MERCADO
Março/Abril 2022
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Perspectivas safra 2022/23 Com relação à safra 2022/23, o economista do Pecege, Haroldo Tor− res, avalia que a tendência é de que os custos continuem subindo e os preços se estabilizem. “Vamos fazer primeiro um olhar histórico em termos de sa− fra. No que diz respeito à moagem de cana−de−açúcar na região Centro− Sul, nós voltamos dez safras para trás praticamente um nível de moagem em que o setor retrocede praticamente 10 anos, veja que a gente não tem uma curva crescente de moagem”, afirmou, Haroldo chama a atenção para a crescente queda na produção de eta− nol. “Quero chamar atenção em rela− ção à pirâmide no caso do etanol. Nas safras 17/18/19 e 20 vínhamos em uma esfera crescente da produção, e quando nós olhamos de 19 e 20 para cá, descemos ladeira abaixo na produ− ção de etanol, principalmente pela va− lorização dos preços do açúcar no mercado internacional. E agora temos uma redução na produção de etanol e açúcar, que veio sobremaneira em função desta quebra de safra que nós tivemos na região Centro−Sul do Brasil”, constatou. Segundo ele, a safra 2022/23 car− regará consequências dessa quebra. “Devemos lembrar que estamos com
canavial atrasado, praticamente um mês de atraso. Muitas usinas já estariam ini− ciando a sua safra na segunda quinze−
na de março, e agora nós vamos ver que esse calendário foi deslocado para segunda quinzena de abril”, disse.
O economista lembra que além do atraso, o canavial apresenta falhas e infestações de ervas daninhas que não estavam sendo esperadas pelos produtores. “Temos que começar a fazer uma oração para o final da sa− fra. A preocupação fica com a pri− mavera. Se for chuvosa e as usinas não conseguirem colher a cana, há o risco de precisar bisar”, acrescenta, referindo−se à prática de deixar pa− ra colher a cana apenas na tempo− rada seguinte. “É neste cenário es− tressado que a gente começa 2022/23, que vem num cenário macroeconômico também estressa− do”, acrescenta Torres. Para o Pecege a expectativa de moagem da safra 2022/23 na região Centro−Sul é de 550.412 milhões de toneladas, uma variação de 5,67% acima em relação à safra anterior. “A safra deve apresentar uma recupera− ção no que se refere a moagem e quantidade de ATR por tonelada de cana−de−açúcar. O aumento desses fatores, deve sustentar uma maior produção de açúcar e etanol, duran− te a próxima safra, com o mix de eta− nol do setor apresentando um avan− ço marginal em relação ao observa− do na safra 2021/22”, avalia Torres.