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Mesmo com custo elevado, alta dos preços assegura margem de lucro da safra 2021/22 . . . . .10 e DATAGRO estima uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 na região Centro-Sul12

Perspectivas safra 2022/23

Com relação à safra 2022/23, o economista do Pecege, Haroldo Tor− res, avalia que a tendência é de que os custos continuem subindo e os preços se estabilizem. “Vamos fazer primeiro um olhar histórico em termos de sa− fra. No que diz respeito à moagem de cana−de−açúcar na região Centro− Sul, nós voltamos dez safras para trás praticamente um nível de moagem em que o setor retrocede praticamente 10 anos, veja que a gente não tem uma curva crescente de moagem ” , afirmou,

Haroldo chama a atenção para a crescente queda na produção de eta− nol.

“Quero chamar atenção em rela− ção à pirâmide no caso do etanol. Nas safras 17/18/19 e 20 vínhamos em uma esfera crescente da produção, e quando nós olhamos de 19 e 20 para cá, descemos ladeira abaixo na produ− ção de etanol, principalmente pela va− lorização dos preços do açúcar no mercado internacional. E agora temos uma redução na produção de etanol e açúcar, que veio sobremaneira em função desta quebra de safra que nós tivemos na região Centro−Sul do Brasil” , constatou.

Segundo ele, a safra 2022/23 car− regará consequências dessa quebra. “Devemos lembrar que estamos com canavial atrasado,praticamente um mês de atraso.Muitas usinas já estariam ini− ciando a sua safra na segunda quinze− na de março, e agora nós vamos ver que esse calendário foi deslocado para segunda quinzena de abril” , disse.

O economista lembra que além do atraso, o canavial apresenta falhas e infestações de ervas daninhas que não estavam sendo esperadas pelos produtores. “Temos que começar a fazer uma oração para o final da sa− fra. A preocupação fica com a pri− mavera. Se for chuvosa e as usinas não conseguirem colher a cana, há o risco de precisar bisar ” , acrescenta, referindo−se à prática de deixar pa− ra colher a cana apenas na tempo− rada seguinte. “É neste cenário es− tressado que a gente começa 2022/23, que vem num cenário macroeconômico também estressa−

do ” , acrescenta Torres.

Para o Pecege a expectativa de moagem da safra 2022/23 na região Centro−Sul é de 550.412 milhões de toneladas, uma variação de 5,67% acima em relação à safra anterior. “A safra deve apresentar uma recupera− ção no que se refere a moagem e quantidade de ATR por tonelada de cana−de−açúcar. O aumento desses fatores, deve sustentar uma maior produção de açúcar e etanol, duran− te a próxima safra, com o mix de eta− nol do setor apresentando um avan− ço marginal em relação ao observa− do na safra 2021/22” , avalia Torres.

DATAGRO estima uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 na região Centro-Sul

As chuvas de março e abril serão determinantes para o rendimento das áreas de cultivo

A DATAGRO estima que a região Centro−Sul do Brasil deverá ter uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 ante 525,0 mi de to− nelada em 2021/22 e afirma que esta temporada está ameaçada pelo clima irregular. Em relação à produção de açúcar, a projeção é de 33,0 mi de to− neladas, contra 32,1 mi de toneladas na temporada 2021/22.

Para a produção de etanol, in− cluindo o produzido à base de milho, a estimativa de 29,8 bilhões de litros em 2022/23; em 2021/22, a consul− toria aponta 27,7 bi de litros. O mix para etanol em 2022/23 é estimado em 55,3%; em 2021/22, 55,1%. Já o mix para açúcar é previsto em 44,7% em 2022/23, ante 44,9% em 2021/22.

“A estimativa de 562 mt de cana tem um viés de baixa. O 1º terço da safra está em piores condições devido ao fogo e geadas de 2021 e conse− quentes falhas ” , explicou Plinio Nas− tari, presidente da consultoria no pai− nel “O que esperar da safra 2022/23” na edição 2022 do Santander DATA− GRO Abertura de Safra de Cana,Açú− car e Etanol, realizada nesta quarta− feira, dia 9, em Ribeirão Preto (SP).

O consultor apresentou as expec− tativas da safra de cana que iniciará em breve durante painel que contou com a moderação de Renato Pontes Cu− nha, presidente do Sindicato da In− dústria do Açúcar e do Álcool de Per− nambuco (Sindaçúcar) e da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), com Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e Alberto Gomes, engenhei− ro agrônomo da DATAGRO.

Segundo os painelistas,as chuvas de março e abril serão determinantes pa− ra o rendimento das áreas de cultivo, lembrando que em 2021 esses meses ficaram abaixo da média histórica.

“A turbulência sobre a invasão da Ucrânia traz incertezas sobre os mer− cados de energia, metais e commodi− ties leves. A participação dos supri− mentos da Ucrânia+Russia em petró− leo, fertilizantes, níquel, trigo, milho, girassol e outras commodities eleva os preços ” disse Nastari.

Segundo ele, a incerteza sobre a política de preços de combustíveis no Brasil, dadas as declarações do gover− no brasileiro sobre a intervenção de preços, fornece resultados incertos pa− ra a competitividade do etanol.

O presidente da DATAGRO res− saltou ainda que o papel estratégico do etanol e demais biocombustíveis (bio− gás, biometano, bioeletricidade e bio− diesel), cresce em meio a invasão da Ucrania, por segurança energética, preservação ambiental e manutenção de empregos e renda.

Nastari citou os principais impac− tos que influenciam o mercado de açú− car no momento, tais como o aumen− to dos custos de produção devido a preços mais altos de fertilizantes e ener− gia; baixa demanda de combustível no Brasil devido à recessão econômica e a desvalorização da rupia indiana reduz o preço de paridade de exportação do açúcar para US$19,61 c/lb FOB de US$ 20,32 c/lb há duas semanas.

Durante o painel, foram apontadas também as expectativas para a região Norte/Nordeste, que deverá ter uma colheita de 53,0 mi de toneladas de cana na safra 2022/23, contra 52,5 mi em 2021/22.

A produção de açúcar deve apre− sentar um ligeiro aumento, passando de 3,0 mi de toneladas em 2021/22 para 3,1 mi de toneladas em 2022/23. A produção de etanol – incluindo milho – é estimada em 2,2 bi de litros em 2022/23, ante 2,1 bi de litros em 2021/22.

O mix para etanol em 2022/23 é estimado em 53,9%, mesmo valor de 2021/22. Projeta−se manutenção de 46,1% para o mix açúcar.

“Espera−se que a região termine a safra 2021/22 com uma oferta geral de TRS menor, devido ao baixo ren− dimento industrial” , concluiu.

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