18ª Edição - Revista Foca - Foca na música

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Sorocaba, o maior compositor do país – Pág. 06 Ano 5 - 18ª Edição - abril/maio 2014

Wanessa e a música pop no Brasil – Pág. 12

música

Foca na

O Brasil é um dos países mais miscigenados do mundo. E com a música não seria diferente.


Ao leitor A nova Revista Foca Em 2014 o Jornal Foca chega de forma diferente, assume o formato revista, torna-se temática e passa de 12 para 24 páginas, ufa... Um desafio e tanto! Nossa 18ª edição é sobre a música no Brasil. Os ritmos sertanejo, samba, pagode, rock, MPB, eletrônica, funk e gospel estão entre os principais estilos musicais do país. Na lista das mais pedidas nas rádios está o pop e as internacionais. Nesta edição, além das reportagens sobre os principais ritmos brasileiros, trazemos matérias especiais como o debate entre nacional e internacional, musicoterapia, covers e musicais; têm um diário de bordo do Lollapalooza; e entrevistas exclusivas com a cantora Wanessa e o cantor e compositor Sorocaba. Agradeço a colaboração, presteza e dedicação de toda a equipe Foca para que esta edição se concretizasse, sem eles a revista ficaria apenas no projeto. Informo que nosso endereço no Facebook passa a ser www.facebook.com/ revistafoca, e que criamos a nossa conta do Instagram, @revistafoca. Acompanhe-nos! Confira ao lado a nossa playlist. Você pode ler a revista em modo aleatório, ou acompanhar o ritmo das páginas. A seu gosto.

playlist Herdeiros do Samba

pág. 03

Pagode

pág. 04

MPB, início e meio: Música Popular Brasileira

pág. 05

Sertanejo Espaço garantido no cenário musical brasileiro

pág. 06

Feito para ouvir Composição

pág. 08

Abram as cortinas O teatro musical brasileiro vai começar!

pág. 09

A maior folia do mundo Samba é só no carnaval?

pág. 10

Ela faz sucesso Música eletrônica

Espero que gostem!

Fábio Duran Editor-chefe

De James Brown aos plaquês de cem

pág. 12

Wanessa e a música pop no Brasil

A fé expressa pela música

pág. 14

Gospel

A meditação diferenciada

pág. 15

Musicoterapia

Expediente Editor-chefe Repórteres Fábio Duran Beatriz Facchini Bruna Miranda Sub-editor Carolina Borsato Caroline Moraes Caroline Moraes Fabiano Correa Professor orientador Fábio Duran Fernando Cesariotti Isabela Noronha Leidiane Rodrigues Luana Andrade Miriam Santos Diagramação Gabriel Jacober

pág. 11

Funk

Além do fanatismo

pág. 16

Covers

Uma grande massa chamada música Debate nacional vs. internacional

Por dentro do Lollapalooza Diário de bordo

Rock ‘n’ Roll Sua história, origem e glória

pág. 18 pág. 20 pág. 22

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Herdeiro do

samba

Genuíno do Brasil, o pagode surgiu no Rio de Janeiro na década de 1970, em festas dadas em fundos de quintais, regadas por muita alegria, bebida e samba. Motivo pelo qual o pagode é usado como sinônimo aos sambistas, pois muitos se valiam desse nome para suas festas. O grupo Fundo de Quintal, formado em 1981, foi um dos pioneiros do estilo. Mas foi na década de 1990 que o pagode estourou com outros grupos como Raça Negra, Katinguelê, ExaltaSamba e Negritude Junior, que adotaram um tom mais romântico nas composições. Com o passar dos anos o estilo musical foi dividindo espaço para outros tipos de música como o rock, o funk e o sertanejo universitário, mas mesmo assim o pagode continua vivo no cenário musical brasileiro. Uma pesquisa realizada em dez rádios brasileiras em julho de 2010, pela Editora Abril, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal mostrou que o pagode representa 32% das músicas mais pedidas nas principais rádios do país, seguido pelo sertanejo (20%), internacionais (16%), pop/rock Nacional (14%), forró (10%), axé (4%) rap (2%) e funk (2%). A nova geração de pagode do país vem conquistando cada vez mais espaço, como os grupos Jeito Moleque e Turma do Pagode, por exemplo. E nesta nova geração está o Samba de Quinta, que surgiu das apresentações que um grupo de amigos faziam todas as quintas-feiras em um restaurante. “As pessoas perguntavam o nome do conjunto, e como tocávamos todas as quintas, ficou o nome”, contam. Inspirados nas canções do grupo Fundo de Quintal, de Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Revelação, o Samba de Quinta se apresenta há três anos e recentemente lançaram o primeiro CD. “As dificuldades foram muitas, mas a maior delas foi gravar o nosso cd, pois não temos um empresário. Graças a Deus e a nossa força de vontade conseguimos realizar o nosso trabalho.”, comemoram. O grupo, composto pelos pagodeiros Emerson (Filé), Jeferson (Jê), Silvio (Silo), Paulo (Paulinho) e Jeferson (Jefão), se apresenta com repertório próprio. “O nosso compositor faz parte do grupo, o Paulinho, ele tem um talento maravilhoso para a composição”, e completam “ele vem compondo belas letras para o nosso repertório.”. Embora o caminho para o sucesso e o reconhecimento ser longo e trabalhoso, eles não se abalam com as dificuldades e são objetivos. “Quando começamos a nos apresentar sabíamos das dificuldades que íamos encontrar pela frente, e em todas elas nós erguíamos a cabeça e seguíamos em frente, porque somos como uma família, e muito unidos”. O lançamento do CD foi um dos pontos fortes para que o conjunto ampliasse o reconhecimento do publico e dos contratantes, “o público teve mais acesso ao nosso trabalho e como consequência as portas se abriram, e cada vez mais a gente está sendo chamado para fazer show”, celebram.

Releitura da obra Roda de Samba – de Carybé – por Kátia Almeida

Texto: Fábio Duran e Miriam Santos

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MPB

Início e meio

Com a mistura de pessoas vindas de toda parte do mundo para o Brasil e a mescla de estilos musicais, como a bossa nova e jazz americano, surgiu a famosa Música Popular Brasileira, MPB, que ganhou força e reconhecimento com o aumento de audiência da rádio no Brasil na década de 30, consagrando nomes como o de Carmen Miranda e Luiz Gonzaga. Um fato interessante é a MPB no golpe de 1964. O estilo fala do cotidiano, conta coisas que aconteceram há muitos anos atrás. Além das românticas, haviam as músicas que falavam do tempo do regime militar, a pressão que acometia as pessoas nessa época e a falta da liberdade de expressão. A música serviu como meio de comunicação na busca pela democracia. Nos dias de hoje, com surgimento de várias vertentes e diversos estilos, a MPB ganhou uma cara nova, destacando nomes que vão desde Jorge Vercilo, até o mais recente fenômeno da internet, o cantor Cícero. O público jovem tem sua porcentagem que gosta da Música Popular Brasileira. Alguns gostam mais das antigas, já outros preferem as atuais. Erika Maia Bernardo, 18, estudante, adora o estilo, mas prefere as músicas mais novas, como a da cantora Ana Carolina, que mistura o estilo com um pouco de pop. “Eu me identifico com as letras, como já diz, música popular é para o povo e tem conteúdo”, disse Erika. Já Marcos Barbosa prefere a MPB mais antiga. “Lembro das primeiras bandas de rock dos anos 80, que têm muita influência”, explicando posteriormente que o estilo é uma mistura de muitos outros. “O que acontece é que o Brasil é um caldo cultural carregado de misturas provenientes do mundo todo” conclui. Maria de Fátima Carvalho é deficiente visual, cantora de MPB há 17 anos e também locutora na Rádio Web Frequência Digital. 4

Ela, que prefere as músicas antigas por trazer mais conhecimento e por contarem histórias do povo brasileiro, diz que os cantores não deviam se prender a um único estilo musical, fazendo com que a música seja um instrumento capitalista. “A MPB verdadeira retrata a sensibilidade e emoção, tem o objetivo de contar a história de um povo, como na época da ditadura com Chico Buarque, por exemplo, para que possamos entender a história. No futuro nossos filhos verão as músicas feitas atualmente e só ouvirão coisas banais, sem sentido, que não acrescentam em nada na história”, desabafa.

Reprodução/internet

Texto: Carolina Borsato e Caroline Moraes Edição: Fábio Duran

Conheça um pouco sobre a música popular brasileira e entenda sua importância.


Reprodução/internet

Espaço garantido no cenário musical brasileiro

sertanejo Texto: Luana Andrade | Edição: Fábio Duran O sertanejo domina o mercado musical brasileiro nos últimos anos, suas músicas românticas e seus toques animadores agitam as pessoas nas baladas, festas típicas e rodeios. Nas rádios está entre os hits mais pedidos e tocados. A área sertaneja abrange tanto os adolescentes e jovens como os mais velhos que conhecem o sertanejo como moda de viola. Em seu surgimento, as pessoas encontravam-se para tocar viola e contar, através da música, suas historias, onde ficaram conhecidos como “contador de causos”, e pelos mais velhos como “cururu”. Para a estudante de engenharia Lais Yarzon, 20, o sertanejo é o que há de melhor na música brasileira. Vinda do Mato Grosso do Sul, ela ouve modas de viola desde criança, “Lá no Mato Grosso, só escutamos o sertanejo, já era de costume tomar um tereré e ficarmos ouvindo música ou dançando um arrocha. Aqui no interior de São Paulo se ouve bastante, mas lá no Mato Grosso com certeza eles curtem a verdadeira raiz”, conta a estudante. O sertanejo começou no interior de São Paulo, em 1910, com o folclo-

rista Cornélio Pires e sua música caipira, intitulada como música de raiz. Sua característica eram as letras românticas, com um canto suave e triste que comovia a todos. Algumas vezes uma historia dramática, porém real, como a tão famosa moda de viola “Menino da Porteira”, que conta a historia de um pai que perdeu o seu filho em um acidente com um boi. Um fato recorrente na música sertaneja são os cantores que ficam conhecidos por cantarem em duplas, muitas vezes formadas de irmãos; como os famosos Chitãozinho & Xororó, Zezé de Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo, que fizeram um enorme sucesso com as músicas “Fio de Cabelo”, “É o amor” e “Pensa em mim”. Atualmente a música também se aventura ao tom da balada, da ‘pegação’, mas não deixa o romantismo de lado. O hit “Ai se eu te pego” invadiu as casas noturnas de todo o mundo, deixando um tom de “paquera” entre os frequentadores. O estilo sertanejo universitário surgiu por jovens estudantes que tocavam durante o intervalo das aulas, e faziam tanto sucesso que alguns estudantes largavam o curso para aventurar-se na carreira de cantor.

A universitária Isabela Azóli, 18, prefere a música eletrônica nas baladas, mas não dispensa um sertanejo romântico. “Adoro as músicas de Jorge e Mateus, é um sertanejo suave e eu me identifico com a letra na maioria das vezes, gosto muito”, conta. Para a professora de educação física Greice Mafra, 34, o sertanejo é a forma mais fácil de paquerar em uma balada. “O arrocha do sertanejo solta mais as pessoas, assim é mais fácil de se aproximar quando nos interessamos por alguém, sem contar que a dança sertaneja ajuda a perder algumas calorias”, brinca a professora. Para Rodrigo e Guilherme, que estão há alguns anos na estrada e formam dupla, a música sertaneja traz um ritmo bem animado e ótimo para dançar a dois e compara a música sertaneja raiz como hit “dor de cotovelo”, que as pessoas gostam e se identificam com a letra. A dupla ainda cita o quão importante o sertanejo é para vida deles “O sertanejo está em nosso sangue desde pequenos, faz parte da nossa raiz. Quando estamos no palco cantando o sertanejo, nos sentimos em casa”, contam. 5


Feito

para

ouvir

Texto: Leidiane Rodrigues | Edição: Fábio Duran Além de um dos mais renomados cantores sertanejo do Brasil, Sorocaba é um dos maiores compositores da atualidade. Fernando Fakri de Assis, alcançou em 2012 o 1º lugar no ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), e em 2013 ficou em 6º lugar na Região Sudeste, em 5º lugar no Centro - Oeste e em 1º lugar no Sul. Começou a compor muito cedo, desde os 13 anos de idade, tentou seguir a vontade dos pais e se formou em Agronomia, porém a paixão pela música falou mais alto. Hoje, com 33 anos, ele concilia suas carreiras de Cantor, Compositor e Empresário. Confira a entrevista com um dos maiores arrecadadores de direitos autorais do Brasil. Revista Foca: O que mais te inspira a compor? Sorocaba: Não existe uma formula de compor, algumas são inspiradas em coisas que aconteceram comigo, outras em histórias que amigos nos contam. Acredito que isso faz com que nossos fãs se identifiquem com as letras, pois muitos já passaram por situações semelhantes. Não tenho nenhum ritual específico ou periodicidade para compor. Atualmente as minhas músicas falam sobre coisas do dia-a-dia, que podem acontecer com qualquer pessoa. Revista Foca: Qual é o seu tipo de linguagem nas músicas? Sorocaba: Eu não tenho uma preferida. Atualmente a linguagem mudou um pouco (está mais jovem e descolada), porém o amor ainda continua sendo um tema unanime dentro da música sertaneja. Revista Foca: Como é saber que suas composições estão na boca de todos? Sorocaba: A música é a nossa vida e 6

não tem emoção maior do que subir no palco e ver o público cantando junto com você. Essa emoção aumenta quando foi uma música que você escreveu. Revista Foca: Mesmo você sendo um artista famoso como se sente compondo para grandes nomes da música brasileira, como ‘Do Tamanho do Nosso Amor’, que Chitãozinho e Xororó gravaram? Sorocaba: É uma honra pode participar diretamente da carreira de artistas brasileiros com as minhas canções. Gravar com Chitãozinho & Xororó foi uma emoção enorme e que marcou a história da dupla Fernando & Sorocaba. Revista Foca: Como é compor com outros compositores? Sorocaba: Eu tenho alguns parceiros de composição, como o Caco Nogueira e o Bruno Caliman. A gente tá junto em um churrasco ou em alguma viagem e as vezes começamos a compor. Sempre com algo informal e aí começa a tomar forma. Por exemplo, Eu fiz a canção “Imagina na Copa” junto com o Caco Nogueira e foi inspirada no bordão que se espalhou pelo Brasil pelas redes sociais. A ideia foi apenas fazer uma canção divertida. Quando o assunto é o ranking do ECAD, Sorocaba se emociona e diz que “é uma honra muito grande estar entre os cinco primeiros de arrecadações”. “Nunca foi meu objetivo, escrevi minhas músicas pensando em ter um repertório próprio, com um diferencial. Eu sempre quis apenas fazer músicas que tocassem e agradassem nossos fãs, mas claro que é estou muito feliz com o resultado.”, afirma.


O sonho do reconhecimento O sonho de ser bem sucedido como compositor faz parte da história de André Rodrigues, compositor e cantor. André tem uma dupla com seu parceiro Eduardo, e vem conquistando o carinho dos paulistanos nas casas noturnas e pizzarias da capital. Com um repertório diferenciado, música própria e cover, ele conta um pouco sobre seu mundo de compositor, ainda pouco conhecido. Apaixonado pela música, André conta que o amor é a inspiração para seus arranjos. Ele divide seu tempo entre compor e cantar, mas procura dedicar maior tempo para a composição. “Não me apego a estilos, trabalho muito em ideias, tendências, histórias e passagens da minha vida. O segredo [da composição] pra mim, na verdade, está em enxergar a música em tudo que esta a minha volta.”, revela. Ele conta que desde a escola sempre gostou de escrever, mas não

teve raízes que o fizessem pensar em ser cantor ou compositor. As ideias surgiam como poemas e frases bonitas que despertavam o interesse dos amigos a sua volta, embora ele mesmo não valorizasse. “As composições de músicas vieram mais tarde, já na adolescência, quando descobri que gostava de cantar. Mas isso foi só pelos 14 anos de idade, e hoje com 30 anos, tenho por volta de 200 composições.”, assegura. André conta que já enviou muitas de suas músicas para amigos e intérpretes famosos como Gian e Giovani, Bruno e Marrone e Rio Negro e Solimões, mas não teve o prazer de ver um desses consagrados artistas interpretando suas obras. Mas a esperança e o amor que tem pelo que faz são maiores que as dificuldades e o impulsiona a continuar. “Ter isso nas veias porque nasci pra isso, penso nas pessoas que gostariam de ter o meu dom, reflito nisso, e o vejo como uma missão”, conta. Ele também almeja estar no palco cantando suas musicas e ver milhões cantando junto a ele. Talvez muitos levem o assunto composição como chacota nos dias de hoje, como uma letra que dispensa preparação. Porém há os sonhadores e amadores da boa música, seja brasileira ou não. A música se começa na letra, passa pela melodia, pela voz e chega ao ouvinte. E uma boa musica sempre é lembrada e regravada depois de anos por outros cantores.

Divulgação

O que é direito autoral? Direito autoral é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações. O direito autoral está regulamentado pela Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98) e protege as relações entre o criador e quem utiliza suas criações artísticas, literárias ou científicas, tais como textos, livros, pinturas, esculturas, músicas, fotografias, etc. Os direitos autorais são divididos, para efeitos legais, em direitos morais e patrimoniais. No Brasil, as sociedades de defesa de direitos autorais surgiram no início do século XX. Estas associações civis, sem fins lucrativos, foram na sua maioria fundadas por autores e outros profissionais ligados à música, e tinham como objetivo principal defender os direitos autorais de execução pública musical de todos os seus associados. Chiquinha Gonzaga foi uma das pioneiras no movimento de defesa dos direitos autorais no país.

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Peça ‘A ver Estrelas’ (Rafael Covre)

Abram as cortinas,

o teatro musical brasileiro vai começar! Texto: Caroline Moraes e Gabriel Jacober Edição: Fábio Duran Não é de hoje que os espetáculos teatrais cantados e coreografados são um sucesso de público entre os brasileiros. Desde a década de 1920 as histórias interpretadas a partir da música e da dança fascinam o público e lotam as salas de teatro. Atravessando períodos turbulentos que marcaram nossa história, como a Ditadura Militar, sofrendo com a repressão e a censura, o teatro brasileiro atual se renova, e os musicais se profissionalizam cada vez mais. A qualidade das peças brasileiras aumentou e a magia dos musicais atrai o público e os atores. Aqueles que acreditavam que o teatro morreria com a chegada das novelas não podiam estar mais enganados; o setor teatral vive um ótimo momento no Brasil. Apesar dos preconceitos de alguns profissionais da área e das dificuldades de se produzir uma peça de qualidade, já é possível encontrar uma grande variedade de instituições que veem nessa vertente um forte caminho para o teatro brasileiro. Com todo esse sucesso é de se esperar que o público não só se interesse pelas peças, mas também queira fazer parte delas. Cursos específicos para essa prática teatral recebem novos talentos todos os dias, por parte daqueles que estão começando agora ou daqueles que já vivem o dia a dia do teatro há algum tempo. É o caso Jéssica Paifer, 19, 8

atriz desde os dez. Ela participou do musical infantil “A Ver Estrelas” que relata a história de Jonas, um garoto quieto que vive na tranquila Vila da Solidão. Quando está só em seu quarto, ele se perde em seus pensamentos observando as estrelas e vai parar no País do Navegar, um lugar onde tudo pode acontecer. Jéssica adorou a experiência de atuar em um musical. “Foi maravilhoso. Conciliar a inocência, a música e o teatro para montar os personagens foi muito bom, pois a cada peça e personagem, você descobre um lado seu que você nunca viu”, relata. Para Tiago Marques Rodrigues, 20, ator há quase quatro anos, participar de um musical foi uma coisa totalmente nova. “Eu não tinha tido contato com nenhum musical antes e foi um dos melhores personagens que fiz”. Uma das características mais presentes nos musicais, e que também acaba sendo um de seus maiores desafios, são as produções grandiosas, normalmente marcadas por altos investimentos. Tudo depende da peça que será apresentada. Analisando sua história e mensagem, chega-se a uma conclusão de tornar seus aspectos visuais mais simples ou elaborados. Também é possível trabalhar com a sonoridade, uma grande aliada dos musicais. Como exemplo temos a peça ‘A Ver Estrelas’, da qual Jéssica participou. Por seu público ser de maioria infanto-juvenil, os recursos visuais foram mais trabalhados e bem pensados, para poder chamar a atenção da platéia, munindo-se

de cenários e figurinos chamativos. Isso tudo requer maior tempo e dedicação, pois o planejamento de um musical pode levar meses. Soma-se o tempo da composição das músicas, preparação das coreografias, criação dos figurinos, cenários e os ensaios. “Um musical necessita de um tempo e uma atenção maior”, afirma Tiago. Outro desafio é a preparação dos atores, que diferentemente daqueles que apenas atuam, também precisam cantar, dançar e aprender diversos comandos e posições para não errar na hora do espetáculo. Não se trata de uma tarefa fácil, como nos conta Jéssica, “o ator, além de montar o personagem e o sentimento junto com a história, decorar as falas, se posicionar corretamente em palco e viver em harmonia com o personagem, ele também deve decorar os passos, a sincronização, aprender as músicas e ficar no tom adequado”. Nos musicais também podem ser retratados nas telas de cinema, o que pode ser um dos motivos para o aumento de sua popularidade. No ano passado, “Os Miseráveis”, do diretor Tom Hooper, adaptação musical da obra de Victor Hugo, foi um dos filmes mais aclamados e premiados do ano. “As pessoas gostam de cantar e dançar, é bonito de ver. O teatro musical é mágico e isso meche com as pessoas, com o sentimento de querer sair cantando e dançando por aí, do nada, sem motivo, só cantar a vida. E isso não se perde o valor jamais”, descreve Jéssica, com emoção.


Reprodução/internet

A maior folia do mundo

a b m a S é só no

Texto: Bruna Miranda Edição: Fábio Duran

Folias! Festas! Fantasias! A famosa festa do Carnaval é uma das mais esperadas pelo povo brasileiro. Diversos lugares do país, cada qual com sua cultura, festejam com ritmos diversos como arromba, trios elétricos, marchinhas de rua, frevo e axé... E não tem como deixar de fora o legítimo samba brasileiro. Mas será que o Carnaval é feito somente de samba? Samba é só no Carnaval? De acordo com Robson Lima, 30, coreógrafo, destaque da comissão de frente e parte da diretoria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz, de Indaiatuba, o samba é todos os dias. “Samba pra mim é tudo, sou nascido e criado no samba, então pra mim samba é o ano

? l a v a n r

ca

todo, todos os dias”, diz Robson. Em Indaiatuba não há eventos públicos após carnaval, como micaretas ou blocos carnavalescos fora de época. “Infelizmente não existe, acho uma ideia ótima, não só para a cidade, mas também para as agremiações.”, opina Robson. Escolas promovem festas, bingos e eventos para arrecadação de fundos em prol á sua própria agremiação. Um evento da categoria realizado durante o ano em Indaiatuba é um bloco fechado chamado “Só vou se você for” realizado uma semana antes do Carnaval. O carnavalesco Rodrigo Guerino, 30, diz que o samba não é só carnaval. “Samba é a essência da musica brasileira, assim como bossa nova, moda de viola, chorinho e por aí a fora!”.

O Carnaval foi trazido ao Brasil na época da colonização pelos europeus aqui recém-chegados. Conhecida como a maior festa popular do mundo, o Carnaval tem seus ritmos multi culturais. Em Recife temos o carnaval conhecido mundialmente pelo bloco O Galo da Madrugada; em Olinda, pelos bonecos gigantes; em São Paulo e Rio de Janeiro pelos desfiles das escolas de samba. No Nordeste, o carnaval tem estilos musicais diversificados como o maracatu, o afoxé e o frevo. Em Salvador, o axé consagrado por Chiclete com Banana e Ivete Sangalo leva multidões às ruas. A festa nordestina dura dias e a multidão não cansa. Samba não é somente no Carnaval, e Carnaval não é só samba: os dois se entrelaçam e se misturam como parte fundamental da identidade brasileira. 9


Música eletrônica:

ela faz

sucesso

Texto: Caroline Moraes Edição: Fábio Duran

Palco da XXXPERIENCE Festival (Divulgação)

Você já deve ter ido a alguma festa ou balada em que batidas dançantes e um ritmo forte ecoava pelo local, e você logo reconheceu como música eletrônica. Mas porque a vertente musical tem esse nome? É simples. Uma música criada ou modificada através do uso de equipamentos e instrumento eletrônicos, como sintetizadores, computadores ou softwares de composição, pode ser chamada de música eletrônica. O que acontece com a definição desse estilo, é a consequência das batidas eloquentes onde, durante anos, foram expandidas. Segundo o DJ Thiago Hernan, 31, mesmo tendo estilos diferentes o que predomina no Brasil é o psytrance. “Tem muito mais do que você imagina, muitos estilos diferentes, e cada estilo tem seus seguidores”, disse. Psytrance é uma forma de música eletrônica desenvolvida no fim dos anos 1980, com uma batida mais rápida. Ele que atualmente mora em Sydney, Austrália, se diz apaixonado pelo estilo, por isso decidiu ser DJ. “Virei DJ depois de oito

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anos curtindo musica eletrônica. Comecei fazer festa e a galera perguntava quando eu ia tocar, e eu falava que não tocava e todos dizendo que eu deveria aprender. Aí quando fiz o curso, pirei”, contou Thiago, que hoje toca em algumas festas no hemisfério Sul. A música eletrônica também acompanha Igor Juan, apresentador da Rádio Nitro Music de São Roque (SP). O estilo faz parte da sua rotina. A rádio tem uma programação especial para o estilo: “A programação foi feita a partir de uma necessidade de um horário musical que fosse de um gênero diferente entre os jovens, e hoje, somos referência nesta parte musical”, explicou. Ele conta que

Hardwell é seu DJ favorito e acredita que o EDM (Eletrônica Dance Music) sempre vai ter audiência. Ainda que o estilo seja de grande abrangência, o fato é que aqui no Brasil, ele tem se aliado a estilos mais populares para atingir outros públicos, como por exemplo, o Sertanejo Universitário. Muitas baladas têm optado por noites mistas dos dois estilos para fazer sucesso. Para as estudantes de direito Paula Casarini, 24, Amanda Bendine, 23, e Raísa Souza, 24, essa mistura é válida. “Dá uma quebrada, né? Dança um pouco eletrônico e volta pro sertanejo. O sertanejo dá pra dançar mais que o eletrônico, dá pra interagir melhor”, disseram. Segundo levantamento dos organizadores do festival Rio Music Conference o público de música eletrônica cresceu 56,64% no Brasil (dados de 2011). Prova disso, é a vinda de festivais como Tribe, Electrance, e o famoso, xxxperience, para o Brasil. A xxxperience já tem dia marcado para a sua 18° edição, e acontece aqui na região, na Arena Maeda, em Itu (SP).


Arquivo pessoal/Divulgação (MC Iguinho VH)

De James Brown aos plaquês de cem

Texto: Beatriz Facchini Edição: Fábio Duran

Composições falando sobre carros, mulheres, mansões e dinheiro: o funk que conhecemos atualmente pouco se parece com o que se originou nos Estados Unidos na década de 60. No início, esse gênero musical era conhecido pelo seu ritmo suave, dançante e orientado para frases musicais repetidas (riffs). Músicos como o norte americano James Brown, conhecido como o pai do funk, costumavam misturar soul, jazz e R&B. No Brasil, a repercussão do funk é recente, embora sua história tenha quase trinta anos. Artistas como Tim Maia, Carlos Dafé e Tony Tornado já adotavam a atitude e o estilo do Black Power americano, mas o gênero da forma como conhecemos hoje surgiu após a chegada do Miami Bass em terras brasileiras. O ritmo, originado na Flórida, possuía batidas mais rápidas e músicas mais erotizadas, com letras que retratavam o cotidiano, violência e pobreza nas favelas. Na década de 90, os chamados festivais de galera se tornaram famosos por reunir várias pessoas das comunidades para se divertir e mostrar a força que possuíam. Simultaneamente, surgiram os bailes de corredor, em que a violência era o principal

intuito. Uma corda dividia dois grupos no local e, caso alguém a ultrapassasse, era atingido pelos membros do outro lado. Com a chegada do Miami Bass no Brasil, o gênero começou a ser tocado nesses eventos e, para não perder a identidade, os organizadores resolveram manter o nome “baile funk”. Atualmente, o funk não só trata desses temas, como fala de amor, sexo e dinheiro. O funk ostentação, como é conhecido, vem influenciando o comportamento e o visual de muitos Mc’s através de suas letras sobre carros potentes, bebidas caras e mulheres. Mc Iguinho VH, 17, é um dos artistas que espalham esse gênero pelos bailes de Sorocaba: “O gosto pela ostentação surgiu quando eu comecei a ter o amor pelo funk a ver a ostentação de perto. Hoje pra mim é um pedaço da minha vida”, afirma. Essa vertente, diferente da maioria, não teve sua origem no Rio de Janeiro, mas em São Paulo, e se espalhou por todo o país fazendo com que videoclipes ultrapassassem os quinze milhões de acesso no Youtube. Guimé, um dos Mc’s mais conhecidos do funk ostentação chega a ganhar um cachê de R$25 a R$30mil em média por apresentação. Mc Iguinho VH, que ainda está no começo da carreira, ainda enfrenta dificuldades e cobra R$300 pelo show: “Eu componho minhas músicas sozinho e até agora na internet só tem uma, o nome dela é ‘100 limites’. Eu tenho mais músicas que ainda não estão gravadas por falta de dinheiro, pois cada musica pra produzir fica em 150 reais. Então a gente vai fazendo enquanto vai entrando dinheiro.”, revela. 11


a s s e n a W e a música pop

no Brasil

Texto: Caroline Moraes e Fábio Duran

Natural de Goiânia (GO), filha Zezé Di Camargo e Zilú Camargo, Wanessa Godói Camargo Buaiz, 31, é cantora, compositora, atriz, apresentadora, modelo e bailarina, em suma, uma mulher rica em talentos. Em março deste ano, apresentou-se em uma casa noturna de Sorocaba (SP), e esta entrevista à Revista Foca. Há sete anos Wanessa, que se destacava no mercado pop nacional (romântico), resolveu se jogar em um pop mainstream, onde circulam cantoras como Rihanna, Madonna e Lady Gaga. Desde então, a cantora vem ganhando novos fãs, e reconhecimento. “Na verdade, ainda tenho muito caminho para trilhar. Já sabia que ia ser muito difícil, e seria muito mais fácil seguir pelo sertanejo. Tenho o melhor compositor do mundo em casa, poderia fazer todo o meu CD e ficaria a coisa mais linda do mundo, mas eu fui pelo caminho inverso, para conhecer um mundo novo”, disse. Em sua página no Facebook são mais de 1,4 milhões de seguidores, mas ela acredita que ainda tem um longo caminho pela frente. Wanessa conta que sempre se identificou com o pop. Mesmo ouvindo e cantando o estilo consagrado pelo pai, pop é sua linguagem. “Eu sei como é difícil fazer pop no Brasil, a grande música é o sertanejo, o samba. É ir contra a maré”, desabafou, ressaltando posteriormente que existe público para o pop e que é preciso fazer o que gosta. “Eu acredito muito no que faço e na música pop e eu acho que posso fazer muito mais ainda. Ainda me sinto no meio do caminho, aprendendo a andar”, ressaltou.

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Divulgação

Em seu último álbum lançado, apresentado durante a DNA Tour e que virou DVD um tempo depois, Wanessa trabalha com composições que valorizam o poder da mulher, como as músicas ‘Blind Faith’ (Intro) e ‘Shine It On’, que se destaca no álbum. Ela diz se sentir privilegiada em ser mulher nos dias de hoje. “Eu acredito que nas minhas músicas eu posso trazer o poder da mulher” e relembra outros sucessos como ‘Culpada’ e ‘Amor Amor’. Questionada sobre o álbum ‘DNA’, lançado em 2011, que é totalmente em inglês, a cantora conta que sempre teve fascínio por músicas no idioma. “Eu sempre quis entender o que a Madonna estava falando, o que o Michael estava falando, Abba, Queen, então eu queria aprender falar por isso. Nunca foi a pretensão cantar em inglês, mas obviamente, pela música que escolhi fazer, acabou sendo natural essa busca pelo inglês”, complementando que nada a impede em ainda trabalhar com músicas em português. “Detesto qualquer tipo de amarra! Gosto de ter o caminho livre para fazer o que bem entender. Cada página que eu viro é uma página em branco para eu escrever o que eu quiser”, exaltou. Em menos de seis meses foi a segunda vez da Wanessa na cidade e ela disse que adora cantar em Sorocaba: “Poderia fazer show aqui todas as vezes que eu ia amar”, disse com sorriso no rosto. Ela conta que sente o publico de Sorocaba e de outras cidades da região em seus shows na capital paulista. “Fico feliz de ao invés de trazer eles onde estou também ir ao lugar onde eles estão”. 13


A fé expressa pela Texto: Gabriel Jacober Edição: Fábio Duran

O gospel vem se destacando no mercado sonográfico brasileiro. O estilo atravessou as paredes das igrejas e está fazendo parte do cotidiano de muitos brasileiros. Ele é o gênero musical responsável por expressar a fé cristã, tendo como características mais marcantes o louvor e a adoração a Deus. O crescimento e notoriedade que o estilo vem recebendo têm o apoio da assistente financeira e cantora Kelly Skarlat Rodrigues Costa, 19, que diz achá-lo muito bom para a disseminação da mensagem divina. “A música gospel tem ajudado muitas pessoas com suas decisões”, declara. Ela critica a forma que algumas pessoas encaram o estilo gospel, como mais uma forma de aumentar a venda de músicas e ganhar dinheiro. “Estão confundindo o propósito”, desabafa. Para a universitária Natália Vieira, 21, o crescimento e popularização da

música

música gospel são responsáveis por um grupo em particular. “Ela está focada nos grupos jovens, pelos toques e sons que os acompanha, assim como as letras”, opina. A origem do termo “gospel” vem do inglês antigo “god-spell”, em tradução, “boas novas”. A alusão ao evangelho bíblico que narra as “boas novas ao mundo”, ou seja, a vinda de Cristo ao mundo. Tema fortemente presente nas canções interpretadas dentro do estilo. Em contraste com seu sucesso atual o gospel não foi muito bem visto em seu início, por não ser apropriado à religiosidade da época, e demorou a se consolidar. Um de seus maiores representantes é Thomas A. Dorsey, conhecido como pai da música gospel e compositor de grandes sucessos. Em um mundo contra a religiosidade na música, Dorsey estava determinado a lutar por esse estilo. James Cleveland foi coroado como o Rei do Gospel, e apesar da reputação de não ter uma boa voz, agradava aqueles que o ouviam, o que lhe rendeu quatro Grammys. As premiações demoraram um pouco para aparecer, mas em 1968, Edwin Hawkins Singers foi Reprodução/internet

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o primeiro vencedor de um disco de ouro dentro do gênero gospel, com o sucesso “Oh, Happy Day”, influenciando diversos artistas, como Aretha Franklin. Outro grande nome é o de Elvis Presley, o rei do rock incorporou algumas influências do estilo em suas canções, e chegou a ganhar três GRAMMYs por suas interpretações. Atualmente o gospel vem sendo retratado em outros estilos musicais, e é possível encontrar subgêneros como o funk gospel, por exemplo. Embora tenham nomes, ritmos e características diferentes, eles mantêm a temática religiosa, com suas letras retratando a fé cristã. A mistura parece ter dado certo e caiu no gosto do povo, mas a aprovação dos ouvintes ainda é bastante dividida. Kelly acha a junção de estilos errada, pois há a perda da essência gospel. “Ele se iguala aos outros gêneros e não traz edificação alguma. As letras presentes no gospel trazem esperança”, afirma. Natália discorda: “Um estilo de música não se faz pelo ritmo, mas sim pela letra”. A maioria dos ouvintes do gospel é introduzida a esse estilo nas igrejas que frequentam, e muitos são os que começam a cantar ou tocar algum instrumento musical influenciados pelo estilo. No caso de Kelly, ela conta que sempre teve incentivo dos pais, o que fez com que começasse a tocar violão, e posteriormente, cantar. “Eu me sinto reavivada, me motiva a crer que existe esperança para todos”, declara.


diferenciada A meditação

Texto: Beatriz Facchini Edição: Fábio Duran Pouco se fala sobre musicoterapia e seus benefícios, mas a técnica vem se tornando cada vez mais presente no cotidiano do brasileiro, seja para atender necessidades físicas, mentais, emocionais, sociais ou cognitivas. A sonoridade e as composições exerceram influência sobre o ser humano durante toda a história. Tribos musicais, a contracultura representada pelo Festival de Woodstock e as letras censuradas durante a ditadura militar são grandes exemplos da utilização da música como instrumento de comunicação, expressão e identidade. O musicoterapeuta qualificado utiliza da música e de seus elementos como ritmo, melodia, movimentos e harmonia para intervir em ambientes médicos, educacionais e cotidianos; de forma individual, em grupos, famílias ou comunidades que buscam uma melhor qualidade de vida. “A música alcança locais inatingíveis do nosso cérebro. Ela muda nosso comportamento. É o que eu sempre pergunto: ‘você conseguiria viver sem música?’”, afirma Talita Ribeiro Passoni, formada em Musicoterapia pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP) desde 2003. Talita também conta que para iniciar o tratamento é realizado um perfil musical: “Sempre pergunto qual a música que a mãe ouvia quando estava grávida, o que a pessoa gosta de ouvir. Preciso desse histórico para saber a quais sons a pessoa responderá melhor, direcionar o tratamento para determinado paciente para que o resultado seja alcançado”. E completa: “O que diferencia da educação musical é que nós temos um objetivo a ser alcançado, que é o bem estar do paciente”. O tratamento é indicado para portadores de deficiências físicas, sensoriais, mentais e lesões cerebrais. Além disso, também pode ser utilizada para pacientes idosos, com AIDS, câncer, em fase de recuperação, no atendimento

de dependentes químicos ou como recurso extra no processo de educação e aprendizado. “Sendo pessoa, pode me procurar”, brinca Talita.

Pesquisas De acordo com uma revisão assinada pela Universidade Drexel, EUA, as sessões musicoterapêuticas melhoram o humor, a ansiedade e o controle sobre a dor em pessoas com câncer. Talita Passoni afirma: “Entre a dor e a música, o cérebro prefere a música. Assim, o paciente melhora”. Estudos realizados por americanos da Universidade da Dakota do Norte também confirmam o potencial do tratamento na reabilitação de pacientes com derrame. Em Taiwan, observou-se a melhora na qualidade de vida de pessoas que lutam contra a insuficiência renal. Pesquisadores de Indiana University School of Nursing, em Indianapolis, nos Estados Unidos, fizeram um acompanhamento com pacientes com idades entre 11 e 24 anos que faziam tratamento de câncer enquanto participavam de um projeto que visava escrever letras, gravar música e selecionar imagens para fazer um videoclipe. A equipe concluiu que o relacionamento com a família e amigos dos pacientes melhorou. Além disso, os mesmos estavam se ajustando melhor ao estresse causado pelo tratamento da doença.

Assim, mui¬tos pacientes apresentaram traços de recuperação em seus quadros. Desde então, a música tem sido usada como terapia de apoio. No Brasil, a primeira gra¬duação de musicoterapia aconteceu em 1972 no Con¬servatório Brasileiro de Música, Rio de Janeiro. Atualmente, há poucos profissionais no ramo. As principais áreas de atuação são em clínicas especializadas, instituições de ensino, centros de saúde, casas de repouso e programas de assistência. Poucas são as faculdades que oferecem o curso, que tem duração de quatro anos, no país, mas entre as melhores, de acordo com a revista Guia do Estudante, estão: Universidade Federal de Goiás (UFG), Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e o Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário (CBM-CEU). Para cursar Musicoterapia não é necessário ter conhecimento formal, mas é recomendado que, pelo menos, o aluno tenha uma intimidade com a linguagem mu¬sical. As disciplinas estão ligadas às áreas de neurociências e música, e inclui aprendizado de alguns instrumentos a serem utilizados no atendimento dos pacientes.

História A terapia musical surgiu logo após a Segunda Guerra, no século XX. Na época, vários músicos tocavam em quartos de hospital para aliviar o sofrimento dos soldados feridos. 15


Além do fanatismo Texto: Fábio Duran Edição: Caroline Moraes Não é difícil encontrar fãs de cantores, cantoras, grupos ou bandas que já fizeram loucuras pelo ídolo, e outros que vão além do fanatismo. Existem casos em que a admiração para com o artista faz com que a pessoa comece a imitá-lo, mesmo que inconscientemente, através de roupas e cortes de cabelo, por exemplo. As histórias que apresentaremos mostram que a admiração pelo artista o fez ser ele, ou quase.

“Desde a primeira vez que eu vi a Britney, no clipe de ‘Baby One More Time”, eu virei pra minha mãe e falei: “Mãããããe, eu quero ser que nem essa garota!”. E assim começou um grande sonho, do qual eu jamais imaginei a proporção que iria tomar”, conta Francine Porto, 28, cover da cantora norte-americana Britney Spears há mais de dez anos. Natural de Porto Alegre (RS), Fran Porto é cantora, dançarina e modelo. Ela esbanja beleza e carisma por onde passa e sua semelhança com a Britney impressiona os fãs. “Por incrível que pareça, eu não me acho parecida com a Britney, eu me esforço pra que a maquiagem seja igual à dela, os movimentos, a dança, a voz. Acho que, depois de tanto estudo, é a forma mais natural do reconhecimento vir em minha carreira”, diz Fran e ressalta a diferença entre cover e sósia. Sósia é aquele que é parecido com um artista, já o cover, presta um tributo a ele da sua própria maneira. “Eu resolvi, depois de tanto tempo, aderir a uma nova categoria, chamada ‘Impersonator’, que é quem personifica o artista de uma forma mais fiel, seja em trejeitos, figurinos ou até mesmo cantando”, explica. Fran Porto já se apresentou em várias cidades do Brasil, e até no exterior. “Fiz campanhas de lançamentos de fragrâncias Britney Spears by Elizabeth Arden para a região do Paraguai”, conta. Suas apresentações são totalmente

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inspiradas nas da Britney onde há dois anos esta com um produtor, no qual discutem ideias, analisam e estudam todas as possibilidades para a execução dos números, juntamente com coreógrafos e dançarinos. Um trabalho conjunto. Ela diz que de modo geral, fãs e contratantes desconhecem os custos para um show ficar pronto, no que inclui a viagem, figurinos, coreógrafos, ensaios. “Não quero chegar pra fazer um show com um figurino feio ou sem manutenção, muito menos com os dancers fora de sincronia. Ensaiamos praticamente todo final de semana, mesmo quando temos show no dia, muitas vezes, saímos do ensaio direto para o aeroporto”, ressalta. A equipe e ela buscam fazer o melhor trabalho. Sua missão não é fazer apenas um show, mas um espetáculo, independente de onde esteja. “Meu objetivo não é só prestar um tributo para a minha diva Britney Spears, mas sim, encantar a todos os que estão prestigiando o meu show, para que possam se sentir como se estivessem no show da própria”, enfatiza. Ela prefere manter a imparcialidade quando perguntamos sobre as polêmicas de seu ídolo. “Ah, não gosto de julgar ninguém, quem nunca fez uma loucura, né?! O que eu posso dizer é que sempre vou querer o bem dela”, finalizou dizendo que ser cover foi sua maior loucura. “Sou louca por ela! Britney, eu amo você!”.

Fran Porto (Divulgação)

DO POP


O sorocabano Dalizio Moura, 47, é cover do Elvis Presley há 14 anos. Ele conta que tudo deu início por acaso, na época em que morava na Itália. Começou a ser fã do Rei do Rock em 1985, ainda em Sorocaba (SP), por influencia do pai. Dalizio ouvia as Rock’n’Roll e o pai as mais românticas. A partir de então começou a se interessar a tocar e cantar. Em 2000 trabalhava como motorista na Itália, onde recebeu proposta para cantar em uma pizzaria de Pescara. Após elogios em sua apresentação mista, o dono pediu para que ele cantasse algo mais animado, que atraísse o público de alguma maneira. Logo contou que era fã do Elvis, que cantava suas músicas e que poderia tentar vestir-se como o artista. Foi então a sua primeira apresentação, em 08 de julho de 2000, com camisa e calças brancas e o cinto da mãe. Na apresentação, o Sorocabano brincava com sua aparência como forma a minimizar o ‘ridículo’ que o improviso deixou; mas as brincadeiras continuam até hoje, tornou-se parte da apresentação. Embora sentisse caricata e até mesmo uma ofensa ao Rei do Rock, um repórter do jornal local e responsável por alguns concursos de misses e canto, assistiu a apresentação e se interessou pelo ‘cover’. Perguntou há quanto tempo imitava o Elvis, ele então respondeu: “que eu imito o Elvis, olha, faz umas duas horas e meia”, brincou. O jornalista então o convidou a participar de um concurso, com as seguintes condições: cantar apenas Elvis, sem ajuda financeira e aos finais de semana, onde as viagens também não seriam pagas. Dalizio aceitou. Ele então se apresentou por toda a Europa e ganhou o concurso. Como prêmio, gravou um disco com oito faixas. As vendas do CD foram revertidas a uma pesquisa sobre a cura o câncer. Foi então convidado a programas de TVs da Itália para apresentar o CD. “Só que eu fui desenvolvendo, lógico. Eu mandei uma pessoa fazer uma calça mais digna”, conta animado. Coincidência ou não, Dalizio trabalhou como cover por seis anos na Europa, loiro. Elvis também era. E só começou a tingir o cabelo quando começou as apresentações no Brasil, a pedido dos contratantes. Sua primeira apresentação no Brasil foi em 2006, em um botequim de Sorocaba, que através de divulgação atraiu os jornalistas da cidade. “A imagem do Elvis é muito forte”, justifica. Atualmente Dalizio é contratado para eventos corporativos, aniversários e casamentos. “Este ano já foram quatro aniversários de 15 anos, o que impressiona, pois Elvis Presley morreu há 37 anos”, recorda. Ser cover do Rei do Rock não é tarefa fácil. Voz, postura, conhecimento e figurino são essenciais para a aceitação do publico, ainda mais para ele, que considera-se pouco parecido com o artista, exceto pelas costeletas. Dalizio têm 15 peças de roupas para as suas apresentações, em que sua esposa, que

Dalizio Moura (Arquivo pessoal/Divulgação)

AO ROCK

é costureira, faz. Eles compraram os moldes dos Estados Unidos, ajusta para o seu corpo, e alguns acessórios são importados. Uma de suas peças sai a R$1600 reais a preço de custo. “A empresa que fazia as roupas do Elvis ainda existe e vendem as roupas. As peças vão de mil a quatro mil dólares, e quando chega ao Brasil, a receita cobra 60% do que você pagou. Então se você paga 10 mil na roupa ela fica em 16 mil reais. E é só uma roupa”, reclama. Ele conta que nos últimos cinco anos ele não ouve mais comentários preconceituosos do tipo “você não tem identidade, personalidade própria”. Dalizio conta que o maior preconceito que passou foi com os organizadores de um evento da cidade de Votorantim (SP), em 2008, que seria realizado no dia do rock. “Eu liguei para a organização e propus uma apresentação como tributo ao Rei do Rock, mas ouvi: ‘a gente não quer cover, só quer coisas originais. Você não tem musica própria?!’”, contou. Ele tentou justificar que seria um tributo ao Elvis e que não iria receber pela apresentação, queria apenas homenagear o seu ídolo, mas os organizadores não cederam. “Por fim não houve o festival, os bombeiros não deram o alvará e eu não fui cantar”, concluiu. Passados três dias ele foi contratado pela Prefeitura de Sorocaba (SP) para o show no Parque das Águas localizado na Zona Leste da cidade, também no dia do Rock. E assim fez sua esperada homenagem. Dalizio não esconde sua paixão pelo Elvis, onde criou o “Elvis Forever Fan Club Sorocaba Brasil”. A sede fã-clube fica em sua casa, que têm um salão que acomoda cerca de 80 pessoas. Ele também conta que deu ‘uma fugidinha’ de retiros espirituais para poder cantar músicas do ídolo em local mais isolado, e depois retornar. “Não tem um dia na minha vida, desde que sou fã do Elvis, em que não escutei uma música dele”, finalizou. 17 14


Uma grande massa

chamada música Debate | nacional x internacional Texto: Isabella Noronha Edição: Fábio Duran

É muito fácil gostar de uma música só pelo som e não ser fã do artista. Gostar da letra e não se identificar com o cantor. Isso ocorre pela grande massa de músicas existente e faz com que o mundo de hoje não dependa somente de um gênero ou cantor, mas sim dos diferentes tipos de músicas e interpretes. A estudante carioca Caroline Martins da Costa, 15, gosta de ambas as nacionalidades, no qual se destaca uma forte influência pela música nacional. “Os cantores Brasileiros tem seus pontos marcantes, como as características de suas origens que passam para suas musicas” disse. “Às vezes acho que essa forte influência dos cantores por sua região, faz com que a música tenha um estilo único, o que diversifica músicas às vezes do mesmo gênero e acaba fazendo sucesso”, completa. E ainda desabafa: “eu acho que a música brasileira é muito desvalorizada pela população, mesmo que as letras falem sobre o cotidiano brasileiro.”

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Já a estudante carioca Ana Beatriz Machado de Souza Assis, 14, e a paulista Thaila Roberta, 15, entram em consenso. “Eu acho que as músicas internacionais, principalmente as americanas e britânicas, têm bons cantores e boas músicas, porém muitas das vezes acaba não fazendo sentido” conta. “Parece que as letras só estão lá para rimar.”, conta Ana Beatriz. Thalia concorda em alguns pontos e acrescenta: “muitos dos artistas falam sobre o que estão sentindo, e o ouvinte acaba se identificando”. “Às vezes você acaba ouvindo um som legal e gosta muito, mas quando você vai ver a letra, não tem sentido ou é imaturo.”. Essa divisão de opiniões ocorre com frequência e assim é possível notar que muitas músicas são influencias por suas melodias e pelo sucesso. Muitas vezes expandido por passar em uma novela de grande sucesso ou pelo destaque em outros países, o que gera curiosidade aos amantes de música.

A voz de outra geração Artistas que já encantaram o mundo na década de 1980 e 1990 passam de geração em geração e ganham força cada vez maior entre os jovens ‘moderninhos’. Estes estão abrindo mais espaços para a música brasileira conquistar novos horizontes, ainda depois de serem chamados de ‘ultrapassados’ por aqueles da mesma faixa etária. Mesmo que essa escolha seja tão comum, ainda há pessoas que estranham quanto ao estilo escolhido por esses jovens, os julgando ‘velhos’, que poderiam ter nascidos em outra geração. A estudante paulista Gabriela Rodrigues Briches, 16, é uma dessas jovens que ainda curtem músicas antigas. “Desde pequena ouvia muitas bandas antigas com meus pais, como Legião Urbana, Barão Vermelho, Kid


muito de músicas dançantes e com letras legais, como as músicas de Katy Perry”. “Tem dias que quero escutar somente Legião Urbana, mas tem dias que quero mesmo é dançar ouvindo Katy Perry, Avicii e Taylor Swift” conta. “Sempre gostei mais de Legião Urbana, assim como minhas músicas nacionais favoritas são deles, como a longa ‘Faroeste Caboclo’”. E conclui: “Mas se pudesse voltar no tempo, eu iria querer é abraçar bem forte o cantor Axl Rose [vocalista da banda Guns N’ Roses] nos tempos em que ele era bonitão”, brinca.

Reprodução/internet

Abelha e Joy Divison”, conta. “O bom é que nunca houve preconceito por parte de meus amigos. Alguns até ouviam e outros acabaram sendo influenciados. Já os que não gostam sempre respeitaram meus gostos, isso é maravilhoso” afirma. “Às vezes sinto uma carência por eles não fazerem mais shows, não lançarem mais cds, e eu não poder ter a oportunidade de ir a um show, de realizar um sonho como todo fã.”, queixa-se. Quando perguntada sobre as músicas atuais, ela afirma: “Gosto muito de músicas modernas também, sou bem eclética, gosto

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Por dentro do

Aconteceu nos dias cinco e seis de abril a 3º edição do festival no Brasil, e dessa vez no autódromo de Interlagos (SP). As repórteres Caroline Moraes e Beatriz Facchini participaram do evento e contam tudo o que rolou no festival! Texto: Caroline Moraes Edição: Fábio Duran

Primeiro dia O primeiro dia de shows, com ingressos esgotados, teve como principais atrações Capital Cities, Julian Casasblancas, Imagine Dragons, Lorde, Phoenix e Muse. Sob sol forte, o primeiro show do dia, que surpreendeu público e a crítica, foi o do Capital Cities. Conhecida pelo hit “Safe and Sound”, a banda empolgou até os que estavam bem longe do palco. Marcelo Costa, 18, Laura Monguzzi, 22, e Marcos Victor, donos da página oficial da Duo/Banda no Brasil, disseram que Ryan e Sebu colocaram o publico para dançar em quase todas as musicas. “Achávamos que o palco ficaria vazio, chegando lá o que eu encontrei foi algo totalmente diferente, público totalmente participativo”, contaram orgulhosos. Para eles, o Capital foi a maior surpresa do festival: “podemos afirmar que foi o show com maior energia do dia”, concluiu. Depois do Capital, no mesmo palco aconteceu o show do líder dos Strokes, Julian Casasblancas. Segundo crítica, o show foi a decepção do festival, mas para fãs como Keila Lucindo, 19, o show 20

foi bom. “Gostei bastante, porém teria gostado mais se fosse num horário mais tarde, porque estava muito sol, mas apesar disso foi muito bom. A energia do show estava muito boa”, contou. O show do Julian acabou 17h30 e foi necessário correr para conseguir assistir o Imagine Dragons, banda dona do hit “Radioactive”, música mais tocada nas rádios brasileiras no último mês. O show se passa melhor como espetáculo, e interação é a definição certa. “A energia que os caras têm no palco leva toda a galera junto com eles, foi uma vibe animal”, exaltou o analista de marketing, Rafael Prado, 24. O vocalista se dividia entre cantar e tocar percussão, o que deixou muitos hipnotizados. O sol foi se pondo, e o público se via no dilema de escolher entre um show e outro. Às 19h aconteceria Phoenix no palco Skol, e 19h10 a cantora neolandeza Lorde, no palco Interlagos. Eu fiquei para o Phoenix, mas era notável que o show da cantora, de apenas 17 anos, seria um sucesso. Ao longo do dia avistei diversas adolescentes com o cabelo igual da

cantora, faixas e camisetas. Fanatismo é a definição. No Phoenix, entusiasmo é a palavra certa. A banda que está na estrada desde 1999, emplacou o público com os hits “1901”, “Lisztomania” e seu mais recente sucesso, “Entertainment”. O vocalista Thomas Mars levantou a galera, que nessa altura esperava com ansiedade o trio britânico Muse. Após o cancelamento de um show extra da banda Muse, que aconteceria também em São Paulo e a proibição da transmissão pelo canal Multishow, muito se questionava sobre o desempenho de Matt Bellamy e seus colegas de banda. Ciro Lux, 22, saiu de Porto Alegre (RS) só para ver Muse. “Foi um show cheio de energia. Mesmo com a voz prejudicada, Matt mostrou uma presença de palco incrível e a banda empolgou com a presença de jogos de imagens e outros elementos como fumaça. Típico deles.”. Muse trouxe ao palco sucessos como “Starlight” e “Madness”, levando à loucura um público fiel que desde a abertura dos portões já circulava com camisetas do trio britânico.


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Segundo dia Diferente do primeiro dia, no domingo os ingressos encontravam-se disponíveis. Com bandas e cantores de estilos diferentes, o segundo dia contou com um público variado e de todas as idades. O dia começou com a banda de rock nacional Raimundos, ganhando certo destaque pela empolgação dos roqueiros em sol forte às 13h e a homenagem aos 20 anos de morte do ex-piloto de formula 1, Ayrton Sena. Após o show do Raimundos, eu, que estava sentado nos altos do gramado em sombra e água fresca, notei a maior troca de público do festival até então. A seguir, no mesmo palco do Raimundos, aconteceria o show da cantora britânica Ellie. Homens fortes e suados se foram, e meninas de 16 anos, entraram em ação com vestidos soltos, roupas coloridas e coroas de flores na cabeça. Em enquete no site de notícias G1, o show da cantora foi o melhor do domingo.

De volta ao palco onix, era a vez da banda de indie rock Vampire Weekend fazer a vez, mas acabou não empolgando muito. Muitas pessoas estavam sentadas e não se importando com a presença da banda que tocava sucessos como “Step” e “A-punk”. Entre o final do Vampire começava o show da banda melódica Pixies, que pela terceira vez no país, não conseguiu animar o publico. Um pouco distante dali, rolava o som da banda AFI, que eu só peguei o final. Que banda! No domingo aconteceu o mesmo dilema de sábado, dois shows bons no mesmo horário. Jake Bugg no palco Interlagos às 19h10 e Soundgarden no onix às 19h15. Fiquei no Interlagos. O garoto de 18 anos levou uma multidão a sua espera. Com um grande empurra-empurra, meninas entre seus 14 e 17 anos acompanhadas de seus respectivos namorados (que não

gostaram muito do fanatismo delas), se espremiam para tentar ficar mais perto do palco. Com seus hits “Lightning Bolt” e “Two Fingers”, Bugg levantou a galera. Já em “Broken”, muitas de suas fãs foram as lágrimas. Após todos esses artistas podendo ser apreciados com ingressos de R$145 (meia-entrada), o dia estava prestes a ser encerrado. De um lado Arcade Fire (palco skol), de outro, New Order (palco interlagos), ambos às 20h30. Escolhi Arcade. O show começou com seu novo hit “Reflektor” levando o público ao delírio. A banda de seis integrantes cumpriu a promessa que fez. Show de luzes, máscaras, vídeos, sonoridades e presença de palco fantástica, o espetáculo foi um verdadeiro carnaval. Após cantar seus singles “The Suburbs” “Ready to Start”, o grupo saudou os fãs brasileiros com “O Morro Não Tem Vez”, de Tom Jobim, e finalizou com “Wake Up”. 21


Rock ‘n’ Roll Texto: Fabiano Correa Edição: Caroline Moraes Originado de uma mistura do jazz, blues e country, o rock teve início no final da década de 1940 nos subúrbios dos Estados Unidos, lançando Elvis Presley, chegando até a Inglaterra e lançando a banda mais conhecida do mundo, The Beatles. Mesmo com grande discussão se o Rock foi mesmo repercutido por Elvis Presley, ou não, o fato é que o single “That’s All Right (Mama)” lançado em 1954 ajudou a radio, com o surgimento da televisão, estava em estado de falência, a ser popular novamente. Enquanto isso aqui no Brasil, mesmo com o grande peso da Bossa Nova, é lançado a Jovem Guarda, primeiro movimento de rock no país lançando cantores como Erasmo Carlos, Wanderléia e Roberto Carlos. Muitas das pessoas que escutam e gostam de Rock, passou a ouvir por influência. É o caso de Marcio Castro, 29, funcionário público, que começou a ouvir rock por influência da mãe. “Com oito anos comecei a escutar rock por influência da minha mãe, que é fã de Beatles, Pink Floyd e Dire Straits. Não entendia muita coisa, mas a partir dos 14 anos comecei a ouvir rock de fato”, contou. Dez anos depois, do outro lado do globo surgiam bandas como Rolling Stones, The Doors, Pink Floyd, Alice Cooper, a cantora Janis Joplin e o guitarrista Jimi Hendrix. Ambas com influências do blues, fazendo do Reino Unido uma das maiores cenas do rock mundial até hoje. Com riffs de guitarra mais pesados e um jeito mais “sujo” de fazer rock, surge o Hard Rock e Heavy Metal, nasce as bandas que estão no cenário musical até hoje, lotando estádios com suas guitarras de 75’, como por exemplo, Metallica, Slayer, AC/ DC e até mesmo a banda Aerosmith, que mescla o hard com o clássico (blues). Em três-acordes em som mais simples, com letras sobre política, desemprego, e a dura realidade da vida urbana surge o ‘Punk’ Rock como forma de protesto. Não 22

Sua história, origem e glória. é difícil diferenciar um “punker” dos outros roqueiros, eles costumam ter um estilo visual personalizado, como o da banda Ramones. Com uma temática mais urbana e cotidiana. No Brasil, bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial e Barão Vermelho, expunham em suas letras a vergonha que sentiam da política nacional e corrupção. Para Raphael Barbosa, 26, locutor de rádio, o Rock surgiu como paixão e posteriormente, carreira. “Comecei a ouvir rock aos 15 anos como Raul Seixas e Paralamas do Sucesso, onde começou a paixão pela rádio. Percebi que poderia juntar as minhas duas paixões que é o rádio e o rock, e atualmente sou idealizador e locutor do programa Vitrola 105, na Nova Itu FM. O programa é totalmente Rock! Trago para os meus ouvintes notícias, cultura, entretenimento, bandas novas, tudo sobre cenário do rock nacional e internacional”, contou. Com o passar dos anos, assim como no estrangeiro, o rock nacional foi ganhando mais corpo e consagrando nomes como Raul Seixas, Rita Lee e Os Mutantes, primeira banda nacional a ser conhecida internacionalmente. Já nos anos 90’, com letras escritas com altas doses de angústia e sarcasmo, retratando a alienação social, apatia, confinamento e liberdade, o grunge entra em cena com Alice in Chains e, Nirvana. Ao decorrer dos anos, é possível ver um leque inimaginável de vertentes do rock e o surgimento de novas bandas.

Longa estrada Em 2008, através de dedicação e amizade dos integrantes surge a banda Overweight, originária da cidade de Salto/SP. Eles fazem covers de bandas de heavy metal oitentista como Iron Maiden, Metallica, Manowar, Judas Priest, Saxon e outros. Com algumas mudanças

de formação durante os anos, a banda conta com Victor Ortega (vocal), Gutão (contrabaixo), Anderson Bregantin (bateria), Diego de Siervo (guitarra) e Rômulo Malfa (guitarra). Em um bate papo com os integrantes da banda eles nos contam um caso curioso, “no início da banda tínhamos pouco repertório, e quando acabávamos o show a plateia pedia para tocar mais, e então repetíamos as mesmas músicas umas duas ou três vezes e as pessoas gostavam”. Os músicos comentam o amor pelas músicas que tocam, da amizade dos integrantes e do publico fiel que vai aos shows. “Só que infelizmente, aqui na região, os espaços para bandas de heavy metal são poucos. Mesmo contando com um público grande, há poucos lugares para tocar”, diz Gutão. Ele nos conta sobre o antigo baterista, Caio Imperato, que deixou a banda para estudar música em São Paulo e por ocasião dos estudos entrou como baterista na banda Forka, uma das bandas de metal nacional de destaque na atualidade e que recentemente fez uma turnê pelo Canadá e Alemanha. “Nossa, lembro do Caio pequeno, quando tocava bateria no Overweight. Parece que foi esses dias e agora está em uma banda de nome, e isso nos traz orgulho e também nos incentiva a continuar com a banda, porque se ele chegou, nos podemos também.”, recorda.


EM BREVE O site de notícias da Redação FCAD

Agência Experimental Faculdade de Comunicação Artes e Design do CEUNSP



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