3 minute read

Advogado da família do empresário morto por PMs questiona inquérito

Next Article
MEIO AMBIENTE

MEIO AMBIENTE

Polícia Civil indicia

3 dos 6 militares envolvidos e pede a prisão preventiva de 2

Advertisement

BRUNO FERNANDES bruno-fs@outlook.com

Oadvogado que representa a família do empresário Marcelo Leite, morto por policiais militares em novembro do ano passado, em Arapiraca, não ficou totalmente satisfeito com o desfecho do inquérito policial anunciado na última terçafeira, 7, pelo delegado geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, e pela comissão de delegados da Deic (Divisão Especial de Investigações e Capturas) nomeada para investigar o caso. Ao EXTRA, o advogado Leonardo Moraes confessou que esperava um pouco mais, diante da confirmação dos indícios de que a arma supostamente encontrada com o empresário foi “plantada” pelos militares.

Embora a abordagem desastrosa tenha contado com seis militares divididos em duas viaturas (Pelopes 1 e Pelopes 2), no inquérito policial foram indiciados apenas o cabo Jilfran Santos Batista por homicídio doloso, fraude processual e denunciação criminosa, o soldado Ariel Oliveira Santos Neto, por fraude processual e denunciação criminosa, e o soldado Xavier Silva de Moraes por fraude processual. Os três eram ocupantes da Pelopes 1.

Os delegados também pediram a prisão preventiva de dois dos militares indiciados: Jilfran e Ariel.

“Estamos quase que totalmente satisfeitos. Existem agentes públicos da outra viatura que realizaram afirmações inverídicas durante o inquérito e também deveriam ter sido denunciados visto que dar falso testemunho na delegacia também é caracterizado crime contra a imagem do Marcelo”, disse Leonardo de Moraes, afirmando que agora aguarda parecer do Ministério Público de Alagoas para planejar os próximos passos.

De acordo com o delegado Igor Diego, coordenador da Deic, “os policiais da segunda guarnição não cometeram nenhum crime. Eles só atiraram nos pneus depois de terem sido alertados pela Pelopes 1, o que caracteriza cumprimento do dever legal em uma abordagem e não colocou em risco a vida do empresário”.

Ainda segundo o delegado, ao longo dos quase três meses de investigação foram ouvidas sete testemunhas que tiveram as versões confrontadas com as dos policiais e que, aliadas às provas da polícia científica, foram encontrados indícios de crimes apenas contra os policiais da primeira viatura que supostamente teriam avistado um revólver calibre 38 junto ao empresário no veículo modelo Creta.

“No momento em que o veículo se deparou com as viaturas, dois militares alegaram que viram o condutor do veículo com uma arma de fogo, mas a perícia constatou que nas condições de luminosidade era possível visualizar perfeitamente se ele tivesse portando algum objeto, mas a perícia não afirma que ele estava portando arma de fogo. Diante dos argumentos trazidos, entendemos que a arma de fogo não existiu, não estava dentro do veículo e foi apresentada posteriormente na delegacia”, completa.

O comandante da viatura foi indiciado pela prática de homicídio doloso, segundo informou o delegado Xavier, porque no momento que os disparos foram feitos ele assumiu o risco de atingir o empresário, e também por fraude processual, já que uma arma de fogo foi “plantada” no veículo da vítima para induzir o Poder Judiciário ao erro e justificar os disparos contra Marcelo Leite.

O segundo militar foi indiciado por fraude processual e denúncia caluniosa em razão de ter apresentado a arma na Central de Polícia e o terceiro, por fraude processual. Os delegados enviaram ao Ministério Público de Alagoas a representação com pedido de medidas cautelares, entre as quais a prisão preventiva de dois militares e o afastamento das funções do terceiro militar. Atualmente o trio está em liberdade.

Vers O Mantida At O Fim

Ao EXTRA, o delegado Welington Melo detalhou parte da investigação que levou à convicção da Polícia Civil de que o revólver foi “plantado” no veículo da vítima. “Ouvimos sete testemunhas ao longo dos três meses e, depois de confrontar as versões com o que os militares contaram na delegacia e depois em novos depoimentos, foi possível entender o que de fato tinha acontecido naquela noite”.

Mesmo com as testemunhas afirmando que não foram encontradas armas no local, aliado ao laudo da perícia afirmando que, seria possível apenas observar objetos no interior do veículo e não afirmar do que se tratava, os militares mantiveram a versão durante os depoimentos.

“A arma que citam terem avistado só foi apresentada depois, já na delegacia e mesmo confrontados com outras versões e com a perícia, todos mantiveram a mesma versão de que o empresário teria passado em alta velocidade e que teriam sim visto um revólver”, contou o investigador.

This article is from: