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Elaboração de Barra de Cereal com Alto Valor Energético para Atender Atletas da Região de Salinas-MG 132 Pardo/MG

A equipe realizou uma reunião com representantes do Conselho Comunitário Matronense, e, nesta ocasião, foi exposto o objetivo do projeto.

três pilares da saúde, direta ou indiretamente. Assim, o(a) médico(a) veterinário(a) é indispensável como um dos profissionais ligados à saúde da família, uma vez que, em visitas domiciliares, é capaz de diagnosticar riscos e promover a educação em saúde, atuando na saúde pública local, o que abre espaço para o reconhecimento da profissão, além do estereótipo restrito ao centro de controle de zoonoses do município.

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Contextualizando, o(a) médico(a) veterinário(a) tem o desafio de transpassar o conteúdo de cursos ligados à saúde e relacionar suas competências técnicas e tecnológicas, que foram intensamente trabalhadas na graduação, com o conhecimento humanístico e social. No caso específico deste projeto, o desafio foi inserir a medicina veterinária em comunidades tradicionais, permitindo o aprendizado de um outro conhecimento, aquele que não está dentro dos muros acadêmicos, mas está infiltrado nas memórias sociais: os conhecimentos e saberes tradicionais. Saberes que, muitas vezes, são desacreditados pela comunidade científica.

Foi nesse ambiente desafiador que o grupo, em parceria com o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão Afro-Brasileira e Indígenas (NEABI) do Campus Salinas, ultrapassou os muros da academia e foi inserido em Nova Matrona, distrito de Salinas, tendo, como apoio, o Conselho Comunitário Matronense, que vem trabalhando para o reconhecimento da comunidade como quilombola. Dessa maneira, poder resgatar as memórias quanto à cura na comunidade foi um processo que contribuiu não só para o desenvolvimento das capacidades humanísticas e sociais da equipe, mas também para o olhar de seus(suas) moradores(as) para o passado, ao tempo em que se usava a natureza no dia a dia, quando os rituais, rezas, benzimentos, ervas e plantas medicinais e, até mesmo, os animais eram usados por um ancião/ anciã desta comunidade. Tempos nos quais a confiança e os cuidados eram dispensados de forma igualitária na comunidade, repassando-se a cura por meio da oralidade.

A equipe realizou uma reunião com representantes do Conselho Comunitário Matronense, e, nesta ocasião, foi exposto o objetivo do projeto, de registrar/resgatar os saberes tradicionais de cura para as doenças, tanto em humanos como em animais da comunidade. A presidente do Conselho acompanhou o grupo nas visitas domiciliares iniciais e, posteriormente, essas visitas foram direcionadas pelo método Snowball, em que um(a) entrevistado(a) indica o(a) próximo(a), baseando-se na relevância do conhecimento que a pessoa seguinte possa proporcionar. Todas as entrevistas foram conduzidas na forma de entrevistas semiestruturadas e os áudios foram gravados. As pessoas entrevistadas assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e suas identidades foram mantidas em sigilo.

Foi perceptível a perda da tradição e transmissão oral da cura por técnicas tradicionais, sendo a procura maior pelo posto de saúde que por benzedeiras, curandeiras, e, até mesmo, por conhecimentos sobre chás e outras formas de utilização de plantas ou produtos animais. Contudo, após um dos entrevistados mencionar que, embora fosse ao posto de saúde, a família utilizava também ervas e plantas na preparação de chás e, segundo suas palavras, “tratar para curar não, mas que alivia, né?”, percebemos que o fato de o quintal sempre ter uma planta, ou haver alguma memória de cura/alí-

Aluna voluntária visitando o canteiro de plantas medicinais e ervas da Escola Estadual Manoel Pedro Silva.

Frederico Rodrigues de Oliveira

vio para uma afecção, num primeiro momento, não estavam sendo assimilados pelos(as) entrevistados(as) como um conhecimento tradicional para cura.

Outro entrevistado relatou que uma enfermeira indicou o uso de capim/erva cidreira (Cymbopogon citratus/Melissa officinalis) com canela, mas não especificou o seu fim, apenas que era “bom demais”. Outro entrevistado também citou a mesma planta, indicando-a para problemas de dor de estômago resultante de ansiedade. Esse mesmo entrevistado explicou que, como o “remédio é natural, ele é lento, né? Cê tem que usar bastante tempo para ver algum resultado”. Notamos aqui que há o entendimento que fitoterápicos levam mais tempo para trazerem seus benefícios ao usuário, necessitando de uma “prescrição” frequente.

Outras plantas foram mencionadas, como chá de quebra-pedra (Phyllantus niruri) para cálculos renais, ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata) e jenipapo (Jenipa americana) em casos de anemia, mastruz (Dysphania ambrosioides) em casos de verminoses, tansagem (Plantago major) em infecções de garganta e barbatimão (Stryphnodendron adstrigens) como cicatrizante. Ao realizar a consulta a periódicos científicos, observou-se que algumas das plantas citadas nas entrevistas têm propriedades terapêuticas condizentes com as indicações, como a tansagem como antiinflamatório, erva cidreira em inflamação gastrointestinal, barbatimão com potencial cicatrizante e mastruz em verminoses, com efeitos observados tanto em humanos quanto em animais.

Fomos convidados(as) a conhecer a Escola Estadual Manoel Pedro Silva, escola reconhecida como escola quilombola e que possui um canteiro de plantas e ervas medicinais. Realizamos também algumas entrevistas com os(as) funcionários(as) da escola e, como mencionado por uma das entrevistadas, “E é chá, né, vários chás, chá de boldo e tantas e tantas outras coisas assim que a gente usava até hoje”.

A maioria dos(as) entrevistados(as) eram adultos(as) ou idosos(as) e a “memória de vivência”, entre o público adulto, estava no fato de seus pais, tias ou avós lhes “prescrever” alguma planta. Já a “memória de vivência” entre o público idoso é a de ser o detentor do conhecimento dos preparos e indicações para cada planta. Uma das entrevistadas, de 39 anos, fez o seguinte relato: “[...] minha mãe mesmo se olhasse pra gente e “visse” que tava com uma cor diferente já sabia que era verme, já fazia uma mastruz né, colocava no sereno, deixava de um dia pro outro, no outro dia dava, assim né, verme né, uma coisa mais simples. Já tratava em casa mesmo!”. Os (As) discentes envolvidos(as) no projeto perceberam que esse conhecimento foi dissipado na geração de seus pais e na geração deles(as), tendo sido uma experiência social/acadêmica rica e confrontante.

Logo após uma das nossas visitas, fomos informados(as) pelo Conselho Comunitário Matronense que a comunidade havia sido certificada pela Fundação Cultural Palmares, sendo agora Autodefinida como Remanescente de Quilombo, por meio da Portaria nº 170, de 30 de outubro de 2019, o que nos deixou, enquanto equipe, realizados(as) em fomentar um processo de resgate de memória, importante para que continuem a se reconhecerem e resgatarem suas origens, conhecimento e cultura afro-brasileira, para que sigam novos passos para o reconhecimento consolidado enquanto comunidade quilombola.

Esperamos retornar à Comunidade de Nova Matrona, fortalecendo o projeto para novas edições e novos locais, prosseguindo nesse aprendizado mútuo, resgatando as memórias de cura e o conhecimento popular.

Coordenador: Rosimeire Alves Guimarães Bolsista: Artur Afonso Guimarães Martins Voluntários: Ruth Pereira Barreto, Paulo Felipe Santos Fonseca e José Aparecido Martins da Silva Colaboradores: Susi Cristina dos Santos G. Martins, Álvaro Diego Soares Mota, Fábio Antunes Arruda e Eva Rodrigues de Souza Texto: Élcio José do Nascimento Campus: Salinas

Projeto Elaboração de Barra de Cereal com Alto Valor Energético para Atender Atletas da Região de Salinas-MG

O ciclismo vem evoluindo e crescendo, contendo atualmente diversos tipos de provas. Com esta evolução, aprimoraram-se conceitos de melhor preparação e melhores treinamentos, tornando os atletas mais preparados para a prática. As barras de cerais surgem no mercado com o intuito de satisfazer estas tendências, já que a associação entre barra de cereal e alimento saudável já é uma tendência documentada no setor de alimentos e beneficia o mercado desses produtos. O presente trabalho teve como objetivo de elaborar barras de cereais com alto valor energético para os atletas com o intuito de aumentar o seu desempenho. O intuito deste trabalho consiste na elaboração de uma barra de cereal com alto valor energético, buscando assim uma formulação que venha atender as necessidades de ciclistas da região de Salinas/MG.

Elaboração de um processo de compras, para adquirir produtos para a execução do projeto.

Para a obtenção das barras de cereal, foi realizado um delineamento experimental para determinar a formulação da barra. Após a sequência de testes obteve-se a formulação final da barra de cereais, apresentadas na Tabela ao lado.

Em seguida foi realizado a obtenção do xarope e concentrado em tacho aberto sob aquecimento brando, posteriormente foi adicionado os ingredientes secos formando uma massa homogênea. Transferiu-se a massa para uma forma metálica no qual foram moldadas, cortadas e embaladas em embalagens de polipropileno armazenadas a temperatura ambiente até o momento do uso.

Análises microbiológicas (07 a 08/2019)

Para avaliação da qualidade microbiológica das barras de cereais foram realizadas as análises de coliformes totais a 35ºC e bolores e leveduras conforme descrito pela (BRASIL, 2003). A análise microbiológica será realizada com o objetivo de validar a inocuidade do produto e para a realização da análise sensorial.

As determinações físico-químicas realizadas foram umidade, extração de lipídios, determinação de proteínas, determinação de cinzas, determinação de fibras e carboidratos. Todas foram realizadas em triplicata, exceto proteína que foi em duplicata.

Foram avaliadas três formulações de barra de cereal. As formulações (F) diferiram entre si apenas nos teores de banana passas, flocos de arroz, gergelim, linhaça e chia.

Submissão ao Comitê de ética em pesquisa

Antes de ser realizada a análise sensorial, o projeto de pesquisa foi submetido para avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Já que a pesquisa envolve seres humanos na experimentação cientifica. Para execução do projeto, este necessita ser aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de acordo a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012.

Teste de Ordenação da Preferência

O teste consistiu em apresentar individualmente a amostra do produto aos consumidores potenciais. Foi empregado o teste de ordenação da preferência em que os consumidores ordenaram as amostras, servidas simultaneamente, em ordem decrescente de sua preferência segundo procedimento descrito na NBR 13170 (ABNT, 1994).

O teste de intenção de compra demonstrará o interesse do provador em consumir, adquirir ou comprar o produto. Esta escala possui 5 pontos variando “certamente compraria” a “certamente não compraria”, e ponto intermediário “talvez comprasse/talvez não comprasse”, indicando a possível atitude do consumidor acerca do produto (MEILGAARD et al. 1991).

Participou-se do teste 60 julgadores com idade mínima de 14 anos, não treinados, escolhidos por serem potenciais consumidores de barras de cereais, compostos por alunos dos cursos técnicos, graduação, docentes e funcionários do IFNMG.

Análises estatísticas (12/2019)

Os resultados foram avaliados por meio de análise estatística descritiva dos dados e submetidos análise variância (ANOVA) e testes de média a p≥0,05 pelo teste 20 de Tukey para a comparação das médias das amostras, utilizado como ferramenta o software Excel da Microsoft (MEILGAARD, 1988).

Na análise microbiológica, não houve contaminação de coliformes, bolores e leveduras, mostrando que os produtos foram produzidos em condições higiênicas. Esses resultados evidenciam que todas as amostras estão de acordo com os padrões microbiológicos estabelecidos pela RDC nº12, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), confirmando que os procedimentos de higienização realizados para a elaboração das barras de cereais, assim como sua manipulação adequada garantiram a segurança microbiológica do produto.

Para análise físico-química, das três formulações da barra de cereal foram obtidos a partir dos valores médios de três repetições e estão apresentados na tabela abaixo.

Fonte: Próprio Autor, 2019.

Para análise sensorial, os resultados estão expressos abaixo de acordo os atributos: cor, aroma, sabor e textura. No gráfico abaixo estão apresentados resultados obtidos para os atributos sensoriais para as barras de cereais.

O gráfico radar foi utilizado para uma melhor visualização da avaliação sensorial das barras de cereais, salientando suas similaridades e diferenças quanto à aceitação. Com isso, observa-se que não houve diferença entre os perfis sensoriais das amostras de barra de cereal das formulações 2 e 3, para todos os atributos avaliados. Já em relação a formulação 1 para as formulações 2 e 3, nota-se, que teve diferença significativa para os atributos de sabor, textura, aroma e impressão global. Em relação ao atributo cor não houve diferença significativa entre as três formulações.

Para intenção de compra, os resultados obtidos estão no gráfico abaixo.

Identificação dos provadores

Os provadores foram identificados quanto a idade e quanto ao sexo.

Coordenador: Vinícius Orlandi Barbosa Lima Bolsistas: Jeferson Medeiros Ramos Lima e Alain de Pinho Oliveira Voluntária: Maria Durães Colaboradores: Rogério Alves de Amorim e Orlando dos Santos Texto: Alain Pinho de Oliveira, Jeferson Medeiros Ramos Lima e Vinícius Orlandi Barbosa Lima Campus: Salinas

A oficina de Fortalecimento da Produção Local Comunitária visou ao desenvolvimento socioambiental, por meio de estratégias de comércio dos produtos oriundos dos quintais agroflorestais.

Projeto Intercâmbio de boas práticas agroflorestais

no âmbito da agricultura familiar na região do Alto Rio Pardo/MG

O intercâmbio de troca de experiências é um mecanismo eficiente para capacitar grupos de pessoas que se relacionam com a temática proposta. A existência de diversas comunidades tradicionais na região do Alto Rio Pardo/MG motiva a manutenção e resgate dos conhecimentos da agricultura familiar da região. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi realizar o intercâmbio de conhecimentos sobre boas práticas agroflorestais, com ênfase na agricultura familiar e promover a capacitação de uma comunidade rural do município de Novorizonte/MG.

Arenda obtida pelo produtor rural vem da sua produção do plantio de culturas, hortaliças e criação de gado. Muitas vezes, essa produção se caracteriza pela subsistência, havendo, assim, uma demanda pelo rearranjo produtivo em pequena escala, visando ao aumento de produção nas propriedades rurais, sobretudo, na agricultura familiar.

Apesar de um extenso conhecimento tradicional que esses povos possuem, a industrialização e o paradigma predatório dos recursos naturais restringiram o meio de con-

Encontro para diagnóstico e levantamento de demandas.

Alain Pinho

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