Jornal do Algarve

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SEMANÁRIO

FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

Algarve tem 319 milhões de euros em fundos comunitários P5

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20 de março de 2014 I ANO LVII - N.º 2973

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Número de jovens agricultores quadruplicou na região algarvia A crise e a necessidade de procurar novas fontes de subsistência, bem como a atratividade do setor agrícola, devido a apoios que podem cobrir a totalidade do investimento, são apontadas como as razões da adesão dos jovens algarvios à agricultura. A apicultura e o cultivo de medronheiros lideram a lista de projetos aprovados até ao final do último ano, seguindo-se os citrinos e os frutos vermelhos

Alcoutim quer revitalizar a produção de medronho

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Castro Marim debate a Reseva do Sapal no contexto atual P 11

Aljezur apoia alunos para evitar abandono escolar P 16

Militares de Abril querem um papel mais interventivo do povo P 24

Desemprego é "verdadeiramente dramático" em Portimão Isilda Gomes está muito preocupada com o agravamento das condições de vida em Portimão, o concelho "campeão" do desemprego e das dívidas municipais. Em declarações esta semana ao JA, a presidente da câmara confessa que a autarquia já não consegue dar resposta aos pedidos de ajuda que são diários e, na maioria dos casos, "verdadeiramente dramáticos", essencialmente devido ao desemprego P 10

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OTELO, VASCO LOURENÇO E MARTINS GUERREIRO NO ARRANQUE DAS COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL EM LOULÉ

Militares de Abril querem um papel mais interventivo do povo Mais de 800 casas vão ser demolidas no litoral algarvio O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, anunciou na semana passada que vai avançar com a demolição de 835 construções em zonas de risco de erosão costeira. Da lista constam 808 casas localizadas nas ilhas Barreira do Algarve (Praia de Faro, Hangares, Farol nascente e ilhotes). E 27 em São Bartolomeu do Mar, no concelho de Esposende, cujo processo é mais pacífico. Assim, a maioria das construções ilegais visadas encontra-se nas ilhas Barreira. A operação deverá estar concluída até ao fim de 2015, para não perder verbas comunitárias, e custará 16,6 milhões de euros. Para estas intervenções, o Ministério do Ambiente dispõe de 16,6 milhões, já incluídos no pacote de 300 milhões de euros anunciados para intervenções no litoral. “Não queremos que o cenário de destruição pelo mar vivido na Fuseta (há uns anos) se repita noutros locais”, sublinha Jorge Moreira da Silva. E reforça: “Há pessoas e bens a serem protegidos em sítios onde não devia haver pessoas nem bens.” Há décadas que estas e outras construções estão para ir abaixo por se encontrarem em zonas costeiras de risco devido aos avanços do mar.

Foi ao som do “Grândola Vila Morena” que tiveram início as comemorações do 40º Aniversário do 25 de Abril no Concelho de Loulé, no passado sábado, 15 de março. Desta vez, o emblemático tema de Zeca Afonso não foi a senha da Revolução mas sim de uma conferência que contou com a presença de três dos protagonistas que puseram fim à Ditadura em Portugal – Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Lourenço e Martins Guerreiro. O Cine-Teatro Louletano foi pequeno para receber todos aqueles que quiseram ouvir estes Militares de Abril falar sobre este momento marcante da História Portuguesa mas também do período atual do país, numa conferência/debate moderado pelo Reitor da Universidade do Algarve, António Branco. Com posições diferentes quanto ao rumo dos acontecimentos no processo revolucionário, os três convidados foram unânimes ao abordar o presente e a necessidade de haver uma capacidade interventiva do povo. “É necessário um novo 25 de Abril mas os Militares de Abril já não têm condições para o fazer. Tem de ser o povo a fazê-lo”, referiu Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril. Descontente com o rumou que o país tomou, Otelo Saraiva de Carvalho disse que “perdeu-se uma ocasião histórica para alterar o regime político em que vivemos”. Para este militar, “a forte pressão que os Estados Unidos e o mundo ocidental exerceram”, com a ameaça de boicote económico, caso a revolução socialista prosseguisse, levou a este regime. “Um regime que não serve pois não vejo capacidade interventiva do povo”, afirmou este militar, sublinhando que “durante o PREC o povo tinha poder, havia inteligência e dinamismo mostrado no terreno pelos trabalhadores, esperança em enveredar por outro ca-

minho político, o da democracia participativa”. Como referiu este orador, na altura foi mesmo apresentado um documento guia para a aliança PovoMFA, que seria rejeitado pelos partidos. Otelo Saraiva de Carvalho culpa o “capitalismo internacional” de ter levado ao fim da Revolução, a 25 de Novembro. Em tom mais moderado, Vasco Lourenço, “um apaixonado pelo 25 de Abril” como o próprio confessou, corroborou algumas das ideias do seu companheiro: “Perdemos uma grande oportunidade de conjugar a democracia representativa com a democracia direta das organizações de base que estão no terreno mas as forças existentes impossibilitaram que essa realidade fosse concretizada”, considerou. Por outro lado, culpa os partidos políticos pelo estado a que o país chegou já que estes “boicotaram essa ligação, pois queriam apenas uma democracia representativa”. No entanto, ao contrário de Otelo, o presidente da Associação 25 de Abril acredita que, se não tivesse havido o 25 de Novembro, o país teria caído numa ditadura. Apesar de algum desapontamento quanto ao panorama atual, Vasco Lourenço acha “inconcebível” todos aqueles que acham que Portugal estava melhor antes do 25 de Abril. “Apesar de estarmos mal, estamos claramente melhor do que an-

tes do 25 de abril”, realçou. Face às injustiças sociais e à sociedade individualista do mundo atual, foi perentório ao afirmar: “Temos que ser capazes de voltar a uma prática solidária, fraterna e recuperar os valores de Abril”. Já Martins Guerreiro enalteceu esta iniciativa promovida pela Câmara de Loulé, através de uma Comissão Concelhia, de celebrar os 40 anos de Abril, ao contrário do que está a ser feito pelos órgãos de soberania. “Este poder envergonha-se do 25 de Abril. É muito significativo o que Loulé está a fazer a partir de baixo. A força do poder local e da democracia de base é extremamente importante”, frisou. Quanto aos valores de Abril, disse ser fundamental saber transmiti-los e obrigar os nossos representantes a cumpri-los”. Este militar falou das diferenças do país de hoje relativamente ao de há 40 anos atrás em termos de progresso, educação, etc., mas frisou a “situação grave, o empobrecimento e o retrocesso ao nível da emigração a que assistimos hoje”. Se durante a Ditadura Portugal viveu uma “guerra de armas”, para este militar hoje há uma “guerra financeira. “O elemento de subjugação que hoje esmaga a classe média é a dívida. Os portugueses devem juntar esforços para combater o capital financeiro especulativo. Este poder financeiro não

é democrático e é necessário controlar democraticamente as instituições desse poder”, considerou, acrescentando que “o povo português tem que tomar o seu destino nas mãos e afirmar que tem tanta dignidade como os outros”. Os militares falaram ainda do da tentativa de golpe do 16 de março, que não vingaria, mas que foi um importante momento para a caminhada para os acontecimentos do 25 de Abril de 1974.

Ex-Presidentes da República em Loulé Durante este momento inaugural de um vasto programa comemorativo, o autarca louletano saudou “todos os militares que, num ato de rebeldia e muita coragem, ousaram, e puseram termo, a um longo ciclo político de opressão e restrição de liberdades e direitos dos portugueses”. Vítor Aleixo relembrou a vivência por parte dos louletanos aos desenrolar da Revolução. “A nossa comunidade acompanhou, desde o primeiro momento, a causa heroica do Movimento das Forças Armadas, partilhando e vivendo as suas angústias e vicissitudes de um percurso difícil e conturbado na luta pela liberdade”, referiu o edil. O presidente da Câmara de Loulé considerou ser necessário que as celebrações do 25 de Abril se realizem “de forma mar-

cante” todos os anos, mas também “de forma descentralizada e inovadora”, numa aproximação às gerações mais jovens. Nesse sentido, adiantou que a Autarquia de Loulé fará todos os esforços para que nas escolas do Concelho os jovens possam receber o máximo de informação e formação, perpetuando assim as memórias desta data. Vítor Aleixo falou ainda “dos novos perigos e velhas ameaças” perante a crise profunda. “A Democracia não nos foi dada para sempre. É um bem frágil e precisa que a defendamos todos os dias. Para isso, é fundamental continuarmos a trilhar o caminho que o 25 de Abril nos abriu”, afirmou este responsável. Carlos Albino, presidente da Comissão Concelhia das Comemorações dos 40 Anos do 25 de Abril no Concelho de Loulé, falou deste propgrama como “um projeto de cidadania e um contributo para que os valores de Abril se imnstalem nos nossos afetos, alma, razão de ser e pensar”. Reportando-se às iniciativas que irão decorrer até ao final do ano, nas cidades, vilas e aldeias do Concelho, do Ameixial a Quarteira, Carlos Albino adiantou “Abril deixará de ser apenas um mês”, sublinhando o envolvimento das escolas, universidades e associações “neste desafio para todos os louletanos”. Assim, já está confirmada a presença de três ex-Presidentes da República em Loulé, para conferências que terão lugar no Cine-Teatro Louleta-no: Mário Soares (maio), Ramalho Eanes (junho) e Jorge Sampaio (julho). Estão igualmente previstos grandes debates onde marcarão presença antigos presidentes da Câmara Municipal de Loulé, bem como deputados eleitos de Loulé. No dia 25 de abril, pelas 21h00, será apresentado no Cine-Teatro Louletano o filme “A Hora da Liberdade”, um documentário ficcionado que retrata os diversos acontecimentos que pautaram o golpe militar que levou à queda da Ditadura.


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