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Produção de hidrogel a partir da pectina do mesocarpo externo do pequi

A oficina de fortalecimento da produção local comunitária visou ao desenvolvimento socioambiental, por meio de estratégias de comércio dos produtos oriundos dos quintais agroflorestais.

vivência dessas comunidades. Desta forma, existe a necessidade de alinhar seus saberes tradicionais com técnicas de manejo e uso racional dos recursos naturais, para geração de renda e aumento na produtividade, principalmente, com a conservação da biodiversidade.

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Com objetivo de disseminar as boas práticas e técnicas de manejo do ambiente rural, com resgate de saberes da agricultura tradicional, foi realizado um intercâmbio de conhecimentos em uma comunidade tradicional do Alto Rio Pardo/MG. Esse trabalho ressaltou a importância em estender a ciência ambiental produzida no IFNMG/Campus Salinas para comunidades geraizeiras e da agricultura rural. O foco principal foi capacitar essas pessoas, no âmbito das suas carências tecnológicas, sua acessibilidade ao mercado e às práticas racionais de uso dos recursos florestais, hídricos, solo, manejo de espécies e de quintais agroflorestais.

Em agosto de 2019, ocorreu a primeira visita à comunidade Cabeceiras do Macaúbas, em Novorizonte/ MG, como parte das atividades do projeto de extensão “Intercâmbio de boas práticas agroflorestais no âmbito da agricultura familiar na região do Alto Rio Pardo/MG”. O objetivo dessa visita foi inicialmente conhecer a comunidade, sua dinâmica e as principais atividades que são desenvolvidas pelos(as) geraizeiros(as) e, sobretudo, as principais demandas da comunidade.

Após as apresentações dos(as) participantes, foi feito um relato histórico da região pelos(as) geraizeiros(as) da comunidade. De acordo os(as) moradores(as), hoje a comunidade enfrenta e convive com diversas dificuldades relacionadas à disponibilidade e qualidade de recursos naturais. Relataram a ocorrência de seca de nascentes, perda

Na palestra sobre manejo florestal sustentável, foram apresentados métodos para uso e ocupação do solo com base na diversificação da produção.

da biodiversidade, desmatamento, incêndios e redução das áreas de coleta de frutos do cerrado devido à antropização. Os(As) moradores(as) mais antigos(as) dizem que a degradação se intensificou devido à implantação de monocultivos de eucalipto, iniciada na década de 70. Declaram que o preparo da terra e os plantios foram feitos sem uso de práticas conservacionistas, causando impactos em áreas de preservação permanente, como a erosão, assoreamento dos cursos d’água e redução da vazão em nascentes.

A principal fonte de renda da comunidade é proveniente da pro-

Por meio da oficina Leitura da Paisagem, foram observados os recursos naturais e sistemas produtivos locais, sendo abordados conceitos sobre o bioma do cerrado, restauração ambiental, recursos hídricos e manejo de espécies nativas.

Integrantes do intercâmbio de conhecimentos na comunidade tradicional do Alto Rio Pardo/MG.

Maria Durães

Maria Durães

dução orgânica de alimentos nos quintais agroflorestais e criação de animais. São criados galinhas caipira, porcos, gado e feito o plantio de culturas e hortaliças para alimentação familiar e comercialização. No entanto, essa produção vem sendo afetada, devido à falta de mercado para os produtos. Os(As) geraizeiros(as) produzem bastante alimento e têm dificuldade para comercializá-los, principalmente, pelo gargalo da falta de transporte para escoamento da produção.

A partir dos levantamentos dos pontos positivos e negativos da produção agroflorestal, foram feitos os encaminhamentos para os próximos encontros do intercâmbio. Foi definida uma série de atividades temáticas, de acordo com os objetivos do projeto e demandas apresentadas pela comunidade.

Nos encontros seguintes, foram realizadas as atividades de integração e capacitação: oficina de leitura de paisagem; oficina de práticas de produção florestal e agrícola sustentáveis; oficina de ações para fortalecimento da produção local; boas práticas sobre produção de sementes, mudas e resgate de plântulas; palestra sobre criação de galinhas caipira; palestra sobre o manejo florestal sustentável na propriedade rural e sistematização dos conhecimentos.

Por meio da leitura da paisagem, foram observados os recursos naturais e sistemas produtivos locais, sendo abordados conceitos sobre o bioma do cerrado, restauração ambiental, recursos hídricos e manejo de espécies nativas. Na abordagem sobre produção de mudas e sementes, foram apresentadas as técnicas de produção e discutidas as possibilidades de comércio de sementes e mudas, como forma alternativa de renda. Diante disso, foram apresentados aos(às) participantes os passos para a formação de um grupo de coletores(as) de sementes na região, tanto para comércio como para restauração de áreas degradadas e nascentes.

A oficina de fortalecimento da produção local comunitária visou ao desenvolvimento socioambiental, por meio de estratégias de comércio dos produtos oriundos dos quintais agroflorestais. Foi realizada uma oficina com troca de ideias sobre os entraves e potencialidades do comércio da produção local. Foram discutidas técnicas de valorização dos produtos locais,além de melhores medidas de logística e de escoamento da produção. Com base nessa premissa, também foram criadas e sugeridas logomarcas e formas de divulgação da produção agroflorestal.

Na palestra sobre manejo florestal sustentável, foram apresentados métodos para uso e ocupação do solo com base na diversificação da produção, técnicas de exploração racional dos recursos florestais, implantação de sistemas agroflorestais e definições do código florestal.A palestra sobre criação de galinhas caipira foi ministrada pela acadêmica Maria Durães, do curso de Medicina Veterinária. Foram abordados os critérios técnicos para criação de galinhas, ambiência, manejo do galinheiro, alimentação, prevenção e tratamento das principais doenças.

O projeto teve como colaborador o representante do Movimento Geraizeiro, Orlando dos Santos, que fez a articulação para realização dos encontros com a comunidade. A equipe do Campus Salinas foi composta pelos acadêmicos Jeferson Medeiros e Alain Pinho, do curso de Engenharia Florestal, o técnico administrativo Rogério Amorim e o professor Vinícius Orlandi, do curso de Engenharia Florestal.

Preparação das cascas para o processo de secagem em estufa

Coordenadora: Isis Celena Amaral Bolsista: Iara Figueiredo Silva Voluntários: Raick Alves Ribeiro e Winy Ester Pereira Martins Colaboradores: Alessandro de Paula Silva, Edilene Alves Barbosa, Tiago Hebert e Ribeiro Souza Texto: Iara Figueiredo Silva Campus: Januária

Projeto Produção de hidrogel a partir da pectina do mesocarpo externo do pequi

O pequi é uma fruta do cerrado de grande ocorrência e importância econômica na região Norte de Minas Gerais, porém seu consumo ainda é limitado no Brasil, uma vez que é um fruto altamente perecível e seu uso restrito à cozinha regional. Além disso, a casca do pequi, composta pelo epicarpo e mesocarpo externo, que corresponde, aproximadamente, a 80% do peso total do fruto, normalmente é descartada. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de novas formas de utilização do fruto, a fim de explorar seu potencial e agregar valor em diversas aplicações. Assim, objetivou-se o reaproveitamento do mesocarpo externo do pequi para a elaboração de hidrogel a base de pectina, bem como a incorporação do hidrogel ao solo, com intuito de aumentar a capacidade de armazenamento de água e reduzir a lâmina de irrigação. Para extração da pectina e elaboração do hidrogel, foram utilizadas cascas de pequi doadas pelos comerciantes do município de Salinas/MG. Os frutos foram lavados e selecionados. Na sequência, as cascas foram separadas, cortadas, desidratadas em estufa, moídas e armazenadas em sacos de polietileno, para posterior extração da pectina e produção do hidrogel. Foram realizadas análises de caracterização da pectina e do hidrogel, além da avaliação do hidrogel no solo. Para execução do projeto, cujo período de vigência foi de seis meses, materiais e reagentes que não tinham nos laboratórios foram adquiridos por meio de recursos próprios. Além de melhorar a conservação dos recursos hídricos que, há tempos, vêm sendo um problema em nível mundial, o projeto promoveu a interação entre instituição e comerciantes de pequi e a conscientização em relação aos danos causados pela casca do fruto no meio urbano.

Diante da necessidade de otimizar a produção de forma sustentável, pesquisadores(as) têm visto o aproveitamento dos subprodutos da agroindústria de alimentos como uma alternativa promissora, pois, além de diminuir os custos da produção, reduz também o impacto ambiental gerado por esses resíduos. Os resíduos agroindustriais ainda são poucos explorados, com destaque para o mesocarpo de pequi, que apresenta características favoráveis para diversas aplicações. Diante disso, o projeto teve como objetivo a elaboração de hidrogel a partir do mesocarpo externo do pequi, visan-

Iara Figueiredo Silva

Divulgação do projeto no Seminário Integrador do curso de Engenharia de Alimentos

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