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Motores a combustão e elétrico são complementares, afirma Ricardo Simões de Abreu . . . . . .18 e

Mas o o avanço d do os s e elétricos não cu ump pr rirá á e es sse pa apel de d de esc carbonização?

Se a partir de hoje forem feitos apenas veículos elétricos para reduzir as emissões, sim. Mas mexe−se daqui para frente.

Quanto da frota de 40 milhões de veículos será substituída por elétri− cos/eletrificados por ano? Entre 3% e 4%. Sendo assim, quanto tempo será preciso para ter elétricos suficientes e descartar os velhos? Décadas. [Descarbonizar] através dos elétri− cos não é solução imediata.

Montadoras lançam e anunciam novos modelos a com mbustão. Eles não perdem em eficiência para os elétri ico os s?

Fala−se que o elétrico tem alta eficiência, de 70%, enquanto o motor a combustão interna tem no máximo 25%. É preciso lembrar que existem motores a combustão chegando a rendimento de 38%, 40%.

O elétrico tem vantagem, mas pe− ga−se energia química (gasolina) e é preciso transformá−la em mecânica para rodar o veículo. E, aqui, a eletri− cidade pode ser gerada, por exemplo, por uma termelétrica a diesel, que aciona a turbina e então gera a ener− gia. Ela chega de cabelo penteado, pronta para rodar [brinca].

E s se e a eletricidade for gerada por ren nov váve ei is? ?

Quando é gerada por fonte solar, eólica e hidroelétrica, há dispêndio de energia e o resultado global é melhor. Não é toda essa diferença, porque o transporte de energia renovável tam− bém gera perdas.

Mas pergunto: há energia limpa suficiente? No Brasil, há bastante. Mas se o consumo aumentar de hora para outra, a demanda será coberta por renováveis ou por energia suja?

Em t to odo caso, qual sua avaliaç ção de m me erca ad do o para a os s mot to ores elétri− co os s/ /el let trif fi icados s? ?

Haverá situação em que vale mais o elétrico, e não é pelo consumo ou pelas emissões menores de gases.Veja o caso do ônibus urbano. Em um grande corredor, o elétrico reduz fu− maça e ruídos.

Os nichos existem. Por isso não se deve levar a discussão para o elétrico ou para a combustão. É preciso com− binar todas as soluções.

Com mo o as ss sim?

Onde há estrutura para abasteci− mento de eletricidade, vamos lá. On− de há necessidade de se reduzir as emissões de carbono, vamos desenvol− ver motores híbridos como fazem a Toyota e a Volkswagen. Ou fazer cé− lula como faz a Nissan.

Nosso grande desafio é um só: combinar as soluções.

Quem é Ricardo Abreu

Engenheiro mecânico com especializações internacionais, Ricardo Simões deAbreu ére− ferência mundial em motores.

Seu currículo é abastado. Entre as empresas nasquais tra− balhou estão a Mercedes−Benz, onde foi gerente de desenvol− vimento de motores e respon− sávelpelo programa de gás na− tural.

Na Tyco/AMP , foi gerente de engenharia e marketing. Já na Mahle Ltda., gerenciou en− genharia e vendas e, depois, foi CEO de sistemas de filtração.

Por sua vez, já na Mahle− Metal Leve foi diretor de tec− nologia e vice−presidente mundialde desenvolvimento de componentes de motores, car− go que lhe permitiu coordenar 9 centros de desenvolvimentos internacionais.

Abreu tem experiência também na área acadêmica, co− mo professor de energética e máquinas térmicas em quatro instituições.

Ademais, na área institucio− nal foi responsável pela comis− são de veículos pesados na An− favea, atuou na criação do Pro− grama de Controle de Emissões de Veículos (Proconve) e nas evoluções das especificações do óleo diesel e gás natural.

Abreu é sócio fundador da Associação Brasileira de Enge− nharia Automotiva (AEA).

Étambém representante do Sindipeças no G3(Grupo 3)no Rota 2030e émembro daAAE (Agriculture/Auto/Ethanol), nos Estados Unidos.

No dia a dia,Abreu é con− sultor da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA) para assuntos de mobilidade e é consultor associado da Bright Consulting.

Como não bastasse, é dou− torando no programa de Bio− energia da Unicamp/USP/ Unesp.

Março/Abril 2022 CHEGOU A VEZ DO GÁS VERDE?

Programa Metano Zero, prevê 25 novas plantas do biocombustível, com investimento superior a R$ 7 bilhões e geração de 6.500 empregos

O biometano é um biocombustí− vel muito próximo do hidrogênio ver− de. Ele é prático de ser capturado, ar− mazenado e distribuído. Mas, diferen− temente do hidrogênio, o biometano –assim como o etanol – pode ser distri− buído em tanques de baixa pressão. O biometano é interessante porque subs− titui o diesel, enquanto o etanol subs− titui a gasolina.É muito interessante do ponto de vista de segurança energéti− ca. É uma energia que está disponível, tem um potencial enorme,e a tendên− cia é que cresça cada vez mais.

Essa tendência está próxima de se consolidar, através das recentes me− didas de incentivo do programa me− tano zero, recentemente anunciadas pelo Governo Federal, para impul− sionar a produção e o uso sustentável do biometano.

As medidas anunciadas pelos Mi− nistérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente (MMA), vão no mesmo caminho dos compromissos as− sumidos pelo país durante a 26ª Con− ferência das Nações Unidas sobre Mu− danças Climáticas (COP26), entre eles, o Acordo do Metano. O documento, assinado pelo Brasil e mais de cem paí− ses, prevê um esforço global para redu− zir em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020. Trata−se de uma grande oportunidade para o Brasil, no contexto de uma no− va economia verde global.

Entre as diretrizes do decreto, des− tacam−se o incentivo ao mercado de carbono, em especial o crédito de metano, a promoção da implantação de biodigestores e sistemas de purifi− cação de biogás e de produção e compressão de biometano.Além dis− so, a estratégia prevê o fomento ao desenvolvimento de pesquisas cientí− fico−tecnológicas sobre biogás e bio− metano e o incentivo à cooperação nacional e internacional para a imple− mentação de ações de redução das emissões de metano, entre outros.

Ainda na celebração ocorrida no Palácio do Planalto, os ministros de Minas e Energia e do Meio Ambien− te assinaram duas portarias no con− texto da Estratégia Federal de Incen− tivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano.

A Portaria MMA n º 71, de 21 de março de 2022, institui o Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano. A iniciativa diz respeito ao biogás gerado a partir do correto tra− tamento de resíduos orgânicos urba− nos e rurais, oriundos, por exemplo, de aves, suínos, cana e aterros sanitários. Esse biogás se transforma em energia ou, se purificado, vira biometano, que se apresenta como uma alternativa mais barata para abastecer veículos pesados, como caminhões, tratores e ônibus. O biometano pode ainda ser usado como biofertilizante, tão im− portante neste momento.

No âmbito do MME, foi realizada assinatura de alteração da Portaria Normativa n° 19/MME/2021, in− cluindo os investimentos em biometa− no no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestru− tura (REIDI). Demanda do setor des− de 2016,os projetos inseridos no REI− DI têm suspensa a cobrança de PIS/COFINS para aquisição de má− quinas, materiais de construção, equi− pamentos, dentre outros componentes.

A inserção do biometano no REIDI irá proporcionar a construção de novas plantas para produção do biometano, aumentando a oferta do produto e a instalação de corredores verdes para abastecimento de veículos pesados, com impactos na redução de emissões de Gases do Efeito Estufa. O total de investimento previsto é supe− rior a R$ 7 bilhões, com geração de 6500 empregos na construção e ope− ração das novas unidades.

Com a medida,serão construídas 25 novas plantas distribuídas em São Pau− lo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.A produção deve saltar de 400 mil metros cúbicos por dia para 2,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2027,su− ficiente para abastecer mais de 900 mil veículos leves por ano.Além disso,serão evitadas as emissões de quase 2 milhões de toneladas de carbono na atmosfera,o que corresponde ao plantio de 14 mi− lhões de árvores em termos de captura de carbono.

Repercussão no setor

Segundo o presidente da Associa− ção Brasileira do Biogás (ABiogás), Alessandro Gardemann, é essencial o Brasil olhar e aproveitar esse momen− to.

“Tem bastante coisa acontecendo nesse sentido e acho que o governo está entendendo. Essa é a grande oportunidade de transformar resíduo em hidrogênio verde ” , disse. Segundo Gardemann, são 100 milhões de me− tros cúbicos ou mais por dia, que o Brasil desperdiça de gás. Isso é equi− valente a mais de 100% do consumo de gás natural no país, duas vezes a importação de gás, quase cinco vezes o consumo de GLP, 70% diesel ou 40% energia elétrica, ou seja, é muito volume de gás.

Para o executivo, deixar essa ma− téria orgânica apodrecer sem aprovei− tar esse potencial energético equivale a 700 mil barris de petróleo por dia, renovável evaporando no campo. “No fundo, biogás é uma grande ferra− menta de eficiência adicional de todo agro, de nutriente, de fertilizante e de energia. O biometano desponta como uma das alternativas economicamen− te viáveis para assegurar ao Brasil se− gurança energética ” , afirmou, lem− brando ainda que “ para quem partici− pa da ABiogás, as medidas de incenti− vo, não foram surpresa, já que temos trabalhado há meses com o MMA E MME, inclusive com a participação de vários associados ” , disse.

Para Leonardo Caio Filho, diretor deTecnologia e Regulação da Associa− ção da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen), o biogás passa a ser agora o quarto produto nas usinas de cana−de−açúcar e etanol,além da bio− eletricidade, que foi o terceiro produto.

“Hoje nós temos no Brasil próxi− mo de 380 usinas de açúcar e etanol e desse montante, em torno de 225 usi− nas exportam energia para o sistema. O biogás produzido através dos resí− duos sucroenergético tem diversas utilidades. Ele pode servir para ali− mentar a frota de caminhões e trato− res que vem se adaptando a utilizar o combustível; ele pode ser utilizado para gerar energia elétrica também ele pode passar pelo tratamento, transfor− mando em biometano e colocado na rede nos gasodutos, a exemplo do que vem sendo realizado pela Usina Co− cal, localizada em Narandiba, no oes− te paulista.

“Hoje quando a gente fala de energia elétrica nós temos ainda um número muito pequeno de biogás, cerca de 400 MW. Se considerarmos só o programa RenovaBio, que vai elevar de 35 bilhões de litros de eta− nol para 50 milhões de litros por safra até 2030, nós precisaríamos de mais 200 milhões de toneladas de cana. Com esse incremento de cana, tería− mos um potencial teórico de elevar esse biogás para 4GB, ou seja, a gente poderia implementar de uma forma conservadora em mais 3,6 GW de biogás ” , explicou Leonardo.

Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA, destacou que segundo o MME, o potencial de produção de biometano no país, é equivalente a quatro vezes a capacida− de do gasoduto Brasil−Bolívia. “O se− tor sucroenergético responde por quase metade desse potencial, ou seja, temos a capacidade potencial de dois gasodutos Brasil−Bolívia nos canaviais em termos de produção de biometa− no. Que seja um início das medidas que precisamos para avançar em escala com o biogás e o biometano e tirar do papel esse enorme potencial do setor sucroenergético, com um combustível local, renovável e que agrega seguran− ça energética, econômica e ambiental para o consumidor de energia no país

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