Capa 26 Maio 2011

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SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

Quinta-feira

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26 de maio de 2011 I ANO LV - N.º 2826

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"Marcha do Aeroporto" marcada para sábado

Continua a luta contra as portagens

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Vila Real de Santo António:

Ocupação do espaço público vai ter novas regras P7

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Atletismo

Taça dos Campeões Europeus em Vila Real de Santo António P 15

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SERRA DO CALDEIRÃO NO EPICENTRO DE CULTURA E LINGUAGEM AVANÇADA

Arqueólogos tentam desvendar escrita com mais de 2500 anos "A mais antiga escrita da Península Ibérica" está escondida na serra algarvia, garantem os arqueólogos que estão a desenvolver o projeto Estela. O estudo pretende descortinar um pouco mais sobre antepassados que viveram na fronteira entre o interior louletano e o concelho de Almodôvar há mais de 2500 anos > SOFIA CAVACO SILVA A Câmara Municipal de Loulé está a financiar o Projeto Estela, que visa aprofundar o conhecimento sobre uma escrita singular, considerada um dos maiores ícones da Idade do Ferro do Sul de Portugal. O projeto está a ser desenvolvido por três arqueólogos que têm vindo a sistematizar e confirmar os dados e objetos relacionados com a Escrita do Sudoeste, cujos epicentros se situam nos concelhos de Loulé e de Almodôvar. Este património arqueológico continua a suscitar dúvidas tanto ao nível da decifração da língua como ao nível do conhecimento sobre a população que a criou e usou. Os especialistas acreditam que estas lajes, designadas por

estelas, e outros objetos que têm vindo a ser identificados nas zonas onde foram encontradas, denunciam a existência de uma população com uma cultura avançada. Há cerca de 2000 anos, o historiador e geógrafo Estrabão referiu-se a um passado remoto e dizia que estas populações “têm fama de ser os mais cultos dos iberos; possuem uma gramática e escritos de antiga memória, poemas e leis em verso”. Uma das particularidades desta escrita é o facto de se concentrar no interior algarvio e não ter grande representação no litoral, que era importante para as trocascomerciaismediterrânicas. Os especialistas sublinham que o mapa que tem vindo a ser construído com base nas estelas encontradas apontam

Pedro Barros recorda relatos de pessoas que falam de pedras que “não se dão conta de ler”

para uma maior concentração junto a importantes cursos de água, que funcionam como pontos-chave no território, como é o caso das ribeiras de Azilheira e Odelouca e em torno das ribeiras do Vascanito e do Vascão. Esta Escrita do Sudoeste é tão complexa que, ainda hoje, embora seja já possível perceber alguns sons inscritos, as informações nelas registadas continuam a ser um mistério . Os estudos apontam para que a Escrita do Sudoeste tenha ocorrido na área do Sudoeste Peninsular, que corres-

ponde hoje à área da Andaluzia, Algarve e Sul do Alentejo. “Aconteceu há mais de 2500 anos e parece ter durado pouco mais do que 500 anos”, explicou um dos arqueólogos responsáveis pelo projeto, Pedro Barros. “Trata-se de um alfabeto simplificado, direta ou indiretamente ligado à origem de muitas escritas antigas, como o grego antigo”, explicou. “Esta adaptação criou algo diferente, adotando os signos que já existiam e o seu valor fonético, e noutros casos inventando-se letras”, prosseguiu. Uma laje de xisto encontra-

da em Castro Verde permitiu perceber que esta escrita está organizada num sistema composto por 19 símbolos associados ao alfabeto fenício e oito símbolos com semelhanças ao alfabeto grego arcaico. “Por fim, existe um conjunto de símbolos inventados para colmatar as necessidades”, explicou o especialista. Outras particularidades desta escrita são, por exemplo, o facto de ser registada da direita para escrita e não ter separação entre palavras. A câmara de Loulé está empenhada no estudo, no qual se vislumbram potencialida-

des na área da preservação deste património, e que pode impulsionar projetos de desenvolvimento do interior do concelho com interesse turístico. O projeto vai estar em curso até 2013 e os arqueólogos querem avançar com escavações. Importa referir que a autarquia de Almodôvar já conta com um Museu da Escrita do Sudoeste desde 2007. Desde a passada semana, o Museu Municipal de Arqueologia de Loulé está a expor uma epígrafe de Corte Pinheiro, que já esteve exposta no Museu da Escrita do Sudoeste.

Principal entrada de Albufeira renovada Durante os últimos três anos, homens e máquinas trabalharam quase sem parar para dar a Albufeira uma imagem moderna. Uma das obras mais emblemáticas desta revolução urbanística é a requalificação do principal acesso à cidade, que foi inaugurada no passado sábado. A requalificação desta via inclui a criação de duas faixas de rodagem em cada sentido e espaços verdes entre o parque de campismo e a cidade. A intervenção, que se estende por cerca de um quilómetro, vem dar "um aspeto renovado" à entrada de Albufeira, salienta a autarquia. A requalificação incluiu uma ciclovia, passeios,

zonas de lazer e parque de merendas, bem como um edifício de apoio ao turismo. "Esta é uma das intervenções mais significativas, quer pelo montante investido quer pelos melhoramentos obtidos", afirmou o presidente da câmara de Albufeira, Desidério Silva. "São perto de sete milhões de euros que vieram dotar a cidade de melhores condições de circulação rodoviário e pedonal e, consequentemente, contribuir para o aumento da qualidade de vida da população", acrescentou o autarca. N.C.

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