Jornal do Algarve

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SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

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24 de abril de 2014 I ANO LVII - N.º 2978

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CARLOS ALBINO PASSOU A SENHA "GRÂNDOLA" NA RÁDIO RENASCENÇA HÁ 40 ANOS

O herói algarvio do 25 de Abril Eram exatamente zero horas, 20 minutos e 19 segundos quando arrancou a fita com a senha "Grândola Vila Morena" no programa Limite da Rádio Renascença. Foram momentos de grande tensão, conta ao JA Carlos Albino, que naquela madrugada de 25 de Abril tremeu e receou pela própria vida, mas não hesitou e deu o sinal que desencadeou a operação militar que pôs fim a um regime que amordaçava Portugal desde 1926. Nestas páginas, Carlos Albino recorda como tudo se desenrolou naquele dia decisivo para a história do país. E fala também do que veio a seguir...

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Tribunal de Contas dá luz verde ao PAEL de Vila Real Sto António O Tribunal de Contas concedeu esta terça-feira o visto que permitirá à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António aceder à verba prevista no Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) no valor de 25,6 milhões de euros. A par desta medida formalizaram-se os contratos de empréstimo junto de um sindicato bancário (composto por sete instituições de crédito), num montante aproximado de 33,3 milhões de euros, concretizando a aplicação do plano de ajustamento financeiro do município de VRSA. “Está finalmente cumprido um dos principais objetivos deste executivo que era regularizar e normalizar a situação económico-financeira da autarquia, consolidando o passivo e conferindo mais estabilidade à gestão”, declarou o presidente da Câmara Municipal de Vila Real de santo António, Luís Gomes. Através do PAEL, a autarquia conseguirá saldar as dívidas vencidas há mais de 90 dias e registadas até 31 de março de 2012, estimando-se que uma parte substancial das verbas recebidas se destinem a liquidar faturas a fornecedores do

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concelho, injetando liquidez na economia local. Também através do processo de reequilíbrio, a autarquia vila-realense poderá saldar as dívidas com data de fatura até 31 de dezembro de 2012. “Com este financiamento, honraremos uma importante fatia dos compromissos há muito assumidos e permitiremos a efetiva estabilidade financeira do nosso concelho”, refere Luís Gomes. Além desta verba, o plano de ajustamento contempla um programa de reequilíbrio financeiro, com um prazo de 20 anos, o que permitirá a reconversão da dívida a curto prazo em dívida a longo prazo e que, segundo o executivo, estabilizará as contas municipais e aliviará a tesouraria. Estas medidas juntam-se ao Plano de Contenção Financeira da Câmara Municipal de VRSA, em vigor há mais de dois anos, o que permitiu uma poupança superior a 10 milhões de euros, resultado da aplicação de uma centena de medidas transversais a todas as divisões e setores da atividade.

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EDITORIAL 25 de Abril, sempre!

Fernando Reis

Apesar de um certo desencanto com o rumo a que foi conduzido o país, pela mão dos que estiveram ao leme, nestas quatro décadas de democracia, nunca umas eleições foram tão importantes como as Europeias do próximo mês de maio. E não o dizemos por acreditarmos que esta eleição vá alterar substancialmente a política da União Europeia, relativamente aos países mais pobres e em crise, como é o caso de Portugal. Como já o temos o afirmado, a Europa solidária e amiga que nos “venderam” quando nos quiseram convencer das virtudes e vantagens da nossa adesão à CEE, primeiro e à moeda única, depois, não existe. É pura ilusão. Do nosso ponto de vista, as eleições de maio têm mais importância pelo que podem significar internamente, do que pelas suas hipotéticas consequências nas estâncias europeias. Já sabemos que o atual governo PSD-CDS não tem cultura democrática e, por isso, não tira conclusões dos resultados eleitorais, como é exemplo a sua atitude perante a histórica derrota sofrida nas últimas autárquicas. Enquanto António Guterres se demitiu na sequência de uma derrota do seu partido nas autárquicas e, recentemente, em França, François Holande, remodelou o governo na sequência da derrota dos socialistas nas municipais, em Portugal, Passos Coelho permaneceu como se nada tivesse acontecido, após a estrondosa derrota do seu partido nas autárquicas. E irá até ao fim do seu mandato, mesmo que volte a sofrer outra pesada derrota nas europeias. A maioria dos portugueses deu-lhe um mandato para governar com base num programa eleitoral que foi esquecido e em promessas, que não foram cumpridas. Numa ótica verdadeiramente democrática, qualquer ato eleitoral entre as legislativas funciona como um referendo à governação. Mas para Passos Coelho e Portas, não é assim. Os portugueses mostraram nas urnas que estão fartos deste governo, desta política de austeridade, que vai além das propostas da Troika e que tem conduzido cada vez mais portugueses à fome e à miséria e condenado os jovens à emigração. Mas eles continuam agarrados ao poder, a cumprir a missão que lhes foi confiada pelos grandes grupos económicos e a alta finança e, aconteça o que acontecer, não se demitem. Ora, neste contexto, o efeito de uma derrota, mais que provável, nas europeias não terá as consequências políticas que teria se o governo e o presidente da República tivessem uma leitura democrática do voto popular. Mas não tendo esta consequência última e normal em democracia, é mais uma manifestação de desagrado da maioria dos portugueses pelo rumo da governação. É mais um grito de revolta contra esta austeridade, sem limites, que nos consome. Decorridas quatro décadas sobre o 25 de Abril que, calorosa e entusiasticamente vivemos, e nos abriu as portas da esperança num futuro melhor, somos confrontados com um regresso à mais profunda e humilhante miséria. Hoje Portugal mais parece um país do terceiro mundo, com grande parte da sua soberania alienada, onde prolifera a corrupção, sem classe média com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Vivemos num regime de “ditadura democrática” e de “ditadura dos mercados”. E se isto só por si já é uma infâmia a todos os que lutaram e realizaram o 25 de Abril, particularmente o Movimento dos Capitães, e aos valores morais e democráticos que a data consubstancia, não podemos deixar de repudiar insidiosa ideia expressa por alguns, entre eles o “sabichão” dos comentadores televisivos, Miguel Sousa Tavares, que sugeriu esta semana, a propósito das comemorações do 25 de Abril, que o país tem é que olhar para a frente e deixar de estar agarrado ao simbolismo de datas como o 5 de Outubro e o 25 de Abril. Infelizmente, o que ele e outros da sua estirpe parecem querer, é um país sem memória e sem história! Que tristeza! A esses nós respondemos, 25 de Abril sempre!

Teresa Rita Lopes, Francisco Amaral e Carlos Brito durante o debate realizado na Biblioteca Municipal de Castro Marim

Carlos Brito diz que "o medo voltou" Antigo dirigente comunista foi um dos convidados do debate sobre o 25 de Abril, que decorreu na segunda-feira à noite em Castro Marim “O que o povo festejou no 25 de Abril foi a libertação, acabar-se com o medo. Hoje vivemos desemprego, há fome e o medo voltou”, afirmou Carlos Brito, esta segunda-feira, em Castro Marim, durante o debate que marcou o início das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril naquele concelho. O antigo dirigente comunista e ex-deputado considerou que “um povo que fez o 25 de Abril não pode deixar que isto aconteça” e classificou a atualidade como os “dias mais sombrios destes 40 anos de liberdade”.

Na mesa estavam também a escritora e professora catedrática Teresa Rita Lopes, uma das maiores especialistas contemporâneas de Fernando Pessoa, bem como Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim e o autarca mais antigo do país em funções. O edil castro-marinense também destacou o descontentamento face aos caminhos da política nacional, uma política que, segundo o autarca, tem travado o progresso e o desenvolvimento de Portugal, agarrada àquilo a que ele costuma chamar de “espírito das capelinhas”.

“O que seria da cultura, do desporto, da solidariedade social se não fossem as câmaras municipais?”, questionou Francisco Amaral, concluindo que “não foi para aquilo que se vive hoje em Portugal que os capitães fizeram o 25 de Abril.”. Depois de uma homenagem aos capitães de Abril, numa breve exposição de Carlos Brito sobre o movimento e nas palavras da poesia de Teresa Rita Lopes, a plateia interveio interessada. O público presente questionou os caminhos destes 40 anos de liberdade e o papel dos nossos jovens na construção de um melhor futuro,

aos quais, segundo uma das intervenções do público “aqueles que viveram Abril não souberam dar um legado de esperança”. “Talvez não saibamos trazê-los cá”, sugeriu o ex-dirigente do PCP. “Grândola, Vila Morena”, na voz de Afonso Dias, e os Poetas do Guadiana fecharam este debate de Liberdade, uma iniciativa da Câmara Municipal de Castro Marim integrada nas Comemorações do 25 de Abril, que continuam na sexta-feira, e até ao dia 27 de abril, com um vasto programa cultural e desportivo.

25 de Abril comemorado em grande no concelho de Loulé As celebrações do 25 de Abril arrancam esta quinta-feira, dia 24, no concelho de Loulé, a partir das 10h30, com a iniciativa da Escola Secundária de Loulé “A Poesia está na Rua” e que tem por objetivo ligar a escola à comunidade. Pelas 15h00, o Café Calcinha recebe a Tertúlia “Vimos, Ouvimos e Dizemos”, com apresentação de José Ruivinho Brasão e narrativas de Almerinda Coelho, Leonor Joaquim e Maria José Ferreira. À noite, a partir das 21h30, o Cine-Teatro Louletano recebe o Concerto “As Quatro Estações” de Vivaldi, por João Pedro Cunha e solistas da Orquestra Clássica da Academia de Música de Lagos. A entrada é livre. Quando passarem 20 minuto e 19 segundos da meia noite, no exato momento em que há 40 anos foi emitida a senha para o arranque das unidades militares em todo o país, dando origem ao derrube da ditadura, haverá um espetáculo de fogo-de-artifício, em simultâneo, nas cida-

des de Loulé e Quarteira. No dia 25, às 9h30, tem início o programa oficial, que incluiu a sessão comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia Municipal. Às 12h30 é inaugurada a exposição “Símbolos e Documentos de Abril”, que decorre até 30 de setembro no Convento de Santo António e que pretende homenagear os 5 mil soldados que estiveram no movimento. A exposição abrirá ao público no final da manhã de sexta-feira, após a chegada a Loulé da “chaimite” que ficará integrada no corpo da exposição. Ainda no dia 25 de abril, pelas 21h00, é apresentado no Cine-Teatro Louletano o filme “A Hora da Liberdade”. No sábado acontece a homenagem a Salgueiro Maia. Durante toda a amanhã haverá animação de rua e diversas iniciativas culturais e desportivas nas freguesias de Quarteira, Alte, Ameixial e Almancil.


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