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SEMANÁRIO
FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis
quinta-feira
DE I
MAIOR
EXP ANSÃO EXPANSÃO
17 de dezembro de 2015 I ANO LVIII - N.º 3064
I
Preço 1,10
DO
ALGAR VE ALGARVE www.jornaldoalgarve.pt
PORTE PAGO - TAXA PAGA
MILHARES DE PESSOAS DEPENDEM DE AJUDA PARA COMER
Pobreza alastra no Algarve
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"Existe um clima de grandes ódios políticos" Depois de 20 anos à frente da Câmara Municipal de Alcoutim, e de ter sido proibido de se recandidatar naquele concelho pela lei que passou a limitar os mandatos, Francisco Amaral aceitou o desafio de encabeçar a lista do PSD em Castro Marim e já é presidente daquela autarquia há dois anos. Em entrevista ao Jornal do Algarve, o edil que se afirma um homem de paz, lamenta o clima de "guerrilha política" que se vive naquele concelho. Explica ainda o que já fez e revela os projetos que tem em carteira P 10/11
Casas iguais chegam a pagar mais 500 euros de IMI
ENMC garante "transparência" na exploração de petróleo
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"Transfers" alarmados com novo aumento no parqueamento
Antigo posto da GF está ao abandono há dez anos
Câmara de VRSA anuncia programa para o "revéillon"
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JA COLABORA NA RECICLA GEM ECICLAGEM O Jornal do Algar Algarvve está a colaborar na reciclagem de papel, reutilizando e utilizando sobras. Desta fforma orma pre ores prettendemos sensibilizar os nossos leit leitores para a luta contra o plástico (utilizado por div er sos jornais e re vistas diver ersos revistas na eexpedição xpedição por correio) e para a necessidade de se def ender o meio ambient e. defender ambiente.
O Jornal do Algar ve Algarve deseja a todos os seus leitores
Boas F estas Festas
Quatro meses em alta, resto do ano em descalabro
EDITORIAL Fernando Reis
Ao que chegámos! A pobreza e a miséria a ela associada, continuam a atingir de uma forma muito particular milhares de algarvios, conforme se dá conta na peça que publicamos nesta edição. E as vítimas não são apenas os desempregados. Cada vez é maior o número de reformados com pensões miseráveis, pessoas com empregos temporários - vítimas da sazonalidade laboral - e gente que perdeu o direito a qualquer rendimento social, a engrossarem esta multidão que tem que andar de mão estendida a caridade. Atualmente são mais de 1000 famílias algarvias, o equivalente a cerca de 4000 pessoas, que dependem de instituições sociais e das autarquias para poderem comer. Muitas delas, apenas uma única refeição por dia, a que temos que juntar um número crescente de sem abrigos, que ascende já a mais de seis dezenas. É uma pobreza cada vez mais profunda e complexa que não atinge, apenas, as classes socialmente mais desfavorecidas, mas cada vez mais, também, pessoas da classe média, que viviam bem e que, de um momento para o outro, como consequência da crise económica e das políticas de austeridade se viram desempregadas, sem qualquer rendimento social e perspetivas de regressar, tão pronto, ao mercado de trabalho. E não falamos só de ajuda alimentar, não fora o apoio de muitos municípios e instituições sociais e nem sequer teriam assistência médica e acesso a medicamentos. Mas, curiosamente, é mesmo Estado que destruiu milhares de postos de trabalho, lançou milhares de pessoas para o desemprego, famílias inteiras para a pobreza e eliminou uma série de apoios sociais aos mais necessitados, que gasta, agora, muitos milhões com programas de ocupação de jovens e desempregados, numa política que só contribui para criar mais instabilidade no mercado de trabalho. É preciso, de uma vez por todos, inverter esta política destrutiva que mais não visava do que acabar com o Estado Social ao mesmo tempo que se injetava - e vamos ver se não se continuarão a injetar-se - milhões do erário público na banca e noutros sectores da economia, se engordavam meia dúzia de famílias que dominam o país e se vendiam empresas estratégicas ao capital estrangeiro. Torna-se imperativo, pois, uma alteração deste quadro social, que nos deve envergonhar. Mais de quarenta anos depois da Revolução de Abril e três décadas de integração europeia, não podemos voltar a ser o país da "sopa dos pobres" e da caridadezinha! freisjornaldoalgarve@gmail.com
"Fortíssima sazonalidade está a tornar região cada vez mais insustentável", diz Algfuturo O turismo – o principal motor da economia do Algarve – até está a registar evoluções positivas, mas a associação Algfuturo, coordenada por José Vitorino, alerta para “as tendências que estão a tornar o Algarve cada vez mais insustentável”. Desde logo, a associação destaca “a fortíssima sazonalidade”, salientando “que a média das dormidas nos oito meses de época baixa é cinco a seis vezes inferior à média nos quatro meses de época alta”. “Daqui resulta um colapso e rutura económica e social em dois terços do ano na maior parte das empresas privadas, serviços públicos e sociedade, perante tão profundas oscilações”, realça a Algfuturo. Num extenso documento onde faz um balanço de 2015 – incluindo uma lista do “melhor” e “pior” que marcou o ano (ver caixa) –, a associação refere que, apesar dos bons indicadores da economia turística, “na área social e segurança o ano teve muitos descalabros”. “A nível estrutural as coisas no Algarve vão muito mal, com ruturas em equilíbrios vitais de sustentabilidade nas empresas, emprego, rendimentos e serviços sociais públicos”, frisa o coordenador da associação, José Vitorino, sublinhando que “esta situação exige fortes diligências em Lisboa e Bruxelas para ser explicada e serem reclamadas soluções de fundo, o que iremos fazer”.
"Batalha sem tréguas para atenuar sazonalidade" José Vitorino defende, assim, “uma batalha sem tréguas para atenuar a sazonalidade”, reivindicando desde logo uma maior autonomia e mais verbas para a Região de Turismo do Algarve. É que, segundo um estudo realizado pela Algfuturo, a sazonalidade turística está mesmo a aumentar. “Comparando os anos de 2007 e 2014, contrariamente a algumas opiniões que por vezes se ouvem, conclui-se que na hotelaria global, em 2014
em termos absolutos e relativos, houve uma queda de dormidas na época baixa, ainda muito mais acentuada se se considerar todo o tipo de alojamentos. A época baixa desceu de 46% para 42% e a alta subiu de 54% para 58%”, revela. Já em relação ao ano turístico de 2015, o estudo conclui que as previsões apontam para “a continuação de um forte predomínio dos quatro meses da alta sobre os oito meses da baixa, percentualmente ainda pior, com 5% abaixo de 2007 e sensivelmente igual em termos absolutos”. Uma das grandes reivindicações da Algfuturo neste campo é o fim das portagens na Via do Infante, já que esta medida poderia atrair mais turistas da vizinha Andaluzia na época baixa do turismo.
Algarve é cada vez mais "turismo-dependente" Ainda em relação ao balanço do ano 2015, a Algfuturo volta a frisar que, “no conjunto da economia, a tendência é ligeiramente positiva”, mas alerta para uma cada vez maior “turismo-dependência”. A associação volta a culpar a sazonalidade pelos “recordes negros” que o Algarve apresenta em relação à média nacional, nomeadamente a nível empresarial, onde “registase um dos níveis de maior endividamento (dados do INE), num quadro de gestão de fundos e recursos humanos em que, perante as grandes oscilações da procura, é impossível manter pessoal e nível de serviços em quantidade e qualidade de forma harmónica e estável ao longo do ano”. Outro dos recordes negativos apontado é “a mais elevada percentagem nacional de contratos a termo do país (31%) e o mais baixo rendimento salarial médio (líquido) do país dos trabalhadores por conta de outrem (-8%)”. Em resultado desta situação, a Algfuturo fala de “muitos descalabros” na área social:
“descalabro pelas muitas pessoas em risco de pobreza e fome, descalabro nos serviços de saúde prestados nos hospitais públicos pela falta de profissionais, descalabro provocado pelas cheias de Albufeira e também Quarteira, e descalabro, ainda, pelos vários atos de violência noturna, sobretudo em Albufeira, e funcionamento das escolas”.
"Inverter as tendências é trabalho árduo" Face a este cenário, a associação reclama mais verbas públicas e apoios, depois de o Algarve ter perdido 700 milhões de euros no programa 2020 (apenas foram atribuídos 327 milhões), “por critérios mal ponderados e injustos”. “Inverter as tendências descritas é um trabalho árduo”, remata o coordenador da Algfuturo, salientando que vai continuar a defender a criação da Região Administrativa. “Se já estivesse a funcionar, isto não aconteceria, sendo por estas e por outras que o poder central não quer abrir mão do poder absoluto, mas também é por isso que esta é uma luta na primeira linha do objeto social da Algfuturo para que nesta legislatura o nó seja desatado”, conclui José Vitorino.
A guerra das portagens
Agora é o PSD-Algarve que pede ao Governo PS a redução do preço e o fim da cobrança O PSD-Algarve anunciou que vai solicitar ao Governo socialista e à Assembleia da Republica a “redução imediata” do custo das portagens na Via do Infante. Os sociais-democratas defendem ainda a renegociação dos contratos com a concessionária no sentido de “manter uma progressiva diminuição do custo até à sua eventual extinção”. Esta reivindicação é exatamente igual àquela que o deputado socialista José Apolinário, agora secretário de Estado das Pescas, fez durante a campanha eleitoral antes das últimas eleições. Agora, é o PSD-Algarve que sublinha “a necessidade de tendencialmente se terminar com a cobrança” na Via do Infante. “Esta tomada de posição, enquadrada no novo panorama político nacional, não deixa de ter em conta as incongruências que, com poucos dias de mandato, o novo executivo socialista já mostrou”, refere em comunicado a comissão política distrital do PSD, recordando que no início da campanha eleitoral (20 de setembro), António Costa admitiu a possibilidade de eliminar as portagens no Algarve. No entanto, realça o PSD-Algarve, “o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, afirmou no passado dia 9 de dezembro
que 'não está em cima da mesa do Governo a abolição de portagens'”.O Governo de José Sócrates (PS) iniciou em 2010 o processo de portagens. Quando chegou ao poder, no ano seguinte, a maioria PSD-CDS introduziu a cobrança na Via do Infante. Desde então, a troca de acusações tem sido constante, mas nada mudou nestes quatro anos. Agora, socialistas e sociais-democratas parecem estar de acordo na necessidade de reduzir o preço das portagens e, a longo prazo, terminar mesmo com a cobrança no Algarve. Para BE e PCP, a melhor solução continua a ser a abolição imediata das portagens”. O Governo de José Sócrates (PS) iniciou em 2010 o processo de portagens. Quando chegou ao poder, no ano seguinte, a maioria PSD-CDS introduziu a cobrança na Via do Infante. Desde então, a troca de acusações tem sido constante, mas nada mudou nestes quatro anos. Agora, socialistas e sociais-democratas parecem estar de acordo na necessidade de reduzir o preço das portagens e, a longo prazo, terminar mesmo com a cobrança no Algarve. Para BE e PCP, a melhor solução continua a ser a abolição imediata das portagens N.C.