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A formiguinha e os elefantes

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PEDRO

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grupo começou a se reunir, trocar opiniões e resolveu fundar o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Legislativo de Alagoas, cujo primeiro presidente foi o ainda hoje amigo Luciano Aguiar.

Torres Alari Romariz

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n Aposentada da Assembleia Legislativa

Voltei a Alagoas em 1985, emprestada que andava por outros Estados, trabalhando sempre em órgãos diferentes do Legislativo estadual.

Encontrei um ambiente fechado, onde os servidores não podiam procurar seus direitos. Entretanto, o Legislativo funcionava bem, publicava as portarias referentes a promoções, férias, aposentadorias. Mas era impossível ir à Justiça reclamar direitos individuais ou coletivos.

Promulgada a Constituição Estadual de 1989, passamos a pensar no nosso sindicato. Um puro. Esta semana revi o filme Partida Fria (no original Netflix Coldest Game), de 2019. Trata da crise dos mísseis em Cuba. A ação passa-se em 1962. Eu era adolescente e recordo perfeitamente do incidente entre Estados Unidos e Rússia, que pretendia tornar Cuba um satélite soviético nas Américas, bem às vizinhanças dos Estados Unidos. Kennedy detectou o risco para o seu povo, e de resto para o mundo livre. Vivíamos a denominada Guerra Fria, e relembro bem a tensão mundial, os receios de todos de um desastre pior do que Hiroshima. A sensatez de Kennedy revelou-se em atitudes e discurso firmes contra qualquer tentativa de implantação de bases nucleares soviéticas em Cuba. Kruschev recuou, graças a Deus. A sensatez, que não é fechar os olhos nem omitir-se, venceu afinal.

Os deputados não estavam acostumados a negociar com os servidores e a vaidade dos dirigentes era muito grande. “Eu sou deputado!”, dizia um deles, para nos mostrar que éramos simples formiguinhas. Contudo o grupo foi se fortalecendo e nossa entidade foi crescendo.

Começamos a reclamar judicialmente o que nos era negado por direito. O primeiro grande processo foi chamado de “Precatórios”, onde reunimos mais de setecentos companheiros reclamando salários não pagos.

Substituindo Luciano, fui a primeira mulher a presidir o Sindicato da Assembleia, que, hoje, trinta e poucos anos depois, chamo de Velho Sindicato. Lutas, perseguições, rebaixamentos de cargos, intrigas. Fomos vencendo tudo isso e levando a entidade para frente. Um presidente da Casa, cheio de prepotência, me disse horrores pelo telefone, mas não teve coragem de assumir o ato vergonhoso.

Kennedy detectou o risco para o seu povo, e de resto para o mundo livre. Vivíamos a denominada Guerra Fria, e relembro bem a tensão mundial, os receios de todos de um desastre pior do que Hiroshima.

E lá fomos nós, lutando contra as mazelas surgidas: “rachadinhas”, enxertos na folha de pagamento, promoções indevidas, cortes salariais. Nem sempre contávamos com o apoio da Justiça, que protegia os patrões. Havia entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário certa união, porque um dependia do outro e nós éramos pequenos demais.

Nada disso tirou nossa força e continuamos lutando por dias melhores. Alguns companheiros não concordavam com a posição do sindicato e preferiam agradar os dirigentes, levando para eles notícias sigilosas da categoria.

Mesmo não sendo mais da diretoria do sindicato, continuo verificando nossos direitos, escrevendo artigos, indo à Justiça reclamando pelo rádio e pela televisão. Fui processada várias vezes porque denunciava a Mesa Diretora e a Justiça ficava do lado mais forte. Não adiantavam os escândalos que estouravam na imprensa, mostrando o que se passava em nosso Legislativo. Era preciso provar por documentos o que afirmávamos no processo, apesar de tudo ser público e notório.

Estou com 82 anos! Ainda hoje levo cacetadas porque desde a fundação do sindicato grito e mostro ao povo o que sofremos na Casa de Tavares Bastos, escrevendo artigos falando sobre o que acontece com ativos e inativos do Poder Legislativo de Alagoas.

Posso dizer que houve um pequeno progresso nas atitudes da Mesa Diretora: ações judiciais são implantadas, férias são pagas mesmo de maneira errada, reajustes pequenos são dados aos servidores, promoções são concedidas para os apadrinhados. Em compensação, os comissionados recebem salários dobrados.

Cheguei à conclusão que a formiguinha não deve lutar contra os elefantes. As vitórias são poucas, as derrotas são muitas e os inimigos são perigosos.

Passo o bastão para os companheiros que dirigem as entidades da classe. São todos meus amigos e agem com mais prudência do que eu. Talvez obtenham mais sucesso, consigam convencer os dirigentes de que ninguém é melhor do que ninguém. Todos são iguais perante a lei.

Perdi a luta!

Estou com 82 anos! Ainda hoje levo cacetadas porque desde a fundação do sindicato grito e mostro ao povo o que sofremos na Casa de Tavares Bastos, escrevendo artigos falando sobre o que acontece com ativos e inativos do Poder Legislativo de Alagoas.

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