945 Edição 23.03.2018

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Braganรงa Paulista

Sexta 23 Marรงo 2018

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Jornal do Meio 945 Sexta 23 • Março • 2018

Domingo de Ramos por Mons. Giovanni Baresse

No próximo domingo entramosnaSemanaSantaqueera chamada pelos mais velhos de “Semana Maior”. Certamente pela compreensão de que nela é celebrado o Mistério fundamental da fé cristã: a Ressurreição de Jesus Cristo. É interessante notar que o início dessa semana é uma recordação da entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Os evangelistas descrevem o fato. As pessoas entusiasmadas vão arrancando galhos de árvores, como escrevem Mateus (21,8) e Marcos (11,8). Lucas (19, 28ss.) não fala em ramos. João (12,13ss) fala em ramos de palmeira. Esta diferença é provavelmente originada no fato que o evangelho de João é o mais tardio. Escrito por volta do ano 90. Em plena perseguição do Império Romano aos cristãos. O ramo de palmeira é sinal de vitória dos que são martirizados. Além dos ramos o povo vai estendendo mantos. Um tapete formado de vestes. Junto a galhos, folhagens e flores como adereços a serem sinal da alegria.

Na verdade há, na celebração de Ramos, uma exigência vinculante. Quem aclama Jesus Cristo - e o faz de maneira tão exposta - deve ter consciência da responsabilidade do ato externo. A aclamação deve ser um sinal da fidelidade vivida até as últimas consequências. Na doação da própria vida por Aquele que deu a sua vida. É a consciência que na Sua morte a nossa morte é superada. No Seu sofrimento é vencido o nosso. Nas Suas dores as nossas encontram refrigério. Domingo de Ramos é uma festa bonita que não esconde as dores da Paixão. Na celebração litúrgica são lidos os textos que falam da entrada em Jerusalém e dos momentos do martírio do Senhor. Penso que a pedagogia da celebração quer nos recordar a profundidade da manifestação pública da fé. E deseja prevenir o risco de uma aclamação transformar-se em cooperação de condenação. Porque isso pode, infelizmente, acontecer. O fato vivido no domingo de ramos deve ser um alerta para todos nós. Não

é difícil aclamar o Cristo quando se trata de arrumar uns ramos, umas flores. E até um tapete. O difícil é continuar manifestando amor por ele quando se deve assumir posicionamento igual ao Dele! Se entendermos as celebrações da Semana Santa como um “fazer memória” da entrega de Jesus Cristo para que tenhamos vida (João 10,10), a conclusão lógica é que quem segue Jesus Cristo deve ter a mesma disponibilidade de doar vida para que a Vida aconteça. Olhando a nossa realidade vemos as múltiplas situações de morte que envolvem a realidade. A violência que se alastra. As limitações da ordem econômica que não privilegia as pessoas e sim o lucro. As questões morais e éticas atropeladas pela ganância, corrupção, abusos de poder e exacerbação do autoritarismo. No fundo a questão é buscar em Jesus Cristo as linhas mestras do comportamento. Para que nossas atitudes sejam cristãs, isto é, reflitam em nosso tempo e em nossos dias aquilo que Jesus

Cristo faria e diria nos nossos dias. Sabemos que o discipulado de Jesus não é limitado a cerimônias religiosas e às paredes dos nossos templos. Somos chamados a viver a “verdadeira religião”, como diz o apóstolo Tiago (ressoando os profetas) em sua carta (1,27): cuidar de quem sofre e está marginalizado. E não se trata de benemerência ou filantropia. Trata-se de conversão pessoal e estrutural. Para que o amor a Deus se reflita no amor ao irmão, como recorda João em sua primeira carta. Neste ano a Campanha da Fraternidade nos convidou a pensar e agir para a superação da violência. É um desafio que exige dos cidadãos – mormente os marcados pela fé – uma atitude que favoreça a mudança do modo de pensar e agir. Não por interesses de grupos. Sim pela defesa de princípios que devem levar em conta o bem. A Semana Santa possa ser aos que afirmam sua fé em Cristo Ressuscitado, um renovar de compromisso e um sinal mais luminoso de Esperança.

Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.


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Combustível de fogões (?) simples: 50% dos votos + 1 (?)-dog: cachorroquente (ing.)

(?) Bernardi, escritora Recheio de panetones

Explosivo usado em pedreiras (sigla) Espécie de peneira (bras.)

Canoas de esportes náuticos (?) e volta, etapas da viagem

Dupla (?) de trabalho: é imposta a mulheres Devastar Temadesafio de cantadores

Ponto, em inglês Estado natal do capixaba (sigla)

Atividade física Ópera de Verdi

Antigo capacete de combate Polêmica

Poema lírico Apoio a uma causa

Pedido insistente da pessoa faminta Espaço largo no alto de escadas

(?)operatório: período de resguardo

(?) Bell, inventor do telefone George Lucas, cineasta (EUA)

Forma geométrica dos planetas Aparelho substituído pelo chuveirinho

Criar asas Formato do anel

Tanajuras (bras.) Soneca, em inglês Humberto Teixeira, compositor brasileiro

Álcool e (?): combustíveis do motor flex Símbolo "Guernica", das bodas em relação de sete a Pablo anos Picasso

Negrinho de uma só perna (Folcl.)

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Solução G B J M

P R I M O R O S O

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P L A S T M

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R E S I N A

BANCO

(?) Rogato, pioneira da aviação brasileira

P E A C A G A T A T E P A A I D S P O R S O L A A E L P O S A R G S F E R I Ç A N A H A S A P R I M

Pedro Marcelo Galasso - cientista político, professor e escritor. E-mail: p.m.galasso@gmail.com

Polímero artificial como o polietileno Atração religiosa de cidades europeias

A oitava Metro, qui- letra do lograma e nosso centímetro alfabeto

U N I D A D E S D E M E D I D A

Não se trata da morte como fenômeno natural, nem da violência latente nas relações humanas. Aqui, a morte é aquela provocada por mazelas sociais, a violência, é aquela alimentada pelas mesmas questões. Nada há de natural nessas questões. O que temos é uma construção social que potencializa e sustenta sobre tais absurdos. A seletividade das opiniões sobre a execução de Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, é fruto de opiniões cheias de ódio, de mentiras e de desumanidade. O noticiar da morte da vereadora traz à tona a violência do país que atinge a todos, inclusive aos que não têm voz; a voz que ela pretendia e procurava fazer ouvir. A sua morte é a voz de milhares de pessoas mortas todos os dias, ou seja, o falar da morte da vereadora é fazer ouvir e chamar a atenção a todos que morrem, sejam civis ou policiais. As mentiras sobre a vereadora mostram como a sociedade civil brasileira e a mídia são vingativas, cruéis e mentirosas. Além de expressar o sadismo e o desejo social pela morte e pela violência. O simbolismo da morte das figuras como Chico Mendes, irmã Dorothy e, agora, de Marielle não é mais importante do que a morte de outras pessoas, algo evidente porque não podemos quantificar a dor dos familiares dessas pessoas, mas nos faz refletir sobre nossa real condição social e econômica, sobre a violência que agride a todos nós. As cenas atrozes de pessoas assassinadas a sangue frio, gravadas diariamente em todas as cidades, se perdem no turbilhão de notícias e de sensacionalismos e não nos dão tempo de pensar e de compreender a gravidade de nossa situação. A pausa provocada pela morte de figuras como as citadas acima permite que paremos, pensemos e ponderemos sobre o que queremos. Tristemente, essas pausas servem para que pessoas ignorantes e idiotas, na concepção teórica dos termos, se aproveitem para divulgarem mentiras e destilarem seu ódio sobre fatos tão desumanos, medindo de forma espúria quem vale mais ou menos. É como se o simbolismo da morte se tornasse vazio, assim como a vida social de todos nós.

© Revistas COQUETEL

"(?) uma Perfeito; vez": inicia excelente as historinhas

E E O R A T N A T A M I O D T A E A O L A B R

Seria comum esperar que as pessoas entendessem um fato simples – a morte e a violência são ruins. Ideias simples das quais se faz pouco caso ou que, simplesmente, são desconsideradas. A morte e a violência são ruins. Entretanto, a aceitação da morte e da violência como atos comuns e justificáveis, desejados por muitos e defendidos veementemente por outros tantos é algo inaceitável, ainda mais em uma sociedade de direitos e que se diz democrática. A morte e a violência são ruins, mas são bem vistas no Brasil. Temos a maior taxa de assassinatos de políticos do mundo, superando regiões como o Oriente Médio, a África, países em guerra na Ásia; temos a maior taxa de mortes no trânsito de todo o mundo, ou seja, nenhum país mata mais no trânsito que o Brasil; somos considerados um dos países mais perigosos do mundo quando se trata de jornalismo de denúncia; somos conhecidos pela morte de ativistas políticos, sociais e religiosos, como Chico Mendes e a irmã Dorothy; temos uma das piores distribuições fundiárias do mundo; somos um dos países com uma gritante e violenta desigualdade social e, para terminar com os exemplos, temos a classe política mais corrupta, cara e ineficiente do mundo. Fica claro que somos os melhores em tudo ao que se refere ao pior. Alguns ufanistas dirão que os exemplos acima são conhecidos e a lembrança é desnecessária já que tudo sempre foi e sempre será assim no Brasil, que nos acostumamos e nos viramos muito bem. Muitos dirão que não foram citados o que temos de melhor. Algo difícil frente a tantas questões pertinentes, mas sempre postas de lado ou discutidas como irremediáveis, amenizadas pela mídia e pelos discursos oficiais. Muitos dirão muitas coisas, exceto o que realmente importa – a morte e a violência, alimentadas, cultivadas e defendidas no Brasil, são ruins. Quando boas pessoas começam a ver na violência a única opção política, quando a morte passa a fazer parte de nossas vidas sem provocar um temor ou alguma preocupação é sinal que rompemos uma linha perigosa, é sinal que o caminho que trilhamos nos conduz ao abismo, ao aumento da violência e a uma aceitação passiva e quase messiânica da morte.

Lucro sobre venda de imóvel, A mais fa- segundo a mosa or- Receita ganização ecológica internacional

A D E S Ã O

por pedro marcelo galasso

www.coquetel.com.br

G A N H O D E C A P I T A L

Simbólica

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

3/dot — hot — nap. 4/aida — iças. 5/ioles. 6/graham. 10/greenpeace.

A Morte


OLHAPRESS

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Jornal do Meio 945 Sexta 23 • Março • 2018

por GABRIEL ALVES/FOLHAPRESS

Volta e meia a eficácia dos antidepressivos é questionada. Seria a explicação para o funcionamento deles o famigerado efeito placebo, ou seja, eles não passariam de um mero embuste farmacológico? A melhor evidência disponível até o momento diz que, na verdade, a resposta é não –antidepressivos funcionam, e são superiores ao placebo. Há motivos fortes para se engajar nesse debate. Além do impacto da depressão na qualidade de vida, há também um grande impacto econômico, responsável por mais de um quinto do que se gasta ou perde (pela falta de produção no trabalho) anualmente com doenças em todo o mundo. São mais de 350 milhões de pessoas afetadas (número superior à população dos EUA), que custam direta ou indiretamente US$ 210 bilhões (R$ 685 bilhões) ao ano. Se o placebo equivalesse aos antidepressivos em termos de eficácia, dezenas de bilhões de dólares poderiam ser economizados. Para o bem ou para o mal, não parece ser o caso. Um estudo publicado na última semana na revista médica “The Lancet” considerou dados de mais de 100 mil pacientes, de 522 outros trabalhos, para chegar à conclusão de que antidepressivos, sim, são eficazes. Em todos esses estudos, os pacientes foram distribuídos aleatoriamente entre os grupos tratados com a droga em questão ou com placebo. Os pesquisadores não sabiam quem fazia parte de qual grupo até o fim da pesquisa, o que reduz a chance de erros decorrentes do viés de observação (ou da torcida do cientista). Resultado: a chance de uma pessoa melhorar com antidepressivos é de 37% a 113% maior do que com placebo. Ter dados de tantos pacientes é fundamental, já que, no curto espaço de tempo estabelecido –apenas oito semanas–, os efeitos dos remédios tendem a ser discretos. O tratamento foi tido como bem-sucedido nos pacientes cujo escore relacionado à gravidade da depressão, calculado por um profissional de saúde, fosse reduzido em mais da metade. Sabe-se que há mais de 40 antidepressivos no mercado, mas, para essa meta-análise, foram considerados os estudos de 21 drogas para as quais havia boa qualidade de evidência na literatura médica. Valiam tanto as comparações entre antidepressivo e placebo quanto aquelas entre dois medicamentos. Curiosamente, sabe-se ainda pouco sobre o funcionamento de antidepressivos –o que acaba sendo um gargalo para o desenvolvimento de possíveis novas drogas. Segundo a principal autora do estudo, Andrea Cipriani, de Oxford, os achados são relevantes para adultos que estão passando pelo primeiro ou segundo episódio de depressão. Para os demais casos, a escolha pelo medicamento não é tão simples e depende de outros fatores. Ela afirma que antidepressivos podem ser uma ferramenta efetiva para tratar a depressão grave, mas isso não significa que as drogas devam ser sempre a primeira linha de tratamento –outras práticas, como terapias psicológicas, podem ser levadas em conta. A cientista afirma ainda que o paciente deve estar a par dos potenciais benefícios e riscos dos antidepressivos e sempre conversar com seu médico sobre qual seria o melhor tratamento para seu caso. ranking Algumas das drogas analisadas na meta-análise se destacaram, seja positiva ou negativamente. Considerando eficácia e a taxa de desistência do tratamento (por causa de efeitos colaterais severos, por exemplo), agomelatina, escitalopram e vortioxetina concorrem ao posto de queridinhas dos psiquiatras. Já as drogas fluvoxamina, reboxetina e trazodona podem ter maior chance de se acumularem nas prateleiras das farmácias. Segundo Sagar Parikh, da Universidade de Michigan, que comentou o estudo para o “Lancet”, a pesquisa funciona como um guia em meio a um intenso emaranhado de mais de 2.000 meta-análises que medem e comparam a eficácia desses medicamentos. Cipriani e colaboradores elaboraram, inclusive, um tabelão em que há comparação duas a duas das 21 drogas avaliadas –prato cheio para hipocondríacos e para profissionais de saúde terem mais sucesso na escolha do melhor caminho terapêutico a ser percorrido contra a depressão. * ANÁLISE Entender raiz da depressão pode ajudar a criar novos remédios RICARDO ALBERTO MORENO Dentre as doenças médicas, a depressão é uma das mais importantes causas de morbidade (adoecer) e mortalidade. Ela ocorre em ambos os gêneros, em todas as idades e níveis sociais. Apesar da variedade existente de antidepressivos, de 20% a 30% dos pacientes tratados não atinge a recuperação completa e outros até mesmo desenvolvem depressão resistente. O motivo disso é a característica heterogênea da síndrome depressiva, com sintomas e sinais complexos que comprometem todo o organismo –algo que ainda não é completamente compreendido pela medicina. Outro ponto é que antidepressivos apresentam uma janela de tempo de duas a quatro semanas entre o início do tratamento e o efeito terapêutico. No caso de uma droga ineficaz, isso pode significar mais sofrimento, incapacitação, e tentativas de suicídio. Em uma fração considerável dos casos de depressão tratados com antidepressivos, porém, há melhora logo nas primeiras semanas, o que tem um bom valor preditivo para o sucesso

no tratamento. Em contrapartida, caso não haja resposta parcial em até quatro semanas, são poucas as chances de resposta ou remissão. É recomendado a alguns pacientes o uso contínuo de antidepressivos –é o caso de quem tem depressão crônica (por mais de dois anos), episódios com tentativas de suicídio ou com sintomas psicóticos e depressões recorrentes, por exemplo. A depressão tornou-se um problema médico tratável farmacologicamente, tal qual o diabetes e a hipertensão, a partir da descoberta acidental da ação antidepressiva de drogas (iproniazida e imipramina) inicialmente pesquisadas para o tratamento de tuberculose, na década de 1950. Essas substâncias atuavam modificando o metabolismo de substâncias cerebrais –os neurotransmissores monoaminas–, aumentando a disponibilidade dessas moléculas no cérebro e assim facilitando a comunicação entre os neurônios. Desde então houve o desenvolvimento de diversas moléculas a fim de tentar driblar os efeitos colaterais sem perder a eficácia apresentada pelas drogas anteriores.

Para uma boa prática clínica recomenda-se usar o antidepressivo em dose terapêutica, incrementando-a conforme eficácia e tolerabilidade até a dose máxima indicada pela posologia, por um tempo de no mínimo 6 a 8 semanas antes de considerar que o paciente seja resistente ao composto. Em caso de retirada da medicação, esta deve ser gradual para evitar o aparecimento de sintomas de descontinuação abrupta. Desinformação, preconceito e estigma em relação a problemas psiquiátricos são uma realidade no mundo todo. A forma de combater isto é através da educação da sociedade com informações precisas e objetivas baseadas em evidências científicas. Talvez a pesquisa de novas drogas possa dar um grande salto quando soubermos mais sobre a fisiopatologia da depressão (onde, no organismo, está a raiz da doença). RICARDO ALBERTO MORENO é doutor em psiquiatria e coordenador do Programa de Transtornos Afetivos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Arte: FOLHAPRESS


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Falência

Aprenda com 4 casos de quem quase foi à falência e sobreviveu, empresários brasileiros que estão no lucro contam o que fizeram para recuperar seus negócios. Resultados não aparecem antes de cinco meses e nem sempre a salvação é possível, diz consultor por FLÁVIA G. PINHO/FOLHAPRESS

Em média, uma em cada cinco empresas fecha as portas antes de completar dois anos no mercado, segundo o Sebrae-SP. Mas, antes de desistir, vale buscar saídas para salvar as operações e evitar a falência. “É arriscado tentar reerguer um negócio que explora um modismo ou oferece algo que se tornou obsoleto. Porém, se o empreendimento tem uma trajetória mais sólida e potencial para continuar adiante, vale a pena tentar”, afirma Felipe Chiconato, consultor do Sebrae-SP O processo de recuperação exige perseverança, diz Chiconato. Os primeiros resultados raramente aparecem antes do quarto ou quinto mês. Essa espera fez Luana Zeferino, 27, ter dúvidas sobre as chances de recuperação da Hidro Jet Bombas e Motores. Herdeira da empresa paulista fundada há 27 anos por seu pai, Airton, ela já estava perto de desistir após dois anos consecutivos de prejuízos. “Meu pai tocou a empresa de forma muito intuitiva e tínhamos problemas graves de gestão”, diz Luana, que passou por diversos cursos e consultorias. Foram aulas de formação de preços, gestão financeira e marketing. Depois de cinco meses de consultoria, a Hidro Jet segue em recuperação. Luana resolveu problemas antigos, como a sazonalidade –as construtoras, suas principais clientes, limitavam a demanda por bombas ao período das obras. “Fui atrás de novos nichos, como clientes residenciais, clubes e fábricas, onde a procura por produtos e manutenção é constante”, diz. A Hidro Jet fez parcerias e passou a participar de feiras do setor, o que ajudou a colocar a marca em evidência. Nenhum dos cinco funcionários foi demitido e a empresa voltou a vender 150 bombas por mês. Cerca de 70% do faturamento vem de serviços como instalação e manutenção. São realizados até 400 atendimentos mensais. O mais importante, diz Chiconato, é estar aberto para adotar novas estratégias. DIAGNÓSTICO Em agosto de 2016, quando comprou uma unidade da Igui Piscinas em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, o administrador de empresas Fernando Okamoto, 40, fez um diagnóstico certeiro dos problemas que a loja enfrentava. “Sou da cidade e conheço o potencial do mercado, Ribeirão é um lugar quente e de alto poder aquisitivo. O ponto também era ótimo, diante de uma rodovia de muita circulação. Faltava uma estratégia de marketing mais agressiva”, diz o empreendedor. Okamoto investiu R$ 250 mil, incluindo o valor do ponto, pago ao antigo proprietário, e a taxa de franquia. Renovou a equipe, firmou parcerias com arquitetos da região e criou um programa de plantões fora da loja. “Coloquei uma piscina compacta em cima de uma carreta e passei a montar uma tenda inflável de vendas em estacionamentos de lojas de material de construção e feiras do setor, sempre em pontos onde nossa presença não era significativa.” Em fevereiro de 2017, seis meses depois, Okamoto passou de seis para 12 piscinas vendidas por mês. Os modelos disponíveis custam de R$ 10,9 mil a R$ 40 mil. Para as redes de franquias, encontrar empreendedores como Okamoto, interessados em comprar unidades com problemas, é um alívio. “É preciso levantar se não há passivos

que travem o negócio, mas pode ser uma boa oportunidade para todas as partes”, diz Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising). Sócio da Acqio, que negocia máquinas de cartão de crédito, o administrador Carlos Rollo, 57, diz que nem todo franqueado tem vocação para o negócio. Desde 2014, quando a Acqio foi fundada, cerca de 50 das 650 unidades mudaram de mãos. “Quando as vendas são feitas de porta em porta, não adianta ficar sentado no escritório. Se o franqueado faz isso, até preferimos que venda para alguém que tenha gás novo.” Foi o que aconteceu com a unidade de Tubarão (SC), adquirida por Denise Kuball, 50, em setembro de 2017. Ela desembolsou R$ 7.470, incluindo taxa de franquia e o equipamento para trabalhar. Rodando cerca de 70 quilômetros por dia no próprio carro, Denise visita cerca de 40 estabelecimentos por dia. Com cinco meses de operação, fatura R$ 480 mil por mês. “No segundo semestre, vou contratar vendedores que trabalhem para mim.”

Foto: Avener Prado/Folhapress

* Reerguer loja quebrada custa o mesmo que abrir uma nova Os repasses de lojas não são vistos como problema no universo das franquias. De acordo com Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a venda de uma unidade para outra pessoa é prática comum em todo o mundo. No Brasil, há 145 mil comércios do tipo, distribuídos por 2.800 redes. “Em 2017, 3% das unidades brasileiras foram repassadas. Nos Estados Unidos, onde a movimentação é mais intensa, chega a 5%”, diz Altino. Depois de vender um negócio de família, o engenheiro Luiz Felipe Baccarin, 31, decidiu investir em uma franquia da rede de lavanderias 5àSec –mas ele não pensou em começar do zero. “Quando procurei a sede da empresa, em São Paulo, pedi um repasse de loja porque não queria esperar pelo tempo de maturação de um negócio novo, que vai de seis meses a dois anos”, conta. A 5àSec ofereceu a unidade de Maceió (AL), que passava por dificuldades graves. Mas, antes de assinar o contrato, ele analisou de forma minuciosa a situação do estabelecimento. O ambiente estava decadente, porque a antiga franqueada não havia feito as reformas de atualização para o novo padrão. “Os preços dos serviços estavam abaixo do mercado, mas vi que havia potencial” afirma Baccarin. “Maceió tem 1 milhão de habitantes, sendo 60 mil potenciais clientes. A 5àSec recomenda uma loja para cada 15 mil pessoas, e aquela era a única da cidade”, conta. O montante desembolsado pelo engenheiro, R$ 150 mil, com um terço desse valor para taxa de franquia, foi o mesmo que teria gasto se comprasse uma loja nova. “Com a reforma do ponto e mudanças na gestão, em menos de um ano já tinha aumentado o ticket médio em 50%. Apesar da crise, que fez a produção cair 22%, consegui manter o faturamento.” Hoje, Baccarin tem mais duas unidades 5àSec em Maceió. Juntas, elas custaram outros R$ 150 mil. “Assim, mantenho o custo fixo mais alto em um ponto só, mas capilarizo o atendimento”, explica.

Luana Zeferino, 27, iniciou uma consultoria no Sebrae para tentar salvar a empresa do pai, Hidro Jet Bombas e Motores. O processo de recuperação está em andamento - ela buscou novos nichos de atuação, formou parcerias com fornecedores e corrigiu problemas administrativos comuns a empresas familiares. foto Ricardo Benichio/folhapress

Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 22-02-2018: Fernando Okamoto, dono de uma franquia da IGUI, fabricante e loja de piscinas


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Melhor opção Quando desistir do trabalho dos sonhos é a melhor opção por CAROLINA MUNIZ/FOLHAPRESS

Muitas vezes é melhor desistir de um plano de carreira do que teimar em fazer algo que está dando errado só porque era um sonho antigo. “Muito se fala que você pode ser o que quiser, é só se esforçar. Mas isso não é verdade”, diz Eduardo Ferraz, consultor de gestão de pessoas. Para explicar isso, ele usa a comparação feita pelo economista James Heckman, vencedor do Nobel de Economia de 2000, para definir a personalidade de um adulto. “É como um prédio. A gente pode fazer um monte de reformas e trocar os móveis de lugar, mas não consegue mudar a estrutura”, afirma. Para ele, não adianta uma pessoa introvertida tentar se tornar extrovertida, porque é uma característica estrutural. “O introvertido pode trabalhar melhor com processos do que com pessoas. Então, o que proponho é aproveitar 80% do tempo para melhorar o que você já tem e 20% para desenvolver aquilo que não tem”, diz Ferraz. Segundo Tania Casado, coordenadora da pós-graduação em consultoria de carreira da Fundação Instituto de Administração, a pessoa pode ser o que quiser, mas dentro de suas possibilidades. “É melhor tirar proveito das suas aptidões do que se forçar a ser o que não é”, diz ela, que também é docente da Universidade de São Paulo. ROTA ADAPTADA É claro que ambições podem levar o profissional para um caminho que o obrigue a lutar contra o seu perfil. Mas, segundo a psicóloga Leni Hidalgo, professora de gestão de pessoas do Insper, na maioria das vezes, o esforço que ele terá que fazer para superar suas fraquezas pode anular suas qualidades. Por exemplo, uma pessoa que gasta um tempo enorme para tentar ser mais organizada em vez de desenvolver a criatividade, que é seu ponto forte. “E aí ela acaba se tornando medíocre”, diz ela. Nem sempre é possível estar num trabalho que permita explorar todos os talentos do profissional. Aí, o que resta é saber interpretar o ambiente e usar suas ferramentas para se adaptar a ele. Mesmo assim, se a pessoa tiver que sufocar características importantes da sua personalidade por muito tempo, talvez seja melhor buscar uma nova colocação. “Senão, ela vai entrar numa zona de sacrifício”, diz Hidalgo. CARREIRA EXECUTIVA Formada em farmácia, Amanda Martins, 27, tinha o sonho de ser executiva em uma

grande indústria. Na faculdade, conseguiu estágio em uma multinacional e, em seguida, foi contratada. Por cinco anos, trabalhou no setor administrativo, lidando muito mais com papéis do que com gente. “Apesar de ser uma área burocrática, insisti porque achei que tinha que passar por aquilo”, afirma ela, que sempre valorizou o contato humano. Cursou pós-graduação em gestão de pessoas para tentar uma transferência de departamento, mas não conseguiu. Também conversou com colegas de empresa e viu que, em outras áreas, o trabalho não seria muito diferente daquilo que ela fazia. Então, começou a sofrer crises de ansiedade e acabou pedindo demissão para se recuperar. Nesse período, fez um intercâmbio na Austrália para aprimorar o inglês. Lá, passou por um processo de coaching e percebeu que seu talento era justamente o contato com as pessoas. “Fui descobrindo com o que me conecto de verdade”, diz. Mesmo assim, quando retornou ao Brasil, a primeira coisa que fez foi mandar currículos para indústrias farmacêuticas. “Queria muito ser executiva. Tinha a questão do ego, da estabilidade financeira e do status.” Foi um novo processo de coaching que a ajudou a desapegar dessa ideia e investir na sua maior aptidão, que é o relacionamento direto com o público. Depois de fazer um curso, ela mesma se tornou uma profissional dessa área. Há um ano, atua como coach que trabalha com desenvolvimento de crianças. Ela conta que o começo na nova profissão foi difícil, mas hoje já está com a agenda cheia. “É isso que me encanta.” AUTOANÁLISE É ESSENCIAL PARA DEFINIR RUMO Investir em autoconhecimento é fundamental para que o profissional entenda como pode explorar melhor suas características e descobrir de fato o que deseja. “Muitas vezes, o que acontece é que as pessoas acham que querem determinadas coisas, mas estão olhando do ângulo do vizinho, e não do delas”, afirma Tania Casado, coordenadora da pós-graduação em consultoria de carreiras da FIA (Fundação Instituto de Administração). “Todo o trabalho de autoconhecimento deve ser pela busca do seu diferencial, aquilo que pode usar como um ponto de alavancagem”, diz a psicóloga Leni Hidalgo, professora de gestão de carreiras do Insper. Para se conhecer melhor, o profissional pode recorrer à ajuda especializada -de um consul-

tor de carreiras, coach ou psicólogo- ou fazer uso de testes, auto-observação e feedbacks. Como um bom exercício, Casado recomenda que o profissional entregue um papel para diferentes pessoas que fazem parte da sua vida -chefe, cônjuge, familiares, amigos e colegas de trabalho, por exemplo. Então, elas devem escrever quais comportamentos o indivíduo deve parar, começar e continuar a fazer. “Quando comparar o resultado, vai ver que cada pessoa, na sua arena, falou sobre coisas semelhantes. Essa é um

forma excelente de autoconhecimento”, diz. Além disso, também é importante traçar um plano de carreira. De acordo com Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria Robert Half, o profissional deve saber aonde quer chegar e traçar uma “escada”, buscando quais competências técnicas e comportamentais são necessárias para alcançar cada degrau. Isso ajuda a se programar e ver se de fato o caminho a trilhar é viável. “Às vezes nunca foi, mas, como a pessoa não olhou isso lá atrás, criou expectativa”, diz. Foto: Marcus Leoni/Folhapress

Amanda insistiu por cinco anos trabalhando em uma industria farmacêutica. Saiu do emprego, foi viajar, fez coaching, acabou se descobrindo melhor e resolveu investir no que gosta e tem talento, que e lidar com pessoas. Hoje, e coach de crianças e esta feliz e realizada.


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Esfregar os olhos Eleva o risco de infecções por vírus e bactérias, aglomerações de pessoas, como no transporte público e na piscina, aumentam o perigo de contágio por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS

Resta pouco menos de um mês para o verão chegar ao fim, e as altas temperaturas continuam predominando. Mesmo com as férias tendo acabado, o cuidado com os olhos precisa continuar. A conjuntivite é uma doença que ocorre mais no frio. Porém, é no verão que o risco de contágio é maior, por causa da aglomeração de pessoas, como em uso de piscinas e na praia. “Quanto maior a concentração de pessoas, maior a chance de transmissão”, diz a oftalmologista Cristina Dantas, membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). “Um vírus pode ficar em uma superfície dura, como maçaneta, controle remoto, corrimão, apoio de transporte público, entre outros, por muitos dias.” O contágio mais comum do vírus ocorre quando a pessoa esfrega as mãos nos olhos. Mesmo se tiver lavado a mão, ela não deve fazer isso, diz a especialista. “Até mesmo a toalha na qual essa pessoa enxugou as mãos pode estar contaminada. Então, não se deve coçar os olhos”, diz Cristina. Outro fator preocupante é o uso de óculos escuros. Em barracas de vendedores ambulantes é possível encontrar de todos os tipos

e modelos, em preços bem abaixo dos estabelecidos em lojas especializadas. Porém, os oftalmologistas alertam para a qualidade do material. “No escuro, a pupila dilata e entra mais raio de luz. Se a lente não for adequada, essa luz não estará sendo filtrada, o que pode trazer um prejuízo à pessoa”, explica Lisia Aoki, oftalmologista do Hospital das Clínicas. Com lentes de contato, os cuidados também são grandes. “Nenhum fabricante indica na bula que a lente pode ser usada no mar ou na piscina. O risco de uma infecção é grande”, diz Lisia. Uso de colírios exige orientação O uso de colírios também é um fator que merece atenção no cuidado com os olhos. Não é qualquer medicamento que pode ser usado. Alguns, em vez de ajudar, podem causar um problema maior à pessoa. “Tem muito paciente que acha que existe um colírio comum, mas não é bem assim. Nem todos os colírios são iguais. Um colírio com corticoide ou antibiótico só pode ser usado com acompanhamento médico”, afirma a oftalmologista Cristina Dantas. Arte: Folhapress


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Jornal do Meio 945 Sexta 23 • Março • 2018


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