M AG A Z I N E PAR TE INTEGR ANTE D ARTE INTEGRANTE DAA EDIÇÃO N.º 2957 DE 28 DE NOVEMBRO DE 2013 DO JORNAL DO ALGARVE E NÃO PODE SER VENDIDO SEP AR AD AMENTE SEPAR ARAD ADAMENTE
Festival da Batata-doce
3 Algarve com muita animação até ao final do ano Festival da Batata-doce em Aljezur, concertos de Dead Combo e David Fonseca em Portimão, presépio gigante em Vila Real de Santo António e a Feira da Serra em Loulé são alguns dos eventos que vão animar a região até ao final de 2013
Filipe da Palma
O
tempo já arrefeceu mas continua convidativo para programas fora de casa no Algarve. Para atender aos bons garfos espalhados pela região, o espaço multiusos de Aljezur abre-se ao Festival da Batata-doce, onde esta planta de polpa açucarada é o centro das atenções. Decorre de 29 a 1 de dezembro, das 12h00 às 24h00 (no dia 1 encerra às 22h00), numa "lógica de complementaridade" entre a agricultura, a indústria, o comércio, o turismo e os serviços, explica a organização (Câmara Municipal de Aljezur e Associação de Produtores da Batata-doce de Aljezur). Na música, o destaque vai para o concerto dos Dead Combo no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, dia 30, às 21h30. Os músicos Tó Trips e Pedro Gonçalves surgem na região ao som do seu último álbum – «Lisboa Mulata» (2011) – tirando da cartola temas experimentais e clássicos, em simultâneo. O preço dos bilhetes varia entre os 10 euros (balcão) e os 12 euros (plateia). No início de dezembro, dia 6, abre ao público um presépio gigante no Centro Cultural António Aleixo, em Vila Real de Santo António. Todos os anos cresce e agora apresenta-se com mais de quatro mil figuras que retratam profissões tão diversas quanto a de moleiro, padeiro, pescador e ferrador. Para fazer os encantos dos miúdos e graúdos, a exposição do presépio estará patente até 12 de janeiro, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00. O dia seguinte (7) poderá ser uma boa oportunidade para quem ainda não tiver comprado os presentes de Natal, já que tem lugar a Feira da Serra de Loulé com os seus expositores de artesanato. Aqui estarão artigos tradicionais feitos à mão sobretudo por artesãos da serra algarvia, ideais para oferecer à família e aos amigos. Este ano a mostra mantém-se na rua, mais precisamente na avenida José da Costa Mealha,
das 10h00 às 17h00. Em Portimão, o dia 20 tem um concerto agendado com David Fonseca. Começa às 21h30, no TEMPO, para apresentar o projeto «Seasons – Falling», iniciado na primavera de 2012 com «Rising» e que agora continua, no outono, com «Falling». O artista português, fiel à sua linha de experimentação, desta vez decidiu retratar um ano da sua vida em canções. É o que propõe então este concerto, ao preço único de 15 euros. Um dia depois chega ao Teatro das Figuras, em Faro, o espetáculo «Sonho de uma Noite de Verão», interpretado pela Companhia de Dança do Algarve. O bailado inspirado na peça de William Shakespeare fala das relações amorosas
de quatro jovens – Lisandro, Demétrio, Helena e Hérmia – que se cruzam numa floresta povoada por elfos, ninfas e fadas. Para assistir dia 21, a partir das 21h30, por 10 euros.
Dezembro é o mês do réveillon E porque dezembro é também o mês do réveillon, o calendário de eventos algarvio inclui propostas diferentes para aquela que é uma das noites mais cobiçadas do ano. Para quem já resolveu passar a meia-noite fora de casa, o Algarve preparou fogo de artifício, concertos e muita animação, assumindo-se como a região perfei-
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ta para dar as boas-vindas a 2014. Em Albufeira, por exemplo, a entrada no novo ano volta a ser celebrada na zona da Oura, entre artistas de rua e um espetáculo pirotécnico, e na praia dos Pescadores, onde cantará Richie Campbell depois da atuação, às 22h00, do DJ China e da cantora norte-americana Kat Blu. Em Monte Gordo a festa também arrancará cedo. A partir das 22h30, a avenida marginal vai ser invadida pela música de David Carreira e mais tarde pelas cores e estampidos do fogo de artifício. Entretanto, na praça Marquês de Pombal de Vila Real de Santo António vai ouvir-se música com bom ritmo num concerto que espevitará as pessoas presentes.
4 Aljezur é a maior e mais importante região produtora em Portugal
Festival celebra "a melhor batata-doce do mundo" Cozida, frita ou assada, numa feijoada, numa sopa ou num doce caseiro...! Atualmente, são quase infinitas as utilizações da batata-doce na gastronomia algarvia, em especial em Aljezur, terra onde a sua popularidade é longínqua e secular. Para dinamizar a sua venda, o município organiza mais um festival dedicado a este produto, que já está certificado – a salvo de imitações – e já ostenta o selo de qualidade garantida. O secretário de Estado da Agricultura preside esta sexta-feira à abertura oficial desta edição
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ljezur é desde há séculos conhecida como a “terra da batata-doce”, produto que chegou a ganhar a popularidade de “pão dos pobres” por ter sido a base da alimentação da população local em tempos difíceis. Hoje, a batata-doce continua a fazer parte das refeições locais, cozinhada de mil e uma maneiras. Para dinamizar a sua venda, o concelho organiza, entre os próximos dias 29 de novembro e 1 de dezembro, mais uma edição do Festival da Batata-doce de Aljezur, “um certame da maior importância para município e que já se impôs como um grande festival gastronómico a nível nacional, muito visitado por todos os que procuram os diferentes sabores desta região”, realça a organização, que está a cargo da Câmara Municipal de Aljezur e da Associação de Produtores de Batata Doce de Aljezur. A inauguração oficial do evento, que decorrerá esta sexta-feira (29), às 21h00, no espaço multiusos de Aljezur, será presidida pelo secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque. A presença do governante neste evento gastronómico é vista como um reconhecimento da zona de Aljezur como a maior e a mais importante região produtora de batata-doce em Portugal.
Produto de características únicas A organização salienta que o objetivo do festival é celebrar “a melhor batata-doce do mundo, produto de características únicas com indicação geográfica protegida (variedade 'Lyra'), conferida pelo trabalho árduo de todos os produtores, homens e mulheres desta região demarcada”. Os produtores locais sublinham que se trata de “um produto secular e de sabor e características únicas, muito devido ao solo e ao clima que a zona demarcada apresenta para a produção da mesma”. Ao mesmo tempo, o certame visa também “honrar todos os que se dedicam a esta atividade agrícola bem como todo o setor agro-alimentar a ela ligado, como forma de incentivo e reconhecimento do seu trabalho”. Assim, durante os três dias do festival, os visitantes poderão encontrar vários restaurantes e tasquinhas onde serão servidas desde as mais tradicionais receitas a novas propostas culinárias, “sempre conjugadas com esta batata-doce de sabor único e genuíno”. As doceiras de Aljezur também vão trazer até este festival as mais requintadas tentações de bolos, pastéis e tortas, confecionadas de forma tradicional pelas “embaixadoras” da doçaria local.
Os produtores locais sublinham que se trata de "um produto secular e de sabor e características únicas, muito devido ao solo e ao clima desta zona demarcada"
“O Festival da Batata-doce de Aljezur regista ano após ano maior afluência de visitantes, facto ao qual está associado um aumento gradual do número de expositores, os quais surpreenderão pela qualidade dos produtos apresentados”, acrescenta a organização.
Chefs cozinham receitas variadas ao vivo Uma das grandes atrações desta edição do Festival da Batata-doce de Aljezur será a confeção ao vivo de receitas variadas, elaboradas por conceituados chefs. Depois de assistirem a estas demonstrações gastronómicas, os visitantes poderão comprar e levar para casa a verdadeira batata-doce de Aljezur e reproduzir as receitas em casa. Haverá ainda batatadoce assada na hora em forno de lenha e frita, entre outras sugestões, como por exemplo, batata-doce com açúcar e canela. O festival decorre de 29 a 1 de dezembro, das 12h00 às 24h00 (no dia 1 encerra às 22h00), numa “lógica de complementaridade” entre a agricultura, a indústria, o comércio, o turismo e os serviços, conclui a Câmara Municipal de Aljezur e a Associação de Produtores da Batata-doce de Aljezur. Nuno Couto
Considerada por muitos um verdadeiro "tesouro tradicional", a batata-doce é hoje um dos produtos mais genuínos da região
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A batata-doce de Aljezur está identificada desde 2011 com o selo de IGP (Indicação Geográfica Protegida)
Batata-doce de Aljezur a salvo de imitações A batata-doce mais famosa e imitada do mercado está desde 2011 a salvo da troca de identidade que vinha a ser vítima ao longo dos anos. O selo de Indicação Geográfica Protegida assegura aos consumidores que estão a comprar o produto genuíno ais vale tarde do que nunca! Após 15 anos de espera, o selo de Indicação Geográfica Protegida (IGP) foi apresentado pela primeira vez no Festival da Batata Doce de Aljezur de 2011. “Era um atributo que já lhe era devido mas que demorou alguns anos a alcançar. Aumenta assim e finalmente, a confiança do consumidor de que está de facto a adquirir batatadoce de Aljezur, variedade 'Lyra' e termina a lamentável troca de identidade deste nosso produto, que os mercados sem qualquer pejo ou respeito vinham insistindo em alimentar”, frisou na altura o presidente da Câmara de Aljezur, José Amarelinho. Em abril de 2007, o Governo já tinha atribuído o estatuto especial à batata-doce de Aljezur, com o intuito de distinguir a qualidade regional do produto. Mas foram precisos mais quatro anos até chegar o reconhecimento europeu. Com a atribuição do selo IGP, a batata-doce de Aljezur ficou assim protegida contra imitações, uma vez que, para venderem o produto verdadeiro, os vendedores e consumidores têm de adquiri-la à associação de produtores local, a única entidade que garante esta genuinidade.
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Certificação travou trocas de identidade Segundo apurámos junto dos produtores locais, a área geográfica protegida inclui dois concelhos (Aljezur e Odemira) e é nela que se produzem as batatas com a Identificação Geográfica Protegida (IGP), denominação definida e atribuída pela Comunidade Europeia que reconhece desta forma a qualidade superior da vertente 'Lyra' produzida nesta zona. “A luta para alcançar a certificação do produto prolongou-se
por cerca de 15 anos”, lembram os produtores, frisando que se trata de “um produto reconhecido há muitos anos do Minho ao Algarve, passando até por Espanha”. Porém, até 2011, a batata-doce era vendida em todo o país com o falso rótulo de Aljezur e variedade 'Lyra', quando não era verdade. Com a certificação, já há garantias de o consumiJORNAL DO ALGARVE MAGAZINE - NOVEMBRO/2013
dor estar a comprar a genuína batata-doce de Aljezur. “Além de aumentar a confiança e potenciar as vendas junto dos consumidores, a certificação veio acabar com a troca de identidade do produto no mercado”, refere a associação de produtores locais, criada em 1997. N.C.
6 O maior dos três desenhos, com mais de 4,5 metros, é datado de 23 de março e é visível o início da construção da "vila"
Descobertas as imagens mais antigas de Vila Real de Santo António Os desenhos, pintados a tinta da China em 1774, pertenciam a um particular e foram adquiridos num leilão, em Lisboa, pela Direção Regional de Cultura do Algarve. José Eduardo Horta Correia não tem dúvidas de que se trata das "mais antigas imagens de Vila Real de Santo António", porque retratam o início da construção. "Todas as outras que se conhece são do período posterior à construção", sublinha aquele historiador de Arte
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Direção Regional de Cultura do Algarve adquiriu recentemente, num leilão em Lisboa, três desenhos da autoria do engenheiro militar José de Sande Vasconcelos, datados de 1774, que mostram o início da construção de Vila Real de Santo António. Trata-se de “um valioso património”, sublinha ao nosso jornal a diretora regional da Cultura, Dália Paulo, devido ao facto de serem mui-to raros os desenhos que mostram a edificação da, então, vila, hoje cidade. José Eduardo Horta Correia, historiador de Arte e autor da tese de doutoramento “Vila Real de Santo António, Urbanismo e Poder na Política Pombalina”, garantiu ao Jornal do Algarve que se trata mesmo das “mais antigas imagens de Vila Real de Santo António, porque retratam o início da construção. Todas as outras que se conhece são do período posterior à construção”. Dália Paulo frisa que estes três documentos, pintados a tinta da China, têm uma “grande importância”, não só a nível regional mas também a nível nacional. Por um lado, Vila Real de Santo António “é a cidade iluminista, construída de raíz, do Algarve e também do país. Nós fizemos muita construção no exterior, mas aqui estamos perante uma experiência única”, recorda a diretora regional da Cultura. Por outro lado, “quando observamos estes desenhos, é como se estivéssemos a ver a vila em construção em 1774”, explica Dália Paulo, lembrando que a indicação para construir Vila Real de Santo António tinha sido dada no ano anterior.
"A pormenorização dos desenhos é fabulosa" “Para além de vermos a construção, a pormenorização dos desenhos é fabulosa. Há um cuidado no pormenor do desenho que torna este conjunto de desenhos documentos fabulosos”, considera a diretora regional da Cultura, destacando ainda a dimensão de um dos desenhos. “O desenho maior tem quatro me-
tros e meio de comprimento e é muito, muito espectacular”, acrescenta Dália Paulo. Aliás, foi o próprio José Eduardo Horta Correia que alertou a Direção Regional de Cultura do Algarve para o facto de os desenhos, que pertenciam a um particular, estarem no catálogo de uma empresa de leilões, que se preparava para os leiloar em Lisboa. “Ele alertou-nos e disse-nos que era muito importante adquirir os desenhos, porque se tratava de um património valioso que importava que pertencesse ao Estado português, pela sua importância e pelo seu valor histórico”, conta a diretora regional da Cultura. Mas a pista para chegar a estes documentos históricos tinha sido dada a José Eduardo Horta Correia, algum tempo antes, pelo arquiteto Jorge de Brito e Abreu, que trabalhou durante vários anos na área da classificação de monumentos do antigo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). “Telefonou-me a dizer que os desenhos iam a leilão por cinco mil euros. Contactei imediatamente a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, mas disseram-me que não tinham dinheiro. Decidi, então, falar com a diretora regional da Cultura, no entanto, soube mais tarde, os desenhos acabaram por não ser comprados”, recorda José Eduardo Horta Correia.
Comprados por 2.500 euros
Algarve pagou 2.500 euros por os três desenhos. José Eduardo Horta Correia sublinha que os desenhos só foram recuperados pelo Estado “graças ao esforço e à sensibilidade” do arquiteto Jorge de Brito e Abreu e da diretora regional da Cultura, Dália Paulo. “No dia do leilão telefonaram-me, eufóricos, a contar que os desenhos já estavam comprados. É que se surgisse outro comprador, a oferecer mais dinheiro, provavelmente a Direção Regional de Cultura não teria conseguido adquiri-los”, conta o historiador de Arte, visivelmente emocionado e satisfeito.
Sande Vasconcelos construiu Vila Real de Santo António O autor dos desenhos, José de Sande Vasconcelos, foi enviado para trabalhar na restauração do denominado Reino do Algarve em meados do século XVIII. “O seu nome surge, pela primeira vez, relacionado com a obra da estrada entre Monchique e Ribeira da Boina”, explica José Eduardo Horta Correia. Posteriormente, Sande Vasconcelos e mais dois engenheiros militares foram colocados no sotavento algarvio com o encargo de construir Vila Real de Santo António. “Pelo menos em 1772 já estava cá. As plan-
Os desenhos não foram vendidos naquela altura e, recentemente, surgiram numa outra empresa de leilões, a Veritas, a um preço inferior. Foi então que a Direção Regional de Cultura avançou, com a intensão de adquirir os documentos e evitar que estes voltassem a cair em mãos de particulares. “Iniciámos as diligências para verificar se era possível adquirir os desenhos. Eles já tinham estado noutra leiloeira, com outros valores, e não tinham sido licitados. Agora estavam com um valor diferente e achámos que valia a pena fazer o esforço para recuperar este património algarvio”, explica Dália Paulo, revelando que a Direção Regional de Cultura do JORNAL DO ALGARVE MAGAZINE - NOVEMBRO/2013
tas foram feitas por Reinaldo Manuel, na Casa do Risco, em Lisboa, mas a implantação no terreno foi realizada pelos engenheiros militares, sob a chefia de Sande Vasconcelos. Por isso, pode-se dizer que ele foi o responsável, no terreno, pela construção de Vila Real de Santo António”, conta o historiador. Ao observar os desenhos, José Eduardo Horta Correia atreve-se mesmo a lançar a hipótese de estes poderem ter sido catalogados pelo próprio Marquês de Pombal: “Já li muitos documento escritos pelo Marquês e as indicações na parte superior destes desenhos parece terem sido feitas por ele. À primeira vista parece ser a letra dele. Mas isto só se poderá confirmar depois de uma análise mais profunda”.
Desenhos podem não ter passado pelos arquivos públicos Desconhece-se o motivo de os desenhos terem ido parar às mãos de um particular, não se sabe quantos pessoas possuíram os documentos ao longo destes anos e também ainda não se determinou, e provavelmente nem se irá saber, como é que saíram da alçada do Estado, nem em que circunstâncias. “Provavelmente nunca estiveram no arquivo do Estado. Caso contrário estariam no Mi-
João Lima
7 nistério das Obras Públicas, como todos os outros. Não nos podemos esquecer que, naquela altura, estes desenhos eram apenas documentos de trabalho e podem não ter sido arquivados nos arquivos públicos. Podem ter ficado na casa do Marquês, na casa de um dos engenheiros... Não se sabe.”, refere José Eduardo Horta Correia. Além do trabalho levado a cabo em Vila Real de Santo António e na área de Monchique, Sande de Vasconcelos realizou levantamentos
exaustivos sobre diversas zonas do Algarve. Além de levantamentos sobre várias praças e fortalezas da região, compilou informação que se revelou fundamental para perceber a vida económica de diversas zonas do Algarve. “Quando o Marquês de Pombal mandou construir Vila Real de Santo António, Sande de Vasconcelos fez diversos trabalhos sobre todo este território, incluindo o denominado termo de Cacela, a zona de Castro Marim, dois para a zona de Tavira, entre muitos outros. Traba-
lhava em desenho mas também tinha conhecimentos em estruturas económicas”, explica José Eduardo Horta Correia, acrescentando que depois da construção de Vila Real de Santo António “ele foi para Tavira e ficou pelo Algarve até ao período das Invasões Francesas”. Os desenhos, agora autênticos documentos históricos, encontram-se em Lisboa (ver Caixa) e deverão chegar a Vila Real de Santo António no início do próximo ano. Domingos Viegas
Documentos chegam ao Algarve no próximo ano
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s três desenhos de José de Sande Vasconcelos, adquiridos pela Direção Regional de Cultura, estão atualmente na Biblioteca Nacional, em Lisboa, onde os técnicos da equipa de conservação estão a realizar diversas observações para elaborar um relatório sobre o seu estado de conservação. “É preciso verificar o estado atual de conservação, perceber se precisam de cuidados já ou a longo prazo, verificar onde serão feitos e como. E também serão fotografados, porque só temos as fotografias do
catálogo da leiloeira”, explica a diretora regional da Cultura, Dália Paulo. Quando o diagnóstico estiver terminado, os três desenhos serão expostos na Biblioteca Nacional para serem dados a conhecer ao público em geral e aos especialistas. “É importante que estes documentos sejam vistos por diversos especialistas, para que este valioso património seja ainda mais reconhecido e valorizado”, considera o historiador José Eduardo Horta Correia. Posteriormente, os documentos irão integrar uma exposição que incluirá outros dese-
nhos de José de Sande Vasconcelos e que deverá ser inaugurada, no Algarve, nos primeiros meses de 2014. Os três desenhos agora adquiridos deverão ficar, depois, em Vila Real de Santo António. “O objetivo é trazer os desenhos para onde eles devem estar, ou seja, para Vila Real de Santo António. O Arquivo Histórico Municipal é um arquivo novo e tem todas as condições para receber os desenhos. Penso que poderão chegar a Vila Real de Santo António no início de do próximo ano”, refere Dália Paulo. D.V.
ROSA
COLUNA POÉTICA LUSO-BRASILEIRA
Bruta flor O lugar do desejo é uma cinética de condições Uma estética de contradições Um espaço táctil de delírios Um martírio sem razão É querer o que não tem Mirar e ver além Buscar o que não vem O desejo é o que morre na concretização Mas subverter o desejo é amar Deixar e deixar e deixar-se levar Repetidas vezes para o mesmo lugar Há quem se perca, se não resultar E ao se perder, acaba por se achar Susana Travassos Brisa Marques
A coluna Rosa nasceu no dia em que o poeta português algarvio António Ramos Rosa faleceu. É um compromisso de duas artistas (Susana Travassos e Brisa Marques) que se conheceram nos caminhos entre Brasil e Portugal e tornaram-se irmãs. Uma homenagem ao escritor bordada a duas mãos, um brinde à própria poesia. Uma forma de imortalizar o Rosa, os rosas, ou seriam as rosas?
O Arquivo Histórico Municipal da cidade pombalina vai ser a "casa" dos três desenhos a partir de 2014
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8 António Ramos Rosa - 1924-2013
Cidadão das Palavras N
a segunda-feira- 23 de Setembro -2013, faleceu o poeta das palavras., a razão da minha homenagem ao Poeta d'Rosa Esquerda, do Sol e da Claridade, da poesia de um tempo adiado em: Não Posso adiar o Coração, em imensa poesia, em que o traço característico lhe vem dos anos sessenta, na colecção "A Palavra": As palavras mais nuas/as mais tristes/As palavras mais pobres/as que vejo/sangrando na sombra e nos meus olhos. António Ramos Rosa nasceu em Faro a 24 de Outubro de 1924. Conheci-o por Faro no final dos anos 50. Um jovem silencioso, austero e grave, pela seriedade do seu estar, sem se mostrar importante. Vivia das lições de francês e inglês e de admirável português. Lembro-o como cliente do Café Aliança, os encontros com o poeta de muitas admirações que foi Emiliano da Costa, sobretudo, que o foi demonstrando pelas tertúlias pelo célebre café mundano, artístico, político e bolsista. Mantenho, entre a sua imensa bibliografia, o primeiro de todos os seus livros, um exemplar do "Grito Claro", editado em Faro, na tipografia Cácima-1958. Depois perdi o poeta das descobertas, da coisa dita e a forma pela qual é dita ,para se transformar num dos mais importante poetas, algarvio, português e europeu, do meio século XX. LEMBRO-ME que iniciei a leitura do poeta de "A Sombra Viva", na Casa de Espanha, na cidade francesa de Lyon- 1969... A aceitação do poeta do Funcionário cansado, foi crescendo na medida que as palavras, muito claras, se cruzavam, peça a peça, e se conjugavam em gritos claros, desde "O Boi da Paciência", tão alusivo aos tempos da ditadura: Noite dos limites e das esquinas nos ombros/noite por demais aguentada com filosofia a mais/que faz o boi da paciência aqui? O poema Tertúlia (inserido no Grito Claro) mostra-nos a sua capacidade dinisiana que nos vem do século XIV: Não encontro casa/casa onde estar/ai amigo senta-te/fala-me de ti/Não encontro amiga/não encontro amigo/se eu não tenho casa/ como ser amigo?/Os meus estão longe/e não têm casa/a natureza é longe/a uma mesa de café. Para os estudiosos da obra de Paul Eluard, encontra-se na poesia roseana, um apego à elurdiana. Quando escreve: Derniers Poémes d'Ámour: À l'heure du réveil prés de la terre/un rayon de soleil creuse un trou pour la mer. Não é difícil entrar na textualidade poética de Ramos Rosa, na sua linguagem profunda, nas pulsações secretas; brandas ou torrenciais, num aluvião de palavras carregadas de matéria densa, de esperma sideral, de falésias, de ventos largos, de sol, de muita claridade, liberdade expressiva. Sou o que veio por um momento de Sol/Vim até à beira da janela/até ao hálito da casa/venho ver o Sol/o ouro do campo/ /da casa/Uma boca lenta que percorre/o saber dos quartos/ /desta casa de terra quente/venho até quase à boca desta casa/silenciosa de Sol É a visita do poeta aos seus lugares peregrinos, aos lugares sombrios da sua cidade clara. 1958, lembro a palavra controlada quando a queríamos à solta pelo, Aliança, por onde era lugar que a malta se encontrava e agrupava, na vaidade pelo novo movimento que se criara numa cidade capital de província. E tanto bastou para a consagração do jovem António, muito silencioso no seu percurso citadino e poético. Ainda o ano decorria e já o autor, e já o livro surgia em antologia por Jorge de Sena nas "Líricas Portuguesas", 3.ª série. Faro, no dizer de Casimiro de Brito tomou o pólo da moderna poesia portuguesa. Faro é o centro da nova corrente poética: O café Aliança é um ex-libris da cidade. Por ele passa grande parte da intelectualidade portuguesa. Muita gente culta, ou não, vem curiosa pelo nome que o café alcançou nas suas memórias e que o tempo foi registando. E sempre pelo Aliança a poesia foi de um reconhecimento, pelo que por lá passavam em ares pretenciosos os grandes, assim consi-
derados da poesia algarvia: Cândido Guerreiro, Emiliano da Costa, Marques da Silva, Joaquim Magalhães, Arnaldo Vilhena, Vicente Campinas, Elviro Rocha Gomes. Outros, candidatos ,vinham à sombra protectora e de admiração, como o jovem Manuel Madeira, entre tantos que despertavam para a poesia: Gastão Cruz, Casimiro de Brito, que por lá deram todo o brilho. Também nessa memória do poeta António Aleixo, que viu o seu primeiro, e único livro, (Quando Começo a Cantar- 1943) a passar de mão em mão pelas mesas do Aliança e a ser respeitado como poeta de filosofia concreta e acessível ao grande público. Por isso o café foi considerado o espaço maior da poesia e dos poetas do Algarve, como sempre acontecera, desde o "Futurismo", a partir da segunda década do século XX, atingindo as mais distintas palavras: "que alegria elas sonham que outro dia/para que rostos brilhem" (1). Nos anos sessenta, sobre a poesia de A.R.R., já a Europa reparava, já o diário parisiense, Le Monde escrevia sobre le mot et les choses, numa não libertação da palavra que se agrilhoava em Portugal Le poéte est l'homme de la stabilité unilatérale/Le poéme est l'ámour réalisé du désir demeuré désir. Logo o poeta é estudado e admirado além fronteiras. Robert Bréchon escrevia para a revista cultural belga "Le Courrier": Despojada da sua musicalidade, da profusão das imagens, dos sinais mais exteriores da sua existência, e também dos seus atributos que lhe asseguram uma continuidade feliz. Em 1981 visito a mãe do poeta (2), na rua Brites de Almeida, em Faro. A senhora Vicência Ramos fala do filho, em lágrimas e sorrisos. Em alegria por ser a mãe do António, o seu eterno menino, sempre doente, sempre poeta. Fala-me do dia em que o seu António recebeu, pelo correio, a carta com o cheque no valor de mais de cinquenta contos, e ele a devolver a carta, recusando o prémio. E eu sem ter muito para o almoço desse dia. Diz-me numa gargalhada. Oferece-me um poema do filho dedicado aos oitenta anos da mãe: Conheço a tua força mãe, a tua fragilidade/Uma e outra são a tua coragem/o teu alento vital/estou contigo mãe/no teu sonho permanente. E senhora Vicência, diz-me, naturalmente: O meu António não vem à sua cidade, que esta não o entende e por tal lhe deu desprezo. Em 1991, mês de Outubro. O poeta António Ramos Rosa tem 75 anos, visita Faro para a festa da poesia, organização da Câmara Municipal de Faro, que lhe presta homenagem. Os amigos ausentes vêm ao Clube Farense, em abraços. E o Poeta JORNAL DO ALGARVE MAGAZINE - NOVEMBRO/2013
muito frágil, apoiado, como se já fora um velhinho. Lembro as palavras comovidas de António Ramos Rosa de outono: Hoje estou de bem com a minha Cidade! Durante cinco dias Faro recebeu os amigos do Poeta, e poetas de todo o País, no salão do Clube Farense, espaço sempre reservado a uma certa classe do capital e das referências, que desde o 25 de Abril se libertara dos preconceitos... Os actores da ACTA deram o brilho à "Festa dos Poetas e da Poesia" Na minha relação com a poesia roseana que afirma: Não posso adiar o amor para outro século, tem sido de identificação com o tempo, que a sua poesia tem sido sempre o seu tempo. Acompanhei em leitura o tempo do poeta, repartindoo em leituras, em lições, no orgulho em passar ao conhecimento, pelas palavras, pela escrita: O grande poeta farense a quem um crítico já considerou o maior do século, sendo Ramos Rosa o poeta inteiro, a voz do tempo presente, neste pensador em toda a transcendência do homem do Sul. No cromatismo do narrar, no respeito da claridade das suas palavras. Ele abre-nos os caminhos das palavras. Homenagem e distinção: A 17 de outubro de 2003, a Universidade do Algarve distingue o Poeta António Ramos Rosa com o Grau Doutor Honoris Causa. Em 2007 o Poeta de Faro era designado candidato ao Prémio Nobel de literatura. ...: Há uma palavra ou uma chama? Que para morrer mais depressa se levanta E flutua entre centelhas de uma dança. Não adormeças agora Que a dança é da chama dos teus olhos.
Teodomiro Neto (1) (2)
"Café Aliança- The Grand Liyerary Café of Portugal – Edição 2008- T.N. Entrevista Jornal do Algarve, 13/11/1981
P.S. Pelo Jornal do Algarve fui publicando o elogio ao poeta Ramos Rosa : "Prémio Nobel para um Algarvio", J. Algarve 27/05/1982. "Na cidade das Palavras" Magazine J.A., 28/01/ /1988, "Um Farense Universal" J.A. 22/10/1990, "Festa da Poesia em Faro", Magazine J.A,28/10/1999, "Cartas Poéticas de Ramos Rosa e Manuel Madeira" 29/11/2007 Magazine J.A. Outros escritos, que se contam em 17: O Algarve, Folha do Domingo Diário de Notícias, Terra Ruiva. Algumas lições/conferências: Faro, Biblioteca A. Ramos Rosa, Clube Farense. Tavira Biblioteca Álvaro de Campos. Lagoa - Biblioteca Municipal. Basileia e Genebra – Suíça. Paris, Lyon, Saint-Etienne – França.Tunes- Tunísia. Siracusa- Itália,etc
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Casa João Lúcio expõe "vida" do poeta e banda desenhada sobre história de Olhão João Lúcio: O Homem por detrás do Poeta e Lenita visita Olhão em exposição na Casa João Lúcio
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Casa João Lúcio, em pleno Parque da Ria Formosa, no concelho de Olhão, acaba de inaugurar duas exposições, as quais estarão patentes até junho de 2014: "João Lúcio: O Homem por detrás do Poeta" e "Lenita visita Olhão". "João Lúcio: O Homem por detrás do Poeta" pretende dar a conhecer um conjunto de informações sobre João Lúcio, até agora pouco conhecidas. Assinalando o centenário da publicação do livro "Na Aza Dum Sonho", difundiu-se um conjunto de documentos que ilustram a vida profissional e pessoal do cidadão olhanenese. Num registo mais animado, "Lenita Visita Olhão" fez a delícia das dezenas de alunos que estiveram presentes na inauguração. Através de uma pequena história em banda desenhada, é dado a conhecer os locais mais emblemáticos de Olhão, pelo seu valor histórico, patrimonial e cultural, mas também pela sua importância no desenvolvimento
económico-social da cidade. No edifício Casa João Lúcio, a música de violino e piano antecedeu as palavras do presidente da Câmara de Olhão, PUB
"Sentinelas de Olhão" até maio no Museu Municipal
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Museu Municipal de Olhão tem patente a exposição "Sentinelas de Olhão", uma mostra composta por oito painéis e duas réplicas de torres, cuja temática é centrada num conjunto de estruturas militares de carácter defensivo. Edificadas entre os períodos Medieval e Moderno, estas estruturas desempenharam um papel importante na fixação das populações e na defesa do território, avisando para os perigos provenientes do mar e que assolaram a costa algarvia até meados do séc. XVIII. A exposição "Sentinelas de Olhão" aborda ainda os trabalhos arqueológicos desenvolvidos entre os anos de 2006 e 2010, no âmbito do "Estudo e Valorização da Fortaleza de São Lourenço" – uma parceria entre as Universidades do Algarve e de Connecticut (EUA), o Parque Natural da Ria Formosa e o Município de Olhão. Esta mostra estará patente até ao final do mês de maio e poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 17h30.
JORNAL DO ALGARVE MAGAZINE - NOVEMBRO/2013
António Pina, que inaugurou ambas as exposições, elogiando o esforço dos diferentes técnicos do município que realizaram as mostras.
Saúde
10 Dia Mundial da Diabetes
Eurico Gomes*
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assou, recentemente, mais um Dia Mundial da Diabetes que na linha de continuidade que a IDF (Internacional Diabetes Federation) assumiu, há já alguns anos, nos bateu à porta a quase todos. As pessoas foram alertadas, mais uma vez, para a problemática desta patologia que constitui, de facto, uma verdadeira pandemia com enormes consequências cada vez mais mar-cantes, quer para a saúde de cada um de nós quer, por outro lado, e numa outra perspetiva económica que não "economicista", dos gastos sempre mais significativos inerentes, e que, em última análise, e enquanto o SNS existir, provenientes dos bolsos de todos. Sem querer incomodar-vos com números _ bastam os provenientes do "economês" e seus porta-vozes, e, reportando-nos ao que nos diz diretamente respeito, creio poder definir um número redondo de 30.000 diabéticos existentes no nosso Algarve. Mas, com todo o cuidado que os números estatísticos e, por maioria de razão, epidemiológicos, exigem, impõe-se, o que nem sempre é dito, elaborar algo mais além. Segura-
cutar" as mensagens(?) via cadeias de televisão quantas vezes incorretas do ponto de vista científico ou subjacentes a interesses que não os da saúde de todos, refletirmos entre nós, a nível regional, de forma concreta e realista e interrogarmo-nos sobre o que vem sendo feito numa perspetiva preventiva, a nível da clínica geral; mas também de cuidados diferenciados (leia-se hospitalares). Impõe-se olharmos à nossa volta, avaliar o que acontece com os nossos familiares e amigos e tirar as devidas ilações. Esperamos, em breve, poder voltar ao vosso contacto. Por hoje...deixo-vos esta necessária e primeira reflexão, não sem relembrar que ainda (!) existe um SNS que foi erigido com um enorme empenho por muitos profissionais de saúde e na grande maioria dos casos num exemplar espírito coletivo e que, hoje mais que nunca, necessita de ser defendido e valorizado. mente qualquer coisa como mais de 10.000 não estão ainda diagnosticados e, de entre os diagnosticados, cerca de 50% ou não consciencializam a sua pa-
tologia (e...deixam andar) ou não têm acesso em tempo útil a cuidados qualificados. Vale a pena, creio, mais do que "es-
* Presidente da Direção da A.E.D.M.A.D.A. - (IPSS – área da saúde) Diretor Clínico da Clínica de Diabetes da A.E.D.M.A.D.A.
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Música I Cinema
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Fernando Proença
LITERATURA INCLUSA Número de Novembro de 2013 1 - Vejo a publicidade de uma grande superfície num dos intermináveis intervalos do antes de Natal. Os clientes são convidados a dar um euro (se não estou enganado. Mas se forem cinquenta cêntimos a questão é a mesma) para a construção de uma casa, acho eu que é uma casa, de cada vez que pagam na caixa a conta do que compram. Ou seja, o cliente é (deve ser, presumo eu) gentilmente convidado, depois de largar dezasseis euros a dar uma prestimosa contribuição para a melhoria da vida de algumas pessoas menos bafejadas pela sorte. O cliente, leu bem! E a táctica não é nova; uma outra média/grande superfície, já antes tinha pensado num pequeno gesto que consistia em arredondar o que tinha para pagar. A pessoa iria largar vinte e um euros e cinquenta cêntimos e arredondava para vinte e dois. Ou seja, a grande superfície paga a publicidade, as pessoas pagam o pato e faz-se luz no reino das trevas. Só que os hipermercados fazem publicidade a eles próprios a serem tão bonzinhos, fazendo que fazem publicidade a uma instituição de caridade. No fim acabam por não pôr prego nem estopa e retiram os dividendos da grande ideia que tiveram. Ou seja quem paga é sempre o povo. Neste caso o povo consumidor. Estão no seu direito – as tais superfícies. Não cometem nenhum crime e no fim só podem ser acusadas de excesso de bondade. 2 – Li novamente e relembrei que o basquetebolista da NBA, Kevin Durant, tinha, há alguns meses doado da sua algibeira um milhão de euros para auxiliar as vítimas de tornados na região central dos EUA. Não pretendo patentear qualquer superioridade moral dos jogadores do meu desporto favorito, que cá o velhote só é proselitista em relação ao ouvir. Falo em Kevin Durant a título de exemplo, mas podia dar outros nomes, noutros desportos. E pensei que nunca ouvi um dos nossos ricos dar nada, sempre que acontece uma desgraça em Portugal. Por exemplo, a quando das cheias da Madeira não ouvi Ronaldo chegar-se à frente para consertar três ou quatro telhados. Isto para me cingir ao desporto. Se for para os proprietários de hipermercados, corticeiras, bancos e demais máquinas de fazer dinheiro, então acabava já aqui o artigo. Nunca lhes ouvi uma palavra de solidariedade, convertida em dinheiro. A menos que façam doações mantendo o anonimato. Mas parece-me mais certo o mar dar batatas e as vacas fazerem ninhos nos beirais das casas, que algum desses ricos dar um tostão furado, que não seja através de uma fundação manhosa, para fugir aos impostos. Se calhar é esta incapacidade em fazer alguma coisa de bom em prol de quem quer que seja – podemos falar na comunidade - que não a eles nem à sua família mais
chegada, que caracteriza o português rico. Mais do que criar quinhentos empregos a pagar o salário mínimo ou despedir outros quinhentos logo a seguir, porque os lucros subiram oito por cento em vez de oito vírgula dois. 3 – Mantendo o meu nível de pequeno e médio cinismo, olho agora para as homenagens. Isto para fazer flectir a discussão para zonas da música, sem precisar de colocar o cinto de segurança que acautele algum excesso de velocidade. Quando vejo um grupo de músicos portugueses reunirem-se para fazer uma homenagem a um vulto da música, pois que posso lembrar que não seja um pouco maldoso da minha parte? Que o que eles querem é arredondar as suas contas que isto anda mal para todos? Digo, vulto da música só para lhes dar um exemplo. Às vezes, a parvoíce é feita por velhos músicos com medo de serem esquecidos e com contas do colégio dos netos para pagar, que não se dão ao respeito, convidando novos para duetos aborrecidos dos quais se extraem discos para vender no Natal. Outras ainda são homenagens justas, tipo quarenta anos (vinte e três; catorze etc.) de carreira, que é uma razão como qualquer coisa para se reeditarem discos. Mas também existem as que são feitas por jovens, adultos e velhos que estando – nalguns casos – justamente olvidados, decidem com a editora e os amigos, vamos lá pôr mãos à obra, porque se o tipo/tipa, ganhou dinheiro e notoriedade porque não eu? Mas a todos estes dou, independentemente do que possa pensar sobre motivações, o benefício da dúvida. Por vezes este afã, parece-me com aquelas homenagens que vão correndo no Facebook., a propósito de alguém que por exemplo se finou, morreu, faleceu, está a fazer tijolo A turba das redes sociais a reboque de homenagear quem já não está, logo se desfaz a postar músicas, vídeos, poesia foleira; pores do sol; malmequeres em flor tudo copiado do You Tube, e tudo do mais atroz gosto, não já para dizer como o desaparecido era importante mas acima de tudo para dizer que importantes são eles que se lembraram de escrever aquilo. 4 – Não percebo as homenagens da música à distância. Não estou a navegar sem rumo; penso na que algumas cantoras portuguesas fizeram (da qual sairá certamente um disco) a Joni Mitchell. Que eu saiba não existe nenhuma ligação pessoal, de idade, e por muito que queiram de posição em relação à música. Uma coisa é certa, Amélia Muge, Ana Bacalhau, Manuela Azevedo, Márcia (?), Amélia Muge, Cati Freitas(?), Mafalda Veiga (a cereja em cima do bolo), Sara Tavares e Luísa Sobral lá puseram mãos à obra, que é como quem diz. Desculpem se me esqueci de alguma mas estou abismado com tal empresa. Ana Bacalhau disse mesmo em entrevista à revista Blitz, que o que gostava em Mitchell era o “bom gosto e a sofisticação”, o que demonstra claramente que, pelo menos a dita Bacalhau ouviu Mitchell, mas não entendeu o que escutou. Po-
dem fazê-la a homenagem, também são gente e precisam de viver. Mas esta, é como se eu e mais uns escrevinhadores de jornais fizéssemos um espetáculo dedicado aos jornalistas que fizeram o caso Watergate, que nos influenciaram ao longo das nossa vida. Tudo se resumia a reverter para nós, um tributo feito a outros. É uma questão de escala e de falta de vergonha.
5 – No momento em que escrevo passa quase um mês da morte de Lou Reed. Servem só estas linhas para vos lembrar a obra de um dos grandes autores, compositores, cantores, guitarristas do rock. Mostro aqui a capa de dois dos melhores discos, enquanto membro dos Velvet Underground: Velvet Undergronud & Nico (o da banana) e Loaded. Depois escrevo mais.
As Coisas que é preciso dizer 3. a lenha do inverno juro que não vou morrer de um ataque do coração pode trair-me o fígado podem os rins deixar de funcionar José Carlos Barros pode um micróbio atacar-me o cérebro indefeso porque de resto marco no chão a raia do distanciamento olho a luz do fim da manhã poisada nos muros do cadastro olho a sombra invertida dos planos de água inscrevendo nas paredes uma cronologia imune à fita regular da passagem do tempo amanhece anoitece e tudo isso é superior a tudo aos discursos dos assessores que medem a eficácia das palavras em folhas de cálculo às manchetes do expresso e do correio da manhã tão idênticas a procurar diferenças onde há mais a unir do que a separar deixo passar os automóveis nas avenidas largas deixo passar o ruído dos comícios e as frases dos comentadores a abrir os noticiários afasto-me de quem regressa à política para defender a legitimidade de se comprar um zeppelin de acrobacias afasto-me da oposição que se opõe a tudo quanto se opuser à narrativa afasto-me dos poderes que enchem balões com hélio comprado a prestações nas feiras de salvados e afasto-me de tudo deixo que a cortina dos bordados antigos separe o deve e o haver corro as gelosias procuro no telheiro a lenha do inverno o pão e o vinho não espero os pareceres do tribunal constitucional não me interessam as previsões do governo para o comportamento da economia no próximo semestre limito-me a fechar a porta a afastar-me do barulho a afastar-me de tudo a adormecer a deixar que apenas o vento ou a chuva me sobressaltem ao ponto de me levantar do escano e confirmar que o portão do pátio não ficou aberto a rodar nos gonzos durante a noite
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