Jornal do Algarve

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O FUNDADOR: José Barão I DIRETOR: Fernando Reis

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quinta-feira I 10 de maio de 2018 I ANO LXII - N.º 3189 I Preço 1,30

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"Estamos a arrumar a casa para preparar o futuro" Em entrevista ao Jornal do Algarve, por ocasião do Dia da Fundação da Cidade, que se celebra no próximo domingo (13 de maio), a presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António falou, entre outros temas, sobre a situação financeira da autarquia, a estratégia deste executivo para o futuro e o ponto da situação de alguns dos projetos que estão a ser desenvolvidos

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CELEBRAÇÃO É ESTA QUINTA-FEIRA

Loulé homenageia personalidades e lança investimentos no Dia do Município

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Estrada Nacional 125:

Eleições na sexta-feira:

Obras de urgência não convencem utentes nem autarcas

Dois candidatos concorrem à presidência da RTA

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Algarve também quer ser um "paraíso de cruzeiros"

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Castro Marim avança com obras de abastecimento de àgua

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RADIS

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Lar de Alcoutim vai para obras com apoio da Câmara

Albufeira:

15 mil visitantes na "Grande Mostra de Vinhos"

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PCP alerta para défice de efetivos e instalações da GNR e SEF A GNR no Algarve necessita de um reforço dos efetivos e uma resposta aos problemas com algumas das suas instalações, com destaque pela negativa para os postos de Lagos e Aljezur, denuncia o deputado do PCP Paulo Sá, que se reuniu recentemente com o comando de Faro da GNR. “A atividade das forças de segurança e a vida dos seus profissionais são marcados por variados problemas, com reflexos no direito das populações à segurança e tranquilidade públicas”, refere o deputado comunista, que questionou na semana passada o Ministério da Administração Interna (MAI) sobre estes problemas. Além da falta de efetivos militares e da necessidade de novas instalações em vários concelhos, o deputado do PCP denunciou ainda que “o parque automóvel da GNR no Algarve está muito envelhecido”, com várias viaturas a apresentarem “mais de meio milhão de quilómetros”. Esta situação leva a que “viaturas fiquem demasiado tempo imobilizadas”, enquanto “as viaturas abatidas não têm sido automaticamente substituídas, pelo que o número total de viaturas ao serviço tem diminuído”. Ao mesmo tempo, Paulo Sá pediu respostas ao MAI sobre as carências sentidas pela direção regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). “Atualmente, o SEF conta, no Algarve, com 92 profissionais da carreira de investigação e fiscalização e cerca de 80 da carreira administrativa. Este número de profissionais é manifestamente insuficiente para as necessidades do serviço, particularmente no período compreendido entre os meses de abril e de setembro, altura em que se torna necessário desviar inspetores das atividades de investigação e fiscalização para o controlo da fronteira no aeroporto de Faro”, critica o deputado comunista, frisando que “esta carência de meios humanos traduz-se numa sobrecarga de trabalho para os profissionais atualmente ao serviço”. De acordo com informação recolhida pelo PCP, o SEF no Algarve necessitaria de, pelo menos, 120 profissionais da carreira de investigação e fiscalização e 100 da carreira administrativa.

Monchique apresenta plano de protecção das crianças e jovens A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Monchique irá realizar a apresentação pública do “Plano de Promoção e Proteção dos Direitos da Criança do Concelho de Monchique 2018-2020”, no próximo dia 11 de maio (sexta-feira), nas Caldas de Monchique, no edifício do antigo casino. O evento que, terá início às 14h00, contará com a presença da presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Rosário Farmhouse, da diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, do presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André, bem como de outras entidades regionais e locais. A CPCJ de Monchique pretende que este plano de promoção e proteção dos direitos da criança constitua “um ponto de partida para uma intervenção pensada, com base na realidade do concelho de Monchique, salvaguardando a importância dos direitos da criança, de forma concertada, envolvendo os principais agentes e, a comunidade em geral, impondo uma mudança de perspetiva e de ação perante o superior interesse das crianças e dos jovens”.

PEÇA DESCOBERTA EM 1976 DURANTE OBRAS JUNTO À ESTAÇÃO DE FARO

Mosaico pintado há dois mil anos é o primeiro tesouro nacional da região Esta obra de arte "impressionante", "incontornável" e de "valor inestimável" decorava o pavimento de um luxuoso edifício público na antiga cidade Ossonoba, nome que os romanos davam a Faro. Tal como a maioria das descobertas mais espantosas, o mosaico do deus Oceano foi desenterrado por mero acaso, há mais de 40 anos. Esta relíquia da região é o primeiro "tesouro nacional" do Algarve > NUNO COUTO Por volta do século II, os romanos que habitavam a cidade de Ossonoba (nome que davam a Faro), contratavam artistas do norte de África para decorarem os edifícios públicos e as casas luxuosas das famílias ricas. O tema variava conforme o gosto e o interesse intelectual do proprietário, mas era comum retratarem figuras mitológicas, como deuses e antigos heróis. Todo esse passado acabou por ficar enterrado com o passar dos séculos e, hoje, só a sorte – primeiro – e o minucioso trabalho dos arqueólogos – depois – permite resgatar essa história. Foi esse o caso do mosaico romano do deus Oceano, que foi classificado, na semana passada, como “tesouro nacional” (o grau de classificação mais elevado que uma peça museológica pode ter), o primeiro da região do Algarve…! Refira-se que Portugal já tem mais de mil obras classificadas como tesouro nacional, entre pintura, escultura, ourivesaria e peças arqueológicas, todas em coleções de museus públicos. Esta é a primeira obra do Algarve a entrar nesta lista e, como tal, também ela vai ter medidas especiais de proteção. O mosaico – datado do século II – foi inicialmente descoberto em 1926, entre as Ruas Infante D. Henrique e Ventura Coelho. No entanto, foi novamente enterrado e só voltou a ser redescoberto em 1976, durante as obras de construção de uma moradia, junto à estação dos caminhos-de-ferro da cidade de Faro. Os investigadores pensam que poderá ter sido o pavimento de um edifício público, sugerindo que a outrora cidade de Ossonoba tinha uma área comercial para além do centro (atual cidade velha). A peça, que atualmente é o ‘ex-libris’ do museu da cidade, deverá ser o mosaico daquela época mais bem conservado a sul do país, uma vez que foi possível recuperá-lo quase na sua totalidade, estando desde 2014 exposto numa sala remodelada que relata a época de prosperidade e poder comercial que a cidade vivia.

"Um programa de afirmação de uma cidade" “Datado de finais do século II ou inícios do III d.C, estaria integrado num edifício público relacionado com atividades marítimas, talvez a sede duma corporação profissional (schola). Os patrocinadores do mosaico inscreveram para a eternidade os seus nomes no mesmo, como era comum na sociedade romana, lê-se na obra ‘O Mosaico Oceano descoberto em Faro’ (1985), de Janine Lancha. A mesma investigadora explica toda a

iconografia e o requinte decorativo da peça: “A cabeça de Oceano é tratada como uma máscara e a associação dos Ventos (Euro e Bóreas) – que personificam as forças naturais – à cabeça de Oceano, não é a mais frequente nas representações do deus.” Por outro lado, Janine Lancha adianta que “a inscrição dos nomes dos patrocinadores, para além de nos indicarem uma origem norte africana dos seus executores, constituem todo um programa de afirmação de uma cidade e da sua vitalidade sócio-económica”. Ou seja, a antiga cidade de Faro, ocupada pelos romanos, era “uma urbe que vivia dos produtos do mar e seus preparados, e que exportava um pouco para todo o império”. “Daí a temática central deste mosaico: Oceano pai de todas as águas que faz nascer os Ventos, cujo sopro favorece a navegação, o comércio. Cosmologia e geografia humana inspiram este mosaico e não a mitologia ou a cenografia”, refere a investigadora.

"A peça móvel mais importante da região" Entretanto, várias entidades já vieram a público manifestar a sua satisfação pela classificação do mosaico do deus Oceano como “tesouro nacional”, incluindo a equipa do museu, a autarquia e todos os partidos políticos, assim como a Direção Regional de Cultura do Algarve. Em declarações esta semana ao JORNAL DO ALGARVE, o diretor do Museu de Faro e um dos principais responsáveis pela obtenção desta classificação, Marco Lopes, explica porque é que o mosaico do deus Oceano deve ser tesouro nacional: “Porque é um testemunho impressionante e incontornável da arte do mosaico romano em Portugal. Pela dimensão do achado, pela beleza técnica e pela informação essencial que passa sobre as relações comerciais, económicas e artísticas entre Ossonoba e o Mediterrâneo.”

Ainda segundo Marco Lopes, esta classificação “pode suscitar maior curiosidade”, mas “não esperamos enchentes à custa do mosaico”. “O museu vale pelo seu todo, mas não negamos que este título, mais do que merecido, vem dar maior protagonismo ao nosso acervo. No entanto, diria que isto aumenta a nossa responsabilidade e o nosso trabalho pela cultura e pelo património do concelho”, sustenta o diretor do museu de Faro, revelando que vai ser lançado em breve um catálogo sobre este novo tesouro nacional. Já de acordo com o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, esta classificação confere ao ‘ex-libris’ do museu municipal “o estatuto de peça móvel mais importante da região e uma das mais significativas de todo o país”. “A câmara e o museu de Faro acolhem esta notícia com enorme entusiasmo, pois este é o feliz corolário de um processo de reabilitação e de contextualização da peça e do espaço que a alberga, que se iniciou em 2012”, adianta o autarca, frisando que essa requalificação permitiu um contínuo crescimento do número de visitantes. “Em cinco anos, o número de visitas anuais mais do que duplicou”, refere Rogério Bacalhau. A autarquia aguarda agora a notificação oficial por parte do Governo, “para começar a preparar a cerimónia de descerramento da placa deste novo tesouro nacional, que terá muito significado para o museu, para o prestígio cultural do nosso concelho e da região”.

"Um valor cultural inestimável" Com esta classificação, a peça é considerada “um valor cultural inestimável” e fica protegida pela lei, não podendo ser objeto de perda ou extravio. Também existem limitações de circulação e de empréstimo e o Estado fica obrigado a “conservar e evitar a perda, destruição ou deterioração”, impedindo também a sua saída de Portugal e do museu de Faro, que foi o primeiro museu do Algarve, inaugurado há 121 anos (1897).


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