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Metas de descarbonização fortalecem parceria Brasil e Índia na aplicação do etanol

A Índia tem plano ambicioso para o uso de etanol. Até 2025 a mistura de etanol na gasolina deve saltar de 10% para 20%

O Embaixador da Índia, Suresh Reddy, afirmou que a Índia tem um plano ambicioso para intensificar a potencialidade do uso do etanol no país, contribuindo para a descarboni− zação a nível global.

“Temos que usar mais fontes al− ternativas de energia, pois nesse con− texto se torna muito importante.Te− mos que trabalhar isso nas nossas eco− nomias para termos um desenvolvi− mento econômico sustentável” .

A afirmação foi feita durante o painel “Cooperação com a Índia ” no “Santander DATAGRO Abertura de Safra de Cana,Açúcar e Etanol” , rea− lizado no dia 9 de março, em Ribei− rão Preto −SP.

Sob moderação de Mário Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG) e do Fórum Nacio− nal Sucroenergético (FNS), o assunto foi debatido por Suresh Reddy, em− baixador da Índia no Brasil; Marlon Arraes, coordenador−geral de Etanol do Ministério de Minas e Energia (MME);AbinashVerma, diretor−geral da Indian Sugar Mills Association (IS− MA); e Flávio Castellari, diretor−exe− cutivo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla).

Além dos benefícios ao meio am− biente, a cadeia produtiva do etanol, de acordo com Suresh, contribui para a geração de emprego e renda na Ín− dia.

“A política de etanol tem o obje− tivo de duplicar a criação de empre− gos e, o mais importante, reduzir a emissão de gases de efeito estufa ” .

AbinashVerma disse que o obje− tivo atual do governo indiano é que a mistura de etanol na gasolina che− gue a 20% até 2025 – atualmente es− tá em 10%. Uma redução de 5 anos em relação à meta inicial, devido aos “ grandes investimentos que estão ocorrendo ” .

Marlon Arraes deu ênfase à par− ceria entre Brasil e Índia para promo− ver o uso de biocombustíveis a nível global. “Saudamos essa participação conjunta que tem um caminho mui− to promissor pela frente. Países já es− tão pensando em segurança energéti− ca com o conflito no Leste Europeu e a Índia já está garantindo a sua segu− rança com um produto local, sauda− mos todo o esforço da política públi− ca que está sendo conduzida no país asiático ” .

Marlon também destacou o papel do RenovaBio nesse contexto. “O RenovaBio oferece o parâmetro que falta para a indústria. É uma agenda altamente positiva, onde ganha a so− ciedade, já que vai ter uma maior des− carbonização com menor custo ” .

Flavio Castellari enfatizou o know−how brasileiro como fator preponderante para que políticas pú− blicas de incentivo ao uso de biocom− bustíveis se proliferam mundo afora. Em relação à Índia, Castellari disse que a participação do país asiático nesta “ economia verde ” foi um divisor de

águas.

“Nos últimos dois anos nós co− meçamos a receber comunicados, vi− sitas e ligações de várias empresas in− dianas buscando conversar com a in− dústria brasileira

Etanol é opção para redução de dependência de fósseis

No mesmo evento, o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, ressaltou a importância não só da diversificação de fontes ener− géticas como também da diversifica− ção geográfica da oferta de energia

Segundo o executivo, atualmente mais de 100 países têm condições de produzir biomassa a partir da cana− de−açúcar de forma competitiva e sustentável. “As soluções vão ser múltiplas dependendo da competiti− vidade e das condições de cada país. Não podemos deixar de mencionar, particularmente no momento que estamos vivendo, a necessidade da re− dução da dependência de produtos fósseis. Em um momento em que o mundo demanda energia, temos que pensar na diversificação e comple− mentariedade ” , disse.

O painel que Leão participou, que teve como tema ‘Etanol e Bio− metano na COP 26’ , contou com a participação do ministro do Minis− tério do Meio Ambiente, Joaquim Leite e do presidente e CEO da Scania Latin America, Christopher Podgorski.

Durante a apresentação, o minis− tro destacou que o Brasil tem uma participação significativa na rota do futuro da mobilidade de baixo car− bono e o etanol é parte importante nesse processo.

“Temos um desfio global de energia e esse desafio traz um para− doxo que é reduzir as emissões de gás de efeito estufa ao mesmo tem− po que você garante a segurança energética para todo o planeta. O Brasil neste momento tem uma oportunidade única de transformar o desafio climático, fazer mais ener− gia e energia limpa e renovável. Uma rota única, elétrica, pode até ser uma realidade para algum país, mas não é uma rota única para um país chamado Brasil e não é uma realidade para o mundo. Nós defen− demos todas as rotas ” , ressaltou.

Segundo Christopher Podgorski, o setor de transporte é parte do pro− blema de emissão de gases de efeito estufa, mas também será parte da so− lução para um futuro carbono neutro.

“E isso passa necessariamente pela vocação do Brasil no agronegócio e na oportunidade de geração de ener− gia limpa

Governo Federal lança Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir importação

Iniciativa traz medidas para os próximos 28 anos focadas em diminuir a atual dependência dos produtos importados

O Governo Federal lançou o Pla− no Nacional de Fertilizantes no dia 11 de março, no Palácio do Planalto, co− mo estratégia para reduzir a depen− dência do Brasil das importações de fertilizantes.A cerimônia contou com a participação do presidente da Re− pública, Jair Bolsonaro; da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimen− to, Tereza Cristina; do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; do ministro da Economia, Paulo Guedes; e do Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Flávio Rocha.

O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) é uma referência para o plane− jamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), pro− movendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e susten− tabilidade ambiental.

Em um contexto mundial de in− certezas, a elaboração do plano foi iniciada em 2021 e formalizado por Decreto 10.991, assinado no mesmo dia. O documento também institui o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acom− panha a implementação do Plano Na− cional de Fertilizantes.

Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utili− zado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, for− mam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana−de− açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.

Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utiliza− dos no país são importados, eviden− ciando um elevado nível de depen− dência de importações em um mer− cado dominado por poucos fornece− dores. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, forte− mente apoiada no agronegócio, vul− nerável às oscilações do mercado in− ternacional de fertilizantes.

A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência ex− terna desses nutrientes, que chegam ao país principalmente da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Is− rael, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do Ministério da Economia.

O PNF buscará readequar o equi− líbrio entre a produção nacional e a importação ao atender sua crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. Pretende−se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes.

A ministra Tereza Cristina expli− cou que não se trata de o país alcan− çar a autossuficiência, mas sim de se ter autonomia, com um percentual redu− zido de dependência externa para o fornecimento dos fertilizantes ao pro− dutor. Segundo ela, é preciso reforçar a

“diplomacia dos fertilizantes ” , ex− pandindo as relações de compra des− ses nutrientes em escala global.

“Não estamos buscando a autos− suficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança ali− mentar do brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plan− tas é proporcional à grandeza de nos− sa agricultura. Mas teremos nossa de− pendência externa bastante reduzida ” , disse, reforçando que o Plano não é apenas para reagir a uma crise, mas para tratar de um problema estrutural, de longo prazo.

O secretário Especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha, informou que o plano prevê 80 metas a serem atingidas, entre elas estimular o uso de técnicas inovadoras. “Temos priorida− de de ampliar o foco dos fertilizantes tradicionais para as cadeias emergen− tes. Em vez de continuarmos insistin− do somente na utilização dos fertili− zantes chamados NPK, incentivare− mos, por meio do plano, os bioinsu− mos e outras tecnologias de nutrição de planta

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