Ja Magazine Agosto 2012

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M AG A Z I N E PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO N.º 2892 DE 30 DE AGOSTO DE 2012 DO JORNAL DO ALGARVE E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

O copejo do atum



3 Festas de Vila Real de Santo António decorrem até domingo Este ano há espetáculos musicais e tasquinhas na Avenida da República. Os festejos incluem, ainda, um torneio de futebol, bem como a habitual competição do pau-de-sebo e a regata de barcos a remos no Guadiana

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ila Real de Santo António celebra o dia da sua padroeira, Nossa Senhora da Encarnação, no próximo domingo, dia 2, mas os festejos começaram ontem e prolongam-se até ao fim de semana. Até ao ano passado as festas resumiamse a apenas um dia, mas este ano incluem uma componente gastronómica, com tasquinhas, e também de animação musical, na Avenida da República, em frente à Capitania, diariamente a partir das 18h00 e até às 02h00. A música estará a cargo de grupos locais. Os Allmariados foram os primeiros a subir ao palco, ontem, quarta-feira. Hoje é a vez de Zé Aníbal e amanhã atua o Duo Reflexo. Para sábado está agendada a atuação de Ivete Mangalho & Rolinhas e no domingo, dia principal da festa, a música será garantida pelos vila-realenses Vide Versus. Os espetáculos

começam, sempre, às 22h00. O programa de sábado inclui, ainda, um torneio internacional de futebol com equipas de veteranos, que decorrerá no Campo Francisco Gomes Socorro, entre as 09h30 e as 18h30. A competição é organizada pelo Lusitano FC e, além da equipa local, será disputada por Olhanense, Ayamonte e Ourique. Ás 19h00 realiza-se a missa vespertina. No domingo, além das missas (09h00 e 17h00) e da procisão (18h00), a manhã será preenchida com a habitual competição do jogo tradicional do pau-de-sebo (10h30), bem como com a corrida de barcos a remos no rio Guadiana (11h30). Estes dois eventos são organizados, como habitualmente, pela Associação de Pescadores Santo António de Arenilha. As festas encerram logo após o concerto dos Vide Versos, com um espetáculo de fogo de artifício.

Vila Real de Santo António

Pintura e documentários no Encontro de Cultura Cubana Evento começou na passada quinta-feira e decorre até amanhã, sexta-feira

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hama-se “Horizontes” e é a exposição de pintura integrada no Encontro de Cultura Cubana, que ainda pode ser visitada no Arquivo Histórico Municial de Vila Real de Santo António. A mostra inclui obras do cubano Enrique Ávila e do português Eurico Borges, que residiu em Cuba durante vários anos. O pintor, escultor e desenhador Enrique Ávila Gonzalez nasceu em 1952 em Holguín, Cuba. Estudou na Escola Províncial de Artes Plásticas da sua cidade natal e, posteriormente, na Escola Nacional de Arte de Havana. Eurico Borges nasceu em Chaves, em 1950, e realizou a sua primeira exposição individual aos 22 anos. Depois de passagens por França, na década de 1960, Holanda e Alemanha, regressou a Portugal em eados da década de 1980. Posteriormente instalou o seu estúdio para Espanha e, depois, em Cuba.

Este Encontro de Cultura Cubana começou na passada quinta-feira, com uma sessão que decorreu nos Paços do Concelho e que contou com a presença do primeiro secretário da embaixada de Cuba, bem como de Erasmo Lascano, vice-presidente da Associação Cultural José Marti, sediada em Havana. Ao longo da semana, e além da referida exposição, o Arquivo Histórico Municipal acolheu a projeção de diversos filmes e documentários cubanos. Hoje, quinta-feira, a partir das 18h30, serão projetadosos dois últimos documentários cubanos integrados no Encontro de Cultura Cubana: “Sincrónica” e “Sentir Cuba”. A sessão de encerramento do evento terá lugar amanhã, sexta-feira, a partir das 18h00, também no Arquivo Histórico Municipal, numa cerimónia que contará com a presença do embaixador de Cuba em Portugal.

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Dias Medievais em Castro Marim

Viagem à Idade Média C

astro Marim voltou a recuar até à Idade Média durante os seus Dias Medievais. Ao longo de quatro dias, aquela vila do sotavento algarvio recebeu milhares de visitantes que não quiseram perder pitada daquela que é já uma das mais importantes festas históricas do país. Mais uma vez, os espanhóis voltaram a marcar presença em grande número. A estes juntara-se os milhares de algarvios, bem como os turis-

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tas que escolheram a região para as suas férias. É que quem não viu quer ver e quem já viu não perde a oportunidade de repetir. Torneios medievais, gastronomia, desfiles, música medieval e espetáculos repletos de luz e cor voltaram a ser os principais ingredientes de uma festa que representa uma autêntica viagem no tempo.



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De "copo’s" no Barril Í

amos assistir a um copejo de atum. Uma ação rotineira no sotavento marítimo algarvio até 1972, que depois de um longo interregno, voltou à nossa costa no início do IIIº milénio, graças à instalação de uma armação de uma empresa nipónica sedeada em Olhão, à qual se juntaram este ano mais duas (Barril e Cabo de Stª Maria) pertencentes a uma sociedade com sede em VRSAntónio. Num dia deste mês de Agosto, zarpámos às 07h15 com rumo à barra do Guadiana com norte fresco de feição. Fora de barra, dezenas de embarcações dedicavam-se à pesca de bivalves e vários mariscadores, nos baixios do lado de Espanha, com a água ao pescoço, movimentavam os arrastos da apanha de conquilhas. Deixado para trás o Guadiana, o capitão José Fernando de Brito aumentou o ritmo dos dois “penta”, impondo á embarcação uma velocidade de 13 nós. O rumo era 240º (Sudoeste) com o fim de alcançarmos o nosso objetivo, no ponto 37º 02’ 48,586” N / 07º 38’ 38,798” W. Naquele ponto encontrava-se a boia luminosa “Barril 3” que limita o vértice nordeste do quadrilátero da Armação do Barril, que ocupa uma área com cerca de meia milha de lado e é interdita à navegação. Navegámos com vento moderado de Norte batendo de través no nosso estibordo, acompanhados por vários cardumes de golfinhos dedicados à caça (prova da despoluição das nossas águas costeiras), e percorremos as 14 milhas que separam a nossa atracação no porto de VRSA do objetivo final em cerca de hora e meia. A norte, a poucas milhas de nós, via-se claramente o branco casario das Pedras d’el-Rei e para sudoeste a cor laranja das boias de fixação da armação estendia-se à nossa frente, numa enorme área, quase a perder de vista, lembrando de longe, um estival campo de tulipas num polder holandês. Juntos à boia, fomos autorizados pelo armador a entrar no perímetro da armação e

colocámo-nos num local “de tribuna”, junto a um dos lados do “copo” (*). A nossa posição privilegiada “no terreno” teve um só senão: Ficámos com o sol de frente, o que prejudicou de alguma forma “os fotógrafos”. Quando chegámos, os “almadrabeiros” (trabalhadores das armações – almadrabas em espanhol) já estavam operativos. As embarcações afetas à armação haviam já iniciado as complexas operações que antecedem o copejo. O vento norte tinha caído e o mar apresentava-se chão (havia o chamado “mar de almirante”), contribuindo para que toda a faina decorresse com normalidade. Entretanto, vários cardumes de golfinhos caçavam descaradamente rente às boias da armação, onde os cardumes de cavalas buscam o alimento que se reproduz e cresce agarrado às redes. Uma das embarcações, dentro da “piscina” (**), com a ajuda de quatro mergulhadores, começara a “empurrar” os atuns para dentro do copo. O capitão Mori (mandador da armação), a bordo do “Nagasaka” (“navio almirante”), dirigia as delicadas operações (vê-lo no comando, trouxe-me à memória imagens do almirante Isoroku Yamamoto, o estratega do ataque nipónico a Pearl Harbor - 7/XII/1941 -, que viria a originar a entrada dos EUA na 2ª guerra mundial), fazendo chegar as suas “ordens de paz” aos “seus soldados”, sobrepondo-se aos gritos de: “cerra o cabo”, “caça a rede”, “larga a boia”, etc. A intenção era encaminhar um número pré-estabelecido de atuns, de acordo com a solicitação daquele dia do mercado, isto porque na “piscina” encontravam-se muito mais exemplares do que os necessários para aquela jornada. A água estava transparente e de cor azul intenso. Entretanto a tripulação que se encontrava nas embarcações que rodeavam o “copo”, aguardava com impaciente espectativa o momento de entrar em ação. Ao redor da embarcação que operava na “piscina”, juntamente

com o borbulhar do equipamento de respiração dos mergulhadores, a superfície da água começou redemoinhar. Aqueles vórtices eram provocados pelos atuns que começavam a sentir-se encurralados. Depois a água começou a ser sulcada pelas primeiras barbatanas dorsais, que traçavam, vertiginosamente, círculos cada vez mais apertados. No “copo” apareceram as silhuetas dos primeiros atuns, sulcando com rapidez, a poucos metros da superfície. Na boca do “copo”, os mergulhadores contavam os exemplares que entravam e quando o Capitão Mori considerou oportuno, mandou cessar a operação, fechando-se a porta do “copo”, cortando a saída aos que tinham penetrado e deixando regressar “livres” á piscina, todos aqueles atuns, que tinham sido empurrados até à abertura “da câmara do sacrifício”, agraciados naquele dia e não sabemos até quando. Foram então chamados a atuar os homens encarregados do “copo” que iniciaram a recolha da rede, no meio de gritos de incitamento, por parte de todos os presentes. A missão daqueles homens era recolher a rede, deixando os atuns com menos água possível, de modo a serem “sacrificados” e içados para bordo do “Nagazaka”. É esta a fase mais espetacular de toda a operação. Os atuns, cada vez com menos espaço de manobra, “marrando” na rede que os aprisionava, ou uns nos outros, batiam incessantemente as caudas, agitando o mar e salpicando tudo em seu redor. Era fascinante ver aqueles gigantes do mar, alguns com mais de duzentos e cinquenta quilos (como se verificaria depois à pesagem), debaterem-se, procurando fugir a uma morte certa. Quando os primeiros atuns, exaustos, começaram a perder as forças, o capitão Mori, tal como um “césar” num Coliseu do século XXI, deu a ordem para que iniciasse o “sacrifício” (só faltou cerrar o punho, com o polegar

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para baixo), e vários pescadores, munidos de punções, tal como gladiadores da era moderna, saltaram para a arena – perdão… para a água -, incitados pelo “plebe ávida de assistir ao sacrifício”, faltando só ouvir os sacrificados gritar: «ave Caesar morituri te salutant». Os almadrabeiros, dentro do “copo”, atuavam pondo em risco a sua incolumidade, ao ficarem no meio de uns gigantescos seres, que se moviam e agitavam furiosamente as suas potentes caudas podendo atingi-los com uma violenta “sapatada”. Cada pescador, escolhendo um atum agonizante, espetava-lhe na cabeça o punção, atingindo-lhe o cérebro e dando-lhe morte imediata, evitando-lhe uma atroz agonia. Depois do atum morto, o almadrabeiro inseria-lhe uma faca junto à guelra, fazendo-o dessangrar. Os atuns eram então atados pela cauda e içados para bordo, de dois em dois. O guincho, que tem pendurada uma báscula eletrónica, permite ao observador do ICCAT (International Comission for de Conservation of Atlantic Tuna) presente, controlar a tonelagem do peixe sacrificado (uma das pesadas de dois atuns registou 540 quilos). Os atuns, depois de depositados no convés do “Nagazaka”, são, também, medidos pelo observador, antes de serem, finalmente, depositados com gelo no porão. Sendo o “Rabilho/atum vermelho” (Thunnus thynnus) considerada uma espécie em vias de extinção, o ICCAT estabelece quotas de pesca para os diversos países pescadores, e controla com rigor as suas capturas, tendo sido atribuída a Portugal uma quota de 227 toneladas para este ano. Isto significa que, tal como aconteceu já este ano à Espanha, quando um país atingir a sua quota (matando o número de toneladas previsto, porque é o número de peixes mortos que conta para a quota), mesmo que na “piscina” ainda se encontrem muitos atuns aprisionados, estes têm que ser todos libertados (a ação de soltar animais vivos


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e saudáveis é uma das característica da pesca sustentável). Os 42 atuns sacrificados, atingiram uma média de 147 quilos, tendo um só exemplar pesado 283 quilos. No entanto, os atuns capturados, apresentavam-se magros, como é normal que aconteça neste período do ano, quando eles regressam do Mediterrâneo, depois de terem desovado (procriado), e se dirigem para a “sua moradia” invernal no Atlântico Norte. Ali, até á próxima Primavera, eles recuperam forças e peso, nutrindo-se dos enormes bancos de cavalas e arenques que abundam naquelas águas frias e ricas de plâncton. No próximo ano, reiniciarão de novo a sua viagem de milhares de milhas, até alcançarem de novo, ou pela primeira vez, a sua maternidade (o Mediterrâneo), onde protagonizarão uma nova postura e/ou fecundação, que dará vida a novos exemplares. Um dos atuns capturados trazia, saindo da boca, uma linha (um nylon) de pesca com um par de metros de comprimento, sinal de que se havia libertado de uma linha de pesca, para cair posteriormente, ingloriamente, na ratoeira da armação. Quando o proprietário daquela linha contar aos amigos que se lhe escapou um peixe com mais de duzentos quilos, neste caso, eles podem acreditar, porque é verdade… E aqueles 42 gigantes do Atlântico, algumas horas depois, encontrar-se-iam estendidos nalguma bancada de algum mercado de abastos espanhol, para gáudio da gastronomia de nuestros hermanos. Terminado o copejo, deixámos os pescadores nas tarefas de rearmar a “ratoeira” e deixá-la em condições de voltar a operar, sempre que as exigências do mercado o ordene e nós pusemos rumo a casa, com nortada rija de través por bombordo, a uma velocidade de 13 nós e com rumo 90º (Nordeste). Uma cerveja gelada e uma bifana do Mestre Abílio, “tiraram-nos o sal da garganta” e tornaram-nos o regresso mais curto… Cerca das 13h00 estávamos atracados e com os olhos cheios de imagens emotivas e inédi-

tas, que nos tinha proporcionado aquela jornada inesquecível. Por ela, temos que agradecer a Administração da CPA-Atunara, SA com sede em VRSAntónio, proprietária da Armação do Barril e representada no local do copejo pelo nosso Amigo e anfitrião Miguel Socorro, ao Capitão Mori, a todos os seus colaboradores, com destaque para o Mestre Carlos, e ao Capitão José Fernando de Brito pela viagem que nos proporcionou no seu magnífico “TIANA” (Benetau de 10 mt, com dois propulsores de 300HP cada). De destacar a grande perícia demonstrada pelo timoneiro, quando das manobras de aproximação e atracação ao finger da A.N.G. Operação sempre difícil mesmo com bonança e agravada naquele dia, pela nortada que se fazia sentir no rio. Nesta viagem, de uma coisa fiquei certo: Continua, felizmente, a haver atum e voltou felizmente a pescar-se na costa do sotavento algarvio. Quanto a ele, o ATUM, este maravilhoso animal, que se diz em risco de extinção - que muitos estudos atuais têm tendência a desmentir -, e ao qual muitos de nós estamos ligados geracionalmente, que dizer?... «…A Universidade de Yale certificou que no Universo há vários milhões de planetas com características idênticas às da Terra. Resta-nos a esperança que haja no Espaço, algum outro oceano virgem, cheio de atuns vermelhos aguardando para serem pescados e transformados em sushi no Japão, mechao em Espanha, tonnato ou carpaccio em Itália e em bifes de cebolada, em estupeta ou em muxama “cá na nossa casa”…» (*) Copo: local do “sacrifício”. Câmara onde os atuns são mortos e de onde são içados para a embarcação de transporte. (**) Piscina: jaula composta por quatro redes verticais, formando um extenso retângulo, que serve de antecâmara, onde os atuns são mantidos em cativeiro até passarem ao “copo” e onde podem, eventualmente, ser alimentados para engorda. Post Scriptum: À hora de enviar esta crónica para o “JA”, uma discrepância na interpreta-

ção da Lei comunitária que regulamenta as quotas, poderá levar, se a situação não se esclarecer, a que o armador seja obrigado a soltar cerca de 700 atuns encerrados na piscina da Armação do Barril, com um prejuízo larga-

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mente superior a um milhão de euro para a Empresa e consequentemente para a economia nacional. Luigi Rolla lgbrolla@gmail.com


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Teodomiro Neto

Manuel Madeira

Na Quinta Essência Poética D

e 2004 a 2011 vem o poeta produzindo, em fecundidade, cinco títulos que estavam guardados nas gavetas do tempo, e abrindo-as ao octogésimo da sua idade. Ainda, como o sábio povo vem repetindo: está como o vinho do Porto: E assim é, pronto a ser servido em taça de sabedoria. Desde, No Encalço do Real Inalcançável (2004), Um Pouco do Infinito em Toda a parte (2007), Cartas Poéticas de António Ramos Rosa a Manuel Madeira (2007), À Descoberta das Causas no Sortilégio dos Efeitos (2009), Simbiose Telúrica de Fragmentos do Ser, vão cinco essências poéticas que o registo do tempo revisitará, nesta obra, diria, pela recherche da palavra; isso mesmo, no classicismo da poética algarvia,dado que a classificação de regional, torna-se em sentido menor. O engano que persiste, quanto em auto confrangimento... Dizia: o livro publicado em 2004 é preenchido em anos que vão de 1949 a 2004; são 55 anos que o poeta Manuel Madeira foi registando para o tempo maduro: ”Trabalho com palavras que não inventei/como se fossem tintas que depois de aplicadas/parecem que fui eu o autor da mistura”. Regressando ao tempo, e no que há para dizer, no que a contra capa do livro de 2004 informa. Manuel Madeira foi, nesse itinerário de vida, desde o berço (Messines), residências : Faro, Olhão, Lisboa, País fora na maturação,ou seja de 1924 aos dias de todo o seu viver marcado por um abismo de dores, como tantos, na maioria dos portugueses do seu tempo. Não iremos ressuscitar cadáveres. Sim, lembrar, na poesia de M.M. as homenagens aos seus admirados: Vicente Campinas, Lorca, Neruda, Pessoa, Maria de Olhão, etc: esses operários das letras, esses tipógrafos que, em palavras de chumbo, construíram metáforas que não se quiseram abstractas, mas no domínio das ideias: qui peuvent devenir rencontre et communion, dialogue de la peau qui se reconnait et se comprend sous les paroles, poésie du toucher primordial, signe de l’amitié entre les hommes (1) A arte poética do meu conterrâneo obedece a uma concepção arquitectónica de grande suficiência contra a artificialidade e inverosimilhança. Palavras de muitas interpretações propostas nesse sentido e numa abordagem simultânea e flexível, que incide na estética, tanto no que diz respeito à sua urdidura como no efeito que provoca em quem o lê ou o ouve; por que M.M. não nos dá azia intelectual, pelo equilíbrio da prodigalidade, pela finura da análise. O poeta que homenageia os Homens e Mulheres que tem que homenagear, juntando-os como Homero juntou a família da antiga Hélade: o velho Leartes, o filho Ulisses, o neto Telémaco, a mãe Penélope, numa Odisseia de heróis, não nas ilhas da antiga civilização, mas um pouco pelo universo dessas cumplicidades milenares. Manuel Madeira leva-me ao estudo da sua poesia numa profundidade que por vezes não alcanço; atrapalho-me com os tratados do físico James Chadwik, o Nóbel da física (1935), assim

me levando à Transparência do Oculto, à génese da poesia: “A poesia não é só um estado de espirito/que a intuição ausculta em meditação secreta/(...) Porque ela é o reflexo da vida e seu prolongamento./Que o diga Camões, Antero, Pessoa e outros que nos acompanham/ Enquanto existir a língua portuguesa“. Podemos acrescentar António Vieira e Manuel Teixeira Gomes, um imperador, outro príncipe da língua portuguesa. Assim nessa realeza têm vindo, desde os séculos XVI, XVII, XIX e XX/XXI. E sempre nessa linha de homem culto europeu segue o ensinamento do filósofo austríaco, Ludwig Wittgenstein: “Sei que os limites da minha linguagem/são os limites do meu mundo. E da mesma maneira o poeta convida a sua gente, os amigos da sua admiração e do coração, junto à lareira da sua intimidade, com que Natércia ateia. E nesse serão de intimidade, de valores afectivos, em linguagem e sociedade, a concepção da língua como instrumento de comunicação, convida Francisco Fernandes Lopes: Ainda és grande demais para caber nesta terra (de Olhão); Carlos Domingues, nessa conversa de Darwin: Não tem sido fácil não a tua caminhada/de alguns milhões de anos ao longo do percurso/que verdadeiramente não teve um princípio visível/nem tem um fim à vista ainda que latente/à imagem do que acontece entre nascer e morrer/que tal é a cadeia desencadeada em série. António Simões Junior está no espelho dos olhos do poeta: Os seus olhos negros de ameixa reluzentes/guiam os seus passos seguros nas areias movediças /Sabe que os ouvidos do falcão ou da Pide espreitam/e por isso se esconde na sombra do silêncio/que ele projecta para se proteger. Maria Odete Leonardo da Fonseca (a Maria de Olhão), a Mãe Coragem de tantos filhos rejeitados: Hoje está connosco porque estamos com ela/para que

ela ajude a desbravar o tempo. O clínico Varela Pires, nessa admiração pelo poeta de “Simbiose Telúrica de Fragmentos do Ser”, e em prefácio do mesmo livro, esse fascínio humano e a lealdade em pessoa: Neste evocar, vinca o exemplo de todos eles, desta gente que foi escol de cultura e coragem, figuras que o poeta enaltece com solenidade, valores humanos que sempre nos deslumbraram, pessoas que merecem ser memória de um povo. Informa o poeta essa necessidade em mergulhar na Europa, nos anos em que Portugal estava agrilhoado. E desde Pompeia afogada na lava do Vesúvio, passa por Londres, Roterdão, Hamburgo, Veneza, Atenas. Faz-se repórter, revive os tempos, as mutações. E eu, nessas minhas incursões no reino da Sicília, o antigo celeiro romano, terra de oliveiras e amendoeiras; da sardinha e do atum, das quentes cidades ocres de Palermo, Raguna, Tapani, a Siracusa das águas que se casam no Jónio ao Mediterrâneo. É em Siracusa que encontro o poeta, natural, Demócrito (século V a.C.) e lho apresento ao Manuel, nas minhas palavras de literatura e reflexão que anualmente colaboro nesse berço da cultura europeia Porquê Demócrito versus Madeira? vae mihi! Por que não? Ambos, à distância de 26 séculos se assemelham nas suas reflexões na fruição da estética, no mais belo, no nosso modo de olhar. Os maiores deleites provêm da contemplação de obras belas. A poesia democritiana,assim chamada, do natural de Siracusa, é a liberdade do homem interior, desligado de todo o impedimento, para se voltar, em abertura receptiva e tranquila para o ser. O poema Cípris (a deusa da sexualidade), em que o poeta de Siracusa se destaca por ser um dos primeiros cultores do verso iâmbico da poesia invectiva e erótica: De novo. sob pálpe-

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bras azuis/com seus lânguidos olhos, Eros me contempla/e com toda a espécie de encanto/ lança-me para as malhas de Cípris. O platónico e o real confundem-se em textos de grande intensidade, nos poetas de Siracusa e de Messines: No poema “As Tuas Mãos”, in Simbiose Telúrica de Fragmentos do Ser., há, aqui, um desenvolvimento secreto, porque o seu ser é uma descoberta natural, transfigurada por um secreto lirismo cósmico amoroso, no qual se persegue uma espécie de unidade que é a do conhecimento místico e a do amor, nas metamorfoses do indivíduo: É através de impulsos prolongados e lentos/que sondam pelos dedos todo o nosso corpo/como os ultra-sons auscultam o inaudível/percorrendo o espaço do zero ao infinito/para sentir no âmago o que a superfície oculta, assim eu estou sentindo agora os teus seios pulsarem/nas pontas dos meus dedos ao acariciá-los/fazendo-os florir e empinar à força de beijá-los/convertendo em sensação ardente o que foi o desejo/produzido por ambos para em comum sentirmos/este prazer sem fim, que ainda não tem nome. As Cartas poéticas entre António Ramos Rosa e Manuel Madeira- 2007, é uma epistolografia fraterna. 47 dias os separam no nascimento: Messines/Faro. Manuel nasceu a 21 de Agosto de 1924 - António a 17 de Outubro do mesmo ano; é um cordão de cerca 50 quilómetros que os une. Estiveram no encontro de Bela-Mandil, na Primavera de 1947, aos 23 anos, frente às metralhadoras dos esbirros e conduzidos à prisão, pela palavra Liberdade. Viveram o Grito Claro, por Faro, na Primavera de 1958. Gémeos do pensamento poético, vivem as Palavras. Primeira Carta de Manuel a António: Serenas mas ávidas são as palavras que evocam as horas /vazias de sentido como tudo na vida/e que nós rejubilantes enchíamos/com a sôfrega inquietitude da nossa juvenil exaltação. Última Carta de António a Manuel: Se não existissem as palavras/e é plausível que nem sempre tenham existido/poderíamos tentar imitar a natureza/anterior e talvez posterior/a nós próprios/pintando ou desenhando os gestos e os desejos/também eles mais velhos do que elas. Neste despique de poetas do Al Gharb em que as “Cartas Poéticas” de António para Manuel e vice-versa, fazem reviver o início do 2.º milénio (iniciado no século XI ), entre os nossos poetas, da grande poesia algarvia. São 134 cartas, no total de 67 cada, em que cada qual se revê, como num espelho, a poética filosófica, como um lição perene de Sócrates a Platão, numa virilidade construída, ou desejada, entre Al-Mu’Tamid e Ibn’Ammar 2). Teodomiro Neto 1)“Pablo Neruda- Résidence sur la Terre” Conferência “Maison de la Culture” 1972 Saint-Etienne, Teodomiro Neto 2) “Cartas Poéticas” trocadas entre Ramos Rosa e Manuel Madeira. JA-Magazine-Novembro 2007 - T.N.


9 Alcoutim prepara-se para as festas anuais Marco Paulo, Bandit Beatles e Mercado Negro são os cabeças de cartaz em termos de animação musical

A

s tradicionais Festas de Alcoutim decorrem este ano entre os dias 14 e 16 de setembro. Serão menos dias do que foi habitual ao longo dos últimos anos, mas mantém-se a aposta na música, nos jogos tradicionais, na animação noturna, bem como na Feira de Sabores, que decorrerá paralelamente. A manhã do dia 14 será preenchida pela sessão solene do Dia do Município. A partir das 19h00 realiza-se o desfile etnográfico, com animação, seguido do Baile à Antiga, com a banda Top Som (22h00). Á meia noite sobe ao palco Marco Paulo, cujo concerto antecipa o espetáculo de fogo de artifício. A animação prosseguirá até ao amanhecer, com a banda Top Som (01h30) e com o DJ FM (04h00). Ás 08h00 da manhã haverá o tradicional cacau no rio, que se repete ao longo dos três dias. O dia 15 será dedicado a Espanha. Ás 17h00 realiza-se um jogo de futebol que irá colocar frente a frente a equipa de Alcoutim e a da localidade espanhola de Sanlúcar do Guadiana. A partir das 18h00 haverá animação de rua com Cottas Club Jazz Band e às 19h00 começa a animação na Praça, primeiro com Sevilhanas de Alcoutim e depois com a atuação do grupo Sajuca Paella. Os Top Som regressam neste dia, às 22h00, para mais um

Marco Paulo atua no dia 14 e Bandit Beatles no dia seguinte, pelas 00h00

Baile à Antiga, seguindo-se, à meia noite, o concerto dos Bandit Beatles, banda de tributo aos Beatles. A denominada Discoteca no Cais, mais uma vez a partir das 04h00, contará nesta noite com a atuação do DJ “Funkyou2”. O dia 16, último dia das festas, será dedicado à Juventude. As atividades começam às

16h00 com travessia do Guadiana a nado, seguindo-se a apanha do pato (16h30) e o paude-sebo (17h00). Ao final da tarde, a animação na Praça será garantida pela Grab it Band, a partir das 19h00, enquanto a animação de rua estará a cargo de Cottas Club Jazz Band. Ás 22h00 regressa o Baile à Antiga com os

Top Som. Os Mercado Negro sobem ao palco às 23h00, seguindo-se mais um espetáculo de fogo de artifício. Os Top Som regressam com mais um baile que começa logo a seguir ao espetáculo de pirotecnia. O DJ Piress animará a madrugada até à hora do cacau no rio, que neste último dia começa às 06h00 da manhã.

Alcoutim

"Dr. Pepo" recupera serões da aldeia Na última semana, na aldeia do Pereiro, concelho de Alcoutim, quase uma centena de pessoas assistiram ao teatro de marionetas com a peça “Auto do Curandeiro”, do algarvio António Aleixo. A peça foi representada pelo médico reformado conhecido por “Dr. José Pepo”, que com o seu sotaque alentejano e a sua simplicidade e espontaneidade, captou a atenção e a simpatia dos pereirenses. A segunda parte do espetáculo, que era suposto ser um concerto de acordeão clássico, originou um baile de acordeão à antiga que durou até “ás tantas” e fez recordar “os velhos tempos”. O “Dr. José Pepo”, de um modo voluntário e a convite da autarquia de Alcoutim, continuará a sua digressão pelas várias povoações do concelho.

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Música I Cinema

10 Fernando Proença

LITERATURA INCLUSA

Trinta e Quatro (continuação) Não sei se os meus amigos o têm presente, se estão lembrados ou sequer minimamente inteirados da natureza do meu texto anterior em que constava no seu início: “a pedido de várias famílias pobres e necessitadas, foi conduzido o próprio autor - imbuído de um notável espírito ecuménico – a tentar resolver os problemas levantados por anos e anos de artigos tolos e descontextualizados, feitos a partir de discos obtusos e esdrúxulos. E de que forma o tentou? Tentou, pensando na hipótese de abrir mais um corredor de conhecimento sob a forma de curso inferior de 4 cadeiras, para ser feito numa tarde (entre o almoço e o lanche)”. Pois foi assim, sem tirar nem pôr que o Fernando Proença (obrigado a todos os futebolistas, pelas entrevistas dadas em jornais e TV, falando sobre eles próprios na terceira pessoa), introduziu um novo curso chamado: Curso Inferior de Músicas, outros sons deste mundo e do outro e similares (Região do Algarve). Duração – Três horas. Objectivos - Formar cidadãos na área da literacia musical, estendendo o conceito de musical até ao toque das campainhas de prédios. Disciplinas e respectivo corpo teórico; algumas considerações – Primeiros quinze minutos – “Música Portuguesa – subsídios para um seu estudo” – Enquadramento teórico e apresentação

dos objectivos – Já totalmente explanado no número anterior assim como o seu processo de avaliação. - Segundos quinze minutos – “Pode a boa música ser má e vice – versa ?” – Neste espaço de tempo pode-se aprender a ser capaz de discutir se a música boa é sempre boa e a má sempre má. Tudo isto visto na minha horrorosa e parcial perspectiva. O que se pretende aqui é dizer que a música deve ser discutida apaixonadamente, o que proporcionará à pessoa em causa a capacidade de relativizar qualidade técnica e bom gosto, que habitualmente se encontram mancomunados no sentido de nos baralhar o sentido. Servirá de base de estudo e investigação entre outros sons e músicas, parte do programa, Hotel Babilónia de Pedro Rolo Duarte e João Gobern, dedicado aos interpretes que musicaram textos e poesia de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos (transmitido no Sábado, dezoito de Agosto na Antena 1 da RDP. Quando se entrevistam músicos e lhes perguntam, por que nem sempre é fácil encher espaço: “Nos momentos em que escreve uma canção o que faz primeiro, a música ou a letra?”. Nesta situação ouvem-se a três respostas da praxe, que passo a mostrar: a) Fazemos a letra e a música ao mesmo tempo. b) Primeiro faço a música e depois vou tentando arranjar as palavras. c) Começamos com um poema, por que damos muita importância à letra, depois trabalhamos a melodia; gravamos e no fim colocamos os arranjos. Foram vários casos como estes que passaram no citado Hotel Babilónia. Portugueses e brasileiros a musicarem textos de Fernando Pessoa. O que se ouviu, ajuda a explicar que nem sempre uma boa letra faz uma boa canção. Haverá sempre quem venha dizer, quem é você meu caro?, justifique porque diz isso, ou,

uma enormidade tão grande nunca tinha ouvido. Isso não é uma opinião, é uma pouca vergonha. Rendo-me muito provavelmente, mesmo assim vou manter o que escrevi. Na voz de alguns, mais ou menos monstros mais ou menos sagrados (portugueses e brasileiros), a maioria do que ouvi era pífia, mazinha dando a mesma sensação que sinto quando ouço um qualquer dos últimos discos de Sérgio Godinho que à força de pôr tudo o que escreve em música. Fica-me a parecer a picareta musical falante E o que conta para Fernando Pessoa, serve para Camões e o que mais for. O meu amigo da cadeira de trás, lembra-me o “Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades” de José Mário Branco? De alguns fados de Amália? Já deve ter ouvido falar das excepções que confirmam a regra? Fez isso como trabalho de casa? Óptimo! O José Luís Peixoto e os Moonspell? Não contam: letra e música são más. O que também é interessante neste caso vertente é que com o mesmo material podemos aspirar a outro tipo de discussões, que se subentendem do nome da disciplina? Pode a música boa ser má? E o contrário? Voltemos à poesia de Fernando Pessoa e Álvaro de Campos que sustentam no caso vertente, música. O que se ouve, a voz, a melodia os fatais arranjos, são, posso dizer irrepreensíveis no bom gosto (em grande parte dos casos tocava-se uma guitarra portuguesa, bonita por si, mas que no caso vertente me dá azia?). O mais politicamente correcto possível. No entanto o conjunto parece-me atamancado e forçado em noventa e cinco por cento dos casos. Será então uma armadilha e um condicionante; em boa verdade ninguém poderá dizer que ali está mão pimba e isso altera sempre o modo como ouvimos e colocamos uma músico na nossa escala

Apontamento de Vídeo Exército Vermelho unido "Koji Wakamatsu, o infant terrible do cimena japonês debruça-se sobre o incidente de Asma Sanso, o famoso sequestro ocorrido no Japão em 1972 - transmitido em directo pelas televisões nipónicas durante mais de 10 horas. Através desta ficção documental em três actos o cineasta ilustra a radicalização das universidades nipónicas nos anos 1960, ao mesmo tempo que no mundo se sucediam eventos marcantes: o assassinato de Martin Luther King, nos E.U.A., o massacre de estudantes pelo exército, no México a invasão da Che-

coslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia, o Maio de 68, em França...". Uma obra violenta, por vezes radical, que ilustra toda a história do Exército Vermelho Unido. Um filme a não perder. Realização: Koji Wakamatsu. Vozes: Maki Sakai, Go Jibiki, Sima Onishi, entre outros. Distribuição: Clap Filmes Vítor Cardoso

JORNAL DO ALGARVE MAGAZINE - AGOSTO/2012

de valor. Mas podemos pensar que o que ouvimos é mau apesar de parecer ser bom. Como se a música (roupa), se mostrasse desgraciosamente num corpo (letra) que pede outra roupagem ou mesmo nenhuma. A ideia de grandes textos que podem ser musicados não é por si garantia de coisa nenhuma. Outra questão pode ser exemplificada com o itinerário cronológico de um grupo. Se situado na ampla área da pop, começará com temas intensos e simples e acabará complicando o que quer mostrar, em produções pesadas e adultas. Nem sempre é assim mas serve para a maior parte dos músicos. Eles, quando entrevistados vão dizer que o tempo foi bom escultor (toma lá que já almoçaste), que fizeram um percurso (todos temos um percurso), que tocam hoje (na altura da entrevista) melhor que tocavam quando começaram. Digo que isso é verificável em cinco por cento dos casos. Nos restantes o que acontece é que a falta de ideias só pode ser colmatada pelo progressivo endurecimento do canal auditivo do seu respeitável publico ou por: 1 – Arranjos diversificados, e se cheirarem a música do Mundo, melhor. 2 – Utilização de influências da música cabo-verdiana. 3 – Convite a músicos amigos para entrarem por exemplo em duetos. Servem bem as variadas cantoras brasileiras que nascem do chão. 4 – Arranjos pedidos a gente do jazz. 5 – Produções marcantes, quais Phill Spector dos pobres, aceitando a deriva africana. Isto, claro no caso particular da música portuguesa. Avaliação – Trabalho final a combinar. Equivalências a quem conseguiu chegar vivo ao fim do artigo. (continua, mas não no próximo número que tenho uns disquitos para vos mostrar).




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