Braganรงa Paulista
Sexta 30 Marรงo 2018
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Jornal do Meio 946 Sexta 30 • Março • 2018
Páscoa! por Mons. Giovanni Baresse
Vocês devem estar sempre prontos para dar as razões de sua esperança! (1 Pedro 3,15). Esta afirmação de São Pedro é uma das provocações mais instigantes ao testemunho de vida que a Sagrada Escritura nos apresenta. Pedro chama ao testemunho competente, continuado, entusiasta e cheio de esperança. Podemos imaginar isso no ambiente de perseguição do império romano no qual as comunidades cristãs viviam. Como viver a fé com o olhar mergulhado na esperança se a realidade era de tortura, sofrimento, dor, perseguição e morte? Sem dúvida a razão estava alicerçada Naquele que vencera a tortura da cruz e ressuscitara. Estava vivo. Era Senhor e Vencedor. Essa é a fé que a Igreja sempre proclamou. E que proclama. Fé pela qual a Igreja viveu e vive! Sem a ressurreição, sem a vitória sobre a maldade e todas as suas faces não haveria nenhuma esperança e nenhum sentido em viver (1 Coríntios 15, 12ss.). Por isso é que faz parte da Tradição da Igreja, de sua vida vivida ao longo dos séculos, celebrar a Quaresma e, nela, a Semana Santa. O recordar, o fazer
memória dos passos sofridos do Cristo (os Dele inocentes) nos leva a perceber os passos sofridos de todos os seres humanos (os nossos ocasionados por nossos erros ou erros dos outros). As quedas sob a cruz (as Dele por nossa causa) nos recordam nossas quedas (as nossas por nossas fraquezas e limitações). As cusparadas recebidas por Ele recordam as cusparadas que damos ou tomamos (porque Ele só as sofreu). Os xingamentos recebidos por Ele são frutos da ignorância e da ingratidão. Os sofridos por nós (ou dados por nós) acumulam as mesmas causas recheadas dos desejos de vingança, ganância, egoísmo, violência... Houve uma Verônica para aliviar sua dor. Há Verônicas em nossos tempos. Capazes de enfrentar a sanha dos torturadores. Cruz, cravos, coroa de espinhos, nudez. Marcas do Seu sofrimento. Marcas que se repetem em nossos dias. Uma sepultura. De outros. Apressada. Igual a de tanta gente sem nome. Tudo isto seria somente uma grande tragédia. Revivida a cada ano. Se não houvesse a certeza da Ressurreição. Nós recordamos o caminhar sofrido
do Cristo à luz de sua Vitória. Porque o seu caminho é o nosso caminho. E, se temos certeza que a luz da Vida brilha sobre o aparente absurdo de tantas dores, Nele ressuscitado encontramos a força para não desanimar e caminhar na Missão até as últimas consequências. Páscoa, nós todos sabemos, recorda o caminho de libertação que Deus traça para seu povo escravizado. Porque Deus nos criou livres. Se recordamos a Páscoa histórica de Israel, é porque ela é tipo da nova Páscoa: a libertação do pecado, de seus frutos. Sabendo que a última palavra sobre a nossa vida é sempre a palavra da Vida que Deus nos dá, vamos encontrando forças no Cristo e na sua Igreja para viver com fidelidade a escolha de sermos cristãos. De termos assumido o compromisso de continuar a missão do Senhor: o anúncio da Boa Nova. A verdade da paternidade divina sobre todos. A afirmação da vontade de Deus para que sejamos filhos e filhas. Um dado da fé que nos empurra a nunca desanimar. A ser capazes de enfrentar as estruturas de destruição da dignidade humana.
E a proclamar com toda a força a realeza-serviço do Senhor do Universo. Para que a sua glória seja vista na realização do projeto de Amor de Deus sonhado quando da criação do ser humano à sua imagem e semelhança. A obra da criação continua hoje na luta para restituir a todas as pessoas o rosto brilhante de Deus que é Amor. Um rosto que está desfigurado por tanta maldade e injustiça. Um rosto que devemos limpar. Para essa missão o Senhor nos convoca. E seu apóstolo Pedro nos diz que devemos ser competentes e estar alerta! Vivemos a terceira semana santa sob o pastoreio e ministério do Papa Francisco. Em tempo de primavera no hemisfério norte. Em tempo pascal. Tempo de liberdade e de esperança. Que com ele nós caminhemos para a realização do sonho de Deus e que, seguindo seu exemplo, nos lembremos da missão de todos nós: converter a nós todos, Igreja, para que sejamos portadores da luz do Evangelho a todos os lugares e a todas as pessoas. Que a Páscoa seja Páscoa para todos: dignidade, liberdade, realização. Como Deus sempre quis e continua querendo! Feliz Páscoa!
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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Jornal do Meio 946 Sexta 30 • Março • 2018
Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com
Fazer Filme dirigido por perder a Marcus Baldini e liderança estrelado por Debo(fig.) rah Secco (2011)
Cidade Trabalhanatal de dores que Beethoven coletam material reciclável Salão (?), local de reunião de estadistas na Casa Branca
Banha de porco Átomo eletrizado Mestre de barco costeiro
Avenida (abrev.)
Dependência orgânica do tabagista
James (?), ator Ligar pelo matrimônio
Lucy (?), a Watson da série "Elementary"
Casa (?), sede do governo argentino Jogo de cartas coloridas
Romance de José de Alencar Embaixador da Santa Sé Gracejar Diz-se do cão, em relação ao dono
Espécie de periquito de cauda vermelha
País da Indochina desprovido de litoral
Enfureci Interjeição para parar a montaria
Observar
A companhia com ações na Bolsa De segunda mão Tipo de eclipse Número de corações do polvo
Alegre Vacina tríplice bacteriana
Linhas quebradas (Tip.) Ante meridiem (abrev.) Rafael (?), tenista
Sulca (o terreno) para o plantio
Dígrafo presente em "manha"
O maior instrumento da família das cordas friccionadas Inchar
BANCO
Pronomesíntese do espírito do mutirão
Mensagem que é pedido de salvamento Silício (símbolo) 33
Solução B U B O C U R N A U N T O A V I NA O S A D A N U O L R I R F I E L E I S A U S A D O T R E S V I A L NH I N B A I X O S O S
acaba como num passe de mágica com o que temos de pior, experiência recente e fracassada, vergonhosamente fracassada, mas que se tornou, pela ignorância e pela mentira, a nossa salvação. Qual é a premissa mais importante, equivocada e escondida? É a premissa que diz que o julgamento que abalou o país foi e será objetivo, jurídico e que a lisura das decisões será mantida. Na verdade, o processo todo, midiático e, por si só, vergonhoso, é político. Um grande acordão que salvará gregos e troianos. Não há desejo e nem esforço para se alcançar a verdade, se é que ela ainda existe ou resiste. Devemos sentir vergonha por alimentar tais absurdos. Devemos sentir vergonha por nossa ignorância e nossa incapacidade de decidir ou de resolver questões políticas com o mínimo de diálogo e de decência. Para os otimistas e os descrentes, vai bastar observar o que será o próximo processo eleitoral. Esperar que um tribunal que se julga supremo, que tem suas posições políticas se sobrepondo às questões jurídicas não é e nem pode ser considerado confiável, tomar decisões corretas, juridicamente corretas é absurdo e beira o insano. Além do mais, ao longo dos meses pessoas que compõem tão importante poder, o Poder Judiciário, têm dado mostra de quão preconceituosos e obtusos são alguns de seus membros. Basta rever as notícias, pensar sobre as diferenças dos tratamentos entre alguns de nós e os privilegiados ou os políticos profissionais. Sim, devemos sentir vergonha, mas não da liberdade de Lula, nem do perdão e da defesa apaixonada de membros do Judiciário com relação ao PSDB, nem do fato revoltante de rasgarem nossa Constituição. Devemos sim sentir vergonha de chegarmos a tal ponto, vergonha por não haver solução e nem saída. De fato, devemos sentir vergonha e muito pesar.
© Revistas COQUETEL
O tormento de Madame Bovary (Lit.)
T N E D A D E A I S C O T R U O N U N RI B A I R A R V A S J O D A L T R A P A R
Vergonha, a palavra mais repetida, comentada, combatida ou defendida por pessoas de todas as classes sociais, religiões e (des) posicionamentos políticos, partidários ou não. É como se ela sintetizasse todos os descontentamentos, tanto dos descontentes com a liberação de Lula quanto por quem defende a liberação de Lula. Vergonha. De fato, devemos sentir vergonha. Muita vergonha. Vergonha de sermos covardes, por sermos seletivos e, principalmente, por pedirmos algo que não praticamos, a desonrada honestidade. De fato, devemos sentir vergonha de nossas incoerências, de nossa postura violenta, xenofóbica e oportunista. Devemos sentir vergonha de não nos enquadramos, de não assumirmos o que somos como quadro social e político. Não queremos o fim da corrupção. Só queremos definir e dizer quem, quando e onde a corrupção deve ser aceita e permitida, até mesmo propagandeada como algo bom e necessário. Não queremos a prisão dos políticos corruptos. Só queremos definir e dizer quem, quando e onde será preso. Jogado no fundo de uma cela e esquecido. Esquecido para que não tenhamos que olhar em nossos olhos, em nossos espelhos e percebermos a conivência e o oportunismo deste ato. Quanto aos demais, quanto aos iguais, os desonestos e corruptos, estes ficam soltos, para nossa conveniência. Devemos sentir vergonha dos argumentos e (des)argumentos usados na defesa, imprópria, espúria e covarde, daqueles que nos lesam, nos roubam, daqueles que condenam milhões à morte, à miséria, ao descaso, sejam eles quem forem, de direita ou de esquerda, termos esvaziados de sentido, de lógica, de verdade. Grande parte destas discussões nascem de premissas equivocadas e apresentadas de forma incoerente para que a verdade dos fatos não seja vista pela maioria, sempre violenta, odiosa e pronta para mostrar o seu caráter bárbaro e atroz segundo sua versão deturpada de verdade, rogando para que a força dos que podem nos libertar
Era realizado pelos astecas no alto das pirâmides "Corriere Cantora Della Sera" de "Verão" Prática ilegal no dia da eleição
S A C R I F I C I O H U M A N O
por pedro marcelo galasso
www.coquetel.com.br
J B O A R N A L O I T A O L V I A N C O
e pesar
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
4/laos. 5/tédio. 6/tiriba — viúvas. 14/jornal italiano.
Vergonha
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Jornal do Meio 946 Sexta 30 • Março • 2018
por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS
Começar um novo negócio com a experiência de já ter sido dono de uma empresa ou start-up consolidada no mercado pode ajudar no sucesso da nova operação. Mas a bagagem não garante que o trabalho será fácil. “Muitas vezes, os desafios serão maiores, já que o empresário não terá mais vários funcionários para fazer tudo para ele”, diz Sandra Fiorentini, consultora do Sebrae-SP. “Agora, ele terá que cuidar da parte financeira, de compras, vendas e, se bobear, vai até embalar os produtos.” Após vender a sua participação na EasyTaxi, aplicativo do qual é um dos fundadores, em 2014, Tallis Gomes, 30, abriu a Singu, plataforma de serviços de beleza e bem-estar. Saiu de uma empresa avaliada em torno de R$ 1 bilhão para outra que ainda está em seus primeiros passos. O empresário afirma que a experiência adquirida facilitou as tomadas de decisão. Ele optou por contratar poucos funcionários, mas muito bem qualificados, e não expandir muito o negócio, focando no eixo Rio-São Paulo. Hoje, Gomes precisa se envolver muito mais em processos operacionais, o que pode ser difícil para quem estava acostumado a dar ordens. “Somos preparados para sempre ascender na carreira, então recomeçar do zero pode abalar o profissional”, diz Marcus Quintella, especialista em empreendedorismo e novos negócios da FGV. Assim como Gomes, o cientista da computação Camilo Telles, 43, também apostou em um nicho diferente do qual trabalhava. Ele é cofundador da Zetks, um sistema de compra de ingressos usado em grandes eventos. Telles vendeu a empresa em 2012, época em que tinha um faturamento de R$ 100 milhões. Quatro anos depois, abriu a Antecipa, empresa de antecipação de recebíveis, uma forma de linha de crédito. Fatura hoje em torno de R$ 2 milhões, tendo investido inicialmente R$ 450 mil. A estrutura é enxuta, com sete funcionários e bases em Salvador e São Paulo. Telles afirma que investir dinheiro no desenvolvimento do produto e nos funcionários, em vez de em coisas secundárias, como escritórios elaborados, e saber se comunicar de forma eficiente são algumas das lições que aprendeu e que aplica na Antecipa. FAMÍLIA Há quem opte por nichos já familiares. É o caso de Gregory Goldfinger, 28, da família que fundou a Kopenhagen. Com a irmã, Chantal, 30, criou em 2016 a marca de chocolates Gold & Ko., 20 anos após a venda da Kopenhagen. Foram quatro anos de pesquisas e testes até chegar ao que chama de “chocolate de verdade” da nova marca. Os produtos têm cerca de 35% menos açúcar e em torno de 40% mais cacau que os concorrentes, segundo Gregory. O pai, Paulo Goldfinger, que foi diretor-geral da Kopenhagen, é um dos investidores e participa do desenvolvimento dos produtos. Apesar da semelhança de alguns produtos com clássicos da Kopenhagen, como Nhá Benta, Língua de Gato e Lajotinha, Gregory diz que a Gold & Ko. não tem vínculos com o passado. “Éramos crianças quando a marca foi vendida, e o modelo de negócios é diferente, não temos lojas próprias. Nosso objetivo é pulverizar a distribuição.” Hoje, a Gold & Ko. oferece 12 produtos com preços entre R$ 3 e R$ 15,90. Os itens são vendidos em 1.700 pontos no Brasil. Em 2017, faturaram quase R$ 2 milhões, e a expectativa para 2018 é chegar a R$ 5 milhões. “O maior desafio é competir com marcas consolidadas”, diz Gregory. O empresário que vende sua marca deve esperar até cinco anos para abrir um novo negócio no mesmo nicho, diz o advogado Bruno Drago, do escritório Demarest. Segundo ele, a cláusula deve incluir sócios e outras pessoas que ganharam com a venda dos ativos e que têm experiência no negócio. O tempo da quarentena pode variar, dependendo do que for acordado entre as partes. Os limites geográficos da restrição também variam.
Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress
O empresário Tallis Gomes, 30, na sede da Singu, na zona oeste da capital paulista Foto: Gabriel Cabral/Folhapress
Gregory (esq.) e Paulo Goldfinger, da família fundadora da Kopenhagen, na sede da Gold & Ko., na zona oeste de SP
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‘Growth hacker’ Trabalho de ‘growth hacker’ junta marketing e estatística
por FERNANDA REIS/FOLHAPRESS Foto: Alexandre Rezende/Folhapress
Foi no Vale do Silício, celeiro de
começaram a comentar ali, para fazer
startups e de inovação na Califórnia,
contato com seu público-alvo. Como
nos Estados Unidos, que surgiu
resultado, o tráfego orgânico no site
uma figura híbrida, de nome estranho:
cresceu em 300%.
o “growth hacker”. Misto de marqueteiro, analista de dados
DEMANDA
e programador, esse novo profissional, em
Segundo Leandro Bittioli, gerente da
alta demanda, cria e testa estratégias para
divisão de tecnologia da informação da
que empresas cresçam muito, e rápido.
recrutadora Talenses, a demanda pelo
A área de “growth” (crescimento) de
profissional de “growth hacking” tem sido
empresas é responsável por entender o
cada vez maior em empresas. “Pois é um
que quer o cliente, pensar em como mo-
tema que obviamente toda e qualquer
dificar o produto para agradá-lo, testar
empresa tem interesse: crescer.”
essas ideias e medir os resultados. Tudo
As vagas costumavam estar concentra-
para aumentar as vendas ou os acessos
das em startups de tecnologia, mas hoje
ao site ou aplicativo, por exemplo.
estão abertas em empresas de portes e
“Isso exige criatividade, empatia, entender
segmentos variados.
de psicologia”, afirma o “growth hacker”
A oferta, por outro lado, ainda não é
Bruno Etchepare, 31.
grande. Rafael Braga-Kribitz, 36, sócio
O criador do nome da profissão é o norte-
da Growth Team, conta que um cliente
-americano Sean Ellis, que foi chefe do
pediu uma indicação de profissional
marketing no Dropbox, serviço de ar-
para contratar e que levou três meses
mazenamento online lançado em 2007.
buscando pessoas.
É também da empresa um dos casos
Segundo Etchepare, ainda é um grupinho
clássicos da área: no início, deram espaço
pequeno de profissionais. “A área ainda
gratuito a quem recomendasse o produto
está sendo descoberta no Brasil”, afirma.
a amigos. Uma ação de baixo custo que elevou o número de usuários de 100 mil
NOVOS CURSOS
para 4 milhões em pouco mais de um ano.
Três cursos voltados para a formação
Se a ideia inicial do hacker não der certo,
do “growth hacker”, com disciplinas de
deve pensar em outra e, mais uma vez,
marketing digital, análise de dados e
colocá-la em prática e analisar. É ciên-
programação, serão lançados no Brasil
cia, não artimanha, afirma Etchepare.
neste ano.
“Truques trazem pequenos resultados.”
A Udacity, organização educacional do
Como se trata de uma profissão recente
Vale do Silício especializada em tecno-
-o nome foi cunhado em 2010-, ainda há
logia, lança o seu em junho. Segundo
poucos cursos na área (veja ao lado). Boa
Renata Goldfarb, product marketing
parte dos profissionais são autodidatas:
manager da empresa, a alta demanda
ou formados em marketing que aprende-
por profissionais motivou a criação do
ram a analisar dados de consumidores ou
curso online.
especialistas em números que estudaram
A escola já oferece formações em ma-
marketing digital.
rketing digital e ciência de dados, dis-
“É um profissional que precisa ter um
ciplinas que devem compor o currículo
monte de habilidades superficiais e ter
do “growth hacker”. O preço ainda não
uma parte em que é especialista”, diz
foi definido -mas a média para cursos do
Ramon Bez, 36, “growth hacker” na em-
tipo é de R$ 1.000.
presa de análise de métricas Compass,
Já a agência Growth Team lançará em
no Vale do Silício.
até dois meses sua academia de “growth
Saber pelo menos o básico de programação
hacking”.
ajuda, para conseguir comunicar a outro
Os sócios, que gerenciam o maior grupo de
profissional as mudanças que quer fazer
“growth hackers” brasileiros no Facebook,
no seu site ou no seu aplicativo.
com 4.600 membros, onde compartilham
Essencial mesmo é ser original e analítico.
dicas. oferecerão módulos básicos gratuitos
“No passado a gente via uma separação
e uma parte paga pela internet.
muito grande entre os criativos e os ner-
“Nós temos dificuldades em encontrar
ds. Hoje não dá mais para dissociar”, diz
esses profissionais. O melhor jeito para ter
Braulio Medina Dias, 39, sócio da agência
gente capacitada é criá-las”, afirma Rafael
Growth Team, que presta serviços de
Braga-Kribitz, sócio da agência. A formação
“growth” para empresa.
completa custará R$ 4.497.
Quem quer começar na área pode en-
Na última semana, a escola online Descola
contrar conteúdo gratuito na internet -o
lançou um curso de duas horas de duração,
Google, por exemplo, oferece certificações
com leituras recomendadas, que custa R$
em marketing digital. Como introdução,
149. A aula é uma introdução ao “growth
Ramon Bez também recomenda o livro
hacking” e ensina a colocar algumas tá-
de Sean Ellis, “Hacking Growth” (editora
ticas de crescimento em prática. “É um
HSM, R$ 59,90, 328 págs.)
tema super quente”, afirma André Tanesi,
Depois, é só colocar a mão na massa.
diretor da escola.
Segundo Tahiana D’Egmont, 32, diretora
Há cerca de dois anos, Ramon Bez lança sem
de marketing da empresa de passagens
periodicidade fixa turmas para seu curso
Maxmilhas, há dicas na internet aplicá-
de “growth hacking”, com aulas gravadas,
veis a vários negócios. “Ponha em prática
seminários pela internet, leituras e resolução
com coisas pequenas, como seu blog”.
de dúvidas. Haverá uma turma neste mês.
Ela compartilha uma tática sua: quando
O módulo inicial custa R$ 900. Para fa-
entrou na Maxmilhas, identificaram os
zer o curso completo, com seis partes, o
sites em que viajantes mais postavam e
valor é R$ 1.200.
A diretora de marketing Tahiana D’Egmont, 32, na empresa em que trabalha, em Belo Horizonte. Foto: Avener Prado/Folhapress
Rafael Braga-Kribitz, growth hacker, sócio da empresa Growth Team, agência focada em ajudar startups a crescer.
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Jornal do Meio 946 Sexta 30 • Março • 2018
Amor depois do luto Viúvo e viúva de autores de best-sellers sobre o fim da vida com câncer se conhecem e ficam juntos
por ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER/FOLHAPRESS
Você encontra sua alma gêmea, tem filhos e vive com ela na saúde e na doença, até que a morte os separe. Foi assim com Lucy, foi assim com John. Só que a morte, em seus lares, chegou cedo demais e virou um luto público, já que o marido dela e a mulher dele registraram as respectivas batalhas contra o câncer em best-sellers publicados postumamente. Foi então que Lucy Kalanithi e John Duberstein se conheceram. E se apaixonaram. “No verão, ao telefone, Lucy estava nervosa mas animada para contar as novidades: ‘Conheci alguém. O nome dele é John’”, narrou a irmã gêmea da viúva, Joanna Goddard, num post de seu blog “A Cup of Jo”, em janeiro. A esposa de John, uma poeta chamada Nina Riggs, também morrera de câncer e escrevera uma memória durante seus últimos dias. Lucy ficou sabendo da obra e enviou um e-mail à autora. “Eu li alto para Nina, que morreria 48 horas depois”, John relatou num texto publicado na internet. “Dizia simplesmente: ‘Seus escritos são extraordinários. Na minha opinião, isso quer dizer que sua alma também é. Da sua fã eterna, Lucy’.” A orelha do primeiro e último livro de Paul Kalanithi o descreve com verbos no passado: aquele que “foi” neurocirurgião e escritor. Quando, aos 36, descobriu um tipo de câncer de pulmão que afetava 0,0012% das pessoas com a sua idade, o americano filho de indianos começou a escrever “O Último Sopro de Vida” (Sextante, 2016). passado, futuro Na obra, que ficou 66 semanas na lista de mais vendidos do “New York Times”, já refletia: “Em que tempo verbal eu estaria existindo agora? Terei prosseguido além do presente para o pretérito perfeito? O tempo futuro parece vago”. Paul morreu em 2016, ficaram a viúva Lucy e a filha deles, Cady, que completava dez meses quando o pai morreu. Nina Riggs tinha 39, dois a mais do que ele, quando morreu por causa de um câncer de mama, na manhã (sua parte preferida do dia) do dia 26 de fevereiro de 2017. Como Paul, a professora e poeta, mãe de crianças de 8 e 10 anos, também lançou um livro postumamente , “The Bright Hour” (a hora clara, em tradução livre). Em maio de 2016, Lucy, professora-assistente do curso de medicina da Universidade Stanford, conversou com a Folha sobre o luto, “algo em geral solitário”. Não para ela. “Para muita gente, é raro ouvir o nome de alguém que perdeu. Comigo é o contrário. Todos que encontro querem falar sobre Paul. Achei que não seria, mas isso é ótimo.
Catorze meses [desde a morte] parece muito tempo, exceto quando seu marido morre.” Um ano depois, aproximou-se do recém-viúvo Paul. No começo de 2018, contou ao “Washington Post” sobre a relação em que “tudo parecia bizarro demais para se encaixar.” Mas encaixou. “Estou surpresa em quão ridículo e natural é ao mesmo tempo.” Nos dias finais de sua vida, Nina se inquietou: como o marido superaria sua morte? Sugeriu que contatasse Lucy. Ela tinha experiência no assunto. Doente, em lágrimas, fez o marido prometer que “estaria aberto a achar outros relacionamentos” e “não fazer vasectomia”, John recorda. ‘a hora clara’ A “hora clara” a que Nina se refere no título de seu livro veio de uma citação de outro poeta, Ralph Waldo Emerson, como ela contou numa entrevista que deu ao “WP” antes de morrer e que só foi publicada depois. “É sobre a experiência de apreender a manhã. É um lugar-comum às vezes, mas [Emerson] afirma que não importa quantas vezes a manhã já foi descrita por Shakespeare, Homero, John Milton, essa experiência sempre será estranha se vivida apenas por meio do verso de outra pessoa.” Dois dias após Nina morrer, John mandou um e-mail para Lucy –que descreveu a mensagem como “obscenamente vulnerável”. Tudo amargurava o advogado, de não conseguir dormir à elegia que precisava escrever para a mulher. “Enviei um e-mail com títulos em negrito para várias das minhas preocupações: “amigos”, “trabalho”, “lidar com o sofrimento” e “como não enlouquecer”, rememora ele. Passaram a trocar e-mails, centenas deles, e até zombaram o grupo de Facebook “Hot Young Widows Club” (clube das jovens viúvas gostosas). Os filhos de John e Nina, Freddy, 10, e Benny, 10, conheceram a filha de Lucy e Paul, Cady, 3. Iniciar uma nova relação é, de certa forma, aceitar perder em parte a anterior, e isso doía em ambos. Se você “tiver sorte” de ter encontrado a pessoa certa, afinal, não terá outra escolha a não ser “ficar arrasado quando [seu parceiro] morrer”, afirma Lucy. Sua irmã gêmea blogueira conta que inicialmente se preocupou com o novo casal, mas logo viu que não era preciso. “Percebi que você pode se apaixonar por alguém e sofrer por outra ao mesmo tempo.” Joanna lembra de palavras de John: “Nunca diria que isso é verdade até passar pela experiência. Não é tragédia ou alegria. São ambos”.
Foto: PIXABAY
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Acumular coisas Em casa pode ser sinal de doença mais grave, quem não consegue se desfazer de objetos deve procurar médico. Mau hábito pode ser sintoma de depressão por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS
É cada vez mais comum encontrar quem não consegue se desfazer das coisas. Garrafas de plástico, papelão, jornais, revistas, livros, ferramentas, objetos colecionáveis, entre outros, acabam sendo acumulados dentro de casa e, sem que a pessoa tenha noção, esses materiais já tomam conta dos espaços de circulação das pessoas. Existem até casos em que o acúmulo é de animais, como cães e gatos, que acabam não recebendo o carinho e o tratamento adequados. Na medicina, isso é encarado como disposofobia, ou o acúmulo compulsivo. É uma doença que pode desencadear outras mais graves, como a depressão. “Em geral, são dois motivos que fazem a pessoa não se desfazer daquilo que acumula. Ou ela acha que um dia vai precisar daquilo, ou tem medo de se desfazer e ocorrer algo, algum dano”, explica Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Esse acúmulo pode deixar a pessoa exposta, pois, quanto maior a quantidade de objetos no ambiente, maior o risco de queda, ou acúmulo de sujeira e insetos. “O acúmulo, quando é grande, vai
inviabilizando a vida da pessoa, modifica o espaço”, diz a psicóloga Ana Gabriela Andriani, mestre e doutora pela Unicamp. No tratamento, o primeiro passo é procurar saber quais são os motivos que levaram a pessoa a se tornar um acumulador. O mal pode ser sinal de algo maior e desencadear outras doenças. “Se a gente parte do princípio que esse acúmulo deixa a pessoa vulnerável, esses sentimentos são precursores de outras questões emocionais, como síndrome do pânico, depressão. Esse acúmulo pode ser o primeiro sinal”, diz Ana Gabriela. Parentes têm papel fundamental Pessoas próximas àqueles que têm mania de acumular coisas, como familiares, companheiros e amigos, também acabam sendo atingidos pelo comportamento. E eles têm um papel fundamental no tratamento da doença, além do tratamento psicológico do paciente. “Não adianta bater de frente com a pessoa. A ideia é conversar com ela e entender o porquê do acúmulo. Se pegar e jogar as coisas fora de uma vez pode desencadear um problema maior”, diz o psicólogo Yuri Busin.
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