Ano 2 - Número 5 R$ 29,90 - Julho de 2016
Falta cultura para a
CULTURA Infelizmente, o setor ainda recebe um ‘tratamento’ secundário. Os modestos equipamentos disponíveis, entre arenas, teatros e locais públicos de difusão cultural, carecem de maior atenção e incentivo. Páginas 78 e 79
ECONOMIA
Criatividade e inovação podem mudar a forma de empreender.
ESPECIAL
Saiba como driblar a exaustão causada pela rotina diária puxada.
SAÚDE
O mosquito Aedes aegypti não dorme em serviço, muito menos no inverno.
U NIVERSO PET: INTERNET É GR ANDE ALIADA NA LUTA PELOS ANIMAIS ABANDONADOS
Palazzo .
FIRENZE
OCIAD SS
O
A
Um revestimento romântico, com leves texturas e relevos. Em formato sextavado, possui mix padrão com 6 texturas. Opção com mix de cores padrão, ou em cor Ouro ou Pérola.
Editorial
A transformação do Ministério da Cultura em secretaria, este ano, mesmo que por poucos dias, gerou protestos em todo o país, inclusive com ocupações de prédios como forma de manifestação contra a decisão. Tachada como retrocesso, a extinção proposta com o objetivo de reduzir custos no governo federal não vingou e o ministério foi recriado, porém, reacendeu uma triste realidade: o pouco valor dado à cultura brasileira de forma geral. Esse ‘tratamento’ segue a mesma linha em Santa Catarina e a Tudo questiona por que é tão difícil fomentar algo tão capaz de transformar quanto a própria educação. Resumidamente, a resposta é falta de investimento. Na reportagem especial desta edição, um tema de interesse comum a homens e mulheres que vivem rotinas estressantes e se vêem a ponto de entrar em colapso para conseguir dar conta de tantos afazeres. Saiba como amenizar o esgotamento físico e mental provocado pela correria do dia a dia. Na saúde, um inimigo que passou a preocupar também no inverno. A fêmea do mosquito Aedes aegypti aproveita o descuido com as medidas de prevenção nesta época do ano para colocar os seus ovos e garantir a multiplicação de sua espécie. Tem ainda moda, beleza, estilo, ambientes, artigos, sabores, entrevista. No Universo Pet, o sucesso do Big Brother Ronrom, projeto desenvolvido em solo catarinense cuja meta é estimular a adoção de gatos. Tenha uma excelente leitura!
Supervisora de redação
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NÃO É SÓ APOIO. É UNIÃO.
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Expediente
Direção Cristiano Carrador Supervisora de redação Priscila Loch Editora-chefe Zahyra Mattar Capa Nathaly Julian Banco de imagens Freepik Projeto gráfico e diagramação Nathaly Julian Direção de arte Liliane Dias Impressão Coan Gráfica
Rua Tubalcain Faraco, 21 - Centro, Tubarão - SC CEP: 88.101-000 - Fone: 48 8833-9383
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Índice
18. Um pouco de tudo 24. Artigo + 20. Economia e empreendedorismo 26. Mercado 32. Artigo + 28. Cidades 38. Artigo + 34. Educação 40. Saúde e bem-estar
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44. Especial 48. Entrevista 52. Construção civil 54. Ambientes 72. Moda
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Ă?ndice
74. Beleza 76. Estilo 78. Arte e cultura 80. Viajar 82. Sabores SC
84. Universo pet 88. Mundo novo 90. Eventos 94. Agenda 96. Contatos
Um pouco de tudo
Equipe do Sesi está entre as 20 melhores do mundo em robótica Os dez estudantes catarinenses do Sesi Escola em Brusque, uma entidade da Fiesc, que participaram do torneio internacional de robótica First Lego League (FLL), nos Estados Unidos, conquistaram resultados importantes para o Brasil. Eles desenvolveram um dos robôs com melhor desempenho da competição (18º), dentre 106 equipes de 39 países. O grupo de Santa Catarina foi o melhor colocado entre os quatro times brasileiros que competiram (dois de São Paulo e um do Paraná). O resultado é inédito para o Sesi catarinense! O projeto desenvolvido por Santa Catarina (Let’s score a goal against the trash) atraiu olhares dos demais países. “O aplicativo que eles criaram permite dar a destinação correta e também a reutilização do lixo eletrônico”, explica o coordenador de desenvolvimento de projetos e produtos do Sesi/SC, Fabiano Bachmann. A equipe criou ainda um robô feito totalmente de material reciclável, equipado com controle remoto e caracterizado com trajes típicos da Alemanha, por causa da colonização germânica de Brusque, cidade de origem dos competidores. O FLL é um programa internacional criado para despertar o interesse dos estudantes em temas como ciência e tecnologia dentro do ambiente escolar.
Aurora é a sexta entre as 50 empresas com funcionários mais satisfeitos no país A Cooperativa Central Aurora Alimentos, um dos maiores grupos agroindustriais do Brasil, é a sexta empresa do Brasil com o melhor clima organizacional. A conclusão é do site de carreira Love Mondays que, a partir das opiniões de 160 mil profissionais, divulgou um ranking inédito com as 50 empresas que têm os funcionários mais felizes e satisfeitos no Brasil. O site Love Mondays é uma plataforma utilizada por profissionais para escolha de locais onde querem trabalhar. Para a elaboração do ranking, foram consideradas as empresas com mais de 50 avaliações publicadas. Além da nota geral, também é possível verificar satisfação em relação à remuneração, benefícios, oportunidades de carreira, cultura da empresa e qualidade de vida. Sexta colocada nesse ranking nacional, a Aurora, sediada em Chapecó, no oeste catarinense, apresentou elevados índices de satisfação geral dos colaboradores (4,24 para um limite máximo de 5,0). Com mais de 26 mil trabalhadores, a Aurora obteve a distinção em face do equilíbrio nas áreas de remuneração e benefícios, oportunidades de crescimento interno, preocupação com a qualidade de vida dos funcionários e manutenção da cultura cooperativista como um dos seus alicerces.
Leitura >> Schornstein lança linha de pão de cerveja A Schornstein diversifica a linha de produtos de maneira surpreendente. A cervejaria da cidade mais alemã do Brasil faz o lançamento de uma linha de “Pães de Cerveja”. A ideia nasceu do desejo de aproveitamento dos grãos utilizados no processo de produção da bebida. Grãos nobres de alto valor nutritivo, rico em fibras e que, até então, eram descartados. O Schornstein Brot inicialmente terá versões com as cervejas Pilsen, IPA e Weiss. Futuramente, estarão disponíveis com toda a linha de cervejas. Interessados no produto poderão fazer contato pelo e-mail: pao@schornstein.com.br. O projeto foi desenvolvido em pouco mais de um ano e inicia com uma produção de cinco mil pães por mês, número que pode ser ampliado de acordo com a demanda. Fotos: Divulgação/TudoN
Mortes na BR-116 reduziriam pela metade com a duplicação A duplicação da BR-116 tem potencial para reduzir em 54% o número de mortes por acidentes de trânsito. É o que mostra uma pesquisa encomendada pela concessionária Autopista Planalto Sul, sobre a viabilidade da duplicação da rodovia no trecho que passa por Santa Catarina. O engenheiro responsável, Newton Gava, mostrou que as colisões frontais foram responsáveis por 42% das mortes entre 2011 e 2014, enquanto as colisões transversais causaram 12% dos óbitos. Com a duplicação das pistas e eliminação dos cruzamentos em nível, esses tipos de acidente tenderiam a zero. A duplicação é viável no trecho entre Curitiba e Lages, ainda com 270 quilômetros em situação de pista simples. Esta obra teria custo aproximado de R$ 3 bilhões e estaria concluída em sete anos. Ainda conforme o engenheiro, a melhoria das condições da BR-116 atrairia parte da demanda que utiliza a BR-101, o que ajudaria a aliviar a saturação da rodovia litorânea. 18
Turismo
Cooperativismo cresce 12,96% em Santa Catarina
Santur/Divulgação/TudoN
O cooperativismo catarinense cresceu 12,96% em 2015, conforme balanço da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc). Os resultados foram apresentados pelo ex-presidente Marcos Antônio Zordan e pelo atual, Luiz Vicente Suzin (confira entrevista exclusiva nesta edição). As 260 cooperativas catarinenses reúnem mais de 1,9 milhão de famílias associadas, mantêm 56.311 empregos diretos, faturam mais de R$ 27 bilhões por ano e representam 11% do PIB do estado.
>> Quem veio diz que vai voltar! A Pesquisa de Turismo realizada pela Fecomércio mostrou que este ano, até abril, Santa Catarina recebeu um público flutuante maior do que a própria população, estimada em sete milhões. Em média, o maior número de turistas está na faixa etária dos 31 aos 50 anos (50,6%) e é casado ou em união estável (60,3%), com leve predominância do sexo feminino (50,7%). Os argentinos vieram em dobro em relação ao ano passado (18,1%), porém, os brasileiros representaram a maior fatia dos turistas (76,6%), vindos especialmente do Rio Grande do Sul e Paraná. A capital Florianópolis recebeu o maior percentual de turistas estrangeiros (45%). Já em Imbituba o número de argentinos saltou de 8% no ano passado para 25,7% em 2016, mais do que triplicou. Ainda conforme a pesquisa, mesmo que o turismo catarinense esteja em crescimento nas últimas temporadas, o setor ainda precisa avançar em infraestrutura das praias (22% consideraram de regular a péssimo) e em serviços de orientação ao turista, atributo com o maior percentual de não uso (67%). Por outro lado, mais de 70% dos visitantes garantem: voltam assim que possível para turistar por Santa Catarina! E que sejam (sempre) bem-vindos.
Oportunidade >> Destaque na geração de empregos No primeiro trimestre de 2016, Santa Catarina gerou mais de oito mil vagas formais no mercado de trabalho, conforme dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), disponibilizado pelo Ministério do Trabalho. No entanto, em comparação ao mesmo período em 2015, o estado gerou 70% a menos de vagas. Esse recuo foi gerado pelos setores do comércio com a redução de 7.082 postos de empregos e da construção civil com menos 87 vagas ofertadas. Outros setores da economia impulsionaram novos postos, como serviços, que ofertou um pouco mais de cinco mil vagas, e agropecuária, com 1.342. Indústria foi o setor que mais criou oportunidades de trabalho: 9.014. Apesar da diminuição dos postos, Santa Catarina alcançou o segundo melhor resultado para o período no país, com número maior de contratações do que demissões, atrás apenas do vizinho Rio Grande do Sul.
Estaleiro catarinense cria lancha específica para esportes aquáticos Inovação industrial
A prática de esportes aquáticos é uma crescente no Brasil. Para atender à necessidade dos esportistas, a Fibrafort, um dos maiores fabricante de embarcações da América Latina, lançou a Focker 265 FX, uma embarcação fabricada em Santa Catarina e que é ideal para a prática de diversas modalidades esportivas. A lancha oferece aos navegantes opcionais diferenciados para facilitar ainda mais a navegação daqueles que buscam conforto e segurança. O barco, com capacidade para até 14 pessoas, possui proa aberta, targa específica em aço inox com suporte para as pranchas e pode ser utilizado na prática de Wake Surf, Wake Board, Wake Skate, Sky e boia. O projeto assinado pela equipe técnica da Fibrafort tem ainda como opcionais alto falantes e compatibilidade com flaps para estas atividades.
Agência Brasil/Divulgação/TudoN
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) constatou em um recente estudo que Santa Catarina é o estado com maior volume financeiro de projetos de inovação industrial no Brasil. Suas duas unidades já fecharam 16 contratos no valor total de R$ 43,8 milhões em parceria com empresas como Whirpool, Embraco, Coldlab, Fanem e Gnatus. A vinda da terceira unidade para o estado deve fazer com que os números aumentem. As unidades atualmente em operação são a Fundação Certi, na área de Sistemas Inteligentes, e o Polo/Ufsc, na área de Tecnologias de Refrigeração. As duas ficam em Florianópolis.
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Economia
Novos modelos de negócio podem ser a
ARMA PARA A INOVAÇÃO
Cobrar apenas por aquilo que foi consumido, criar um negócio secundário para agregar valor ao principal, unir uma cidade em torno de uma proposta diferente de negócio. A criatividade e a inovação podem mudar a forma de empreender
Observar uma lacuna do mercado e incorporar no seu negócio um segundo mote, capaz de agregar valor e suprir uma necessidade de consumo em uma determinada região. É mais ou menos isso que ocorre neste modelo de negócio que começou a ganhar chão em Santa Catarina. O que ficou conhecido como ‘negócio dentro do negócio’ não é um fenômeno recente, mas existe um
Daniel Zimmermann/Divulgação/TudoN
crescimento novo desta aposta. Um dos principais motivos: fideliza o consumidor, pois ele não vai na porta do lado adquirir um produto ou serviço. Ao abrir novas frentes de negócios paralelos ou complementares à atividade principal, a empresa tem mais uma forma de potencializar resultados. “Muitas vezes, o principal objetivo é aproveitar os recursos investidos na totalidade e gerar o máximo de receita com algumas atividades”, confere o consultor empresarial Roberto Vilela. Que tipos de negócios podem beneficiar-se deste modelo? Inúmeros! Desde o setor de alimentos até o de tecnologia da informação. As vantagens de apostar
>> Pesquisa O consultor Robeto Vilela sugere que, antes de investir em algo para complementar o negócio principal, o empresário pesquise o mercado 20
em algo paralelo, mas complementativo, estão vinculadas ao melhor aproveitamento dos recursos investidos e à possibilidade de aumentar a receita, principalmente. Mas tem a parte que merece atenção
do empresário: a pulverização do foco e até mesmo a divisão dos recursos disponíveis para investir no negócio pode atrapalhar e impactar de forma negativa. “Investir em um negócio secundário para complementar o principal pode tornar-se arriscado se a ação não for
VANTAGENS
bem planejada e alinhada com a
para os dois lados
equipe. Erros de estratégia, especialmente neste momento conturbado da economia brasileira, podem ser fatais e não permitirem ajustes em tempo hábil”, alerta o economista. É preciso ter foco para não perder a identidade e a qualidade do produto ou do serviço em função da gerência de dois negócios ao mesmo tempo. Um deslize assim pode culminar em prejuízo.
A economia fatiada é uma tendência porque representa vantagens para clientes e empresas. Fonte: SIS Sebrae >> Clientes Pagam pelo que usam ou consomem, gerando economia nas finanças.
>> Empresas Conseguem um giro maior de clientes a partir da venda porcionada de seus produtos e serviços.
Tanto financeiro quanto para a imagem de empresa. “O empresário precisa observar seu
conformidade com as necessidades do
posicionamento no mercado que atua e
cliente. São exemplos a locação de carros
Um outro ponto a ser considerado,
o nível de maturidade de sua empresa e
por hora, e não por dia; o pagamento de
destaca o consultor empresarial, é que
equipe de colaboradores. Com equipes
hotéis por hora, e não diária completa; o
este modelo de negócio exige que a em-
e negócios ainda em fase de amadure-
pagamento de academia por dia, e não
presa tenha uma carteira de clientes ati-
cimento, este tipo de prática pode ser
por mês.
vos bem maior que o formato tradicional.
investimentos”, salienta Roberto Vilela.
complicada. Quando o mercado que atu-
A economia fatiada é uma tendência
“Mas, ao mesmo tempo, dilui a concen-
amos já nos reconhece e tem a empresa
mundial. No Brasil, esse conceito deve
tração da carteira e risco. O trabalho au-
como referência, cabe o modelo”, indica
fortalecer-se pelo cenário econômico,
menta, mas as possibilidades de crescer
Roberto.
especialmente nestes três nichos, os que
também”, relaciona.
A onda do ‘pague o quanto consumir’
mais crescem no momento, conforme o
Muitos autores colocam que a eco-
último boletim do Setor de Inteligência
nomia fatiada, neste momento de crise,
Setorial (SIS) do Sebrae.
surge para solucionar os problemas dos
Mas isso não quer dizer que outros se-
empreendedores e consumidores. Para o
Você já teve a experiência de chegar a
tores ficam fora. Já existem iniciativas nos
economista, este modelo de negócio em
um hotel de madrugada e ter que pagar
segmentos de bebidas e alimentos e tam-
um momento conturbado pode mesmo
uma diária cheia? Paga mensalidade da
bém no compartilhamento de escritórios.
ser uma excelente alternativa. Mas...
academia de ginástica todo mês, mas vai
Em curto prazo, a área de serviços é a que
“Pode ser que após a crise o empresá-
pouquíssimas vezes? Algumas empresas
mais pode beneficiar-se com este modelo
rio não consiga mais retornar ao modelo
estão atentas a este comportamento do
de negócio. Mas isso não significa que to-
antigo, então, isso deve ser considerado.
consumidor e passam a faturar alto: é a
dos os outros têm expectativa ruim.
Estamos falando de uma nova prática
economia fatiada dos serviços.
Tudo é uma questão de ter bom plane-
que é mais justa e alinhada com modelos
O foco deste modelo de negócio é a
jamento e foco. “A principal vantagem de
sustentáveis, portanto, deve ser consoli-
personalização de um serviço ou produ-
fatiar serviços e produtos é a diminuição
dada no mercado ao longo dos próximos
to, cujo consumo e pagamento se dá em
dos custos e possibilidade de otimizar os
anos”, defende Roberto.
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Economia
>> Aposta que deu certo F. Scherer Fitness/Divulgação/TudoN
Economia criativa, sustentável e rentável O consumo sustentável está em voga e, com isso, alguns tipos de negócios vêm alcançando muita representatividade e reconhecimento. A economia criativa é um termo criado para nomear modelos de negócio ou gestão que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos
COMO INCORPORAR economia fatiada no negócio?
A economia fatiada possui alguns princípios que devem ser conhecidos e adicionados a um estabelecimento que deseja atuar com esse conceito. >> Transparência Apresentação dos custos para manutenção do estabelecimento.
>> Pesquisa de mercado Antes de abrir o negócio, os irmãos Marcelo e Fernando realizaram uma mega pesquisa de mercado para ver se uma academia com conceito boutique, ainda pouco usual no Brasil, mas muito comum na Europa e nos Estados Unidos, poderia ser viabilizada em Santa Catarina. Um dos pontos de destaque foi justamente a possibilidade de fatiar o serviço para atender a população flutuante da capital, formada principalmente por empresários e turistas
>> Experiência Oferecer produtos e serviços de qualidade, proporcionando experiência de alto valor agregado.
>> Confiança O relacionamento com o cliente é pautado na confiança entre as partes.
>> Personalização Disponibilize embalagens menores para oferecer a possibilidade de o consumidor comprar apenas o que é suficiente à sua necessidade.
>> Pontos de atenção • Para se manter nesse mercado, é importante verificar maneiras de reduzir custos e maximizar a produtividade; • Deve-se considerar a cultura do Brasil. Há países em que o valor pago é o justo e outros em que a tendência é dar um valor mais baixo; • O público desses estabelecimentos é restrito e selecionado, composto por simpatizantes de causas sustentáveis. Fonte: SIS Sebrae
Há 13 anos, o empresário Marcelo Scherer (irmão do ex-nadador Fernando Scherer, o Xuxa) resolveu investir em Florianópolis. O projeto: uma academia de alto padrão. A F. Scherer Fitness fica localizada em um dos pontos mais nobres de Florianópolis, o 6º andar do concorrido Beiramar Shopping. Com o passar do tempo, ele percebeu que fatiar o serviço poderia ser um diferencial, especialmente durante a temporada de verão. “Florianópolis é uma cidade turística que recebe muitos visitantes durante todo o ano. Em função disso, percebemos que precisaríamos ter uma alternativa para atender a esse público e foi desta forma que passamos a oferecer a aula avulsa”, explica Marcelo. Hoje, uma equipe de 18 professores especializados em biomecânica, musculação e cinesiologia atende a clientela da capital, turistas que estão hospedados nos hotéis próximos ao Beiramar Shopping e empresários que passam poucos dias em Florianópolis. O modelo de negócio surgiu da necessidade e também da oportunidade observada no momento de pesquisar o mercado, bem antes de abrir o negócio. Antes de inaugurar a academia, os irmãos de
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Marcelo, Fernando e Eduardo, já estavam no comando da Hammerhead, uma empresa de artigos esportivos fundada em 1998 e em plena expansão no início de 2000. O projeto da academia levou dois anos para ser concluído. Eles pesquisaram a fundo tudo sobre equipamentos, tendências, informações técnicas. Buscaram consultoria dos mais destacados profissionais da área. “Tudo foi cuidadosamente pensado para oferecer o que existe de melhor em infraestrutura e atendimento. E um dos pontos levantados foi a importância de disponibilizar essa modalidade fatiada do serviço para atender a esse público específico”, destaca. Valeu a pena? O empresário garante que sim! O maior movimento é ao longo da temporada de verão, quando o fluxo de turistas aumenta exponencialmente na capital. Além disso, Marcelo estabeleceu uma parceria com o Hotel Majestic, um dos mais prestigiados da cidade, o que aumentou significativamente a procura por aulas avulsas. “Esse tipo de serviço não representa um percentual muito grande no faturamento geral, porém, ainda assim é vantajoso, especialmente porque trabalha muito a nossa marca”, ensina.
a partir do conhecimento, criatividade ou
mia criativa tornou-se uma poderosa força
capital intelectual com vistas à geração de
transformadora no mundo.
trabalho e renda.
fere o consultor empresarial Roberto Vilela. Este modelo de negócio pode sim pros-
É um dos setores que cresce mais rápido,
perar e render um bom giro econômico a
Diferente da economia tradicional, de
não apenas em termos de geração de ren-
partir de iniciativas sustentáveis e criativas.
manufatura, agricultura e comércio, a eco-
da, como também na criação de empregos
“A economia gerada por modelos perso-
nomia criativa, essencialmente, foca no po-
e em ganhos na exportação. Segundo a
nalizados, criativos e sustentáveis gera um
tencial individual ou coletivo para produzir
publicação, criatividade e inovação huma-
excelente incremento nas receitas de de-
bens e serviços inovadores.
na, tanto individual quanto em grupo, tor-
terminadas regiões. A tendência é mundial
naram-se a verdadeira riqueza das nações
e acredito que veio para ficar no Brasil tam-
no século 21.
bém”, avalia.
Grande parte dessas atividades, hoje, vem dos setores de cultura, moda, design, gastronomia, música e artesanato. Outra
É crescente a onda de profissionais, es-
Outro destaque deste modelo é a aber-
parte é oriunda de tecnologia e inovação,
pecialmente os independentes, que se re-
tura de novos nichos de mercado. A eco-
como o desenvolvimento de softwares, jo-
únem em eventos específicos para vender
nomia criativa é vista como uma forma de
gos eletrônicos e aparelhos de celular. Tam-
produtos, apresentar serviços personaliza-
sair do lugar comum da competição pre-
bém estão incluídas as atividades de tele-
dos e exclusivos apenas para o público de
datória do ‘mercado comum’. E, quando o
visão, rádio, cinema e fotografia, além da
sua região, sem prospecção de atingir gran-
empreendedor posiciona-se de maneira
expansão dos diferentes usos da internet
des centros de consumo.
diferenciada e consolida uma nova faixa de
(desde as novas formas de comunicação até seu uso mercadológico), por exemplo.
“Hoje, custos para a comercialização de produtos e serviços dificultam a rotina de
mercado, abre oportunidades para muita gente.
A edição especial do Relatório de Econo-
alguns empreendedores iniciantes. Portan-
“Inicialmente, consumidor deste tipo de
mia Criativa 2013, elaborado pela Organi-
to, a busca por modelos práticos, diretos e
negócio é mais maduro e exigente. Porém,
zação das Nações Unidas para a Educação,
com baixo risco passa a ser uma boa opção.
à medida que o produto ou serviço come-
a Ciência e a Cultura (Unesco) e pelo Pro-
Outra tendência é a personalização ou ex-
ça a atingir um bom posicionamento no
grama das Nações Unidas para o Desen-
clusividade, e neste nicho os produtos em
mercado, passa a ser feito por todos os ní-
volvimento (Pnud), destaca que a econo-
pequena escala são uma boa opção”, con-
veis”, salienta Roberto.
>> Proposta inovadora O Relatório de Economia Criativa 2013, elaborado pela Unesco, informa que o comércio mundial de bens e serviços criativos totalizou um recorde de US$ 624 bilhões em 2011 e mais que duplicou entre 2002 e 2011. Além disso, nesse mesmo período, as exportações de produtos do segmento registraram aumento médio anual de 12,1% nos países em desenvolvimento. Além dos benefícios econômicos, a economia criativa também contribui significativamente para o desenvolvimento social. Seu potencial para gerar bem-estar, autoestima e qualidade de vida em indivíduos e comunidades, por meio de atividades prazerosas e representativas das características de cada localidade, estimula o crescimento inclusivo e sustentável. No Brasil, a contribuição dos segmentos criativos foi de 2,7% do PIB em 2011. O resultado coloca o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido para que o país alcance o patamar do Reino Unido, da França e dos Estados Unidos, onde a economia criativa é bastante expressiva. Em Santa Catarina, iniciativas pequenas e regionais têm roubado a cena. Um exemplo vem de
Imbituba, no sul do estado. O MercadIM pretende promover produtos, serviços e, principalmente, experiências criativas. Já está com lista de espera para participantes e cidades vizinhas também estão incluídas. O evento ocorrerá entre julho e setembro, no espaço cultural Casa Torquato, e vai apresentar uma nova forma de fazer negócio. “É uma iniciativa colaborativa que tem o objetivo de fortalecer a economia criativa na região”, referencia a idealizadora do projeto, Isabella Torquato. Ao todo, até 30 criativos apresentarão produtos autorais e exclusivos para presentear, para casa ou ainda de brincar e colecionar - inclusive quitutes para levar ou comer lá mesmo. Além do comércio, o espaço também ofertará oficinas e workshops de música e fotografia.
AGENDE-SE Dá para acompanhar os primeiros passos do MercadIM através da página no Facebook. Acesse: www.facebook.com/MercadIM.
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Divulgação/TudoN
>> De portas abertas Desprendida, Isabella Torquato vai abrir as portas da sua casa para o público experimentar um pão caseiro com café, participar de uma oficina de música ou fotografia, e ainda poder comprar um produto autoral, diferenciado e de qualidade, com a identidade da cultura regional
Artigo
BRASIL,
UMA OPORTUNIDADE
Quem lê o título deste artigo pode ima-
assombra os competentes executivos
do meio ambiente e retribuir à socie-
ginar que seja pretensioso falar em opor-
deste país. Fomos acostumados a cres-
dade. Nossas empresas passam por um
tunidades no nosso país nestes difíceis e
cimentos acima dos dois dígitos e ago-
momento desafiador porque a economia
complexos tempos em que vivemos. Mas
ra temos que lidar com uma inflação do
não vai bem, mas temos uma chance úni-
falo porque, de fato, nós acreditamos que
tamanho da nossa expansão. Os altos in-
ca de perceber como a iniciativa privada
este é um momento único para uma revi-
vestimentos foram substituídos por preo-
é fundamental para mantermos esse país
ravolta na maneira como vemos o Brasil.
cupação na hora de pagar as contas.
em pé e, por isso, merece o nosso aplau-
Existe uma crise política, outra econô-
Precisamos atentar para estes fatos
mica. Mas existe, acima de tudo, uma cri-
sem duvidar um dia sequer da capaci-
Quando esse momento passar (e não
se psicológica em que todos estão sendo
dade das empresas. Sejam elas startups
“se” esse momento passar) vamos olhar
desmotivados a acreditar que vivemos
de tecnologia ou centenárias indústrias
para trás e perceber que poderíamos
num país único, diversificado e incom-
têxteis. É necessário saber separar o que
ter visto a situação como crise ou como
petente empresarialmente. No mercado
é fato do que é lamento. O fato é que
oportunidade. Nós fizemos a nossa esco-
têxtil, onde a Farbe atua, sobram exem-
precisamos empenhar todos os nossos
lha.
plos de empresas que se reinventam e
esforços - alguns que nunca antes foram
inovam todos os dias para manter os seus
necessários, talvez - para que esse país
clientes encantados.
volte a crescer. A lamúria pode ou não
As empresas brasileiras, na sua maioria,
so sempre.
fazer parte disso.
passam por maus momentos por conta
Vale lembrar que o resultado positivo
da economia em baixa. Se a máxima de
faz parte do tripé da sustentabilidade,
que “quem não cresce morre” é válida, a
em que as empresas precisam gerar lu-
estagnação soa como um fantasma que
cros para poder investir e crescer, cuidar 24
>> Paulo Cardim Diretor de mercado da Farbe Melz/Divulgação/TudoN
Mercado
VEM AÍ A PRIMEIRA EDIÇÃO DO
SALÃO NÁUTICO MARINA ITAJAÍ
Estaleiros nacionais e internacionais já estão confirmados para o evento. O público conhecerá embarcações de diversos tamanhos e os interessados poderão fazer test drives. Além da geração de negócios envolvendo a cadeia produtiva e de serviços náuticos, o evento oferecerá ao público opções gastronômicas diversificadas e produtos de alto padrão
Divulgação/TudoN
>> Expectativa Mais de 60 expositores devem participar do salão náutico. Com a disponibilidade das vagas molhadas, os interessados poderão ainda fazer test drives antes de fechar o negócio. Cerca de cinco mil visitantes são esperados Está confirmada a realização da primeira edição do Salão Náutico Marina Ita-
aquáticas e pequenas lanchas até veleiros
privadas favoráveis ao setor. Em razão da
e luxuosos iates de mais de 80 pés.
localização estratégica da Marina Itajaí e
jaí. O evento será de 21 a 24 de julho, na
Produtos e serviços relacionados ao
de sua ampla estrutura, o salão náutico
sede da marina, em uma área de mais de
universo náutico também serão apre-
entra no calendário nacional de eventos
18 mil metros quadrados, incluindo vagas
sentados, entre eles motores, acessórios,
com objetivo de ser uma vitrine e um ca-
secas e molhadas. O objetivo é reunir pro-
moda náutica, decoração, despachantes
nal de distribuição de produtos e serviços
dutos e serviços que compõem a cadeia
e serviços financeiros.
que complementam os pilares do polo
náutica para geração de negócios, além
“Santa Catarina, a cada ano, desponta
náutico”, destaca o diretor do Complexo
de proporcionar aos visitantes opções de
como polo náutico brasileiro. Concentra
Marina Itajaí, Manuel Carlos Maia de Oli-
alta gastronomia e lazer.
inúmeros fabricantes de embarcações
veira.
Renomados estaleiros nacionais e inter-
dos mais variados portes e, consequen-
O período escolhido para sediar o sa-
nacionais, como Azimut Yachts, Schaefer
temente, fornecedores relacionados à
lão foi estratégico, já que durante o mês
Yachts, Monte Carlo, Beneteau, Triton, Sea
área. Itajaí, também reconhecida como
de julho Santa Catarina recebe um gran-
Ray, Bayliner e Cimitarra, já são presenças
importante centro naval e industrial, é
de fluxo de turistas para curtir o inverno,
confirmadas. Embarcações de diversos ta-
um dos destaques e tem se desenvolvido
época de tempo firme costumeiramente,
manhos e estilos serão expostas, de motos
anualmente através de ações públicas e
com paisagens limpas e exuberantes.
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A FLUIDEZ DO TRAÇO DE JADER ALMEIDA
Luxo
Lampe Berger cria essência exclusiva para a Embraed
Sollos/Divulgação/TudoN
Designer acaba de lançar a coleção Mia, composta por cadeiras de jantar com e sem braços, cadeira para home office e poltrona lounge Há 12 anos, o catarinense Jader Almeida, um dos designers brasileiros mais respeitados no mundo atual-
>> Novas peças Os lançamentos de Jader Almeida são de ponderado equilíbrio de escala, proporções e linhas, com peças livres para leituras e combinações individuais. Em Santa Catarina, os produtos são vendidos no showroom Icon Interiores, em Florianópolis
A consagrada marca francesa dos aromatizadores Lampe Berger, fundada em 1898, após meses de desenvolvimento criou uma essência exclusiva para a construtora Embraed, de Balneário Camboriú. A parceria inédita no Brasil pretende proporcionar uma experiência olfativa única aos clientes da construtora. Além de perfumar e desodorizar o ambiente, o design diferenciado e a beleza das lamparinas as tornam objetos decorativos. Élégance Ambreé é o nome da fragrância desenvolvida. A essência traz o anis, o rosmaninho e a bergamota como notas principais. “É uma combinação única que, assim como os demais perfumes criados pela Lampe Berger Paris, encantam e surpreendem pela delicadeza e elegância”, valoriza afirma o diretor da marca no Brasil, Sérgio Longato.
Audi Blumenau
Empresa é eleita a melhor concessionária no Brasil A Audi Center Blumenau foi eleita a melhor concessionária da marca alemã no Brasil em 2015. Os superintendentes e membros do conselho do Grupo Breitkopf, Ênio Mário Sardagna e Roberto Breitkopf, receberam o prêmio em São Paulo. A Audi comemora em Santa Catarina três conquistas de 2015: melhor concessionária, melhor equipe pós-vendas e a liderança no mercado Premium. “Apesar do cenário econômico atual do país, a empresa prevê um crescimento em torno de 5% sobre as vendas de 2015”, destaca Sardagna.
E-commerce
mente, comanda a direção criativa da clássicas bases vitorianas, com quatro
design de alta qualidade e consolida-
pés que suportam o tampo de bordas
se cada vez mais no mercado por sua
arredondadas e de dimensão genero-
inovação.
sa.
Todos os anos, o público - lojistas,
Já a Legg tem como principal carac-
jornalistas, profissionais do segmento
terística a esbelteza de linhas suaves
de arquitetura e decoração e aprecia-
que combinam traços ortogonais e or-
dores do bom design - espera ansioso
gânicos. Produzida em metal fundido,
pelas novas criações de Jader Almei-
o desenho celebra a união do minima-
da. A edição de 2016, apresentada
lismo e da elegância à estabilidade e
na mostra Boas Novas, em São Paulo,
resistência.
marcou o lançamento da coleção Mia,
Jader ainda explora o latão oxidado,
composta por cadeiras de jantar com e
banho de ônix, tecidos e técnicas de
sem braços, cadeira para home office e
carbonização em madeira em alguns
poltrona lounge.
produtos. A madeira continua a ser a
Três anos depois de lançar a última
matéria-prima mais característica dos
mesa de jantar - a premiada Bank -, a
trabalhos, ora aparecendo absoluta,
mostra também exibiu duas mesas
ora em harmonia com couro, metal, vi-
inéditas: Lobb e Legg. Com estrutura
dro e outros materiais e acabamentos
de madeira, a primeira faz alusão às
que enriquecem seu portfólio. 27
Mariana Boro/Divulgação/TudoN
Sollos, empresa que produz peças de
Roka entra para o digital São dados difíceis de ignorar. Segundo estudo publicado em janeiro deste ano pelo site E-bit sobre o desempenho do e-commerce brasileiro em 2015, as vendas realizadas nas lojas virtuais no país cresceram 15,3% em comparação com 2014. O faturamento alcançado foi de R$ 41,3 bilhões. O mundo se tornará digital? Só o futuro responderá. Mas as marcas já perceberam que o comportamento de compra veio para ficar, e estão partindo para o campo online, onde a possibilidade de conexão com o cliente é maior do que em uma loja física. Já estava nos planos das empresárias Rosa e Ana Paula Rigon (mãe e filha) lançar a plataforma de vendas da Roka na internet. Há 22 anos no mercado de decoração e design, uma das primeiras lojas do segmento a abrir as portas em Florianópolis, era momento de estender atuação para atuar em todo o Brasil. “Estamos levando o conceito da marca Roka, associada a elegância, estilo de vida e memória afetiva para o digital, ampliando o contato com clientes do Brasil inteiro”, valoriza Rosa. Confira no site www.rokanet.com.br.
Em Santa Rosa de Lima, um dos menores municípios em número de habitantes de Santa Catarina, a criação de peixes é atividade comum em todas as propriedades rurais. O que não fica para ser utilizado pela família segue para a merenda das escolas da cidade e para peixarias da região sul do estado
Cidades
Zahyra Mattar/TudoN
A pesca longe do mar!
A atividade antes vista como secundária ou apenas como uma pequena fonte de renda para muitos agricultores catarinenses começa a tomar a dianteira na economia de muitas famílias e cidades
Apesar de contar com pouco mais de 1% da área territorial
Os valores expressivos são resultados das tecnologias desen-
do Brasil, Santa Catarina é o maior produtor nacional de pesca-
volvidas e difundidas pela Epagri/Cedap, já que Santa Catarina
dos. É destaque tanto na área da aquicultura quanto da pesca.
possui algumas peculiaridades limitantes para a atividade. O frio
Mas é o peixe que vem das cidades onde não há mar que torna
intenso do inverno dificulta e até mesmo inviabiliza a produção
o setor ainda mais relevante para a economia do país, do estado,
de diversas espécies de peixes, principalmente nas regiões mais
das cidades e dos produtores.
altas.
Santa Catarina produziu 40.324 mil toneladas de peixe de
A produção de alevinos fica restrita entre outubro e março,
água doce em 2014. Os números são ‘antigos’. Não existe nada
quando as temperaturas são mais elevadas. Assim, enquanto
tabulado com data mais recente. Mesmo assim, dá para ter uma
outras regiões do país conseguem produzir facilmente duas sa-
dimensão da importância da pesca e da aquicultura para os mu-
fras anuais, em Santa Catarina ocorre apenas uma, normalmen-
nicípios.
te. Mesmo assim, o estado consegue produzir grande variedade
Todos estes peixes saíram de tanques de lugares tradicional-
e quantidade de peixes de água doce. Fica atrás somente de
mente voltados a outros tipos de atividades. Se antes a criação
Rondônia, Mato Grosso, Paraná e Ceará, e permanece à frente
visava gerar uma renda secundária ou terciária às propriedades
de São Paulo.
rurais, agora começa a ter lugar de grande destaque.
O levantamento da Epagri classifica os produtores em duas
O número coloca o estado como o quinto maior produtor
categorias: o amador, que produz por lazer e faz vendas eventu-
do país. Os dados fazem parte do relatório “Desempenho da
ais, e o profissional, que vende de forma sistemática e regular. Os
piscicultura de água doce”, divulgado pelo Centro de Desen-
26.493 piscicultores amadores catarinenses produziram 15.613
volvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap).
toneladas em 2014. Já os 3.433 profissionais foram responsáveis
Representam um crescimento de mais de três mil toneladas em
por 24.709 toneladas. Um giro econômico de R$ 182 milhões.
relação a 2013, quando foram produzidas 36.565 toneladas.
Considerando somente a produção profissional, a região de 28
Produção de peixes de água doce em Santa Catarina Região Joinville Lages Mafra Palmitos Rio do Sul São Joaquim São Lourenço do Oeste São Miguel do Oeste Tubarão Videira Xanxerê Total
Nº de viveiros
Nº de piscicultores 1.757 940 724
4.748 1.798 1.447 3.231 2.917
449 1.518 2.487 1.386 1.076 1.460 29.831
4.504 4.294 1.186 2.441 3.786 2.059 1.298 2.341 49.969
Área alagada (em hectares) 791 853 348 853 1.755 372 473 956 715 476 664 14.886
Total (em quilos) 6.816.949 962.398 578.176 2.037.112 4.651.873 340.230 580.625 2.633.914 4.778.800 659.122 1.554.859 40.111.150
Fonte: Epagri
Joinville foi a campeã, seguida por Tubarão, Rio do Sul, Blume-
Os pesque-pague pagam entre 10% e 15% a mais pelo quilo-
nau, São Miguel do Oeste e Palmitos. Apesar de serem em me-
grama do peixe, por isso ainda são preferência entre os produto-
nor número, os profissionais respondem por 61% do total pro-
res. Mas as indústrias vêm oferecendo cada vez mais vantagens,
duzido, já que empregam tecnologia de ponta. As espécies mais
já que compram peixes menores, o que implica em menos tem-
produzidas são tilápias (66,9%) e carpas (25,5%).
po de cultivo e, consequentemente, menores custos.
O estudo também apurou um indicativo de mudança no mer-
Os industriais também compram todos os peixes de uma só
cado consumidor em 2014. No atual levantamento, foi possível
vez, diferentemente dos pesque-pague, que compram em par-
perceber uma leve tendência dos produtores em entregar os
celas, forçando o produtor a realizar várias despescas anuais, o
peixes para as indústrias e os abatedouros (35%) em detrimen-
que eleva custos e torna difícil a contratação de mão de obra.
to dos pesque-pague (45%), os principais compradores ataca-
Outro fato é o reduzido número de pesque-pagues no estado,
distas. O volume restante (20%) foi entregue para o mercado
em contraposição à indústria, que não tem limite de compra e
local, formado por restaurantes, peixarias e vendas na própria
se queixa de falta de matéria-prima. Cada vez mais frigoríficos
propriedade.
especializados no abate de peixes de água doce se instalam por aqui, tanto de grande como de pequeno porte.
Epagri/Divulgação/TudoN
Muitos esbarram na falta de matéria-prima e acabam encerrando suas atividades ou enfrentando problemas de caixa, o que demonstra o quanto esse mercado ainda tem a crescer.
Os maiores produtores de Santa Catarina* Região
Município
Joinville Joinville Tubarão Tubarão Rio do Sul São Miguel do Oeste Tubarão Canoinhas Joinville Rio do Sul Tubarão Blumenau Joinville
Massaranduba Joinville Armazém Grão Pará Timbó São Miguel do Oeste Rio Fortuna Porto União Schroeder Agrolândia Braço do Norte Blumenau Guaramirim
Produção (kg) 1.822.325 1.106.650 1.072.000 947.550 795.500 756.495 699.600 679.330 603.500 579.490 555.900 553.550 543.250
*Ranking baseado apenas na produção comercial das cidades que ultrapassaram quinhentas toneladas. Fonte: Epagri.
29
Produção da maricultura em 2014
Cidades
Molusco Mexilhões Ostras Vieiras Camarões marinhos Total
Quantidade (kg)
Fonte: Epagri.
17.960.000 3.670.000 30.200 180.410 21.840.610
Epagri/Divulgação/TudoN
A produção comercial de mexilhões, ostras, vieiras e camarões marinhos em Santa Catarina é a maior do país. Somente em 2014, foram retiradas 21.553,6 toneladas destes moluscos do mar catarinense
Estado é o maior produtor nacional de moluscos Até o início de 2016, Santa Catarina era
luscos pelo prazo máximo de 20 anos. Todo
Em ação rápida, todas estas áreas foram
o maior produtor nacional de moluscos.
o processo iniciou em 2004 e foi finalizado
imediatamente interditadas, pois, confor-
Conforme dados do Centro de Desenvol-
no primeiro semestre deste ano.
me o parecer emitido pelos profissionais
vimento em Aquicultura e Pesca da Epagri
O maior desafio dos fazendeiros é am-
do Laboratório de Estudos sobre Algas No-
(Cedap), também de 2014, o estado ha-
biental. A poluição das águas marinhas in-
civas e Ficotoxinas, do Instituto Federal de
via comercializado 21..553,6 toneladas de
terfere na produção. Um exemplo é o que
Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
mexilhões, ostras, vieiras e camarões mari-
ocorreu este ano, quando foi detectada a
Catarina – Ifsc/Campus Itajaí, existe a possi-
nhos. Um aumento de 12,95% em relação
presença da toxina diarréica - DSP (sigla em
bilidade que a contaminação dos moluscos
a 2013.
inglês para Diarrhetic Shellfish Poisoning),
ocorra de forma generalizada e há risco de intoxicação dos consumidores.
A atividade gera um economia bastante
em cultivos da localidade de Caieira da Bar-
atrativa para os municípios - e produtores,
ra do Sul, em Florianópolis. Na sequência,
Não foi a primeira vez que os produtores
claro! - das regiões de Florianópolis, Balne-
o mesmo problema foi confirmado em fa-
catarinenses enfrentaram este tipo de pro-
ário Camboriú, Itajaí e Joinville. O estado
zendas em Enseada do Brito, em Palhoça;
blema. Os últimos episódios de excesso de
também foi o primeiro do país a ter os seus
Ganchos de Fora, em Governador Celso Ra-
DSP no estado ocorreram em 2014, 2008
parques marinhos oficialmente regulariza-
mos; e Laranjeiras, em Balneário Camboriú.
e 2007. As algas crescem, muitas vezes de
Neste mesmo período, foi detectada alta
forma desordenada, por causa da poluição,
dos. Hoje, 826 maricultores artesanais de 12
contagem de algas produtoras da toxina
municípios cultivam em áreas de 10 mil
em localidades de produção de moluscos
Geralmente, as toxinas produzidas pelas
metros quadrados para cada profissional,
em Florianópolis, Palhoça, Governador Cel-
algas desaparecem em alguns dias e não
licitadas pelo Ministério da Pesca e Aquicul-
so Ramos, Bombinhas, Balneário Camboriú
geram grandes prejuízos financeiros para
tura e concedidas aos produtores de mo-
e Penha.
os maricultores. Até porque a produção 30
entre outros fatores.