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Mussa avalia que o Brasil pode se consolidar como exportador de tecnologia
CEO da Raízen destaca as oportunidades para o uso do biocombustível
Diante da realidade da transição energética, Ricardo Mussa, CEO da Raízen, acredita que o Brasil tem um grande potencial para exportar tecno− logia na produção do etanol da cana− de−açúcar. “Na busca global pela re− dução da emissão de carbono, o eta− nol deve assumir o protagonismo em países com condições similares à nos− sa. Temos que exportar nossa tecno− logia para países como a Índia,Tailân− dia e alguns países da África ” , defen− de o empresário.
Durante conferência do Credit Suisse, realizada no início de fevereiro, Mussa disse que não existe uma res− posta única para os desafios da transi− ção energética. “Cada região tem um perfil diferente. Cada país tem uma saída diferente, por exemplo, os países nórdicos, investem no carro a bateria, pois não tem outras alternativas. No caso do Brasil, existem opções que são mais viáveis, para atingir o mesmo número de emissões, sem a necessida− de de tantos investimentos em infra− estrutura. A transição é um fato, mas não deve acontecer da mesma forma e intensidade em todos os locais ” , afir− mou.
“A cana é uma planta fantástica para se produzir energia. Nosso setor nunca foi muito eficiente na transfor− mação dessa energia. Existe muita matéria−prima subaproveitada. Com o E2G conseguimos aumentar 50% da nossa produção sem gerar nenhum impacto ambiental, sem precisar de um hectare a mais. Então a gente po− de exportar esse produto, e também essa nossa tecnologia. É uma estrada nova que está apenas começando ” , avalia o empresário.
Além do veículo híbrido, Mussa também defende a utilização do eta− nol como combustível sustentável de aviação (SAF). “A junção do carro elétrico como etanol, através da célula de hidrogênio, como bateria, é sem dúvida um produto viável, mas eu também quero destacar o SAF.A avia− ção é, claramente, um setor da econo− mia mundial, responsável por grandes emissões de CO² . Então existe uma grande busca em torno de uma alter− nativa viável, e nesse sentido o etanol é uma grande fonte. Esse é um mer− cado com muito potencial. O merca− do mundial de combustível é de mais de seis trilhões de litros, e o Brasil é uma gota nesse oceano. O etanol é barato e renovável” , justifica.
Biogás
O CEO da Raízen também de− fendeu a substituição do diesel pelo biogás. “A gente tem a maior planta de biogás na América Latina. Não cha− mamos mais de usina e sim de parque de bioenergia.Transformamos a ma− téria orgânica que está dentro da vi− nhaça e convertemos em biogás.O uso mais nobre é na substituição do diesel na frota. Nós importamos diesel e consegue substituir esse uso, na sua frota. É uma nova linha de produto, que cria mais oportunidades de recei− ta e que não precisa de um pé de cana a mais.A demanda está dentro do se− tor. E isso já é realidade hoje ” , afirma.
Mussa lembra que em termos de produtividade, ainda existe um gran− de potencial a ser explorado na ca− na−de−açúcar. “Se você faz um bom trato do canavial, mesmo com a va− riedade atual você consegue uma boa produção, com ganhos de 20% a 30%. Com as novas variedades você pode dobrar a produtividade. Então a gen− te está no país certo, com muita ter− ra disponível, sol, você tem uma planta muito resiliente que é a cana, E mesmo o setor, como um todo não fazendo esse trabalho de aumentar a produtividade, temos um produto competitivo. Não só um produto carburante, a gente tem um produto competitivo para substituição de plásticos, químicos. A grande vanta− gem é que temos uma cadeia carbô− nica barata. Hoje grande parte da nossa produção não vai para o carbu− rante, vai para o setor industrial, vá− rias demandas do setor químico, far− macêutico estão partindo para o eta− nol” , exemplificou.
De acordo com o empresário, a demanda para esses produtos será ca− da vez maior, por isso a melhora na produtividade será essencial. “A cana é muito resiliente.Ano passado com se− ca, geada, a gente perdeu em média 12% de produtividade, se fosse milho, soja, ou outra cultura, a perda ficaria em 70%. Portanto, estamos na hora certa, no lugar certo, com a planta certa, a cana−de açúcar. Temos uma série de tecnologias novas, e as prin− cipais vantagens estão a nosso favor