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SEMANÁRIO
FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis
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12 de novembro de 2015 I ANO LVIII - N.º 3059
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Problema das cheias pode ficar sem culpados e sem soluções Moradores e comerciantes de Albufeira tentam reorganizar a vida, depois de verem casas e lojas inundadas, carros abalroados e estradas destruídas
Monchique projeta futuro do medronho A aguardente de medronho, destilada vagarosamente em alambiques de cobre na serra algarvia, já conta com mais de 40 marcas próprias e 70 produtores licenciados no concelho de Monchique. Especialistas vão dar a conhecer, em congresso, todas as potencialidades de "um produto de excelência", considerado por muitos como o "ouro da serra". O evento marca o arranque do Festival do Medronho e pretende "valorizar o passado deste produto, mas, sobretudo, projetar o seu futuro"
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Câmara de Vila do Bispo obrigada a proteger geossítio P7
Vila Real Sto António
Hotel Guadiana estará pronto no final de 2016 P 11
Lagoa começa a preparar passagem do ano P 13
Natação adaptada
Filipe Santos conquista ouro no Europeu P 16
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RADIS P 14 Dr. Jorge Pereira
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TAVIRA
EDITORIAL Fernando Reis
Antiga cidade de Balsa continua a ser destruída
A economia da serra
O facto da área da antiga cidade romana estar em terrenos privados e os elevados custos (devido à dimensão da zona) de uma intervenção arqueológica mais profunda, têm vetado Balsa ao abandono. Recentemente foram embargados os trabalhos de uma exploração agrícola
O primeiro congresso sobre o medronho no âmbito do Festival do Medronho, a realizar em Monchique no próximo dia 20, que permitirá, seguramente, aprofundar as potencialidades deste fruto como importante alavanca da economia da serra algarvia, leva-nos a refletir sobre o quanto os produtos regionais podem contribuir para o crescimento da nossa economia, gerando emprego e riqueza. Sendo o Algarve uma região turística por excelência, aliás a principal região turística do país e sendo esta atividade o motor da economia algarvia, sempre concordámos que o Algarve não deve viver, apenas, do turismo. Felizmente, registamos, cada vez com maior agrado, o aproveitamento de produtos regionais, como o medronho, como fator de valorização dos produtos endógenes da serra algarvia, de fixação das pessoas à terra e um complemento importante da economia do turismo. Mas quem diz o medronho, diz a laranja, o mel, a alfarroba, os enchidos, a batata doce de Aljezur, a laranja, os vinhos - em franco progresso e melhoria qualitativa, premiados em concursos nacionais e internacionais - o sal, a doçaria, o polvo de Santa Luzia, os perceves de Vila do Bispo e o marisco, de que Olhão é capital. E a estes podemos juntar a horto-fruticultura tradicional, o cultivo de novos frutos, como os agriões, o morango e os frutos vermelhos que, beneficiando das condições ímpares dos nossos solos e clima, vêm conquistando, com bastante sucesso, o mercado nacional e internacional, sendo de sublinhar o importante papel dos jovens agricultores no desenvolvimento desta actividade. Pena é que tenhamos abandonado a apanha e comercialização da nossa amêndoa e muitos olivais estejam votados ao abandono. Infelizmente, apesar da proteção comunitária de algumas destas nossas preciosidades, através de denominações de origem e indicações geográficas protegidas, a nossa laranja e a nossa gamba continuam a ser vendidas no mercado espanhol e internacional como “laranja espanhola” e “gamba de Huelva”, um pouco à semelhança do que acontece no turismo, em que “nuestros hermanos” se apropriaram da marca Algarve, para venderem a sua oferta turística, como “Spanish Algarve”. Mesmo que isto mexa com muitos interesses, está na hora dos nossos responsáveis acabarem com este abuso, repetidamente denunciado. Ou não?
As terraplanagens para a instalação de uma exploração agrícola na Quinta da Torre de Aires, Luz de Tavira, poderão ter destruído ainda mais do pouco que resta da antiga Balsa, considerada uma das maiores e mais importantes cidades do Império Romano em território nacional. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve já embargou as obras, depois de uma fiscalização efetuada pela Direção Regional de Cultura com a colaboração da GNR, mas o mais curioso é que o motivo não teve a ver com o valor arqueológico e patrimonial da zona, mas sim com o facto de o proprietário ter avançado com os trabalhos, em zona de Reserva Ecológica Nacional, sem autorização prévia. Apesar da área estar classificada como património arqueológico e Zona Especial de Proteção, trata-se de terrenos privados que foram sempre ocupados pela agricultura. Além do facto dos terrenos serem privados, os altos custos que pressupõe uma intervenção arqueológica mais profunda numa área daquela dimensão (cerca de meia centena de hectares) são apontados como os motivos para que a antiga Balsa tenha sido esquecida e vetada ao abandono ao longo dos anos. No entanto, desta vez, as autoridades acabaram por atuar, movidas por várias denúncias, já que os trabalhos, além das refe-
> DOMINGOS VIEGAS
ridas terraplanagens para a instalação de estufas, também incluíram a abertura de valas para a colocação de sistemas de rega. O Jornal do Algarve tentou contactar a diretora regional da Cultura e o presidente da Câmara Municipal de Tavira, mas os nossos esforços revelaram-se infrutíferos até à hora do fecho desta edição. No entanto, em declarações à Rádio Renascença, Alexandra Gonçalves, a máxima responsável pela área da Cultura na região, já tinha recordado que o proprietário e arrendatário tinha sido notificado para “parar de imediato os trabalhos” e que, agora “há que verificar o prejuí-
zo que foi feito a este património”. Por seu turno, o edil Jorge Botelho considerou que “é do interesse do município preservar Balsa. Até que um dia, estejam reunidas as condições para a trazer à luz do dia”. Os especialistas têm defendido ao longo dos anos que a área ocupada pela antiga cidade romana vai muito além dos limites da zona de proteção. Os vestígios encontrados incluem necrópoles, restos de balneários e outros edifícios, tanques de salga, mosaicos, moedas e cerâmicas. Mas a zona localizada fora da área protegida poderá ainda incluir mais necrópoles, fornos, aquedutos, vestígios de
edifícios que estavam um pouco mais afastados do núcleo urbano principal e até um hipódromo. As primeiras escavações foram realizadas em 1866 pelos arqueólogos Estácio da Veiga e Teixeira de Aragão. Porém, o primeiro, e único, relatório técnico só foi elaborado em 1977 pelo arqueólogo Manuel Maia. Apesar dos vestígios encontrados e dos documentos deixados pelos especialistas, alertando para a importância do local, Balsa continuou a ser destruída ao longo das últimas décadas, tanto pela ação da agricultura como, inclusivamente, pela construção de algumas moradias e de outras infraestruturas.
Mais de 242 mil ementas vendidas na Rota do Petisco 2015 Após cinco semanas de Rota do Petisco e contabilizados os resultados, a organização, a cargo da associação Teia d’Impulsos, revelou os números da edição deste ano, que decorreu entre 4 de setembro e 11 de outubro. Ao todo, foram mais de 242 mil as ementas da rota vendidas, numa média de 6.400 por dia, representando um aumento de cerca de 10% em relação aos números da edição anterior. Este ano, a rota passou por Portimão, Alvor, Mexilhoeira Grande, Silves, Ferragudo e Monchique. “A Rota do Petisco 2015 registou um impacto económico direto
(o valor das ementas vendidas) na ordem dos 695 mil euros, o que é tanto mais significativo quando comparado com o investimento aplicado na concretização do evento, estimado em cerca de 110 mil euros e maioritariamente suportado por trabalho voluntário”, realça a organização. A Rota do Petisco voltou a ter uma forte vertente solidária, que resultou na angariação de 21.500 euros através da doação de um euro na aquisição do Passaporte da Rota, os quais irão reverter na sua totalidade para o apoio de sete projetos sociais.