JornalCana 336 (Março/Abril 2022)

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Março/Abril 2022

Série 2

Número 336

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CHEGOU A VEZ DO GÁS VERDE?

Programa Metano Zero prevê 25 novas plantas do biocombustível, com investimento superior a R$ 7 bilhões e geração de 6.500 empregos




CARTA AO LEITOR

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Março/Abril 2022

índice MERCADO Agrishow retorna em abril com expectativa movimentar cerca de R$ 6 bilhões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Guerra na Ucrânia exige soluções para o agro brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Contrariado, setor bioenergético critica redução da alíquota de importação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Metas de descarbonização fortalecem parceria Brasil e Índia na aplicação do etanol . . . . . . . . . . . . . .7 Governo Federal lança Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir importação . . . . . . . . . . . . . . .8 e 9 Mesmo com custo elevado, alta dos preços assegura margem de lucro da safra 2021/22 . . . . .10 e 11 DATAGRO estima uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 na região Centro-Sul12 Início da safra 2022/23 em Minas se dividirá entre abril e maio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 Com novas variedades, renovação do canavial e irrigação Região Norte e Nordeste espera safra de recuperação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14 e 15 Embrapa Agroenergia, o USDA e o US Grains Council articulam sobfe RenovaBio . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Para especialistas alta de combustíveis incentiva eletrificação da frota . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Motores a combustão e elétrico são complementares, afirma Ricardo Simões de Abreu . . . . . .18 e 19 Chegou a vez do gás verde? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 a 22 Usina São Fernando tem novo dono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Pedido de recuperação judicial do Grupo USJ é aceito pela Justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23

ENERGIA Cogeração no Brasil alcança patamar de 19,71 GW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Certificado Energia Verde já foi emitido para 39 usinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Geração de energia elétrica a partir da biomassa da cana aumenta 365% em MS . . . . . . . . . . . . . . . . .25

INDUSTRIAL Reduza a contaminação em dornas através de uma assepsia especializada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 Usina Cocal amplia projeto de biometano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26 DCBIO discute Transformação Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26

USINAS Agribrasil irá construir uma planta de etanol de milho em Mato Grosso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Usina Coruripe capta R$ 100 milhões com “debêntures incentivadas” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 Tereos obtém certificação CARB para exportação de etanol com melhor nota entre os produtores brasileiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Caeté é pioneira na venda direta de etanol em Alagoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 BEVAP confirma redução de 10% no quadro de colaboradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Zilor fatura R$ 2,4 bilhões nos nove meses acumulados da safra 21/22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 Diana Bioenergia realiza culto ecumênico para início de safra 2022/23 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

AGRÍCOLA Irrigação antecipando geração de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Uso de biofertilizantes em canaviais é ampliado pela BP Bunge Bioenergia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Pesquisadores descobrem compostos que inibem fungo que ataca canaviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 CNTBio aprova cana não transgênica desenvolvida pela Embrapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

MULHERES Conceito ESG amplia ações de diversidade de gênero no setor bioenergético . . . . . . . . . . . . . . .34 e 35 Tereza Cristina é homenageada por suas realizações à frente do Mapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

LOGÍSTICA Portaria do MInfra garante mais eficiência no transporte de cana-de-açúcar e granéis . . . . . . . . . . .38 Retomada da navegação na hidrovia Tietê-Paraná vai beneficiar o agro paulista . . . . . . . . . . . . . . . . .38 Complexo Portuário do Itaqui ganhou novo terminal de combustíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

GENTE Raízen anuncia mudanças na diretoria da área agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 Troca de comando na Feplana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40 Morre o engenheiro agrônomo Eduardo Algodoal Zabrockis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Falece o professor Victorio Laerte Furlani Neto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 Setor perde Gilberto Colombo, acionista da Colombo Agroindustria S/A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42

"Na minha angústia invoquei o Senhor, sim, clamei ao meu Deus; do seu templo ouviu ele a minha voz; o clamor que eu lhe fiz chegou aos seus ouvidos."

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Biometano pode garantir segurança energética do país A busca de soluções alternativas para combater a crise energética, agravada pela situação geopolítica com o conflito entre Rússia e Ucrânia, vem se intensificando e, neste cenário, o biometano desponta como uma das alternativas economicamente viáveis para assegurar ao Brasil segurança energética. Trata−se de uma energia que está disponível, tem um potencial enorme e a tendência é que cresça cada vez mais, principalmente com o apoio do Governo Federal, que lançou, em março, medidas para incentivar a produção e o uso sustentável do biometano a partir de resíduos urbanos e rurais, com a criação do Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano, o Metano Zero, que prevê investimento superior a R$ 7 bilhões, com a construção de novas plantas. Então, será a vez do gás verde? É o que a matéria de capa da edição de março/abril mostra ao leitor. Ainda abordando a questão de transição energética, o Jornal traz matérias destacando a importância do etanol no avanço dos veículos elétricos e eletrificados (híbridos), além dos benefícios ao meio ambiente, e traz também novas leis que afetam o biocombustível, como a redução da alíquota de importação do açúcar e do etanol, muito criticada pelo setor bioenergético, visto que não foi considerada nenhuma garantia de contrapartida aos produtos brasileiros. Nesta edição, o leitor encontra as expectativas iniciais para a safra 2022/23 e os principais desafios que aguardam por soluções.“A estimativa de 562 mt de cana tem um viés de baixa. O 1º terço da safra está em piores condições devido ao fogo e às geadas de 2021 e às consequentes falhas”, explicou Plinio Nastari, presidente da DATAGRO. O Jornal destaca, ainda, que fatores como falta de chuvas, geadas, incêndios, baixa taxa de reformas, alta do preço dos insumos e dos combustíveis, entre outros, impactaram a alta dos custos de produção da tonelada de cana, que saiu da casa de R$ 100,00 por tonelada, do ponto de vista de custo operacional, e foi para a casa de R$ 140,00 por tonelada. Também ganham destaque, nesta edição, as principais transações no mercado. Como a Usina Coruripe, que captou R$ 100 milhões com “debêntures incentivadas” em março. A operação é a primeira realizada pela empresa com base na Lei 12.431/11, que criou as debêntures de infraestrutura. E a aquisição da Usina São Fernandes, localizada em Dourados−MS, pelo Grupo Pedra Agroindustrial, entre outros. Na área agrícola, o/a leitora(a) conhecerá as ações das companhias para acelerar o desenvolvimento das plantas, reduzir perdas e promover ganhos de rentabilidade. Esta edição também mostra que a CNTBio aprovou a cana não transgênica desenvolvida pela Embrapa, obtida por meio da técnica Crispr, e que é a primeira cana editada transgene− free do mundo, sem a inserção de DNA externo. É muito conteúdo interessante. Boa leitura!

Salmos 18:6

ISSN 1807-0264

carta ao leitor

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MERCADO

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Guerra na Ucrânia exige soluções para o agro brasileiro As sanções exemplares impostas à Rússia, soma− das às outras vigentes, há mais de um ano, contra a Bielorrússia, criam uma situação que exige ações ur− gentes pelo Brasil. Se para a União Europeia uma das dificuldades está na dependência do gás natural russo, indispen− sável no inverno e essencial para as indústrias, no Brasil os danos mais impactantes são para o agro− negócio. Rússia e Bielorrússia estão entre os nossos prin− cipais fornecedores de fertilizantes, cujo uso é ine− vitável devido à baixa fertilidade do solo brasileiro e de países com agricultura tropical, como a África subsaariana.A guerra na Ucrânia elevou demasiada− mente os preços, afetando as lavouras destes países. No Brasil, a dependência por fertilizantes im− portados atinge, de modo geral, 85% da demanda.A nossa agropecuária alimenta mais de 800 milhões de pessoas no mundo e a indisponibilidade destes in− sumos representa um sério risco para as safras de 2022 e além. Nossa dependência envolve os três principais itens que compõem os fertilizantes pri− mários: importamos 80% dos nitrogenados, 55% dos fosfatados e 95% do potássio. Rússia e Bielorrússia fornecem cerca de 40% do potássio utilizado no Brasil. Ocupam, respectiva− mente, a terceira e segunda posições entre os ex− portadores. Os efeitos dos embargos, portanto, in− terferem na logística e, assim, reduzem a oferta, in−

tensificando a disparada global de preços. Em 2021, o preço do potássio subiu 174%. Na esteira das sanções, a exportações de potás− sio da Bielorrússia, que utilizam o corredor logísti− co da Lituânia com destino ao Brasil também foram

impactadas. A tonelada de potássio, que em 2021 custava US$ 250 naquele país, teve um aumento de 228%, alcançando US$ 820 em 2022. Já se especula que essa elevação nos preços pode chegar a inacre− ditáveis US$ 1.000. Para atenuar o quadro, há caminhos simultâneos, de curto, médio e longo prazo. No primeiro, a bus− ca por novos fornecedores já começou, visto que os estoques brasileiros de fertilizantes se esgotam em outubro. Na próxima semana, a ministra Tereza Cristina, com grande agilidade, estará no Canadá, maior exportador de potássio para o Brasil, para tra− tar dessa questão. Abrir−se−á outro caminho no final de março com o lançamento do Plano Nacional de Fertilizan− tes, política de Estado que visa reduzir as importa− ções de fertilizantes de 85% para 60% até 2030. No caso do potássio, espera−se que o Plano diminua a dependência externa dos atuais 95% para 50% em 2040, com um acréscimo de quatro milhões de to− neladas anuais na produção interna. À semelhança da crise sanitária, ainda não de− belada, os efeitos do conflito na Ucrânia não têm prazo para acabar. O momento exige ações estraté− gicas e capazes de enfrentar e superar as preocupa− ções. Garantiremos, desta forma, a produção de ali− mentos a preços acessíveis neste importante mo− mento de pós−pandemia.

*JJacyr Costa Filho é presidente do Cosag – Con− selho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Consultoria Agroadvice.

Agrishow retorna em abril com expectativa movimentar cerca de R$ 6 bilhões Suspensa pela pandemia desde 2019, a feira promete muitas novidades A partir do próximo dia 25 de abril, a Feira Internacional de Tecno− logia Agrícola em Ação − Agrishow, maior feira do setor na América Lati− na estará de volta. A 27ª edição do evento acontecerá entre os dias 25 à 29 de abril, em Ribeirão Preto – SP. A Feira da Redenção, fim da abs− tinência, a maior de todas as feiras, foram algumas das expressões usadas pelos dirigentes da feira para definir a grande expectativa com a volta do evento, que deverá ser marcado pela realização de grandes negócios. “Nesses três anos, o setor não parou, as fábricas não pararam, e o desen−

volvimento de produtos continuaram de forma acelerada. então deveremos ter uma chuva de novidades, que ca− minham para o lado da conectivida− de e da modernidade”, afirmou o presidente da Agrishow 2022, Fran− cisco Matturro. Para o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasilei− ra da Indústria de Máquinas e Equi−

pamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, “vamos fazer uma feira que valerá por três, será a feira da re− denção. O grande desafio será a ques− tão dos fertilizantes, então o Brasil de− ve investir muito na produção de fer− tilizantes. Para Eduardo Daher da ABAG, a Agrishow é o tiro de largada da safra. “É onde a oferta encontra a procura. Uma feira focada em negócios e que permite a experimentação. Não se compra uma colheitadeira pela inter− net, as pessoas gostam de ver, experi− mentar. Com relação à questão dos fertilizantes, precisamos trazer calma e serenidade para esta discussão e evitar o catastrofismo”, disse. Segundo o conselheiro da Asso− ciação Nacional para Difusão de Adu− bos (ANDA), Carlos Henrique Here− dia, “estamos com crise de abstinên− cia da Agrishow. A feira não é só para vender, mas também para interagir e

trocar informações, como nessa ques− tão de fertilizantes. O setor está traba− lhando muito forte para continuar cumprindo a sua função. Ano passado foi um ano desafiador e nós fizemos entrega de 46 milhões de toneladas de fertilizante e batemos de novo recor− de e a produtividade está aí em fun− ção desse trabalho”, informou. O presidente de honra da Agris− how, Maurílio Biagi, projetou que a 27ª edição da feira possa movimen− tar cerca de R$ 6 bilhões e um pú− blico de mais de 159 mil pesoas. "Arrisco que a feira vai faturar acima de R$ 6 bilhões este ano. Só corri− gindo pela inflação os R$ 2,9 bilhões arrecadados na última feira em 2019, chegamos a R$ 3,8 bilhões a R$ 4 bilhões. E existe uma demanda re− primida, ficamos três anos sem feira, há entusiasmo até psicológico, o vi− sitante pode comprar mais do que desejava.", explicou.


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MERCADO

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Contrariado, setor bioenergético critica redução da alíquota de importação O Governo zera as alíquotas de importação do etanol e do açúcar sem nenhuma garantia de contrapartida aos produtos brasileiros O anúncio do Governo Federal de redução de 18% para zero a alíquota de importação do etanol e do imposto de importação do açúcar cristal, que atual− mente é de 16%, desagradou represen− tantes do setor bioenergético, que cri− ticaram a medida, que começou a valer no dia 23 de março, por não assegurar nenhuma contrapartida em relação à exportação dos produtos brasileiros. O Fórum Nacional Sucroenergé− tico, que representa a agroindústria produtora de etanol, açúcar e bioele− tricidade em quinze estados produto− res no Brasil, através de nota enviada ao JornalCana, manifestou sua contra− riedade em relação à medida. “Vimos nos manifestar contraria− mente à medida de isenção de tarifa de importação do etanol, oriundo do exterior e notadamente dos Estados Unidos, sem que haja a devida con− trapartida para nossas exportações de açúcar, cuja importação é fortemente taxada pelos americanos. Lembramos que a correlação que existe no Brasil entre a produção de açúcar e etanol é a mesma na indústria americana, em que se usa milho tanto para a produ− ção de etanol quanto para xarope de milho, adoçante usado naquele país. Estamos preparados para competir, mas as relações de comércio interna− cional devem ser bilaterais e com to− tal equilíbrio em reciprocidade”, afir− ma Mário Campos, presidente da en− tidade e também da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG). A Frente Parlamentar pela Valori− zação do Setor Sucroenergético, composta por parlamentares de diver− sos partidos de todas as regiões pro− dutoras de cana−de−açúcar e de eta− nol do país também se pronunciou. “A Frente compreende as razões que movem o Ministério da Economia, de reduzir o impacto da inflação sobre a população, e o Governo a editar tal medida; considera, porém, que será pouco eficaz para o controle inflacio− nário. Além disso, a redução do impos−

to poderá significar um grave erro se não estiverem contingenciadas no tempo, de uma forma que a abertura do mercado seja feita dentro de um pla− nejamento que não prejudique o se− tor”, afirma o presidente da entidade, o deputado federal Arnaldo Jardim. O parlamentar frisa que é impor− tante lembrar que, em abril, inicia−se a safra 2022/23 na maior região produ− tora do Brasil, com consequente au− mento na oferta de etanol para o mer− cado interno e, certamente, haverá uma redução nos preços de comercialização do produto. “A entrada de etanol im− portado pode desestruturar a estraté− gia nacional de armazenagem e distri− buição do biocombustível”, afirma. Diante do exposto, a entidade so− licitou ao Governo que reavalie a me− dida adotada e suspenda a sua imple− mentação. “Os efeitos da importação serão danosos a uma indústria que re− presenta 2% do PIB Nacional e gera 700 mil empregos diretos” ressalta. Para André Rocha, presidente do SIFAEG, entidade representativa da indústria de etanol em Goiás, e do SI− FAÇÚCAR, a medida é preocupan− te e traz insegurança para novos inves− timentos no setor. “Quando o Gover− no sinaliza que quer mudar políticas já consolidadas, ele acaba inibindo novos investimentos. Atualmente só temos um projeto Greenfield em construção

aqui em Goiás, isso porque já havia si− do iniciado em 2010, estava paralisa− do e agora foi retomado. Os investi− mentos são grandes e essas mudanças políticas por parte do Governo geram insegurança”, disse. Rocha também criticou a falta de diálogo com o setor, que não foi cha− mado para discutir a medida. “O setor não foi chamado para conversar sobre esse assunto. O preço da tarifa de açú− car brasileiro para entrar nos Estados Unidos é muito maior do que o pre− ço do próprio produto. Nós não te− mos medo da concorrência, o que queremos são regras claras e recipro− cidade. Então o Brasil perde, a diplo− macia brasileira perde ao não exigir a contrapartida”, reclamou. Para Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, a medida surpreendeu e deve tumultuar o mercado. “O setor sempre foi muito prestativo com o Governo fornecendo estudos para as medidas de correção. Estamos com o mercado totalmente abastecido e os estoques da safra remanescente, são mais que suficientes para até uns 40 dias. E aí você é surpreendido com uma medida dessa que só vem no sentido de tumul− tuar, pois não guarda a reciprocidade. Para exportar açúcar para os Estados Unidos, somos tarifados e ai abrimos o nosso mercado para o produto ameri− cano principalmente, isso não faz mui−

to sentido”, afirmou. Rodrigues ressaltou que a medida é ruim, porque desestabiliza toda uma indústria.“Daqui a uns 30 dias mais ou menos, estamos entrando em safra nova, com contratos para negociar com os distribuidores ao longo do mês de abril, e tudo isso gera um ambien− te de desestabilização”, criticou. Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, também se mani− festou sobre a redução dos tributos de importação. “Lamentável. O Centro− Sul já começa a safra com a pressão de uma concorrência externa”, disse. Assim como Pedro Robério, pre− sidente do SINDAÇÚCAR de Ala− goas. “A decisão isolada do Governo em isentar a importação de etanol da tarifa atual de 18% não propiciará ambiente econômico potencial para redução importante no preço da ga− solina. Além de ser inócua nesse ob− jetivo poderá sinalizar, para o médio prazo, uma instabilidade regulatória para o setor com sérios reflexos na oferta futura do etanol e no plano de investimentos que está em curso para atender as metas do RenovaBio. In− clusive pela proximidade do início da safra 2022/23 onde uma maior ofer− ta de etanol por certo regulará de forma mais eficiente a oferta adequa− da de produto e a estabilidade de pre− ço”, elucidou.


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Metas de descarbonização fortalecem parceria Brasil e Índia na aplicação do etanol A Índia tem plano ambicioso para o uso de etanol. Até 2025 a mistura de etanol na gasolina deve saltar de 10% para 20% O Embaixador da Índia, Suresh Reddy, afirmou que a Índia tem um plano ambicioso para intensificar a potencialidade do uso do etanol no país, contribuindo para a descarboni− zação a nível global. “Temos que usar mais fontes al− ternativas de energia, pois nesse con− texto se torna muito importante. Te− mos que trabalhar isso nas nossas eco− nomias para termos um desenvolvi− mento econômico sustentável”.

A afirmação foi feita durante o painel “Cooperação com a Índia” no “Santander DATAGRO Abertura de Safra de Cana, Açúcar e Etanol”, rea− lizado no dia 9 de março, em Ribei− rão Preto −SP. Sob moderação de Mário Campos Filho, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG) e do Fórum Nacio− nal Sucroenergético (FNS), o assunto foi debatido por Suresh Reddy, em− baixador da Índia no Brasil; Marlon Arraes, coordenador−geral de Etanol do Ministério de Minas e Energia (MME); Abinash Verma, diretor−geral da Indian Sugar Mills Association (IS− MA); e Flávio Castellari, diretor−exe− cutivo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla). Além dos benefícios ao meio am− biente, a cadeia produtiva do etanol, de acordo com Suresh, contribui para

a geração de emprego e renda na Ín− dia. “A política de etanol tem o obje− tivo de duplicar a criação de empre− gos e, o mais importante, reduzir a emissão de gases de efeito estufa”. Abinash Verma disse que o obje− tivo atual do governo indiano é que a mistura de etanol na gasolina che− gue a 20% até 2025 – atualmente es− tá em 10%. Uma redução de 5 anos em relação à meta inicial, devido aos “grandes investimentos que estão ocorrendo”. Marlon Arraes deu ênfase à par− ceria entre Brasil e Índia para promo− ver o uso de biocombustíveis a nível global. “Saudamos essa participação conjunta que tem um caminho mui− to promissor pela frente. Países já es− tão pensando em segurança energéti− ca com o conflito no Leste Europeu e a Índia já está garantindo a sua segu− rança com um produto local, sauda−

mos todo o esforço da política públi− ca que está sendo conduzida no país asiático”. Marlon também destacou o papel do RenovaBio nesse contexto. “O RenovaBio oferece o parâmetro que falta para a indústria. É uma agenda altamente positiva, onde ganha a so− ciedade, já que vai ter uma maior des− carbonização com menor custo”. Flavio Castellari enfatizou o know−how brasileiro como fator preponderante para que políticas pú− blicas de incentivo ao uso de biocom− bustíveis se proliferam mundo afora. Em relação à Índia, Castellari disse que a participação do país asiático nesta “economia verde” foi um divisor de águas. “Nos últimos dois anos nós co− meçamos a receber comunicados, vi− sitas e ligações de várias empresas in− dianas buscando conversar com a in− dústria brasileira”.

Etanol é opção para redução de dependência de fósseis No mesmo evento, o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, ressaltou a importância não só da diversificação de fontes ener− géticas como também da diversifica− ção geográfica da oferta de energia Segundo o executivo, atualmente mais de 100 países têm condições de produzir biomassa a partir da cana− de−açúcar de forma competitiva e sustentável. “As soluções vão ser múltiplas dependendo da competiti− vidade e das condições de cada país. Não podemos deixar de mencionar, particularmente no momento que

estamos vivendo, a necessidade da re− dução da dependência de produtos fósseis. Em um momento em que o mundo demanda energia, temos que pensar na diversificação e comple− mentariedade”, disse. O painel que Leão participou, que teve como tema ‘Etanol e Bio− metano na COP 26’, contou com a participação do ministro do Minis− tério do Meio Ambiente, Joaquim Leite e do presidente e CEO da Scania Latin America, Christopher Podgorski. Durante a apresentação, o minis−

tro destacou que o Brasil tem uma participação significativa na rota do futuro da mobilidade de baixo car− bono e o etanol é parte importante nesse processo. “Temos um desfio global de energia e esse desafio traz um para− doxo que é reduzir as emissões de gás de efeito estufa ao mesmo tem− po que você garante a segurança energética para todo o planeta. O Brasil neste momento tem uma oportunidade única de transformar o desafio climático, fazer mais ener− gia e energia limpa e renovável.

Uma rota única, elétrica, pode até ser uma realidade para algum país, mas não é uma rota única para um país chamado Brasil e não é uma realidade para o mundo. Nós defen− demos todas as rotas”, ressaltou. Segundo Christopher Podgorski, o setor de transporte é parte do pro− blema de emissão de gases de efeito estufa, mas também será parte da so− lução para um futuro carbono neutro. “E isso passa necessariamente pela vocação do Brasil no agronegócio e na oportunidade de geração de ener− gia limpa”, reforçou o executivo.


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Governo Federal lança Plano Nacional de Fertilizantes para reduzir importação Iniciativa traz medidas para os próximos 28 anos focadas em diminuir a atual dependência dos produtos importados O Governo Federal lançou o Pla− no Nacional de Fertilizantes no dia 11 de março, no Palácio do Planalto, co− mo estratégia para reduzir a depen− dência do Brasil das importações de fertilizantes. A cerimônia contou com a participação do presidente da Re− pública, Jair Bolsonaro; da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimen− to, Tereza Cristina; do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; do ministro da Economia, Paulo Guedes; e do Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Flávio Rocha. O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) é uma referência para o plane− jamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), pro− movendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e susten− tabilidade ambiental. Em um contexto mundial de in− certezas, a elaboração do plano foi iniciada em 2021 e formalizado por Decreto 10.991, assinado no mesmo dia. O documento também institui o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acom− panha a implementação do Plano Na− cional de Fertilizantes. Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utili− zado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, for− mam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana−de− açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos,

mais de 85% dos fertilizantes utiliza− dos no país são importados, eviden− ciando um elevado nível de depen− dência de importações em um mer− cado dominado por poucos fornece− dores. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, forte− mente apoiada no agronegócio, vul− nerável às oscilações do mercado in− ternacional de fertilizantes. A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência ex− terna desses nutrientes, que chegam ao país principalmente da Rússia, da China, do Canadá, do Marrocos e da Bielorússia. Estados Unidos, Catar, Is− rael, Egito e Alemanha completam a

lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do Ministério da Economia. O PNF buscará readequar o equi− líbrio entre a produção nacional e a importação ao atender sua crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. Pretende−se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes. A ministra Tereza Cristina expli− cou que não se trata de o país alcan− çar a autossuficiência, mas sim de se ter autonomia, com um percentual redu− zido de dependência externa para o

fornecimento dos fertilizantes ao pro− dutor. Segundo ela, é preciso reforçar a “diplomacia dos fertilizantes”, ex− pandindo as relações de compra des− ses nutrientes em escala global. “Não estamos buscando a autos− suficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança ali− mentar do brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plan− tas é proporcional à grandeza de nos− sa agricultura. Mas teremos nossa de− pendência externa bastante reduzida”, disse, reforçando que o Plano não é apenas para reagir a uma crise, mas para tratar de um problema estrutural, de longo prazo. O secretário Especial de Assuntos Estratégicos, Flávio Rocha, informou que o plano prevê 80 metas a serem atingidas, entre elas estimular o uso de técnicas inovadoras. “Temos priorida− de de ampliar o foco dos fertilizantes tradicionais para as cadeias emergen− tes. Em vez de continuarmos insistin− do somente na utilização dos fertili− zantes chamados NPK, incentivare− mos, por meio do plano, os bioinsu− mos e outras tecnologias de nutrição de planta”, disse, ao acrescentar que desde a década de 1980 o Brasil não tem uma política pensada para a pro− dução nacional de fertilizantes.


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Objetivos do PNF Além da redução da dependência externa, o PNF ainda apresenta opor− tunidades em relação a produtos emergentes como os fertilizantes or− ganominerais e orgânicos (adubos or− gânicos enriquecidos com minerais, por exemplo) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsu− mos e biomoléculas, os remineraliza− dores (exemplo, pó de rocha), nano− materiais, entre outros. O desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao ambiente tropical de produção brasileiro e a formação de redes de apoio tecnológico ao produ− tor rural e aos técnicos também com− põem o Plano e integram a Caravana Embrapa FertBrasil. A ação, realizada pela Embrapa, prevê visitas técnicas aos principais polos agrícolas. Ao abordar questões práticas de como aumentarrelaciona− das ao aumento da eficiência dos fer− tilizantes, a Caravana terá impacto imediato capaz de promover uma economia de até 20% no uso dos fer− tilizantes no Brasil já na safra 2022/23, o que pode resultar em até um US$ 1 bilhão de economia para o produtor rural brasileiro. As diretrizes do PNF também abordam uma política fiscal favorável ao setor, incremento de linhas de fomen− to ao produtor, incentivos a ações pri−

vadas, expansão da capacidade instala− da de produção, melhorias na infraes− trutura e logística nacionais. Tudo isso para ampliar a produção competitiva de fertilizantes (abrangendo adubos, cor− retivos e condicionadores) no Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que o plano possi− bilitará ampliação da cadeia produti−

va. “O Brasil é uma potência mineral, agroambiental e vai fazer, na verdade, do ponto de vista econômico, um aprofundamento da cadeia produtiva”. Já o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou que a consolidação do PNF reflete a postura do governo, que segue integrando competências e gerando instrumentos

fundamentais para o desenvolvimento do País.“O Plano Nacional de Fertili− zantes é fruto da excelência alcançada nesse empenho conjunto contendo di− retrizes e ações que contribuirão para continuarmos transformando, de for− ma sustentável, os recursos naturais em prosperidade e bem−estar social para os brasileiros”, enfatiza o ministro.

Importância dos fertilizantes Responsáveis por fornecer um ou mais nutrientes para as plantas, os fertilizantes são insumos essenciais na produção brasileira e associam−se à implementação de novas fontes e tecnologias em nutrição de plantas para permitir melhores padrões de produtividade por hectare cultivado. Considerado celeiro do mundo, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de grãos (arroz, cevada, soja, milho e trigo), sendo responsável por 7,8% da pro− dução total mundial. Por isso, o PNF considera que, para o Brasil atingir as expectativas nacionais e mundiais de produção de alimen− tos, é preciso melhorar o ambiente de negócios, investir em ciência e tecnologia para o ambiente tropical e garantir in− vestimentos na produção nacional, de forma a reduzir a dependência de insumos importados. De acordo com previsões do Department of Econo− mic and Social Affairs Population da Organização das Nações Unidas (United Nations, 2019), a população mundial deve alcançar cerca de 9,6 bilhões de indivíduos em 2050, tornando imprescindível a utilização de terras cultiváveis com a maior produtividade possível e de for− ma agroecológica. A cadeia de fertilizantes é de alta complexidade, inte− ragindo com o setor de produção de alimentos, de ener− gia, com as indústrias química, de mineração, de óleo e gás, além do comércio exterior.


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Mesmo com custo elevado, alta dos preços assegura margem de lucro da safra 2021/22 Segundo o Pecege, para a safra 2022/23 a tendência é de que os custos continuem subindo e os preços se estabilizem Uma safra ruim em termos de produtividade, mas não tão ruim em termos de lucratividade. Esse é o re− sumo do balanço da safra 2021/22 apresentado pelo Programa de Edu− cação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), no se− minário “Expedição Custos da Cana”, realizado no início do mês de março. Fatores como falta de chuvas, gea− das, incêndios, baixa taxa de reformas e alta do preço dos insumos, deram um tom dramático para aquela que está sendo considerada a “safra das la− mentações”, avalia o gestor de proje− tos do Pecege, João Rosa. “Saímos de uma safra (2020/21) de 80 toneladas de cana por hectare para 71,55 toneladas de cana. Queria chamar atenção para um dado o NU− CI, que é o nível de utilização da ca− pacidade instalada, ou seja, o quanto nós estamos usando da planta indus− trial. Na safra passada (20/21) ele es− tava num patamar de 90% de utiliza− ção. Como a safra quebrou, esse nú− mero foi para 75%, ou seja, 14% em média das usinas ficaram ociosas. Lo− go, do ponto de vista agronômico e disponibilidade de matéria−prima, foi uma safra de lamentar”. Segundo o Pecege foi uma tem− porada em que se gastou mais por hectare, e se produziu menos por hec− tare. “Um dos responsáveis pela ele− vação dos custos, foi a alta dos preços dos insumos, que subiram em função do câmbio desvalorizado e restrições na logística dos produtos”. Rosa lem− bra que os insumos só não impacta− ram mais, porque muitos já estavam com estoques comprados, e que o problema será mais sentido nesta pró− xima safra, que se inicia. Também impactaram a alta dos custos, o aumento do preço do diesel, a menor quantidade de cana, reduzin− do a diluição dos custos fixos, as gea− das que provocaram mudanças no planejamento de colheita e o impac− to natural dos preços, os arrendamen− tos foram pressionados pela competi− ção por grãos, sem contar a questão

das mudas e tratos culturais. Com isso, o custo de produção da tonelada de cana saiu da casa de R$ 100,00 por tonelada do ponto de vis− ta de custo operacional, e foi para a casa de R$ 140,00 por tonelada. Os setores que apresentaram maiores altas foram na questão do arrendamento, seguido pelo corte e transbordo e de− pois pela formação do canavial. Segundo Rosa, o processamento industrial também apresentou alta nos

custos, com elevação de 75% da mão de obra, 70% de insumos e registra também aumento nos custos de ma− nutenção. “Mas se os custos subiram em média 40%, em compensação os pre− ços subiram na casa dos 56%, ou seja, apesar de todas as lamentações foi uma safra maravilhosa na formação de margens”, afirmou João Rosa. Ele ci− tou que, do ponto de vista das usinas, na safra 2021/22 foi mais negócio

produzir cana, ao custo médio de R$ 143,00 por tonelada, do que comprar de fornecedores, pagando uma média de R$ 167,00. De acordo com o analista, essa al− ta dos preços possibilitou, de forma geral, que os produtores fizessem um colchão na safra passada, ficando mais capitalizados, pois aumentaram a sua margem de lucro. Com relação à bio− eletricidade, a energia para quem co− gera se mostrou um ótimo negócio. Segundo João Rosa usando a teo− ria do copo, para aqueles que olham o copo meio vazio a safra 2021/22 foi catastrófica do ponto de vista climá− tico, com alta do preço de insumos e aumento dos custos de produção, e a competição com grãos, principal− mente com a soja. Mas para os que veem o copo meio cheio, se o custo subiu 40% e o preço sobe 60%, foi uma safra maravilhosa. “Aumento do preço do ATR em 58%. Subiu os insumos? Sim, mas par− te dos insumos usados na 21/22 já ha− viam sido comprados. Do ponto de vista de margem, foi uma das melho− res dos últimos 15 anos. Os produto− res tiveram oportunidade de capitali− zar bem e devem direcionar esses in− vestimentos nas lavouras, em novas tecnologias a fim de aumentar a pro− dutividade, já que a próxima safra se− rá mais curta, devendo−se tomar um maior cuidado”, ressaltou.


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Perspectivas safra 2022/23 Com relação à safra 2022/23, o economista do Pecege, Haroldo Tor− res, avalia que a tendência é de que os custos continuem subindo e os preços se estabilizem. “Vamos fazer primeiro um olhar histórico em termos de sa− fra. No que diz respeito à moagem de cana−de−açúcar na região Centro− Sul, nós voltamos dez safras para trás praticamente um nível de moagem em que o setor retrocede praticamente 10 anos, veja que a gente não tem uma curva crescente de moagem”, afirmou, Haroldo chama a atenção para a crescente queda na produção de eta− nol. “Quero chamar atenção em rela− ção à pirâmide no caso do etanol. Nas safras 17/18/19 e 20 vínhamos em uma esfera crescente da produção, e quando nós olhamos de 19 e 20 para cá, descemos ladeira abaixo na produ− ção de etanol, principalmente pela va− lorização dos preços do açúcar no mercado internacional. E agora temos uma redução na produção de etanol e açúcar, que veio sobremaneira em função desta quebra de safra que nós tivemos na região Centro−Sul do Brasil”, constatou. Segundo ele, a safra 2022/23 car− regará consequências dessa quebra. “Devemos lembrar que estamos com

canavial atrasado, praticamente um mês de atraso. Muitas usinas já estariam ini− ciando a sua safra na segunda quinze−

na de março, e agora nós vamos ver que esse calendário foi deslocado para segunda quinzena de abril”, disse.

O economista lembra que além do atraso, o canavial apresenta falhas e infestações de ervas daninhas que não estavam sendo esperadas pelos produtores. “Temos que começar a fazer uma oração para o final da sa− fra. A preocupação fica com a pri− mavera. Se for chuvosa e as usinas não conseguirem colher a cana, há o risco de precisar bisar”, acrescenta, referindo−se à prática de deixar pa− ra colher a cana apenas na tempo− rada seguinte. “É neste cenário es− tressado que a gente começa 2022/23, que vem num cenário macroeconômico também estressa− do”, acrescenta Torres. Para o Pecege a expectativa de moagem da safra 2022/23 na região Centro−Sul é de 550.412 milhões de toneladas, uma variação de 5,67% acima em relação à safra anterior. “A safra deve apresentar uma recupera− ção no que se refere a moagem e quantidade de ATR por tonelada de cana−de−açúcar. O aumento desses fatores, deve sustentar uma maior produção de açúcar e etanol, duran− te a próxima safra, com o mix de eta− nol do setor apresentando um avan− ço marginal em relação ao observa− do na safra 2021/22”, avalia Torres.


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DATAGRO estima uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 na região Centro-Sul As chuvas de março e abril serão determinantes para o rendimento das áreas de cultivo A DATAGRO estima que a região Centro−Sul do Brasil deverá ter uma moagem de 562 milhões de toneladas na safra 2022/23 ante 525,0 mi de to− nelada em 2021/22 e afirma que esta temporada está ameaçada pelo clima irregular. Em relação à produção de açúcar, a projeção é de 33,0 mi de to− neladas, contra 32,1 mi de toneladas na temporada 2021/22. Para a produção de etanol, in− cluindo o produzido à base de milho, a estimativa de 29,8 bilhões de litros em 2022/23; em 2021/22, a consul− toria aponta 27,7 bi de litros. O mix para etanol em 2022/23 é estimado em 55,3%; em 2021/22, 55,1%. Já o mix para açúcar é previsto em 44,7% em 2022/23, ante 44,9% em 2021/22. “A estimativa de 562 mt de cana tem um viés de baixa. O 1º terço da safra está em piores condições devido ao fogo e geadas de 2021 e conse− quentes falhas”, explicou Plinio Nas− tari, presidente da consultoria no pai− nel “O que esperar da safra 2022/23” na edição 2022 do Santander DATA− GRO Abertura de Safra de Cana,Açú− car e Etanol, realizada nesta quarta− feira, dia 9, em Ribeirão Preto (SP). O consultor apresentou as expec− tativas da safra de cana que iniciará em breve durante painel que contou com a moderação de Renato Pontes Cu− nha, presidente do Sindicato da In− dústria do Açúcar e do Álcool de Per− nambuco (Sindaçúcar) e da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), com Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), e Alberto Gomes, engenhei− ro agrônomo da DATAGRO. Segundo os painelistas, as chuvas de março e abril serão determinantes pa− ra o rendimento das áreas de cultivo, lembrando que em 2021 esses meses ficaram abaixo da média histórica. “A turbulência sobre a invasão da Ucrânia traz incertezas sobre os mer− cados de energia, metais e commodi−

ties leves. A participação dos supri− mentos da Ucrânia+Russia em petró− leo, fertilizantes, níquel, trigo, milho, girassol e outras commodities eleva os preços” disse Nastari. Segundo ele, a incerteza sobre a política de preços de combustíveis no Brasil, dadas as declarações do gover− no brasileiro sobre a intervenção de

preços, fornece resultados incertos pa− ra a competitividade do etanol. O presidente da DATAGRO res− saltou ainda que o papel estratégico do etanol e demais biocombustíveis (bio− gás, biometano, bioeletricidade e bio− diesel), cresce em meio a invasão da Ucrania, por segurança energética, preservação ambiental e manutenção

de empregos e renda. Nastari citou os principais impac− tos que influenciam o mercado de açú− car no momento, tais como o aumen− to dos custos de produção devido a preços mais altos de fertilizantes e ener− gia; baixa demanda de combustível no Brasil devido à recessão econômica e a desvalorização da rupia indiana reduz o preço de paridade de exportação do açúcar para US$19,61 c/lb FOB de US$ 20,32 c/lb há duas semanas. Durante o painel, foram apontadas também as expectativas para a região Norte/Nordeste, que deverá ter uma colheita de 53,0 mi de toneladas de cana na safra 2022/23, contra 52,5 mi em 2021/22. A produção de açúcar deve apre− sentar um ligeiro aumento, passando de 3,0 mi de toneladas em 2021/22 para 3,1 mi de toneladas em 2022/23. A produção de etanol – incluindo milho – é estimada em 2,2 bi de litros em 2022/23, ante 2,1 bi de litros em 2021/22. O mix para etanol em 2022/23 é estimado em 53,9%, mesmo valor de 2021/22. Projeta−se manutenção de 46,1% para o mix açúcar. “Espera−se que a região termine a safra 2021/22 com uma oferta geral de TRS menor, devido ao baixo ren− dimento industrial”, concluiu.


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Início da safra 2022/23 em Minas se dividirá entre abril e maio Com perspectiva de crescimento, presidente do Sindaçúcar MG, Mário Campos, estima um processamento na casa de 70 milhões de toneladas Depois de um período marcado por geadas, incêndios, e falhas no ca− navial, a expectativa para a safra 2022/23 de cana−de−açúcar no esta− do de Minas Gerais está mais otimis− ta, devendo alcançar a marca de 70 milhões de toneladas de cana. Para o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG) e do Sindi− cato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado de Minas Gerais e o Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Minas Gerais (Sindaçúcar− MG), Mário Ferreira Campos Filho, as perspectivas em dezembro eram me− lhores, mas devido à crise provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, elas foram represadas. “Tínhamos uma perspectiva de muito investimento em Minas. Em dezembro, apresentamos ao governador a intenção de ir para mais de 90 milhões de toneladas, mas exis− tem muitas variáveis atuando, o que provoca um represamento nesse pro−

cesso e a gente não sabe, se as coisas correrão no tempo que havíamos programado”, afirma. Segundo Campos, as preocupações com a questão da alta dos fertilizantes, que já vinha acontecendo, serão acen− tuadas por conta do confronto no les− te europeu. Além desses fatores, ele também chama a atenção para o ano eleitoral. “O nosso setor está direta− mente relacionado a políticas públicas, e isso pode influenciar em novos in− vestimentos”, alerta. Mas mesmo com essas situações, Mário Campos afirmou estar otimista. “Temos em Minas um estado com

muito potencial. Usinas estão sendo reativadas, empresas novas estão che− gando e existe um alinhamento muito forte entre o governo e o setor privado. Estamos num estado que incentiva o uso de biocombustíveis. Minas tem uma característica importante. A gente tem uma flexibilidade de fábrica muito boa e conseguimos otimizar os ganhos en− tre açúcar e etanol, diferente de outros estados. Hoje nós estamos correndo atrás de cana para atender às demandas das nossas fábricas”, ressaltou. Para o presidente da Siamig, exis− te uma tendência de crescimento no setor que deve contribuir para a cria−

ção de mão−de−obra, dentro da linha de proposta do governo federal da ge− ração de empregos verdes.“Existe uma forte inclinação para a manutenção de plantio manual e isso gera muita opor− tunidade, ao mesmo tempo que cria riscos e desafios para o setor”, disse. Com relação ao preço dos com− bustíveis, Campos defendeu o PPI (Preço de Paridade Internacional). “Sem dúvida ele foi uma conquista, mas em período de guerra existem al− gumas consequências que precisam ser repensadas. Mas os objetivos do PPI não podem ser jogados de lado. Ele possibilitou a privatização de refinarias e a inclusão de importadores de com− bustíveis no processo. Nós temos hoje o diesel como grande insumo nosso, sendo que 25% são importados, e a gente não pode nem sonhar em não ter esse produto para fazer a nossa safra e dependendo do que ocorrer, o açúcar pode vir a ficar ainda mais valorizado”, acredita Campos, lembrando que as mudanças de regras podem alterar o equilíbrio atualmente alcançado. Segundo o presidente da Siamig, os indicadores recentes apontam para uma perspectiva de aumento signifi− cativo na produtividade agrícola. “A gente tem que ver o copo meio cheio. Recuperamos o setor nos últimos anos, mudamos a percepção do mer− cado financeiro e os balanços fechados agora em março, deverão vir com re− sultados muitos positivos”, finaliza.


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Com novas variedades, renovação do canavial e irrigação, Região Norte e Nordeste espera safra de recuperação Havendo regularidade das chuvas a expectativa dos produtores é que a safra 2022/23 apresente um crescimento em relação a que está se encerrando

Mesmo ainda sem uma definição em relação ao mix da safra 2022/23, a expectativa dos produtores do setor bioenergético da Região Norte e Nordeste é que ela se converta em uma safra de recuperação com indi− cadores um pouco superiores à tem− porada que está chegando ao fim. Segundo dados da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bio− energia (NovaBio), até o último dia 28 de fevereiro a região, já processou 51.608.000 toneladas de cana, deven− do encerrar a safra 2021/22 com 53 milhões de toneladas.

Fatores como a chegada de novas variedades de cana, a renovação do canavial, investimentos em irrigação e modernização das plantas industriais, aliada a expectativa que haja uma re− gularidade nas condições pluviomé− tricas, contribuem para uma perspec− tiva de crescimento da próxima safra. O assunto foi a pauta da Quarta Estratégica, do dia 9 de março, pro− movida pelo JornalCana que teve co− mo tema: MERCADO BIOENER− GÉTICO – Perspectivas para a Safra 22/23 na Região Norte/Nordeste. O webinar contou com participa− ção de Luiz Carlos Queiroga Caval− canti, presidente do SINDAÇÚCAR Bahia e presidente do Grupo São Luiz, Pedro Robério Nogueira, presidente do SINDAÇÚCAR Alagoas e Rena− to Cunha, presidente do SINDAÇÚ− CAR Pernambuco e da NovaBio. Sob a condução do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o webinar contou com o patrocínio das empresas AxiAgro e S−PAA. Para Luiz Carlos Queiroga Caval− canti, presidente do SINDAÇÚCAR Bahia, os indicadores da safra 2022/23 em seu estado tendem a manter uma estabilidade em relação à safra anterior.

“A próxima safra deve se manter nos mesmos níveis de produção, devido aos déficits pluviométricos do ano passado, que limitou as expansões que se esperava. Segundo ele, o mercado, apesar de ser um ano de eleições, onde normalmente há uma elevação de consumo, deve tam− bém se manter, devido à elevação dos preços dos combustíveis em consequên− cia da Guerra Rússia/Ucrânia. Queiroga avalia que “os custos de produção que já vinham sendo eleva− dos desde a safra passada, certamente terão mais um forte aumento nesta safra, causados também por esta guer− ra. Resta saber qual será a intervenção que o governo pretende fazer no se− tor de combustíveis”. Pedro Robério Nogueira, presi− dente do SINDAÇÚCAR Alagoas, informou que as usinas no seu estado, devem encerrar a safra 2021/22, com uma moagem de 18 milhões de tone− ladas, contra 17 milhões da safra pas− sada. Ele também destacou o melhor rendimento alcançado nesta safra. “Apresentamos um rendimento de 65 toneladas por hectare, o melhor ren− dimento desde a safra 2014/15. Ape− sar de ainda ser um rendimento baixo

para os padrões da região, mostra so− bretudo uma recuperação”, afirmou. Nogueira destacou também a pro− dução do etanol voltada para o mer− cado interno, não só em Alagoas, mas uma tendência em toda a região do Nordeste. “Nós saímos na safra passa− da de 94% do mercado interno dentro do etanol para 98.5% nesta safra”. Nogueira atribui essa melhora nos indicadores, em função dos novos projetos estruturantes que estão sendo implantados na região como: utiliza− ção de métodos modernos de plantio, a exemplo de meiose, canteirização, sementeiras e plantio mecanizado, monitoramento via satélite, utilização de GPS, lançamento anual de novas variedades e aumento gradativo das áreas de irrigação com a utilização de sistemas de pivô e gotejo. Ele também destacou a aceleração dos estudos e projetos para a produção de biogás a partir de resíduos sólidos do processo de transformação. “Nós temos previsão de lança− mento de novas variedades agora em junho e estamos assim meio que ob− cecados a enfrentar a irrigação plena com intensidade. A gente dorme e acorda pensando em irrigação. Ela co−


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Luiz Carlos Queiroga Cavalcanti

Pedro Robério

Renato Cunha

meçou a ser feita e com essa melhoria de preços de produtividade, já come− ça a dar resultado”, destacou. “Com esse quadro, se mantendo a previsão de regularidade climática, es− se programa de plantio sustentável com níveis remuneradores atuais eu diria que a próxima safra tem todos os ingredientes e todos os fundamentos para ser um pouco maior do que essa que estamos concluindo”, finaliza Nogueira. Renato Cunha, presidente do

SINDAÇÚCAR Pernambuco e da NovaBio, falou sobre a queda de ren− dimentos do ciclo atual. “O fato é que essa safra na nossa região principal− mente na região Nordeste a gente tem que ter coragem de falar, no sentido dos rendimentos que não foram bas− tante positivos. O nível de ATR caiu bastante. De fato, a gente moe mais peso de cana, mas não tem açúcar nessa cana é o que todo mundo recla− ma. Em Pernambuco, por exemplo, já atingimos 12 milhões de toneladas,

www.youtube.com/canalProcanaBrasil

mas o nível de produto final é um ní− vel menor”, lembrando que a safra atual foi muito voltada para o etanol. Com relação ao Mix da próxima safra, Cunha disse que ainda é possível se ter uma definição. “Se a gente ti− vesse uma bola de cristal e pudesse antecipar essa decisão seria o ideal, mas é um ano de transição né com essa questão da guerra, o aumento dos custos, a questão do complexo de energia influenciando todas as matri− zes, não só na área energética como

também nas commodities”. Mas apesar disso, ele também acredita num crescimento. “Entendo que a gente tem condições de crescer de 3% a 5%. É muito cedo para fazer uma previsão porque a gente ainda está com a safra em curso e a outra só vai começar em julho/agosto e tem todo o inverno ainda a ocorrer. Mas eu diria que há uma perspectiva de crescimento, principalmente se as chuvas no inverno forem regulares”, finaliza Cunha.


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Embrapa Agroenergia, o USDA e o U.S. Grains Council articulam sobfe RenovaBio Americanos buscam criar mecanismos para possibilitar a aderência dos importadores de etanol de milho dos EUA à política do RenovaBio Representantes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do U.S. Grains Council, Growth Energy e Renewable Fuels As− sociation, entidades que representam os produtores de milho dos EUA e a in− dústria do etanol norte−americano, es− tiveram no dia 22 de março, na Embra− pa Agroenergia, em Brasília, para uma reunião cuja pauta foi o RenovaBio. O UDSA e o U.S. Grains Council buscam criar mecanismos junto ao governo brasileiro para possibilitar a aderência dos importadores de etanol de milho dos EUA à política do RenovaBio. O chefe−geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, re− presentou o presidente da Embrapa Celso Moretti na reunião. Também participaram, por parte da Embrapa Agroenergia, o chefe de P&D Bruno Laviola, o pesquisador Alexandre Car− doso e a analista de P&D Priscila Sa− baini. Representando o UDSA, esti− veram presentes o Diretor de Comér− cio Agrícola, Nicolas Rubio e, por parte do U.S. Grains Council, o Con− sultor Regional de Etanol para a América Latina, Juan Diaz, e as repre− sentantes brasileiras da associação Fer− nanda Burle e Ana Carolina Castro. Alonso explicou algumas premis− sas do RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis instituída em 2017 pela Lei nº 13.576/2017 com o objetivo de promover a expansão dos biocombustíveis no Brasil (etanol, biodiesel, biometano, bioquerosene, segunda geração, entre outros) a par− tir de modelos de produção mais sus− tentáveis, estimulando a redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e cumprindo com os compro− missos assumidos pelo Brasil no âm− bito do Acordo de Paris. O principal instrumento do Re− novaBio é o estabelecimento de me− tas nacionais anuais de descarboniza− ção para o setor de combustíveis do país. “Nesse quesito, a Embrapa teve um papel preponderante ao criar, em 2018, a RenovaCalc, ferramenta uti−

lizada para calcular a intensidade de carbono dos biocombustíveis produ− zidos, tendo como parâmetro o crité− rio de Avaliação de Ciclo de Vida”, explicou Alonso. Por meio dessa ava− liação, são atribuídas notas para cada produtor e exportador de biocom− bustível (Nota de Eficiência Energé− tico−Ambiental), o que por sua vez dá acesso a créditos de descarbonização (CBIOs), com valor de mercado. Atualmente, 1 CBIO equivale a 1 tonelada de emissões evitadas, que são sete árvores plantadas em termos de captura de carbono. A meta do Go− verno Federal é, até 2029, compensar emissões de gases causadores de efei− to estufa no equivalente à plantação de 5 bilhões de árvores, o que significa− ria todas as árvores existentes na Di− namarca, Irlanda, Bélgica, Países Bai− xos e Reino Unido juntas. O grupo de visitantes tirou dúvi− das sobre parâmetros de elegibilidade para o RenovaBio, em especial para o etanol derivado do milho importado dos EUA, e questionou sobre os custos advindos da análise de performance da produção para fins de adesão à política brasileira. “Temos realidades diferentes e, sem dúvida, seguir a legislação é im− portante. Por isso gostaríamos de en− tender melhor como o etanol de mi− lho exportado para o Brasil pode se beneficiar do RenovaBio e ter acesso aos CBios”, questionou Juan Diaz. No caso dos produtores e impor− tadores de biocombustíveis que dese− jem aderir ao programa, é necessário contratar firmas inspetoras credencia− das na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para realização da Certificação de Biocombustível e validação da Nota de Eficiência Energético−Ambiental e do volume elegível. O Certificado da Produção Eficiente de Biocombustí− veis tem validade de três anos, conta− dos a partir da data da aprovação pela ANP, e somente pode ser emitido pela firma inspetora após a aprovação do processo pela Agência. Alonso respondeu que, apesar de a Embrapa ter tido um grande papel na construção da política, a gestão do programa RenovaBio é de responsa− bilidade da ANP, ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Entretan− to, a Embrapa Agroenergia se com− prometeu a receber a proposta para a adesão dos produtores de milho nor− te−americanos, com os dados dispo− níveis sobre a produção atual, e enca− minhá−la ao Comitê RenovaBio.


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Para especialistas alta de combustíveis incentiva eletrificação da frota Híbrido com etanol é opção no Brasil A alta do preço do petróleo no mercado internacional — que já che− gou a se aproximar dos US$ 140 — e a do combustível nas bombas, com a gasolina a R$ 8, pode incentivar a ele− trificação da frota no país. Híbrido com etanol é opção no Brasil. O mais recente reajuste da Petro− bras elevou o valor cobrado pela gaso− lina na refinaria em 18,77% e o do die− sel, em 24,9%. Boa parte desse aumen− to já chegou ao bolso do consumidor. Para especialistas, o cenário pode funcionar como um empurrão a mais para fazer deslanchar o crescimento da frota de carros elétricos no país ou de veículos híbridos, que funcionam à ba−

se de eletrificação ou combustão. Um impedimento para essa tendência, é o elevado preço dos veículos eletrificados. Embora a longo prazo o custo compense, a diferença de preço entre os modelos elétricos e aqueles a com−

bustão ainda é imensa. Enquanto um carro de entrada flex custa cerca de R$ 65 mil, o carro 100% elétrico mais barato disponível no Brasil, o JAC EJ− SI, custa R$ 165 mil. Na categoria híbrido, que pode ser

abastecido com etanol ou eletricida− de, o mais em conta é o Kia Stonic, que tem um sistema de 48V apenas e sai por R$ 146,9 mil. Se for desconsiderado um hí− brido−leve, que é onde esse Kia se encaixa, o mais barato é o Toyota Corolla Altis Hybrid, por R$ 174 mil. Também híbrido, o preço do Toyota Prius é um pouco mais sal− gado: começa em R$ 190 mil. Hoje, o modelo a combustão mais barato é o Renault Kwid Life, por R$ 59.090. Em recente entrevista, Marcus Ay− res, sócio−diretor da consultoria Ro− land Berger, avaliou que a demanda por elétricos deve crescer à medida que o custo total desses veículos fique mais próximo ao dos tradicionais, que é a tendência no médio e longo prazo.

Frota de veículos elétricos ganha espaço entre empresas A ampliação da frota de veículos elétricos, vêm ganhando espaço en− tre empresas de diferentes setores no mercado brasileiro, cada vez mais comprometidas com a pauta de des− carbonização e adoção de critérios ESG. É o caso da Via, controladora das Casas Bahia e do Ponto. Em 2019, a empresa adotou iniciativas sustentáveis em seus modais logísticos. Na época, a Via estabeleceu como objetivo redu− zir de maneira significativa a emissão de carbono gerado pela companhia até 2025. Outra companhia que aposta no elétrico é o Magazine Luiza, que co− meçou a eletrificar sua frota no se− gundo semestre do ano passado. A empresa iniciou um período de testes em junho de 2021. O Magalu, que tem frota terceirizada, ajudou a inter− mediar a compra com seus parceiros. Já são 51 veículos urbanos de car− ga, que circulam em cidades dos es− tados de São Paulo, Paraíba, Bahia e Rio de Janeiro. Nesse primeiro período, a empre− sa afirma que o principal obstáculo é a quilometragem. Mas não é só no varejo que os elétricos ganham força. A locadora Unidas anunciou em ja− neiro a compra de 2 mil veículos ele− trificados para sua frota em 2022, sen− do 1.600 carros 100% elétricos. A aquisição faz parte do plano da em− presa de neutralizar as emissões de carbono e gases de efeito estufa em todas as suas operações até 2028. O investimento é de R$ 370 mi−

lhões. A empresa possui mais de 400 veículos em sua frota. Os novos car− ros serão usados nos setores de alu− guel de veículos e de gestão e tercei− rização de frotas. A Neoenergia tem veículos elé− tricos em sua frota administrativa des− de março de 2020. Ao todo, são 85

veículos híbridos e 44 totalmente elé− tricos. O objetivo é que toda a frota de veículos leves e administrativos seja completamente substituída até 2030. A eletrificação como um proces− so de renovação também tem sido a aposta das montadoras, como é o ca− so da Volkswagen do Brasil, que está

investindo em um Centro de P&D de Biocombustíveis na região América Latina. Sua sede será na fábrica An− chieta, localizada em São Bernardo do Campo − SP, onde cerca de 10 enge− nheiros estarão dedicados, em parce− ria com universidades locais, ao estu− do de soluções de descarbonização usando etanol e outros biocombustí− veis para mercados emergentes. O conceito arquitetônico, que se− rá inaugurado em setembro, adota o conceito de espaço aberto inspirado em coworkings, no qual a equipe tra− balha em constante colaboração para estimular o desenvolvimento de so− luções inovadoras. O projeto consi− dera também muita iluminação natu− ral, o verde integrado ao ambiente e espaços flexíveis para utilização em diversas situações de interação dos ti− mes de trabalho. “Os biocombustíveis, como o etanol brasileiro, apresentam um grande potencial de contribuição pa− ra a estratégia global Way to Zero de neutralização de carbono até 2050. Com o Centro de Pesquisa de Bio− combustíveis, pretendemos estabele− cer parcerias locais com universidades, institutos e empresas, para explorar a vocação e conhecimento da região no tema e encontrar soluções para a mo− bilidade sustentável em complemento à eletrificação veicular”, destacou Matthias Michniacki, vice−presiden− te de Desenvolvimento do Produto & Baureihe da Volkswagen do Brasil e Região SAM, área que receberá o Centro de Pesquisa no Brasil.


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ETANOL VERSUS HÍBRIDOS

Motores a combustão e elétrico são complementares, afirma Ricardo Simões de Abreu Em entrevista ao JornalCana, o consultor da UNICA explica por que etanol e eletricidade não são inimigos um do outro

Nestes tempos em que a mobili− dade é centro mundial de atenções, o engenheiro mecânico de formação Ricardo Simões de Abreu é constan− temente requisitado. Seja para discussões técnicas em instituições nacionais e internacionais, seja para webinars relacionados ao te− ma, ele é sempre convocado − e difi− cilmente recusa participar. “O Ricardo é autoridade mundial em mobilidade”, resumiu Evandro Gussi, presidente da União da Indús− tria de Cana−de−Açúcar (UNICA), durante entrevista da entidade do se− tor sucroenergético no fim de dezem− bro de 2021. Diante uma autoridade dessas, este jornalista quis se preparar a fundo para uma entrevista de per− guntas e respostas que geralmente é feita por e−mail ou por videocon− ferência. Mas não. Por mensagem no WhatsApp, Abreu me convidou para uma entrevista por telefone. Foi na hora. Durante os cerca de 30 minutos da ligação, ele foi de um didatismo típi− co de quem domina o que fala sem, por isso, perder a simplicidade. É como Abreu relata em seu per− fil no Linkedin: “meu interesse atual é a sustentabilidade da mobilidade, acredito em encontrar o melhor ar− ranjo das tecnologias que valorize o equilíbrio social, econômico e o meio ambiente.” Acompanhe a entrevista: O avanço dos veículos elétr icos e eletr ificados (híbr idos) irá aposentar o etanol? Ricardo Simões de Abreu − Não. Os elétricos e eletrificados (no qual a energia chega na roda com motor elétrico) não irão prejudicar o etanol porque eles são complementares. Como assim? Se o veículo é híbrido, sua vanta− gem é recuperar a energia na frena−

gem. E, aqui, não importa se é híbri− do com motor de combustão ou com célula de combustível para carregar bateria a bordo, ou mesmo com bate− ria gerada remotamente. Aqui é só o tamanho da bateria porque o concei− to é o mesmo. Os eletrificados chegaram para ficar? O futuro é o veículo eletrificado para o melhor uso da energia, para não jogar fora na frenagem [como ocorre hoje com os modelos à disposição]. No caso do veículo eletrificado, a gente combina com outras tecnologias. Como assim? Depende de qual é a sua disponi− bilidade dos tipos de energia. Há as de baixo carbono e solução com abaste− cimento. Existe dinheiro para bateria? Só ir direto para o elétrico.Vale a pe− na ter autonomia limitada pelo tama− nho da bateria e investir tempo na re− carga? Se não houver problemas, a ba− teria é uma boa candidata. Exemplifique, por f avor. Veja o caso de um veículo elétri− co de serviço, com alta rodagem diá− ria inclusive em locais com dificulda− des de recarga. Ficar esperando o abastecimento irá custar caro. Mas se não vale a pena o motor 100% elétri− co, só ir para o híbrido. E esse pode ser com motor de combustão interna (gasolina ou etanol). Neste caso, quem sai na frente: ga− solina ou etanol? Com a gasolina se resolve a me− lhora do consumo energético, mas não a questão das emissões [de gases gera− dores de efeito estufa]. Com o etanol, resolve−se essa questão. Então há espaço para motores a combustão e os movidos a eletricidade? Eles são complementares. O desa− fio é usar da melhor forma. Existe ni− cho em que faz sentido usar veículo elétrico ou híbrido que seja flex. O desenvolvimento de tecnolo− gias como o das células de combustí−

vel a etanol (para gerar hidrogênio e carregar a bateria do híbrido) deve levar alguns anos. Isso não afeta as ex− pectativas em torno dos modelos hí− bridos flex? Na indústria automobilística, qualquer projeto é demorado. Se se vai fazer um carro com motor novo, é preciso entre três a quatro anos. Esse tempo é para produzir ferramentais, testar, homologar. Mas é lógico que o prazo é maior ou menor dependendo do nível de esforço de dinheiro injetado. Tome o caso das vacinas anti−Covid 19. Fo− ram desenvolvidas em tempo recorde porque houve dinheiro. Idem para o carro elétrico. O tempo para desenvolver [a tecnologia de célula de combustível] dependerá da pressa de quem tem interesse em tê−la pronta. Comente mais sobre a tecnolog ia de célula de combustível a etanol. No caso da célula de combustível a etanol, o interesse fica reduzido pa− ra países que podem usar etanol. É o caso de países como Brasil, Índia e Malásia, entre outros, que terão de se organizar para buscar a solução. Na verdade, essas células de com− bustível já existem. A Toyota, por exemplo, possui modelos com essa tecnologia, nas quais o abastecimento é feito com hidrogênio. Comente mais a respeito. A diferença, aqui, é abastecer com hidrogênio pronto ou com a célula de combustível [que abastece a bateria com hidrogênio produzido a partir de etanol]. A célula atenderá nichos de mer− cado quando for competitiva. Se a meta é reduzir emissões, essa tecnolo− gia ganha [pela descarbonização per− mitida pelo etanol]. Temos uma frota de mais de 40 milhões de veículos flex. Será possível melhorar a eficiência desses motores? Difícil fazer isso. Teria de se fazer modificação no veículo. É possível

melhorar, mas também é difícil por uma série de entraves. Quando o mo− delo é feito, há determinada legislação, certificação e calibragem. Não se po− de ir lá e mexer. E quanto às emissões da frota em circulação, dá para reduzir? Sim. Só usar mais etanol. Hoje em média se usa 40% de etanol no Brasil. Se se passar para um consumo de 50%, as emissões serão reduzidas ainda mais. Se quiser mais, só subir esse consumo: 70% de etanol e 30% de gasolina. Esta é uma solução de descarbo− nização exclusiva de países que usam o etanol? A frota flex é a única possível de reduzir as emissões. Se der ‘uma dor de barriga no mundo’, e for preciso des− carbonizar, a frota flex brasileira está pronta para atender de imediato − só ampliar o consumo de etanol.


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Quem é Ricardo Abreu

Mas o avanço dos elétr icos não cumpr irá esse papel de descarbonização? Se a partir de hoje forem feitos apenas veículos elétricos para reduzir as emissões, sim. Mas mexe−se daqui para frente. Quanto da frota de 40 milhões de veículos será substituída por elétri− cos/eletrificados por ano? Entre 3% e 4%. Sendo assim, quanto tempo será preciso para ter elétricos suficientes e descartar os velhos? Décadas. [Descarbonizar] através dos elétri− cos não é solução imediata. Montadoras lançam e anunciam novos modelos a combustão. Eles não perdem em eficiência para os elétr icos? Fala−se que o elétrico tem alta eficiência, de 70%, enquanto o motor a combustão interna tem no máximo 25%. É preciso lembrar que existem motores a combustão chegando a rendimento de 38%, 40%.

O elétrico tem vantagem, mas pe− ga−se energia química (gasolina) e é preciso transformá−la em mecânica para rodar o veículo. E, aqui, a eletri− cidade pode ser gerada, por exemplo, por uma termelétrica a diesel, que aciona a turbina e então gera a ener− gia. Ela chega de cabelo penteado, pronta para rodar [brinca]. E se a eletr icidade for gerada por renováveis? Quando é gerada por fonte solar, eólica e hidroelétrica, há dispêndio de energia e o resultado global é melhor. Não é toda essa diferença, porque o transporte de energia renovável tam− bém gera perdas. Mas pergunto: há energia limpa suficiente? No Brasil, há bastante. Mas se o consumo aumentar de hora para outra, a demanda será coberta por renováveis ou por energia suja?

Em todo caso, qual sua avaliação de mercado para os motores elétr i− cos/eletr ificados? Haverá situação em que vale mais o elétrico, e não é pelo consumo ou pelas emissões menores de gases. Veja o caso do ônibus urbano. Em um grande corredor, o elétrico reduz fu− maça e ruídos. Os nichos existem. Por isso não se deve levar a discussão para o elétrico ou para a combustão. É preciso com− binar todas as soluções. Como assim? Onde há estrutura para abasteci− mento de eletricidade, vamos lá. On− de há necessidade de se reduzir as emissões de carbono, vamos desenvol− ver motores híbridos como fazem a Toyota e a Volkswagen. Ou fazer cé− lula como faz a Nissan. Nosso grande desafio é um só: combinar as soluções.

Engenheiro mecânico com especializações internacionais, Ricardo Simões de Abreu é re− ferência mundial em motores. Seu currículo é abastado. Entre as empresas nas quais tra− balhou estão a Mercedes−Benz, onde foi gerente de desenvol− vimento de motores e respon− sável pelo programa de gás na− tural. Na Tyco/AMP, foi gerente de engenharia e marketing. Já na Mahle Ltda., gerenciou en− genharia e vendas e, depois, foi CEO de sistemas de filtração. Por sua vez, já na Mahle− Metal Leve foi diretor de tec− nologia e vice−presidente mundial de desenvolvimento de componentes de motores, car− go que lhe permitiu coordenar 9 centros de desenvolvimentos internacionais. Abreu tem experiência também na área acadêmica, co− mo professor de energética e máquinas térmicas em quatro instituições. Ademais, na área institucio− nal foi responsável pela comis− são de veículos pesados na An− favea, atuou na criação do Pro− grama de Controle de Emissões de Veículos (Proconve) e nas evoluções das especificações do óleo diesel e gás natural. Abreu é sócio fundador da Associação Brasileira de Enge− nharia Automotiva (AEA). É também representante do Sindipeças no G3 (Grupo 3) no Rota 2030 e é membro da AAE (Agriculture/Auto/Ethanol), nos Estados Unidos. No dia a dia, Abreu é con− sultor da União da Indústria de Cana−de−Açúcar (UNICA) para assuntos de mobilidade e é consultor associado da Bright Consulting. Como não bastasse, é dou− torando no programa de Bio− energia da Unicamp/USP/ Unesp.


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CHEGOU A VEZ DO GÁS VERDE? Programa Metano Zero, prevê 25 novas plantas do biocombustível, com investimento superior a R$ 7 bilhões e geração de 6.500 empregos O biometano é um biocombustí− vel muito próximo do hidrogênio ver− de. Ele é prático de ser capturado, ar− mazenado e distribuído. Mas, diferen− temente do hidrogênio, o biometano – assim como o etanol – pode ser distri− buído em tanques de baixa pressão. O biometano é interessante porque subs− titui o diesel, enquanto o etanol subs− titui a gasolina. É muito interessante do ponto de vista de segurança energéti− ca. É uma energia que está disponível, tem um potencial enorme, e a tendên− cia é que cresça cada vez mais. Essa tendência está próxima de se consolidar, através das recentes me− didas de incentivo do programa me− tano zero, recentemente anunciadas pelo Governo Federal, para impul− sionar a produção e o uso sustentável do biometano. As medidas anunciadas pelos Mi− nistérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente (MMA), vão no mesmo caminho dos compromissos as− sumidos pelo país durante a 26ª Con− ferência das Nações Unidas sobre Mu− danças Climáticas (COP26), entre eles, o Acordo do Metano. O documento, assinado pelo Brasil e mais de cem paí− ses, prevê um esforço global para redu− zir em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020. Trata−se de uma grande oportunidade

Alessandro Gardemann

para o Brasil, no contexto de uma no− va economia verde global. Entre as diretrizes do decreto, des− tacam−se o incentivo ao mercado de carbono, em especial o crédito de metano, a promoção da implantação de biodigestores e sistemas de purifi− cação de biogás e de produção e compressão de biometano. Além dis− so, a estratégia prevê o fomento ao desenvolvimento de pesquisas cientí− fico−tecnológicas sobre biogás e bio− metano e o incentivo à cooperação nacional e internacional para a imple− mentação de ações de redução das emissões de metano, entre outros.

Ainda na celebração ocorrida no Palácio do Planalto, os ministros de Minas e Energia e do Meio Ambien− te assinaram duas portarias no con− texto da Estratégia Federal de Incen− tivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano. A Portaria MMA nº 71, de 21 de março de 2022, institui o Programa Nacional de Redução de Emissões de Metano. A iniciativa diz respeito ao biogás gerado a partir do correto tra− tamento de resíduos orgânicos urba− nos e rurais, oriundos, por exemplo, de aves, suínos, cana e aterros sanitários. Esse biogás se transforma em energia

ou, se purificado, vira biometano, que se apresenta como uma alternativa mais barata para abastecer veículos pesados, como caminhões, tratores e ônibus. O biometano pode ainda ser usado como biofertilizante, tão im− portante neste momento. No âmbito do MME, foi realizada assinatura de alteração da Portaria Normativa n° 19/MME/2021, in− cluindo os investimentos em biometa− no no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestru− tura (REIDI). Demanda do setor des− de 2016, os projetos inseridos no REI− DI têm suspensa a cobrança de PIS/COFINS para aquisição de má− quinas, materiais de construção, equi− pamentos, dentre outros componentes. A inserção do biometano no REIDI irá proporcionar a construção de novas plantas para produção do biometano, aumentando a oferta do produto e a instalação de corredores verdes para abastecimento de veículos pesados, com impactos na redução de emissões de Gases do Efeito Estufa. O total de investimento previsto é supe− rior a R$ 7 bilhões, com geração de 6500 empregos na construção e ope− ração das novas unidades. Com a medida, serão construídas 25 novas plantas distribuídas em São Pau− lo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A produção deve saltar de 400 mil metros cúbicos por dia para 2,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2027, su− ficiente para abastecer mais de 900 mil veículos leves por ano. Além disso, serão evitadas as emissões de quase 2 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, o que corresponde ao plantio de 14 mi− lhões de árvores em termos de captura de carbono.

Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite


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Repercussão no setor Segundo o presidente da Associa− ção Brasileira do Biogás (ABiogás), Alessandro Gardemann, é essencial o Brasil olhar e aproveitar esse momen− to. “Tem bastante coisa acontecendo nesse sentido e acho que o governo está entendendo. Essa é a grande oportunidade de transformar resíduo em hidrogênio verde”, disse. Segundo Gardemann, são 100 milhões de me− tros cúbicos ou mais por dia, que o Brasil desperdiça de gás. Isso é equi− valente a mais de 100% do consumo de gás natural no país, duas vezes a importação de gás, quase cinco vezes o consumo de GLP, 70% diesel ou 40% energia elétrica, ou seja, é muito volume de gás. Para o executivo, deixar essa ma− téria orgânica apodrecer sem aprovei− tar esse potencial energético equivale a 700 mil barris de petróleo por dia, renovável evaporando no campo. “No fundo, biogás é uma grande ferra− menta de eficiência adicional de todo agro, de nutriente, de fertilizante e de energia. O biometano desponta como uma das alternativas economicamen− te viáveis para assegurar ao Brasil se− gurança energética”, afirmou, lem− brando ainda que “para quem partici− pa da ABiogás, as medidas de incenti− vo, não foram surpresa, já que temos trabalhado há meses com o MMA E MME, inclusive com a participação de vários associados”, disse. Para Leonardo Caio Filho, diretor de Tecnologia e Regulação da Associa− ção da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen), o biogás passa a ser agora o quarto produto nas usinas de cana−de−açúcar e etanol, além da bio− eletricidade, que foi o terceiro produto. “Hoje nós temos no Brasil próxi− mo de 380 usinas de açúcar e etanol e desse montante, em torno de 225 usi− nas exportam energia para o sistema.

O biogás produzido através dos resí− duos sucroenergético tem diversas utilidades. Ele pode servir para ali− mentar a frota de caminhões e trato− res que vem se adaptando a utilizar o combustível; ele pode ser utilizado para gerar energia elétrica também ele pode passar pelo tratamento, transfor− mando em biometano e colocado na rede nos gasodutos, a exemplo do que vem sendo realizado pela Usina Co− cal, localizada em Narandiba, no oes− te paulista. “Hoje quando a gente fala de energia elétrica nós temos ainda um número muito pequeno de biogás,

cerca de 400 MW. Se considerarmos só o programa RenovaBio, que vai elevar de 35 bilhões de litros de eta− nol para 50 milhões de litros por safra até 2030, nós precisaríamos de mais 200 milhões de toneladas de cana. Com esse incremento de cana, tería− mos um potencial teórico de elevar esse biogás para 4GB, ou seja, a gente poderia implementar de uma forma conservadora em mais 3,6 GW de biogás”, explicou Leonardo. Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade da UNICA, destacou que segundo o MME, o potencial de produção de biometano no país, é

equivalente a quatro vezes a capacida− de do gasoduto Brasil−Bolívia.“O se− tor sucroenergético responde por quase metade desse potencial, ou seja, temos a capacidade potencial de dois gasodutos Brasil−Bolívia nos canaviais em termos de produção de biometa− no. Que seja um início das medidas que precisamos para avançar em escala com o biogás e o biometano e tirar do papel esse enorme potencial do setor sucroenergético, com um combustível local, renovável e que agrega seguran− ça energética, econômica e ambiental para o consumidor de energia no país”, finalizou.


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BIOMETANO NA PRÁTICA Ribeirão Preto, conhecida como capital do agronegócio, foi escolhida para viagem inaugural de um ônibus para transporte coletivo urbano da Scania, movido a biometano e/ou gás natural. Empresas e poder público já vem investindo no biometano para movi− mentar suas frotas seja no transporte de cargas e equipamentos agrícolas, co− mo também no transporte coletivo. Na solenidade de lançamento do pro− grama Metano Zero, o presidente Jair Bolsonaro dirigiu um trator movido a biometano do Palácio da Alvorada até o Palácio do Planalto, assim como ou− tros participantes, que se descolaram no trajeto em ônibus e caminhões movidos a biometano. No dia 23 de março, no lança− mento do Programa Nacional de Re− dução de Emissões de Metano, o Me− tano Zero, que representará avanços na geração e no aproveitamento de bio− metano a partir de resíduos urbanos e rurais, o presidente Jair Bolsonaro di− rigiu um trator movido a biometano do Palácio da Alvorada até o Palácio do Planalto, assim como outros parti− cipantes, que se descolaram no traje− to em ônibus e caminhões movidos a biometano. “É um exemplo prático de como o Brasil poderá se beneficiar das políticas de incentivo ao biogás e bio− metano”, disse o ministro de Meio Ambiente, Joaquim Leite, na ocasião. Já em Ribeirão Preto − SP, a abertura do evento Santander DATA− GRO Abertura de Safra Cana, Açúcar e Etanol 2022/23 no dia 9 de março, foi o destino da viagem inaugural do ônibus para transporte coletivo urba− no da Scania, movido a biometano e/ou gás natural. O ônibus com ar−condicionado e Wi−Fi iniciou o primeiro trajeto do teste em um deslocamento entre o Pa− lácio Rio Branco e o Centro de Even− tos Taiwan (no distrito de Bonfim Paulista), com a presença do prefeito Duarte Nogueira, do superintendente da Transerp, Marcelo Galli, entre outras autoridades e representantes da Scania, fabricante do ônibus movido a gás.

O veículo da Scania é o modelo urbano K 280 4x2, que poderá ser abastecido tanto com biometano e/ou gás natural. Esse é o primeiro ônibus urbano com tração 4x2 a gás que a Scania fábrica no país e se mostra uma opção sustentável e viável para o transporte de passageiros nos grandes centros. A Scania lidera no Brasil, de for− ma comercialmente viável, o mercado de caminhões movidos à gás biome− tano e, na última DATAGRO, ela

apresentou novos modelos para o seg− mento do agronegócio e de coleta de resíduos. Pioneiros no Brasil, conside− rando a produção em série, eles tam− bém podem funcionar com GNV (Gás Natural Veicular, tipo de gás pro− duzido por fontes fósseis) caso o pro− prietário não consiga produzir ou acesso a um fornecedor de biometa− no, ainda raros. O caminhão pesado canavieiro G 410 XT 6×4, movido a biometano, está em demonstração na Usina Cocal,

desde 2020. É o primeiro caminhão pesado off road movido a gás do mun− do. No início, era adquirido o com− bustível de um fornecedor. Mas, re− centemente, a própria Cocal passou a produzir seu biometano para abastecer o modelo. Neste período, já foram ro− dados cerca de 80 mil km e nenhuma falha operacional foi apontada. O bio− metano reduz em até 90% as emissões de CO2 em comparação ao diesel. Em junho do ano passado, a TransMaroni, do Grupo Maroni Transportes, chegava à marca de 50 unidades movidos a gás (natural e/ou biometano) da Scania, entrando para a história do transporte nacional com a maior frota já adquirida desta solução alternativa ao diesel. Os veículos serão usados nos segmentos alimentício, va− rejo, higiene e limpeza, cosméticos e e−commerce em diversos estados brasileiros. Parte já tem contratos com B2W, Carrefour, Grupo Big, JBS, L´Oréal, Nestlé e Unilever. A evolução da agenda da susten− tabilidade no setor de transportes se− gue em foco para a Scania, que já su− perou os 600 caminhões a gás comer− cializados e acabou de anunciar a ven− da dos primeiros veículos movidos 100% a GNL (gás natural liquefeito) da história do Brasil para a Morada Logística (SP).


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Usina São Fernando tem novo dono Grupo compra unidade por R$ 661 milhões

A novela da venda da Usina São Fernandes, em Dourados – MS chegou ao fim nesta terça−feira, dia 29. Após assembleia, os credores da massa falida da empresa aceitaram a proposta apre− sentada pelo Grupo Pedra Agroindus− trial, com sede em Serrana−SP. A companhia propôs o pagamento de R$ 661 milhões em 20 parcelas anuais, com entrada e caução de R$ 10 milhões e mais 19 parcelas de R$ 20 milhões, que sofrerão reajuste de 5% ao ano. Assim, conforme cronograma apresentado, os depósitos começam com o valor de R$ 21 milhões e ter− minam na casa dos R$ 50,5 milhões. Esta proposta reduz em mais de 60% a dívida total da São Fernando, que passa de R$ 2 bilhões. Os princi− pais credores da companhia são o BNDES e o Banco do Brasil. A pro− posta prevê também que a Pedra Agroindustrial poderá desmontar equipamentos e máquinas da São Fer− nando e usá−los em outras plantas de sua propriedade. A São Fernando foi inaugurada em 2009, na época um dos maiores proje−

tos de produção de açúcar e etanol do país. Em 2013 a empresa entrou em recuperação judicial e quatro anos mais tarde teve sua falência decretada. A companhia possui capacidade instalada para moagem de 4,5 milhões de tone− ladas de cana−de−açúcar por safra; e capacidade de produção de 330 mil toneladas de açúcar e 150 mil m³ de etanol anidro. Em nota enviada ao JornalCana, dois dias depois da aquisição ser apro− vada pelos credores, a Pedra confirmou que dará início à retirada e transferên− cia dos bens da Usina São Fernando para a sua mais recente unidade pro− dutiva, a Usina Cedro, localizada no mesmo Estado, na cidade de Paranaíba, em razão da baixa aptidão da área no entorno da Usina São Fernando para a exploração da cultura de cana−de−

açúcar, e maior eficiência para as cul− turas do milho e da soja. O “desmon− te” será iniciado assim que for supera− da a fase de formalização dessa aquisi− ção nos autos do processo falimentar. “De fato, a venda desses ativos acarretará importantes benefícios aos credores e consequentemente à região de Dourados, com a injeção de recur− sos perseguidos há muitos anos, além de impedir a deterioração dos bens, com sua consequente perda de valor ao lon− go do tempo. Quanto à região de Pa− ranaíba, o início da operação da Usina Cedro acarretará a aceleração da eco− nomia local, com a geração de empre− go, renda e tributos, e a melhoria na infraestrutura como um todo, impac− tando, consequentemente, de forma direta e positiva, a qualidade de vida dos habitantes”, alega a Pedra.

Com 90 anos, completados em 2021, a Pedra Agroindustrial comple− tou 90 anos em 2021. Além das duas usinas em Mato Grosso do Sul, possui mais três unidades produtoras no esta− do de São Paulo: Usina da Pedra, em Serrana; Usina Buriti, em Buritizal e Usina Ipê, em Nova Independência. A decisão do desmonte da Usina São Fernando não agradou a Associa− ção Comercial e Empresarial de Dou− rados (ACED), que convocou as enti− dades de classe do Estado, autoridades e imprensa para um movimento de ma− nifestação contra a retirada dos bens da Usina São Fernando para outra locali− dade, o que traria imensurável prejuí− zo a uma enorme cadeia de sustenta− bilidade econômica e social. “Percebe−se que há muitos inte− resses envolvidos, mas o foco tem que ser na solução do passado, ou seja, é preciso equalizar as dívidas, especial− mente as trabalhistas, pois há milhares de trabalhadores que dependem que esses recursos sejam liberados. Este é o primeiro benefício social da solução da venda da São Fernando”, afirma Josias Messias, diretor da Procana. Segundo Josias, o segundo benefício é que a transferência dos bens para outra unidade irá gerar empregos e renda tam− bém para o Estado, e evitará a degrada− ção e depreciação do ativo industrial co− mo já aconteceu com o ativo biológico.

Pedido de recuperação judicial do Grupo USJ é aceito pela Justiça Decisão envolve também participação na SJC Bioenergia

A Justiça homologou o pedido de recuperação judicial do Grupo USJ. O plano havia sido apresentado em agosto do ano passado, quando o en− dividamento da usina já superava a ca− sa dos R$ 2 bilhões. Com sede em Araras – SP, o Gru− po é composto pela Usina São João; duas sociedades agrícolas, a Agro Pe− cuária Campo Alto S.A. e a Compa− nhia Agrícola São Jerônimo e uma sociedade detentora de créditos judi− ciais e garantidora de diversas opera− ções financeiras das demais empresas, a Agro Pecuária Nova Louzã S.A.,

além de 50% na SJC Bioenergia Ltda, holding criada com a Cargill Holding Participações Ltda. Como justificativa ao pedido de recuperação judicial, a usina alegou a crise enfrentada pelo setor, nos últimos anos, e os vultosos investimentos para ampliação de suas atividades, como a construção das Usinas São Francisco e

Rio Dourado, em Goiás, que exigiu aporte de capital, mesmo após parce− ria com a Cargill. Na ocasião do pe− dido, a Justiça determinou que a ad− ministradora judicial Laspro Consul− tores fizesse uma avaliação das condi− ções de funcionamento das empresas requerentes e a regularidade de docu− mentos apresentados.

Nos sete meses seguintes, o Gru− po submeteu seu plano e obteve a adesão da maioria dos credores. Assim, dispensou a realização de uma assem− bleia geral e conseguiu a aprovação do plano de recuperação judicial na 2ª Vara Cível de Araras −SP. Pelo plano, os 1,5 mil trabalha− dores, que têm juntos créditos de R$ 4,7 milhões, serão pagos em até 12 meses, no limite de 150 salários− mínimos cada um. Microempresas e empresas de pequeno porte (EPP) também serão pagas de forma par− celada. Já os grandes credores com garantia real poderão optar pelo re− cebimento de cotas de uma Socie− dade de Propósito Específico (SPE) que será criada para receber parti− cipação em fazendas e sociedades do grupo. O JornalCana entrou em contato com a USJ, mas a companhia não quis se manifestar a respeito.


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ENERGIA

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Cogeração no Brasil alcança marca de 19,71 GW Capacidade instalada da cogeração em operação comercial no Brasil re− presenta 10,8% da matriz elétrica (182,4 GW) A cogeração em operação comer− cial no Brasil tem um incremento de 134,8 MW. A adição é decorrente da entrada em operação da nova usina da Klabin em Ortigueira, no Paraná, movida a licor negro – um subprodu− to do processo de tratamento quími− co da indústria de papel e celulose. As informações são compiladas pela As− sociação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen). No país, a cogeração já conta com 635 usinas, totalizando 19,57 GW de capacidade instalada — o que corres− ponde a 10,8% matriz elétrica brasi− leira (182,4 GW). Isso equivale a 1,4 vezes o total da capacidade instalada da usina hidrelétrica de Itaipu. A produção de energia movida a bagaço de cana−de−açúcar conta com 11.941MW instalados, representando 60,6% do total. Em segundo está o li− cor negro, com 3.205 MW instalados (16,3%), enquanto a cogeração a gás natural tem 3.152 MW instalados (16%). A cogeração derivada de cava− co de madeira chega a 846 MW ins−

talados (0,8%) e a produzida com bio− gás detém 369 MW instalados (0,4%). Outras fontes somam 193 MW insta− lados e completam o quadro (0,2%). Somente para o ano de 2022, a projeção é de entrada em operação comercial de 807,18 MW em 22 usi− nas, incluindo a Usina Puma II da Klabin (134,8 MW). “A cogeração de energia é uma energia de enorme importância para o país. É resiliente, eficiente e distribuí− da, com produção próxima dos pon− tos de carga. Na Cogen, entendemos que a cogeração possa ser mais bem incentivada. Estamos trabalhando em tratativas com os órgãos competentes para que as distribuidoras de energia

possam realizar chamadas públicas e contratar até 10% de sua carga de energia a partir da cogeração. Desse modo, poderão reforçar sua oferta e proporcionar uma energia de maior qualidade para os consumidores”, ex− plica o presidente executivo da Cogen, Newton Duarte. “Entendemos que a cogeração a biomassas, em particular, tem uma sé− rie de atributos que poderiam ser mais bem reconhecidos no planejamento energético do país — é competitiva, renovável e distribuída – sendo gera− da perto dos principais pontos de consumo – e tem potência, o que é fundamental para uma matriz mais equilibrada”, destaca Duarte.

De acordo com o diretor de Tec− nologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio Filho, a cogeração a biomassas tem sido fundamental pa− ra a segurança energética do Brasil. “A cogeração ajuda a poupar 14 pontos percentuais do nível dos re− servatórios das hidrelétricas do sub− sistema Sudeste/Centro−Oeste, que representa o principal mercado con− sumidor do País. E um dos principais atributos da cogeração é justamente o fato de que o período de maior produção das usinas de açúcar e eta− nol ocorre na safra entre os meses de abril e novembro, exatamente no período seco.” No ranking por unidades da fede− ração de cogeração por biomassa, o Estado de São Paulo lidera a lista com 7,4 GW instalados. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 1,9 MW instalados. Na sequência vêm Minas Gerais (1,7 GW instalados), Goiás (1,4 GW instalados) e Rio de Janeiro (1,3 GW instalados). Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o su− croenergético (11.964 MW), Papel e Celulose (3.059 MW), Petroquímico (2.305 MW), Madeireiro (799 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).

Certificado Energia Verde já foi emitido para 39 usinas Usinas devem produzir 8 mil GWh de bioeletricidade em 2022 Em fevereiro, a usina Santa Cruz, localizada em Américo Brasiliense, do Grupo São Martinho, foi a 39ª a receber o Certificado Energia Verde reconhe− cendo sua geração de energia elétrica renovável, a partir da biomassa da cana−de−açúcar, além de cumprir determinados requisitos de eficiência ener− gética nessa produção. A iniciativa faz parte do Programa de Certifica− ção da Bioeletricidade Energia Verde, criado em 2015 pela União da Indústria da Cana−de−açúcar (UNICA), em parceria com a Câmara de Comer− cialização de Energia Elétrica (CCEE) e apoio da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (ABRACEEL). De acordo com Zilmar Souza, gerente de Bio− eletricidade da UNICA, o Programa de Certifica− ção é o primeiro do mundo focado na produção de energia estritamente a partir da biomassa da cana− de−açúcar, fornecendo o Certificado Energia Verde às geradoras e o Selo Energia Verde a consumidores e comercializadoras de energia elétrica.

“O Selo Energia Verde pode ser solicitado e concedido a consumidores no mercado livre e co− mercializadoras e que adquiram bioeletricidade de usinas detentoras do Certificado Energia Verde,

sempre sem custo financeiro, desde que atendam aos critérios estabelecidos nas Diretrizes Gerais do Pro− grama. O Programa tem renovação anual e tem co− mo objetivos principais oferecer ao mercado livre a possibilidade de mostrar preocupação com o con− sumo responsável, ao mesmo tempo em que esti− mula a expansão da bioeletricidade e do próprio mercado livre”, comenta Souza. Além da usina Santa Cruz, já foram certificadas unidades sucroenergéticas dos seguintes grupos eco− nômicos: Cofco International Brasil, Viterra Bio− energia, Adecoagro,Viralcool, Pitangueiras, Nardini, Cerradinho, S. Manoel, Grupo Balbo, São Martinho, Diana, Pedra Agroindustrial, Atvos e Lins Agroin− dustrial. Em 2022, as 39 unidades detentoras do Certifi− cado Energia Verde devem produzir quase 8 mil GWh, sendo 68% exportados para a rede e o restan− te (32%) destinado ao autoconsumo das usinas su− croenergéticas. Segundo Zilmar, trata−se de uma geração equi− valente a atender mais de 4 milhões de unidades consumidoras residenciais e evitar a emissão estima− da de quase 3 milhões tCO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 19,5 milhões de ár− vores nativas ao longo de 20 anos.


ENERGIA

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Geração de energia elétrica a partir da biomassa da cana aumenta 365% em MS No Estado existem 17 unidades sucroenergéticas em operação que fazem a cogeração de bioeletricidade A bioeletricidade, energia elétrica gerada a partir da biomassa de cana− de−açúcar aumentou 365% nos últimos sete anos em Mato Grosso do Sul. Na avaliação da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) o resultado contribui para o MS Renovável (Programa Estadual de Incentivo ao Desenvolvimento das Fontes Renováveis de Produção de Energia Elétrica), uma das ações decor− rentes do Plano Estadual MS Carbono Neutro – PROCLIMA, que tem por objetivo tornar Mato Grosso do Sul, até o ano de 2030, um território que neu− traliza suas emissões de carbono. Segundo a Secretária, o MS Reno− vável tem por objetivo estimular a im−

plantação ou ampliação de sistemas ge− radores de energia em Mato Grosso do Sul, a partir de fontes renováveis, como eólica, termossolar, fotovoltaica, peque− nas centrais hidrelétricas, biomassa, bio− gás, hidrogênio, entre outras fontes al− ternativas. Os beneficiados com o pro− grama terão isenção tributária. “O Governo do Estado reconhece o papel estratégico do setor sucroener− gético para atingirmos a meta de nos tornarmos Estado Carbono Neutro até 2030”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semagro. Ele anunciou que até o final o 1º semestre de 2022, a Se− magro deve criar a Câmara Setorial de Energia Renovável para elaborar e pu−

blicar o plano de ações adicionais, ten− do como foco o estímulo ao uso de fontes renováveis de energia. De acordo com os dados da Câ− mara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em Mato Grosso do Sul existem 17 unidades sucroenergé− ticas em operação que fazem a coge− ração de bioeletricidade para o seu consumo próprio. Dessas, 11 unidades (64%) exportam o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN), que é responsável pela rede de distri− buição de energia em todo o país. O bagaço e a palha da cana−de−açúcar são dois subprodutos reutilizados para essa finalidade nas indústrias sucroe− nergéticas. A entrega de bioeletricidade ao SIN pelas unidades sucroenergéticas teve início em 2009 no Estado, que se des− taca em termos de eficiência devido ao perfil do parque industrial com plantas mais novas e modernas. Nos últimos se− te anos, por exemplo, a entrega de bio− eletricidade a partir da cana por Mato Grosso do Sul saltou 631 mil MWh (Megawatt−hora) para 2,3 milhões MWh (Megawatt−hora), um cresci−

mento expressivo de 365% no período. De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo da Biosul, Amaury Pekelman, a cogeração de bioeletricidade tem se destacado cada vez mais pela sua potencialidade em termos de sustentabilidade.“A bioele− tricidade gerada a partir da biomassa da cana traz ganhos ambientais e eco− nômicos. Se trata de uma fonte de energia limpa e renovável que pro− porciona segurança energética e con− tribui para a redução das emissões de gases que causam o efeito estufa, re− forçando a participação das usinas que operam no Estado em programas co− mo o RenovaBio”, ressalta. Estímulo à geração de emprego e novos investimentos na indústria tam− bém são algumas das vantagens dessa fonte de energia. Sua importância na matriz energética do país se dá prin− cipalmente pela complementariedade à energia hidrelétrica, como alterna− tiva no período de pouca chuva. Além disso, pode se destacar a economia com estrutura de transmissão uma vez que as usinas se localizam próximas aos centros consumidores.


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INDUSTRIAL

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Reduza a contaminação em dornas através de uma assepsia especializada Lavadores são aliados

Um recurso muito utilizado para o controle de contaminação nas dornas é o uso de antibióticos Na fermentação para a produção de etanol, as impurezas do mosto, a formação de espumas e os antiespumantes aplicados contribuem para a incrus− tação das dornas, o que gera riscos de contaminação por bactérias pela formação de biofilmes. Esses mi− crorganismos multiplicam−se muito rápido e, com o tempo, pode ocorrer uma seleção resistente aos antibióticos. Assim, a produção de etanol e a vitali− dade da levedura são prejudicadas. Uma assepsia rápida e especializada dos tanques de fermentação é necessária. Assim, a incrustação di− minui em toda a dorna: fundo, paredes e teto e a contaminação não passa entre as bateladas. Com is− so, é possível economizar no uso de ácidos e anti− bióticos, aumentando a eficiência da fermentação. Os lavadores automáticos, como o TankJet® AA290 com 4 bicos, geralmente são os mais reco− mendados, mas cada tanque exige análise de posi− ção, quantidade e vazão. Por terem acionamento elétrico ou pneumático toda pressão é aplicada ao processo de limpeza. Ao utilizar um lavador adequado pode−se ga− nhar até 1 batelada por dia a depender do seu pro−

Concentração de antibiótico utilizada e o resultado das contaminações

Evolução da contaminação no Mosto e no Vinho entre as semanas 5 e 17 com a instalação de lavadores

cesso produtivo, o que representaria um bônus apro− ximado de 5% de etanol produzido diariamente, além da economia de água e vapor na destilação.

Um recurso muito utilizado para o controle de contaminação nas dornas é o uso de antibióticos. Para analisar o efeito sobre a contaminação, foi rea− lizado um experimento com 4 tratamentos, varian− do a concentração de produto em relação ao volu− me de vinho bruto. Os resultados apresentados evidenciam que ao adicionar diferentes concentrações de antibiótico a contaminação foi reduzida proporcionalmente. Con− comitante, houve o ganho de aproximadamente 0,8% no teor alcoólico do vinho no tratamento que rece− beu a adição de 7 ppm de antibiótico. Esse valor re− presenta 700 mil litros de etanol, quando considerada uma produção de 500 m³/dia e uma safra de 180 dias. Os resultados do experimento foram comparados com dados obtidos na prática em uma usina assistida pela Fermentec. Nele, é mostrado o impacto da uti− lização de lavadores de dorna sobre a contaminação. O gráfico mostra a queda da contaminação do vinho após a instalação de lavadores especializados. É possível observar que após a instalação a contamina− ção caiu bruscamente e mais ainda após a lavagem de todas as dornas. A linha em verde representa a con− taminação no mosto e, apesar do aumento progres− sivo da contaminação, a lavagem das dornas possibi− litou manter a contaminação do vinho controlada evitando que se propagasse nas próximas bateladas.

DCBIO discute Transformação Digital A usina se destaca no plantio de cana e gestão agrícola Interessada na discussão e benchmarking sobre a aplicação de tecnologias 4.0, a DCBIO – Della Coletta Bioenergia, de Bariri −SP, recebeu Josias Messias, CEO da Pró−Usinas. Ele foi recebido por Junior Carra, analista de Logística

Agrícola, e Thiago Viola, supervisor de Logística Agrícola da DCBIO. A Usina, que vem se destacando pelas ações de planejamento no plantio de cana, espera maximizar a sua produção com a implementação de ferramentas que integram o con− ceito Usina 4.0, tanto no campo co− mo na indústria. Aliar tecnologia e planejamento fazem parte do com− promisso da DCBio de produzir etanol, açúcar e bioeletricidade de forma sustentável.

Junior Carra, analista de Logística Agrícola; Thiago Viola, supervisor de Logística Agrícola da DCBIO e Josias Messias, da Pró-Usinas

Visita de Josias Messias à Cocal Energia Responsável - André Gustavo Alves da Silva, diretor comercial e novos produtos, Jurandir de Oliveira Junior, diretor agrícola, Paulo Zanetti, diretor superintendente, e Geraldo Borin, diretor industrial

Usina Cocal amplia projeto de biometano Os diretores da Usina Cocal Ener− gia Responsável, André Gustavo Alves da Silva, diretor comercial e novos produtos, Jurandir de Oliveira Junior, diretor agrícola, Paulo Zanetti, diretor superintendente, e Geraldo Borin, di− retor industrial receberam o diretor do ProCana Brasil, Josias Messias, repre− sentante do Road Show Usina 4.0, que promove a Transformação Digital e tecnologias 4.0 nas usinas. O Grupo Cocal vem investindo em projetos que buscam fontes ener− géticas limpas, inovadoras e, ao mesmo tempo, viáveis financeiramente. A planta de biogás de Narandiba – SP,

que recebeu investimentos de R$ 150 milhões, após 20 meses de obra, co− meçou suas atividades em outubro de 2021 e fez sua estreia no dia 3 de ja− neiro de 2022 com a primeira entrega via carreta de biometano, para a em− presa de nutrição animal YesSinergy. A planta de biogás em Narandiba também possui um projeto pioneiro no mundo de rede isolada de gasoduto em parceria com a GasBrasiliano, concessio− nária responsável pela distribuição de gás natural canalizado no oeste paulista.A pre− visão do início da distribuição do biome− tano através da rede isolada de gasoduto é a partir do segundo semestre de 2022.


USINAS

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Usina Coruripe capta R$ 100 milhões com “debêntures incentivadas” Operação é a primeira realizada pela empresa com base na Lei 12.431/11, que criou as debêntures de infraestrutura A Usina Coruripe faz sua terceira transação no mercado de capitais. A companhia captou, no dia 19 de mar− ço, R$ 100 milhões com a emissão de uma dívida no mercado de capitais uti− lizando a Lei 12.431/11, que estabele− ceu as debêntures de infraestrutura, co− nhecidas como “debêntures incentiva− das”. A empresa teve o apoio do banco BOMCOM BBM, que atuou na es− truturação da operação e na distribui− ção do papel, alcançando o teto da pro− posta de captação. A transação, que é de longo prazo com duração de seis anos e três anos de carência, foi bem aceita e tem como ga− rantias contratos de açúcar, etanol e energia “a performar”. O diretor−fi−

Mario Lorencatto

Thierry Soret

nanceiro da Usina Coruripe, Thierry Soret, explica que, para financiar os cres− centes investimentos realizados nos ca− naviais, a companhia submeteu o pro− jeto ao Ministério de Minas e Energia no segundo semestre de 2021.A inicia− tiva foi aprovada sem ressalvas, em de− zembro, o que possibilitou a formatação oficial da operação a partir de então. Soret ressalta que essa primeira ope− ração de debêntures de infraestrutura representa “mais um passo da empresa no sentido de se consolidar como um dos emissores mais regulares de dívida

no mercado de capitais brasileiro dentro do setor sucroenergético”.A companhia já emitiu Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) em quatro ope− rações, sendo que três delas já foram li− quidadas. Ao todo, as quatro emissões somam mais de R$ 1,2 bilhão. No início da safra corrente (maio de 2021), a Coruripe também emitiu R$ 23 milhões em outro tipo de ope− ração, lastreada em Certificados de Di− reitos Creditórios do Agronegócio (CDCA). “Esses títulos foram negociados di−

retamente na B3 pela primeira vez em nossa história”, comenta o presidente da Usina Coruripe, Mario Lorencatto. Ele afirma que o bom desempenho nas constantes operações de crédito se de− ve ao reconhecimento dos investidores sobre os valores da empresa e à evolu− ção da eficiência operacional nos últi− mos anos. Em fevereiro deste ano, a companhia fez a sua estreia no mercado de capitais internacional quando concluiu a emis− são de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,59 bilhão) em títulos de renda fixa no exterior (bonds), com juros de 10% ao ano. A transação representou uma evo− lução na estrutura de liquidez, a partir do alongamento de parte da dívida atual para um período de cinco anos. De acordo com Thierry Soret, no− vas transações não estão previstas para es− te ano, mas para 2023 sim. “A empresa segue investindo em melhorias opera− cionais e em técnicas avançadas de cul− tivo, irrigação e manejo, além de prio− rizar os altos níveis de eficiência nas plantas industriais e essas operações nos ajudam neste sentido”, conclui o diretor.

Agribrasil irá construir uma planta de etanol de milho em Mato Grosso Unidade terá capacidade de moagem de 1.700 toneladas de milho por dia A Agribrasil, empresa exportado− ra de grãos, com dez filiais localizadas nos principais estados produtores de grãos, e uma subsidiária na Suíça, in− formou que vai construir uma planta de etanol de milho perto de Canara− na, no Mato Grosso. Para isso, a companhia assinou, re− centemente, contrato a ICM, empre− sa que fornecerá as tecnologias de processo para desenvolver a planta greenfield de produção de etanol de grãos por moagem a seco. De acordo com Fred Humberg, CEO da Agribrasil, o objetivo é ter eficiência operacional, economia de custos e benefícios com a parceria. A nova planta terá capacidade de moa− gem de 1.700 toneladas de milho por dia, produzindo mais de 260 milhões

de litros de etanol anidro por ano. Além do etanol, Humberg espera que a planta produza mais de 9.000 tone− ladas de óleo de milho, mais de 185.000 toneladas de DDGS padrão e

energia. O CEO estima que a empre− sa será capaz de vender à rede mais de 55.000 MW de energia adicional. “Estamos empolgados em traba− lhar com a Agribrasil nesta oportuni−

dade de solidificar a produção de eta− nol à base de milho no mercado bra− sileiro,” conclui Issam Stouky, diretor de desenvolvimento de negócios glo− bais da ICM.


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USINAS

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Tereos obtém certificação CARB para exportação de etanol com melhor nota entre os produtores brasileiros Unidade Tanabi é a primeira do grupo a receber a certificação no programa A Tereos, uma das líderes mundiais na produção de açúcar, etanol e bio− energia, acaba de obter mais uma cer− tificação que reforça sua atuação susten− tável. A unidade Tanabi foi a primeira do grupo a receber a certificação CARB, programa que visa engajar as produtoras na redução das emissões de gases de efeito estufa por meio do incentivo de uso de biocombustíveis com baixo teor de carbono nos Estados Unidos. O CARB (California Air Re− sources Board) é o organismo da Ca− lifornia (EUA) que define regras para controle de poluição atmosférica. Dentro desse contexto, o programa possui uma metodologia própria para

cálculo da intensidade de carbono (CI) do biocombustível comercializado, ou seja, a emissão de gases de efeito estu− fa por litro de combustível até a sua chegada na Califórnia. A unidade de Tanabi da Tereos obteve o melhor resultado de CI en− tre os produtores certificados de eta−

nol de cana−de−açúcar do Brasil, de acordo com a base atualizada em fe− vereiro*. Foi também a melhor nota entre as usinas brasileiras no novo for− mato de certificação do CARB, o que atesta a baixa emissão de carbono do etanol produzido pela Tereos e o foco em sustentabilidade da empresa.

“Para nós, é muito gratificante re− ceber a certificação, o que reforça a sustentabilidade do etanol produzido, bem como de todos os nossos proces− sos, desde o campo até a chegada ao destino final. Seguimos comprometi− dos com a busca por soluções para mitigar as emissões e o resultado da certificação nos mostra que estamos no caminho certo”, comenta Renato Zanetti, Superintendente de Excelên− cia Operacional da Tereos. Já Gustavo Segantini, Diretor Co− mercial da Tereos, aponta a importân− cia da certificação para ampliação dos mercados de exportação da compa− nhia. “Agora, com o CARB, temos a oportunidade de exportar nosso eta− nol para mais um importante merca− do. Além disso, por possuir critérios bastante rigorosos em relação à inten− sidade de carbono, a certificação tam− bém fortalece nossos princípios ESG e agrega ainda mais valor ao nosso pro− duto no mercado”, finaliza.

Caeté é pioneira na venda direta de etanol A partir da regulamentação da comercialização direta, a empresa definiu as estratégias para comercialização do produto A Usina Caeté tornou−se, no mês de fevereiro, pioneira no Estado na venda direta de etanol, após longo período de debate acerca da liberação para que o setor sucroenergético fos− se autorizado a comercializar etanol diretamente com os postos de com− bustíveis. Finalmente, com a devida auto− rização do Governo Federal e a re− gulamentação do projeto em Alagoas, a Caeté ingressa nesse novo nicho de mercado. A partir dessa regulamentação, se− gundo explicou o gerente de Merca− do Interno da Caeté, André Bulhões, foi possível definir as estratégias para comercialização do produto. Outro ganho do projeto, que

serve de estímulo à produção, são os benefícios do biocombustível no as− pecto socioambiental. “Além de promover a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, o eta− nol, por ser um combustível renová− vel, reduz o impacto sobre o meio ambiente, se comparado com a ga− solina. Não podemos deixar de

mencionar que o uso desse combus− tível transforma−se numa das alter− nativas mais atraentes para os consu− midores, garantindo também um melhor desempenho para os veícu− los”, acrescentou o gerente. Com a regulamentação e o início da comercialização do etanol, a Usina Caeté amplia a sua carteira de clientes

e faz uma prospecção bastante inte− ressante sobre o momento atual. “Es− tamos no início das operações e alguns ajustes ainda estão ocorrendo interna− mente, mas nossa intenção é tornar o processo cada vez mais dinâmico e es− timular o consumo desse combustível, que traz inúmeros benefícios para a sociedade”, finalizou.


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BEVAP confirma redução de 10% no quadro de colaboradores Empresa passa por revisão de sua estrutura organizacional A BEVAP – Bioenergética Vale do Paracatu – S/A, localizada em João Pinheiro – MG, informou ao JornalCana no dia 8 de março, que a empresa passa por um processo de revisão de sua estrutura organizacional em resposta aos rumores que se es− palharam pelas redes sociais sobre a usina estar vi− venciando uma grave crise, culminando com a de− missão de um grande número de funcionários. Os áudios compartilhados nas redes sociais apontavam que a BEVAP havia demitido funcio− nários que ocupavam cargos de chefia e mencio− navam que a empresa poderia inclusive encerrar suas atividades. “Como é do conhecimento, o mundo, de uma forma geral, em especial o Brasil e a BEVAP, vem vivenciando nos últimos tempos um difícil momen− to econômico−financeiro, prejudicado ainda mais pela pandemia do novo coronavírus e pela atual guerra entre a Ucrânia e a Rússia, fatos esses que le− varam a escassez de produtos, de equipamentos, e, também, a um aumento substancial desses insumos, fundamentais para o dia, dia e produtividade das empresas”, disse Jucelino Sousa, membro do Con− selho de Administração e presidente interino da BE− VAP Energia. Segundo o executivo, para a BEVAP se manter ativa, produzindo resultados de forma a cumprir

com os seus compromissos empresariais é preciso reestruturar para manter a eficiência, produtivida− de e perenidade de seus negócios. “Como parte deste processo será realizada uma reorganização em toda a sua estrutura operacional e organizacional com foco no aperfeiçoamento e otimização da go− vernança corporativa da companhia. Esse processo envolve todas as áreas e níveis, incluindo o seu Conselho de Administração e os Comitês Opera− cionais, sempre com o objetivo de otimizar os pro− cessos agroindustriais com eficiência e produtivi− dade”, explicou. Sousa ressaltou que, nessa nova etapa, é funda− mental o apoio, compreensão e comprometimento de todos os colaboradores, parceiros, fornecedores e clientes para que a BEVAP possa ultrapassar essa fa− se, finalizar a entressafra 2021/22 e iniciar uma no− va temporada visando atingir os melhores resultados e perspectivas para uma produção sustentável, efi− ciente e com qualidade, fatores esses que levaram a usina a se destacar no mercado agroindustrial. Jucelino Sousa informou ainda ao JornalCana que “a revisão da estrutura organizacional da BE− VAP faz parte de um processo natural e contínuo de busca por eficiência em todas as áreas da empresa.” Ele ressalta que são inverídicos e infundados os boa− tos que relacionam os ajustes que estão sendo feitos a uma eventual crise ou a um possível encerramen− to de atividades. “Muito pelo contrário, a BEVAP vai concluir o seu ano contábil em 30/03/2022 com um dos me− lhores resultados de sua história. Isso em função dos

preços elevados do açúcar no mercado externo ocorrido em 2021 e dos preços mais remunerado− res do etanol, bem como, da alta disponibilidade de matéria−prima, que foi preservada da estiagem que assolou toda região Centro−Sul graças ao moderno sistema de irrigação”.

Aumento de 10% na moagem O executivo completa que apesar dos resulta− dos em 2021, os desafios em 2022 devido a fatores já mencionados, tais como aumento dos preços de todos os insumos, aumento das taxas de juros e ou− tros, serão enormes e precisam ser compensados com o aumento da eficiência operacional em to− das as áreas. Os ajustes estão sendo feitos em toda a empresa e a adequação de quadro (menos de 10 % do contingente total de colaboradores) é apenas uma das medidas. O executivo que ocupou posições como presi− dente e como membro de Conselhos de Adminis− tração em gigantes do setor como a Usina Coruri− pe, Zilor e Copersucar, classifica a BEVAP como uma das melhores usinas do Brasil e como uma das referências do setor no tocante ao manejo de cana irrigada complementando que num prazo muito curto a empresa será vista com um dos referenciais em resultados operacionais, financeiros e principal− mente em produtividade agrícola. Jucelino finaliza dizendo que “a BEVAP será ainda maior e mais forte em 2022, com previsão de crescimento estimado de 10 % na moagem total de cana e de cerca de 20 % no faturamento líquido”.


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USINAS

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Zilor fatura R$ 2,4 bilhões nos nove meses acumulados da safra 21/22 Investimentos em canaviais e na modernização do parque industrial contribuíram para a obtenção de resultados expressivos Nos 9M22 a Zilor registrou R$ 2.485,3 milhões, 32,2% superior aos 9M21, suportada pelas receitas de açúcar e etanol, que contribuíram para o melhor resultado financeiro do período. A receita de açúcar registrou aumento de 22,8% em relação aos 9M21, atingindo R$ 720,1 milhões, impactada por maio− res preços, mesmo com redução de 5,8% no volu− me de vendas. A receita de etanol totalizou R$ 1.126,6 mi− lhão, montante 83,5% superior ao mesmo período da safra anterior que, embora tenha registrado re− dução de 2,1% no volume de vendas, foi compen− sado pelo aumento de 87,4% no preço da commo− dity quando comparado com o 9M21. O preço do etanol foi fortemente impactado pelo aumento da demanda do petróleo e com a retomada da econo− mia no período. Outras áreas de negócios também contribuíram para o resultado financeiro positivo. A receita líqui− da de energia elétrica do período foi 7,7% superior ao mesmo período da safra passada, atingindo R$ 101,8 milhões. Houve redução no volume de ex− portação de energia, compensado por maiores pre− ços médios, em razão do cenário de crise hídrica no país. Foram comercializados ainda 417 mil CBIOs (Créditos de Descarbonização), que somaram recei− ta líquida de R$ 13,6 milhões. A receita da Biorigin, unidade de negócio da Zilor que produz ingredientes naturais para nutri− ção humana e animal, por meio dos segmentos Food e Feed, apresentou receita líquida de R$ 521,4 milhões nos nove meses acumulados da sa− fra 2021/22 inferior em 8,8% ao mesmo período do ciclo anterior. Nos nove meses da safra 2021/22 o lucro líqui− do foi de R$ 657,7 milhões com margem de 26,5%, montante 58,0% superior ao lucro líquido de R$ 416,3 milhões registrados nos nove meses da safra 2020/21, como resultado do melhor desempenho das operações, com rígida gestão de custos e despe− sas e disciplina na alocação de recursos. O EBITDA ajustado foi de R$ 953,5 milhões no acumulado dos nove meses do período, 39,0% superior ao registrado no mesmo período da sa− fra anterior, com margem de 38,4% versus 36,5% nos 9M21. A Zilor apresentou importante desalavancagem, saindo do indicador Dívida Líquida/EBITDA Ajus− tado de 2,2x em dezembro de 2020 para 1,4x em dezembro de 2021, redução de 0,8x nos últimos 12 meses. A dívida líquida em 31/12/2021 era de R$ 1.405,8 milhões, redução de 14,2% frente aos R$ 1.638,5 milhões observados em 31/12/2020. A moagem de cana nos nove meses acumulados da safra 21/22 atingiu 9.859,1 mil toneladas, volu−

me 1,6% inferior ao mesmo período da temporada anterior. Impactada pela redução de 3,3% da moa− gem de terceiros e, compensada parcialmente pelo incremento de 3,0% na moagem de cana própria. A região de Lençóis Paulista/SP manteve a moagem dos 9M22 em linha com os 9M21, com incremento de 0,4%, devido ao aumento de produ− ção na cana de fim de safra, associado a mais dias de moagem na região. Em Quatá/SP, com predominante moagem própria, a moagem foi 6,6% inferior ao mesmo pe− ríodo da Safra anterior, com maior impacto de geadas, menor número de dias de moagem na re− gião, combinado com a severa estiagem ocorrida ao longo do período e menor disponibilidade de cana de terceiros. A produtividade total no período foi de 72,4 ton/ha, uma redução de 0,5%, e concentração de

açúcar na cana (ATR) de 142,4 kg/ton, incremen− to de 1,3%, quando comparados com o mesmo pe− ríodo da safra anterior. Um olhar mais atento a par− tir do recorte de São Paulo, comparando o desem− penho das usinas do Estado, mostra a importância de investimentos maiores e da evolução no pacote tec− nológico do ativo biológico. Nas duas unidades da Zilor na região de Lençóis Paulista houve redução na produtividade, com TCH de −0,9% versus uma quebra de −11% na região, segundo dados da CTC – Centro de Tecnologia Canavieira – publicado em 26.11.2021 no Boletim de Olho na Safra/Instagram CTC. Em Quatá, onde predomina a produção própria da Zilor, houve uma evolução de +0,4% no TCH, contra uma redução de 8,9% das usinas da região, e o ATR foi +2,8% su− perior ao mesmo período da safra passada, ante in− cremento de 0,1% nas usinas da região. O diretor−presidente da Zilor, Fabiano Zillo, aponta o compromisso da companhia com eficiên− cia e investimentos em tecnologia como elementos fundamentais para a apresentação dos robustos re− sultados. "Apesar do cenário desafiador e dos fato− res climáticos que afetaram a Zilor, assim como ou− tras usinas das regiões onde atuamos, conseguimos atravessar a Safra 21/22 de maneira positiva: manti− vemos os níveis de produtividade. Em virtude de estarmos preparados para os desafios impostos no período, os investimentos feitos ao longo dos últi− mos anos, permitiram que nossa produtividade se mantivesse mesmo com uma pequena redução no volume da moagem da cana. Estamos prontos para capturar as oportunidades do mercado”, ressalta. Segundo o diretor Financeiro, Marcos Arruda, os resultados apontam que estamos na direção certa. "Avançamos muito em governança e gestão das fi− nanças da Companhia, ampliamos investimentos em lavoura e estrutura operacional, que contribuem pa− ra o melhor desempenho de produção e financei− ro”, destaca.


USINAS

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Diana Bioenergia realiza culto ecumênico para início de safra 2022/23 A usina estima um processamento de 1,5 milhões de toneladas de cana para esta próxima safra Com a celebração de um culto ecumênico realizado no dia 16 de março, a Diana Bioenergia já se pre− para para o início da safra 2022/23, previsto para dia 12 do próximo mês. Com investimentos na ordem de R$ 14,5 milhões de reais, a usina tem co− mo meta para esta safra uma moagem de 1,598 milhões de toneladas de ca− na−de−açúcar e produzir 128.505 mil ton de açúcar e 60.801 m3 de etanol. Na área agrícola, com a prática de replantio em falhas maiores ou iguais a 1,00 m, iniciada em janeiro de 2021, sendo igualado na safra 2021/22, a expectativa é de um canavial pratica− mente sem falhas, para a safra 2022/23. Na área industrial os investimen− tos de cerca de R$ 5 milhões, in− cluem implantação de filtro prensa,

possibilitando aumento na área de filtragem e ganho de aproximada− mente 0,5% na eficiência industrial, com retorno financeiro de R$ 1,5 Milhões/Safra, devido à redução das perdas na torta. Na aquisição de três regenerado−

res, para a redução do consumo de vapor e economia de bagaço; de um abrandador visando a melhoria na qualidade da água de alimentação das caldeiras, tratamento de água e evitar incrustações nas tubulações; de cinco sopradores de fuligem, para evitar pa−

radas das caldeiras, queda de rendi− mento, devido ao acúmulo de impu− rezas; de decantador de fuligem para a adequação do sistema de decantação da fuligem, redução da umidade na fuligem e integridade do equipamen− to e no reparo das engrenagens/ vo− landeiras, refresamento, troca dos pi− nhões bi helicoidais e intermediaria 3°/4° Terno – M2, para evitar paradas e utilização de by−pass nos ternos e queda na extração. A celebração do culto foi trans− mitida pelo Facebook e Youtube al− cançando um público de 250 pessoas assistindo simultaneamente. O evento seguiu todos os protocolos preconiza− dos para prevenção ao contágio do Coronavírus. Com público reduzido, mantendo o distanciamento social e adoção das medidas sanitárias com o uso de máscaras e álcool em gel. A cerimônia foi aberta pela asses− sora de imprensa, Jéssica Cagliari que destacou os cuidados da empresa du− rante a pandemia e homenageou os que se foram tão precocemente por conta da doença. Além disso, ela enfa− tizou a importância da vacinação.


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AGRÍCOLA

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Irrigação antecipando geração de caixa Ferramenta transforma incerteza e limitação, em maiores chances de sucesso e oportunidades

Ter o retorno de um investimen− to o quanto antes é uma das principais ambições de um negócio. No caso da produção agrícola, inclusive, é até mais fácil assimilar a expressão “gerando frutos”. Afinal, a depender da cultura, o objetivo é justamente esse. O prazo de “geração de caixa” depende do tempo de desenvolvi− mento agrônomico da cultura, rela− cionado, sobretudo, as características da espécie. Soja, milho, por exemplo, apresentam ciclos em torno de 150 dias. Cana−de−açucar, 1 ano. Euca− lipto, Pinus, de 5 a 6 anos. Ou seja, um aspecto fundamental nas toma− das de decisão relacionadas ao negó− cio. Afinal, a liquidez da atividade depende disso.

Na prática, esse prazo de desen− volvimento deve ser relacionado ain− da a condições climáticas, sobretudo, disponibilidade de água. Via de regra, para toda e qualquer cultura vegetal, os plantios são concentrados nos perío− dos chuvosos. No caso do Centro−Sul canaviei− ro, a concentração das chuvas se dá entre setembro e março. Nesse perío− do, entretanto, há uma maior intensi− dade de chuvas a partir de janeiro. Da−

do esse aspecto, os produtores de cana concentram o plantio nesse intervalo, visando mitigar os riscos de falta chu− va. Dados do Pecege, referentes a safra 21/22, mostram que 65% dos plantios são concentrados nessa época. Ao fazer isso, determina−se um ponto importante na liquidez do ne− gócio, dado que o período de desen− volvimento de 12 meses da cultura vai confrontar justamente com a época de entressafra, onde não há colheita. Re−

sultado: “empurra−se” essa cana 3 a 6 meses para frente, possibilitando então o corte. Daí o termo “cana−de−ano− e−meio” ou “cana−de−18−meses”. Nessa linha de raciocínio, assume− se tambem que sua geração de caixa será de “ano−e−meio” ou “18 meses”. Ou seja, os cerca de R$ 13 mil por hectare investidos na formação da la− voura – valores referentes a safra 21/22 – começam a gerar caixa apenas 1,5 ano depois. Considerando que a principal ra− zão desse “empurrão” é o medo da falta chuva, pode−se assumir que prá− ticas de irrigação são ótimas alterna− tivas. Com o “controle da torneira”, a água deixa de ser limitante, permitin− do encaixar janelas de plantio fora dos períodos dependentes da chuva, com cascateamento dos 12 meses para pro− dução na janela de safra. Ou seja, an− tecipa−se a geração de caixa. Evidente que esse é um dos bene− ficios da irrigação. Ao tornar um fator antes “incontrolável” – como é o caso da água – para “controlável”, transfor− ma−se incerteza e limitação, em maiores chances de sucesso e oportu− nidades. Eu sou fã de irrigação.

Uso de biofertilizantes em canaviais é ampliado pela BP Bunge Bioenergia Bactérias e fungos aceleram desenvolvimento das plantas, reduzem perdas e promovem ganhos de rentabilidade De olho na safra 2022/23, a BP Bunge Bioenergia está ampliando o uso de biofertilizantes e o controle biológico de pragas. As ações auxiliam a planta a atingir seu máximo poten− cial genético, diminuem riscos de perdas e garantem altas produções. Amplamente utilizado na cultura do milho, o bioestimulante do tipo biofertilizante Azospirillum brasilense está entre as soluções para o próximo ciclo. A bactéria acelera o desenvolvi− mento da cana, evita estresses nutri− cionais e doenças e reduz os impactos climáticos. O objetivo é aumentar o TCH (toneladas de açúcar por hecta−

re) e economizar custos com fertili− zantes nitrogenados.Testado em 37 mil hectares na safra 2020/21 e com resul− tados positivos, o biofertilizante passa− rá ser aplicado em 100% da produção. “Bons patamares de produtividade requerem investimentos que vão além

do básico em tratos culturais, e isso implica inovação, pesquisa e tecnolo− gia. Uma alta produtividade é resulta− do da combinação de uma boa aduba− ção junto com controles de pragas e outras ferramentas como os bioesti− mulantes”, diz Rogério Bremm, dire−

tor agrícola da BP Bunge Bioenergia. Também voltada à diminuição de uso de fertilizantes e defensivos quí− micos, a empresa tem incorporado à gestão no campo novas tecnologias para realizar o controle biológico. Um dos exemplos é o uso de drones na aplicação das larvas da vespa Cotesia flavipes, que se alimentam da broca− da−cana. A distribuição aérea, que obedece a um planejamento georreferenciado para a melhor eficiência de localiza− ção, garante resultados adequados ao manejo. Um deles é a redução do tempo de distribuição do agente bio− lógico, que pode variar de 15% a 20% em relação ao sistema manual. “Os drones têm ganhado cada vez mais funcionalidades na manutenção das plantações. O combate às pragas é uma delas. No processo diário de evolução na gestão do campo, a tec− nologia, sem dúvida, exerce um papel essencial, melhorando a produtivida− de, a qualidade, promovendo econo− mia de recursos financeiros e ambien− tais”, avalia Rogério Bremm.


AGRÍCOLA

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CNTBio aprova cana não transgênica desenvolvida pela Embrapa Obtidas com a técnica Crispr, são as primeiras canas editadas transgene-free do mundo, sem a inserção de DNA externos A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) avaliou co− mo não transgênicas duas variedades de cana−de−açúcar editadas geneti− camente por pesquisadores da Em− presa Brasileira de Pesquisa Agrope− cuária (Embrapa). As plantas encon− tram−se agora em testes de campo. Segundo a instituição, são as primei− ras canas editadas transgene−free do mundo, ou seja, sem a inserção de DNA externos, obtidas pela tecnolo− gia Crispr−Cas9, que permitiu o si− lenciamento de genes da planta sem a incorporação de nenhuma sequência gênica advinda de outros organismos. Utilizando a nova tecnologia, o

agrônomo Hugo Molinari, líder da pesquisa na Embrapa Agroenergia, em Brasília, obteve duas variedades de ca− na com características de grande inte−

resse para o setor sucroenergético. A primeira, batizada de Flex I, apresenta maior digestibilidade (capacidade de ser digerida) da parede celular. Esse traço proporciona melhor aproveita− mento da biomassa da cana−de− açúcar, tanto para a geração de ener− gia quanto para a nutrição animal; em outras palavras, a parede celular é mais fácil de ser quebrada, permitindo acesso mais fácil às reservas energéti− cas da planta. A outra, Flex II, tem maior con− centração de sacarose, o que lhe con− fere maior teto produtivo. Em ambas as variedades foi suprimida a expressão dos genes BAHD1 e BAHD5, respec− tivamente, envolvidos na produção de aciltransferases. Essas enzimas, objeto de estudo de Molinari há 12 anos, são responsáveis pela formação da estru− tura da parede celular da planta. De acordo com Molinari, o custo estimado para o desenvolvimento de uma planta transgênica é de cerca de US$ 130 milhões, sendo que até 60% do custo final se destina às demandas das normas para liberação comercial.

Para Molinari, a edição genômica chegou para revolucionar o setor, de− mocratizando o uso da biotecnologia. No exterior, alimentos editados geneticamente começam a chegar às prateleiras. Segundo o livro Tecnolo− gia Crispr na edição genômica de plantas – Biotecnologia aplicada à agricultura (Embrapa, 2020), iniciou− se em 2019 a comercialização, nos Es− tados Unidos, de um óleo de soja com alto teor oleico produzido por meio do sistema Talen pela empresa de bio− tecnologia Calyxt. No Brasil, a primeira planta edi− tada com Crispr foi uma variedade de milho produzida pela Corteva Agris− cience, aprovada pela CTNBio como não transgênica em 2018. Desde 2017, a Embrapa vem in− vestindo em edição genômica para quatro culturas: cana−de açúcar, soja, milho e feijoeiro. Maior tolerância à seca e resistência a pragas, inativação de fatores antinutricionais e maior dura− bilidade são algumas características que o programa de melhoramento genéti− co da instituição busca atingir.

Pesquisadores descobrem compostos que inibem fungo que ataca canaviais Estudo contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Uma pesquisa do Centro Nacio− nal de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) descobriu compostos bio− ativos capazes de inibir o crescimento e até causar a morte do fungo Thiela− viopsis ethacetica, causador de uma das cinco pragas mais frequentes em cana− viais, conhecida como “podridão aba− caxi”. O estudo, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi pu− blicado na revista Enviromental Mi− crobiology. O fungo é capaz de impedir a ger− minação de mudas da cana ou retardar seu desenvolvimento, deixando as áreas afetadas com grandes falhas. O nome da doença se deve à fermentação ge−

rada pelo fungo, com odor caracterís− tico semelhante ao de abacaxi. O mi− croorganismo costuma penetrar no caule das plantas através dos ferimen− tos provocados durante o plantio ou colheita mecanizada. Os compostos bioativos capazes de inibir ou matar esse fungo foram en− contrados em três tipos de bactérias que fazem parte do acervo de sete mil

microorganismos do Laboratório Na− cional de Biorrenováveis (LNBR). Quando as moléculas bioativas, pre− sentes nessas bactérias, foram testadas, foi observada uma inibição total do crescimento e morte do fungo. No Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), responsável pela operação do acelerador de partículas Sirius, análises por espectroscopia con−

firmaram que as biomoléculas causa− vam danos ao DNA do fungo. “Essa ferramenta é muito importante para abordar diversos desafios similares da agricultura. Devido à alta sensibilidade da técnica é possível detectar intera− ções moleculares mesmo em microor− ganismos complexos como fungos”, explica o pesquisador Francisco Maia, um dos autores do estudo.


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MULHERES

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Conceito ESG amplia ações de diversidade de gênero no setor bioenergético Estudo aponta que mulheres ocupam de 9% a 14 % dos postos de trabalho no setor Seja na vida social, na política ou no trabalho, a equidade de gênero ainda está distante dos padrões preco− nizados pela Organização das Nações Unidas. O tema é um dos 17 Objeti− vos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do milênio, o de número 5, que estabelece acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda par− tes. O assunto, embora não seja novo, vem ganhando espaço também no setor bioenergético com a implanta− ção do conceito ESG na gestão dos seus negócios. Estatísticas apresentadas pela Bonsucro, apontam que em 2019 entre as usinas certificadas, as mulhe− res representavam 9% da força de trabalho no campo e 14% nas ativi− dades industriais. Para abranger mais o assunto, o JornalCana promoveu nesta quarta−feira, dia 16 de março, o webinar “O Papel da Mulher no Contexto de Diversidade e ESG no Mercado Bioenergético” e reuniu um seleto time feminino formado por Adriana Maria Quagliato Vesso− ni, diretora Executiva Financeira e RH da Usina São Luiz, Claudia To− nielo, diretora de RH do Grupo To− nielo e Livia Ignácio, gerente Brasil da Bonsucro. Sob a condução do jornalista do JornalCana, Alessandro Reis, o webi− nar foi patrocinado pelas empresas AxiAgro e S−PAA. Em suas apresentações as dirigen− tes das Usinas São Luís e do Grupo Tonielo destacaram que embora ain− da não tivessem sido conceituadas, muitas das práticas ESG, já vinham sendo implementadas em suas empre− sas, que buscam agora aprimorar e adequar alguns padrões para atingir de forma plena todos esses objetivos. A diretora da Usina São Luís, Adriana Maria Quagliato Vessoni, in− formou que durante os estudos para a implementação das práticas ESG fo− ram identificados um conjunto de ações internas que já se enquadram dentro destes princípios. “Com rela− ção ao meio ambiente, seguimos as práticas relacionadas a certificação Bonsucro e RenovaBio, desde o inse−

tário interno, onde é produzido o ini− migo natural para o controle de pra− gas, sem intervenção de produtos quí− micos, até o setor de reciclagem in− terna para reaproveitamento de papel, plásticos entre outros”, informou. No quesito social, a diretora in− formou que atuam ativamente com a segurança e saúde do colaborador. “No mês de fevereiro em nossa em− presa tivemos zero acidente de traba− lho. Estamos também em vias de im− plementação da avaliação psicossocial na totalidade dos nossos colaborado− res. Melhoramos nossas práticas de gestão, fortalecendo treinamentos pa− ra líderes e atuando na satisfação de nossos colaboradores. Em 2021 alcan− çamos a certificação GPTW com quase 84% de satisfação”, contou. Adriana ressaltou que a usina tra− balha na implementação de um plano de carreira de forma a oferecer uma remuneração justa e imparcial com base apenas em competências do co− laborador sem qualquer tipo de dis− criminação. Dentro da Usina São Luiz em relação ao quesito diversidade a representatividade feminina na com−

panhia conta com 334 mulheres e 2016 homens. “Mesmo ainda tendo menos mulheres que homens, elas es− tão presentes em praticamente todos os setores da empresa”, afirmou Adriana, lembrando a participação das mulheres em cargos de liderança e também na diretoria. Nossa diretoria executiva conta com 3 mulheres e 5 homens”, disse. Para ela, “é preciso desmistificar a ideia de que existem atividades que não podem ser executadas por mu− lheres dentro da empresa, ao contrá− rio, procuramos mostrar que elas po− dem estar onde quiserem estar.Temos muito que caminhar ainda com a implementação do ESG na empresa, mas estamos no caminho certo, quando falamos sobre respeito, con− fiança e gerar oportunidade para ho− mens e mulheres de forma igualitá− ria”, finaliza. Cláudia Tonielo, diretora de RH do Grupo Tonielo, informou que já em 2020, as questões ESG começaram a ganhar corpo no grupo com a cria− ção do Conselho de Acionistas e ela− boração de um código de ética com

regras claras e transparentes, tanto pa− ra os dirigentes como para os colabo− radores. Cláudia informou que o grupo trabalha na finalização do Re− latório de Sustentabilidade (GRI), ba− seado nos conceitos e métricas ESG e também dos ODS. Claudia também destacou a im− portância de desmistificar as informa− ções, que muitas vezes, tratam o agro− negócio como vilão nas questões am− bientais. “O problema ambiental no Brasil não está no campo, e sim na fal− ta de saneamento básico e de políticas públicas”, afirmou a diretora, lem− brando que o setor cumpre uma rígi− da legislação e normas ambientais. “Nós temos o certificado do programa RFS2 sobre padrão de combustível renovável, que é dado pela Agência Americana de Proteção Ambiental, para comercialização do nosso produto nos Estados Unidos e para outros países. Então eu vejo is− so também como reconhecimento importante, mostrando aí que as nossas ações de sustentabilidade es− tão indo pelo caminho correto”, ressaltou Cláudia.


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Mais diversidade, mais resultados Adriana Maria Quagliato Vessoni

Cláudia Maria Tonielo

Livia Ignácio, gerente Brasil da Bonsucro, em sua apresentação desta− cou um estudo que aponta que as empresas que investem em diversida− de costumam ser mais eficientes e en− tregam melhores resultados. “Busquei uma referência num estudo que foi publicado e que trouxe algumas esta− tísticas. As empresas diversas e plurais, seja na questão de raça, gênero, reli− gião, enfim todos os níveis de diver− sidade, chegam a conclusões duas ve− zes mais rápido do que as outras, to− mam decisões de negócio melhores em 87% dos casos e que entregam re− sultados 60% melhor”. Para Lívia, no entanto, a motivação para adoção dessas ações, devem ocor− rer de forma genuína. “Não se deve adotar porque está na moda, porque o concorrente está fazendo, ou porque vão deixar sua marca mais popular.Tem que haver um interesse genuíno por trás desta decisão, que remete a função social de uma empresa”, elucidou. A gerente apresentou um estudo de 2019 sobre diversidade de gênero no conjunto de unidades agrícolas e industriais que estavam certificadas na época. “Esse estudo concluiu que no campo em média a gente está falando de quase 9% de presença de mulheres na força de trabalho e no caso das ati− vidades industriais, esse número pode chegar a até 14% de presença da mu− lher. Lembrando que se trata de nú− meros médios. Tem usinas que tem mais e algumas com menos”, observou. O estudo também apontou desi− gualdades salariais entre homens e mulheres com a mesma função. Mas segundo Lívia, também mostrou uma ligeira evolução no setor de cana. “Também ficou bem nítido, na época,

Livia Ignácio

que o setor de cana está avançando, e evoluindo para se tornar mais diverso em gênero”, constatou. Segundo ela para ajudar o setor nessa caminhada de ESG de uma for− ma geral e incluindo a diversidade, existe o padrão de certificação Bon− sucro que é uma das referências para essa caminhada. “Ele é público e pode ser baixado por qualquer um sendo certificado ou não na plataforma da Bonsucro. Qualquer um pode usar es− sa estrutura como referência para tri− lhar as estratégias de sustentabilidade e como eu falei o Brasil hoje é o país com o maior número de usinas certi− ficadas”, disse. De acordo com ela, por conta des− ses números obtidos em 2019, a Bon− sucro inclui um novo indicador para balizar a certificação determinando que os operadores de negócios e pro− dutores de cana, devem contar em suas operações agrícolas e industriais com um mínimo de 15% de presença de mulheres na força de trabalho. Lívia destacou ainda a importân− cia das ações apresentadas pelas dire− toras Adriana e Claudia em suas usi− nas e também citou como exemplo a Raízen, que recentemente fez uma captação de 1,2 bilhões de reais, sujei− ta ao atendimento de duas metas ESG. Uma delas é certificar as suas usinas com padrão Bonsucro (94% já são certificadas) e a outra meta é a diver− sidade de gênero chegar a 30% de mulheres em posições de liderança. Segundo Livia, as finanças susten− táveis se tornam uma forma inteli− gente das empresas cumprirem a agenda ESG, ao mesmo tempo em que podem obter benefícios relevan− tes para os dias de hoje.


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MULHERES

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Tereza Cristina é homenageada por suas realizações à frente do Mapa Ministra deixará o comando da pasta ainda este ano para concorrer ao Senado Federal pelo estado do Mato Grosso do Sul A ministra da Agricultura, Pecuá− ria e Abastecimento, Tereza Cristina, foi homenageada pela Fiesp durante reunião realizada no dia 18 de março pelo Conselho Superior do Agrone− gócio (Cosag), em São Paulo. Tereza Cristina teve seu desempenho enal− tecido pelas autoridades e pelos em− presários presentes no encontro. A ministra deixa o comando da pasta ainda este ano para concorrer ao Se− nado Federal pelo estado do Mato Grosso do Sul, apesar dos rumores de que seria a indicada ser a vice na chapa de Jair Bolsonaro, que concor− rerá à reeleição. Tereza Cristina recebeu um troféu das mãos do presidente da Fiesp, Josue Gomes, e do ex−ministro da Agricul− tura, Pecuária e Abastecimento e membro do Cosag, Roberto Rodri− gues, com a figura do “Semeador”, simbolizando o reconhecimento pelo seu trabalho extraordinário, mesmo enfrentando dificuldades conjunturais como a crise sanitária e, mais recen− temente, a guerra na Ucrânia.

“O agro brasileiro é forte porque tem no ministério pessoas como a Te− reza, serena, discreta e muito compe− tente”, disse o presidente da Fiesp, ao exaltar a serenidade, a firmeza, a des− crição e a eficácia com as quais Tere− za Cristina desempenhou seu papel à frente do MAPA, durante o governo de Jair Bolsonaro. Roberto Rodrigues destacou as qualidades técnicas de Tereza Cristi− na, que é formada em engenharia agrônoma e já foi deputada federal, e qualificou seu legado como “ex− traordinário”. “Você semeou uma quantidade enorme de projetos que estão frutifi− cando”, disse Rodrigues a Tereza Cristina. “Por isso, oferecemos uma lembrança do Cosag – este pequeno troféu com a imagem de um semea−

dor – para que você o coloque na prateleira mais alta que você tiver em sua casa”, acrescentou o ex−ministro. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, elogiou a maneira como a atual ministra con− tornou crises como a pandemia de covid−19, o desastre de Brumadi− nho e a recessão na Argentina, e ga− rantiu que não houvesse desabaste− cimento no Brasil. Ainda segundo ele, Tereza Cristina teve papel cru− cial na abertura de mercados, na queda de barreiras comerciais e na busca por fertilizantes para o agro− negócio brasileiro. Na ocasião, Tereza Cristina apre− sentou um balanço das ações con− duzidas pelo Ministério da Agricul− tura no triênio 2019−2022 e desta− cou, entre outras conquistas, a con−

cessão de créditos da reforma agrá− ria, Plano Safra e outros. Apontou soluções tecnológicas para aumentar a produtividade no campo e na in− dústria, além de programas federais de estímulo à produção agropecuá− ria sustentável e a fabricação do− méstica de bioinsumos agrícolas, além de outros incentivos a peque− nos e médio produtores. A ministra ainda falou do estí− mulo à segurança jurídica no campo, englobando regularizações fundiárias e ambientais de imóveis rurais e da abertura de novas fronteiras comer− ciais para o agronegócio brasileiro no exterior, com o acesso a mais de 200 mercados, uma conquista importan− te do MAPA neste período. Citou ainda a participação do Brasil em fó− runs importantes, como a COP−21, entre outros. “Quando a gente faz o que gosta e faz com prazer, a gente consegue caminhar”, disse Tereza Cristina. “Fiz minha obrigação de reger essa or− questra boa e afinada que estava junto comigo. Essa semente que eu deixei plantada, todos nós semeamos no agro”, afirmou. Mário Montes, atual secretário− executivo do MAPA, e nome mais cotado para assumir o Ministério, terá a desafiadora tarefa de dar continui− dade ao trabalho iniciado por Tereza Cristina e também dar escala aos pro− jetos implementados nos últimos três anos e meio.



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LOGÍSTICA

Março/Abril 2022

Portaria do MInfra garante mais eficiência no transporte de cana-de-açúcar e granéis Novos formatos de reboques vão garantir mais eficiência no transporte da produção bioenergética O Ministério da Infraestrutura, por meio da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), regulamentou na segunda−feira (14) as combinações de veículos de carga para o setor sucroe− nergético. Portaria assinada pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, traz as combinações de 91 to− neladas destinadas ao setor canavieiro, além dos semirreboques dotados de 4 eixos, permitindo um transporte de carga com mais eficiência. Em 2021, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou as re− soluções 872 e 882, que tratam de so− bre os requisitos para transporte de carga. Faltava, porém, a edição de uma portaria da Senatran estabelecendo o tipo de combinação de veículo de

carga com 11 eixos e capacidade de carga de 91 toneladas. Com a assina− tura da portaria pelo ministro Tarcísio, a decisão do Contran entra em vigor. “O Contran aprovou e a Senatran agora detalha uma especificação sobre o uso desse reboque para os veículos que transportam cana−de−açúcar e os de granéis. Isso vai proporcionar maior eficiência no transporte da lavoura para a indústria, sem deixar de lado qualquer questão técnica de seguran−

ça”, afirmou o ministro, durante evento na sede da União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA), em São Paulo.

Combinações As configurações das Combina− ções de Veículos de Carga (CVC) com peso bruto total combinado superior a 74 toneladas e inferior ou igual a 91 toneladas destinadas ao transporte de cana−de−açúcar foram alinhadas di−

retamente com o setor, em estudo en− comendado ao Observatório Nacio− nal de Segurança Viária, bem como nas discussões das câmaras temáticas do conselho e em consulta pública. “A portaria vai dar segurança ju− rídica e atender um setor tão impor− tante para nós que é sucroenergético, uma indústria que vai ser importante para a eletrificação da frota com as ba− terias que vão tirar hidrogênio do eta− nol”, disse o ministro.

Retomada da navegação na hidrovia TietêParaná vai beneficiar o agro paulista Os principais produtos transportados pela hidrovia são milho, cana-de-açúcar, soja e areia, respectivamente A Hidrovia Tietê−Paraná foi re− tomada no dia 15, anunciou o Depar− tamento Hidroviário do Estado de São Paulo. A retomada da operação deve− rá impulsionar o agronegócio, pois é um dos principais meios de escoa− mento de grãos dos estados do Cen− tro−Oeste para São Paulo, e de deslo− camento de insumos do agro paulista. Em setembro no ano passado, houve uma paralização nos embarques por causa da falta de chuvas na região. O trecho da hidrovia mais afetado no rio Tietê foi o de Pedral de Nova Avanhandava, em Buritama. O im− pacto na logística representou aumen− to dos custos aos produtores, que ti− veram de acessar outros modais, pres− sionando o gasto com frete.

De acordo com a Confederação Nacional de Transporte (CNT), uma carga transportada por rio tem um frete 60% menor do que por cami− nhões, e 30% inferior do que o feito por trens, razão pela qual é o modal utilizado principalmente nas cargas de grande volume, como grãos e minério. O Sindicato dos Despachantes Aduaneiros estimou perdas de apro− ximadamente R$ 3 bilhões quando as

operações de transporte de cargas fo− ram interrompidas por causa da estia− gem em 2021. As projeções no ano passado eram de aumento de 10% a 15%, porém a pior escassez hídrica dos últimos 91 anos pulverizou as expec− tativas de crescimento. Em 2020, fo− ram transportados no trecho paulista 2,1 milhões de toneladas de produtos como milho, soja, cana−de−açúcar e adubo. No ano anterior, antes da pan−

demia, a movimentação foi de 2,5 milhões de toneladas. “A reabertura da hidrovia é fun− damental para o agro de São Paulo, e nos dá perspectivas ainda melhores para este ano. Em 2021, o valor de produção agropecuária aumentou 26% no nosso Estado, o que é um ín− dice muito representativo. A nossa es− timativa é que a reabertura da hidro− via fortaleça ainda mais o setor e pos− sibilite mais produtividade”, afirmou o secretário de Agricultura e Abasteci− mento, Itamar Borges. Em São Paulo, os principais produtos transportados pela hidrovia são milho, cana−de− açúcar, soja e areia, respectivamente. O retorno acontecerá de forma gradual, com calado inicial de 2,4 me− tros, que será ampliado gradativamen− te até atingir 2,7 metros no fim do mês. A Hidrovia Paraná−Tietê tem ex− tensão de 2,4 mil quilômetros, dos quais 800 quilômetros no rio Tietê, abrange uma região de 76 milhões de hectares, conectando áreas de produ− ção aos portos.


LOGÍSTICA

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Complexo Portuário do Itaqui ganhou novo terminal de combustíveis Novo terminal, com investimento de R$ 200 milhões, reduzirá custos de logística A área portuária do Itaqui ganhou no dia 17 de março, uma nova base de distribuição de combustíveis, com a inauguração do terminal da Raízen, que tem capacidade para movimentar 1,5 bilhão de litros de combustíveis por ano e pode armazenar até 80 mi− lhões de litros gasolina A, Diesel S10 e S500. Trata−se de um investimento de R$ 200 milhões. Já em operação e construído em 140 mil metros quadrados na retroárea do Porto do Itaqui, o terminal vai multiplicar a oferta de combustíveis na região, principalmente para os estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, além de funcionar como hub de car− gas para outros portos da região Nor− te e Nordeste. Para Ted Lago Lago, presidente do Porto do Itaqui, o momento é de co−

lher os resultados de sete anos de um trabalho sério e muito focado, desen− volvido em sintonia com os parceiros privados que sentiram no Maranhão a segurança e apoio necessários para in− vestir. “O Itaqui já está consolidado na região como um hub de combustíveis, e o novo terminal da Raízen vem fortalecer essa já importante infraes−

trutura para movimentação de granéis líquidos”, disse Lago. A inauguração do terminal inte− gra o pacote de investimentos públi− cos e privados do Porto do Itaqui, que somam cerca de R$ 2 bilhões em obras. Os investimentos incluem, além deste novo terminal de com− bustíveis, a segunda fase do Terminal

de Grãos do Maranhão (TEGRAM), o novo terminal de fertilizantes, o berço 99, o novo terminal de celu− lose, dentre outros. “A inauguração do terminal de Itaqui é um importante marco logís− tico e econômico para o país, prin− cipalmente nas regiões Norte e Nordeste. Em um momento tão in− certo que enfrentamos atualmente, a nova operação irá gerar empregos e movimentará o setor positivamente, ajudando na manutenção de setores essenciais da economia, reduzindo custos e otimizando processos”, afir− ma Antonio Simões, vice−presiden− te de Logística, Distribuição e Ener− gia da Raízen. O investimento estratégico em infraestrutura ajudará a reduzir custos na cadeia produtiva agrícola e de transportes da região, bem como a ge− ração de empregos para o Maranhão. Foram quase 1.000 postos de trabalho diretos e 500 empregos indiretos ge− rados no período de obras, 50 vagas diretas ligadas à operação e a contra− tação preferencial de materiais e ser− viços da região.


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GENTE

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Troca de comando na Feplana Sai Alexandre Lima e entra Paulo Leal A Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) a partir de abril contará com um novo presiden− te. Paulo Leal será o sucessor de Ale− xandre de Andrade e Lima, que este− ve à frente da entidade por dois man− datos consecutivos, desde 2016. Nestes seis anos, Lima destacou− se pela aprovação de vários projetos de lei em favor do setor. Mais recen− temente, por exemplo, a venda dire− ta de etanol pelas usinas. Ele foi um dos responsáveis pela inclusão das usinas geridas pelos canavieiros den− tro do projeto. “Em Pernambuco, por exemplo, três das 13 usinas em operação têm o modelo cooperativista, gerido por fornecedores de cana de açúcar. São elas, o Coaf em Timbaúba, Agrocan em Joaquim Nabuco e Cooafsul em Ribeirão. Juntas, elas geram mais de 10 mil empregos diretos no campo e nos parques fabris. Seria um absurdo deixá−las de fora da venda direta e não incluí−las na MP”, destacou em

Alexandre de Andrade e Lima e Paulo Leal

uma de suas incursões na Câmara dos Deputados. Ele também foi um dos defenso− res do projeto, já em tramitação, com a garantia de CBios proporcional pa− ra o segmento canavieiro. O Congresso Datagro/Santander,

realizado no dia 9 deste mês, em Ri− beirão Preto, marcou o último evento público de Lima, na presidência da Feplana. Ele se manterá à frente da Associação dos Fornecedores de Ca− na de Pernambuco (AFCP) e da coo− perativa usina Coaf.

Seu sucessor, Paulo Leal, é o atual presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Paraná, e retoma a presidência da Feplana, cargo que ocupou até 2016. A Fe− deração conta atualmente com cer− ca de 60 mil filiados.

Raízen anuncia mudanças na diretoria da área agrícola Executivos que vieram da Biosev assumem novos cargos na companhia A Raízen, joint venture de ener− gia renovável entre a Shell e a Cosan, anuncia novidades em sua liderança. Ricardo Lopes assume como diretor agrícola da companhia e Carlos Da− niel Berro Filho como diretor de de− senvolvimento agronômico. Ambos vieram da Biosev. Lopes tem como desafio integrar a operação agrícola, mantendo o compromisso com a ino− vação e o desenvolvimento sustentá− vel. Já Carlos Daniel tem como res− ponsabilidade a estratégia de plantio, tratamento de solo e recuperação de canaviais. Ricardo Lopes é engenheiro agrônomo formado pela Universida− de Estadual do Norte do Paraná (UENP), tem MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, MBA

Carlos Daniel Berro Filho

em gestão de pessoas pela Fundação Dom Cabral, além de diversas espe− cializações em cursos de Leadership em empresas como Syngenta, Bunge e Louis Dreyfus Commodities dentro e

fora do país. Carlos Daniel é formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ / USP) em engenharia agronômica, possui

Ricardo Lopes

mestrado científico na área de ne− gócios pela Universidad Europea del Atlántico (Espanha) e MBA em ges− tão de negócios pela Fundação Dom Cabral.


GENTE

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Morre o engenheiro agrônomo Eduardo Algodoal Zabrockis Sua trajetória profissional foi marcada por importantes contribuições ao setor bioenergético Prestes a completar 81 anos, fale− ceu nesta quarta−feira, dia 24, o En− genheiro Agrônomo e Consultor Eduardo Algodoal Zabrockis, consi− derado por muitos um verdadeiro ícone do setor bioenergético. Formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/ ESALQ, oriundo da mesma turma do ex−ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, e de Manoel Ortolan, ex− presidente da Canaoeste entre outros representantes do setor, Eduardo Za− brockis foi um dos integrantes da tra− dicional República Jacarepaguá, casa de hospedagem que abriga estudantes da Esalq, em Piracicaba – SP. Ao longo de sua carreira, Za−

brockis sedimentou uma extensa contribuição ao setor bioenergéti− co, inclusive como um dos fomen− tadores e apoiador do Proálcool. Ele também atuou como consultor na

execução de projetos de diversas usinas. Mais recentemente estava à frente da Agrineg Consultoria & Serviços. O produtor de cana Glauber

Moraes, lamentou profundamente a perda. “Foi um grande amigo do meu pai e da família. Aprendi muito com ele”, disse. Thales Jose Velho Barreto, Diretor da Velho Barreto Consultoria, o con− siderava uma das figuras mais impor− tantes do setor sucroenergético.“Idea− lista e apaixonado pela Ciência e Tec− nologia, pensou e defendeu o setor com visão crítica e nacionalista. No plano pessoal foi verdadeira unanimi− dade pela forma altruísta e generosa como tratava os amigos. É uma perda imensa, mas a sua obra e importância tornarão Zabrockis sempre presente”, expressou Araújo. Para o diretor do ProCana, Josias Messias, “o legado de Eduardo Za− brockis será sempre reverenciado pe− lo setor. “Uma perda lamentável, meus sentimentos aos familiares e amigos”, disse. Eduardo Algodoal Zabrockis faria 81 anos no dia 9 de julho. Ele deixa a esposa Joana e cinco filhos: Renata, Jorge, Paola,Vitor e Cristiane. Seu cor− po foi velado no Memorial Parque dos Girassóis, em Ribeirão Preto – SP.


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GENTE

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Setor perde Gilberto Colombo, acionista da Colombo Agroindustria S/A Industrial tinha 82 anos Gilberto Colombo, acionista da Colombo Agroindustria S/A, faleceu nesta sexta−feira, dia 11 de março, aos 82 anos. A história de vida do industrial foi construída com muito trabalho e está entrelaçada com a trajetória de sucesso da empresa, criada na década de 40, no municí− pio de Ariranha –SP.

Em nota, a diretoria da compa− nhia lamentou a morte do industrial. “Sr. Gilberto deixa um legado e será sempre fonte de inspiração pela sua liderança e compromisso com a Co− lombo. Nossos sinceros sentimentos à família Colombo pela irreparável perda”. Ele deixa a esposa Maria Beatriz Francisco Colombo e os filhos Rena− to Cesar Colombo,Vania Beatriz Co− lombo e Flávio Eduardo Colombo.

Falece o professor Victorio Laerte Furlani Neto O pesquisador desenvolveu importantes trabalhos para o setor bioenergético O setor bioenergético lamenta o falecimento do professor Dr. Victorio

Laerte Furlani Neto, ocorrido no dia 18 de março. Graduado em Engenharia Agro− nômica pela Universidade de São Paulo (1970), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universida− de de São Paulo (1985) e doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (1995), o professor tinha ampla experiência na área de Agronomia, com ênfase em

Fitotecnia, atuando principalmente nos seguintes temas: cana−de−açúcar, desempenho operacional, colheita mecanizada e colhedoras de cana. Aos 75 anos, o professor que era casado com Vera Salles Furlani, deixa um grande legado de pesquisas e estu− dos no setor agrícola. O corpo foi se− pultado no Parque dos Eucaliptos, em Araras, município em que residia e de− tinha o título de “Cidadão Araranse”.




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