Braganรงa Paulista
Sexta 6 Abril 2018
Nยบ 947 - ano XVI jornal@jornaldomeio.com.br 11 4032-3919
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Jornal do Meio 947 Sexta 6 • Abril • 2018
O que fazer neste
“resto” de ano? por Mons. Giovanni Baresse
Vivemos a Quaresma e a Semana Santa. Neste ano um pouco mais cedo. Agora vamos nos aproximando das festas juninas: Santo Antônio, São João e São Pedro. Junto a Copa do Mundo de Futebol. Um pouco mais para a frente as eleições e, de repente, chegou o Natal! Como faremos e o que faremos neste ritmo acelerado de nossos dias? Certamente o que mais nos deve preocupar são as eleições. Especialmente a escolha do presidente da República. Não sei se é o sentir dos eleitores, mas nunca fomos tão pobres em lideranças. Tempos atrás vi uma pesquisa que, com mais de 80% de escolha, falava em candidatos éticos, que não mentissem nas campanhas, não prometessem o que não poderiam cumprir, não estivessem envolvidos em corrupção, etc. Olhando o leque dos que se apresentam, até o momento, certamente há um “quê” de perplexidade. Acabei de ler um livro do jornalista italiano Bruno Vespa. O título é “Soli al Comando” (Sozinhos no poder). Ele faz uma interessante análise
dos grandes ditadores (Hitler, Stalin, Mussolini, Franco); dos grandes democratas (Churchill, Roosevelt, De Gaulle); dos mitos do século passado (Kennedy, Mao, Fidel Castro),dos revolucionários conservadores (Reagan, Margaret Thatcher); dos que estão hoje nos papéis preponderantes (Trump, Putin, Angela Merkel, Xi Jinping, Kim Jong-un) e, passa depois à política italiana (De Gasperi, Togliatti, Craxi, Berlinguer, Aldo Moro, Fanfani, Andreotti). E chega à chamada Terceira República com Berlusconi, Matteo Renzi, a Lega Nord (de mentalidade xenófoba e separatista) e o Movimento Cinco Estrelas (que é contra tudo e todos). Nos personagens aparecem as linhas comportamentais que podemos ver nas falas dos nossos candidatos: sede de poder, monopólio da verdade e donos das melhores soluções, perseguições aos adversários (na maior parte das vezes vistos como inimigos), corrupção., etc. Claro que em muitos se marca a vontade de mudar as situações difíceis de seus países, o promover o bem-estar do povo, o
desejo das reformas, etc. É muito interessante, porém, notar que os desafios quanto à honestidade das atitudes é sempre a mesma. Muitas coisas me chamaram a atenção na leitura destaco uma de Enrico Berlinguer, secretário do Partido Comunista Italiano. Destaco por semelhança àquilo que nós acompanhamos por aqui. Ele admitia que pessoas do partido tivessem recebido dinheiro por caixa 2. Contudo o dinheiro ia para os cofres do partido. Ninguém ficou com nada. Uma visão quase absolutória para uma ação irregular. Aqui também vimos a tentativa de julgar caixa 2 menos grave que propina! Enfim, como se diz em italiano “Tutto il mondo è paese” (O mundo se reduz a um vilarejo). As eleições são a possibilidade de escolher propostas e quem se disponha em executá-las. Cabe a cada cidadão analisar o que é proposto e quem se apresenta para gerir o poder. Nós somos, ainda, uma democracia jovem. Somos ainda marcados pelo clientelismo. Marcados por desejar que os eleitos resolvam rápido as nossas
necessidades. Parece que ainda não temos bem claro quais são nossas obrigações para com o Bem-Comum. O senso do coletivo ainda não motiva. Talvez pela grande diferença entre os que são mais ricos e os que estão na linha tênue entre pobreza e miséria faz com que pequenas ações não sejam efetivadas. Exemplo claro é o descuido com tudo aquilo que é de todos (movimentos sociais, ações coletivas, participação em organismos sociais, conselhos, rios, bueiros, praças, etc.). Creio que a situação política que vivemos exige atitude de superação de qualquer visão de revanchismo, violência institucional, compadrio, sectarismo. Se não se pensar no que é mais importante (e parece que o desejo mais presente é delineado por saúde, segurança, educação e emprego) só vamos repetir mudança de pessoas sem perspectiva que desemboque em real esperança de dias melhores. Neste “resto” de ano nos preparemos para escolher quem, segundo nossa consciência, tenha melhor condição de servir ao povo deste nosso sofrido Brasil!
Expediente Jornal do Meio Rua Santa Clara, 730 Centro - Bragança Pta. Tel/Fax: (11) 4032-3919 E-mail: jornal@jornaldomeio.com.br Diretor Responsável: Carlos Henrique Picarelli Jornalista Responsável: Carlos Henrique Picarelli (MTB: 61.321/SP)
As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da direção deste orgão. As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente. Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.
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Jornal do Meio 947 Sexta 6 • Abril • 2018
ministério de Delfim Neto, que nada mais
dura as soluções mágicas e messiânicas
era que o investimento dos EUA no Brasil
de nossos problemas políticos, sociais e
sem que os benefícios fossem socializados
econômicos.
ou promovessem ações econômicas du-
As mentiras contadas sobre as ações
radouras e inclusivas, mas que alimentou
heroicas da Ditadura e da atuação dos
obras absurdas e desnecessárias, como a
militares no governo brasileiro, entre os
Rodovia Transamazônica, dentre tantos
anos de 1964 e 1985, são utilizadas como
outros “elefantes brancos”. Na verdade, o
propaganda de alguns políticos que de-
fim do Milagre, a partir de 1973, acelerou
veriam estar presos por conta de seus
a perda de apoio dos setores civis que
discursos e práticas de ódio. Infelizmente,
aprovavam tal governo.
essas mentiras convencem pessoas incré-
Assustador, entretanto, é imaginar que
dulas e sem o conhecimento histórico e
alguns fenômenos sociais e econômicos
escondem as enormes falhas e a violência
que antecederam a Ditadura podem ser
covardemente praticada contra todas
identificados atualmente, tais como o des-
as camadas sociais ao longo dos anos de
preparo e ineficiência das elites políticas,
Ditadura o que provocou seu desgaste
a inadequação da estrutura política e das
e a perda de apoio, incluindo setores da
instituições governamentais para atender
elite e da Igreja.
às questões de segurança nacional e as
Mesmo a divulgação de dados e de crimes
urgentes questões sociais e humanitárias,
praticados nesses anos nefastos, o absurdo
a ingenuidade e a ignorância política do
da Ditadura ainda encontra ardorosos
povo brasileiro, bem como as sempre
defensores e inúmeros políticos, que se
presentes disparidades do crescimento
aproveitaram ou que foram perseguidos,
nacional que enriquecem alguns e con-
ainda ocupam cargos públicos, alguns
denam milhões à pobreza.
negando o que ocorria naquele período.
É importante dizer que a oficialidade das
Além disso, os dados econômicos e sociais
Forças Armadas mudou e que não parece
mostram a falácia dos avanços da Ditadura
acertado condenar ou criticar a postura,
que são, absurdamente, defendidos por
irrepreensível e democrática, que elas
ignorância ou por má-fé.
têm assumido com relação aos clamores
A Ditadura fez crescer a mortalidade
populares, ou seja, as Forças Armadas
infantil. Dados de 1964, mostram uma
não parecem interessadas ou dispostas
taxa de mortalidade de 70/1000 enquanto
a romper o momento democrático que
em 1979, as taxas subiram para 92/1000.
vivemos, por mais conturbado e caótico
Outros dados, em 1972, dos 3950 muni-
que o cenário político se apresente.
cípios brasileiros, apenas 2638 possuíam
Rato, em francês
Érbio (símbolo) Modismo (bras.) Sarcasmo A dificuldade do insensível
Ato de expressar o que se pensa
Necessita Novo Testamento (abrev.)
Um dos sintomas de males renais Extensão de arquivo (Inform.) Capital da Albânia Empresário de pugilistas
Tramas (fig.) Encaracolados Fruta do "apfelstrudel" (Cul.) (?) Guimarães, artista plástico e Cartunista cineasta apaixonado por Leviano (fig.) samba
Ampère (símbolo) Recife coralino dos mares tropicais
Órgão que fiscaliza a telefonia celular
Pedido do público satisfeito Prazer do caridoso Cério (símbolo)
Sistema montanhoso do pico Annapurna
Adoece Aposta, em inglês
Que não implica desejo ou vontade (Psiq.) Exímios em uma atividade
BANCO
Armação ornamental de camas 12
Solução
S
abastecimento de água e, em 1975, segundo
Pedro Marcelo Galasso - cientista político,
o Banco Mundial, 70 milhões de brasilei-
professor e escritor.
ros abaixo da linha da pobreza. Isso sem
E-mail: p.m.galasso@gmail.com
(?) Silvestre, corrida paulistana
M
e acéfalo que vê nos horrores da Dita-
Verruga (Med.) Reduto da boemia
A
fracasso do Milagre Econômico, durante o
M A R
em um período histórico inconsequente
I
Nossa dívida externa decuplicou após o
D
acordos das reservas indígenas.
e precisam ser esclarecidas ainda mais
S Ã O
a Ditadura alcançam graus inaceitáveis
Bebida do dry martini Elemento decorativo
Conexão hidráulica com ângulos retos
Veículo de passeios pela praia de Canoa Quebrada (CE)
M A
bos inteiras de suas terras e descumpriu
(?) Antonieta, última rainha da França
A T O L
populações indígenas que manejou tri-
púdio. As mentiras contadas sobre
Pesticida proibido no Brasil desde 1985 Recomendação de "Amigo" de nutricionistas em dias Otelo (Lit.) de calor excessivo
Chefe supremo da Igreja Católica
A L I M E N T A Ç Ã O L E V E
o que lembrar com pesar e com re-
© Revistas COQUETEL
Nome da letra que abrevia "metro"
P D O D I N T A T G I C O F O I R O C N E A D M A A C A A A I R B A T I O S S
contar as ações da Ditadura contra as
Filme com duração média de 10 minutos
D
Não há o que comemorar, mas sim
Latim e alemão Pintor mo- Metais que dernista compõem falecido o bronze em 2003 Eixo (?), logradouro de Brasília
C E R U M E R E T S A B A M A E R A T M R AN A A E R G E L M A L D A C O N E S
por pedro marcelo galasso
www.coquetel.com.br
L C I O N B UG R A E S E DE E C S L T I A N N AT H I O V A A S
Ditadura brasileira
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
3/bet — cao — rat — slt. 6/sicoma. 9/aconativo.
As mentiras da
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Jornal do Meio 947 Sexta 6 • Abril • 2018
por Shel Almeida
Desde o começo de março dois novos espaços culturais independentes estão com as portas abertas em Bragança. O Edith Garagem, ligado à Oscip Edith Cultura e o Espaço Cultural Entrando em Cena, nova sede do Instituto Entrando em Cena, ambos com a proposta de difundir a arte e a cultura. O Jornal do Meio conversou com Daniela Verde e Viviane Lessa, diretoras do Edith e do Instituto, respectivamente, para saber o que público pode esperar a partir desses novos locais para atividades culturais. Edith Garagem O Edith Cultura atua há 10 anos em Bragança. É mais conhecido por suas ações ligadas ao cineclubismo, e à cultura underground, a partir das atividades que realizou na época em que ocupou o espaço do Sociedade Ítalo-Brasileira. Mesmo depois de ficar sem uma sede física, a oscip continuou desenvolvendo atividades e projetos próprios ou com parceiros. Porém, o espaço físico era um desejo antigo, uma necessidade que, com o tempo, foi se intensificando. “A ideia, ao criar o Edith Garagem, é a de ampliar a oferta de espaços de difusão e formação cultural na cidade, em um local de fácil acesso, aberto para parcerias e projetos colaborativos. Era um anseio antigo do nosso coletivo e dos participantes das atividades que já promovemos. A proposta é que a construção da programação seja feita colaborativamente, sem uma curadoria, mas por pessoas com vontade de trazer ideias. A gente só precisa entender se cabe no espaço, porque é um local pequeno, intimista. Por exemplo, uma oficina de dança não caberia ali, mas um bate-papo sobre dança sim”, explica Daniela. Uma das qualidades do Edith Cultura sempre foi a de agregar. Seja unindo artistas e produtores culturais, seja atraindo o público a partir da formação de novas gerações de plateias, que foram se renovando constantemente, nessa década de atividades. “O que tenho percebido é que o Edith não é apenas um espaço para jovens mas, também, para pessoas que passam a morar em Bragança. Dentro do nosso quadro de colaboradores e frequentadores são vários os que chegaram à cidade com hábitos culturais já consolidados, querendo entender onde buscar esse tipo de atividade por aqui. E, em um local como o Edith Garagem é muito mais fácil você interagir, conhecer pessoas, do que em um bar, por exemplo. Como promovemos discussões após cada atividade, então todo mundo tem espaço para falar, momento em que você pode estabelecer outras relações sem parecer inconveniente”. Espaço Cultural Entrando em Cena O Instituto Entrando em Cena é uma instituição sem fins lucrativos que atua em Bragança Paulista desde 2012. Utiliza a arte como agente de transformação social oferecendo formação e fomento artísticos por meio de um programa sociocultural gratuito. Com o projeto Primeiro Ato proporciona formação artística com oficinas de teatro, circo: aéreos, dança contemporânea e circo: acrobacias e malabares para jovens de 13 a 24 anos. Com o projeto Segundo Ato oferece fomento artístico a partir do Núcleo de Pesquisa em Cultura Popular, dos Ateliês de Novos Suportes Aéreos e de Criação de Números e ainda aos grupos de pesquisa protagonizados por jovens iniciados nas artes cênicas nos projetos de formação artística do Instituto. Com o
Foto: Marina Amazonas
projeto Entrando em Cena no Mundo visa formar agentes multiplicadores por meio de oficinas de empreendedorismo sociocultural, que tem como objetivo oferecer ferramentas necessárias para quem quer transformar ideias em ação. Com os projetos Entrando em Cena Convida, Entrando em Cena Apresenta e Entrando em Cena Circula, trabalha com a difusão da arte a partir da formação de plateia por meio de apresentações de números, performances e espetáculos protagonizados pelos jovens artistas do Instituto e também por artistas parceiros convidados. “O nosso espaço chega com a proposta de fomentar e difundir as artes, democratizar o acesso à cultura, gerar uma economia criativa, aproximar pessoas e criar uma rede de parceiros em prol de uma causa comum: o desenvolvimento humano por meio da arte e da cultura. Nosso foco sempre foi a formação artística e hoje, podemos oferecer também, a profissionalização desses jovens. Alguns deles já estão agregados à nossa equipe, como monitores, assistente de produção, estagiários. E agora, a partir da necessidade de atender as demandas de idade e horário que o programa social não cobre, eles terão mais oportunidade dentro do mercado cultural, a partir da atuação, como educadores. Criamos, assim, o nosso Programa Socioeconômico, que busca garantir a sustentabilidade da instituição, assim como a criação de oportunidade e profissionalização dos jovens artistas formados pelo Entrando em Cena. Dentro desse programa estão as ações como oficinas particulares, apresentações artísticas, produtos para colaboradores, festas, e eventos”, explica. O Espaço Cultural Entrando em Cena inaugura no próximo domingo dia 08 de abril. Confira a programação do evento e das atividades do Edith Cultura em abril no box.
Uma das novas atividades do Edith Garagem é a Leitura Dramática, proposta pela atriz Fabiana Vasconcelos Barbosa, que mora recentemente em Bragança, vinda de São Paulo. Foto:Karina Lumina
O Edith Garagem chega com a proposta de difundir arte e agregar pessoas. O coletivo Edith Cultura atua há 10 anos na cidade. Foto:Ana Arantes
Programação Edith Garagem Abril 16/ abril - 14h às 17h - TEATRO Encontros de Leitura de Dramaturgia 10/ abril - 19h30 - 22h30 Curso: Introdução ao Tarot: arcanos maiores e tiragens 12/ abril - 19h30 - CINECLUBE Os Caubóis do Apocalipse 13/ abril - 19h30 - RÁDIO FANTASMA 20/ abril - 19h30 - DISCOTECAGEM NA GARAGEM 24/ abril - 19h30 - GRUPO DE ESTUDOS: Tecnoxamanismo 26/ abril - 19h30 - CINECLUBE - Quadrophenia Informações: https://www.facebook.com/ edith.cultura/ Edith Garagem Rua Cel. João Leme, 229, Centro, Bragança Paulista/SP
O Espaço Cultural Entrando em Cena abriga as atividades socioculturais do Instituto e irá abrir para atividades particulares também. Foto : Shel Almeida
Inauguração Espaço Cultural Entrando em Cena Dia 08 de Abril - 17h Programação Chegança + Vivência de Circo Abertura com Los Marmotas + apresentação das novidades para 2018 Estreia do espetáculo “De Passagem” com Corpo Instável - Entrando em Cena Apresentação Moksa - Música + Espaço Aberto para Performances https://www.facebook.com/institutoentrandoemcena/ Espaço Cultural Entrando em Cena Av. dos Imigrantes, 3334 - Lavapés (Ao lado do Posto Ipiranga)
A conceito da fachada do Espaço Cultural Entrando em Cena foi inspirado na obra do pintor russo Wassily Kandinsky, e a pintura teve com orientação do artista plástico Fábio Delduque.
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Oferta de criptomoeda
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entra na mira da CVM Num movimento que ainda esbarra na falta de regulação, empresas criam suas próprias moedas para financiar projetos, para especialistas, só lançamentos que dão direito a participação societária estariam sob supervisão da autarquia
por DANIELLE BRANT/FILIPE OLIVEIRA/FOLHAPRESS
Na onda do bitcoin, várias em-
rio leva a uma expectativa de retorno
sistiu após receber um ofício da CVM.
Exterior
presas estão criando e vendendo
e à criação de um valor mobiliário. A
A autarquia tentava identificar se a
A solução encontrada por algumas dessas
suas próprias moedas virtuais
previsão, no whitepaper [espécie de
companhia fazia uma oferta de valores
empresas para levar os ICOs adiante em
para financiar seus projetos, em um
prospecto], de que a moeda não pode
mobiliários irregular.
meio às incertezas regulatórias é o exterior.
movimento que esbarra na falta de
ser usada no secundário seria suficiente
Já a Bomesp teve sorte diferente. A
A OriginalMy, por exemplo, decidiu fazer
regulação desse novo mercado e na
para mostrar que não há a intenção
companhia, que quer criar uma pla-
a oferta na Europa, sem vender moedas
pouca proteção para investidores que
de que isso seja um valor mobiliário.”
taforma para a realização de ICOs e
no Brasil.
injetam recursos nessas companhias.
A autarquia diz que vem acompanhando
negociação das moedas no mercado
A Swapy Network, de empréstimos para
Os chamados ICOs (ofertas iniciais
as recentes inovações tecnológicas e
secundário –tal como na Bolsa–, con-
empresas, aposta nas Ilhas Cayman e
de moedas, na sigla em inglês), que
que busca compreender seus benefícios
seguiu levar à frente o lançamento da
deixou de fora o Brasil. Outras, como a
giraram US$ 5,6 bilhões em 2017, co-
e riscos associados.
moeda niobium.
Lunes, que quer arrecadar recursos para
meçam a chegar ao Brasil, ainda que
Na prática, a CVM já deu provas de que
A decisão teve idas e vindas. A área
investir em soluções de pagamento, miram
de forma tímida.
vai intervir quando achar necessário.
técnica da CVM considerou que a mo-
os dois públicos.
Mas, assim como aconteceu com o
Isso aconteceu em outubro de 2017,
eda não era um valor mobiliário, mas
Para Ricardo Rochman, coordenador do
bitcoin, já foi o suficiente para atrair
com a OriginalMy.
o colegiado da autarquia –formado
mestrado profissional da FGV (Fundação
entusiastas de criptomoedas e chamar
A empresa se preparava para fazer um
pelo presidente e por diretores– pediu
Getulio Vargas), os ICOs são uma inova-
a atenção de reguladores.
ICO de até US$ 5 milhões de moeda
diligências adicionais. No fim, acom-
ção capaz de dinamizar o mercado, por
Desde outubro de 2017, a CVM (Comis-
associada a serviço de autenticação
panhou os técnicos.
simplificarem e baratearem a captação
são de Valores Mobiliários, responsável
de documentos pela internet, mas de-
pela supervisão do mercado de capitais)
de investimentos de novas companhias. Foto: Foto: Adriano Vizoni/Folhapress/Folhapress
tem lançado comunicados alertando sobre riscos desse tipo de oferta. No mais recente, afirmou que não são todos os ICOs que estão sujeitos à regulação da autarquia, somente os que caracterizariam uma oferta de valores mobiliários, como ações de empresas. A definição é importante porque essas moedas podem ter funções diferentes –dar direito à participação so- cietária no negócio ou apenas à utilização de serviços ou produtos. As ofertas do primeiro grupo se enquadram no que a CVM considera valores mobiliários. A moeda é emitida e, depois de encerrado o ICO, dá direito a uma participação na empresa, nos resultados ou no desempenho futuro da companhia. “Cai como uma luva na definição de valor mobiliário”, afirma Renato Ximenes, sócio do escritório Mattos Filho. No segundo grupo, as ofertas funcionam como uma pré-venda. Ajudam a financiar a empresa, e o investi- dor recebe de volta o direito de usar um serviço ou produto no futuro. Isso fica fora da competência da CVM, afirma Ximenes. Brechas Mesmo as moedas que são criadas para dar acesso a serviços e produtos podem atrair pessoas interessadas em lucrar com a valorização potencial delas. Na avaliação de Guilherme Potenza, sócio do Veirano Advogados, é possível que a CVM também olhe esses casos com atenção. “As moedas não dão expectativa de rentabilidade, mas o que a maioria espera quando compra é justamente o retorno financeiro”, diz. Para ele, a criação de um mercado secundário, ou seja, em que investidores revendessem as moedas em busca de lucro, poderia ser passível de regulação pela CVM. “Quem cria o secundário são os detentores da moeda. Se você não proibir, permitido está. A CVM não consegue evitar”, diz Potenza. “Se a gente estudasse na minúcia, a CVM poderia entender que o secundá-
O empresário Rubens Meinstein, 46, que investe em criptomoedas há dois anos
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Jornal do Meio 947 Sexta 6 • Abril • 2018
Contra a palmada Pesquisas ligam castigos físicos em crianças e jovens a problemas de saúde mental e a comportamentos de risco nas fases seguintes da vida
por RACHEL BOTELHO/FOLHAPRESS
Nem a ciência nem a Lei da Palmada foram suficientes para convencer boa parte dos pais e cuidadores de que castigos físicos não têm valor educativo, abrem feridas no psiquismo, prejudicam o desenvolvimento e devem, portanto, ser abolidos de vez. Embora não existam dados posteriores à aprovação da lei, em 2014, especialistas dizem que a ideia da punição física com fins educativos continua arraigada na sociedade brasileira e, portanto, é uma realidade difícil de mudar. O método pode aparentar eficácia instantânea, porque diante de uma surra ou um tapa a criança tende a interromper o comportamento indesejável, mas não funciona a longo prazo. “É um adestramento, a submissão total”, diz a psicanalista Isabel Kahn, professora na área de infância e família da PUC-SP. A comunidade científica vem estudando a ligação entre as surras e problemas de saúde mental na vida adulta, e os trabalhos ajudaram a embasar a decisão de 53 países de proibir o castigo físico, incluindo o Brasil. Uma pesquisa recente publicada no periódico da Sociedade Internacional para Prevenção ao Abuso e à Negligência Infantil concluiu que adultos que apanhavam na infância corriam maior risco de fazer uso abusivo de álcool e de drogas e tinham mais probabilidade de tentar o suicídio. Foram ouvidos 8.300 adultos da Califórnia, que responderam perguntas sobre situações adversas na infância e saúde mental na vida adulta. Um trabalho de 2016 no Journal of Family Psychology, analisou dados de 160 mil participantes ao longo de 50 anos e concluiu que as surras não apenas não levam a bom comportamento como estão relacionadas a uma ampla gama de indicadores negativos, incluindo, mais uma vez, prejuízos à saúde mental. O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP Renato Alves diz que as pesquisas não permitem estabelecer uma relação de causa e efeito. Por outro lado, nenhum estudo concluiu que bater melhora o desenvolvimento da criança ou a saúde física ou mental. “É preocupante porque muita gente diz que apanhou e é um cidadão de bem. O problema desse raciocínio é que se pega o exemplo particular e o generaliza”, afirma Alves. Nos EUA, onde as pesquisas foram realizadas, surras com fins educativos são moeda corrente e liberadas inclusive em escolas públicas de muitos estados. No Brasil, um levantamento feito em 2010 pelo NEV revelou que 20% dos entrevistados haviam sido punidos fisicamente e de forma regular na infância. O índice dos que apanharam ao menos uma vez foi bem mais alto (70%). Falta de conversa A advogada Marília (nome fictício), 32, diz que apanhou poucas vezes da mãe, mas sempre de forma muito agressiva. “Ela quebrou um dedo meu quando eu tinha 15 anos porque
fui a uma matinê sem permissão.” A advogada diz que não tem filhos porque teme ser para eles a péssima mãe que sua mãe foi, mas acredita que dava motivos para apanhar –de forma leve. Ela mesma diz ter dado uns “corretivos” no irmão menor. “Fui uma adolescente inconformada, respondona. Quando eu tinha 12, 13 anos, eu devia mesmo ter levado uma palmada, um puxão de orelha.” Segundo a psicóloga e psicanalista Juliana Wierman, coordenadora da psicoterapia infantil do Prove (Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência) da Unifesp, muitos pais que apanharam quando pequenos repetem a atitude com os filhos. “Uns acre-
ditam que é a maneira correta de educar e outros não sabem agir de outra forma –e se culpam por isso.” Para ela, é preciso mudar a crença de que a conversa não funciona para inibir atitudes impróprias. “Resolve, sim, se vai sendo estabelecida desde cedo. Há diferença entre ser firme e ser violento. Tem que explicar o motivo, ser firme com carinho”, diz. Já a cabeleireira Meire Gomes, 47, que apanhava quase diariamente dos avós e dos tios, decidiu fazer tudo diferente quando se tornou mãe. “Eu converso com eles sobre tudo e tento entender a razão de estarem rebeldes. Não quero que sofram o que eu sofri. Eu me sentia
envergonhada e culpada, porque tudo era motivo para apanhar”. Ela é mãe de um menino de 8 e um rapaz de 19 anos. Segundo as psicanalistas, castigos físicos frequentes podem causar na criança sentimentos de pouca valia e levá-la a ver o mundo como um lugar ameaçador, além de passar a ideia de que é legítimo impor a vontade pela força. Elas também podem reproduzir o lugar de vítima em outras relações. “Vemos isso com crianças que foram vítimas de abuso sexual, que quando recebem carinho ficam desconfiadas. Também há crianças que foram abusadas e se tornam abusadoras”, afirma Wierman.
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Dor no lado da face Pode ser causada por doença no nervo, quem tem nevralgia em nervo da face geralmente associa dor intensa a um problema dentário
por EMERSON VICENTE/FOLHAPRESS arte: Folhapress
Para muitas pessoas, a
de uma nevralgia, já passou
nevralgia do trigêmeo
por vários procedimentos”,
é uma dor que beira o
diz o neurologista Thiago
insuportável. Há quem diga
Rodrigues, do Centro de
que pode ser comparada a uma
Dor e Neurocirurgia de São
crise renal, ou até mesmo a
Paulo. Mas a nevralgia do
dor de um parto. Ela ocorre
trigêmeo é apenas um dos
no lado da face, acometendo
tipos de dores que envolvem
o nervo trigêmeo, responsável
os nervos. Existem outros que
por controlar as sensações
provocam dores tão intensas
pelo rosto. Quando ocorre
quanto essa (veja quadro ao
uma compressão, a dor é in-
lado). Segundo os médicos,
tensa. “A pessoa pode estar
é possível controlar as dores
fazendo coisas habituais,
com tratamento. “Cada tipo
como lavar o rosto, sorrir,
de nevralgia tem um cenário
fazer a barba. Passa a mão
diferente. Metade dos pacientes
na região e desencadeia a dor,
fica livre da dor com remédios.
como se fosse um gatilho. É
Mas é um tratamento longo.
uma dor intensa, muito for-
A outra metade tem um tra-
te”, diz Laura Neya Nogueira,
tamento mais evasivo, que
cirurgiã- dentista membro
pode não curar, mas dá para
da SucessOdonto Prime. Na
viver bem”, afirma Rodrigues.
maioria dos casos, o paciente associa essa dor a algum
*
problema dentário. Mas, já na
VÍRUS TAMBÉM PODE ACAR-
análise clínica essa associação
RETAR FORTES DORES
é descartada. “Antigamente,
Também existe outro tipo
a pessoa sentia dor e não era
de dor associada à nevralgia,
feito o diagnóstico correto.
mas que é ativada pelo vírus
Ia ao dentista, arrancava o
herpes-zoster, que pode desen-
dente e continuava com a
cadear em dor intensa meses
dor. Só piorava a situação”,
após a infecção. “Um outro
diz Laura. Mas, mesmo com
tipo que ocorre é a nevralgia
o avanço, o problema ainda
pós-herpéstica. Seria a reati-
ocorre para quem tem pouco
vação do vírus varicela. Esse
acesso à saúde. “Ainda é co-
vírus fica alojado e, depois
mum encontrar pessoas que
que a pessoa atinge uma certa
procuram a rede pública com
idade, ele reativa, causando
dores e já estão sem dentes.
dores”, explica o neurologista
Até descobrir que se trata
Thiago Rodrigues.
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