O
SEMANÁRIO
FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis
quinta-feira
PUB
DE I
MAIOR
EXP ANSÃO EXPANSÃO
6 de fevereiro de 2014 I ANO LVII - N.º 2967
I
DO
Preço 1,10
ALGAR VE ALGARVE www.jornaldoalgarve.pt
PORTE PAGO - TAXA PAGA
Praxes no Algarve já são "controladas" mas há represálias
CAMPANHA DE ASSINANTES ASSINE O
Pague a sua assinatura e habilite-se a*
1 VIAGEM A LONDRES para duas pessoas ou
FIM SEMANA NA SERRA ESTRELA ou OFERTA DE UM TABLET
Proponha 2 assinantes e ganhe um ano de BORLA! *quem pagar até 15 de fevereiro, duas vezes até 1 de março, uma vez
DESCONTOS EM PUBLICIDADE
Associação académica apertou regras depois de reitor tentar abolir "práticas irracionais". Numa semana em que ganha cada vez mais força a teoria de que as praxes estão relacionadas com a morte de seis estudantes, entre os quais uma jovem algarvia, na praia do Meco, o JA analisou detalhadamente as 27 páginas do código de praxes da Universidade do Algarve para descobrir quais os rituais praticados pelos alunos na região. Segundo apurámos, o código está longe dos excessos vindos a público e os alunos até podem solicitar o estatuto anti-praxe. Porém, os caloiros que tomem esta decisão sofrem consequências, como perderem o direito a usar o traje académico e a participar em jantares de curso e convívios
P 6/7
RECOLHA DE MEDICAMENTOS DECORRE ESTE SÁBADO EM VÁRIAS FARMÁCIAS
Há cada vez mais algarvios sem dinheiro para os remédios
P3
Oceana divulga imagens inéditas do banco submarino de Gorringe RADIS Dr. Jorge Pereira
Agora com TAC - Rx - Ecografia - Mamografia RX Panorâmico Dentário Acordos - Convenções ADSE - SAMS - CGD - PSP - CTT - TELECOM - ADMFA ADMG - MÚTUA PESCADORES - MEDIS SAMS QUADROS - MULTICARE Rua Aug. Carlos Palma n.º 71 r/c e 1.º Esq. - Tel. 281 322 606 em frente à farmácia do Montepio (Tavira)
Castro Marim quer apostar no autocaravanismo para desenvolver economia P9
P4
Projeto algarvio que leva filmes às escolas dá nas vistas P 13
www.jornaldoalgarve.pt
REDACÇÃO/ADMINISTRAÇÃO/PUBLICIDADE Tels. 281511955/6/7 - Fax 281511958 e-mail: jornaldoalgarve@gmail.com; ja.portimao@gmail.com Rua Jornal do Algarve, 46 - Apartado 23 8900-315 VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
Centenas manifestam-se pela defesa do Serviço Nacional de Saúde
EDITORIAL A propósito das praxes
JA COLABORA NA RECICLA GEM ECICLAGEM O Jornal do Algar Algarvve está a colaborar na reciclagem de papel, reutilizando e utilizando sobras. Desta fforma orma pre ores prettendemos sensibilizar os nossos leit leitores para a luta contra o plástico (utilizado por div er sos jornais e re vistas diver ersos revistas na eexpedição xpedição por correio) e para a necessidade de se def ender o meio ambient e. defender ambiente.
Fernando Reis
A morte de seis jovens estudantes da Universidade Lusófona na praia do Meco, entre os quais se encontrava a louletana Andreia Revez, de 21 anos, alegadamente vítimas de uma praxe, abriu o debate, na sociedade portuguesa, acerca destes rituais a que são sujeitos os caloiros. As dúvidas e a contestação a este tipo de práticas, que os grupos que as promovem apelidam de “integradoras” dos alunos na vida académica, são antigas, mas só são faladas entre os responsáveis e trazidas ao debate público sempre que ocorre uma tragédia, como a que se verificou agora. Depois tudo volta à normalidade e o perigo fica à espreita de fazer mais vítimas e traumatizar mais umas centenas de jovens, para além da pobreza dos valores morais e civilizacionais que lhes são transmitidos, na linha, aliás, daquilo que nos “ensinam” os “big brother” e outros “reality shows” televisivos. Que tipo de jovens é que se pode formar com um ritual de atividades irracionais, de humilhações pessoais e tratamentos degradantes, como as televisões têm mostrado? Será que estamos a contribuir para a formação de jovens aptos a viver em democracia, respeitanto o outro e encarando-o como seu igual ou, antes, a contribuir para a reprodução e a aceitação de comportamentos violentos, de submissão ao chefe e de intolerância? Felizmente, pelo que podemos perceber da reportagem que hoje editamos, na Universidade do Algarve as praxes não terão uma carga tão violenta como acontece na Lusófona e noutras universidades portuguesas. Muito por ação dos seus reitores, particularmente, o Professor João Guerreiro que impôs que, no interior do campus universitário, essas iniciativas não perturbassem o ambiente de trabalho, nem fossem usados trajes menos dignos, nem linguagem grosseira, mas também, o que é justo que se sublinhe, por ação da respetiva associação académica que, em 2009, aprovou um novo código de praxe que aboliu abusos e violências que ponham em risco a integridade física dos alunos, responsabilizando quem as pratica. E há, até, um estatuto anti-praxe que os alunos podem requerer, mas que, acreditamos, poucos farão uso dele, pelas consequências que isso acarreta para os caloiros. Quem o fizer, perde o direito a usar o traje académico e a participar em jantares de curso e convívios. Uma medida discriminatória e anti-democrática que pressiona os estudantes, na hora de decidirem. A mensagem que gostaríamos de aqui deixar, como nosso contributo para este debate é que os estudantes tivessem a vontade e a imaginação suficientes para adaptarem o modo como recebem atualmente os caloiros, a formas mais humanas de se promover a integração dos que acabam de chegar à universidade, que assentem nos valores universais da liberdade, igualdade e fraternidade.
Manifestantes exigiram, em Faro e Portimão, a demissão do presidente do CHA e do Governo Cerca de uma centena de pessoas manifestou-se no passado domingo no Hospital de Faro, tal como tinha acontecido no dia anterior em Portimão, para exigir mais qualidade no Serviço Nacional de Saúde, bem como a demissão do diretor do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, e do Governo PSD/CDS. O denominado Movimento de Cidadãos pela Defesa dos Serviços Públicos de Saúde do Algarve entregou, nas urgências do Hospital de Faro, um ramo fúnebre com a inscrição “Pedro, vaite embora”. João Semedo, coordenador do Bloco de Esquerda, participou na iniciativa iniciando no Algarve um roteiro de saúde que o partido vai fazer pelo país. No sábado, e numa organização do mesmo movimento, cerca de meio milhar de pessoas tinha-se manifestado pelos mesmos motivos junto ao Hospital de Portimão. A ação contou com a presença de vários autarcas, entre os quais os presidentes de câmara de Portimão (Isilda Gomes), Aljezur (José Amarelinho) e Loulé (Vítor Aleixo). “Pedro Nunes deixa o Algarve em paz e vai para Lisboa”, “Pedro Nunes, demite-te e leva o Paulo Macedo contigo” ou “Senhor Pedro Nunes, a dignidade do ser humano sofredor está em primeiro lugar. Desapareça, vá para a sua terra” foram algumas das frases inscritas nos cartazes. Os manifestantes levaram vários presentes ao presidente do CHA, entre os quais uma almofada, gaze, ligaduras, fraldas des-
cartáveis, luvas, agulhas, desinfetante e uma caixa de primeiros socorros. Durante a ação de protesto foi ainda lida uma carta aberta dirigida ao Primeiro-ministro, ao ministro da Saúde e ao presidente do Centro Hospitalar do Algarve. Na missiva é referido que “o SNS encontra-se em degradação acelerada na região, devido às políticas destrutivas impostas pela troika e pelo governo PSD/ /CDS, sentindo-se particularmente nos Hospitais públicos de Faro, Portimão e Lagos e que compõem o atual Centro Hospitalar do Algarve”. Na carta, aquele movimento recorda que “não se conhece qualquer estudo que fundamente a existência deste Centro Hospitalar” e desafiam Pedro Nunes a mostra-lo, “se tem coragem para tal”. “Trata-se de uma política cega de destruição do Serviço Nacional de Saúde e que só irá favo-
recer os privados deste setor”, lê-se no mesmo documento.
ARS refuta críticas A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve garante que o Ministério da Saúde, ao longo dos últimos três anos, tem vindo a dar especial atenção à Região do Algarve para “reforçar e melhorar a capacidade de resposta dos cuidados de saúde”. A posição do Conselho Diretivo da ARS surgiu, em comunicado enviado esta semana às redações, na sequência de recentes notícias sobre o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e a contestação sobre a alegada “degradação” e “desinvestimento” no Serviço Nacional de Saúde na Região do Algarve. No que diz respeito aos cuidados de saúde hospitalares, a ARS recorda a criação do Centro Hospitalar do Algarve, que integrou as unidades hospitalares de Faro, Portimão e Lagos. “Reforça-se a articulação da atividade assis-
tencial destes hospitais, pretendendo promover-se a complementaridade entre eles, melhorando a eficiência e a eficácia dos recursos humanos disponíveis na Região, sem prejuízo do acesso dos utentes a cuidados de saúde de qualidade”, explica a ARS. O aumento da capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários e a implementação do alargamento da rede de cuidados continuados integrados na Região do Algarve, apesar do actual contexto que o país atravessa, “têm permitido aos cuidados hospitalares reforçar as condições de prestação de cuidados de saúde com melhor qualidade e de forma sustentável a toda a população”, acrescenta a mesma entidade. O Conselho Diretivo da ARS Algarve exlica ainda que “desde o primeiro momento” tomou oficialmente conhecimento de uma carta assinada por um grupo de médicos assistentes hospitalares do Centro Hospitalar do Algarve, contestando a atual situação de gestão daquela unidade hospitalar. A ARS Algarve “realizou no âmbito das suas competências, todas as diligências, enquanto mediador, com vista a promover o diálogo entre ambas as partes para, em conjunto, alcançarem um entendimento. E, deste modo, por termo à situação de conflito, criando as condições necessárias para que o Centro Hospitalar do Algarve continue a assegurar a prestação de cuidados de saúde de forma efi-ciente e de qualidade a todos aqueles que necessitem”, acrescenta a mesma entidade.
Águas do Algarve leva autarcas a visitar ETAR A empresa Águas do Algarve convidou na passada sexta feira o presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, para visitar as duas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) do concelho (Nascente e Noroeste), ambas exploradas por aquela mpresa. Esta visita teve o acompanhamento da administradora da Águas do Algarve, Isabel Soares, dos diretores Joaquim Freire e João de Sousa, além de vários técnicos que laboram nestas instalações. A iniciativa permitiu dar a conhecer as instalações de ambas as ETAR, e o modo de funcionamento destas, bem como o esclarecimento para algumas questões que foram colocadas pelo edil farense. A Águas do Algarve está a promover visitas com os autarcas de todos os concelhos da região às suas infraestruturas (água e saneamento). O objetivo é promover um melhor conhecimento acerca daquilo que a empresa está a realizar no Algarve, com o consequente investimento já realizado de várias centenas de milhões de euros. Os Sistemas Multimunicipais de Abastecimento de Água e de Saneamento do Algarve, foram concebidos para assegurar a regularidade do fornecimento e melhorar a qualidade da água de abastecimento público. Têm ainda como missão contribuir para a gestão integrada dos recursos hídricos da Região, mediante a construção e exploração adequada das infraestruturas de tratamento e destino
final previstas e a reutilização das águas residuais depuradas em fins adequados. “Estes dois sistemas tem um papel fundamental para a melhoria da qualidade de vida das populações e para o desenvolvimento económico da região algarvia”, explicam os responsáveis da Águas do Algarve, frisando que a água abastecida pela empresa na região “é de elevadíssima qualidade, recomendando-se o seu consumo”.