulava com boné e óculos escuros, mas mesmo assim foi reconhecido por eleitores que cobraram dele o alto custo da viagem que fará aos EUA para participar da National Conference of State Legislatures. Para o evento de quatro dias, 6 a 9 de agosto, a CLDF pagará sete diárias – três a mais do que a duração do encontro -, no valor de US$ 450 cada uma, totalizando R$ 10.552,50, pelo dólar turismo, passagem na classe executiva (valor médio de R$ 10 mil), além das taxas de inscrição no evento. Não adiantou o distrital explicar a importância
População dos Lagos e do Park Way está satisfeita com seus bairros MUDANÇA NA LEI – Consultados na pesquisa se são favoráveis a uma mudança na lei para permitir que atividades econômicas sejam desenvolvidas nas residências, apenas 25% se mostraram favoráveis; 41% são contra a qualquer atividade econômica nas residências e 34% aceitariam a autorização para determinadas atividades. Em Taguatinga, Ceilândia e Samambaia os indicadores são inversos. Praticamente seis em cada dez moradores sentem-se incomodados em ter um vizinho desenvolvendo atividade econômica em casa. O incômodo advém de uma maior movimentação de pessoas e carros, nas ruas ou no interior dos condomínios, aumento do barulho e de insegurança, com aumento de violência, assaltos e uso de drogas.
da missão. O contribuinte quer moralidade nos gastos públicos, corte fundo, no osso, do que ele considera mordomia parlamentar. PATERNIDADE – Nas redes sociais, grupos de apoiadores de Izalci Lucas (PSDB) e de Hélio José (PMDB) brigam pela paternidade da aprovação da MP 759, popularmente conhecida como MP da Grilagem. A nova lei é vista por especialistas como estímulo à ocupação irregular de terras, tanto em Brasília, quanto na Amazônia. Mas ambos querem herdar os votos de moradores dos condomínios irregulares. Recente pesquisa encomendada pelo jornal Correio Braziliense revelou que 73% dos moradores de Brasília não apreciam muito a legalização de terras que foram irregularmente obtidas. Será que vale tanto essa briga por esse DNA?
CASAS DE FESTAS – Pela mais recente proposta de texto da LUOS, estabelecimentos comerciais que já vinham operando nesses bairros em residências, tais como academias, casas de festa, clínicas, dentre outros, poderão ter sua regularização admitida, se atendidos determinados pré-requisitos. Mas, assim como demonstra a pesquisa, muitos moradores são contra. Nos Lagos Sul e Norte, alegam que já existem áreas comerciais definidas e não há porque explorar lotes residenciais. No Park Way questionam a falta de infraestrutura do bairro e a questão da segurança pública. MEIO-AMBIENTE –Há, ainda, o temor de um descontrole do Estado, a proliferação de estabelecimentos comerciais com agressões ao meio ambiente, tendo em vista que o bairro, além de estar inserido na APA Gama Cabeça de Veado, seus córregos e ribeirões são importantes tributários do Lago Paranoá, ora visto como salvação da crise hídrica. É voz comum no bairro a necessidade de se esperar a conclusão do Zoneamento Econômico Ecológico antes da definição de qualquer nova regra de uso e ocupação do solo. CLDF – Todo esse conflito deve desembocar na Câmara Distrital e, mais uma vez, será polêmica no período pré-eleitoral. O ex-governador Agnelo (PT) não aguentou a pressão e retirou de tramitação o projeto de LUOS e de PPCUB. Resta saber até que ponto Rollemberg, com baixos níveis de aprovação, pretende comprar essa briga.
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Da Redação
A
pós 14 dias internado na UTI do Hospital Anchieta, em Taguatinga, onde chegou no dia 26 de junho com pressão arterial 25/18, o comerciante Ivan Silva Melo, 38 anos, morreu no último dia 9, vítima de aneurisma hemorrágico devido ao rompimento de artéria na cabeça. A internação resultou numa conta de R$ 200 mil, que a família não tem como pagar. Mas os amigos resolveram ajudar. Foram criadas várias campanhas para pagar a conta do hospital, que inclui cirurgia, transfusões de sangue e medicamentos. “Ele não tinha plano de saúde”, explica o irmão Ivo Melo, 36 anos, que cuida de rifas e de um show beneficente, que acontece neste domingo (23). A bilheteria da apresentação da banda Greta Oto, Kareka’s Bar, CNF 2, Taguatinga, será revertida para a família.
Corrente de solidariedade Amigos e parentes de comerciante vítima de aneurisma mobilizam-se para pagar conta de R$ 200 mil em hospital Além disso, os amigos promoveram a rifa de um aquário e já estão previstas outras duas - de uma cesta de maquiagem e de um som automotivo. As campanhas para arrecadação de dinheiro estão sendo feitas ainda nas redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp e contam com o apoio do Brasília Capital. HISTÓRICO – Dia 26 de junho, Ivan sentiu fortes dores de cabeça e foi encaminhado ao Anchieta, onde recebeu os primeiros socorros. Logo
após, verificou-se um rompimento de artéria na cabeça (aneurisma hemorrágico), com indicação de cirurgia de emergência. Foram 14 dias de luta pela sobrevivência, que resultou infrutífera. Em coma induzido por 14 dias, Ivan precisou tomar vários medicamentos, passou por algumas hemodiálises e transfusões de sangue. No dia 9 de julho, sofreu uma parada respiratória e não resistiu. Dia 10, seu corpo foi o sepultado no Campo da Esperança.
Ivan: amigo para sempre Telefone para contato: 9 9906 – 7881 Bancos: Caixa Econômica Operação - 013 Agência: 2272 Conta Poupança: 00026792-6 CPF: 026.505.191-69 Iara Silva Melo Caixa Econômica Operação: 013 Agência: 2272 Conta Poupança: 0026791-8 CPF: 256.068.081-53 Ester Pimenta da Silva Banco do Brasil. Agência:4885-2. Conta Corrente: 500.924-3. Raimundo Alves de Melo. Bradesco Agência: 484 Conta Corrente: 0140111-4 CPF: 026.505.191-69 Iara Silva Melo
RIFAS – Desde o primeiro dia depois da morte de Ivan, amigos, conhecidos e familiares têm ajudado comprando rifas e/ou fazendo doações. A família faz a rifa de um aquário de 20 litros, no valor aproximado de R$ 450. Cada bilhete custa R$ 20 e o sorteio será na quarta-feira (26). Outra em andamento é a de um conjunto de maquiagem de R$ 430, com 16 itens, que será sorteado via internet. O sorteio será realizado somente após a venda de todos os nomes (104 ao todo). Os amigos de Ivan conseguiram doação de uma aparelhagem de som automotivo e também estão rifando. O equipamento está avaliado em R$ 4 mil. São 100 nomes e cada rifa custa R$ 100. A bilheteria do show beneficente deste domingo (23) também será revertida para a família. Os ingressos custam R$ 10. Quem quiser fazer doações pode depositar nas contas da família.
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Prazer de viver Hammed, um Mestre Oriental, fez sucesso com seus livros a partir dos anos 1980. O mais conhecido é “Renovando Atitudes”. De maneira diferente dos ocidentais, Hammed, pratica a abordagem centrada no aluno, técnica que leva o aluno ou paciente à reflexão. No livro “Os Prazeres da Alma”, o mestre analisa e propõe soluções para que os seres humanos vivam com prazer. Vejamos alguns trechos: “Estamos vivenciando inúme-
ras experiências terrenas com as mais diversas criaturas, conhecendo-as e, ao mesmo tempo, estreitando elos afetivos com outras. Nossos sentimentos revelam nosso desempenho no passado, nossa atuação no presente e nossa potencialidade no futuro. Devemos dar mais importância e atenção à nossa consciência do que à nossa reputação. A consciência está ligada à soberania da Vida Superior, enquanto a reputação é condicionada ao caráter ins-
Código de Ética dos Nutricionistas O Código de Ética dos Nutricionistas em vigor no Brasil é da década de 1990. Portanto, naturalmente, com a evolução dos tempos, ele tem muita coisa defasada. Neste ano de 2017, provavelmente vamos conhecer o novo Código de Ética de nossa classe profissional, que está em discussão há alguns anos entre os conselhos regionais e federal. O Código de Ética em vigor, es-
pecificamente o Capitulo XII, trata sobre publicidade e, mediante o que ele dita, muitos profissionais andam infringindo-o. No artigo 22 deste capitulo, encontramos que é vedado ao nutricionista utilizar a publicidade com objetivos de sensacionalismo e de autopromoção ou, ainda, divulgar dados, depoimentos ou informações que possam conduzir à identificação de pessoas, de marcas ou nomes de
MARCELO RAMOS O REPÓRTER DO POVÃO
Programa O Povo e o Poder das 8h às 10h de segunda a sábado Notícias, Esportes e Músicas
Rádio JK - AM 1.410
Ligue e participe: 3351-1410 / 3351-1610 www.opovoeopoder.com.br www.marceloramosopovoeopoder.blogspot.com
tável e temperamento vacilante dos seres humanos. Ao alterarmos a nossa visão passageira para uma visão de eternidade, mudamos a concepção de mundo cartesiano e simplista em que vivemos, alterando assim as conclusões equivocadas a respeito das pessoas e da vida. O normal, o anormal, o moral, o imoral, o natural e o não natural são relativos. “Quando aceitamos a nós mesmos, eliminamos as amarras de doentia dependência que nos vinculam aos outros, cujos costumes, crenças e valores não são os nossos. Ser humilde é perceber que existe para cada um de nós um plano vocacional cuidadosamente traçado pela Vida Maior. A alegria começa quando tomamos o leme de nossa vida nas próprias mãos e deixamos de ser escravos de algo ou de alguém. O sábio é
aquele que desenvolveu a capacidade sapiencial de comparar, avaliar e ponderar as ideias com a precisão dos cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a sensibilidade dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições. “Só a transformação íntima é que nos pode tirar, gradativamente, dos ciclos perversos dos desequilíbrios interiores que geram enfermidades do corpo e as aflições humanas. Aquele que está agarrado ao ego, está vazio do sagrado; aquele que se liberta do ego descobre que sempre esteve repleto do sagrado”.
Quando for necessário para a orientação ou prescrição dietética mencionar marcas, o nutricionista deverá indicar várias alternativas (mínimo três) oferecidas no mercado
postam fotos nas redes sociais do famoso “antes e depois” de seus pacientes. Isso é algo que fere o Código de Ética de nossa profissão. Além disso, você deve também estar pensando que seu nutricionista lhe vendeu algum produto, pois ele tem uma lojinha dentro do seu consultório e te garantiu que aquele seria o melhor produto, sem te dar alternativa para escolher outras opções no mercado. Pois bem. Sabendo disso, tenha um olhar mais crítico sobre essas posturas, que vão totalmente contra a ética profissional da nossa classe.
empresas. Quando for necessário para a orientação ou prescrição dietética mencionar marcas, o nutricionista deverá indicar várias alternativas (mínimo três) oferecidas no mercado. Ai, você que me lê, vai começar a lembrar de vários profissionais que
José Matos Professor e palestrante
Caroline Romeiro Nutricionista e professora na Universidade Católica de Brasília (UCB)
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A língua e os neologismos Na semana passada, com base no artigo sobre CrossFit, recebi o seguinte comentário: “Nos últimos dias, ao fazer um exame de Mapa da Pressão, algumas atendentes da clínica me disseram que só poderiam emitir o resultado após a médica responsável “laudar”. Nunca tinha ouvido esse “verbo”. Sempre falei “fazer o laudo” ou “escrever o laudo”. “Laudar” é novo. Sempre defendo, em meus artigos e aulas, o potencial criativo que todas as línguas do mundo possuem. Mas, na nossa língua, isso é ainda mais especial, pois conseguimos ir além dos dicionários para produzir novos entendimentos! O comentário que recebi é perfeito para falarmos um pouco sobre um assunto muito interessante: o processo de formação de palavras. Segundo Celso Cunha (2008), a for-
mação de palavras se dá por um “conjunto de processos morfossintáticos que permitem a criação de unidades novas com base em morfemas lexicais”. Um desses processos é conhecido como derivação sufixal, que significa adicionar um afixo no fim de um radical, a fim de produzir um novo significado. É simples: ao selecionar o radical cão e, ao final dele, adicionar o afixo – zinho, o resultado será cãozinho (um substantivo que é o diminutivo de cão); ao selecionar o radical feliz e, ao final dele, adicionar o afixo –mente, o resultado será felizmente (um advérbio); ao selecionar o radical pens e, ao final dele, adicionar o afixo –ar, o resultado será pensar. Aliás, todo brasileiro reconhece um verbo pela terminação da palavra. Vocábulos como chorar, voar, perceber, moer, sorrir, partir denunciam
Quem gosta de frio é Esquimó (*) Como repórter que já deu a volta neste planetinha, enfrentei, estoicamente, vários níveis de temperaturas térmicas, como os 60 graus centígrados do deserto do Saara, contrastando com o zero grau dos invernos de Nova Iorque, Tóquio e Canadá. Nessas circunstâncias desfavoráveis, a gente tem como prêmio a visibilidade da bonita neve que começa a cair do céu, caso você a esteja contemplando através da vidraça da janela do apartamento do hotel, com o ar-condicionado ligado a 25 graus centígrados, que, tudo leva a crer, seja a temperatura do Paraíso Celeste, se é que o referido existe. No parágrafo acima, usei o advér-
bio de modo “estoicamente”, o que está sendo difícil a esta altura com este frio extemporâneo do inverno brasiliense, que está me congelando os ossos, por causa da idade nonagenária do ex-atleta, que tinha fôlego para jogar uma partida de futebol aos 65 anos. E como sou uma partícula do continente e não uma ilha isolada (conforme o poema do inglês John Donne), que inspirou Hemingway a escrever a obra-prima “Por Quem os Sinos Dobram”, para aumentar o meu desconforto, fico pensando nas criancinhas maltrapilhas moradoras de rua, impedidas de conciliar o sono durante a noite, por falta de agasalhos de lã iguais aos meus.
a classificação verbal pelos sufixos. E o nosso cérebro entende muito bem isso! Ele decodifica, de maneira analógica, a classe gramatical dos vocábulos acima apresentados. É nessa hora que ele raciocina “se, com esses sufixos, formam-se verbos, por que não criar novas entradas lexicais para atender as necessidades cotidianas? ” Eis, então, que surge uma grande rede social, chamada Twitter. Se quero praticar ações nesse ambiente virtual, digo que vou “twittar”. E a sexta-feira? A chegada desse dia é tão esperada que entendemos que vai “sextar”! Se, em um hospital, há a necessidade de se fazer um laudo, por que não dizer que os funcionários irão “laudar”? Tenho certeza de que inúmeras outras criações lexicais vieram à sua cabeça ao ler este artigo. Veja o que diz Bechara (2009): “as múltiplas atividades dos falantes no comércio da vida em sociedade favorecem a criação de palavras para atender às necessidades culturais, científicas e da comunicação de um modo geral”. Assim, surgem os neologismos (a partir de uma lógica linguística, forma-se uma nova palavra). Boa parte dessas
palavras que são criadas não vão parar nos dicionários, mas funcionam perfeitamente em contextos específicos da sociedade (“twittar” entre usuários da rede social, “sextar” entre os que se sentem ansiosos pelas festas do fim de semana e “laudar” entre os que trabalham em um hospital)! E é de suma importância que o falante perceba em que situação ele está, para usar as palavras que permitirão a compreensão! Baseado nisso, lembrei-me de outra palavra. Já ouvi algumas pessoas dizendo que estranham a forma verbal banhar, em vez de tomar banho. Todavia, aqui não há um neologismo! Esse verbo existe mesmo nos nossos dicionários! Tanto faz se você banha ou toma banho! Sabe qual é outro verbo que apresenta as mesmas características? Esperançar, que significa “ter esperança”! E o verdadeiro conhecimento é capaz de esperançar a nossa sociedade!
Para aumentar o meu desconforto, fico pensando nas criancinhas maltrapilhas moradoras de rua, impedidas de conciliar o sono durante a noite, por falta de agasalhos de lã iguais aos meus
invectivas contra o Grande Arquiteto do Universo, a exemplo do imortal poeta condoreiro, ao denunciar o crime de lesa-humanidade da escravatura, quando negros eram embarcados da África para o Brasil, no porão das caravelas, acorrentados como animais ferozes. Não. Quem sou eu? Prefiro silenciar, em vez de cometer o pecado mortal da blasfêmia! (*) Submetidos a uma temperatura de até 45 graus negativos, os esquimós sobrevivem no Pólo Norte desde 5 mil anos antes de Cristo. Com uma população de 150 mil pessoas, ocupam uma faixa litorânea com cerca de 3 mil quilômetros de extensão, que cobre a Sibéria, o Alasca, o norte do Canadá e a Groenlândia. Costumam ser pacíficos e solidários: todos trabalham para o bem da comunidade, sem divisão de classes sociais e sem partidos políticos. E não são corruptos!
Diante desta triste realidade tão perto de minha casa, a minha revolta me faz lembrar do verso de um poema de Castro Alves: “Deus! Ó Deus! Onde estás, onde te escondes?...” No entanto, a resposta para a minha perplexidade não se justifica lançando
Elias Santana Professor de Língua Portuguesa e mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)
Fernando Pinto Jornalista e escritor
Brasília Capital n Cultura n 15 n Brasília, 22 a 28 de julho de 2017 - bsbcapital.com.br
LIVRO
Hélio Doyle lança Assim é a Velha Política O jornalista Hélio Doyle transformou em livro 143 colunas publicadas por ele no Jornal de Brasília, de maio a dezembro de 2016. Como profundo conhecedor da capital do País, Doyle acabou redigindo análises que não se perdem no tempo a respeito dos métodos do que chama de velha política. Com isso, expôs o descaramento dos que a praticam junto com os mitos que se criam para sustentá-la e o mal que ela faz à sociedade. Esses textos estão reunidos em Assim é a Velha Política, um livro que trata com clareza desse assunto tão indigesto, mas que também mostra haver outros caminhos viáveis para a administração pública, a relação entre os poderes e a defesa de interesses de segmentos sociais. O prefácio é de Nicolas Behr. O senador José Antonio Reguffe assina o texto da quarta capa. A apresentação é de Anna Halley. A sagacidade dos artigos tem raízes na vasta experiência do autor, que também é professor e que já ocupou cargos na administração pública. O lançamento será no dia 15 de agosto, das 19h às 23h, no Carpe Diem da 104 Sul. O livro, Editora Meiaum, custará R$ 40, e tem 476 páginas. M
i c r oco n t o
Luis Gabriel Souza
Amor perdido Minha mãe me disse que a gente ama uma única vez. Eu duvidei a vida toda. Sempre achei essa história de amor uma balela, ainda mais se esse sentimento for vivido apenas uma vez. Namorei um garoto por três anos, até que ele resolveu terminar tudo, e eu nem tive como dizer o contrário. Hoje, mesmo comprometida com outra pessoa, sempre que reflito na vida, lembro-me dele com carinho. Não sei se por amor ou por saudade. Tô começando a achar que minha mãe tem razão, mas o pior de tudo é saber lidar com o amor perdido. Isso ela não me ensinou. E agora, faço o quê? (Baseado na leitora anônima de Ceilândia/DF)
Conflito como inspiração GUSTAVO GOES
Major faz poesia com o cotidiano das ocorrências policiais e lança seu quarto livro em agosto Valdeci Rodrigues Os estereótipos que facilitam a convivência em sociedade também são responsáveis por espantos e grandes surpresas. É o caso do major PM Elias Costa. Quem imaginaria que o homem de farda, atual comandante o 2º Batalhão da Polícia Militar em Taguatinga, é também poeta? E que, inclusive, faz brotar de seu próprio ofício rimas que nada têm a ver com ocorrências e atividades próprias dos militares? “Dá inspiração. Necessito de contato com o conflito. A rua é basicamente conflito. Problemas no trânsito, ocorrências...”, conta o poeta Elias Costa ao Brasília Capital, vestindo a farda de militar. E arremata: “O conflito transforma-se em flor”. Ele costuma deixar as ideias amadurecerem no cérebro até brotarem de uma forma que não consegue barrá-las mais. Seu livro mais recente (Pedras e Flores), saiu praticamente pronto. Não apenas a dureza da atividade no quartel, de onde ainda sai para o trabalho na rua, é traduzida em rimas e versos. Turbulências na vida pessoal igualmente viram poesia, mesmo as mais profundas e traumatizantes.
Elias Costa causa surpresa em muitas pessoas por ser policial e escrever poemas
Quarto livro sai em agosto Pedras e Flores, de 2015, é o terceiro livro de Elias Costa. O primeiro, em 2000, foi Sonhos de Um Bruxo – Visões na Noite da Alma. Em 2004, publicou “O Intérprete do Mal”. Como faz poemas o tempo inteiro – uma necessidade pessoal –, no próximo mês, lançará “Flor da Tempestade”. Ele classifica esta produção poética como “um dom que Deus me deu”. Elias nasceu em Goiânia e veio para Brasília com 16 anos. Aos 18, ingressou na PM, como cadete, enquanto estudava Direito na UnB. Bem-humorado, garante que este estado
A poesia “Em Algum Lugar” é um exemplo: “Sei que tu me esperas em algum lugar/Onde sou teu rio e tu és mar”. Nem sinal de que o texto brotou de uma situação monstruosa. Elias Costa acabou sensibilizado com alienação parental --- quando um dos cônjuges faz de tudo para denegrir a imagem do outro perante o filho ou filha. A situação como a que
de espírito é mantido praticamente durante todo o tempo em que está no comando da tropa. O militar e o poeta, pela sua descrição, convivem harmoniosamente sob a farda ou à paisana. E se abraçam o tempo inteiro, numa troca de conhecimentos, experiências e sabedoria. Elias Costa conta que, além de suas observações e “conversas com todo mundo”, tem como referência também escritores estrangeiros. Especialmente o poeta, romancista, músico e dramaturgo indiano Rabindranath Tagore, que morreu em 1941, aos 80 anos.
envolve pais e filhos ilustra de forma contundente o que o major faz com aquilo que absolutamente nada tem de poético. No poema, há uma dedicatória “às vítimas de alienação parental”. Afora isso, as palavras brotam como uma homenagem ao próprio ato de poetizar o gostar de alguém. “Eu ando em cima de minha própria vida”, teoriza Elias Costa. A respeito
de inspirar-se em situações nada poéticas, ele responde de forma sucinta: “Preciso do conflito para crescer”. E neste ponto ele faz referência às suas poesias e ao seu amadurecimento intelectual. O poeta surgiu primeiro na vida do major de 41 anos. Aos 18 anos, “sem saber o que era poesia”, já rabiscava os primeiros versos, que hoje jorram ininterruptamente.